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PARA QUE SERVE E COMO FUNCIONA: O MEDO E ANSIEDADE

A ansiedade e o medo não são sentimentos exclusivos de nossa espécie. Se repararmos bem, outros animais
também manifestam reações de medo, como cachorros, cavalos, gatos e até mesmo tartarugas. Por que
isso acontece? Por que temos que sentir medo e ansiedade? Para que isso serve?

Tais sentimentos existem para nos dar limites, e para isso precisam ser desconfortáveis. Uma pessoa sem
limites é capaz de fazer qualquer coisa, inclusive se colocar em situações muito perigosas, podendo arcar
com sérias consequências. Pensando por esta ótica, o medo e a ansiedade são mecanismos de proteção –
tanto para nós quanto para outros animais. Cientistas da Psicologia Evolucionista chegam a cogitar que
nossa espécie é uma das mais medrosas da face da Terra, pois nossa capacidade de prever o futuro (calcular
riscos) é maior devido à complexidade de nosso cérebro. E se estamos no topo da cadeia alimentar, em boa
parte é por conta desse medo.

Uma vez que somos capazes de calcular riscos, podemos prever situações perigosas e nos proteger delas,
mesmo sem elas estarem acontecendo no momento – como é o caso da ansiedade. Já o medo é uma reação
automática a um perigo iminente, ou seja, que esteja bem em nossa frente. Ambos os sentimentos estão
relacionados ao que achamos que pode vir a acontecer – ou seja, estão voltados para o futuro – e só
aparecem quando nos sentimos ameaçados ou em perigo.

Uma vez que achamos que estamos em perigo, nós (e os outros animais) temos duas formas eficazes de
reagir: fugir ou lutar. Geralmente fugimos quando temos alguma margem de tempo e lutamos quando
estamos muito acuados. Dessa forma, nossas chances de escapar ilesos da ameaça aumentam. Para que
consigamos realizar essas ações imediatamente e com alta eficácia, não podemos estar em estado de
relaxamento. Por isso, nosso sistema nervoso libera automaticamente adrenalina e noradrenalina na nossa
corrente sanguínea, modificando toda nossa fisiologia interna que fica muito mais acelerada. É por isso que
sentimos sintomas físicos como taquicardia, respiração ofegante ou desritmada, transpiração, tremedeira,
tensão muscular, mão e pés frios e boca seca, entre outros.

Na verdade, esses sintomas aparecem por conta de uma reação em cadeia. O coração acelera para circular
mais rápido o sangue pelo corpo. Com isso, a respiração fica acelerada, pois precisamos de mais oxigênio
para dar conta da circulação mais rápida. O sangue por sua vez, se concentra em regiões especificas para
facilitar a fuga ou a luta: os músculos grandes como braços, pernas, costas e abdômen, por exemplo – muita
gente sente tensão justamente nestas áreas. Se o sangue se concentro nessas partes, se desconcentrou de
outras menos necessárias para esse tipo de ação, como pés e mãos – por isso as extremidades podem ficar
frias. A boca seca é comum, pois toda energia do corpo está voltada para ação – e não para digestão. Pelo
mesmo motivo, algumas pessoas ficam enjoadas quando muito nervosas. O objetivo dessa alteração no
nosso corpo é nos deixar preparados para agir. E para a luta ou fuga serem realmente eficazes, temos que
ficar preparados o mais rápido possível.

Um fato interessante é que nosso cérebro não está preocupado em avaliar se a interpretação que fazemos
do perigo é realista ou se é “ minhoquinha” da nossa cabeça. As vezes temos uma ideia errada e distorcida
da situação, como é o caso das pessoas com medo de barata. Entre um ser humano e uma barata, quem e
que está correndo risco de perder a vida? A barata evidentemente. Porém, mesmo assim muita gente
interpreta na barata uma ameaça grande, reagindo com sintomas físicos e fugindo rapidamente. Esse é um
exemplo clássico de medo infundado. O que acontece é que se o cérebro parar para avaliar se nosso medo
é realista ou coisa da nossa cabeça, perde tempo. E numa ameaça real, temos que reagir de forma muito
rápida. Lembre-se que os mecanismos do medo e da ansiedade são muito antigos, e em outros tempos mais
remotos os perigos eram diários.
Se você reparar bem, quando estamos diante de uma ameaça rapidamente nos vemos muito nervosos – é
uma reação quase imediata. A primeira vontade que dá é a de fugir, conforme já explicamos. Numa situação
em que a pessoa interpreta de forma distorcida o perigo, se ela optar pela fuga sentirá alívio imediato – “ Ufa,
me livrei dessa situação! ”. Porém uma vez que o perigo está só na cabeça dela, a médio e longo prazos ela
só reforçará o medo – “Todo mundo consegue lidar com isso, menos eu”, “ devo ter algum problema” e “ sou
incapaz” são alguns dos possíveis pensamentos que surgirão. Porém, se a pessoa enfrentar a situação,
perceberá que a ansiedade sobe, mas com o passar do tempo desce. Se a ansiedade foi feita para nos
proteger, ela não irá nos matar. E se ela permanecer por muito tempo sem necessidade, poderá levar o nosso
corpo à exaustão – então o próprio corpo trata de acabar com a descarga de adrenalina, restaurando o estado
normal do nosso organismo. Você pode perceber isso durante____________________________________
é comum começar ____________________________________mais tenso (a) e terminar mais relaxado( a),
porem é preciso tempo para se acostumar à situação.

Uma vez que enfrentamos nossos medos uma vez, da próxima vez que formos para a mesma situação, a
intensidade desse sentimento será um pouco menor. Permanecendo na situação até a ansiedade baixar, da
próxima vez será menor ainda, e assim por diante. É por isso que o enfrentamento funciona: precisamos nos
adaptar às situações para perder o medo.

A seguir, explanamos o gráfico da curva da ansiedade, exemplificando como ocorre este processo:

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