No dia 30 de Março, o município de Benevides, localizado na Região Metropolitana de Belém, Pará, comemora a libertação dos escravos da Região em 1884, isso 4 anos antes da Lei Áurea de 1888. A Colônia Benevides, composta de milhares de migrantes cearenses no Pará, estava localizada a cerca de 30 km da capital paraense, fixada às margens da Estrada de Ferro que ligava Belém a Bragança e era ponto de refúgio para os escravos fugidos das fazendas. Com a intensificação do movimento abolicionista no Ceará, a repercussão começou a incentivar ações em outras províncias. No Amazonas, os catraieiros (donos de embarcação menor) da cidade de Manaus, por intermédio de seus capatazes, dirigiram-se ao presidente da província prometendo não embarcarem nem desembarcarem nem um escravo. Em Belém, a campanha abolicionista também adquiriu a adesão dos catraieiros. Da Província do Ceará catalisou o avanço do abolicionismo nas províncias do extremo norte. A campanha abolicionista tomava corpo nas ruas de Belém, a atuação da Sociedade Libertadora de Benevides, foi saudada pelo jornal Diário de Notícias: “colônia de cearenses prepondera no núcleo de Benevides, animada pelo movimento abolicionista de sua Província natal, (…) pretende-se declarar livres todos os escravos ali existentes”. O próprio presidente da Província, o então Visconde de Maracajú, primo de Deodoro da Fonseca, presenciou a entrega das cartas de alforria de 6 escravos Apesar do tom festivo e do número irrisório de escravos alforriados, o fato de a colônia ficar conhecida como território livre do cativeiro passou a chamar a atenção de muitos escravos que, por não confiarem nas medidas legais ou não estarem dispostos a esperar pela sonhada liberdade, passaram a procurar Benevides. Este monumento possui cerca de cinco metros de altura por dois de largura composto por uma mão acorrentada erguida em direção aos céus por onde sobressai uma ave que envolve seu voo em torno desta mão cativa, e segue voando em direção aos céus simbolizando a libertação dos escravos na ex-colônia. Existe ainda uma praça chamada de Praça da Liberdade onde possui um busto em bronze de um negro e logo abaixo duas algemas quebradas com a inscrição de 30 de março de 1884, localizada no centro da cidade bem próxima a sede da prefeitura, sendo, portanto bastante frequentada. Encontrei ainda, durante a pesquisa um exemplar de um jornal local sem nome na biblioteca do município, onde na capa estava a figura de um menino negro ajoelhado com as mãos levantadas ao céu, simbolizando os escravos libertados em 1884. Sem contar que existem também as propagandas itinerantes sobre a libertação dos escravos expostas nas laterais dos coletivos intermunicipais que fazem a linha Benevides/Presidente Vargas divulgando por onde passam essa memória em torno do pioneirismo benevidense na resolução da causa escrava, onde consta a inscrição “Benevides 1875: Berço da liberdade escrava na Amazônia” e as imagens de uma pomba branca voando entre duas mãos acorrentadas. Outras referências simbólicas que existem estão na bandeira e brasão do município que relembram importantes acontecimentos de sua história como, por exemplo, a data de 13 de junho de 1875, lembrando a fundação do Núcleo Colonial de Nossa Senhora do Carmo de Benevides. A data de 30 de março de 1884, ladeada por correntes partidas lembrando a libertação dos escravos e o sol nascente no alto do escudo simbolizando a aurora da liberdade e progresso que raiava em Benevides a partir daquele dia. O ano de 1954 também inscritos no Brasão se refere ao ano da criação do Distrito de Benfica, uma das localidades mais prósperas de Benevides. A produção agrícola é identificada por alguns ramos representando o cultivo do dendê, pimenta do reino e a cana-de-açúcar, produtos agrícolas mais de destaque no município. Os pequenos retângulos vermelhos representam a fabricação de tijolos importante atividade desenvolvida especialmente em Benfica.
O ancinho e as máquinas, nas laterais, é uma homenagem ao homem do campo. A
presença da Estrada de Ferro Belém-Bragança simbolizada pelos trilhos no alto do escudo, representa a importância que essa via teve para o desenvolvimento do município, pois, foi durante muitos anos o meio mais rápido para se chegar e também de transporte dos gêneros produzidos ali até a capital. Sendo, portanto, sinônimo de integração e desenvolvimento econômico à localidade. A Indústria presente na região é representada por uma grande chaminé. Ao centro configura um croqui da antiga Colônia Nossa Senhora do Carmo de Benevides, com uma estrela em seu centro simbolizando o Estado do Pará. As letras IHS fazem referência à religião católica professada por muitos habitantes do município. Na parte inferior, alguns ramos de flor-de-lis, denotam a pureza e a inscrição Libertar et Labor, é o lema do povo Benevidense escrita em latim, significando Liberdade e Trabalho. CROQUI DA COLÔNIA NOSSA SENHORA DO CARMO DE BENEVIDES Jornal A Vida Paraense retratando a libertação dos escravos em Benevides. Praça da Liberdade – Telegrama enviado pela Sociedade Libertadora de Benevides a D. Pedro II informando sobre a libertação dos escravos
SOUZA, Mônica Lima."Histórias Entre Margens Retornos de Libertos para A África Partindo Do Rio de Janeiro No Século XIX" - Volume007 - Num001 - Artigo003