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INÍCIO  COLUNISTAS  REFORMA URBANA E DIREITO À CIDADE NAS METRÓPOLES

COLUNA
Breves considerações sobre a população
sergipana segundo os resultados preliminares do
Censo

Reforma Urbana e Direito à Cidade nas Metrópoles


24 de Fevereiro de 2023 às 07:58

Aracaju, capital de Sergipe - Marcelle Cristinne/Prefeitura de Aracaju

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“ Aracaju é o município com menor crescimento
relativo, fenômeno já observado em outras


décadas

Vera Lúcia Alves França, Sarah Lúcia Alves França, Catarina Carvalho Santos Melo

Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma


prévia do Censo Demográfico, realizado em 2022. Embora os dados apresentados ainda
sejam parciais, trazem algumas questões que suscitam reflexões.

No último período intercensitário, compreendido entre 2010 e 2022, a população


sergipana apresentou um acréscimo de 143.837 habitantes, isto é, um crescimento
relativo de 6,96%, demonstrando sua inserção na transição demográfica que vive o país,
com redução da intensidade do aumento populacional.

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Atualmente, o Estado de Sergipe conta com 2.211.868 habitantes, sendo que grande parte
está concentrada na Região Metropolitana de Aracaju (RMA), formada pelos municípios
de Aracaju, Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão, que abriga
935.028 habitantes, correspondendo a 42,27% do total. Instituída por lei, em 1995, a
cada dia a RMA aumenta sua participação relativa no conjunto da população sergipana. A
exemplo do que vem ocorrendo em outras regiões metropolitanas, o núcleo
metropolitano, Aracaju, é o município com menor crescimento relativo (6,09%),
fenômeno já observado em outras décadas, quando Nossa Senhora do Socorro e São
Cristóvão destacaram maior crescimento. Diferente das décadas anteriores, Barra dos
Coqueiros é o município com mais intensa tendência de crescimento da Região
Metropolitana (66,50%). As facilidades de acesso, após a construção da Ponte sobre o
Rio Sergipe em 2006 somadas às ações judiciais que limitam a ocupação de condomínios
fechados na Zona de Expansão Urbana de Aracaju, contribuíram para a intensificação
desse crescimento. Assim, o município passou a se constituir num forte vetor de
expansão urbana, com a consequente valorização da terra e a instalação de inúmeros
condomínios horizontais e verticais, além de loteamentos. O resultado tem sido a
migração de muitas famílias aracajuanas, assim como de outros municípios e estados,
como opção de novo estilo de vida ou de investimento imobiliário.

Outros municípios também merecem destaque: Itabaiana, com crescimento relativo de


19,13%, alcança a marca dos 103.620 habitantes, seguido pelo município de Lagarto, com
aumento de 7,16%, totalizando 101.642 habitantes. Estes dois municípios têm
apresentado uma dinâmica econômica diversificada com a presença de atividades
industriais
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e comerciais. Certamente, a Instalação de Campus da Universidade Federal
nesses dois municípios, também contribuiu para intensificação da ampliação do número
de habitantes, com a presença de alunos e funcionários oriundos de outros locais.

Em seguida, estão os municípios de Estância, Tobias Barreto, Simão Dias, Nossa Senhora
da Gloria e Itabaianinha com população entre 40.000 e 64.000. Entretanto, Nossa
Senhora da Glória ganha evidência com crescimento de 26,92%, bem acima do esperado.
Com população entre 34.000 e 20.000 habitantes estão 13 municípios dentre eles,
Itaporanga d’ Ajuda, Poço Redondo, Canindé de São Francisco, Boquim e Umbaúba.

No Estado predominam 23 municípios com população entre 10.000 e menos de 20.000


habitantes, estando dispersos em todas as áreas, a exemplo de Carira, Frei Paulo, Monte
Alegre de Sergipe, Areia Branca, Campo do Brito, Japoatã e Pacatuba. Com população
entre 5.000 e 10.000 habitantes estão 16 municípios, dentre eles, Riachuelo, Pirambu,
Rosário do Catete, Graccho Cardoso, Cedro de São João e Santa Rosa de Lima. Por fim, 12
municípios apresentam população inferior a 5.000 habitantes, a exemplo de Amparo de
São Francisco, Pedra Mole, General Maynard, São Francisco e Telha.

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Mapa 1: Sergipe, População Absoluta, 2022

Quarenta e quatro municípios apresentaram aumento de população sendo que, em


termos absolutos, os municípios da Região Metropolitana de Aracaju, acrescidos de
Itabaiana foram aqueles com maiores ganhos. Entretanto, ao analisar os dados de forma
relativa constata-se que apenas 16 municípios tiveram crescimento acima da média
estadual. Dentre esses, Santa Rosa de Lima (95,82%), Barra dos Coqueiros (66,50%) e
Nossa Senhora da Glória (26,92%), São Cristóvão (21,33%), Nossa Senhora do Socorro
(19,61%) e Itaporanga d’Ajuda (13,1%). É importante salientar que Nossa Senhora da
Glória vem se consolidando como centro urbano no Sertão e tem, também, dinamizado
suas atividades econômicas e educacionais com a criação de um campus da Universidade
Federal. A presença de unidades industriais em Itaporanga d’Ajuda tem atraído novos
moradores. Ainda causa surpresa o intenso crescimento da população no município de
Santa Rosa de Lima de 3.752 habitantes em 2010, para 7.347 em 2022, carecendo de
explicação para esse fenômeno (Mapas 2 e 3).

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Mapa 2: Sergipe, Variação Relativa da População, 2022

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Mapa 3: Sergipe, Variação Absoluta da População, 2022

Por outro lado, 31 municípios apresentaram redução de população, sendo que em alguns
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deles esse processo já vem ocorrendo em outros períodos. Santana de São Francisco
(44,02%), Neópolis (11,13%), Propriá (6,36%), no Baixo São Francisco, além de
Pedrinhas (16,19%) e Laranjeiras (10,78%) tiveram perdas mais significativas,
especialmente o primeiro deles, que reduziu 3.098 habitantes, necessitando assim, de
análises bem mais aprofundadas para apontar as questões pertinentes. Boquim,
Japaratuba, Maruim, Tomar do Geru e Gararu também reduziram seus contingentes
populacionais (Mapas 2 e 3).

Contudo, mesmo ainda em caráter preliminar, os dados revelam uma dinâmica


populacional que reflete a economia estadual que, nos últimos anos, vem passando por
dificuldades, seja em função dos últimos anos de pandemia da covid-19 e, também, do
arrefecimento das atividades da indústria extrativa mineral, que contribui com a redução
de milhares de postos de trabalho.

Aguardemos os dados conclusivos que trarão maiores detalhes que, certamente,


possibilitarão uma explicação mais clara da dinâmica populacional sergipana.

* Geógrafa, Professora Aposentada do Núcleo de Pós-graduação em Geografia da Universidade


Federal de Sergipe, pesquisadora do Núcleo Aracaju do Observatório das Metrópoles.

** Arquiteta e Urbanista, Professora Adjunta do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da


Universidade Federal de Aracaju, coordenadora do Núcleo Aracaju do Observatório das
Metrópoles, líder do Centro de Estudos de Planejamento e Práticas Urbanas (CEPUR).

*** Arquiteta e Urbanista pela Universidade Federal de Sergipe, pesquisadora bolsista do


Núcleo Aracaju do Observatório das Metrópoles.

**** As opiniões expressas nesse texto não representam necessariamente a posição do


jornal Brasil de Fato.

Edição: Vivian Virissimo

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