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E-BOOK

MANEJO E NUTRIÇÃO
Equina

SEU CAVALO MAIS


BONITO E SAUDÁVEL
DANIEL CRUZ
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ÍNDICE
Introdução ... pg 01
Alimentação ... pg 02 à 13
O manejo diário ... pg 14 à 18
Na hora do trabalho ... pg 19 à 23
Sobre as camas ... pg 24 e 25
Uso de capas ... pg 26 à 27
Nutrição (Dr. Alan Ferreira) ... pg 28 à 48
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INTRODUÇÃO
Para iniciarmos qualquer conversa
sobre cavalos, sempre gosto de
pensar em sua verdadeira essência,
o cavalo em seu estado mais natural
(no campo), que foi se adaptando
durante milhares de anos para
sobreviver.
Quando os fechamos em cocheiras,
estábulos ou em qualquer lugar que
mude sua rotina de pastarejas
praticamente o dia todo, devemos
nos impor a responsabilidade de
tornar essa transição o mais natural
possível.

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como fazer com que o cavalo fechado


ou encocheirado tenha uma rotina
próxima ao natural?
alimentação:
O principal alimento a ser fornecido
para o cavalo fechado deve ser o que
chamamos de volumoso (feno, alfafa,
capim de boa qualidade), e este deve
ser fornecido em quantidade
suficiente para que o cavalo passe
horas comendo, como faria se
estivesse no campo

oferecendo o volumoso:
FENO: Deve ser molhado dentro de
algum recipiente onde o fardo caiba
em sua totalidade, ou pode ser
molhada apenas a porção que será
dada um pouco antes de servir

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(IMPORTANTE: ele deve ser muito


bem molhado e servido em no máximo
duas horas depois de molhas, para
impedir que venha a azedar).

ALFAFA: também pode ser molhada,


mas é importante se atentar ao fato de
que não podemos servir a alfafa que
ficou molhada por muito tempo, pois
pode não fazer bem para o animal.

CAPIM CORTADO: é só servir!


Porém, temos que ter muito cuidado
com a possível presença de veneno e
com o capim cortado na beira de
rodovias.

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O volumoso deve ser de boa


qualidade! De nada adianta servir
uma ração "premium" para o seu
cavalo se o verde que você oferece
está ruim (seria como jogar dinheiro
no lixo). Temos que nos policiar para
oferecer um volumoso que tenha um
bom cheiro, uma cor viva e sem
nenhum resquício de mofo ou algo do
tipo.

É importante oferecer o volumoso 2


horas antes do concentrado (ração),
para aumentar a digestibilidade e o
aproveitamento da ração.

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SOBRE O PRÉ-SECADO: como ele


está mais sucetível à mofar, acaba se
tornando inviável para alguns
estabelecimentos, mas pode ser uma
boa saída quando se tem um produto
de boa qualidade por um preço mais
acessível.
(IMPORTANTE: nunca fornecer o
pré-secado quente)

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RAÇÃO OU CONCENTRADO:
Quando falamos sobre ração, aquela
famosa frase "o barato sai caro" se
encaixa perfeitamente no contexto!
A maioria das pessoas, ao escolher a
ração, se baseia na quantidade de
proteína. Claro que devemos olhar e
nos atentar à isso, porém, não é tudo!
A energia digestível da ração é tão
importante quanto a proteína, o que
nos leva a entender a importância de
saber sobre a fonte de onde vem a
proteína de cada ração, pois existem
proteínas que o cavalo não absorve.

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E A RAÇÃO COM MELAÇO?


O melaço não possui nenhum valor
nutritivo para o animal. Assim como o
açúcar pode e deve ser evitado por
nós, seres humanos, o melaço deve
ser evitado no trato com os cavalos,
uma vez que não promove nenhuma
vantagem nutricional e ainda pode
ocasionar problemas odontológicos no
animal.
Aqui no Ct Daniel Cruz, utilizamos a
ração sem melaço e os animais comem
normalmente, sem nenhum tipo de
problema quanto a isso.

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QUANDO FORNECER A RAÇÃO?


É interessante fornecer a ração em
média 2 horas depois de servir o
volumoso (feno, alfafa ou capim), pois
isso vai fazer com que a ração seja
melhor aproveitada pelo organismo
do animal, que por já estar forrado
pelo volumoso, vai digerir a ração
muito melhor, o que diminui bastante
as chances de que venha a ocorrer
uma cólica (extremamente
indesejada).

COMO E EM QUE QUANTIDADE


DEVO SERVIR A RAÇÃO?
Em geral, os cavalos podem comer
entre 1 e 1,5% do seu peso em
concentrado (ração) por dia. Aqui no
Ct Daniel Cruz, nós dividimos as
porções da seguinte maneira:

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PARA OS ANIMAIS DE TRABALHO


INTENSO, EXPOSIÇÕES OU
SIMILARES: Fornecemos 2,5 Kg de
ração três vezes ao dia.

PARA OS ANIMAIS DE TRABALHO


LEVE E MODERADO: Fornecemos
2,5 Kg de ração duas vezes ao dia.

PARA POTROS QUE VEM PARA A


DOMA: No início, fornecemos a ração
apenas uma vez ao dia (pela manhã),
até que se acostumem bem com ela.

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OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
- Quando o cavalo deixa sobrar ração
no cocho é indispensável que seja
retirada e despejada toda a ração que
restou. Para evitar que ela fique velha
ou embolore e venha a ocasionar
cólicas.

- Sempre devemos nos atentar ao


cheiro da ração, que jamais pode ser
azedo.

- Ração não pode ficar no sol, sendo


assim, é importante que haja um
espaço com sombra e sem umidade
para que possamos armazenar a ração
da melhor forma possível,
preservando a sua qualidade e a
saúde dos animais.

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O USO DA AVEIA
Utilizamos a aveia como base
nutricional dos nossos animais
durante algum tempo, tanto a aveia
molhada, quanto a seca. Entendo que
ela tem um suporte energético muito
bom, porém, falha com relação à
proteína e na relação de cálcio e
fósforo (que são muito importantes
para manter o animal bonito e
saudável). Para utilizar a aveia, os
animais devem ser suplementados
com um bom sal mineral.
É interessante utilizar a aveia em
locais onde o trato é realizado com
alfafa e os animais são suplementados
com um sal mineral de qualidade.
Mas, este, é um manejo que vai
depender da localização, por o preço
desse tipo de manejo é bem variável.

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POSSO MISTURAR AVEIA COM A


RAÇÃO?
Quando fornecemos a ração para o
cavalo, devemos ter em mente que
esta ração foi desenvolvida, estudada
e calculada por profissionais para
atender às necessidades diárias do
animal de forma balanceada. Quando
misturamos aveia ou qualquer outra
coisa nesse tipo de concentrado,
estamos, de certa forma,
desbalanceando a ração, e isso pode
ocasionar a falta ou o excesso de
algum nutriente.
É mais interessante, neste caso,
investir em um volumoso de
qualidade e garantir um resultado
muito melhor.

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SAL MINERAL
O sal mineral pode ser fornecido à
vontade. Algumas rações possuem em
sua composição, porém, para animais
de alta performance, na maioria das
vezes deve ser suplementado.
Podemos colocar um cocho apenas
para o sal mineral ou fornecer as
famosas pedras de sal (muito bem
recomendadas).

ÁGUA
É inegociável que o cavalo tenha
sempre àgua limpa e à vontade onde
estiver.
Exemplo de bebedouro
para cocheira. A água
só vem quando o cavalo
encosta o focinho na
alavanca, evitando que
a água fique suja no
recipiente.

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O MANEJO DIÁRIO
Quando falamos sobre manejo, é
importante termos em mente que o
cavalo é um animal extremamente
rotineiro. Ele precisa de uma rotina de
alimentação e cuidados baseada em
horários para que possamos evitar
problemas causados por falhas de
manejo, como por exemplo, as cólicas.
Visto isso, devemos lembrar que para
o cavalo, não existe fim de semana,
ele deve receber o mesmo tratamento
todos os dias, independentemente de
ser sábado, domingo ou feriado.
Existe uma palavra que eu, Daniel
Cruz, particularmente gosto muito de
usar para definir o que precisamos
para cumprir um bom manejo:

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DILIGÊNCIA: habilidade adquirida


que combina persistência criativa,
esforço inteligente, planejado e
executado de forma honesta e sem
atrasos, com competência e eficácia,
de modo a alcançar um resultado
puro e dentro do mais alto nível de
excelência.

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O NOSSO MANEJO:
6:00 - Fornecemos o feno molhado
para todos os cavalos e limpamos
todas as cocheiras!

8:00 - Fornecemos a ração para todos


os cavalos

12:00 - Fornecemos mais uma porção


de ração apenas para os animais que
precisam comer três vezes ao dia.

17:00 - Fornecemos o feno molhado


novamente!

19:00 - Servimos a ração para todos


os cavalos novamente

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IMPORTANTE: Aqui no nosso Centro


de Treinamento os cavalos passam
boa parte do dia fora das cocheiras,
por isso, adotamos a rotina de limpar
as cocheiras apenas uma vez ao dia
(isso vai depender do tempo que os
seus cavalos passam nas cocheiras,
existem casos em que o ideal seria
limpar duas vezes ao dia). Outra
questão importante para se atentar
quanto à limpeza é de sempre tirar os
cavalos de dentro da cocheira para
limpar e nunca varrer a sujeira do
corredor para dentro das cocheiras
(isso pode prejudicar a saúde do
animal).

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SOBRE O FENO: Ele não deve ser


fornecido no alto de forma alguma.
Devemos lembrar que o cavalo em seu
estado natural come no chão, e na
cocheira deve ser assim também (o
feno no alto pode acarretar problemas
respiratórios e musculares, uma vez
que qualquer poeira que estiver na
rede de feno cairá sobre o focinho do
animal e que para se alimentar ele
precisa inverter a coluna e o pescoço).

O NOSSO MANEJO:
Temos sempre, em média, 27 animais
fechados e passamos por um número
máximo de 3 cólicas por ano, o que
devido à nossa rotatividade de
animais, pode ser considerado um
bom número.

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NA HORA DO
TRABALHO
Primeiramente, temos que nos
atentar ao modo como vamos tirar o
animal da cocheira, já começando a
evitar problemas na escolha do
cabresto ou buçal. Um garanhão, por
exemplo precisa e um cabresto com o
qual você consiga corrigi-lo
facilmente. A relação entre o cavalo e
a pessoa que vai lidar com ele deve
ser uma relação de respeito mútuo.
Por isso, cavalos que tentam tomar o
cabresto ou passar por cima da pessoa
que esta puxando, devem ser
corrigidos com a ferramenta, de modo
que ele entenda que não deve
ultrapassar o limite do respeito entre
vocês.
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Depois de tirar o animal da cocheira,


precisamos verificar a limpeza dos
cascos com um rinete (ou "alegre"
como alguns costumam chamar)
A saúde do cavalo atleta começa
pelos cascos, por isso, devemos estar
sempre atentos ao seu estado de
limpeza e ferrageamento.

A ESCOVAÇÃO:
A próxima etapa é limpar bem o
corpo do cavalo com uma escova ou
rasqueadeira. Para isso, devemos ter
em mente que essa deve ser uma
etapa prazerosa para o animal e, por
isso, é interessante optarmos por
escovas de material macio e evitarmos
que a escovação irrite o cavalo,
podendo se tornar um problema.

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Aqui no Ct Daniel Cruz costumamos


usar uma raspadeira de borracha que,
além de arrancar os pelos mortos e
compridos do animal, ajuda a remover
a sujeira que fica entre os pelos.

Manter o animal limpo e bem


apresentável é um capricho
inegociável!
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ENCILHANDO:
Depois que o animal estiver bem
escovado, colocamos as ligas de
proteção ou caneleiras em seus
membros e atamos a cola (rabo) com
um pedaço de borracha, o que vai
evitar acidentes e manter a higiene e
a beleza da cola. E então, encilhamos
como de costume.

O BANHO:
Todos os nossos animais são
banhados depois do trabalho! Em
casos como os dias de muito frio, onde
os cavalos levam muito tempo para
secar, damos o que chamamos de
banho meia costela (lavando de onde
pegam as barrigueiras para baixo
apenas). Mas de qualquer forma, é
extremamente importante que se lave

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muito bem a região da virilha e abaixo


da cola (rabo) onde o acúmulo de
sujeira, areia ou barro é maior,
podendo ocasionar assaduras.
Com relação à cola em si, não é
aconselhado que se lave todos os dias
(também por isso, trabalhamos com as
colas sempre atadas) pois o excesso de
zelo pode nos levar a perder o volume
e a beleza do pelo. Costumamos lavar
duas vezes na semana e é o
suficiente.
Ainda sobre o banho, é importante
lembrar que devemos dar o banho no
animal inteiro apenas em dias de mais
calor, par que você possa deixar que
ele seque por completo.

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IMPORTANTE: NÃO SE FECHA


CAVALO MOLHADO EM COCHEIRA

O cavalo molhado na cocheira pode


desenvolver dermatites graves que
podem ocasionar dores e manqueiras.

Dermatite ocasionada por úmidade


nas patas.
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SOBRE AS CAMAS
Deve ser usado o que se tem na
região com o melhor custo benefício.
Aqui no Ct, utilizamos serragem de
Pinus, muito bem indicada para os
cavalos, mas também podem se
usadas outras opções como a palha de
arroz, sepilho, feno e até mesmo areia.
Tudo vai depender do material que
você tem à sua disposição.
O importante é que a cama seja
mantida sempre limpa e muito bem
seca, para evitar problemas de saúde
do animal causados pela umidade.

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Antes do preparo
da cama

Sempre devemos nos


atentar e retirar os
pedaços de pedra e
madeira que podem
estar no meio da cama

A cama preparada
deve estar o mais
uniforme possível,
sem pontos de
umidade e muito
bem limpa, como
na imagem ao lado
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USO DE CAPAS
CONTRA O FRIO
Nós passamos praticamente todo o
verão e as épocas com temperaturas
acima dos 18º sem utilizar capas nos
animais. Isso porque o cavalo é capaz
de suportar temperaturas muito mais
baixas do que isso na sua natureza.
Assim, costumamos colocar as capas
apenas em épocas de temperatura
muito baixas, pois isso auxilia na
manutenção da limpeza e do brilho da
pelagem.
É importante ressaltar que as capas
não fazem milagres. A beleza que
enxergamos no pelo do cavalo vem de
dentro pra fora, ou seja, a nutrição do
seu cavalo vai refletir diretamente no
estado da sua pelagem.
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Podemos dizer com certeza que o


cavalo com o pelo bonito, com brilho e
maciez esta saudável, e que nem
sempre o animal gordo de pelo opaco
está sadio.
Tempos de inverso rigoroso podem
fazer com que os pelos fiquem
maiores, mas não devem fazer com
que percam o brilho. Animais de pelo
opaco, possuem alguma deficiência de
nutrientes e ela pode ser descoberta
or meio de um hemograma.

O pelo do animal
sempre vai estar
de acordo com a
saúde

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NUTRIÇÃO
POR DR. ALAN FERREIRA
(Médico veterinário)

Para falarmos de alimentação de


equinos devemos conhecer
basicamente as particularidades
comportamentais e anatômicas da
espécie.
O cavalo é um herbívoro
monogástrico, ou seja, possui apenas
um estômago. Cavalos mantidos em
estado natural passam grande parte
do dia (mais de 12 horas) se
alimentando, intercalando com
descanso em pé ou deitado e
interação social.

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O cavalo tem preferência por


pastagens mais baixas e seletividade
muito grande no pastejo, conseguindo
separar bem o que realmente deseja
ingerir.
O alimento ingerido é reduzido em
pequenas partículas através de uma
mastigação eficiente, o que
proporciona uma maior exposição
desse alimento para que ocorra a
digestão. Na cavidade bucal, durante
a mastigação, é liberada grande
quantidade de saliva para umidificar
e facilitar a descida do alimento até o
estomago, essa saliva é rica em
bicarbonato, que irá neutralizar parte
da ação do acido clorídrico secretado
no estômago.

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O estômago do cavalo possui apenas


uma cavidade (monogástrico) e é
relativamente pequeno. Nele são
secretados os sucos gástricos, os quais
iniciam a digestão química do
alimento que chega. Alimentos
fibrosos, como a pastagem, tendem a
ter uma passagem mais rápida pelo
estômago em comparação com
concentrados como a ração.
O intestino delgado é composto por
duodeno, jejuno e íleo. No intestino
delgado ocorre a digestão química dos
alimentos. Nele são secretadas pelo
pâncreas e vesícula biliar enzimas
digestivas, as quais são responsáveis
pela digestão do amido, proteínas e
gorduras da dieta. Cabe ressaltar que
diferentemente de outras espécies o
equino não possui vesícula biliar
então a liberação dos sais biliares
ocorre de forma contínua. 30
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Nessa parte do trato digestivo que


ocorre de forma eficiente a digestão e
absorção dos nutrientes provenientes
dos concentrados, ocorre também
absorção de minerais e água.
O intestino grosso é dividido em
ceco, cólon e reto. No ceco, em menor
quantidade e, no cólon maior, que
ocorre a digestão da fibra de forma
fermentativa por uma carga de
microrganismos. Essa fibra
proveniente do volumoso é
degradada e os nutrientes são
absorvidos pela parede intestinal,
também são absorvidos minerais e
água. Esses microrganismos são
responsáveis também pela síntese de
algumas vitaminas. O cavalo é
totalmente dependente dessa carga
de microrganismos para uma boa
condição de saúde. O intestino grosso
tem o desenvolvimento dessa 31
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microbiota naturalmente no início da


vida do potro. No reto, que é a porção
final do intestino, é onde ocorre a
reabsorção da água desse material.

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VOLUMOSOS
O sistema digestivo do equino se
desenvolveu para digestão da
pastagem, sendo então o alimento
volumoso o de maior importância na
alimentação dos cavalos. O volumoso
pode ser consumido através do
pastoreio pelo próprio animal, pelo
fornecimento de uma pastagem
cortada (capineira), por fornecimento
de material fenado ou até alguns
materiais pré-secados.
As pastagens para equinos podem
ser nativas, cada região com suas
particularidades, ou cultivadas com
diversas variedades disponíveis no
mercado indicadas para equinos.
Devido ao hábito alimentar do equino,
pastagens com diversidade de
variedades de gramíneas e
leguminosas estimulam o consumo
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além de terem uma variedade maior


de nutrientes que uma única
gramínea em um piquete. Áreas de
pastagens devem ser zeladas como
áreas de agricultura dando todos os
nutrientes necessários para aquele
solo.
Capineiras cortadas e servidas
devem ser de variedades apropriadas
para cavalos, e com os cuidados
necessários de quantidade suficiente
e estado vegetativo da planta.
Os fenos podem ser de gramíneas
como o tifton ou de leguminosas como
a alfafa, esse é um material
desidratado com baixo teor de
umidade. Devem ser produzidos de
maneira correta, de variedades
específicas e no ponto certo da planta.

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Outra questão importante em


materiais fenados é o
armazenamento, podendo gerar
perda de qualidade ou até mesmo
estragando o material.
Pré-secados são materiais que
sofrem uma desidratação bem menor
que o feno e aí são envoltos por
material plástico para que ocorra uma
fermentação anaeróbica, esse material
deve ser usado de maneira correta
para não gerar riscos a saúde dos
animais, pois uma vez aberta a
embalagem há um período certo para
o consumo.

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CONCENTRADOS
Com a utilização do cavalo para as
diversas atividades surgiu a
necessidade de aumentar a carga de
nutrientes na alimentação para
complementar os volumosos. O
concentrado pode ser uma fonte
proteica, energética ou ambas.
Rações comerciais são uma fonte de
nutrientes energéticos, proteicos e
minerais de forma equilibrada. Com o
avanço das tecnologias de produção e
o aumento do conhecimento a
respeito da nutrição equina a
formulação das raçoes tem suprido de
maneira muito assertiva as
necessidades.

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O fornecimento de ingredientes
únicos como aveia ou milho podem
desiquilibrar a dieta por serem
carentes em determinados nutrientes,
como alguns minerais, ou terem em
excesso. O seu uso, se feito de
maneira correta, quantidade e
equilíbrio pode trazer bons resultados.
Os concentrados devem ser usados
de maneira a complementar a dieta
pensando na base da alimentação que
é o volumoso.

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MINERAIS
Pelo cavalo se tratar de um
herbívoro exclusivo, para suprir a
deficiência de alguns minerais nas
pastagens se faz o uso de mineral. As
pastagens também variam de acordo
com a estação do ano, estado
vegetativo e nutrientes disponíveis no
solo. Como a necessidade de mineral é
de fundamental importância e de
maneira constante para o
funcionamento do organismo animal,
é de fundamental importância o uso
de uma formulação mineral.

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ÁGUA
Não podemos pensar em todos os
outros alimentos e esquecer da água.
Equinos tem preferencia por água
limpa e fresca. Muitas vezes as
condições da água são descuidadas, e
dietas perfeitas não tem resultado
devido à isso.

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ALIMENTAÇÃO
Conhecendo as particularidades de
comportamento e anatômicas do
equino podemos falar em como
alimentar de forma correta. Cavalos
em doma, treinamento, trabalho ou
competições devem ser alimentados
de forma a suprir as necessidades
nutricionais de forma equilibrada e de
acordo com o objetivo para aquele
animal.
Cavalos em doma ou serviço podem
ser tranquilamente mantidos em
piquetes, tendo como fonte de
volumoso a própria pastagem. Essa
pastagem deve ser apropriada para
equino e disponível o tempo todo, ou
seja, ter esse volumoso o ano todo e
em quantidade suficiente para a
carga animal.

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O mineral deve ser ofertado a vontade


em um cocho protegido da água ou
fornecido diariamente na quantidade
recomendada de cada formulado
mineral comercial. Deve ter o cuidado
com a fonte de água nesses piquetes,
quando artificial, sempre manter o
fornecimento constate e cuidar muito
com limpeza do cocho. Quando fontes
naturais, cuidar com a disponibilidade
da água e qualidade, muitas vezes ao
redor de fontes de água naturais o
solo se torna encharcado e os cavalos
relutam a ir tomar água devido ao
medo de se enterrarem no solo úmido.
Em sistemas de doma ou serviço mais
intenso, ou quando a pastagem está
em um período mais fraco se faz o uso
de concentrados. Recomendo sempre
rações formuladas comercias devido
ao seu equilíbrio de nutrientes.
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O volume adequado da ração é igual


ou menor que 1% do peso vivo do
animal, ou seja, um cavalo de 450 kg
deve receber cerca de 4,5 kg de ração
divididos em duas vezes ao dia. Essa
quantidade de ração varia com o
escore corporal do animal, qualidade
da pastagem e atividades
desenvolvidas.
Para cavalos em atividades mais
intensivas ou que por motivo de
alojamento são mantidos confinados
devemos respeitar sua fisiologia.
A água deve estar sempre
disponível e limpa, cuidar muito com
altura de cocho de água nas
instalações, cavalos tem o hábito de
ingerir água com a cabeça baixa e não
em cochos em que precisa ficar na
ponta dos cascos para conseguir
alcançar.
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O volumoso eu indico sempre o


fornecimento à vontade, seja feno ou
capim cortado, esse material deve ser
colocado várias vezes ao dia e noite
para que esteja sempre disponível
para o cavalo sem que ocorra
desperdício. Indico o fornecimento do
feno no chão da baia, cavalos tem o
hábito de pastejar com a cabeça baixa.
O volumoso deve estar sempre
disponível para que o cavalo
confinado se mantenha o mais
próximo possível de seu estado
natural em que passa grande parte do
dia comendo. Com a mastigação
constante ocorre a secreção de saliva
e consequentemente bicarbonato de
maneira adequada, o que previne um
dos maiores males do cavalo
confinado que é a gastrite.

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Para estipular a quantidade de


volumoso que esse cavalo vai ingerir
podemos pensar em um consumo
diário de 2,5% do peso vivo de
matéria seca ao dia, onde cerca de
1 % será de concentrado, então
ficamos com 1,5% de matéria seca
para o volumoso. Um cavalo de 500
kg irá consumir 7,5 kg de matéria
seca de volumoso ao dia. Se for um
feno com 89% de matéria seca esse
cavalo vai ingerir em media 8,4 kg de
feno ao dia. Se for uma pastagem
cortada com 30% de matéria seca esse
cavalo vai ingerir 25 kg de pasto ao
dia. Indivíduos variam a ingestão de
matéria seca, podendo ser mais ou
menos. Com esse esquema de
fornecimento de volumoso ajudamos
a manter a saúde do cavalo reduzindo
estresse.
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Se tratando de feno podemos


utilizar gramíneas como o tifton que
tem um valor nutricional e equilíbrio
de nutrientes muito bom, suprindo as
necessidades da maior parte dos
cavalos. Para potros que já estão
iniciando o trabalho ou animais com
alta exigência podemos acrescentar o
feno de alfafa que tem um valor
proteico maior e com uma variedade
de aminoácidos bem interessantes.
Indico sempre a mistura do feno de
alfafa com o feno de gramínea
pensando na diversidade que o cavalo
teria em um piquete rico em
variedades forrageiras. O feno de
alfafa deve ser evitado nos cavalos
sem exigência nutricional em proteína
para que não ocorra o excesso desse
nutriente na dieta.

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O concentrado indico seu


fornecimento através de rações
comercias formuladas para cada nível
de exigência da atividade que o
cavalo exerce e seu escore corporal,
normalmente se usa 1% da matéria
seca da ração em relação ao peso
vivo, ou seja, para um cavalo de 500
kg e uma ração de 90% de matéria
seca usamos 5,5 kg de ração ao dia.
Isso pode aumentar um pouco se o
gasto energético for muito alto. Uma
maneira de manter essa quantidade
para evitar problemas, é através do
uso de suplementos energéticos para
o cavalo, os quais são vários no
mercado. Essa quantidade de ração
deve ser dividida em 2 ou 3 vezes ao
dia, sempre no mesmo horário.

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Se o fornecimento do volumoso for


constante o cavalo naturalmente
antes do trato com a ração irá parar o
consumo de feno esperando a ração,
isso podemos ver naturalmente nos
cavalos soltos em piquetes que
próximo ao horário do trato param de
pastar e ficam esperando a ração. Em
cavalos que não recebem o volumoso
de forma a vontade, é indicado
fornecer o volumoso 2 horas antes da
ração para que esse cavalo ingira esse
volumoso para seu trato
gastrointestinal funcionar de maneira
correta e não ter mais volumoso no
estômago na hora da ingestão da
ração, para que esse concentrado não
seja carregado de forma rápida junto
com as fibras paras o intestino grosso
onde ocorre a digestão de fibra e não
do concentrado plenamente, o
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concentrado deve ser digerido no


intestino delgado. Pensando assim
devemos evitar as dietas totais para
equinos, ou seja, as que são misturas
de concentrado e volumoso, pois as
fibras aceleram o peristaltismo
intestinal e estando junto com o
concentrado esse por sua vez passara
muito rápido por intestino delgado
não sofrendo a ação correta das
enzimas digestórias. Os cochos devem
ser apropriados para o fornecimento
do concentrado e quanto mais
próximos ao chão melhor, pensando
em como o cavalo se alimenta em
estado natural. Cavalos em estado de
confinamento devem receber mineral
sempre a vontade como animais a
campo.

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ESTE TRABALHO FOI PENSADO, ESTUDADO E


DESENVOLVIDO PELO PROFISSIONAL
HIPOLOGISTA, DOMADOR E TREINADOR DE
CAVALOS DANIEL CRUZ, EM SEUS MAIS DE 17
ANOS DE EXPERIÊNCIA COM MANEJO E
NUTRIÇÃO DE EQUINOS. COM PARTICIPAÇÃO
ESPECIAL DO DR. ALAN FERREIRA, MÉDICO
VETERINÁRIO RESPONSÁVEL POR
DISPONIBILIZAR CONHECIMENTO
APROFUNDADO SOBRE NUTRIÇÃO EQUINA
PARA A REALIZAÇÃO DESTE TRABALHO.

21/05/2022

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