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O apóstolo Paulo estudou sua audiência, verificou sua linguagem, observou seus hábitos, caminhou entre as pessoas.

Como
notamos, fez tudo o possível para estabelecer canais de diálogo, mesmo os atenienses sendo tão diferentes dele. Aqui há um
princípio fundamental: os evangelistas e missionários precisam conhecer as pessoas a quem pretendem falar do amor de
Deus; não basta ter o conteúdo do discurso a ser apresentado; é necessário conhecer a audiência que receberá a mensagem.

“Senhores atenienses!”. ~ “Percebo”. O apóstolo


Embora esta seja uma
saudação respeitosa, o Paulo era observador
discurso que se segue não é atento, e seu
o de um homem no tribunal, comentário está
mas de um defensor baseado naquilo que ele
apaixonado de crenças viu. Ao evangelizar as
peculiares e estimadas. pessoas, devemos estar
Paulo adota o vocabulário atentos ao modo de
dos oradores atenienses, em vida delas, e partir
harmonia com seu costume
disso podemos fazer
de se adaptar ao público Paulo elogiou os pontos positivos da religiosidade dos
(ver 1Co 9:19-22). O fato de um ponto de contato.
atenienses e, dessa forma, encontrou um tema comum entre
Paulo ser capaz de fazer eles para começar o diálogo e apresentar o evangelho.
isso revela muito sobre sua “Vocês são bastante
habilidade. Lucas resume o religiosos”. Paulo fez
discurso do apóstolo em dez um comentário sobre o
versículos (At 17:22-31), modo escrupuloso dos
mas é provável que Paulo atenienses de tentar
tenha falado muito mais,
sobretudo diante de uma
prestar o devido
audiência tão distinta. reconhecimento a todas
as formas de divindade.
“Os objetos de vosso Tal introdução lhe
culto”. Paulo vira e granjearia a atenção
estudara muitas das dos filósofos e dos
numerosas estátuas e atenienses de modo
suas inscrições. Ele as geral.
identifica como as “É precisamente Aquele que eu
divindades dos lhes anuncio”. Do gr. kataggellõ,
atenienses, seus objetos “anunciar”, “proclamar”.
de culto. Assim, procurou
despertar boa vontade
desde o princípio para
continuar a ser ouvido.
Seu objetivo era No v. 18, os filósofos haviam usado
conquistar o público, não praticamente a mesma palavra
(kataggeleus, “anunciador”,
espantá-lo. Ao falar com “proclamador”) paradescrever
as pessoas, criemos Paulo como um “apresentador de
proximidade, e não estranhos deuses”. Paulo não se
deu ao trabalho de negar a
repulsa. acusação; em vez disso,
apropriou-se da palavra
(kataggellõ) e a usou para
justificar o próprio procedimento.
Desta forma, conseguiu
apresentar o Deus verdadeiro, a

↑R Adolfo Suret
quem amava e servia. É isso que
um cristão é: anunciador do Deus
.
do Céu.

“AO DEUS DESCONHECIDO”. A presença desse altar estaria em conformidade com o que se sabe sobre a filosofia religiosa
de Atenas. Os habitantes da cidade eram ávidos por reconhecer todas as divindades e erguiam altares a um deus
desconhecido ou a deuses desconhecidos, a fim de que nenhum fosse negligenciado. Tal prática representa a suprema
confissão da impotência do ser humano para resolver os problemas do universo, semelhante à que se ouve, às vezes, dos
lábios de cientistas atuais. De fato, nem a ciência - tão endeusada por alguns em nossos dias - é capaz de explicar o
resolver profundos dilemas existenciais. Essa resposta plena cabe, unicamente, ao Deus do Céu.

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