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3 – Aula 3 - Cérebro instintivo

Vamos agora falar sobre o nosso cérebro Instintivo. Aquele que muitas
vezes, como o próprio nome diz, nos faz agir por instinto.

Ele também é conhecido como cérebro primitivo ou reptiliano, e apesar do


nome reptiliano, que nos faz pensar que veio dos répteis, não é bem
assim... Todos os animais vertebrados tem e ele é responsável pelos
nossos instintos básicos de existência e sobrevivência.

Ele fica no fundo do nosso crânio. Aqui na nossa nuca. Como falei antes,
ele é o porão do nosso cérebro, a nossa primeira estrutura cerebral.

Ele é responsável por nossas funções biológicas básicas como respiração,


batimentos cardíacos, pressão arterial e é ele quem promove nossos
reflexos simples.

Ele não para de funcionar nunca. Se parasse a gente morria, porque a


gente ia parar de respirar, nosso coração pararia de bater e por aí vai...

Ele também é o responsável pelas nossas sensações primarias, como


fome, sede e sono.

Ele não aprende, não evolui e não se adapta. Por isso quando o cérebro
sofre uma lesão nessa área, é irreversível.

Como o próprio nome instintivo sugere, ele é responsável pelos nossos


instintos de sobrevivência e tem NECESSIDADE de segurança.

Ele trabalha junto com a amidala cerebral, que não é essa amidala que fica
aqui na garganta! É a amidala que faz parte do meu cérebro emocional,
que a gente vai ver na próxima aula.

A amidala funciona como um botão de pânico que é acionado toda vez que
o nosso cérebro emocional detecta perigo.

Quando eu falo perigo, não quer dizer exatamente que estamos


VERDADEIRAMENTE em perigo, mas que ele ENTENDEU ser perigo!

Quando esse botão do pânico é acionado, ele envia um impulso elétrico


muito rápido, que se movimenta a aproximadamente 450km por hora para
o nosso sistema nervoso. A gente gente tá falando em cerca de 0,3/0,4
segundos, que vai nos faz agir automaticamente por instinto e escolher
uma estratégia que ele ENTENDE nos fará ter êxito em relação ao perigo
que ele detectou.

Como eu disse, é ele o responsável pela nossa existência e sobrevivência.

E para garantir isso ele usa basicamente três estratégias:


Fugir, lutar ou congelar

Apesar de parecer pouca coisa, essas três estratégias são muito eficientes
e foram elas que nos trouxeram até aqui aos dias de hoje!

Graças a elas os nossos ancestrais sobreviveram à Savana africana.

Vamos falar um pouco sobre essas estratégias.

Imagina que os nossos ancestrais estavam curtindo um dia ensolarado lá


na Savana Africana, quando de repente aparece um bicho.

Imediatamente, o botão de pânico dele foi acionado e foi enviado um sinal


para o seu cérebro instintivo.

Muito rapidamente, o cérebro instintivo dele escolheu entre uma das


estratégias de sobrevivência; lutar, fugir ou congelar.

Essa escolha se deu dependendo de que animal era. Se era um animal


grande, médio ou pequeno porte basicamente.

A escolha da estratégia é totalmente inconsciente porque dependeu de


qual informação inconsciente foi enviada para ele.

No próximo módulo você vai descobrir que o nosso inconsciente é


duzentos milhões de vezes mais rápido que o nosso consciente, e por isso,
ele mandou a mensagem para o cérebro instintivo antes que o consciente
dele pudesse sequer perceber qual era o perigo.

Isso é, o inconsciente dele, que é muito mais rápido e percebe coisas que
o consciente não é capaz de perceber, captou o perigo e enviou o sinal
para o cérebro instintivo dele, que imediatamente escolheu uma estratégia
de sobrevivência.

Se ele entendeu que esse animal era grande e que nosso ancestral tinha
poucas chances contra ele, a primeira estratégia foi fugir.

Ele enviou todos os comandos fisiológicos para o sistema nervoso dele


para que ele lutasse contra o animal e tivesse um resultado positivo.

Então, em questão de milésimos de segundos, o coração dele começou a


bater mais forte, bombeou mais sangue para os músculos das pernas para
que recebessem mais oxigênio para que ele conseguisse correr mais
depressa.

Caso o oponente tivesse um tamanho parecido ao dele, segunda


estratégia seria lutar.
Do ponto fisiológico, nesse caso seria enviado mais sangue não para a
pernas e sim para os braços e mãos para que ele pudesse dar socos, bem
como para o maxilar para ele poder morder e rasgar os oponentes.

Com o tempo, surgiu a terceira estratégia: a de congelar.


Nela o objetivo era fazer o predador ignorar a presença do nosso
ancestral ou até mesmo não considerar ele interessante como presa.

Nesse caso, o comando fisiológico foi reduzir o batimento cardíaco para


reduzir a energia e o corpo desacelerar, sabe o famoso fingir de morto?!
Pois é..

Tanto no modo de fuga como no de luta, em qualquer ameaça de perigo o


intestino para de funcionar para que o corpo não gaste energia com nada
que não seja extremamente necessário, a gente pede o controle do
esfíncter, o que pode ocasionar fazer xixi ou cocô nas calças, a gente entra
num estado de alerta, ninguém boceja quanto tá em perigo né? a boca
seca e a gente fica com hiper foco. A pupila dilatada, você não presta
atenção em mais nada. Tudo pra que você não perca o oponente de vista.

Agora você deve estar pensando; ok Lidi, mas eu não estou mais na
Savana. O que que eu tenho a ver com isso?

E eu vou te responder: Tudo!

Apesar da gente não estar mais na Savana, de não ter leão, hipopótamo,
zebra, nas ruas para nos devorar, os nossos bichos são outros e nosso
cérebro continua agindo e enviando os comandos para o nosso sistema
nervoso como se ainda estivéssemos lá!

O problema é que ele age quando tem um perigo PERCEBIDO e não


necessariamente real.

A gente é a única espécie na face da terra que tem a capacidade de se


preocupar com algo que pode nunca acontecer!

E quais são os bichos de hoje?

São todas as coisas que nos colocam em situação de stress:

Trabalho que faz a gente infeliz, um chefe que é um capeta, um colega


de trabalho que vive querendo puxar o teu tapete, falta de dinheiro, uma
relação infeliz, um companheiro que não te da ouvidos, uma mãe
controladora, problema com os filhos, um engarrafamento, medo da
violência, medo de assalto

E o que para mim, é o pior deles porque é muito imperceptível; o medo


do desconhecido! Herança dos nossos ancestrais, que a principio,
parece ser muito ruim, mas que foi o que extremamente necessário para
chegarmos até aqui.

Imagina se lá na Savana, quando eles vissem algo estranho no chão


ficassem contemplando aquilo para saber se era um toco ou uma
cobra?!

É um toco ou uma cobra???

Provavelmente a gente não ia tá aqui para contar a história não é


mesmo?!

A gente vai entrar a fundo nesse tema nos próximos módulos do curso,
mas espero que daí você já tenha uma ideia de porque a gente tem
tanto medo do desconhecido.

Mas voltando aqui ao tema da aula, toda vez que a gente sente stress, o
n osso sistema vai reagir.

Então nos dias de hoje, toda vez que o nosso cérebro emocional
ENTENDE que está em perigo o nosso sistema de sobrevivência é
ativado, assim como era nos nossos ancestrais e as reações fisiológicas
são praticamente as mesmas.

E como fugimos, lutamos e congelamos hoje em dia?

Quando o nosso cérebro instintivo escolhe a estratégia da fuga, nós não


saímos mais correndo, mas o nosso principal objetivo continua sendo
escapar daquela situação.

Tudo que a gente quer é sair de lá! A gente sente uma ansiedade
esmagadora.

Nossa atitude é de querer estar em outro lugar.

Fugir tem a ver com movimento, então nosso coração dispara, nossas
mãos podem começar a tremer. Se estivermos sentadas, nossos pés se
mexem e nossos dedos não param quietos. Seja mexendo uma caneta
ou os nossos anéis.
A gente fica com vontade de ir no banheiro, mesmo que a gente já tenha
ido três vezes nos últimos cinco minutos.Reações bem parecidas com a
de nossos ancestrais não é mesmo?!

O medo dos palcos é um bom exemplo dessa estratégia de fuga.

Nos próximos módulos do curso a gente também vai falar de fuga. Das
armadilhas que o nosso cérebro prega na gente para a gente fuja das
dores da vida.
Da fuga através de comportamentos que nos anestesiam da dor, como a
fuga através de trabalho demais, bebida, compras, ficar na rua para não
ter que voltar para casa e encarar uma vida que não te faz feliz, excesso
de baladas, séries de televisão, entre ouros...

Mas aqui nesse módulo estou falando da fuga no sentido fisiológico do


cérebro mesmo. Da necessidade de fuga de uma situação de stress
imediata.

Hoje, quando nosso cérebro escolhe a estratégia de lutar não saímos


mais dando socos ou mordidas, apesar que as vezes dá vontade rs.

O objetivo aqui é intimidar!

No geral, temos uma sensação de superioridade, perdemos a paciência e


nos tornamos agressivas, gesticulamos, aumentamos o tom da voz,
sentimos tensão no pescoço, nos braços e na mandíbula, nossos
movimentos são mais brutos, a gente aperta os olhos como se estivesse
focando no inimigo, afinal se tiver que dar um soco, é melhor acertar o
alvo. Rsrs

Mais uma vez, não são reações muito diferente dos nossos ancestrais.

A terceira forma de expressar o stress é a forma de congelar. A única


coisa que a gente quer nessa estratégia é que aquela situação pare.

Nesse modo, o nosso objetivo é procurar proteção. A gente não se sente


capaz de lidar com a situação e por isso a gente se sente desmoralizada.

A sensação aqui é de desamparo, de que a gente não consegue fazer


isso sozinha, que a gente precisa de ajuda.

E como isso acontece? Paralisar está relacionado com vulnerabilidade.

Todo nosso corpo vai desacelerando. A voz fica mais baixa e a gente fala
mais devagar. Chorar é comum e a gente se sente extremamente
drenada.

A gente sempre vai ter uma dessas reações ao sinal de perigo e


tem uma que o nosso cérebro prefere, que se repete com mais
frequência.

Espero que você tenha entendido como funciona e o quão poderoso é o


nosso cérebro instintivo. É por causa dele que muitas vezes aque a gente
age e se arrepende logo depois. Que a gente fala algo e que em seguida
a gente se arrepende amargamente.

E você deve estar se perguntando se é possível desligar esse nosso


piloto automático que muitas vezes coloca a gente em verdadeiras
roubadas...
Não é possível desligar totalmente, mas quando eu tenho ciência de
como funciona, eu posso ficar atenta ao processo e interferir nele.

E outra coisa que eu consigo fazer para amenizar bastante esse processo
é baixar a minha frequência cerebral através da respiração e da
meditação, mas a gente vai ter uma aula ainda nesse módulo que eu vou
te explicar isso direitinho!

E como esse curso é um curso de mão na massa, eu vou deixar um teste


para você descobrir qual é a estratégia preferida usada pelo teu cérebro
que vai te permitir reconhecer teus padrões de comportamento e assim
poder mudar.

Afinal, a gente só consegue mudar o que a gente conhece, o que a gente


tem ciência!

Espero que você tenha curtido essa aula! Me conta ai nos comentários ou
me manda uma mensagem no Instagram dizendo o que você achou!

Na próxima aula vamos ver como funciona o nosso cérebro emocional.

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