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28
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GASTROENTEROLOGIA

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Doença Clorido Péptica

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• PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL. OS INFRATORES SERÃO PROCESSADOS NA FORMA DA LEI •


4
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DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

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FIGURAS

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32
» FIGURA 1 - Imagem ilustrativa das regiões anatômicas e camadas histológicas

46
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do estômago

28
» FIGURA 2 - Mucosa gástrica normal, com erosão e com ulceração

A
» FIGURA 3 - Gastrite crônica secundária à infecção pelo H. pylori

LV
SI
» FIGURA 4 - Classificação em intensidade normal, leve, moderada e intensa da

O
» atrofia do antro e do corpo

UN
FIGURA 5 - Representação esquemática da evolução da metaplasia gástrica
BR
no intestino
A
»
AT

FIGURA 6 - Cascata da carcinogênese


EN

»
FIGURA 7 - Corte histológico de mucosa gástrica, corado por hematoxilina e
0R

EOSINA no aumento de 500, diagnóstico de gastrite linfocítica (os linfócitos são


81
32

facilmente identificados pelo núcleo escuro com halo claro ao redor)


»
46

FIGURA 8 - Úlcera gástrica


28

»
28

FIGURA 9 - Possíveis mecanismos etiopatogenese das úlceras


» FIGURA 10 - Mecanismos patogênicos do H. pylori
A
LV

» FIGURA 11 - H. pylori na mucosa gástrica corada por Giemsa


SI

» FIGURA 12 - Mecanismo de ação de antiácidos, inibidores H2 e antiácidos no


NO
U

tratamento das doenças clorido-pépticas


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.2 SUMÁRIO
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DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

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QUADROS

A
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» QUADRO 1 - Classificação de Sydney modificada

28
» QUADRO 2 - Graus do Sistema OLGA

28
» QUADRO 3 - Sistema OLGA relacionando localização e intensidade da atrofia gástrica

A
LV
» QUADRO 4 - Etiologia de úlceras pépticas

SI
» QUADRO 5 - IV Consenso Brasileiro de Infecção pelo H. pylori propõe algumas

O
UN
opções terapêuticas
BR
» QUADRO 6 - IBPs em doses habituais e doses plenas disponíveis em nosso meio
A
» QUADRO 7 - Indicações para o uso de IBPs
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SUMÁRIO .3
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DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

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SUMÁRIO

A
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46
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO MÓDULO 8

28
28
A
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SI
1 GASTRITES 11

O
UN
1.1 GASTRITES E GASTROPATIAS AGUDAS
1.1.1 GASTROPATIA AGUDA BR
A
AT

1.1.2 GASTRITE AGUDA


EN

1.2 GASTRITE CRÔNICA


0R

1.2.1 GASTRITE CRÔNICA ATRÓFICA


81

1.3 TIPOS ESPECIAIS DE GASTRITES


32
46

1.3.1 GASTRITE LINFOCÍTICA


28

1.3.2 GASTRITE EOSINOFÍLICA


28

1.3.3 GASTRITE GRANULOMATOSA


A
LV

2 DISPEPSIA NÃO ULCEROSA 21


SI
NO

2.1 DISPEPSIA FUNCIONAL


U
BR

2.1.1 ETIOPATOGENIA
A

2.1.2 DIAGNÓSTICO E PROPEDÊUTICA


AT

2.1.3 TERAPÊUTICA
EN
0R
1

3 ÚLCERAS PÉPTICAS 23
328
46

3.1 EPIDEMIOLOGIA
28

3.2 ETIOPATOGÊNESE
28

3.3 QUADRO CLÍNICO


A
LV

3.4 COMPLICAÇÕES
SI
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UN
BR
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.4 SUMÁRIO
EN
4
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DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

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SUMÁRIO

A
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81
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46
4 HELICOBACTER PYLORI E CONDIÇÕES ASSOCIADAS

28
27

28
4.1 PATOGÊNESE

A
LV
4.2 DIAGNÓSTICO

SI
4.3 TRATAMENTO

O
UN
4.3.1 CONTROLE DE TRATAMENTO

BR
A
5 INIBIDORES DE BOMBA DE PROTONS
AT

31
EN

5.1 MECANISMO DE AÇÃO DOS IBPs


0R

5.2 TIPOS DE IBPs


81
32

5.3 USO DE IBPs NA PRÁTICA CLÍNICA


46

5.4 EFEITOS ADVERSOS DOS IBPs


28

5.5 ANÁLISE CRÍTICA DA PRESCRIÇÃO E DESPRESCRIÇÃO DE IBPs


28
A
LV

REFERÊNCIAS 36
SI
UNO
BR
A
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28
3
46
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A
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SUMÁRIO .5
EN
4
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DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
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ICONOGRAFIA

BR
A
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81
32
ATENÇÃO ATIVIDADES DE

46
APRENDIZAGEM

28
PARA SABER

28
A
LV
SI
SAIBA MAIS

O
UN
ONDE PESQUISAR CURIOSIDADE
S
BR
LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS
A
AT
EN
0R
81

GLOSSÁRI QUESTÕE
32

O S
46
28
28
A
LV

MÍDIAS
SI

ÁUDIO
INTEGRADAS
S
UNO
BR
A
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EN

ANOTAÇÕES CITAÇÕE
0R

S
1
328
46
28
28

EXEMPLOS DOWNLOADS
A
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.6 SUMÁRIO
EN
4
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DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
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INFORMAÇÕES SOBRE A

SI
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AUTORA

A
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EN
0R
Vera Lúcia Ângelo Andrade

81
Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com

32
Residência de Clínica Médica/Patologia Clínica na Fundação das Pioneiras Sociais.

46
Especialista em Gastroenterologia pela Federação Brasileira de Gastroenterologia e

28
28
em Doenças Funcionais e Motilidade Digestiva pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

A
Mestra e doutora em Ciências (área de concentração: Patologia Geral) pela UFMG.

LV
SI
Membra da Federação Brasileira de Gastroenterologia e da Sociedade Brasileira de

O
Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia; membra internacional da American

UN
Neurogastroenterology and Motility Society e da American Gastroenterological
Association. Docente da Universidade Vale do Rio Verde (UninCor).
BR
A
AT
EN

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO
0R
81
32

Neste módulo, será abordado importante conteúdo científico relacionado a doenças


46

clorido-pépticas, tais como gastrites agudas e crônicas, dispepsia não ulcerosa,


28
28

úlceras pépticas gástricas e duodenais, sobre Helicobacter pylori e afecções


A

associadas, e ainda, uso de inibidores de bomba de prótons (IBPs) e sua


LV
SI

farmacologia aplicada ao trato digestivo.


UNO

O conteúdo será apresentado de forma didática, incluindo casos clínicos, imagens e


BR

fotografias. Os conhecimentos adquiridos serão revisados com questões de múltipla


A
AT

escolha, visando auxiliar no estudo para a prova de título de especialista, sem


EN

substituir a leitura bibliográfica recomendada no edital.


1 0R
28

As gastrites são alterações inflamatórias da mucosa gástrica que podem ser agudas
3
46

ou crônicas, e com diferentes etiologias, sendo altamente prevalentes nos


28

atendimentos gastroenterológicos. O Helicobacter pylori é o principal agente etiológico


28

das gastrites e terá especial atenção. As úlceras pépticas, a dispepsia não ulcerosa, o
A
LV

adenocarcinoma e o linfoma do tecido linfoide associado à mucosa também foram


SI

relacionadas a essa bactéria. Esses dois últimos serão abordados em outro módulo.
O
UN
BR
A
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SUMÁRIO .7
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
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SI
Especial atenção também será dada aos IBPs e sua farmacologia aplicada ao trato

O
digestivo. Os IBPs são usados amplamente na prática clínica, e caberá a você,

UN
gastroenterologista, saber prescrever com segurança e conhecer os seus possíveis

BR
efeitos colaterais e, ainda, aprender a distinguir entre uso e abuso desses

A
AT
medicamentos.

EN
0R
Como pode perceber, será um conteúdo extenso para ser estudado e que merece ser

81
32
aprofundado não só para a preparação para a prova de título de especialista, mas

46
para que seja um gastroenterologista pleno após ser aprovado.

28
28
OBJETIVOS DE

A
LV
SI
O
APRENDIZAGEM DO MÓDULO
UN
BR
A
Ao final deste módulo, espera-se que você seja capaz de:
AT
EN
0R

•Reconhecer, identificar e aplicar na prática clínica conhecimentos de Epidemiologia,


81

Etiopatogenia, Fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e


32

complicações de doenças clorido-pépticas em: gastrites, dispepsia não ulcerosa e


46
28

úlceras pépticas, Helicobacter pylori e afecções, bem como saber sobre o uso de
28

IBPs e a farmacologia aplicada ao trato digestivo.


A

•Analisar a anatomia do estômago e duodeno e suas relações anatômicas e


LV
SI

correlacioná-las com os processos anatomopatológicos das doenças clorido-pépticas.


NO

•Analisar a histologia do estômago e duodeno e correlacioná-la com os processos


U

histopatológicos das doenças clorido-pépticas.


BR

•Analisar os mecanismos de fisiologia da produção ácida e dos mecanismos


A
AT

patológicos envolvidos na etiopatogênese das doenças clorido-pépticas.


EN

•Classificar de modo bem detalhado as gastrites, considerando os aspectos


0R

endoscópicos e microscópicos.
1
28

•Diferenciar gastrites agudas de gastropatias, considerando o aspecto etiológico.


3
46

•Descrever e explicar a etiopatogênse das manifestações clínicas, diagnóstico,


28
28

propedêutica e terapêutica das gastrites agudas, gastropatias, gastrites crônicas


A

(autoimunes, relacionadas ao H. pylori e raras, como a gastrite linfocítica).


LV
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A
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.8 SUMÁRIO
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
•Avaliar e hierarquizar as decisões terapêuticas nos diferentes tipos de gastrites,

SI
baseando-se nos conhecimentos corretamente adquiridos sobre o assunto.

O
UN
•Recordar o papel do H. pylori na etiopatogênese das afecções associadas a essa

BR
bactéria.

A
•Diferenciar por meio de exames propedêuticos gastrites agudas, gastropatias e

AT
EN
gastrites crônicas.

0R
•Indicar os melhores método diagnóstico e técnica de coleta de espécimes gástricas

81
para o H. pylori, teste da uréase marcada, estudo histopatológico ou combinação

32
entre elas.

46
28
•Discutir a necessidade de acompanhamento das gastrites crônicas, com risco para

28
evolução para neoplasia. Aprender e aplicar os conhecimentos sobre planejamento

A
LV
temporal desse acompanhamento.

SI
•Identificar e aplicar na prática clínica os conhecimentos em Epidemiologia,

O
Etiopatogenia, Fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e

UN
BR
complicações da dispepsia não ulcerosa. A
•Classificar a dispepsia funcional baseada no consenso de Roma IV.
AT

•Identificar e aplicar na prática clínica os conhecimentos em Epidemiologia,


EN

Etiopatogenia, Fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e


0R

complicações das úlceras pépticas gástricas e duodenais.


81
32

•Diferenciar úlceras gástricas benignas e malignas, considerando aspectos


46

endoscópicos e histopatológicos.
28
28

•Descrever e aplicar os mecanismos patogenéticos, lesões estruturais e alterações


A

relacionadas ao H. pylori.
LV

•Descrever os métodos diagnósticos, invasivo e não invasivo, para diagnóstico do H.


SI
NO

pylori.
U

•Discutir a microscopia da infecção pelo H. pylori e escolher a melhor coloração para


BR

o diagnóstico dessa bactéria.


A
AT

•Apontar, hierarquizar e aplicar a sequência diagnóstica para o H. pylori.


EN
1 0R
28
3
46
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SUMÁRIO .9
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4
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DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
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SI
•Apontar, hierarquizar e aplicar a melhor sequência terapêutica para a erradicação do

O
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Helicobacter pylori e afecções associadas baseando-se no mais recente guideline

BR
nacional.

A
•Analisar a terapêutica das doenças clorido-pépticas nas gastrites, dispepsia não

AT
ulcerosa e úlceras pépticas.

EN
0R
•Explicar os tipos de inibidores de bomba de prótons, diferenças farmacológicas e

81
indicações terapêuticas.

32
•Avaliar criticamente a desprescrição de inibidores de bomba de prótons.

46
•Avaliar e hierarquizar a decisão terapêutica considerando conhecimentos

28
28
corretamente adquiridos sobre as doenças clorido-pépticas.

A
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.10 SUMÁRIO
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4
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DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

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A
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SI
1 GASTRITES

O
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BR
As gastrites são alterações inflamatórias frequentes da mucosa gástrica. O

A
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diagnóstico obrigatoriamente depende do exame endoscópico com estudo

EN
microscópico de espécimes das biópsias gástricas, portanto, não se admite o

0R
diagnóstico clínico de gastrite. Podem ser classificadas temporalmente em agudas

81
ou crônicas e/ou histopatologicamente. Várias classificações já foram realizadas, e a

32
46
mais utilizada é a de Sydney modificada. Foram propostos também estágios OLGA

28
(link operativo para avaliação de gastrite) para melhor estudo das gastrites crônicas;

28
é importante que esteja atento a essas novas propostas de classificação. A seguir,

A
LV
serão abordados diferentes tipos de gastrites.

SI
O
UN
Mas, antes de abordarmos as gastrites, será feita breve revisão de anatomia e

BR
histologia. A figura a seguir mostra a anatomia gástrica (corpo, antro e fundo) e
A
histologia gástrica (mucosa, submucosa, musculares e serosa).
AT
EN
0R

FIGURA 1 - IMAGEM ILUSTRATIVA DAS REGIÕES ANATÔMICAS E CAMADAS


81

HISTOLÓGICAS DO ESTÔMAGO
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Fonte: SHUTTERSTOCK.COM, 2019.


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SUMÁRIO .11
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4
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DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

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1.1 GASTRITES E GASTROPATIAS AGUDAS

O
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BR
A distinção entre as entidades patológicas agudas – gastrite e gastropatia – ainda

A
traz dúvidas para gastroenterologistas. Gastrite aguda é a lesão epitelial na mucosa

AT
EN
gástrica com processo inflamatório, e a gastropatia é a lesão gástrica na ausência de

0R
infiltrado inflamatório.

81
32
1.1.1 GASTROPATIA AGUDA

46
28
Gastropatia é definida como lesão epitelial da mucosa gástrica ao exame

28
endoscópico e ausência de infiltrado inflamatório no exame histopatológico.

A
LV
Etiologicamente, pode ser decorrente do uso de medicamentos, principalmente os

SI
anti-inflamatórios não hormonais (AINES) ou libação alcoólica. Outras causas de

O
UN
gastropatia, porém crônicas, são por hipertensão portal (causa vascular) ou refluxo
BR
biliar. Os sintomas dependem da etiologia e da intensidade da exposição ao agente
A
AT

agressor, podendo variar de epigastralgia aguda a hemorragia digestiva. A


EN

anamnese orientará o diagnóstico, e, na maioria das vezes, não será necessário o


0R

exame endoscópico. Caso o mesmo seja realizado, erosões que acometem a


81

mucosa gástrica e/ou duodenal poderão ser detectadas, caracterizando a lesão


32

aguda da mucosa gastroduodenal (LAMGD). As erosões podem apresentar


46
28

sangramento ativo ou crostas hematínicas, sugerindo sangramento recente. A figura


28

a seguir ilustra: mucosa normal; erosão que não atinge muscular da mucosa; e
A
LV

ulceração que ultrapassa a muscular da mucosa e atinge submucosa (ulcerações


SI

serão discutidas posteriormente).


U NO
BR
A

FIGURA 2 - MUCOSA GÁSTRICA NORMAL, COM EROSÃO E COM ULCERAÇÃO


AT
EN
0R
1
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46
28
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Fonte: SHUTTERSTOCK.COM,
O

2019.
UN
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.12 SUMÁRIO
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O tratamento será com supressão ácida com uso de IBPs e, caso necessário,

O
UN
protetores de mucosa como sucralfato e/ou antiácidos com anestésicos, caso seja

BR
necessário controle da dor. A resolução ocorre em torno de 7 a 14 dias, desde que o

A
agente agressor seja eliminado.

AT
EN
0R
Veja como o tema pode ser abordado em prova:

81
32
46
Paciente jovem, previamente hígido, foi atendido na urgência devido à hematêmese.

28
Relata estar usando nimesulida para trauma ortopédico em partida de futebol. Quais

28
são o diagnóstico clínico mais provável e a melhor conduta diagnóstica e/ou

A
LV
terapêutica?

SI
O
a. Gastrite aguda, e solicitar endoscopia digestiva alta.

UN
BR
b. Gastrite aguda, e iniciar uso de inibidor de bomba de prótons.
A
c. Gastropatia aguda, e iniciar uso de inibidor de bomba de prótons.
AT
EN

d. Gastropatia aguda, e solicitar endoscopia digestiva alta.


0R
81

Resposta correta: c.
32
46
28

Justificativa do gabarito:
28
A

a. O paciente é jovem e previamente hígido, tendo usando AINE; nessa situação, o


LV
SI

diagnóstico é gastropatia, e não gastrite.


UNO

b. O paciente é jovem e previamente hígido, tendo usando AINE; nessa situação, o


BR

diagnóstico é gastropatia, e não gastrite


A
AT
EN

c. O paciente é jovem e previamente hígido, tendo usando AINE, sendo o


0R

diagnóstico de gastropatia; nessa situação, o diagnóstico clínico orientará a conduta


1
28

terapêutica com IBPs. Não há necessidade de EDA.


3
46
28
28

d. O paciente é jovem e previamente hígido, tendo usando AINE; nessa situação, o


diagnóstico é gastropatia. Não há necessidade de EDA.
A
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SUMÁRIO .13
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
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SI
O
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1.1.2 GASTRITE AGUDA

BR
Gastrite aguda é a agressão da mucosa, por processo inflamatório. Etiologicamente

A
AT
a infecção aguda mais frequente é pelo H. pylori. A história clínica, assim como na

EN
gastropatia aguda, é a norteadora do diagnóstico. A EDA só será solicitada quando

0R
houver hemorragia digestiva ou dúvida diagnóstica. Biópsias raramente são

81
32
necessárias, e quando realizadas a submucosa pode apresentar hiperemia, edema,

46
além de infiltrado inflamatório de poli-morfonucleares e macrófagos. O tratamento é

28
feito com supressão ácida com uso de IBPs e, caso necessário, protetores de

28
mucosa como sucralfato e/ou antiácidos com anestésicos, caso seja necessário

A
LV
controle da dor. A resolução dos sintomas ocorre em torno de 7 a 14 dias, porém

SI
pode ser necessário o tratamento do agente etiológico específico.

O
UN
FIQUE ATENTO SOBRE O DIAGNÓSTICO DE “GASTRITE NERVOSA” BR
A
AT
EN

Essa entidade patológica não existe e pode causar iatrogenia diagnóstica. Embora
0R

frequentemente citado como agente etiológico das gastrites, o estresse não leva
81

a “gastrite nervosa”. Em situações em que há agressão física, como em grandes


32

queimados, pode ocorrer a LAMGD, e não gastrite. É importante destacar que em


46

pacientes que já tenham gastrite pode haver exacerbação de sintomas em


28

situações de estresse, o que às vezes confunde o diagnóstico.


28
A
LV
SI

1.2 GASTRITE CRÔNICA


NO
U
BR

A gastrite crônica é um processo inflamatório da mucosa gástrica, que pode ser


A

causado por agentes infecciosos, principalmente o H. pylori. Em geral, é


AT
EN

assintomática ou oligos sintomática.


0R
1

As gastrites podem ser classificadas topograficamente, sendo a gastrite do corpo a


328

gastrite antral, e pangastrite (quando acomete tanto corpo quanto antro). Essas
46
28

anteriormente eram chamadas de tipos A, B e AB. O quadro a seguir sumariza a


28

Classificação de Sydney modificada.


A
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.14 SUMÁRIO
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
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QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DE SYDNEY MODIFICADA

BR
TIPO DE FATORES

A
GASTRITE ETIOLÓGICOS

AT
ATRÓFICA Autoimune Autoimune.

EN
Atrófica multifocal H. pylori.
Fatores ambientais são questionados. H. pylori.

0R
81
32
46
NÃO ATRÓFICA

28
28
OUTROS TIPOS DE GASTRITE (formas Idiopática? Resposta imune atípica ao H. pylori?
especiais) Autoimune? Glúten associado?

A
LV
Linfocítica Alergenos.

SI
Eosinofílica Sarcoidose, granulomatose de Wegener, doença de

O
Crohn, vasculites.
Granulomatosa

UN
BR
A
AT

Fonte: Elaborado pela autora.


EN
0R

O diagnóstico da gastrite sempre é histopatológico, e não há correlação entre


81

intensidade dos achados endoscópicos com a intensidade do infiltrado inflamatório


32
46

de mononucleares e/ou concentração do agente etiológico como o H. pylori. A figura


28

a seguir mostra gastrite crônica.


28
A
LV

FIGURA 3 - GASTRITE CRÔNICA SECUNDÁRIA À INFECÇÃO PELO H. PYLORI


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10R
28
3
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Fonte: SHUTTERSTOCK.COM, 2019.


UN
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SUMÁRIO .15
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4
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DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
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1.2.1 GASTRITE CRÔNICA ATRÓFICA

BR
A
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A progressão do processo inflamatório da gastrite crônica pode levar à atrofia da

EN
mucosa antral, do corpo ou em ambas as topografias (pangastrite), como ilustrado

0R
na figura a seguir.

81
32
46
FIGURA 4 - CLASSIFICAÇÃO EM INTENSIDADE NORMAL, LEVE, MODERADA E

28
INTENSA DA ATROFIA DO ANTRO E DO CORPO

28
A
LV
SI
O
UN
BR
A
AT
EN
0R
81
32
46
28
28
A

Fonte: MACIEL, 2010, p. 82.


LV
SI

Na metaplasia intestinal, que é a substituição da mucosa gástrica por tecido epitelial


NO

da mesma linhagem, nesse caso mucosa intestinal, também pode ocorrer como
U
BR

ilustrado na figura a seguir. Colorações especiais podem ser necessárias para definir
A

se a metaplasia é incompleta ou completa.


AT
EN

FIGURA 5 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA EVOLUÇÃO DA METAPLASIA GÁSTRICA


0R

NO INTESTINO
1
328
46
28
28
A
LV
SI
O

Fonte: MACIEL, 2010, p. 82.


UN
BR
A
AT

.16 SUMÁRIO
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
Visando normatizar a gradação do fenótipo da gastrite atrófica, um grupo de

O
gastroenterologistas e patologistas (The Operative Link of Gastritis Assesment –

UN
BR
OLGA) reuniu-se e propôs a classificação evolutiva em estágios (OLGA I a IV),
considerando a localização endoscópica, a gravidade da atrofia e possível etiologia

A
AT
(infecção pelo H. pylori ou autoimune). Para que o estadiamento OLGA possa ser

EN
usado corretamente é fundamental a padronização da coleta das biópsias. As

0R
mesmas devem ser realizadas na pequena e grande curvatura de antro (A1 e A2), na

81
32
incisura angularis (A3) e na pequena e grande curvatura de corpo (C1 e C2) – sendo

46
no mínimo em cinco locais e separadas em três frascos. Os possíveis estadiamentos

28
28
no sistema OLGA podem ser sumarizados no quadro a seguir.

A
LV
QUADRO 2 - GRAUS DO SISTEMA

SI
OLGA

O
OLGA 0: ausência de atrofia.

UN
OLGA I: atrofia leve.
OLGA II: atrofia em diferentes locais de biópsias. BR
A
OLGA III: moderada atrofia em corpo e antro, associada à metaplasia intestinal.
AT

OLGA IV: pangastrite atrófica intensa.


EN
0R

Fonte: Elaborado pela autora.


81
32

A utilização do sistema OLGA é fundamental, pois permite determinar o grau de


46

atrofia, a topografia e a intensidade da mesma. É fundamental sempre pesquisar o


28
28

H. pylori, uma vez que já está estabelecido o seu papel etiológico na gastrite crônica
A

com potencial evolutivo para o câncer gástrico. A tabela a seguir sumariza possíveis
LV

resultados do Sistema OLGA.


SI
NO

QUADRO 3 - SISTEMA OLGA RELACIONANDO LOCALIZAÇÃO E INTENSIDADE DA ATROFIA GÁSTRICA


U
BR
A
AT
EN
10R
3 28
46
28
28

FONTE: RIBEIRO; COELHO; COELHO, 2019, p.


A
LV

13.
SI
O
UN
BR
A
AT

SUMÁRIO .17
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
O esquema a seguir representa a cascata da carcinogênese.

BR
A
AT
FIGURA 6 - CASCATA DA CARCINOGÊNESE

EN
0R
Resposta Perda de
Infecção da
inflamatória célulase Gastrite Metaplasia
mucosa gástrica Displasia Adenocarcinoma
cronicamente glândulas de atrófica intestinal
pelo H. pylori

81
ativa mucosa gástrica

32
46
FONTE: RIBEIRO; COELHO; COELHO, 2019, p. 13.

28
28
Os programas de vigilância para câncer gástrico devem ser reservados para

A
pacientes incluídos em OLGA III e IV, a cada 2 anos, segundo o IV Consenso

LV
Brasileiro do H. pylori.

SI
O
A endoscopia e o estudo histológico baseando-se no Sistema OLGA são

UN
fundamentais para identificar precocemente e com possibilidade de cura o câncer
gástrico, reduzindo a morbimortalidade por essa doença (o quinto câncer mais BR
A
AT

comum no mundo).
EN

Veja como o tema pode ser abordado em prova:


0R

O laudo patológico de um exame endoscópico mostrou moderada atrofia


81
32

tanto da região antral quanto do corpo, associada à metaplasia intestinal. O


46

patologista certamente classificou o Sistema OLGA como:


28
28

a. OLGA I.
A
LV
SI

b. OLGA II.
NO

c. OLGA III.
U
BR

d. OLGA IV.
A
AT

Resposta: letra c.
EN
0R

Justificativa do gabarito:
1
28

a. OLGA I: atrofia leve.


3
46

b. OLGA II: atrofia em diferentes locais de biópsias.


28
28

c. OLGA III: moderada atrofia em corpo e antro, associada à metaplasia intestinal.


A
LV

d. OLGA IV: pangastrite atrófica intensa.


SI
O
UN
BR
A
AT

.18 SUMÁRI
EN

O
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
1.3 TIPOS ESPECIAIS DE GASTRITES

BR
A
Existem tipos pouco frequentes de gastrite crônica que merecem ser detalhados a

AT
EN
seguir.

0R
1.3.1 GASTRITE LINFOCÍTICA

81
32
A gastrite linfocítica é um tipo pouco comum de gastrite crônica, com prevalência em

46
28
torno de 1%, tendo sido descrita por Haot et al. em 1985. No Brasil, foi descrita por

28
nosso grupo em 1998. A sua etiologia ainda não foi estabelecida, mas pode tratar-se

A
LV
de resposta imune atípica ao H. pylori. Microscopicamente é caracterizada por

SI
intenso infiltrado inflamatório linfocitário intraepitelial, com número de linfócitos acima

O
UN
de 15/células epiteliais. A figura a seguir ilustra corte histológico com elevada

BR
contagem de linfócitos intraepiteliais na mucosa gástrica, caracterizando a gastrite
A
linfocítica.
AT
EN
0R

FIGURA 7 - CORTE HISTOLÓGICO DE MUCOSA GÁSTRICA, CORADO POR HEMATOXILINA


E EOSINA NO AUMENTO DE 500, DIAGNÓSTICO DE GASTRITE LINFOCÍTICA (OS LINFÓCITOS
81

SÃO FACILMENTE IDENTIFICADOS PELO NÚCLEO ESCURO COM HALO CLARO AO REDOR)
32
46
28
28
A
LV
SI
UNO
BR
A
AT
EN
10R
3 28
46
28

Fonte: Elaborada pela autora.


28
A

Pode se correlacionar com a gastrite varioliforme, doença celíaca, linfoma e


LV

adenocarcinoma gástricos, doença de Ménétrier. O tratamento ainda não está


SI
O

estabelecido, mas a erradicação do H. pylori sempre está indicada.


UN
BR
A
AT

SUMÁRIO .19
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
1.3.2 GASTRITE EOSINOFÍLICA

BR
A
Gastrite eosinofílica é uma entidade patológica pouco frequente caracterizada por

AT
EN
intenso infiltrado eosinofílico na mucosa e submucosa gástrica. Embora a etiologia

0R
ainda não esteja esclarecida, a alergia está altamente implicada, e pode estar

81
associada à gastroenterite eosinofílica. Eosinofilia ocorre em 20% dos casos. O

32
diagnóstico é realizado com estudo histopatológico de biópsias gástricas, e três

46
28
formas já foram descritas, relacionadas com o predomínio do infiltrado eosinofílico:

28
mucosa, muscular ou serosa, sendo essa a mais rara. Testes alérgicos podem

A
contribuir com o diagnóstico. O tratamento varia da intensidade e do tipo de

LV
SI
apresentação. O medicamento prednisona reduz os sintomas e pode manter

O
remissões. Anti-histamínicos e cromoglicato são pouco eficazes.

UN
BR
1.3.3 GASTRITE GRANULOMATOSA
A
AT
EN

Gastrites granulomatosas não infecciosas são muito raras, menos de 0,3% dos
0R

casos. O diagnóstico é microscópico com a identificação de granulomas, que são


81
32

reações inflamatórias localizadas, sendo a apresentação mais conhecida o


46

granuloma a corpo estranho. Exemplos de doenças que podem ter apresentação


28

granulomatosa são: doença de Crohn, doença de Wegener e sarcoidose.


28
A
LV

Veja como o tema pode ser abordado em prova:


SI
NO

As gastrites crônicas podem ser classificadas baseando-se em topografia,


U
BR

morfologia e etiologia, segundo o Sistema Sydney atualizado, bem como em


A

não atróficas, atróficas e formas especiais, entre elas as granulomatosas não


AT

infecciosas. Qual é a etiologia relacionada ao tipo granulomatoso?


EN
0R

a. Glúten.
1
328

b. Helicobacter pylori.
46
28

c. Sensibilidade alimentar.
28

d. Vasculites.
A
LV

Resposta: letra d.
SI
O
UN
BR
A
AT

.20 SUMÁRIO
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
Gabarito e justificativa:

UN
BR
a. Glúten: relacionado a gastrite linfocítica ou eosinofílica.

A
b. Helicobacter pylori: pode estar relacionada a gastrite linfocítica.

AT
c. Sensibilidade alimentar: relacionada com a gastrite eosinofílica.

EN
d. Vasculites etiologicamente relacionadas a granulomatose de Wegener e outras

0R
vasculites.

81
32
46
28
2 DISPEPSIA NÃO ULCEROSA

28
A
LV
SI
Dispepsia é um termo que sugere sintomas, queimação, incômodo e sensação de

O
plenitude pós-prandial, podendo acometer até 20% da população. A dor pode ser

UN
confundida com gastrite, úlcera gástrica ou duodenal; porém, nessa condição não há
BR
nenhuma alteração.
A
AT
EN

2.1 DISPEPSIA FUNCIONAL


0R
81
32

Dispepsia funcional é definida por Roma IV como a presença de sintomas


46

dispépticos crônicos na ausência de doença estrutural. O diagnóstico das dispepsias


28

sempre foi um desafio para o gastroenterologista, e foi mais bem definido pela Rome
28

Foundation no diagnóstico em maio 2016, no Consenso Roma IV. Os sintomas


A
LV

passaram a ser muito relevantes e deverão ser considerados quando interferirem


SI

nas atividades diárias. Há frequente sobreposição de sintomas de dispepsia


NO

funcional com sintomas ou distúrbios funcionais de outras partes do tubo digestivo, e


U
BR

nenhuma alteração nos exames diagnósticos é encontrada.


A
AT
EN

2.1.1 ETIOPATOGENIA
1 0R

A etiopatogenia não foi totalmente elucidada, mas diferentes mecanismos


28
3

etiopatogênicos já foram propostos. Hiperalgesia e alodinia estão presentes em


46
28

muitos pacientes com dispepsia funcional, porém estão presentes em pacientes com
28

outros distúrbios funcionais. Alguns tipos de alimentos, tais como gordurosos,


A

cítricos,
LV
SI
O
UN
BR
A
AT

SUMÁRIO .21
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
café e álcool, têm sido implicados no aparecimento de sintomas, porém não há

O
UN
estudos científicos que comprovem essa correlação. A relação entre secreção

BR
gástrica e dispepsia também não foi comprovada. Por outro lado, há vários estudos

A
que correlacionam distúrbios de motilidade com os sintomas dispépticos. O papel do

AT
H. pylori continua controverso; e o papel dos fatores psicossociais é muito relevante.

EN
0R
Pacientes com dispepsia funcional têm maior frequência de depressão e ansiedade.

81
2.1.2 DIAGNÓSTICO E PROPEDÊUTICA

32
46
O diagnóstico é fundamentalmente clínico, baseando-se nos critérios de Roma IV e

28
28
nos sintomas que precisam estar presentes nos últimos três meses e devem ter

A
início há pelo menos 6 meses.

LV
SI
O
A anamnese e o exame físico devem ser bem detalhados. Os sintomas são: dor

UN
epigástrica, queimação epigástrica, saciedade precoce, sensação de plenitude
BR
pós-prandial, na ausência de lesões estruturais na endoscopia digestiva que
A
AT

justificam os sintomas. Sinais de alarme, tais como perda ponderal, vômitos e


EN

hemorragia, devem ser excluídos. E, na presença deles, exames complementares


0R

serão avaliados individualmente. A idade do paciente também determina a


81

necessidade de se solicitar endoscopia digestiva alta. Caso a endoscopia seja


32
46

solicitada, deve-se fazer pesquisa do H. pylori. Ultrassom abdominal não está


28

indicado como rotina, e estudo de esvaziamento gástrico também não faz parte da
28

investigação de rotina.
A
LV
SI

2.1.3 TERAPÊUTICA
NO

A abordagem terapêutica deve ser individualizada e relacionada aos mais prováveis


U
BR

mecanismos etiopatogênicos. Medicamentos que fazem parte do arsenal terapêutico


A

são: inibidores de bomba de prótons, procinéticos (em geral, pouco efetivos em


AT
EN

adultos), tratamento para o H.pylori, antidepressivos, além da psicoterapia. Segundo


0R

o IV Consenso Brasileiro do H.pylori, pacientes com dispepsia associada ao H.pylori


1

devem ter essa bactéria erradicada e ser acompanhados clinicamente e por


328

endoscopia durante 6 a 12 meses. Se houver melhora dos sintomas com erradicação


46
28

da bactéria, está caracterizada a dispepsia associada ao H.pylori. Caso haja


28

persistência de sintomas dispépticos após a erradicação, a dispepsia funcional está


A

caracterizada. Mudanças de estilo de vida e alimentares podem ser boas estratégias


LV
SI

terapêuticas, mas o mais relevante certamente é a boa relação médico-paciente.


O
UN
BR
A
AT

.22 SUMÁRIO
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
Veja como o tema pode ser abordado em prova:

BR
A
AT
Paciente de 20 anos consulta-se devido à queimação persistente na região

EN
epigástrica e empachamento nos últimos seis meses, com piora nos últimos

0R
três meses. Está muito preocupada, pois já consultou várias vezes, e o

81
médico diagnosticou gastrite nervosa, após exame endoscópico. Qual é a

32
melhor conduta a ser adotada?

46
28
28
a. Confirmar o diagnóstico de gastrite nervosa e indicar psicoterapia.

A
b. Diagnosticar dispepsia funcional e tranquilizar a paciente.

LV
c. Solicitar novo exame endoscópico, com biópsias e classificação de OLGA.

SI
d. Solicitar novo exame endoscópico, com biópsias para pesquisa do H.

O
UN
pylori.

BR
A
AT

Resposta: letra b.
EN
0R

Gabarito e justificativa:
81
32
46

a. Gastrite nervosa é uma entidade patológica que não existe.


28

b. Os dados clínicos confirmam o diagnóstico de dispepsia funcional pela


28

Classificação de Roma IV.


A
LV

c. Não é necessário novo exame endoscópico para gastrite atrófica, considerando a


SI

idade da paciente.
NO

d. Não é necessário novo exame endoscópico com pesquisa do H. pylori nesse


U
BR

momento. Caso não haja melhora clínica com medidas dietéticas e


A

comportamentais, esse estudo pode ser realizado.


AT
EN

3 ÚLCERAS PÉPTICAS
1 0R
28
3

Úlceras são soluções de continuidade da mucosa gastroduodenal secundárias à


46
28

ação do ácido clorídrico ou pepsina. Para serem classificadas como úlceras as


28

lesões precisam acometer a submucosa (ver figura a seguir); e lesões superficiais


A
LV

que não atingem a mucosa são consideradas erosões. Até a identificação do H.


SI

pylori, as úlceras eram consideradas doenças crônicas.


O
UN
BR
A
AT

SUMÁRIO .23
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
FIGURA 8 - ÚLCERA GÁSTRICA

BR
A
AT
EN
0R
81
32
46
28
28
A
LV
SI
O
UN
BR
A
AT
EN
0R
81

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM,
32

2019.
46
28

3.1 EPIDEMIOLOGIA
28

A prevalência de úlceras pépticas declinou no século XX, com a redução dos


A
LV

padrões sanitários. A incidência da úlcera duodenal é cinco vezes mais frequente do


SI
NO

que a da úlcera gástrica. Embora a prevalência de diagnóstico de úlceras tenha


U

reduzido, não se observou redução de complicações como hemorragia ou


BR

perfurações.
A
AT
EN

3.2 ETIOPATOGÊNESE
0R
1
28

A etiologia das úlceras sabidamente é multifatorial, sendo que a descoberta do H.


3
46

pylori revolucionou o diagnóstico das mesmas. O aforismo “sem ácido, sem úlcera”,
28

descrito pelo médico croata Karl Schwartz em 1910, caiu por terra com referida
28

descoberta. A variedade da cepa da bactéria será determinante no risco de gênese


A
LV

da úlcera. O aforisma “sem H. pylori, sem úlcera” chegou a ser aventado.


SI
O
UN
BR
A
AT

.24 SUMÁRIO
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
O aumento da secreção ácida só é visto em 30% dos pacientes com úlcera

SI
O
duodenal. O principal mediador da secreção ácida é a gastrina. Secreções em que

UN
há hipergastrinemia aumentam o risco de ulcerogênese. A resposta exagerada da

BR
produção de gastrina também pode ocorrer por menor produção de somatostatina,

A
AT
que inibe as células G, produtoras de gastrina. Outros fatores que estimulam a

EN
secreção ácida são a acetilcolina e a histamina. Os anti-inflamatórios não esteroides

0R
podem induzir a úlceras pépticas através da supressão das prostaglandinas, que

81
reduzem a produção de muco, comprometendo a defesa da mucosa gástrica.

32
46
28
Pode-se resumir os fatores agressores em: ácido, pepsina, anti-inflamatórios e o

28
H. pylori. A presença dessa bactéria levaria a maior produção de ácido, que chegaria

A
LV
ao duodeno. Nessa topografia em reação à agressão metaplasia gástrica, surgiria e

SI
seria colonizada. A inflamação das áreas metaplásicas levaria a menor vitalidade do

O
UN
tecido, com aumento de produção ácida local – e aí surgiria a úlcera duodenal.

BR
A
Os mecanismos de defesa são camada de muco, bicarbonato e o epitélio de
AT

revestimento, que, quando vencidos, explicariam a gênese da úlcera gástrica. A


EN
0R

reparação dos tecidos ulcerados ocorre por angiogênese, reconstituição epitelial,


81

fatores de crescimento de proliferação celular.


32
46
28

O quadro a seguir resume as causas etiológicas das úlceras gastroduodenais.


28

QUADRO 4 - ETIOLOGIA DE ÚLCERAS PÉPTICAS


A
LV
SI

Infecção pelo H. pylori (causa comum).


NO

Uso de anti-inflamatórios (causa comum).


U
BR

Gastrinoma (Síndrome de Zollinger-Ellison).


A
AT

Doenças granulomatosas.
EN

Infecções (herpes, citomegalovirus, sífilis).


0R

Idiopatia.
1
3 28
46

Fonte: Elaborado pela autora.


28
28

A imagem a seguir ilustra possíveis mecanismos etiopatogenese das úlceras.


A
LV
SI
O
UN
BR
A
AT

SUMÁRIO .25
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
FIGURA 9 - POSSÍVEIS MECANISMOS ETIOPATOGENESE DAS ÚLCERAS

BR
A
AT
EN
0R
81
32
46
28
28
A
LV
SI
O
UN
BR
A
AT
EN
0R

Fonte: POSSÍVEIS mecanismos etiopatogenese das úlceras. In: Site “docplayer”.


81
32
46

3.3 QUADRO CLÍNICO


28
28
A
LV

O sintoma mais prevalente é a dor abdominal, mas a mesma não permite distinguir a
SI

úlcera gástrica da duodenal; contudo, algumas diferenças clínicas podem diferenciar


NO

uma da outra. Na duodenal, diferentemente da gástrica, há melhora com a


U
BR

alimentação/antiácidos, e chama a atenção a dor noturna. Uma característica é a


A

periodicidade: a dor pode desaparecer por semanas ou meses.


AT
EN
0R

3.4 COMPLICAÇÕES
1
328
46

Após o início da era dos IBPs, complicações por úlceras, tais como hemorragias,
28

perfurações e até óbitos, são bem mais raras, segundo estudos mais recentes.
28

Doses e tempo do uso de IBPs serão discutidos a posteriori.


A
LV
SI
O
UN
BR
A
AT

.26 SUMÁRIO
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
BR
Doença de Ménétrier é uma hiperplasia das células mucosas da mucosa

A
gástrica, não sendo caracterizada como gastrite. Epidemiologia: mais comum

AT
em homens entre 40 e 60 anos. Etiologia: ainda não estabelecida. Sintomas:

EN
assintomática ou epigastralgia, náuseas e vômitos. Pode manifestar-se como

0R
enteropatia perdedora de proteínas, levando a hipoalbuminemia e edema.

81
32
46
28
28
A
LV
SI
O
UN
BR
A
AT
EN
0R
81
32
46
28
28
A
LV
SI

Fonte: GASTRITE hipertrófica ou doença de Ménétrier. In: Site Didático de Anatomia Patológica Neuropatologia e Neuroimagem.
U NO

4 HELICOBACTER PYLORI E
BR
A
AT
EN

CONDIÇÕES ASSOCIADAS
1 0R

O H. pylori é uma bactéria Gram-negativa flagelada, descrita, em 1983, por Marshall


328

e Warren em fragmentos de biópsia de pacientes com úlcera gástrica. É muito


46
28

prevalente na população e está relacionada a condições socioeconômicas. A


28

transmissão do se dá pelas vias fecal-oral, oral-oral e gastro-oral. O IV Consenso


A

Brasileiro sobre o H. pylori, em 2017, trouxe grandes avanços no estudo dessa


LV
SI

bactéria. São condições associadas à infecção do H. pylori, a gastrite crônica, a


O

gastrite atrófica, o câncer gástrico e o linfoma MALT.


UN
BR
A
AT

SUMÁRIO .27
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
4.1 PATOGÊNESE

BR
A
AT
O H. pylori atualmente é o principal agente relacionado à gastrite crônica, e

EN
consequentemente, à gastrite atrófica e ao câncer gástrico. O antro classicamente é

0R
a primeira região a ser acometida; e a distribuição da bactéria no estômago parece

81
ser indicador da evolução da gastrite. Segundo a Organização Mundial de Saúde,

32
46
esta bactéria é considerada carcinógeno do tipo I, e estima-se que em torno de 80%

28
das neoplasias gástricas estejam relacionados à infecção pelo H. pylori. A cascata

28
da carcinogênese já foi discutida anteriormente.

A
LV
SI
FIGURA 10 - MECANISMOS PATOGÊNICOS DO H. PYLORI

O
UN
BR
A
AT
EN
0R
81
32
46
28
28
A
LV
SI
UNO
BR

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM,
A

2019.
AT
EN

4.2 DIAGNÓSTICO
0R
1
28

O IV Consenso Brasileiro sobre Infecção pelo H. pylori, organizado pelo Núcleo


3
46

Brasileiro para Estudo do H. pylori e Microbiota, em 2017, afirma que o exame


28
28

histológico é o padrão ouro para o diagnóstico dessa infecção. Para evitar falsos
A

negativos, deve-se interromper por 2 semanas o uso de IBPs e por 4 semanas o uso
LV

de antimicrobianos e sais de bismuto. A imagem a seguir mostra corte histológico de


SI
O

mucosa gástrica corada por Giemsa, para a identificação do H. pylori.


UN
BR
A
AT

.28 SUMÁRIO
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
FIGURA 11 - H. PYLORI NA MUCOSA GÁSTRICA CORADA POR GIEMSA

BR
A
AT
EN
0R
81
32
46
28
28
A
LV
SI
O
UN
BR
A
AT
EN
0R
81
32
46

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM,
2019.
28
28

O teste respiratório com ureia 13C é o método padrão ouro para o diagnóstico,
A

segundo o IV Consenso Brasileiro sobre o H. pylori. Para o teste rápido da urease,


LV

deve-se coletar um fragmento do antro e um do corpo; e, para exame histológico,


SI
NO

coletam-se dois fragmentos do antro e dois do corpo. A sorologia pode ser usada
U

como o teste inicial para diagnosticar a bactéria, em situações como sangramento


BR

gastrointestinal, gastrite atrófica, linfoma MALT ou neoplasia gástrica.


A
AT
EN

4.3 TRATAMENTO
10R
28
3

O IV Consenso Brasileiro de Infecção pelo H. pylori propôs importante modificação


46
28

na duração do esquema tríplice clássico (IBP + amoxicilina + claritromicina), que


28

passa de 7 para 14 dias. A taxa de erradicação no tratamento do esquema de sete


A

dias (72,9%) sobe para 14 dias (81,9%). O quadro a seguir sumariza as opções
LV
SI

terapêuticas segundo esse Consenso Brasileiro.


O
UN
BR
A
AT

SUMÁRIO .29
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
QUADRO 5 - IV CONSENSO BRASILEIRO DE INFECÇÃO PELO H. PYLORI PROPÕE ALGUMAS OPÇÕES TERAPÊUTICAS

BR
TRATAMENTOS DE ERRADICAÇÃO TRATAMENTOS DE ERRADICAÇÃO

A
DE PRIMEIRA LINHA: DE SEGUNDA E TERCEIRA LINHAS:

AT
EN
1) IBP dose plena, 12/12 horas. 1) IBP dose plena, 12/12 horas.
Amoxicilina 1.000 mg, 12/12 horas. Amoxicilina 1.000 mg, 12/12 horas.

0R
Claritromicina 500 mg, 12/12 horas. Levofloxacina 500 mg, 24/24 horas.

81
Duração do tratamento: 14 dias. Duração do tratamento: 10 a 14 dias.

32
46
2) Alérgicos à penicilina: 2) IBP dose plena, 12/12 horas.

28
IBP dose plena 12/12 horas. Subcitrato de bismuto coloidal 240 mg, 12/12

28
Subcitrato de bismuto coloidal 240 mg, 12/12 horas. horas.
Tetraciclina 500 mg, 6/6 horas, ou doxiciclina 100 Tetraciclina 500 mg, 6/6 horas, ou doxiciclina

A
LV
mg, 12/12 horas. 100 mg, 12/12 horas.

SI
Metronidazol 400 mg, 8/8 horas. Metronidazol 400 mg, 8/8 horas.
Duração do tratamento:10 a 14 dias.

O
Duração do tratamento:10 a 14 dias.

UN
Fonte: Elaborado pela autora – baseado em: IV CONSENSO BRASILEIRO SOBRE INFECÇÃO POR H.
PYLORI.
BR
A
AT

4.3.1 CONTROLE DE TRATAMENTO


EN
0R

É necessário controle de erradicação pós-tratamento, a ser realizado pelo menos 4


81

semanas após finalizado o esquema terapêutico já citado. O uso de IBPs deve ser
32

suspenso por 2 semanas, e antibióticos e sais de bismuto devem ser suspensos por
46

4 semanas antes do teste diagnóstico – exceto a sorologia


28
28
A

O teste respiratório com a urease marcada e a pesquisa do antígeno fecal com


LV
SI

anticorpo monoclonal são os métodos de escolha. EDA com estudo histopatológico é


NO

um método invasivo alternativo; e o teste rápido da urease sozinho não é


U

recomendado para controle da erradicação.


BR
A

Fique atento sobre o que recomenda o IV Consenso Brasileiro do H. pylori:


AT
EN

No esquema terapêutico de erradicação deve-se usar esomeprazol ou rabeprazol. O uso


0R

de probióticos, mesmo que possam, em tese, diminuir os efeitos colaterais do


1
28

tratamento, não foi recomendado. O tratamento de erradicação não parece agravar a


3

DRGE. Indica tratamento do H. pylori da anemia ferropriva de etiologia obscura. Estudos


46
28

indicam que a infecção pelo H. pylori pode diminuir a absorção de vitamina B12. Indica
28

tratamento de erradicação na púrpura trombocitopênica autoimune


A

associada ao H. pylori. Pacientes que farão uso crônico de AINES (inclui AAS em doses
LV

baixas) devem ser testados e tratados para o H. pylori.


SI
O
UN

Fonte: Elaborado pela autora.


BR
A
AT

.30 SUMÁRIO
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
5 INIBIDORES DE BOMBA

BR
DE PROTONS

A
AT
EN
0R
Os inibidores da bomba de prótons (IBP) são medicamentos que inibem

81
32
irreversivelmente a secreção de ácido gástrico por inibição específica da enzima

46
H+/K+-ATPase na superfície secretora da célula parietal gástrica. Os IBP são pró-

28
fármacos que exigem ativação em meio ácido.

28
A
LV
5.1 MECANISMO DE AÇÃO DOS IBPs

SI
O
UN
Antes de abordar o mecanismo de ação dos IBPs, é importante relembrar como
BR
ocorre a secreção do ácido gástrico. Múltiplos fatores centrais (núcleo motor dorsal
A
AT

do nervo vago, o hipotálamo e o núcleo do trato solitário) e periféricos estão


EN

envolvidos na secreção de H+ pelas células parietais. Sabe-se que fatores


0R

neuronais, como a acetilcolina, parácrinos, como a histamina, e endócrinos, como a


81
32

gastrina, estão envolvidos nessa secreção. A gastrina, produzida pelas células G do


46

antro, é o indutor mais potente da secreção de ácido. Há receptores nas células


28
28

parietais para esses estimuladores; e cimetidina e histamina foram as primeiras a


A

serem usadas bloqueando receptores de histamina, e posteriormente, os IBPs. A


LV

figura a seguir resume o mecanismo de ação de IBPs e do fármaco antagonista do


SI
NO

receptor H2 nas células parietais. Na imagem, ilustramos omeprazol e pantoprazol


U

(PPI, em inglês) agindo e bloqueando diretamente a bomba ATPase, inibindo a


BR

produção de HCl. Os IBPs só agem nas bombas ativadas, e essa ativação só ocorre
A
AT

no período pré-prandial.
EN
0R

Deve-se destacar que há indivíduos metabolizadores hepáticos lentos de IBP que


1
28

mantêm níveis estáveis da droga, bem como metabolizadores rápidos que podem
3
46

exigir doses mais altas ou dividir a dose para manter o bloqueio ácido adequado.
28

Mecanismo de ação de antiácidos, inibidores H2 e antiácidos no tratamento das


28

doenças clorido-pépticas estão sumarizados na figura abaixo destaca-se o papel


A
LV

das células parietais.


SI
O
UN
BR
A
AT

SUMÁRIO .31
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
FIGURA 12 - MECANISMO DE AÇÃO DE ANTIÁCIDOS, INIBIDORES H2 E

BR
ANTIÁCIDOS NO TRATAMENTO DAS DOENÇAS CLORIDO-PÉPTICAS

A
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81
32
46
28
28
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BR
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EN
0R
81
32
46
28

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM,
28

2019.
A
LV

5.2 TIPOS DE IBPs


SI
UNO
BR

O primeiro IBP foi descrito em 1988, e atualmente é uma das classes de


A

medicamentos mais prescritas no mundo. São exemplos de IBPs: omeprazol,


AT

pantoprazol, lanzoprazol, rabeprazol, esomeprazol (s-isômerado do omeprazol) e


EN
0R

dexlansoprazol. O quadro a seguir demonstra os IBPs disponíveis em nosso meio em


1

dose habituais e doses plenas.


328
46
28
28
A
LV
SI
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UN
BR
A
AT

.32 SUMÁRIO
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
QUADRO 6 - IBPs EM DOSES HABITUAIS E DOSES PLENAS DISPONÍVEIS EM NOSSO MEIO

BR
DOSES DE IBPs (METADE DA DOSE) DOSES PLENA DE IBPs

A
AT
Omeprazol 20 mg. Omeprazol 20 mg, 12/12 horas.

EN
Lansoprazol 30 mg. Lansoprazol 30 mg, 12/12 horas.

0R
Pantoprazol 40 mg. Pantoprazol 40 mg, 12/12 horas.

81
Rabeprazol 20 mg. Rabeprazol 20 mg, 12/12 horas.

32
Esomeprazol 40 mg. Esomeprazol 40 mg, 12/12 horas.

46
Dexlansoprazol 30 mg. Dexlansoprazol 60 mg, 24/24 horas.

28
28
Fonte: Elaborado pela autora.

A
LV
SI
5.3 USO DE IBPs NA PRÁTICA CLÍNICA

O
UN
BR
Os IBPs são a melhor alternativa no tratamento das doenças clorido-pépticas, e o
A
quadro a seguir resume as suas principais indicações de uso.
AT
EN
0R

QUADRO 7 - INDICAÇÕES PARA O USO DE IBPs


81

DRGE – esôfago hipersensível, esofagites e suas complicações, esôfago de Barrett.


32

Gastrites agudas ou crônicas em atividade ou reagudizadas.


46

Hemorragia digestiva alta.


28

Esofagite eosinofílica.
28

Dispepsia funcional.
A

Síndrome de Zollinger Ellison.


LV

Ulcera péptica (gástrica ou duodenal).


SI

Prevenção de lesão aguda da mucosa gastroduodenal (LAMGD).


NO

Parte do tratamento da erradicação do H. pylori.


U
BR

Fonte: Elaborado pela autora.


A
AT

A seguir, serão discutidas algumas particularidades do uso dos IBPs nas principais
EN
0R

indicações clínicas.
1

• DRGE
28

Os IBPs são indicados em todas as apresentações da DRGE. Na esofagite não


3
46

erosiva e no esôfago hipersensível, inicia-se com metade da dose plena. Nas


28
28

esofagites erosivas moderadas e Barrett, deve-se iniciar com dose plena e, depois,
A

tentar redução da dose – e se possível uso sob demanda. Sugere-se tempo de


LV
SI

tratamento inicial de 6-8 semanas, para esses casos, e de 8-12 semanas, para
O

esofagites graves. No Barrett, o ideal é o uso


UN
BR
A
AT

SUMÁRIO .33
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
crônico. Caso não haja resposta terapêutica, pode-se solicitar manometria esofágica

SI
O
para excluir distúrbios motores esofágicos e a pHmetria ou pHimpedanciometria para

UN
pesquisa de refluxo não ácido.

BR
A
AT
Nas esofagites eosinofílicas, os IBPs podem ser opção terapêutica inicial ou

EN
associados a corticoides tópicos.

0R
81
• Dispepsia funcional

32
46
O uso de IBPs pode ser usado em dose plena, metade da dose ou sob demanda; e

28
devem ser avaliados individualmente. Os resultados terapêuticos nem sempre são

28
adequados.

A
LV
SI
• Úlceras pépticas

O
UN
Os IBPs fazem parte do arsenal terapêutico tanto de úlceras gástricas quanto
BR
duodenais. Nas primeiras, o tempo de tratamento em média é de 4-8 semanas; e nas
A
duodenais, é em média de 2-4 semanas.
AT
EN
0R

5.4 EFEITOS ADVERSOS DOS IBPs


81

Os IBPs em geral são medicamentos seguros e podem ser usados por longos
32
46

períodos, mesmo que a inibição da secreção ácida leve por feedback iniba a
28

secreção endócrina da gastrina pelas células G, estimulando a proliferação e


28

crescimento de células e tecidos, o que pode levar à formação de pólipos e,


A
LV

teoricamente, ao aparecimento de carcinoides.


SI
NO

Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, dor abdominal, flatulências e


U
BR

diarreia. Outros efeitos adversos incluem fraturas por fragilidade, nefrite intersticial,
A

diminuição da absorção de vitaminas B12 e supercrescimento bacteriano do intestino


AT
EN

delgado.
0R

5.5 ANÁLISE CRÍTICA DA PRESCRIÇÃO E


1
28

DESPRESCRIÇÃO DE IBPs
3
46
28

O controle da doença clorido-péptica, apesar de todo o avanço da indústria


28

farmacêutica, ainda é um desafio para os gastroenterologistas. A meta terapêutica é


A
LV

trazer qualidade de vida aos nossos pacientes, e a relação médico-paciente será


SI

decisiva no sucesso
O
UN
BR
A
AT

.34 SUMÁRIO
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
O
UN
terapêutico. Atualmente, os IBPs são a primeira escolha para supressão da secreção

BR
de ácido. A eficácia de todos os IBPs parece similar em longo prazo. O

A
dexlansoprazol, tem meia-vida mais longa – tendo o diferencial de inibir a secreção

AT
EN
ácida no período supino.

0R
81
O uso deliberado dos IBPs em nosso meio é um grande problema, agravado pela

32
auto-medicação e desconhecimento de muitos profissionais dos potenciais

46
28
problemas relacionados ao uso indiscriminado e prolongado dos mesmos. Cabe a

28
você, futuro especialista, saber discernir entre uso e abuso desses medicamentos.

A
LV
SI
Os temas gastrites agudas e crônicas, dispepsia não ulcerosa, úlceras, Helicobacter

O
UN
pylori e afecções e IBPs têm conteúdo muito extenso; este roteiro norteará seu

BR
estudo visando fornecer background teórico para prova de título especialista sem
A
substituir a leitura bibliográfica recomendada no edital, portanto.
AT
EN
0R
81
32
46
28
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A
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UNO
BR
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1 0R
28
3
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SUMÁRIO .35
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
A
LV
SI
REFERÊNCIAS

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LOPES, Antonio Carlos. Tratado de Clínica Médica. 3. ed. Roca, 2016.


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MACIEL, Renato Assunção Rodrigues da Silva. Estudo Inter e Intraobservadores da


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Reprodutibilidade do Diagnóstico Histológico da Gastrite Crônica, de acordo com o


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em: <http://docplayer.com.br/docs-images/66/54889877/images/33-0.jpg>. Acesso em: 6


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dez. 2019.
BR
A
AT

.36 SUMÁRIO
EN
4
28
DOENÇA CLORIDO-PÉPTICA

28
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LV
SI
O
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RIBEIRO, Henrique Gomes; COELHO, Maria Clara de Freitas; COELHO, Luiz Gonzaga

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Vaz. Avaliação do risco de câncer gástrico em pacientes com gastrite crônica por

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RIBEIRO, V. L. A. A.; ANDRADE FILHO, J. S.; BARBOSA, A. J. A. Lymphocytic gastritis

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RIBEIRO, Vera Lúcia Ângelo Andrade; BARBOSA, Alfredo José Afonso; BARROS,

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Carlos Alberto Silva. Gastrite varioliforme: freqüência e relação com a gastrite linfocítica.

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Arq. Gastroenterol., São Paulo, v. 37, n. 1, p. 7-12, jan. 2000. Disponível em:

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SOCIEDADE DE GASTROENTEROLOGIA DO RIO DE JANEIRO. Quarto Consenso


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Brasileiro sobre Infecção por H.Pylori. 17 jun. 2019. Disponível em:


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pylori-3/>. Acesso em: 4 dez. 2019.


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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP. Site didático de Anatomia


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Patológica, Neuropatologia e Neuroimagem. Gastrite hipertrófica ou doença de


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Ménétrier. s.d. Disponível em: <http://anatpat.unicamp.br/>. Acesso em: 4 dez. 2019.


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à pós-graduação. 2011.
1 0R
28
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LV
SI
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BR
A
AT

SUMÁRIO .37
EN
EN
AT
A
BR
UN
O
SI
LV
A
28
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328
10R
EN
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A
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EN
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0R
EN
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4

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