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DISCIPLINA DE DENDROMETRIA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC


Prof. Dr. Marcos Felipe Nicoletti
CENTRO DE CIÊNCIAS AGROVETERINÁRIAS – CAV
Acadêmicos: Jonathan
CURSO DEde Almeida FLORESTAL
ENGENHARIA
Jaime Marcos F. de Oliveira
CONCURSO PÚBLICO – ÁREA: DENDROMETRIA E INVENTÁRIO FLORESTAL

PLANO DE AULA
DETERMINAÇÃO DE PORCENTAGEM DE CASCA EM POVOAMENTO DE
PINUS 1. IDENTIFICAÇÃO

Resumo 1.1 Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina


1.2 Área: Engenharia Florestal
O presente estudo teve como objetivo o ajuste de diferentes equações para determinação de
1.3 Tema Central: Amostragem em Múltiplas Ocasiões
porcentagem de casca em povoamentos de Pinus sp., no município de Lages, SC. Para isso,
1.4 Data: 24 / 11 / 2011
procedeu-se a realização da cubagem por meio do método de Smalian.  Para o ajuste das
1.5 Candidato: Marcos Felipe Nicoletti
equações foram testados por meio de regressão, sessenta modelos matemáticos para a
estimativa. Destes, foram selecionados quatro modelos que apresentaram resultados do
coeficiente de determinação múltiplo (R² ajustado), erro padrão da estimativa absoluto e
2. OBJETIVOS
relativo (Syx) e, análise gráfica dos resíduos. Os modelos foram: HUSCH; SPURR; MEYER e
SCHUMACHER-HALL. A partir do desenvolvimento do conteúdo da presente aula, os alunos terão subsídios
para:
- Realizar um levantamento quantitativo e qualitativo dos recursos florestais de modo a
Palavras-chave: Povoamento, regressão, Schumacher-Hall, Lages.
fornecer informações para a tomada de decisões no manejo de florestas nativas e implantadas.
- Conhecer o Processo de Amostragem em Múltiplas Ocasiões e suas subdivisões;
- Compreender a importância deste Processo de Amostragem quanto a sua utilização nas
1. INTRODUÇÃO ciências florestais.
A região Sul do Brasil, mais precisamente a Serra Catarinense, apresenta grandes extensões
territoriais cobertas por reflorestamentos
3. CONTEÚDO doPROGRAMÁTICO
gênero Pinus, sendo o Pinus taeda a espécie mais
plantada. Esta espécie abrange aproximadamente um milhão de hectares, no planalto da
Região Sul do Brasil e aproximadamente
3.1 Introdução meio milhão de hectares no Planalto Catarinense,

atendendo a produção de celulose, papel, madeira serrada, chapas e madeira reconstituída. Em


3.2 Amostragem Independentes - AI
inventários florestais convencionais, as estimativas relativas ao volume de casca das árvores
3.2.1 Introdução
são geralmente consideradas de importância secundária, tendo em vista que esta é descartada
3.2.2 Exemplo e cálculo das estimativas
para efeito de transformação industrial da madeira. Entretanto, a comercialização de madeira
para serraria se faz baseada nos volumes sem casca, tornando necessário conhecer o volume a
ser descontado das usuais estimativas de volume com casca. Uma ferramenta amplamente
utilizada nas estimativas e prognoses da produção madeireira é o emprego de equações
volumétricas cujos parâmetros são determinados por regressão, constituindo um procedimento
eficiente para a quantificação da produção em volume de um povoamento florestal
(SANTANA; ENCINAS, 2004). Uma das equações utilizadas foi a de MEYER (1946),
baseando-se apenas no conhecimento dos diâmetros à altura do peito (DAP), com e sem
casca, desenvolveu uma metodologia para calcular o volume de casca, chegando a seguinte
expressão:

Vc = Vcc.(1-K2 ) ou Vc% = (1-K2 )100


em que, Vc = volume de casca; Vcc = volume total da árvore com casca; K = relação entre
diâmetro sem casca sobre diâmetro com casca. Como a maioria dos valores de K geralmente
estão entre 0,87 e 0,93, significa dizer que o DAP sem casca corresponde a aproximadamente
87 a 93% do DAP com casca (MEYER, 1953). LOESTSCH et al. (1973), citando pesquisas
de vários outros autores, principalmente com espécies florestais da Europa, exemplificaram
como o comportamento da espessura da casca, varia entre espécies e dentro da mesma árvore,
mesmo em termos relativos da base para o topo. Para SCHREUDER et al. (1993), a espessura
da casca varia de acordo com a espécie, a constituição genética, a condição de sítio, a idade, o
tamanho, a taxa de crescimento e a posição ao longo do tronco, decrescendo mais ou menos
regularmente da base para o topo da árvore. Em estudo realizado em reflorestamentos de
Eucalyptus spp., PAULA NETO et al. (1991), encontraram que o volume de casca varia de
acordo com a idade e o método de regeneração utilizado. Estas fontes de variação fazem com
que o fator de casca de Meyer (K) nem sempre seja constante ao longo do tronco,
prejudicando assim o uso da fórmula desse autor para estimar volume de casca, baseado em
medições de diâmetro com e sem casca na altura de 1,30 m (DAP). O uso de modelos
semelhantes aos de volume de madeira ou de peso de árvore e de seus componentes tem sido
também utilizado para estimativas, tanto do volume como do peso da casca. PAULA NETO
et al. (1992), com o objetivo de estimar o volume de casca para diferentes espécies de
Eucalyptus, com diferentes idades, locais e métodos de regeneração, testaram seis modelos
volumétricos, tendo como variáveis independentes, o diâmetro à altura do peito e a altura total
da árvore. Após o ajuste, os autores recomendaram o uso do modelo de Spurr em sua forma
não-linear, como foi utilizado neste estudo.
Levando em conta a importância voltada à variável volume e consequentemente a obtenção
do estoque volumétrico que um povoamento pode oferecer em termos de produção, o presente
trabalho teve como finalidade, utilizar modelos matemáticos para ajuste de equações
volumétricas visando a estimativa do volume da casca da espécie de Pinus em povoamento
implantado no município de Lages no Estado de Santa Catarina.

2. MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi desenvolvido num povoamento de Pinus sp e a coleta das variáveis
dendrométricas do povoamento, realizou-se inventário florestal por meio do método de área
fixa com processo de amostragem aleatória simples. Foram alocadas sessenta unidades
amostrais no povoamento, sendo que todas as árvores contidas no interior das unidades
tiveram sua circunferência à 1,30 m em relação ao nível do solo (CAP) medidas, também
foram medidas as alturas das árvores contidas nas unidades. Posteriormente a realização do
inventário, procedeu-se o cálculo da distribuição diamétrica do povoamento para dar início ao
planejamento da cubagem rigorosa das árvores. Para a realização da cubagem empregou-se o
método direto de mensuração do volume por Smalian. De posse das equações ajustadas
procedeu-se a seleção da melhor equação por meio das principais estatísticas de ajuste de
precisão: coeficiente de determinação ajustado (R² ajustado), erro padrão da estimativa em
porcentagem (Syx) e também pela análise gráfica de resíduos.
Tabela 1. Modelos matemáticos utilizados para ajuste de equações volumétricas.

AUTOR MODELO
HUSCH Ln E = b0 + b1 ln d
SPURR E =b0 + b1 d 2h
MEYER E = b0 + b1 d + b2 d² + b3 dh + b4 d²h + b5 h
SCHUMACHER-HALL Ln E = b0 + b1 ln d + b2 ln h

Tabela 2. Tabela com a estatística descritiva das variáveis


dap (cm) h(m) g(m²) vc/c(m³) vs/c(m³) % casca
0,05
Média 13,4667 Média 9,8607 Média 0,0155 Média 0,0763 Média 89 Média 23,6680
Erro Erro 0,00
Erro padrão 0,5287 Erro padrão 0,1829 padrão 0,0012 padrão 0,0063 Erro padrão 50 Erro padrão 0,4761
0,05
Mediana 13,3000 Mediana 10,2000 Mediana 0,0139 Mediana 0,0661 Mediana 16 Mediana 23,3257
#N/
Modo 15,0000 Modo 11,5000 Modo 0,0177 Modo #N/D Modo D Modo #N/D
Desvio Desvio Desvio Desvio 0,03 Desvio
Desvio padrão 4,0950 padrão 1,4164 padrão 0,0092 padrão 0,0489 padrão 89 padrão 3,6877
Variância Variânci
Variância da Variância da da a da Variância da 0,00 Variância da
amostra 16,7694 amostra 2,0061 amostra 0,0001 amostra 0,0024 amostra 15 amostra 13,5988
0,92
Curtose -0,5808 Curtose -0,1095 Curtose 0,0043 Curtose 0,6149 Curtose 17 Curtose -0,1109
Assimetr 1,08
Assimetria 0,3093 Assimetria -0,5557 Assimetria 0,8600 ia 0,9926 Assimetria 31 Assimetria 0,5124
0,15
Intervalo 15,5000 Intervalo 6,2900 Intervalo 0,0335 Intervalo 0,1974 Intervalo 90 Intervalo 16,2168
0,00
Mínimo 6,0000 Mínimo 6,5000 Mínimo 0,0028 Mínimo 0,0112 Mínimo 87 Mínimo 17,5207
0,16
Máximo 21,5000 Máximo 12,7900 Máximo 0,0363 Máximo 0,2086 Máximo 76 Máximo 33,7375
3,53 1420,081
Soma 808,0000 Soma 591,6400 Soma 0,9323 Soma 4,5766 Soma 29 Soma 6
Contage 60,0
Contagem 60,0000 Contagem 60,0000 Contagem 60,0000 m 60,0000 Contagem 000 Contagem 60,0000

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a realização do inventário, procedeu-se o cálculo das variáveis dendrométricas para
caracterização do povoamento de Pinus. Após o ajuste das equações, aplicou-se as estatísticas
de ajuste e precisão, descritos na metodologia, para verificação de quais modelos melhor se
ajustaram às características dendrométricas do povoamento para estimativa percentual da
casca. Foi observado para o coeficiente de determinação (R² ajustado), valores variando de
10,94 à 16,44, demonstrando baixo grau de ajuste da descrição da variável dependente
(volume) em relação as variáveis independentes (DAP e h). Os valores do erro padrão da
estimativa (Syx) variando de 14,68% à 14,1% para os modelos, sendo que este indica o
quanto os valores estimados diferem em média dos valores observados ou reais. Para o
presente estudo foi realizado a análise gráfica de resíduos (%) dos modelos, para verificação
de eventuais tendenciosidades (Figura 1). Neste sentido, o modelo que apresenta menor
tendenciosidade é o modelo de Schumacher-Hall por apresentar maior homogeneidade nos
resíduos.

Figura 1. Dispersão dos resíduos em porcentagem do volume

Schumacher- Hall Spurr


Erro relativo (%)
Erro relativo (%)

100.00 100.0
50.00 50.0
0.00 0.0
-50.00 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 -50.0 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
-100.00 -100.0
dap(cm) dap (cm)

100.0 Meyer Husch


Erro relativo (%)
Erro relativo (%)

50.0 100.0
0.0 0.0
5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
-50.0 -100.0
dap(cm)
-100.0
dap (cm)

4. CONCLUSÕES
Por meio das estatísticas de ajuste e precisão R² ajustado, Syx absoluto e relativo e analise
gráfica de resíduos, foi possível eleger o modelo de Schumacher-Hall, como o mais preciso na
estimativa volumétrica da área de estudo. Na literatura verificou-se a recomendação de
diferentes modelos matemáticos para estimativa volumétrica em povoamentos de Pinus sp.,
neste sentido nota-se a importância de testar modelos e prescrever equações, visto que cada
povoamento apresenta diferentes características dendrométricas, influenciadas por fatores
como, procedência, tratos silviculturais e de manejo, bem como variáveis edáficas e
climáticas.

5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MACHADO, S. A.& ROCETÃO, E. G. Determinação do volume da casca em plantações de
Pinus taeda.
MACHADO, S. A.; ALBERTIN, W. Volume da casca e do toco afetado com sapopemas em
um bosque secundário tropical.
https://www.scielo.br/j/aa/a/BXPkWdfz4h869TrBzpKRWGh/?lang=pt
https://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr121/cap14.pdf
https://periodicoscientificos.ufmt.br

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