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UM CAVALO DE OUTRA COR

Uma história da Soberania e da Providência de Deus

Às vezes, no Brasil, homens de pontos de vista opostos, seja em política, seja em


religião ou qualquer outro assunto, levam o debate ao jornal da terra.
Quando o Rev. Zacarias de Miranda pastoreava o rebanho em Faxina, teve discussão
desse tipo com um rico fazendeiro. O ministro contava com o apoio da Palavra de Deus;
a opinião corrente era de que ele venceu o debate. O fazendeiro caprichoso, irritado,
como que disse de si para si:
— Está bem; se não posso vencê-lo com argumentos, vou vencer de outro modo.
Naquele tempo havia quem matasse o próximo por pouco dinheiro. O fazendeiro
pagou a um capanga para esconder-se no mato, junto ao caminho por onde o Rev.
Zacarias devia passar no próximo sábado, e para dar cabo dele quando passasse.
O bandido, interessado, fez uma objeção:
— Mas eu não conheço esse homem.
— Ah! Respondeu o contratador, isso é fácil. Sábado ele irá a Itapetininga. Vai
passar por aqui pelo meio-dia; anda sempre num cavalo branco. É homem magrinho e
tem barbicha. Você vai saber quem é por causa do animal‖.
Assim ficou o criminoso à espreita, à beira do caminho, na mata. Quando viria o
ministro com seu cavalo branco?
De manhã o Rev. Zacarias enviara os dois meninos ao pasto para pegar o bom
―Branquinho‖, como os meninos chamavam ao cavalo. Lutaram umas duas horas, e não
conseguiram. Era de estranhar, pois o animal não costumava fazer dessas. Voltaram à
casa. O pai, aflito com o atraso, os interpelava.
— Não sei o que aconteceu. Não teve jeito de pegar o animal.
Que atrapalhada! Não havia tempo a perder. Os garotos que falassem ao Sr. Moura
se não poderia emprestar o seu ―baio‖. Poderiam pegar o ―Branquinho‖ com mais
calma, mais tarde. Ele é que não poderia ir agora, ele mesmo, ao pasto.
Com bom atraso, e em cavalo de outra cor, o Rev. Zacarias seguiu caminho.
A certa altura da viagem alguém emergiu do capão e se emparelhou com ele na
estrada, puxando prosa:
— Pode me dizer se não vem por aí o ministro protestante, um tal Zacarias?
Esperava que viesse hoje de Faxina...
— Sim, respondeu o pastor, o senhor deseja falar com ele?
— Não. Estava aqui para liquidar ele quando passasse, mas ou foi mais cedo, ou não
vem mais. Estou cansado de esperar.
E Zacarias, sem se identificar:
— Bem. Vamos juntos.
— Mas para onde o senhor vai?

Revista Expressão – 4º tri 2011


O remanescente Fiel
Estudos bíblicos em Crônicas, Esdras, Neemias e Ester
— A Itapetininga.
— É o mesmo rumo. Vamos embora. O homem me escapou hoje!
— E se ele perguntar meu nome?, pensou o pastor. Devo dizer? O melhor é falar do
evangelho o quanto antes. Não vou dar tempo dele fazer perguntas.
— O senhor sabe o que o Rev. Zacarias ensina?
— Não, nunca o vi.
— Pois eu posso lhe contar.
E passou a falar de como a humanidade estava perdida em pecado; como Deus, Pai,
mandou seu Filho ao mundo para o salvar. Disse-lhe que Jesus perdoava os pecados
quando há sincero arrependimento. Mesmo os assassinos. Contou-lhe a história do
ladrão na cruz – ―Hoje estarás comigo no Paraíso‖. Explicou como Jesus, depois de
sofrer e morrer pelos pecadores, assentou-se à destra de Deus e intercede por nós.
O companheiro de estrada foi ouvindo a longa exposição. O Espírito de Deus ia
trabalhando em seu íntimo. Chegados a Itapetininga, o matador disse:
— Onde se vai hospedar?
— Sempre fico em casa do Sr. Pedroso, disse o ministro.
— Ei! Disse o homem assustado. O Sr. Pedroso é protestante. O senhor é o Rev.
Zacarias?
— Sim. Sou eu mesmo e vou fazer pregação à noite. O senhor não quer vir me ouvir
em nosso salãozinho?
Houve uma pausa.
— Bem. Estou contente que o senhor não veio num cavalo branco. O senhor estaria
morto na estrada e eu teria esse crime nas costas. Mas... venha jantar em casa. Diga tudo
que me disse hoje, à minha senhora. Conte-lhe que Jesus perdoa um homem até mesmo
como eu...
E a evangelização continuou. O próprio Rev. Zacarias contava esta história muitas
vezes, dizendo que ficara sabendo muito bem por que não foi possível pegar o cavalo
branco. E concluía:
— Bem diz a Escritura: ―todas as coisas contribuem para o bem dos que amam a
Deus‖.

Traduzido de um folheto e incluído pelo Rev. Júlio Andrade Ferreira em Galeria


Evangélica, livro esgotado.

Revista Expressão – 4º tri 2011


O remanescente Fiel
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