Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MENSURAÇÃO FLORESTAL
SOBRE O SITE
Procurar no site...
Carlos Pedro Boechat Soares; Francisco de Paula Neto; Agostinho Lopes de Souza
Embora seja possível medir vários diâmetros ao longo do fuste de uma árvore, e até mesmo de
galhos, a medida mais usual refere-se ao diâmetro com casca à altura do peito, denominado
DAP.
Há quatro razões para que o diâmetro à altura do peito (DAP) seja de particular importância:
a) É uma característica que pode ser facilmente avaliada. Em comparação com outras
características das árvores, as medidas são mais confiáveis; erros de medição e suas causas
são reconhecidos e podem ser limitados a um valor mínimo pela utilização de instrumentos
apropriados, pela utilização de métodos de medição adequados e pelos cuidados nas tomadas
das medidas.
b) O diâmetro à altura do peito (DAP) é o elemento mais importante medido em uma árvore,
pois fornece a base para muitos outros cálculos. Ele serve para a obtenção da área seccional à
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 1/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
altura do peito (g), medida importante no cálculo do volume das árvores e de povoamentos, a
qual é dada pela seguinte expressão:
Uma árvore com DAP igual a 20,0 cm possui área seccional igual a:
Cabe destacar que as expressões anteriores podem ser utilizadas para obter a área seccional
(AS) referente a um diâmetro qualquer (d), sendo redefinidas por:
Observação: A área seccional deve ser expressa pelo menos com quatro casas decimais.
Se duas árvores possuem DAPs iguais a 5,1 e 5,2cm, respectivamente, as área seccionais
serão:
Neste exemplo, se as duas áreas seccionais fossem expressas com menos do que quatro casas
decimais poder-se-ia concluir diâmetros diferentes geram áreas seccionais iguais ou até mesmo
áreas seccionais iguais a zero.
c) O agrupamento dos diâmetros das árvores em classes (classes de DAP) define a distribuição
diamétrica da floresta, a qual é essencial para a definição do estoque de crescimento e para
análise de decisões econômicas e silviculturais.
d) Com os diâmetros à altura do peito (DAP), pode-se calcular a área basal do povoamento,
pelo somatório das áreas seccionais das árvores, de acordo com a expressão abaixo:
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 2/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
A preferência da altura do peito como uma referência de altura tem duas razões:
O termo “altura do peito” sozinho não é suficiente para definir a altura medida. Baseando-se no
Sistema Internacional de Unidades – SI, no Brasil, o DAP é medido à altura de 1,30 m sobre o
nível do solo. Nos Estados Unidos, o DAP é medido a 1,37 m; na Inglaterra e em outros países
europeus, a 1,29 m; e no Japão, a 1,25 m. Essas diferentes alturas de medição do DAP
implicam impedimento na comparação de valores de área basal em nível internacional.
2.1. A suta
A suta (Figura 2.1) é um instrumento comum para a medição direta do diâmetro. Ela consiste de
uma barra graduada e de dois braços paralelos dispostos perpendiculares à barra. Um braço é
fixo, e o outro se desloca de um lado para o outro.
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 3/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
1. O material deve ser resistente, à prova d’água e fácil de limpar (acúmulo de resinas, óleos
etc.). Especialmente para diâmetros grandes, as sutas devem ser fabricadas com metais leves
(alumínio, de preferência). Sutas de madeira são extremamente pesadas e sofrem influência
climática.
A Figura 2.2 ilustra o erro por falta de paralelismo dos braços da suta, o qual é dado
aproximadamente por:
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 4/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
2) Inclinação da suta. Este erro (Figura 2.3) influencia positivamente o cálculo da área seccional,
uma vez que os diâmetros medidos são maiores do que os verdadeiros.
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 5/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
O erro pode ser positivo ou negativo se o diâmetro for medido acima ou abaixo do ponto exato
de medição. Quanto menos cilíndrico o fuste da árvore, maior o erro e quanto maior a distância
do ponto exato, maior também o erro.
4) Variação da pressão de contato. Uma força excessiva exercida pelos braços da suta sobre o
fuste da árvore resulta em diâmetros menores do que os verdadeiros. Entre todos os erros
citados, sem dúvida, este é o mais difícil de controlar.
A fita diamétrica (Figura 2.5) é o instrumento que permite obter tanto o diâmetro quanto a
circunferência do fuste e de galhos.
Figura 2.5 - Esquema das escalas para a obtenção de circunferências e de diâmetros com uma
fita diamétrica.
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 6/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
Normalmente, as fitas são feitas de materiais resistentes, de tal forma que não sofram variações
no seu comprimento devido a variações climáticas e nem desgaste devido ao contato com a
casca das árvores. Elas possuem duas escalas, uma para obter a circunferência e outra para
obter o diâmetro. Uma unidade de circunferência (C) equivale
equiva a 3,1416 (p) unidades de diâmetro
(d). Assim sendo e assumindo essa relação de circularidade, tem-se a seguinte expressão de
conversão da circunferência em diâmetro:
Observação: Se o resultado desta operação matemática for expresso em metros, deixar quatro
casas decimais; se em centímetros, duas casas decimais.
Se uma árvore possui CAP igual a 50,0cm, o seu DAP será igual a:
Os erros de medição com a fita diamétrica são semelhantes aos erros com a suta, conforme
mostrado nos tópicos subsequentes.
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 7/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
A fita diamétrica descreve, nos dois casos, uma elipse, cujo perímetro é maior do que o de um
círculo (circunferência), tomado na posição correta. Assumindo que a seção do fuste seja
circular, ao dividir o perímetro da elipse por p obtém-se um diâmetro maior que o diâmetro
correto, o que acarreta um efeito positivo sobre o cálculo da área seccional do fuste da árvore,
ou seja, resulta em áreas seccionais maiores do que as verdadeiras.
2) Não observância da altura de medição. Os erros cometidos com a fita, neste caso, são
semelhantes aos com a suta.
3) Variação da pressão de contato. O erro cometido pela pressão da fita sobre o fuste das
árvores é menor do que o cometido com a suta, tendo em vista o material empregado na sua
confecção e a menor pressão exercida sobre a árvore (apenas o dedo indicador).
Como complemento, em algumas situações o uso da fita pode causar efeito positivo sobre a
área seccional do fuste das árvores (áreas seccionais maiores), principalmente se liquens,
gomas e partículas não forem removidos da casca.
De maneira geral, a área da seção do fuste de uma árvore assemelha-se muito à forma circular.
No entanto, algumas espécies apresentam área seccional extremamente irregular ao longo do
fuste ou deformações somente na sua parte inferior. Isso se deve a fatores externos, como
inclinação do terreno, direção do vento, luminosidade e condições da copa das árvores ou
fatores internos, como a própria predisposição genética da espécie.
O desvio da seção do fuste da forma circular pode ser caracterizado pelo déficit de convexidade
e pelo déficit isoperimétrico (igual perímetro). A Figura 2.7 ilustra os referidos termos:
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 8/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
Figura 2.7 - Formas das seções do tronco. (Fonte: LOETSCH et al., 1973)
O déficit de convexidade é definido como a diferença entre a área encerrada por uma fita
diamétrica e a verdadeira área da seção (área hachurada – Figura 2.7). O déficit isoperimétrico,
por sua vez, é dado em todas as áreas convexas fechadas (letra a até f), partindo de um
verdadeiro círculo. As áreas convexas fechadas são sempre menores (déficit) do que a área de
um círculo de igual circunferência. Isso significa que se a área seccional for computada para um
círculo, utilizando-se o perímetro de uma figura geométrica que não se aproxima do círculo, o
valor dessa área será sempre maior do que o seu verdadeiro valor.
O teorema postulado por Cauchy, em 1841, diz que “a média aritmética de todos os possíveis
diâmetros de um fechamento convexo (letra a até f) é idêntica ao diâmetro derivado de
circunferências obtidas pelo uso da fórmula da área de um círculo”. Do ponto de vista prático,
isso quer dizer que, em árvores com seções bem próximas a circulares, tanto faz medir o
diâmetro ou a circunferência, por meio de suta ou fita diamétrica, respectivamente, que as áreas
seccionais serão bem próximas das de um círculo. Em árvores com desvio de forma, se
possível, deve-se tomar mais de um diâmetro em posições perpendiculares no fuste para o
cálculo da média aritmética desses diâmetros, a qual será utilizada no cálculo da área seccional.
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 9/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
Se os diâmetros são medidos durante a estação de crescimento, por exemplo, as áreas basais
determinadas no começo podem diferir daquelas calculadas no final da estação, devido às
condições ambientais. Assim, medições repetidas periodicamente devem ser realizadas, se
possível, no mesmo período do ano e, de preferência, em épocas de menor crescimento
(estação seca).
4. A casca
A casca é definida como parte do corpo da árvore que fica junto ao câmbio. Ao amostrar a
casca, muitas vezes o câmbio se solta e adere sob ela. Do ponto de vista da mensuração, ele é
considerado parte integrante da casca.
Muitas espécies possuem casca macia, podendo ser penetradas facilmente com diferentes
instrumentos. Outras, porém, são extremamente duras, de forma que a sua espessura deverá
ser obtida, retirando-se um pedaço dela com o auxílio de instrumento cortante.
Como todas as variáveis dendrométricas, a casca deve ser medida cuidadosamente. Por
exemplo, se ao medir uma casca de 15 mm de espessura, comete-se um erro de ± 1 mm, isso
representará um erro de aproximadamente 7%.
Deve-se destacar, também, a relação entre o diâmetro com casca (dc/c), o diâmetro sem casca
(ds/c) e a espessura da casca (Ec). Caso queira obter o diâmetro sem casca, deve-se descontar
duas vezes a espessura da casca do diâmetro com casca, de acordo com a expressão a seguir:
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 10/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
Se em um ponto qualquer do fuste da árvore o diâmetro com casca (dc/c) for igual a 20,0cm e a
espessura da casca (Ec) igual a 1,0cm, o diâmetro sem casca será igual a:
6. Distribuição diamétrica
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 11/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
Através do agrupamento dos diâmetros das árvores (DAPs) em classes, pode-se caracterizar a
distribuição diamétrica de uma floresta. Para isso, deve-se definir o diâmetro mínimo de
medição, em razão do uso da madeira, bem como a amplitude da classe de diâmetro para a
elaboração de uma tabela de frequência. A amplitude das classes diamétricas, assim como o
número de classes, varia de acordo com a magnitude dos diâmetros. No Brasil, a maioria dos
trabalhos utiliza amplitudes de classe entre 2 e 2,5 cm, para plantios, e entre 5,0 e 10,0 cm, para
florestas inequiâneas (naturais).
A distribuição diamétrica de uma floresta equiânea (árvores de mesma idade), um plantio, por
exemplo, tende à distribuição normal (Figura 2.8), podendo apresentar diferentes configurações
devido ao estágio de desenvolvimento (idade) e ao local de plantio (capacidade produtiva).
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 12/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
Para a elaboração da tabela anterior, foi necessário verificar, inicialmente, em quais classes de
diâmetro os DAPs das árvores se enquadravam. Em seguida, fez-se a contagem do número de
árvores em cada classe (freqüência).
De posse dos dados da tabela de freqüência, pode-se elaborar o gráfico de distribuição. Para
isso, considera-se o centro de cada classe como o eixo das ordenadas e a freqüência do
número de árvores, o eixo das abscissas.
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 13/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
A média aritmética dos DAPs ( ) pode ser calculada de duas formas diferentes: utilizando os
dados individuais dos diâmetros ou os de uma tabela de freqüência, de acordo com as
seguintes expressões:
em que:
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 14/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
A área seccional média, considerando-se os DAPs de um conjunto de n árvores, pode ser obtida
por:
Pode-se utilizar, no entanto, uma alternativa para o cálculo da área seccional média. Nesse
caso, deve-se usar a média quadrática dos diâmetros ou o diâmetro médio (q).
Semelhante à média aritmética dos diâmetros, o diâmetro médio pode ser calculado de duas
formas diferentes (VAN LAAR; AKÇA, 2007):
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 15/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
Assim, de acordo com a expressão anterior, o diâmetro médio (q) pode ser obtido de outra
maneira:
Para aumentar o entendimento sobre o uso do diâmetro quadrático (q), considere duas árvores
com diâmetros iguais a DAP1 e DAP2 e mesma altura H. Se os volumes dos fustes destas
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 16/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
Desta forma, pode-se demonstrar que o que define a área seccional média é diâmetro
quadrático (q) e não a média aritmética dos diâmetros.
A área basal de um conjunto de árvores pode ser encontrada pelo somatório das áreas
seccionais, calculadas utilizando-se os DAPs dessas árvores. No entanto, a área basal pode ser
obtida usando-se o diâmetro equivalente
equiva a essa área basal, o qual é dado pela seguinte
expressão:
8. Exercícios
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 17/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
Resultados:
1)
2.1)
2.2)
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 18/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
2.3)
2.4)
1º)
2º)
2.5)
9. Referência Bibliográfica
LOËTSCH, F.; HALLER, K.E.; ZÖHRER, F. Forest inventory. 2. ed. Munich: BLV
Verlagsgesellschaft, 1973. v. 2, 469 p.
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 19/20
02/12/2021 21:45 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
CONTEÚDOS
Temas Atuais
Estatística
Dendrometria
Inventário Florestal
Crescimento e Produção
Scripts do R
Bibliografia
www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-2-diametro-circunferencia-e-area-basal 20/20