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“Eu Perdoo-Te”
As Palavras Mais
Poderosas
Descobre a liberdade de
libertar aqueles que o magoam.
Este livro é uma transcrição editada do Derek Prince Legacy Radio, nº 56 “Perdão”.
E-mail: derekprinceportugal@gmail.com
Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.com
As versões bíblicas usadas neste livro: (ACF) a Almeida Corrigida e Fiel, (NVI) a Nova
Versão Internacional e (ARIB) a Almeida Revisada Imprensa Bíblica.
Índice
A Bem-aventurança do Perdão
Perdão é uma das mais belas palavras em qualquer língua. O que é que a torna uma palavra
tão especial e bonita? Bem, consideremos algumas das consequências que brotam do
perdão: reconciliação, paz, harmonia, compreensão, comunhão (companheirismo). Quão
desesperadamente o mundo está a precisar destas coisas!
Existem duas direções do perdão representadas na Bíblia. Estas duas direções estão muito
bem retratadas por esse grande símbolo da nossa fé cristã, a cruz. A cruz tem duas traves
– uma vertical e uma horizontal. Estas duas traves representam as duas direções do
perdão. A trave vertical representa o perdão que todos nós precisamos receber de Deus e
que somente pode ser recebido através da nossa identificação com o sacrifício e a
ressurreição de Jesus Cristo. A trave horizontal representa os nossos relacionamentos com
os nossos semelhantes, e fala do perdão que neste caso tem dois caminhos: o perdão que
nós precisamos receber dos outros e o perdão que nós precisamos dar aos outros. Uma
vez mais, o único lugar onde nós podemos receber a graça para este género de perdão é a
cruz.
A Vertical
Vamos começar com o tipo de perdão que nós precisamos e podemos receber do próprio
Deus – o aspecto vertical. É uma tremenda bem-aventurança ser perdoado por Deus.
Isto está talvez expresso da forma mais bela no Salmo 32, no qual David diz:
Em hebraico este salmo começa com uma palavra no plural: “bem-aventuranças.” Oh, as
bem-aventuranças daqueles cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. A
implicação é que existem inúmeras bênçãos anexadas ao termos os nossos pecados
perdoados por Deus.
É importante ver que a Bíblia não fala sobre o homem que não precisa de perdão. A Bíblia
indica claramente que todos nós precisamos do perdão de Deus. Não há exceções. Noutro
salmo, o salmista diz que não há homem que não peca. Todos nós pecámos. Portanto
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todos nós precisamos de perdão. Não é uma questão de se nós “precisamos” de perdão,
mas se nós “recebemos” o perdão.
Por isso David diz: Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade, e
em cujo espírito não há engano. Ele está a escrever sobre o tipo de homem que de facto
pecou, mas cujo pecado já não lhe é imputado. De qualquer modo uma condição absoluta
para receber o perdão é ser totalmente honesto com Deus. Isto significa não tentar
encobrir nada, desculpar o que quer que seja, ou omitir alguma coisa.
Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o
dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em
sequidão de estio. (Selá.) Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri.
Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do
meu pecado. (Selá.) (Salmo 32:3-5)(ACF)
Acredito que quando David escreveu isto ele tinha em mente o assunto de Betsabé, a
esposa de Urias, o Hitita. Foi uma situação terrível na qual ele cometeu adultério e depois
cometeu homicídio para encobrir o adultério. David obviamente tinha sido como muitos
de nós. Durante muito tempo ele recusou enfrentar o facto do seu pecado. Ele tentou
ignorá-lo. Ele tentou fingir que isso nunca aconteceu. Ele tentou encobri-lo. Mas durante
todo esse tempo ele era como um homem com uma febre ardente. Ele disse: “O meu
humor se tornou em sequidão de estio. Envelheceram os meus ossos”.
A indicação aqui é que pode haver consequências físicas ao reter o pecado não perdoado.
Um psiquiatra falou-me sobre uma senhora num dos hospitais que ele assiste, que estava
numa situação desesperada. Os seus rins tinham deixado de funcionar, a sua pele
empalideceu tornando-se amarelada, e ela estava em coma, simplesmente à espera de
morrer.
Num dia em que este psiquiatra passava pela sua cama, ele foi inspirado pelo Espírito
Santo para falar – não à sua mente consciente, mas ao seu subconsciente. A sua mente
consciente não era capaz de receber nada dele. Ele disse: “Em nome do Senhor Jesus
Cristo, eu perdoo os teus pecados.” E ele depois perguntou a si mesmo se tinha feito
alguma coisa insensata ou se o Espírito Santo o tinha realmente inspirado.
Para sua surpresa, cerca de uma semana depois ele encontrou a senhora a passear na rua
na cidade, perfeitamente curada! Uma causa da sua condição física eram os seus pecados
não perdoados. Quando os seus pecados foram perdoados através da intercessão deste
homem em seu favor – o caminho foi aberto para ela ser curada.
Por isso, a imagem da condição de David no Salmo 32 é muito real. Nos versículos
seguintes David dá uma aplicação pessoal a isto:
Por isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar
de muitas águas, estas não lhe chegarão. Tu és o lugar em que me escondo; tu me
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preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento. (Selá.) (Salmo 32:6-
7) (ACF)
David diz: “Não se atrase! Enquanto tiver tempo, lembre-se de voltar-se para Deus e pedir
o Seu perdão. Depois, quando chegarem os problemas, quando as águas subirem, quando
as calamidades vêm sobre a sua vida, terá um esconderijo. Será guardado no esconderijo
de Deus.”
O profeta Isaías também tem algo urgente para nos dizer sobre a nossa necessidade de
procurarmos o perdão de Deus:
Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio
o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se
compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. (Isaías
55:6-7) (ACF)
Há apenas um certo período em que pode contar em voltar-se para o Senhor. Depois disso,
pode ser que o Espírito Santo não o volte a inspirar de novo. Pode acontecer que nunca
mais seja movido novamente. Mas há um momento em que Deus pode ser encontrado.
Há um momento em que Deus está perto. Isaías diz: “Invocai-O enquanto Ele está perto.”
Este assunto é urgente. Se tem algum pecado não perdoado na sua vida, “agora” é o tempo
de voltar-se para Deus. O Novo Testamento diz: … eis aqui agora o tempo aceitável, eis
aqui agora o dia da salvação (2 Coríntios 6:2). Agora é o tempo em que Deus o escutará.
Não se atrase, não ignore a suave inspiração do Espírito Santo. Não lute contra essa
convicção que Ele traz sobre si. Entregue-se à Sua inspiração. Chame pelo Senhor
enquanto Ele está perto. E lembre-se das bem-aventuranças do homem cujos pecados são
perdoados.
Porque é que nós precisamos ser perdoados? Romanos 3:23, diz-nos muito simplesmente
porque é que todos nós devemos procurar o perdão de Deus:
A palavra “todos” indica que não há exceções. Todos nós pecámos. Não há nem um justo.
Não há ninguém que faça sempre bem.
A essência do pecado não é fazer alguma coisa particular errada. A essência do pecado é
roubar de Deus a glória que Lhe é devida das nossas vidas. Todos nós levamos vidas que
roubaram Deus da Sua glória. Todos nós levamos vidas que estão muito abaixo do nível
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que Deus requer. Nós estamos destituídos da glória de Deus. E não há exceções neste
assunto: Todos nós pecámos e estamos destituídos da glória de Deus.
Onde quer que possa estar, lembre-se que a Escritura diz; buscai ao Senhor enquanto se
pode achar, invocai-o enquanto está perto. Não deixe que este dia passe sem ter
procurado Deus para o perdão.
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Capítulo 2
A Base do Perdão
Este tema do perdão é de uma importância vital e pessoal para cada um de nós e a base
do perdão é a cruz de Jesus Cristo.
Nós só podemos ser perdoados com base no que Jesus fez por nós. Mais de sete séculos
antes de Jesus sofrer e morrer na cruz, o profeta Isaías deu-nos uma previsão profética do
que Ele iria fazer e porque é que Ele iria fazer isso.
Nós só podemos ser perdoados com base no que Jesus fez por nós.
Embora Jesus não seja mencionado pelo nome, todos os escritores e evangelistas do Novo
Testamento concordam que Jesus é aquele de quem se fala aqui – o servo sofredor do
Senhor sem nome. Em Isaías 53, Isaías descreve a morte sofredora de nosso Senhor Jesus
Cristo:
Essa é a base do perdão de Deus. Isto é o perdão que não compromete a Sua justiça. A
justiça de Deus foi totalmente e finalmente satisfeita, porque Jesus tomou as nossas
iniquidades, a nossa rebeldia e toda a nossa culpa.
Isaías realça – tal como Paulo faz em Romanos 3:23 – que ninguém está excluído da
necessidade do perdão. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se
desviava pelo seu caminho. Novamente, não é exatamente algum crime terrível que nós
possamos ter cometido. Não diz que todos nós cometemos assassínio ou comemos
demasiado. Diz que todos nós andávamos desgarrados. Nós desviámo-nos para o nosso
próprio caminho. Nós temos sido rebeldes. Nós andamos a fazer o que queremos. Nós
temos vivido segundo os nossos próprios padrões. Nós temos roubado Deus da Sua glória.
Tudo isso está resumido numa palavra forte da Escritura: “iniquidade.” Mas graças a
Deus, o Senhor colocou sobre Jesus a iniquidade de todos nós.
A expressão hebraica que está traduzida como “fez cair sobre ele” é muito nítida. Isso
significa “feito para reunir sobre ele.” Todos os pecados, toda a culpa e todas as aflições
de todos os homens, de todas as eras, de todas as raças, passado, presente e futuro, vieram
e reuniram-se sobre a pessoa do Senhor Jesus Cristo enquanto Ele estava pregado na cruz.
Ele não morreu pelos Seus próprios pecados. Ele foi ferido por causa das “nossas”
transgressões, diz Isaías. Ele foi moído por causa das “nossas” iniquidades. O castigo
que “nos” traz a paz estava sobre “ele.”
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Preste atenção especial a como estão tão perto a cura e o perdão. Muitas vezes as pessoas
que estão à procura de cura realmente precisam de perdão antes de poderem ser curadas.
Isaías diz: O castigo que nos traz a paz. Nós vemos de novo que a consequência do perdão
é a paz, porque Jesus foi castigado pelo nosso pecado, porque Ele tomou o nosso lugar.
Deus oferece-nos paz e reconciliação.
Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão
foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz
a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, àquele que
faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.
(Romanos 4:1-5)(ACF)
Se nós levássemos vidas perfeitamente boas, então teríamos recebido o prémio da justiça
como algo devido. Mas Paulo diz, porque nenhum de nós levou uma vida perfeitamente
boa, nós não podemos reclamar isso como um direito. Nós temos de receber isso de Deus
graciosamente como um dom. Paulo continua e cita as palavras de David do Salmo 32.
David diz a mesma coisa quando fala da bem-aventurança do homem a quem Deus imputa
a justiça independentemente das suas obras. Isso significa que nós não podemos
esforçarmo-nos para a ter. Não há nada que possamos fazer para consegui-la. Bem-
aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos. Bem-
aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado. (Romanos 4:7,8)(ACF).
Abençoadas palavras: “Nunca mais os nossos pecados nos serão imputados.” Paulo
continua:
E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando
glória a Deus, E estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era
poderoso para o fazer. Assim isso lhe foi também imputado como justiça. Ora, não só por
causa dele está escrito, que lhe fosse tomado em conta, Mas também por nós, a quem
será tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus
nosso Senhor; O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa
justificação. (Romanos 4:20-25)(ACF)
A essência de receber este perdão é ter fé inabalável de que Deus fará o que prometeu
fazer. Temos de acreditar nesses dois aspectos da cruz – que Jesus morreu como o castigo
pelos nossos pecados e ressuscitou de novo para nos trazer justificação.
“Justificado” é uma dessas palavras técnicas, teológicas, que apela para uma pequena
explicação. Nós somos justificados através da fé na morte de Jesus por nós. Tenho
descrito “justificado” sempre como sendo “justo como se eu nunca tivesse pecado.”
Porque quando todos os meus pecados são perdoados, sou considerado justo com a justiça
do próprio Jesus.
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Perdão Completo
Um dos aspectos mais extraordinários da natureza de Deus é que quando Ele perdoa, Ele
não perdoa parcialmente. Ele perdoa totalmente. Miqueias afirma isto maravilhosamente:
Isto não é fantástico? Tudo o que alguma vez nós fizemos de mal – tudo o que alguma
vez nos pudesse fazer sentir culpados, toda a acusação que o inimigo pudesse trazer contra
nós – Deus calca debaixo dos pés e depois atira para o fundo do mar.
Alguém comentou uma vez que quando Deus lança os seus pecados ao mar, Ele põe um
aviso que diz: “Não pescar!” Nunca tente voltar atrás e ressuscitar alguma coisa que Deus
tenha enterrado. Se Deus lhe perdoou, você está perdoado. Não há mais questões. O
perdão de Deus é total. Em Isaías Deus fala ao Seu povo:
“Sou eu, eu mesmo, aquele que apaga suas transgressões, por amor de mim, e que não
se lembra mais de seus pecados. (Isaías 43:25)(NVI)
Quando Deus nos perdoa, Ele apaga o registo. Este fica limpo. É exatamente como se a
coisa que foi perdoada nunca tivesse acontecido. Ele não só apaga o registo, mas também
apaga-o da Sua memória. Ele diz que nunca mais irá recordar os nossos pecados.
Quando Deus nos perdoa, Ele apaga o registo e também apaga-o da Sua memória.
Deus não tem uma má memória, mas Ele tem a capacidade de esquecer. E quando Ele
perdoa, Ele perdoa!
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Capítulo 3
Agora que nós explorámos a maravilha e totalidade do perdão de Deus, vamos descobrir
a outra dimensão do perdão – a direção horizontal do perdão. Mas antes de avançármos
neste capítulo, tem de aceitar um facto inevitável: isto funciona em ambos os sentidos.
Nós precisamos perdoar “e” precisamos ser perdoados pelas outras pessoas. Isto está
claramente afirmado nos escritos de Paulo em Efésios 2. Ele fala sobre a divisão da raça
humana, que na realidade foi feita pelo próprio Deus: a divisão entre Israel (o povo da
aliança de Deus) e os gentios (as outras nações). Na igreja primitiva, os gentios chegaram
a ser conhecidos pelo povo Judeu como “os incircuncisos”, e eles referiam-se a si mesmos
como “os circuncisos.” Paulo diz:
Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados
incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; Que
naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às
alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo
Jesus, vós, que antes estáveis longe [os gentios], já pelo sangue de Cristo chegastes perto.
(Efésios 2:11-13)(ACF)
Que condição terrível para se estar– sem ter paz e sem Deus. Se está sem Deus, certamente
não tem esperança neste mundo – ou no próximo. Mas Deus não deixa o assunto parar
aqui. Através de Jesus Cristo, Ele ofereceu perdão, reconciliação e esperança. Não
somente ao povo de Deus, Israel, mas também a todo o mundo dos gentios.
Depois Paulo continua a explicar como é que isto desafiou todas as relações:
Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de
separação que estava no meio, Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos
mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo
homem, fazendo a paz, E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando
com ela as inimizades. (Efésios 2:14-16)(ACF)
Repare que na cruz todas as barreiras entre a humanidade são quebradas. Não existem
mais divisões. Paulo usa aqui duas vezes a palavra “inimizade.” Na primeira vez, ele fala
da “inimizade” no plano horizontal, entre judeus e gentios – inimizade que num certo
sentido foi trazido pela Lei que separava Israel e fazia deles um povo distinto de todos os
outros povos. Na segunda vez ele usa a palavra “inimizade” no plano vertical. Ele fala
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sobre a inimizade da raça humana e do seu pecado e rebelião perante Deus. Ele está a
dizer que pela morte de Cristo na cruz – precisamente no ponto onde essas duas traves se
encontram – aí houve a reconciliação em ambas as direções. Houve a reconciliação do
homem com Deus e do homem com o seu semelhante – ambas as inimizades foram
destruídas pela cruz. Paulo continua:
“e, vindo, ele evangelizou [anunciou] paz a vós que estáveis longe, e paz aos que estavam
perto; porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. (Efésios 2:17-
18)(Almeida Revisada Imprensa Bíblica,” ARIB)
Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos,
e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele
que o criou; onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro,
cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo, e em todos. (Colossenses 3:9-11)(ACF)
O velho eu morreu em Jesus na cruz. A Escritura diz que o nosso velho eu, o nosso homem
velho, foi crucificado com Ele (Romanos 6:6). Isso ficou tratado. Esse velho rebelde foi
morto ali na cruz. Paulo agora diz que desde que despiu o velho eu e as suas práticas, e
vestiu o novo eu, o qual está a ser renovado no conhecimento à imagem do seu criador,
que a imagem de Deus que tinha sido manchada pelo pecado do homem está a ser
restaurada.
Ele continua para dizer que toda a espécie de barreira, separação e divisão na raça humana
– a barreira entre o judeu e o gentio, entre o religioso e o não religioso, entre o educado e
o não educado, entre o patrão e o empregado, entre classes, entre raças – tudo foi abolido.
É interessante o que Paulo diz à luz disto. Isto é uma mensagem oportuna para a igreja de
hoje. Ele começa por dizer: Não mintais uns aos outros. Nós temos de desistir de toda a
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espécie de engano, desconfiança ou desonestidade. Se nós queremos ser as pessoas que
Ele nos criou para sermos, precisamos de ser absolutamente abertos uns para com os
outros como pessoas de Deus.
Penso muitas vezes na arca de Noé. Deus fez provisão para a preservação de um número
selecionado de cada espécie de animais da antiga ordem antes do mundo ficar mergulhado
debaixo do dilúvio. Deus fez com que eles viessem até Noé sobrenaturalmente – e num
certo momento eles entraram na arca. Muitos desses animais eram por natureza inimigos
uns dos outros. Eles eram presas uns dos outros – eles matavam-se uns aos outros e
temiam-se uns aos outros. Mas dentro da arca havia paz. Já alguma vez pensou sobre
isso? A arca é uma imagem do Antigo Testamento de estar em Cristo. Não importa qual
a sua cultura – ou que espécie de atitudes tinha – quando entra na arca, elas são postas de
parte. É uma nova criação. Tem um novo relacionamento. Há paz onde antes havia
conflito e desarmonia. Tudo foi substituído pela paz de Deus através da reconciliação de
Jesus na cruz.
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Capítulo 4
O Servo Impiedoso
Vamos olhar com mais atenção para a necessidade de nos perdoarmos uns aos outros. A
importância desta verdade para uma vida cristã de sucesso não pode ser sobrestimada. O
próprio Jesus coloca uma ênfase especial à necessidade de perdoar os outros. Em Mateus
6:9-15, Ele diz:
Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de
cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos
perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do
mal. {Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém.} Porque, se
perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;
se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas.
(ARIB)
De todas as partes do Pai Nosso, é interessante que a única passagem sobre a qual Jesus
pensou que valia a pena fazer um comentário específico foi a do perdão. Repare que Ele
estabelece a proporção na qual nós podemos pedir o perdão de Deus. É na mesma
proporção em que nós perdoamos os outros. Perdoa-nos as nossas dívidas, “assim como”
nós também temos perdoado aos nossos devedores. Se nós perdoarmos totalmente aos
outros, nós podemos pedir a Deus que nos perdoe totalmente. Mas se nós recusamos o
perdão total aos outros, então não podemos reclamar o perdão total de Deus.
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos
perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará
vossas ofensas.
Não existe linguagem que possa ser mais clara do que esta. Queremos que Deus nos
perdoe? Então não temos outra opção; temos de perdoar aos outros. Não há alternativa.
Em Marcos 11, Jesus fala sobre como conseguir resposta às nossas orações:
Portanto, eu lhes digo: tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam,
e assim lhes sucederá. E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra
alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados.
(Marcos 11:24-25)(NVI)
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Quando nós oramos, Jesus coloca em nós a responsabilidade de perdoar aos outros. Ele
não diz: “Esperem até que eles venham e vos peçam perdão.” Ele diz: “Se quer que as
suas orações cheguem até Deus, tome “você” a iniciativa. Perdoe essas pessoas.”
Na maioria dos casos, não creio que seja mesmo necessário ir até eles e dizer-lhes. Mas
tem de os libertar, porque enquanto os prender por causa das dívidas que eles têm para
consigo, Deus mantém válida a sua dívida para com Ele. E a sua dívida para com Deus é
infinitamente maior do que a dívida que qualquer ser humano tenha para consigo.
Jesus diz: “Perdoe-lhe, não importa o que ele tenha feito.” A Sua linguagem é tão
completa: “Se guarda alguma coisa contra alguém, perdoe-lhe. Qualquer coisa contra
qualquer pessoa. Isso não deixa de fora nada nem ninguém, não é?
Não existe situação ou circunstância sobre a qual nós possamos recusar perdoar os outros.
Jesus está a dizer que quando orar, acredite que receberá aquilo que está a pedir enquanto
ora. Mas Ele diz que existe um problema potencial: quando estiver a orar, se guardar
alguma coisa contra alguém, perdoe-lhe para que o seu Pai no céu possa perdoar os seus
pecados.
Tem orações sem respostas? Já alguma vez sentiu que esteve a clamar e que os ouvidos
de Deus estavam fechados às suas orações? Talvez Deus tenha estado à espera de que
aprenda a lição que, se quer que Deus ouça as suas orações tem de começar por perdoar
todas as pessoas contra quem tem alguma coisa.
Jesus aprofunda isto na Sua parábola do servo impiedoso. É tão vívido e tem lições muito
importantes para cada um de nós:
Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão
contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas,
até setenta vezes sete. Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que
quis fazer contas com os seus servos; E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado
um que lhe devia dez mil talentos; E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou
que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a
dívida se lhe pagasse. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo:
Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Então o Senhor daquele servo,
movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele
servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão
dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu companheiro,
prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te
pagarei. Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar
ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-o à sua presença,
disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não
devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive
misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que
pagasse tudo o que lhe devia. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração
não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas. (Mateus 18:21-35)(ACF)
Uma vez calculei o que eram essas dívidas, usando a taxa de câmbio entre o dólar e a
prata, que estava em vigor na altura (e que com certeza oscilava). A primeira dívida era
cerca de seis milhões de dólares. Um servo que devia seis milhões de dólares foi trazido
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ao rei. Por outro lado, usando a mesma proporção, a dívida do conservo para com o
primeiro servo era no valor de cerca de dezassete dólares. Portanto, nós estamos a falar
de cerca de dezassete dólares contra seis milhões. A falta de perdão do primeiro servo,
não a sua dívida, valeu-lhe uma sentença de prisão. Ao nível mais básico, a falta de perdão
é uma prisão.
Repare que Jesus não deixou que a moral desta parábola dependesse do ouvinte. Ele
aplicou-a especificamente a cada um de nós. Ele disse: “Se não perdoarem aos vossos
irmãos crentes, aos vossos semelhantes, tal como quereis que Deus vos perdoe a vós,
Deus lidará convosco tal como o rei/senhor lidou com aquele servo impiedoso.”
Que aviso sóbrio! Ele vem diretamente dos lábios de Jesus. Ninguém estava mais
preparado para perdoar e ser amável do que Jesus, mas Ele estabelece aqui um princípio
muito claro: Se quiser ser perdoado por Deus, tem de perdoar aos outros.
Três Chaves
Três pontos importantes surgem desta parábola. Primeiro de todos, a falta de perdão é
maldade. O senhor disse ao servo: “Servo malvado.” Isso é uma acusação dura, não é?
O servo não tinha cometido um crime horrendo; ele tinha simplesmente falhado em
perdoar o seu conservo. Parece que na opinião de Deus, falhar em perdoar é maldade.
Segundo, Jesus diz que o senhor estava indignado. A falta de perdão provoca a
indignação de Deus. Lembre-se que existe um paralelo exato entre o senhor e o servo e
com Deus e cada um de nós.
Há multidões do povo de Deus nas mãos dos torturadores atualmente, porque falham em
perdoar alguém. Alguns têm sofrimento/tormento mental, alguns têm
sofrimento/tormento espiritual e alguns têm sofrimento/tormento físico. Existem muitas
espécies diferentes de sofrimento/tormento. Mas um resultado garantido da falta de
perdão é sofrimento/tormento. Deixe-me exortá-lo tenha como o seu objetivo o perdoar
tal como deseja que Deus lhe perdoe. Muitas pessoas dizem: “Eu não posso perdoar.”
Mas isso não é verdade. Pode, se souber como.
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Capítulo 5
Jesus disse, no Pai Nosso: Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos
perdoado aos nossos devedores. Ele condicionou-nos a não esperarmos o perdão de Deus
numa proporção superior àquela com que perdoamos os outros.
Quando confrontados com esta exigência de perdoar aos outros, tal como nós queremos
que Deus nos perdoe, eu tenho muitas vezes ouvido as pessoas dizerem: “Eu não consigo
perdoar.” Mas isto surge duma falta de compreensão da natureza do perdão. O perdão não
é uma emoção; é uma decisão. Não pode esperar até que a “emoção” venha, mas pode
tomar a “decisão”. Isto significa que “consegue” perdoar se souber como. Creio que
existem seis passos simples que pode dar para desenvolver com sucesso o perdão genuíno.
Reconhecer
O primeiro melhor passo é reconhecer a sua necessidade de perdoar. Seja honesto consigo
próprio. Deixe de ser tão religioso. Não finja que não existem maus sentimentos algures
no seu coração. Reconheça que existem algumas pessoas contra quem realmente sente
amargura, contra quem realmente guarda ressentimento. Reconheça isso. Não oculte isso.
Esteja disposto a nomear a pessoa.
Submeter-se
Segundo, não resista a Deus. Tem de submeter-se quer à Sua Palavra quer ao Seu Espírito.
Enfrente e aceite o que a Sua Palavra ensina. Deus pergunta: “Deseja que Eu o perdoe?
Perdoe essa outra pessoa. Eu perdoar-lhe-ei na mesma proporção que perdoar a outra
pessoa.”
Lembre-se de que na economia de Deus, a outra pessoa somente lhe deve dezassete
dólares, mas você deve a Deus seis milhões. Faça as contas. Decida por si mesmo se
realmente vale a pena perdoar essa divida de dezassete dólares. No seu nível mais baixo,
perdoar aos outros não é uma questão de ser tremendamente espiritual – é na realidade
uma questão de interesse próprio. Qualquer pessoa que não perdoe dezassete dólares para
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ser perdoada de uma divida de seis milhões, simplesmente não é boa a aritmética! Não
estou a pedir-lhe que seja um gigante espiritual. Estou somente a dizer-lhe como cuidar
do seu próprio melhor interesse nesta questão de perdoar aos outros.
Decidir
Assim que se tenha submetido à Palavra de Deus e ao Seu Espírito, a próxima coisa que
tem de fazer é tomar a decisão certa. Lembre-se, não espere por sentimentos. Os seus
sentimentos não estão totalmente sob o seu controlo. Mas a sua vontade “está” sob o seu
controlo. O perdão procede da vontade, não das emoções. Escolha perdoar essa pessoa
ou essas pessoas. Tome a decisão: “Eu perdoo. Eu perdoarei. Eu perdoo mesmo.”
Declarar
O próximo passo é um dos mais importantes. Afirme o seu perdão verbalmente. Não deixe
que isso seja apenas um pensamento interior que passe pela sua mente. Diga isso em voz
alta com a sua boca. “Senhor, eu perdoo. Eu perdoo a minha esposa. Eu perdoo a minha
sogra. Eu perdoo os meus filhos. Eu perdoo os meus netos. Eu perdoo o pastor. Eu perdoo
o vizinho.” Quem quer que seja, diga em voz alta que os perdoa. E se isso não soar certo
na primeira vez, diga-o de novo. Diga-o talvez em voz mais alta. Diga isso talvez, vezes
sem conta. Dizendo isso com a sua boca, dá-lhe um tremendo poder.
Ficar firme
Assumindo que esteve disposto a dar os primeiros quatros passos – reconhecer a sua
necessidade, submeter-se a Deus, tomar a decisão certa, e afirmá-la verbalmente – os
próximos dois passos são salvaguardas face ao regresso do ressentimento. Suponha que
começa a pensar de novo sobre essa coisa particular que foi tão difícil e tão amarga na
sua vida. É suposto você perdoar novamente? O meu conselho seria para não fazer isso –
porque acredito que isso enfraquece o seu primeiro perdão.
Orar e Abençoar
O passo final neste processo de perdão é substituir o negativo pelo positivo. Sempre que
começar a pensar nessa(s) pessoa(s) com quem teve problemas em perdoar, não pense
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nos seus pontos maus. Não volte a todas as coisas más que ela(s) lhe tenha(m) dito e feito.
Agradeça a Deus por ela(s). Agradeça a Deus por lhe(s) ter perdoado. Pense em alguma
coisa que seja boa acerca dela(s), e comece a agradecer a Deus por isso. Depois ore por
ela(s). Ore a Deus para o melhor para ela(s). Ore a Deus para que derrame o Seu favor
sobre ela(s).
Quero terminar dando-lhe um modelo de oração que pode usar quando precisa de perdoar
outra pessoa. Leia-a cuidadosamente. Torne-a a sua oração. Use-a sempre que precisar
perdoar:
Apesar de estes seis passos poderem ser simples por si mesmos, pô-los em prática pode
não ser fácil. Ao aprender a pô-los em prática, acredito que experimentará liberdade e
bênção crescentes do Senhor.
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Sobre o autor
Derek Prince (1915 – 2003)
Derek Prince nasceu na Índia, filho de pais britânicos. Douto em Grego e Latim no Eton
College e na Universidade de Cambridge, Inglaterra, lecionou em filosofia antiga e
moderna no King’s College. Dedicou-se ainda ao estudo de várias línguas modernas,
incluindo hebraico e aramaico nas Universidades de Cambridge e na Universidade
Hebraica em Jerusalém.
Enquanto servia no Exército Britânico, durante a Segunda Guerra Mundial, ele começou
a estudar a Bíblia e experimentou um encontro com Jesus Cristo que mudou a sua vida.
Em consequência deste encontro ele chegou a duas conclusões:
Tais conclusões alteraram todo curso de sua vida, a qual ele então dedicou ao estudo e
ensino da Bíblia.
O principal dom de Derek de explicar a Bíblia, e o seu modo de ensinar de forma clara e
simples, ajudou a construir um fundamento de fé em milhões de vidas. A sua abordagem
não sectária e não denominacional, tornou o seu ensino tanto relevante quanto de grande
ajuda para pessoas de todas as origens, quer raciais, quer religiosas.
- Fazer chegar estes meios a locais onde ainda não conhecem a Palavra de Deus
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Sobre Derek Prince Portugal
Se não conseguires explicar um princípio duma maneira
simples e em poucas palavras,
então tu próprio ainda não o percebes suficientemente.
Esta frase de Derek Prince caracteriza o seu ensino bíblico. Estudos simples e claros que
pretendem, direcionar o leitor para os princípios de Deus, tornando assim possível uma
maior abertura para reflexão e tomada de posição perante a vontade de Deus revelada na
Sua Palavra.
e…
Achamos que o ensino do Derek Prince é uma ferramenta preciosa de usar neste
sentido, daí que procuramos disponibilizar cada vez mais do ensino dele
(cartas, livros, cartões de proclamação, áudios e vídeos) na língua portuguesa para
ajudar os discípulos de Jesus o Cristo na sua caminhada da fé.
Em mais de 100 países o DPM está ativo, dando a conhecer o maravilhoso e libertador
evangelho de Jesus Cristo. Esperamos também que se sinta envolvido e encorajado na
sua fé através do material por nós (Derek Prince Portugal) fornecido.
Deseja saber mais sobre o nosso trabalho, os materiais disponíveis ou deseja envolver-
se de alguma forma com o nosso trabalho, contacta-nos:
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OUTROS LIVROS por DEREK PRINCE (em Português):
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