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Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Pena

Trabalho Teórico de Conclusão de Curso


Professor: Luis Claudio Moutinho

Aluna: Clara Serrão da Costa Nascimento

Jô Bilac se consolidou como um dos mais relevantes dramaturgos da atualidade, com uma
sequência louvável de obras premiadas e reconhecidas pela classe artística e literária ao redor
do mundo nos últimos anos. Sua linguagem potente chamou atenção de grandes veículos de
mídia, o que ocasionou em obras audiovisuais distribuídas ao grande público baseadas em suas
peças, extrapolando a bolha do núcleo teatral sudestino. Jô com seus textos eletrizantes,
explorando universos linguísticos e estéticos aborda geralmente as complexidades e
contradições do comportamento humano, que se apresentam sob uma colcha de retalhos da
nossa cultura, referenciando o Brasil mas também oferecendo um prisma global, provenientes
de experiências particulares diversas, dele mesmo e de outros artistas com quem formou
parcerias (ex. Conselho de Classe, Tiro Infâncias e Plumas): “Existe um paradoxo que vai além
de qualquer cultura, que é a vida e a morte. Daí você entende aquele ditado: fale da sua tribo e
estará falando do mundo” disse Jô em entrevista. Ele também revela que se interessou de fato
pela dramaturgia teatral pelos textos de Nelson Rodrigues, que o comoveram por sua
transparência, pela forma como aproximam a beleza e o horror, sem maniqueísmos, admitindo
a natureza humana como complexidade plena num paradoxo constante. Nelson passou a ser
seu referencial nos seus primeiros processos de escrita, com a sua companhia de Teatro, a Cia
Independente; e até hoje podemos identificar essas mesmas características em suas obras
recentes. O Teatro tem o trunfo de se aproximar intimamente do expectador de forma física,
vívida e instantânea, provocando em quem assiste uma conexão emocional e uma experiência
sensorial autêntica e singular do que se vê/ouve, considerando as particularidades de
elementos do teatro, como: ator, expectador, tempo, ambiente. Esse trunfo torna o teatro uma
ferramenta profunda de comunicação, geradora de catarse e capaz de causar reflexões no
expectador e que deve ser usufruído conscientemente para provocar a atenção do público a
respeito das questões que pairam desde a superfície até o âmago da sociedade, seja focando
no contexto regional ou abrangendo relações institucionais de forma a estimular a análise
crítica ou até mesmo apresentar uma visão ideológica a respeito dessas questões, oferecendo
ao expectador a possibilidade de perceber, discernir e concordar ou discordar da ideia
apresentada. Na peça Infância, Tiros e Plumas Jô dispõe uma mistura de tramas atravessadas
pela violência da primitividade dos impulsos e anseios humanos setorizados em um contorno
socioeconômico, onde conseguimos identificar conflitos de gênero, classe, raça, sexualidade e
infância. A peça se passa em um avião, ambiente economicamente restrito, elitista e recheados
de micro distanciadores em uma escala financeira, desde refeições selecionadas até a primeira
classe.

“Não é fácil ser autor no mundo, de teatro então… É preciso entender a questão social e o que
você pode fazer não só para atrair o público, mas provocá-lo e se permitir provocado”.

– Jô Bilac
Fontes:

https://vejasp.abril.com.br/coluna/na-plateia/jo-bilac-30-anos-e-uma-obra-expressiva-8220-
tive-sorte-8221/

https://www.metroworldnews.com.br/entretenimento/2014/05/16/jo-bilac-se-consolida-
como-um-dos-mais-interessantes-dramaturgos-do-pais.html

https://www.camara.leg.br/radio/programas/492609-jo-bilac-sela-dez-anos-de-dramaturgia/

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