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TEXTO 1

«A FISIOLOGIA E A PSICOLOGIA DO MEDO E DA ANSIEDADE»


In Craske, MG e Barlow, DH (1999). Transtorno do Pânico e Agorafobia. In DH Barlow Manual Clínico
dos Transtornos Psicológicos. Artes Médicas.

Embora uma definição verdadeira da ansiedade que cubra todos os seus aspectos seja
muito difícil de ser alcançada (apesar das muitas publicações referentes ao assunto), todos
conhecem este sentimento. Não há uma só pessoa que nunca tenha experimentado algum
grau de ansiedade, seja por entrar numa sala de aula antes da realização de um exame, ou
por acordar a meio da noite com um ruído estranho. Contudo, o que é menos conhecido é
que sensações como tonturas fortes, manchas e borrões nos olhos, dormências ou
formigueiros, músculos duros e quase paralisados e sentimentos de falta de ar que podem
levar até sensações de sufocamento ou asfixia, podem também fazer parte da reacção de
ansiedade. Quando estas situações ocorrem e as pessoas não percebem o porquê, a
ansiedade pode aumentar até níveis de pânico, já que elas imaginam que podem ter alguma
doença ou acontecer algo de verdadeiramente catastrófico.

Ansiedade é a reacção ao perigo ou à ameaça. Cientificamente, ansiedades imediatas ou de


curto período são definidas como reacções de luta e fuga. São assim denominadas porque
todos os seus efeitos estão directamente voltados para lutar ou fugir de um perigo. Assim, o
objectivo número um da ansiedade é o de proteger o organismo. Quando os nossos
ancestrais viviam em cavernas, era-lhes vital uma reacção automática para que, quando
fossem confrontados com uma situação de perigo, agissem imediatamente (atacar ou fugir).
Mas, mesmo nos dias de hoje, este é um mecanismo necessário. Imagine que está a
atravessar a rua quando de repente um carro dirige-se a grande velocidade na sua direcção,
buzinando freneticamente. Se não experimentasse absolutamente nenhuma ansiedade,
estaria morto. Contudo, e provavelmente, a reacção de luta e fuga apoderar-se-ia de você
de forma que começava a correr para sair do caminho do carro e para ficar em segurança.
Então, é claro que a função da ansiedade é proteger o organismo, não prejudicá-lo. Seria
totalmente ridículo da parte da natureza desenvolver um mecanismo cuja acção primordial
fosse a de proteger o organismo e, por assim fazer, prejudicá-lo. A melhor forma de pensar
sobre todos os sistemas de resposta de luta e fuga (ansiedade) é lembrar que todos estão
voltados para deixar o organismo preparado para uma acção imediata e que o seu objectivo
principal é protegê-lo.
Quando alguma forma de perigo é percebida ou antecipada, o cérebro envia mensagens a
uma secção de nervos designados por Sistema Nervoso Autónomo. Este sistema tem dois
componentes: o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático. São
exactamente estes dois subsistemas que estão directamente relacionados no controle dos
níveis de energia do corpo e de sua preparação para a acção.

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