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7 o. ano
Livro Volume 3
6 Energia térmica 30
Imagem ampliada
Representação artística
©Shutter
stock/W
avebreak
media
5 Forças e máquinas
simples
©Shutterstock/Wavebreakmedia
1. Em um cabo de guerra, o que acontece se os dois grupos puxarem a corda com forças
exatamente iguais? Ela se move ora para um lado e ora para o outro ou fica parada?
2. Se um grupo estiver vencendo o cabo de guerra e mais um integrante for ajudar o outro grupo,
equilibrando perfeitamente as forças, o que acontecerá com o cabo de guerra?
3. Se um grupo tiver pessoas muito mais pesadas que as do outro grupo, o cabo de guerra será justo?
2
Objetivos
• Identificar a atuação de forças em situações cotidianas.
• Compreender as leis de Newton.
• Aplicar o conceito de força e das leis de Newton para explicar o funcionamento de máquinas
simples.
• Propor soluções e invenções para a realização de tarefas cotidianas utilizando máquinas simples.
• Reconhecer mudanças econômicas, sociais e culturais relacionadas ao desenvolvimento cien-
tífico e tecnológico.
Conceito de força
Levantar uma barra com pesos, empurrar um carrinho de supermercado ou sustentar uma mochila nas
costas são situações que exigem certa força das pessoas. Na prática, sabemos que, quanto maior for o peso
do objeto, maior será a força necessária para tirá-lo de uma posição ou movimentá-lo até outro lugar. Além
disso, ao sustentá-lo, também é preciso uma força para impedir que ele caia. Essa força deve ser igual ao
peso do objeto. Nas Ciências, força está relacionada com empurrar, puxar, levantar, apertar, equilibrar, atrair
ou repelir algo.
©Shutterstock/Paul Biryukov
Outra situação em que é fácil identificar uma força atuando é ao chutar ou cabecear uma
bola. Quanto mais forte a força do chute ou da cabeçada, mais rápido a bola se movimenta.
ovimenta.
Além disso, a bola se deforma com o chute ou com a cabeçada e, se ela estiver murcha,
será necessário fazer mais força para movimentá-la, porque ela deforma mais do que
quando está cheia.
O que essas situações têm em comum é a interação entre dois corpos: a pessoa soa e a
barra com pesos, a cabeça e a bola, o carrinho e a pessoa, a mochila e as costas. Com
base nisso, é possível concluir que uma força existe quando há, pelo menos, dois ois
corpos envolvidos.
Alliance
peso: força com que um corpo é puxado para baixo por causa da gravidade. Quando soltamos uma pedra, o peso a faz cair.
3
Conexões
O que significa força?
coerção: ato de coagir; induzir um comportamento pelo uso da força ou pela intimidação.
Em geral, a força aplicada por um adulto em um objeto é maior do que a força aplicada por uma
criança; por isso, a representação do vetor força é maior no primeiro caso do que no segundo.
Saiba +
Um dos fatores que influenciam na força de atrito é o quanto lisas ou ásperas são as su-
perfícies dos corpos em contato. No automobilismo, um dos problemas dos pilotos é com o
desgaste dos pneus. Eles se desgastam porque há uma série de imperfeições microscópicas
tanto na superfície dos pneus quanto na do asfalto. Por isso, pneus de compostos diferentes
podem sofrer atritos diferentes. Da mesma forma, pistas mais ásperas – isto é, com mais rugo-
sidades – desgastam mais os pneus do que pistas mais lisas – com menos rugosidades.
Uma maneira prática de reduzir o atrito entre as superfícies é lixá-las, poli-las ou encerá-las,
o que as deixa mais uniformes, com menos irregularidades.
Representação
ação de uma visão Superfície do pneu
microscópica
ica das rugosidades
de um pneueu e da pista. Quanto
mais rugosidades
sidades existir entre as
superfícies,
s, maior o atrito.
Jack Art. 2018. Digital.
Superfície da pista
Ciências 5
Força resultante
Muitas vezes, basta só uma pessoa para empurrar uma caixa, mesmo em superfícies com atrito. Perceba
que o atrito dificulta o movimento, afinal, há uma força empurrando para um lado e o atrito agindo no
sentido contrário ao escorregamento.
Um armário cheio e uma máquina de lavar são objetos mais pesados e, normalmente, é necessária a
ajuda de outras pessoas para movimentá-los. Nessa situação, é ainda mais fácil perceber que temos várias
forças atuando sobre o corpo, uma força de cada pessoa – apontando para o mesmo lado –, além do atrito
– que aponta para o lado contrário ao movimento.
Ter muitas forças atuando em uma situação também é o caso do cabo de guerra que ilustra a abertura
deste capítulo. Ele está submetido à ação de diversas forças, para ambos os lados. Para saber o resultado das
forças de uma equipe, é preciso somar a força com que cada integrante da equipe puxa o cabo. Podemos
fazer o mesmo para a outra equipe e quem tiver o maior resultado provavelmente vencerá a disputa, pois
conseguirá variar o movimento a seu favor.
Getty Images/Cultura RF
©Shutterstock/Wavebreakmedia
F2 = 120 N
potência, dada em watt (W), homenagem ao
escocês James Watt (1736-1819), ou a tensão
FR = 220 N FR = 20 N elétrica, dada em volt (V), homenagem ao ita-
liano Alessandro Volta (1745-1827).
EFEITOS DA FORÇA
2. O levantamento de peso é um esporte olímpico que exige dos competidores levantar o maior peso
possível do chão até sobre as suas cabeças. Uma das formas de competição se chama arranque.
Nela, o movimento é feito sem pausa e a barra não pode ser apoiada no corpo. Observe, a seguir, a
ilustração que representa o movimento dessa modalidade esportiva.
©Shutterstock/MuchMania
Na prova de arranque, o competidor puxa a barra em um movimento único e estende ambos os braços acima da cabeça enquanto se agacha
ou dobra as pernas. Em seguida, ergue-se e deve estabilizar a posição final por dois segundos, quando então pode soltar a barra.
Nessa situação, a força muscular do atleta deve ser suficiente para superar a força peso da barra. Qual
o efeito – alterar a velocidade, sustentar ou deformar – dessa força muscular
a) ao longo dos dois primeiros movimentos ilustrados na imagem?
Ciências 7
3. No futebol, a expressão “mão de alface” se re-
©Shutterstock/Khakimullin Aleksandr
fere aos casos em que o goleiro não mantém a
mão “firme” ao tentar defender uma bola chu-
tada para o gol. Em geral, isso acontece quando
a bola vem em alta velocidade e ele tenta fazer
a defesa com as pontas dos dedos.
A expressão “mão de alface” é usada quando o goleiro tenta
Em termos de força, como você descreveria a defender um chute, mas, apesar de tocar na bola, não consegue
impedir que ela entre no gol. A comparação é com a leveza das
situação de uma bola que bate nas mãos do go- folhas de alface, facilmente movimentadas.
leiro, mas mesmo assim entra no gol?
4. Na imagem, represente, por meio de vetores (flechas), a força peso e a força que o cabo do lustre faz
para prendê-lo no teto.
©Shutterstock/MaxPhotoSolution
O lustre é preso ao teto por um cabo. Se for colocado mais peso no lustre, o cabo poderá se romper por não
suportar o aumento da força.
5. Como o lustre está parado, podemos dizer que a força resultante que age sobre ele é
a) igual ao seu peso.
b) igual à força do cabo que o sustenta.
c) zero.
6. O que é força resultante? Como podemos determinar a força resultante com base em duas forças
que agem em um corpo no mesmo sentido ou em sentidos contrários?
8. Calcule a força resultante nos casos abaixo e faça um desenho representando a força resultante que
age em cada corpo.
a) F1 = 3 N
b) F2 = 4 N F1 = 3 N
F2 = 4 N
F3 = 5 N F3 = 5 N
9. Junte-se a mais três colegas e pensem em uma situação em que há a aplicação de forças. Desenhem
essa situação e as forças que estão presentes nela. Discutam entre vocês a melhor forma de esque-
matizar e representar as forças na situação escolhida.
Ciências 9
Leis de Newton
Há muito tempo, o ser humano busca estu-
No entanto, compreendemos atualmente que a ideia de Aristóteles traz alguns problemas, pois o que
faz um corpo parar é justamente a ação de uma força que atua contra o movimento – em geral as forças de
atrito e de resistência do ar. Essa concepção se deve a inúmeros pensadores, entre eles o italiano Galileu
Galilei (1564-1642) e o inglês Isaac Newton (1643-1727).
resistência do ar: força que se opõe ao movimento por causa do atrito com o ar. Um formato aerodinâmico é o que consegue cortar o ar com
mais facilidade, pois está sujeito a uma resistência menor do ar.
inércia: propriedade da matéria de manter o estado de repouso ou de movimento. Quanto maior a massa de um corpo, maior a resistência do
corpo a alterar seu estado de repouso ou de movimento.
Na tirinha, o gato Garfield exemplifica parte do princípio da inércia, pois, para tirá-lo do repouso, será
preciso que uma força resultante atue sobre ele. A situação do ônibus tratada anteriormente complementa
o princípio da inércia: para modificar a velocidade de um corpo em movimento, também é preciso que
uma força resultante atue sobre ele. É por isso que os passageiros devem se segurar. Os passageiros em
um ônibus que está em movimento em relação ao solo também estão em movimento em relação ao solo.
Quando o ônibus é freado (a força de atrito diminui a sua velocidade), os passageiros fazem uma força para
evitar continuar com a mesma velocidade que estavam antes. Desse modo, evitam se movimentar em
relação ao veículo. Se a freada for muito brusca, a força que os passageiros fazem pode ser insuficiente para
impedir o movimento em relação ao ônibus, causando desequilíbrio e eventual queda.
Essas ideias estão presentes na 1ª. lei de Newton e justificam, por exemplo, o uso de cintos de segurança
nos automóveis. No caso de um acidente, no qual o veículo é parado bruscamente, um passageiro sem cin-
to tende a permanecer em movimento e, com isso, choca-se com o para-brisa ou com partes do interior do
meio de transporte. Nesse caso, o cinto de segurança é o responsável por fazer uma força sobre o condutor
e os passageiros, impedindo-os de continuar com o movimento anterior.
Divo. 2013. Digital.
• Assim como acontece no ônibus com os passageiros que não estão se segurando firmemente, um
jóquei continua seu movimento para frente por inércia quando um cavalo para bruscamente
Ciências 11
Fazendo Ciência
A ideia desta atividade é aplicar a 1ª. lei de Newton tanto para corpos em movimento como para corpos
em repouso.
Materiais: moedas; cartolina e régua.
Como fazer
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2. Para tirar um carro do repouso, a dificuldade seria maior, menor ou igual à de mover um trem como
o da fotografia?
3. Suponha que uma locomotiva com um único motor puxe dez vagões. Se dois motores idênticos
puxassem os dez vagões, o que aconteceria com o movimento?
Você já deve ter concluído corretamente que, para aumentar ou diminuir a velocidade de um movimento,
é preciso que uma força resultante atue sobre o corpo. A rapidez com que a velocidade é aumentada ou
diminuída é o que chamamos de aceleração. Assim, se a velocidade aumenta (ou diminui) muito rápido
é porque a aceleração tem um valor grande.
Conexões
Acelerar e frear são a mesma coisa?
©Shutterstock/Nor Gal
Sim e não. No cotidiano, é claro que frear não é a mesma coisa
que acelerar. Mas, nas ciências, acelerar significa apenas alterar
a velocidade, não importa se para mais ou para menos. Pisamos
no acelerador de um automóvel para alterar sua velocidade, o
que significa impor uma aceleração ao carro. Ao pisar no pedal
do freio, queremos diminuir o movimento do carro, o que tam-
bém altera sua velocidade. Logo, para o rigor científico, frear tam-
bém é uma forma de aceleração.
No cotidiano, acelerar significa aumentar a velocidade de algo, e frear significa
diminuir a velocidade. Nas ciências, dizemos que, nos dois casos, o móvel está
sujeito a uma aceleração, a diferença é que, no primeiro caso, essa aceleração
está a favor da velocidade e, no segundo, está contra a velocidade.
Se dois corpos com a mesma massa recebem a ação de duas forças diferentes, quem for submetido à
maior força apresentará maior aceleração. Por isso, empurrar algo com mais força implica um maior au-
mento da sua velocidade. Em outras palavras:
Quanto maior a força resultante aplicada sobre um corpo, maior a aceleração apresentada por ele.
Podemos perceber isso ao empurrar um carrinho vazio de supermercado que estava parado. Conside-
rando que todas as forças aplicadas agem pelo mesmo intervalo de tempo, se uma força resultante age
sobre o carrinho, surge uma aceleração e uma velocidade. Se a força resultante dobra, a aceleração dobra e
a velocidade também. Se a força resultante triplica, a aceleração é triplicada e a velocidade também.
José Luís Juhas. 2018. Digital.
Os vetores representam a força resultante e a aceleração do carrinho. Como a força resultante e a aceleração dobram e triplicam, o tamanho dos
vetores também dobra e triplica.
Ciências 13
Você já reparou que, quando a luz verde do semáforo se acende, as
motocicletas saem bem mais rápido do que os automóveis e que os
automóveis saem mais rápido do que os ônibus? Isso ocorre porque
acelerar uma moto (que tem menos massa) é mais fácil do que acele-
Oliveira
rar um carro (que tem mais massa). E acelerar um carro é mais fácil do
que um ônibus (que tem ainda mais massa do que o carro).
Fotoarena/Valdir de
Em São Paulo, em alguns semáforos, foi criada uma área de segurança para que os motociclistas
fiquem à frente dos outros automóveis.
Vamos retomar o exemplo do carrinho de supermercado. Observe a imagem a seguir. Ela mostra que,
para uma mesma força, quanto maior a massa, menor é a aceleração, pois é mais difícil alterar seu mo-
vimento. Assim, para uma mesma força realizada, se a massa dobra, a aceleração reduz pela metade. Ao
triplicar a massa do carrinho, a aceleração se reduz à terça parte. Na imagem, o último carrinho tem uma
inércia maior do que o primeiro carrinho. Por isso, é mais difícil de movimentá-lo e sua aceleração é menor.
Dito de outro jeito:
Uma força resultante acelera mais os corpos com menor massa porque eles têm menor inércia.
Dobro da Triplo da
massa massa
Força Força Força
resultante resultante resultante
Quanto maior for a massa do corpo, maior será sua inércia (tendência de se manter em repouso ou em movimento) e mais difícil será acelerá-lo.
Essa relação entre força resultante, massa e aceleração compõe a 2ª. lei de Newton. Podemos dizer que a
força resultante é determinada por meio da multiplicação da massa do corpo pela aceleração que ele adquire.
Nesse caso, a 2ª. lei de Newton pode ser expressa por:
Usando as unidades-padrão do Sistema Internacio- Nos estudos científicos, podem aparecer muitas
nal, a força resultante é dada em newtons (N), como já unidades que, a princípio, não nos são familiares,
foi visto. A massa é dada em quilogramas (kg). A acele- como metros por segundo ao quadrado. Isso é na-
ração é dada em metros por segundo ao quadrado tural e aprendê-las não deixa de ser uma forma de
(m/s2). Essa não é uma unidade muito comum no dia a aprender uma nova linguagem, a linguagem científi-
dia, mas não é preciso se preocupar com ela nesse mo- ca. Esse formato de algo elevado “ao quadrado” apa-
rece em outras situações também, como no cálculo
mento. Lembre-se de que uma aceleração alta significa da área. Uma área, como a disponível em uma casa,
uma grande mudança no movimento de um corpo. é dada em metros quadrados (m2).
©Shutterstock/Freedomnaruk
Há diversas situações em que a atuação de uma for-
ça resulta numa reação produzida por ela. Ao empurrar
uma parede estando sobre um skate ou sobre patins, por
exemplo, você próprio é empurrado para trás. Ou seja,
você empurrou a parede (ação), mas a parede também o
empurrou (reação). Situações como essa estão no centro
da 3ª. lei de Newton.
Para entender isso melhor, pense no trabalho dos
bombeiros. Você já reparou que, quando usam água para
combater grandes incêndios, são necessários vários deles
para segurar a mangueira?
1. Você sabe por que são necessários vários bombeiros? Para segurar uma mangueira de combate a incêndio, são
necessários vários bombeiros.
2. O que aconteceria com a mangueira se os bombei-
ros a soltassem?
3. O que aconteceria se, ao utilizar a mangueira, os bombeiros estivessem em uma superfície extrema-
mente lisa e sem lugar para se segurar ou se apoiar?
Essa situação dos bombeiros ilustra o princípio da ação e reação descrito na 3ª. lei de Newton. Isso
porque o sistema de vazão de água empurra a água com grande força (ação) para fora da mangueira.
Como reação, a água também empurra a mangueira com grande força no sentido oposto. Por isso, são
necessárias tantas pessoas para segurá-la.
Pensando nisso, podemos enunciar a 3ª. lei de Newton da seguinte forma:
As leis de Newton sintetizam as ideias sobre o movimento e suas causas. Observe, a seguir, um
esquema para sistematizá-las.
1ª. lei → Se a força resultante é nula, o corpo está em repouso ou em movimento com velocidade
constante – princípio da inércia.
2ª. lei → Se a força resultante é diferente de zero, ela provoca uma aceleração no corpo –
força resultante = massa × aceleração.
3ª. lei → As forças aparecem em pares, mas agem em corpos diferentes – princípio da ação e reação.
Ciências 15
DESCOBERTAS CIENTÍFICAS
Observe a tirinha abaixo, que faz humor com as leis de Newton ao retratar um personagem sendo ati-
rado para trás ao acionar a mangueira.
©Shutterstock/Benoist
3. Em um cabo de guerra, duas crianças se po-
sicionam em uma extremidade da corda e
duas, na outra extremidade. As forças que
as crianças da esquerda fazem na corda são
iguais a 40 N e 80 N. As crianças da direita fa-
a) Por que, nessa batida frontal, o corpo é zem forças iguais a 20 N e 50 N.
aparentemente projetado para a frente? a) Represente, graficamente, essas forças na
imagem abaixo.
F1
F2
Jack Art. 2012. Digital.
F3
7. Observe, na fotografia a seguir, uma bola atin-
gindo o rosto de um jogador de futebol.
EasyPix/Zuma Press
a) força resultante.
©Shutterstock/Veja
Você já deve ter utilizado uma tesoura para cortar
papel, um abridor para abrir uma garrafa, uma faca para
cortar um alimento, etc. Esses instrumentos, assim como
os alicates, gangorras, pás, pés de cabra, abridores de
no
©Shutterstock/Clari Massimilia
latas, martelos, machados, varais de roupas, guindastes,
portões, parafusos e moinhos, são só alguns exemplos de
máquinas simples presentes em nossa vida.
©Shutterstock/MBI
As máquinas simples, com frequência, não são muito
notadas no nosso cotidiano, mas estão sempre presentes,
cumprindo sua função ou servindo de base para outras
máquinas mais complexas.
Basicamente, as máquinas simples funcionam por
sua capacidade de alterar forças, mesmo que seja apenas
para mudar o sentido delas. Uma das primeiras máquinas
simples na história da humanidade foi a roda. As máquinas simples são instrumentos que
facilitam a realização de uma atividade.
Roda e eixo
A primeira representação de uma roda já en- Local das primeiras rodas encontradas
contrada pelos arqueólogos data de 3500 a.C. –
3500 a.C.
1888
Na Escócia, o veterinário e inventor
John Dunlop desenvolve os 1000 a.C.
primeiros pneus com câmara, que
ele utiliza numa bicicleta
Nas ciências, preferimos usar os termos “roda” e “eixo” para denominar essa máquina simples. Como o
texto anterior indica, não temos certeza de quando e onde ela surgiu, mas sabemos que nossa vida seria
muito diferente sem a roda. Pense nos deslocamentos ao longo da história da humanidade sem carroças,
bicicletas, trens ou carros. Eles seriam muito mais difíceis, não? A facilidade de deslocamento possibilitada
pelas rodas propiciou maior intercâmbio de ideias, de pessoas, de mercadorias, etc. Um dos motivos para
essa facilidade é que, ao utilizar uma roda, o movimento ocorre sem deslizamento. Pense na diferença entre
deslizar de tênis ou de patins. Mas essa não é a única vantagem da roda acoplada a um eixo, ela também
é capaz de alterar forças.
A roda (ou roda e eixo) foi uma das máquinas simples mais empregadas durante o Renascimento.
Além dela, existem muitas outras, como a alavanca, o plano inclinado, a rosca e a polia.
Renascimento: período compreendido, aproximadamente, entre o fim do século XIV e o século XVI da história europeia. Ele foi marcado por
muitas transformações nas artes, na filosofia, na política e nas ciências, sendo uma transição da Idade Média para a Moderna.
Pessoas de pesos diferentes conseguem se equilibrar em uma gangorra desde que a de maior peso se sente numa posição mais próxima do eixo.
Ciências 21
©Wikimedia Commons/Pappus of Alexandria in Collection or Synagoge
O princípio da alavanca tem relação com a
situação da gangorra. Nela, vimos que a criança
menor é capaz de multiplicar sua força, susten-
tando uma pessoa maior. Para isso, basta que a
pessoa maior esteja mais próxima do eixo.
Repare na ilustração que representa Arqui-
medes levantando a Terra. Como o planeta está
bem perto do eixo de giro da alavanca, a força
de Arquimedes foi muito multiplicada. Logica-
mente, essa representação é irreal, pois seria
preciso uma alavanca gigantesca para que uma
pessoa conseguisse erguer a Terra, além de um Conhecedor do princípio da alavanca, que funciona como multiplicador
de forças, dizem que Arquimedes falou: “Deem-me um ponto de apoio e
ponto de apoio para essa alavanca. No entanto, moverei o mundo”. Essa ilustração, retirada de um livro de 1878, fantasia
essa imagem ilustra bem o quanto uma alavan- como seria a situação, caso ela fosse possível.
ca pode multiplicar uma força.
Exemplos mais cotidianos são o amassador
de alho ou de batatas, o espremedor de limão
Ponto de apoio
e outros instrumentos similares. Amassar bata-
tas diretamente exige certa força, mas com o
auxílio de um amassador nosso esforço é bem
menor, pois fazemos força longe do eixo da ala-
vanca. As batatas, posicionadas mais próximas
©Shutterstock/Sibadan do eixo, são esmagadas com uma força bem
maior do que aquela feita por nossas mãos. Há
ainda muitos outros exemplos de instrumentos
do nosso cotidiano que usam alavancas: tesou-
Instrumentos como o amassador de batatas facilitam muito o trabalho, ras de jardim, alicates de cutícula, abridores de
pois multiplicam algumas vezes a força que é feita pelas mãos em suas
extremidades. latas, abridores de garrafas, etc.
Plano inclinado
Nos planos inclinados, que não são nada mais do que rampas, a força necessária para elevar um objeto
pesado é menor do que a necessária para ele ser erguido diretamente. Pense, por exemplo, em uma pessoa
numa cadeira de rodas que precisa se locomover por um desnível. Uma escada é um grande obstáculo e
erguer a pessoa e a cadeira de rodas para subir a escada requer grande força. Isso também não lhe garan-
tiria um acesso de modo autônomo.
Uma rampa é uma alternativa de aces-
©Shutterstock/Olexandr Panchenko
©Shutterstock/RioPatuca
cessária para subir em uma rampa com
uma inclinação pequena pode ser muito
menor do que o peso daquilo que se está
movimentando. No entanto, uma inclina- Com uma rampa muito inclinada, a força que o cadeirante terá que fazer para
ção baixa requer que a rampa seja mais subir é menor do que o seu peso, mas ainda será elevada. Quanto menor a
inclinação da rampa, menor é a força necessária e mais fácil é se locomover para
longa, o que aumenta a distância neces- superar o desnível.
sária para vencer o desnível. Uma rampa
muito íngreme requer mais força para subir, mas seu comprimento é menor. Como o problema geralmente
são as forças, é mais comum optarmos por um deslocamento maior, a fim de reduzi-las.
Se juntarmos dois planos inclinados, temos um forma-
©Shutterstock/Mr_Mrs_Marcha
to chamado de cunha. É o formato, por exemplo, de facas e
machados. Com eles, é possível mudar a direção de atuação
da força, fazendo ela apontar para os dois lados, aumentando,
assim, a força resultante exercida pela cunha e dividindo ou
cortando um objeto com maior facilidade.
Faplicada na cunha
Cunha
A faca e o machado têm formato de cunha, que é um
Ftransmitida Ftransmitida caso específico de plano inclinado. Na cunha, a força
ao objeto ao objeto aplicada inicialmente é transmitida para os dois lados
e o resultado pode ser uma força maior. Assim, usando
essa máquina simples, é possível dividir ou cortar
Objeto objetos com mais facilidade.
Conexões
Acessibilidade
O termo acessibilidade remete, inicialmente, à possibilidade de acesso a um lugar. Uma rampa, má-
quina simples composta de um plano inclinado, é um dispositivo que facilita o acesso de quem tem di-
ficuldades de mobilidade. Contudo, em um sentido mais amplo, a acessibilidade diz respeito à inclusão
e à possibilidade de tornar acessível a outras parcelas da população aquilo que está disponível apenas
para algumas pessoas. A ideia é eliminar as barreiras, sejam elas físicas, sensoriais, culturais, econômicas,
etc., ofertando a quem tiver interesse o acesso a todos os lugares e materiais. As rampas são exemplos de
adaptações permitidas pela tecnologia para o deslocamento motor, mas também podemos pensar em áu-
dios ou vídeos adaptados para outras parcelas da população, como deficientes visuais ou auditivos, ou no
acesso, por exemplo, à internet e a serviços públicos de qualidade para pessoas que vivem em condições
socioeconômicas vulneráveis.
Com relação às rampas e à sua presença em nosso cotidiano, faça uma pesquisa sobre acessibilidade e rampas em
edificações e no urbanismo em geral. Procure as normas referentes a inclinações e a distâncias e verifique como me-
dir a inclinação de uma rampa. Faça, então, um estudo de caso, isto é, escolha uma rampa do seu município, faça as
medidas necessárias e a represente em um esquema ou a fotografe, indicando suas dimensões. Com base nos dados
pesquisados, verifique se ela está dentro das normas de acessibilidade.
Ciências 23
Rosca
A rosca é uma série de filetes em torno de um eixo, como um parafuso. Na realidade, ela nada mais é do
que um plano inclinado que foi envolvido em um eixo, como mostra a imagem abaixo.
Envolvendo o papel
sobre o lápis
O plano inclinado envolvido no eixo possibilita que o parafuso se mova quando aplicamos uma força,
podendo, por exemplo, penetrar na madeira com certa facilidade. No entanto, temos que dar várias vol-
tas no parafuso para que ele penetre apenas um pouco na superfície. Essa troca é comum nas máquinas
simples: multiplicamos a força (é bem mais difícil penetrar a madeira sem a rosca do parafuso), mas, em
compensação, precisamos de um deslocamento bem maior (as diversas voltas do parafuso).
Polia
©Shutterstock/Brook Chen
As polias, também chamadas de roldanas, são rodas que giram em torno
de um eixo, acionadas comumente por um fio, uma correia ou uma corda. Elas
servem tipicamente para elevar objetos, mudando a direção da força aplicada,
ou, quando são usadas duas ou mais, para multiplicar a força aplicada.
Para as polias funcionarem como multiplicadoras de força, é preciso que ao
menos uma delas tenha liberdade de movimento, isto é, seja móvel. A imagem
a seguir mostra, primeiro, um peso sendo puxado por uma polia fixa, em que a
força aplicada na alça é igual ao peso. No segundo caso, é inserida uma polia
móvel, e a força na alça se reduz à metade. Isso porque a polia móvel (onde
está o gancho) divide o peso do objeto por dois, com cada lado da corda sus-
tentando metade do peso. Como efeito dessa divisão, metade do peso está
sendo sustentado pelo teto e metade pela força que puxa a alça.
P P
P
4 8
2
P
Observe que o peso da esfera é o mesmo nas quatro situações, mas
P P P P a força realizada se reduz pela metade a cada polia móvel inserida.
Organize as ideias
As máquinas simples modificaram direta e indiretamente as sociedades ao longo da história. Por exem-
plo, o arado – um instrumento utilizado para revolver a terra antes da semeadura – pode ser constituído
de várias máquinas simples, tais como roda, cunha (plano inclinado) e polia. Esse instrumento, inventado
há cerca de 8 mil anos, colaborou para o desenvolvimento da agricultura por possibilitar o crescimento da
produção de alimentos e, consequentemente, o estabelecimento de populações estáveis. Isso contribuiu
para mudar muito a vida em sociedade: fixamos moradia, passamos a cultivar mais alimentos e a depen-
der menos da caça e da coleta para a sobrevivência, estabelecemos novas relações sociais com pessoas
encarregadas de diferentes funções e promovemos certa especialização do trabalho (o agricultor para o
cultivo agrícola, o ferreiro para a produção das ferramentas, o guerreiro para a segurança do povoado, etc.),
organizamos trocas econômicas entre as diferentes pessoas para acesso aos instrumentos e produtos locais
e assim por diante.
Tendo isso em mente, faça um cartaz descrevendo uma ou mais máquinas simples e um instrumento
no qual ela está presente. Procure trazer imagens e desenhar esquemas para explicar o funcionamento
desse instrumento, listando aplicações ou impactos que ele teve sobre a sociedade ao longo da história.
O arado serve para lavrar (arar) a terra, descompactando-a. Isso facilita a
infiltração da água no solo, tornando-o mais arejado e possibilitando um
melhor desenvolvimento das raízes das plantas, além de contribuir para o
desenvolvimento de organismos úteis para a agricultura, como as minhocas.
©Shutterstock/Somchai Sanvongchaiya
Ciências 25
Atividades
1. Que vantagens uma máquina simples do tipo 5. Grandes mestres das artes marciais têm pleno
roda e eixo pode oferecer? domínio sobre seus corpos e mentes, sabem
desenvolver suas habilidades e as usam com
responsabilidade. Muitas das técnicas que eles
conhecem envolvem o princípio da alavanca,
como é o caso da chave de braço usada no judô
2. Observe a ilustração a seguir, em que uma e no jiu-jítsu. Nessa técnica, o lutador apoia no
criança sustenta um elefante. Utilizando os próprio corpo o cotovelo do adversário e puxa
conceitos de alavanca, explique como é possí- seu braço pelo punho – região distante do co-
vel ocorrer uma situação como essa. tovelo. Para se defender, o oponente faz força
com a musculatura do bíceps, tentando reco-
lher o braço, mas essa força é aplicada numa re-
gião muito próxima do cotovelo. Geralmente,
Divo. 2018. Digital.
©Shutterstock/RPBaiao
Atualmente, também temos alavan--
cas em diversos dos nossos equipamen--
tos, muitas vezes compondo máquinass
mais complexas. Um carrinho de mão,
por exemplo, é composto de uma ala--
vanca e uma roda. Um guindaste tem m
funcionamento mais complexo, mass
também é basicamente uma alavanca.
Com até 80 toneladas e dezenas de metros de altura, o manuseio e a O sistema de freio de automóveis é ou--
locomoção das estátuas da Ilha de Páscoa exigiam conhecimento das
máquinas simples e grande domínio das tecnologias que as empregavam. tro exemplo, ainda que menos visível,
do uso de alavancas.
Você reparou como essas aplicações de máquinas simples, ao longo da história, são capazess
de impactar no modo de vida de muitas maneiras? Discuta com seus
colegas sobre os usos das máquinas simples ao longo da história
e como essas invenções têm ajudado na realização de ta-
refas cotidianas. Para isso, pense qual era a possível fun-
ção da máquina simples para o ser humano primitivo Força
de mão e no guindaste,
a força feita serve para
levantar o peso de um Pastilha de freio
objeto e, no terceiro Força multiplicada
caso, é transmitida para Força ao transmitida ao Disco de freio Pistão
o sistema de freio do pisar no freio sistema de freio 2
veículo, servindo para
pressionar o disco de
freio da roda.
Fluido de freio
Ciências 27
Hora de estudo
1. Em uma brincadeira de cabo de guerra, há 8 participantes de cada lado, como pode ser observa-
do na imagem. Cada participante exerce uma força com intuito de puxar a corda para o seu lado,
movimentando-a até uma posição pré-definida. Mesmo com todos os participantes exercendo uma
força, percebe-se que, no instante inicial, a corda fica praticamente parada. Por que isso ocorre?
3. Determine a força resultante em cada uma das situações a seguir, indicando seu valor e representando-a
por um vetor.
a) b)
F1 = 2 N
F1 = 3 N
F2 = 2 N
F2 = 1 N
c) d)
F1 = 4,3 N
F1 = 5 N F2 = 3 N
Jack Art. 2012. Digital.
F2 = 4,6 N
4. Enuncie as três leis de Newton e dê exemplos de situações em que elas são aplicadas.
5. Sobre um copo, é colocado um cartão e, em cima do cartão, uma moeda. Se puxarmos rapidamente
o cartão, a moeda cai dentro do copo. Tal fato é descrito pelo conceito de
a) força resultante. c) aceleração. e) ação e reação.
b) atrito. d) inércia.
28
6. Analise a tirinha a seguir:
Em quais momentos desse movimento do skate e do skatista é possível identificar cada uma das três
leis de Newton?
7. Uma bola de boliche de 2 kg sofre a ação de uma força resultante de 8 N. Qual será a aceleração
adquirida pela bola?
8. As imagens a seguir mostram algumas máquinas simples. Identifique quais estão representadas em
cada imagem e explique suas funções.
Divo. 2018. Digital.
b) Em uma extremidade da alavanca, está uma caixa exercendo uma força F1. Na outra extremidade,
há uma força F2 que vai deslocar a caixa. Qual está mais distante do ponto de apoio da alavanca?
( ) F1 – A força peso da caixa.
( ) F2 – A força a ser feita para movimentar a caixa.
c) Com o uso da alavanca, a vantagem é que a força F2, a ser feita para movimentar a caixa, é
__________ do que a força peso F1 da caixa.
( ) menor ( ) maior
29
6 Energia térmica
30
Objetivos
• Conceituar temperatura e calor.
• Diferenciar temperatura, calor e sensação térmica nas diferentes situações cotidianas.
• Transformar temperaturas entre diferentes escalas termométricas.
• Conhecer as formas de propagação de calor e suas aplicações.
• Compreender o conceito de equilíbrio termodinâmico e suas implicações.
• Reconhecer mudanças econômicas, sociais e culturais relacionadas com o desenvolvimento
científico e tecnológico.
Temperatura e calor
©Shutterstock/Vinicius Naves
Rio 40 graus
Rio 40 graus Capital do sangue quente
Cidade maravilha Do melhor e do pior do Brasil
Purgatório da beleza e do caos Cidade sangue quente [...]
Capital do sangue quente do Brasil
ABREU, Fernanda; FAWCETT, Fausto; LAUFER. Rio 40 graus. In: ABREU, Fernanda.
Sla 2 be sample. Rio de Janeiro: EMI-Odeon, 1992. 1 CD, digital, estéreo. Faixa 6.
A letra da música Rio 40 graus faz uma comparação entre a temperatura ambiente da cidade do Rio de Janeiro e
o fato de ela ser “sangue quente”. Você acha que essa comparação se justifica? Por quê?
Nas ciências, é comum medirmos e compararmos algumas variáveis, como é o caso da temperatura,
e as chamarmos de grandezas físicas. Para medirmos, frequentemente usamos uma unidade de medida. A
letra da música não deixa explícita qual é a unidade, mas, no cotidiano brasileiro, medimos a temperatura
em graus Celsius (°C) e faz todo o sentido entender que os 40 graus da cidade do Rio de Janeiro são graus
Celsius, pois 40 °C é uma temperatura ambiente alta e é relativamente comum no verão carioca.
Logo, você deve ter percebido que os adjetivos quente e frio se relacionam com temperaturas mais
elevadas ou mais baixas. Mas como medir a grandeza temperatura? Uma maneira intuitiva é por meio do
tato, mas, para entender se essa é uma boa maneira de diferenciar quente e frio e medir temperaturas, faça
a atividade proposta na seção a seguir.
31
Fazendo Ciência
Neste experimento, você utilizará a sensibilidade térmica para comparar as temperaturas.
Materiais: 3 vasilhas; água aquecida a até 40 °C; água em temperatura ambiente; água gelada.
Como fazer
Este experimento deve ser realizado com
três recipientes de água. Um com água
quente, aquecida pelo professor a uma
temperatura máxima de 40 °C, outro
com água em temperatura ambiente e o
último com água gelada.
As sensações ligadas a frio ou quente são muito relativas, pois estão relacionadas às percepções senso-
riais de cada indivíduo. Sendo assim, essas sensações térmicas não servem como parâmetro para medidas
científicas. Por esse motivo, colocar a mão na testa de uma pessoa não é um método 100% confiável para
saber se ela está com febre.
Outro exemplo é pensarmos na temperatura ambiente com base apenas na nossa sensação térmica.
Dependendo do dia, dentro de nossas casas, podemos achar que a temperatura externa é uma e, quando
saímos, nossa sensação é de que está mais quente ou mais frio do que achávamos. Isso porque nossa
sensação térmica é influenciada pela temperatura, mas não só por ela. Além da sensibilidade de cada
pessoa, o vento, a umidade e a incidência direta ou indireta do Sol modificam essa sensação. Por exemplo,
se a temperatura ambiente real for de 10 °C, mas houver um vento de 40 km/h e a umidade do ar for de
70%, a nossa sensação térmica será de 1 °C.
Por isso, quando desejamos estimar a temperatura de um corpo ou de uma substância, é necessário
utilizarmos propriedades mensuráveis e com critérios objetivos. É o que fazem os termômetros – instru-
mentos utilizados para medir a temperatura.
Os termômetros mais comuns são os que funcionam com uma coluna de líquido,
normalmente mercúrio ou álcool. Quando o termômetro é colocado em contato com um
objeto mais quente, o líquido se aquece, aumenta de tamanho e passa a ocupar um volume
maior, subindo de altura na coluna do tubo capilar. A leitura, então, é feita de acordo com as
marcações de temperatura no termômetro. Quando o ambiente se esfria, o comportamento
é contrário, e a altura da coluna de líquido diminui. Esse fenômeno, que possibilita a leitura da
temperatura em termômetros de coluna líquida, se chama dilatação. A dilatação é a variação
no volume dos corpos quando há variação na temperatura.
No dia a dia, dizer “hoje está calor” significa dizer que hoje a temperatura está alta. Isso funciona muito
bem para a comunicação cotidiana, mas note que, cientificamente, calor e temperatura alta não são sinô-
nimos. Temperatura é uma propriedade de cada corpo, relacionada com a agitação de suas partículas. Calor
é uma energia que não está em nenhum corpo, mas que está passando espontaneamente de um corpo
(de maior temperatura) para outro (de menor temperatura). Assim, cientificamente, deixar portas e janelas
abertas no inverno ajuda a baixar a temperatura do interior das casas porque o ar mais frio ocupa o espaço
do ar mais quente. Além disso, com o passar do tempo, ocorre a transferência de energia térmica do ar mais
quente para o ar mais frio, e a temperatura do ambiente diminui.
Ciências 33
Equilíbrio térmico
É importante compreender que temperatura e calor são grandezas que ex-
pressam características diferentes uma da outra, mas que se relacionam. Quan- TA TB
do dois ou mais corpos com temperaturas diferentes são colocados em contato,
eles cedem ou recebem calor. Com o passar do tempo, se o sistema estiver iso-
lado e não receber ou perder calor de outras fontes, as temperaturas dos corpos
ficam iguais. Nesse momento, dizemos que eles estão em equilíbrio térmico.
Blocos com temperaturas diferentes trocam calor
até que a temperatura deles fique igual, isto é, T T
até que seja atingido o equilíbrio térmico.
Espontaneamente, há transferência de calor do corpo de maior temperatura para o de menor temperatura, até
atingirem o mesmo valor. Isso ocorre, por exemplo, quando colocamos gelo dentro de um copo com suco. O gelo
recebe calor do suco e derrete, e a água proveniente dele aumenta de temperatura. O suco perde calor e diminui
sua temperatura. As trocas de calor se encerram quando a temperatura de todos os corpos fica igual.
Conexões
Termografia
A termografia é uma técnica de inspeção que tem por base a detecção
Fotoarena/Album/Greenpeace dpa
www.campograndenews.com.br/meio-ambiente/frio-pode-ter-provocado-morte-de-homem-na-fronteira-com-ms
O frio intenso desta terça-feira (18) foi apontado no bairro da Primavera e foi encontrado usando
como causa da morte de um homem de 60 anos de apenas bermuda e camisa de manga curta.
idade em Capitán Bado, cidade paraguaia vizinha de
Coronel Sapucaia (MS), a 400 km de Campo Grande. Assim como a região e boa parte do Sudeste e Centro-
Oeste do Brasil, o Paraguai enfrenta frio intenso nesta
A vítima foi identificada como Fabriciano Flecha terça-feira. Segundo o órgão nacional de meteorologia
Rodriguez. O corpo foi encontrado no bairro San do país vizinho, no departamento (equivalente a
Roque. De acordo com o relatório da polícia, a causa estado) de Amambay, cuja capital é Pedro Juan
provável da morte é hipotermia. Fabriciano morava Caballero, a mínima foi de 0,1 grau negativo hoje.
FREITAS, Helio de. Frio pode ter provocado morte de homem na fronteira com MS. Disponível em: <https://www.campograndenews.com.br/meio-
ambiente/frio-pode-ter-provocado-morte-de-homem-na-fronteira-com-ms>. Acesso em: 22 mar. 2018.
Principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, existe a possibilidade de pessoas mor-
rerem de frio a cada ano. Normalmente, a temperatura interna do corpo humano está entre 36 e 37 graus
na escala Celsius. Isso é importante por conta das reações químicas que ocorrem no interior do nosso or-
ganismo e que, por exemplo, fornecem energia para os músculos exercerem forças, como para o coração
bater e bombear o sangue e para o diafragma promover a respiração.
Quando a temperatura ambiente é muito baixa, nosso corpo perde rapidamente calor para o ambiente e
a temperatura interna tende a diminuir, isso é a hipotermia. Nessa situação, uma série de funções do orga-
nismo é prejudicada. O coração começa a reduzir seu ritmo e pode até mesmo parar, provocando a morte.
Em temperaturas abaixo de 10 °C, os riscos de vida por conta do frio são elevados e mesmo uma pessoa
bem nutrida e agasalhada pode entrar em hipotermia após algumas horas. Infelizmente, a maioria das
pessoas que morrem por hipotermia não é bem nutrida e agasalhada: são os moradores de rua.
Especialmente nos dias frios, os órgãos de assistência social dos municípios brasileiros devem ficar
atentos para oferecer abrigo a todos que estiverem em risco devido ao frio intenso, zelando pela saúde de
todos os seus cidadãos. Em geral, a prefeitura conta com um número de contato para o qual qualquer pes-
soa pode ligar, informando se há pessoas em situação de risco. Então, uma equipe de resgate é acionada e
oferta acolhimento e demais serviços que sejam necessários.
Nas grandes cidades, a solicitação de serviços da prefeitura, incluindo os de assistência social, costuma
ser feito por meio do número de telefone 156. Em São Paulo, por exemplo, ligando para esse número, é
possível acionar a Central de Atendimento Permanente e de Emergência (Cape). Em Curitiba, o mesmo
número serve para acionar a Fundação de Ação Social – FAS. Em Porto Alegre, a ligação para o 156 acionará
a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc).
Pesquise, no seu município, qual o órgão e o número de telefone a ser acionado caso você perceba alguém em uma
situação vulnerável na rua, como no caso de pessoas sujeitas ao frio intenso. Verifique também se já houve mortes por
hipotermia em sua localidade.
Ciências 35
Atividades
1. Para sabermos se uma pessoa está com febre, costumamos colocar a palma da mão em sua testa.
Esse é um método confiável? Explique.
2. Leia o trecho da notícia a seguir, sobre temperatura e sensação térmica, e analise seu conteúdo.
COM FRIO e vento, sensação térmica chega a –17 °C em cidade de SC. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/brasil/com-frio-e-vento-sensacao-
termica-chega-a-17oc-em-cidade-de-sc/>. Acesso em: 22 mar. 2018.
6. Por que os seres humanos precisam manter seus corpos com uma temperatura em torno de 36 a
37 °C? Como mantemos nossa temperatura nessa faixa?
Ciências 37
Escalas termométricas
Medir uma temperatura implica utilizar uma unidade de medida. No Brasil, estamos habituados a medir
a temperatura em graus Celsius, ou seja, usamos a escala Celsius. Mas essa não é a única escala termomé-
trica para a medição de temperaturas, há pelo menos outras duas de importância histórica e científica, a
escala Fahrenheit e a escala Kelvin. A seguir, vamos entender melhor cada uma delas.
Escala Celsius
40
esse ponto de 100 graus Celsius.
O intervalo entre as duas marcas pode ser dividido em 100
30 partes inteiras e iguais. Cada divisão se chama grau Celsius, Quando um corpo está no
sendo representada por °C. Logo, a temperatura de fusão do estado líquido e passa para
20 gelo é 0 °C e a temperatura de ebulição da água é 100 °C. o estado gasoso, dizemos
que ele sofreu ebulição.
10
0
Angela Giseli. 2018. Digital.
100°C
Divo. 2013. Digital.
0°C
92
72
212°F
52
32
32°F
Ciências 39
Escala Kelvin
de Unidades (SI).
Com essa equação, é possível transformar a temperatura que está em um artigo científico em kelvin,
para a temperatura correspondente em nossa escala usual, que é em grau Celsius. Por exemplo, se a
temperatura na escala Kelvin for de 200 K, temos:
TK = 200 K
Substituindo esse valor na equação:
TC = TK – 273
TC = 200 – 273 Substituímos TK por 200.
TC = –73 °C
Logo, concluímos que uma temperatura de 200 K é igual a –73 °C.
Por exemplo, imagine que você tenha contato com alguém que mora nos EUA por meio de uma
rede social e que essa pessoa comenta que a temperatura naquele dia é de 41 °F. Como você faria para
descobrir a temperatura equivalente na escala Celsius?
Temos a informação de que: °F °C
120 50
TF = 41 °F
Utilizando a equação simplificada: 110
40
TC TF − 32 100
= Substituímos TF por 41.
5 9 90
30
TC 41− 32
80
Realizamos a operação
= de subtração.
5 9 70
20
60
TC 9 Resolvemos a divisão.
= 50 10
5 9
40
TC Multiplicando os dois 0
1 30
5 membros da equação por 5.
Angela Giseli. 2018. Digital.
20
−10
10
TC Simplificando 5 por 5 e
⋅ 5 = 1⋅ 5
5 multiplicando 1 por 5. 0
−20
TC = 5 °C
−10
Ciências 41
Atividades
1. Carlos está em Natal, RN, e comunica-se pelas redes sociais com seu grande amigo Peter, que mora nos
Estados Unidos. Carlos conta a Peter que está fazendo 32 graus à sombra e Peter responde: “Nossa! Que
frio aí, hein?” Por que esse amigo pensa que em Natal, RN, está frio?
2. Uma temperatura de 283 K é considerada uma temperatura alta ou baixa? Justifique sua resposta.
3. Um laudo americano diz que um paciente está com temperatura de 104 °F. Trata-se de um estado
de saúde preocupante? Justifique sua resposta.
Calorimetria
Quando corpos com temperaturas fusão vaporização
diferentes são aproximados, aquele
que apresenta maior temperatura for-
nece calor para o que tem menor tem-
peratura. Dessa forma, o corpo mais
quente cede calor e o corpo mais frio
Divo. 2013. Digital.
chega ao corpo das pessoas que estão ao seu redor. O mesmo pode
ser verificado quando sentimos a radiação solar, que viaja milhões de
quilômetros até atingir a Terra. Esses fenômenos são denominados
Irradiação
processos de propagação do calor. Existem três formas principais de
propagação do calor: condução, convecção e irradiação.
• Representação dos processos
de propagação do calor
Condução
Ao utilizar panelas de metal, devemos tomar muito cuidado para
©Shutterstock/Ulga
que as mãos não sejam queimadas ao segurar o cabo da panela, prin-
cipalmente se ele não tiver uma proteção isolante. Apesar de o cabo
não estar diretamente sobre a chama do fogo, ele pode esquentar
muito, por conta da condução do calor.
Nesse processo de transmissão de calor, a energia se propaga en-
tre as partículas de um corpo – como se uma partícula mais agitada
(de maior temperatura) agitasse as suas vizinhas, e assim por diante,
até o calor se propagar por todo o corpo. É uma forma de propa- A chama aquece diretamente o fundo da panela,
gação típica dos sólidos, pois neles as partículas que compõem o mas o calor passa por condução do fundo da
panela para toda a sua extensão, incluindo a
corpo estão mais próximas que nos líquidos ou nos gases. tampa e o cabo.
Por exemplo, ao colocarmos uma barra metálica em contato com o fogo, o calor será conduzido, ao
longo do tempo, por toda a sua extensão.
Mas nem todos os materiais conduzem o calor da mesma maneira. Em geral, os metais, como o ouro, a
prata, o cobre e o alumínio são ótimos condutores térmicos. Isso significa que eles são capazes de trans-
mitir calor mais rapidamente.
Por outro lado, há materiais que não são bons condutores de calor, como a madeira, o isopor, o ar, o
vidro, a lã, etc. Esses materiais são denominados isolantes térmicos. Isso significa que eles transmitem
calor mais lentamente.
Essa diferença entre materiais condutores e isolantes explica, por exemplo, por que temos a sensação
de uma temperatura menor quando pisamos em um chão de cerâmica em comparação com um tapete,
especialmente se estivermos descalços. É que o tapete, tipicamente, é um condutor térmico pior do que
o piso de cerâmica. Então, o calor passa dos nossos pés para o tapete mais lentamente do que passa dos
nossos pés para a cerâmica, daí a sensação térmica de o piso de cerâmica estar mais frio. Note que essa
sensação não é por causa da temperatura, os dois pisos podem estar à mesma temperatura, mas é em
razão da velocidade com que perdemos calor.
©Shutterstock/Blend Images
Os solados dos sapatos têm a função de reduzir a perda de calor para o piso. Mesmo assim, como a cerâmica é melhor condutora de calor do que
o carpete, pessoas com maior sensibilidade térmica têm a sensação de que a cerâmica é mais fria do que o carpete. Em muitos casos, essas duas
superfícies estão em equilíbrio térmico porque estão no mesmo ambiente e a única diferença é a maneira como elas conduzem o calor.
Ciências 43
Convecção
As partículas que compõem líquidos e gases têm uma liberdade maior para se mo-
ver do que as que compõem sólidos. É por isso que líquidos e gases não têm forma
fixa e são chamados de fluidos. Por exemplo, o gelo tem um formato fixo, que não se
Um exemplo de convecção que pode ser observado em nosso dia a dia ocorre quando
colocamos uma panela com água sobre a chama do fogão. A parte inferior do líquido recebe
maior quantidade de calor, se expande e sobe, por ter menor densidade do que o líquido que
está em cima. Com isso, empurra a porção superior do líquido, que está mais fria, para baixo.
Essa porção também se aquece, reduz sua densidade e sobe. Assim se cria um ciclo, chamado
de corrente de convecção.
O fenômeno da convecção ocorre inclusive no ar da atmosfera. Por isso, aves, como uru-
bus, conseguem atingir grandes altitudes praticamente sem bater as asas, apenas aprovei-
tando a parte ascendente dessa corrente. Do mesmo modo, praticantes de esportes de voo
livre, como a asa delta, também procuram regiões de correntes ascendentes para se manter
no ar por mais tempo.
Em voos de asa delta, o praticante pode aproveitar
a parte ascendente das correntes de convecção lam
a
azyl
para ganhar altitude e ficar mais tempo no ar. ock/l
erst
©Shutt
44 7 o. ano – Volume 3
Outro fenômeno importante explicado pela convecção ocorre nas regiões de litoral ou próximas a rios e
lagos de maiores dimensões. Durante o dia, a areia aquece mais rapidamente do que a água. O ar aquecido
pela areia torna-se menos denso e sobe, abrindo espaço para o movimento do ar direcionado do mar para o
continente. Esse movimento se chama brisa marítima. À noite, a areia se resfria mais rapidamente do que o
mar. O ar quente sobre o mar é menos denso e sobe, abrindo espaço para o movimento do ar direcionado do
continente para o mar. Esse movimento se chama brisa terrestre.
Brisa terrestre
Ar frio
Ar frio Ar quente
Ar quente
Saiba +
água quente
sobe
Ciências 45
Irradiação
Várias condições são necessárias para
manter a vida na Terra da forma como
conhecemos. Uma delas é a temperatura
de sua superfície, que é relativamen-
te estável, em torno de 15 °C. Para isso
acontecer, dois fatores são primordiais:
o aquecimento pelo Sol e o aprisiona-
©Shutterstock/Solarseven
mento do calor por parte da atmosfera,
denominado efeito estufa. Esses dois
fatores estão relacionados com uma for-
A Terra é aquecida pelo Sol por meio da radiação térmica.
ma de propagação de calor denominada
irradiação.
A partir de determinada distância acima da superfície da Terra, não há qualquer substância entre a Terra
e o Sol; então, uma primeira característica da irradiação é que ela pode ocorrer no vácuo. Isso porque, nes-
se processo de irradiação térmica, os corpos trocam calor por um tipo específico de onda, que podemos
chamar de radiação térmica. Todos os corpos dotados de temperatura emitem radiação térmica, que
aumenta muito de intensidade conforme a temperatura aumenta. E todos os corpos também absorvem
radiação térmica. Se a quantidade absorvida é maior que a emitida, a temperatura aumenta, do contrário,
a temperatura diminui.
É principalmente por causa da irradiação que sentimos o calor quando nos aproximamos de uma fo-
gueira ou de um ferro de passar. Também é por causa da irradiação que as roupas escuras tendem a ficar
mais quentes do que as roupas claras, já que as roupas escuras absorvem mais radiação térmica, enquanto
as roupas claras refletem mais essa radiação do que as escuras.
Em algumas regiões do país, é comum a radiação térmica do Sol aquecer espontaneamente a água
na caixa-d’água das residências, tornando até dispensável o uso da energia elétrica para esse fim. Mas há
dispositivos feitos justamente para aproveitar o calor do Sol para o aquecimento e são chamados de cole-
tores solares. Há até usinas que funcionam dessa maneira, posicionando espelhos para refletir a radiação
solar para uma pequena região, que se aquece muito.
A radiação solar na usina Gemasolar, na Espanha, é refletida para um reservatório de água e sal, a qual é aquecida até quase 600 °C.
O vapor decorrente desse aquecimento gira turbinas e gera energia elétrica suficiente para 27 mil residências.
A radiação térmica pode ser produzida e controlada pelo ser humano com o propósito de manter ambientes aquecidos, como no
caso do aquecedor da primeira imagem ou da estufa de plantas localizada no Jardim Botânico de Curitiba, na segunda imagem.
Conexões
Ciências 47
Atividades
1. Com base na imagem, explique o que está 4. Há geladeiras que necessitam da remoção do
ocorrendo com esse personagem, evidencian- gelo em torno do congelador. Por que há essa
do o processo de propagação de calor. necessidade?
José Luis Juhas. 2013. Digital.
Garfield, Jim Davis © 2008 Paws, Inc. All Rights Reserved/Dist. by Andrews McMeel Syndication
a) Qual a diferença no sentido da transferência de calor entre as situações presentes no quarto e no
sexto quadrinho?
Organize as ideias
Vácuo
Na maioria das situações, os corpos não trocam calor ape-
nas por um dos três processos, mas por todos eles simultanea-
mente. Por exemplo, a garrafa térmica dificulta a transferência
Divo. 2005. Digital.
Em grupo, escolham uma situação em que haja trocas de calor e expliquem como essas trocas ocorrem. Lembrem-se
de que são três as possibilidades – condução, convecção e irradiação – e de que todas podem ocorrer simultaneamente.
Ciências 49
+ Zoom
Há modelos comerciais de coletores solares utilizados para aquecer a água em residências. Seu funcio-
namento se baseia nas três formas de propagação de calor, como mostra o texto a seguir. Leia-o e grife os
trechos que explicam os processos de transmissão de calor que ocorrem no coletor solar.
Coletor solar
A energia solar pode ser aproveitada para o aquecimento da
Jack Art. 2018. Digital.
Boiler
água em residências, antes de seu consumo. Para
Reservatório térmico
isso, é necessário que a água passe por uma
caixa
caix semelhante a uma estufa de plantas. A
radiação
ra solar incide na face transparente
do
d coletor, e parte dela atinge a chapa
de alumínio pintada de preto, que
está no interior da caixa.
PPonto de con
Colada à placa de alu-
Ponto de
consumo mínio está a tubulação de
água, também pintada de
preto. Pelo processo de
condução, uma parte do
aquecimento da placa é
transmitida para a água. A capacidade de aquecimento da placa metálica depende de sua área
e espessura. A cor preta aumenta a absorção da energia radiante incidente, aquecendo a água
de forma mais rápida.
No fundo da caixa, coloca-se lã de vidro, um material isolante térmico que, assim como
a cobertura de vidro, ajuda a diminuir a transferência de energia para o ambiente. O vidro,
transparente à luz, provoca o efeito estufa e impede a saída da radiação infravermelha, reten-
do-a no interior do coletor, contribuindo ainda mais para aumentar a temperatura da água no
interior da tubulação a valores próximos de 60 °C.
Uma vez aquecida, a água na tubulação torna-se menos densa e desloca-se para a parte
superior do reservatório. Ao mesmo tempo, a água mais fria, na parte inferior do reservatório,
desloca-se para a tubulação, formando uma corrente de convecção térmica. A água quente,
pronta para o consumo, sai pela parte superior do reservatório, e uma nova quantidade de
água vinda da caixa-d’água entra no aquecedor.
No funcionamento do coletor solar, verificam-se os três processos de transferência de
energia por diferença de temperatura: irradiação, condução e convecção. Uma quantidade de
energia que incide por irradiação é absorvida pela chapa metálica, que transmite uma parcela
dessa energia absorvida para a água, enquanto uma pequena parte dessa energia é refletida
para o ar que envolve a chapa. A proporção dessas três parcelas de energia em relação à quan-
tidade total de energia incidente indica a eficiência do coletor. Quanto maior sua eficiência,
maior a quantidade de energia transmitida para a água.
A cor preta na placa metálica facilita a absorção da radiação incidente, mas um bom absorvedor
é também um bom emissor. Ou seja, se um objeto escuro absorve grande quantidade de energia,
ele a emitirá em grande quantidade. É por esse motivo que os radiadores são pintados de preto.
SILVA, Domiciano C. M. da. Coletor solar. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/coletor-solar.htm>.
Acesso em: 23 mar. 2018.
51
7. Nas afirmativas a seguir, marque com V as 10. Quais são as recomendações para quem pre-
verdadeiras e com F as falsas. cisa se submeter por longos períodos à radia-
ção solar? Quais são as reações do organismo
a) ( ) Condução e convecção térmica só
e os problemas de saúde a que essas pessoas
ocorrem no vácuo.
estão sujeitas? Quais profissionais estão mais
b) ( ) A irradiação é uma forma de transmis- sujeitos a esses riscos? Pesquise e escreva um
são de calor que necessita de matéria. texto curto sobre o assunto que responda a
c) ( ) A condução térmica ocorre em qual- essas perguntas.
quer estado da matéria, mas é mais 11. Ao preparar carnes no forno ou na churrasquei-
significativa nos sólidos porque neles ra, pode-se utilizar o papel-alumínio, que tem
as partículas estão mais próximas. um lado brilhante e outro fosco. Como envolver
a carne para que ela cozinhe melhor? A parte
d) ( ) A convecção térmica ocorre em qual-
brilhante deve ficar voltada para o lado de fora
quer estado da matéria, inclusive nos
ou para o lado da carne? Justifique sua resposta.
sólidos, nos quais as partículas têm
©Shutterstock/Nancy Hixson
liberdade de se movimentar para for-
mar as correntes de convecção.
e) ( ) No vácuo, a única forma de transmis-
são de calor possível é a condução.
f) ( ) A convecção térmica só ocorre nos
líquidos e gases, não sendo possível
nem no vácuo nem em materiais no • Carne sendo assada com papel-alumínio
estado sólido.
12. Uma estufa para flores é construída em alve-
8. Por que a irradiação é o processo por meio naria e coberta de vidro. A intenção é manter
do qual o calor emitido pelo Sol chega até a a temperatura no interior mais alta que a tem-
Terra? peratura ambiente exterior. Tentando enten-
der por que isso é possível, estudantes fazem
as afirmações a seguir.
I. Isso é possível porque o calor entra prin-
cipalmente por condução e sai muito
pouco por convecção.
II. Isso é possível porque o calor entra prin-
9. As garrafas térmicas servem para evitar as cipalmente por irradiação e sai muito
trocas de calor, mantendo, por certo tempo, pouco por convecção.
a temperatura do que é colocado dentro de- III. Isso é possível porque o calor entra prin-
las. Um dos recursos para isso é usar paredes cipalmente por irradiação e sai muito
duplas, entre as quais é feito o vácuo. Além pouco por condução.
disso, as faces dessas paredes que estão fren-
te a frente são espelhadas. Esse espelhamento IV. Isso é possível porque o calor entra princi-
palmente por condução e convecção e só
serve para evitar
pode sair por irradiação.
a) a condução.
V. Isso é possível porque a alvenaria é um
b) a convecção. bom condutor de calor, então dificulta
c) a irradiação. que o frio externo entre na estufa.
52
7 o. ano – Volume 3
Material de apoio
Unidade 5 – Página 18 – Atividades
Ciências 1
Tabela 1
CORRIDA DE VELOCIDADE
Características do
Posição Nome Tempo carrinho
1º.
2º.
3º.
Tabela 2
CORRIDA DE DISTÂNCIA
Características do
Posição Nome Deslocamento carrinho
1º.
2º.
3º.