Você está na página 1de 2

Nos tempos atuais, o sistema de ensino das disciplinas de sistemas estruturais

apresenta falhas, que ficam ainda mais visíveis nos cursos de arquitetura e
urbanismo ou de engenharia. Esse sistema faz com que os alunos foquem em
cálculos matemáticos e físicos ao invés de compreenderem o todo, que seria melhor
entendido caso essa matéria fosse ministrada, inicialmente, de forma intuitiva e
qualitativa. Sendo assim, os docentes precisariam alterar o modo de conduzir sua
aula, optando por métodos nos quais o aluno fosse conduzido a construir o próprio
conhecimento, e não mais fosse ensinado. Além disso, o uso da tecnologia pode ser
uma ferramenta imprescindível na construção do conhecimento, capacitando o
estudante a refletir sobre informações apresentadas na forma de imagens, gráficos,
textos ou números e possibilitando uma melhor absorção dessas informações. E,
além do uso tecnológico, a bagagem social do aluno é igualmente importante para o
próprio desenvolvimento educacional (DI PIETRO, 2000, p. 11-12).

O curso de arquitetura e urbanismo se estrutura em quatro áreas principais: projeto,


urbanismo, história e tecnologia. Sendo assim, a matéria de sistemas estruturais
acaba indo para o departamento de tecnologia, fazendo com que a disciplina se
distancie do âmbito arquitetônico. Entretanto, para diminuir esse distanciamento, a
Universidade Federal de Santa Catarina promoveu uma linha de estudo que se
inicia na disciplina Experimentação I e II, a qual trata de introduzir o estudante no
mundo das estruturas através da observação, intuição e análise. Essa nova maneira
faz o aluno desenvolver uma visão mais apurada sobre os sistemas estruturais que
o cercam. Posteriormente, o estudante será apresentado às matérias de Resistência
dos Materiais, Estabilidade da Construções, Concreto Armado e Aço e Madeira,
sendo complementadas pelas Tecnologias I a VI. Logo, essa reforma garante ao
estudante uma melhor metodologia de ensino, capacitando-o a construir tudo aquilo
que projetar (DI PIETRO, 2000, p. 12-14).
Como a chegada da modernidade na arquitetura, os profissionais dessa área
passaram a criar obras inovadoras e ousadas, o que dividiu opiniões entre
engenheiros e arquitetos sob o ponto de vista estrutural ou sob o aspecto da
arquitetura. Sendo assim, surge o principal questionamento: uma construção deve
ser dependente da estrutura ou o projeto estrutural deve se adaptar à concepção
arquitetônica? A resposta para essa pergunta depende muito de quem irá respondê-
la, logo é necessário que haja uma boa comunicação entre os profissionais
responsáveis por uma construção (DI PIETRO, 2000, p. 14-15).
No Brasil, a Aula de Fortificações do Rio de Janeiro foi criada em 1699,
posteriormente transformada em Academia Militar e, mais tarde, na Real Academia
de Artilharia, onde se iniciou o estudo oficial da arquitetura. A partir do século XIX,
com influências da Revolução Industrial e da Missão Artística Francesa, surgiram
movimentos para exigir projetos arquitetônicos e, em 1826, foi inaugurada a
Academia de Belas Artes, precursora da Escola Nacional de Belas Artes. Durante o
período republicano, houve a oportunidade de complementar estudos em Paris,
influenciando a criação de um curso específico de arquitetura. No entanto, a
regulamentação da profissão não favoreceu os arquitetos, levando a um cenário de
subestimação das disciplinas técnicas e da própria formação do arquiteto. Esta
situação, herdada das origens das escolas, demanda uma nova postura dos
professores para garantir uma formação mais completa, que inclua não apenas
aspectos artísticos, mas também técnicos, necessários para o exercício da profissão
(DI PIETRO, 2000, p. 15-18).

O histórico do curso de arquitetura resultou em um preconceito que dita que o


arquiteto deve ficar responsável pela questão artística do projeto, enquanto o
engenheiro se encarregará das questões técnicas. Esse histórico fez com que os
profissionais da arquitetura se distanciassem da teoria prática, ou seja, do projeto
arquitetônico e do planejamento da edificação. Além disso, como o arquiteto, o
engenheiro civil acabou prejudicado por essa configuração, saindo de sua
graduação tendo apenas uma vaga ideia do que venha a ser de fato uma
construção (DI PIETRO, 2000, p. 18-19).

Você também pode gostar