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Brasília/DF
2024
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GUIA PARA ELABORAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS
SUMÁRIO
1 DETERMINANTES DO SUCESSO ACADÊMICO.................................... 10
1.1 Atitudes – conceito e tipos de atitudes que favorecem o sucesso 10
acadêmico.................................................................................................
1.2 Hábitos de estudo.................................................................................... 12
2 RESUMO................................................................................................... 14
2.1 Conceito.................................................................................................... 14
2.2 Objetivos de aprendizagem.................................................................... 14
2.3 Procedimentos......................................................................................... 14
2.4 Avaliação.................................................................................................. 20
3 FICHAMENTO........................................................................................... 21
3.1 Conceito.................................................................................................... 21
3.2 Objetivos de aprendizagem.................................................................... 21
3.3 Procedimentos......................................................................................... 21
3.3.1 Fichamento como exercício acadêmico..................................................... 21
3.4 Avaliação.................................................................................................. 22
4 RESUMO CRÍTICO OU RESENHA........................................................... 23
4.1 Conceito..................................................................................................... 23
4.2 Objetivos de aprendizagem.................................................................... 23
4.3 Procedimentos......................................................................................... 23
4.4 Avaliação.................................................................................................. 25
5 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA................................................................... 26
5.1 Conceito.................................................................................................... 26
5.2 Objetivos de Aprendizagem.................................................................... 27
5.3 Procedimentos......................................................................................... 27
5.3.1 Primeiro passo – escolha e delimite o tema.............................................. 27
5.3.2 Segundo passo – defina um plano ou estrutura de trabalho..................... 29
5.3.3 Terceiro passo – redija a introdução.......................................................... 30
5.3.4 Quarto passo – “colete” os dados.............................................................. 31
5.3.5 Quinto e sexto passos – compile e documente......................................... 33
5.3.6 Sétimo passo – elabore o texto.................................................................. 35
5.3.6 Construindo o referencial teórico 37
5.4 Avaliação.................................................................................................. 38
6 NORMAS PARA CITAÇÃO NO TEXTO CIENTÍFICO.............................. 39
6.1 Conceito de citação................................................................................. 39
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GUIA PARA ELABORAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS
APRESENTAÇÃO
1
DETERMINANTES DO SUCESSO ACADÊMICO
Alguns estudos têm demonstrado que essas proposições são verdadeiras e que as atitudes
impactam realmente sobre o desempenho dos estudantes nas diferentes disciplinas (Cf.
Bonafé; Loffredo; Campos, 2010; Goulão, 1994; MantovanI; Viana, 2008). Não queremos
aqui, contudo, desconsiderar o papel do professor e de outros elementos que se relacionam
ao processo ensino-aprendizagem. Entretanto, no contexto atual, cada vez mais é valorizada
a ação do estudante “[...] enquanto agente do seu próprio processo de mudança.” (Tavares et
al., 2003). Isso é fundamentalmente verdadeiro e relevante quando se trata de estudantes
universitários nos quais a autonomia e independência devem ser incentivadas. Uma
autorreflexão sobre as nossas atitudes é necessária para que o bom desempenho e sucesso
acadêmico sejam alcançados. Sucesso, nesse caso, não significa simplesmente o alcance da
nota, mas a aprendizagem dos conteúdos, o desenvolvimento de habilidades e competências
essenciais para o exercício profissional futuro.
Desse modo, refletir sobre a “parte que nos cabe neste latifúndio” (enquanto estudantes) é de
extrema relevância para termos, sob nossas mãos, as rédeas do processo e não cairmos na
velha tendência de culpabilizar os outros pelos nossos fracassos. Tendência esta,
denominada cientificamente como o viés da autoconveniência (Robbins, 2002). Esse viés foi
investigado pela teoria da atribuição que postula haver uma tendência para associarmos o
sucesso a fatores internos e os fracassos a fatores externos (Cornachione Júnior; Cunha; De
Luca, 2010). É muito comum, por exemplo, o uso de expressões do tipo “o professor me
reprovou” por parte dos estudantes. Eles automaticamente se excluem enquanto
responsáveis também pelo seu insucesso, culpabilizando o professor - o fator externo – e
sobre o qual “não têm controle”. Esse viés constitui-se numa autoproteção da autoestima (no
caso do fracasso), mas não contribui para que o sujeito tome para si a responsabilidade de
mudar aquilo que é necessário mudar.
Mas, quais atitudes positivas contribuiriam para o sucesso acadêmico no contexto
universitário? São várias, mas destacaremos aqui algumas divulgadas pelo ITA (Instituto
Tecnológico de Aeronáutica) em um pequeno texto denominado: “Atitudes Psicológicas
Diante do Estudo” e atribuído à Folha de Orientação Educacional do Instituto São José1.
Tentaremos, contudo, aprofundar um pouco mais a discussão sobre tais atitudes.
A primeira das atitudes psicológicas apresentadas no texto é o interesse. Trata-se de uma
palavra que vem do latim e tem como significado “‘estar entre, no meio’; ‘participar.’” (Ferreira,
2004, p. 1119), dando para nós o sentido de envolvimento. Interessar-se pelo conteúdo de
uma disciplina, ou pelo curso propriamente dito, implica “não ficar de fora”, mas participar das
diferentes atividades e realizar leituras, dedicando tempo à disciplina e/ou ao curso.
Como já dissemos, as atitudes internalizadas ao longo da vida acadêmica - a partir de
diferentes experiências e de vivências individuais e/ou compartilhadas com grupos sociais
importantes - podem refletir nas atuais. Isso significa que atitudes negativas construídas, por
exemplo, em relação a uma determinada disciplina, durante os ensinos fundamental e médio,
são trazidas para a universidade, podendo redundar em desinteresse e em reações negativas.
Está formado aí um círculo vicioso, pois o impacto do desinteresse no desempenho
acadêmico acaba contribuindo para reforçá-lo e, quiçá, ampliá-lo. Romper com esse círculo
dependerá de diferentes elementos e, dentre estes, não é possível descartar a didática do
professor, as condições gerais de ensino e do material didático disponibilizado. Contudo,
também é essencial que o estudante tente romper com esse círculo criando estratégias
diferenciadas para facilitar o aprendizado e favorecer o interesse. Pois, como o pequeno texto
aponta, existe uma relação entre interesse e sucesso (bons resultados) e desinteresse e
fracasso.
É importante a adoção de uma atitude proativa e não esperar que os outros façam por nós o
que deve ser de nosso interesse. Nesse sentido, informar-nos sobre as diferentes
oportunidades oferecidas pela universidade que favoreçam o nosso crescimento e
desempenho, enquanto estudantes universitários, torna-se fundamental.
A segunda atitude psicológica é o entusiasmo que, numa análise ainda que superficial,
parece estar ausente em boa parte dos estudantes. Entusiasmo é definido como uma
“dedicação ardente [...]” (Ferreira, 2004, p. 768) e relaciona-se também ao nível de
envolvimento do estudante com as atividades acadêmicas. Podemos afirmar que esse
envolvimento implicaria uma identificação positiva do estudante com seu curso e com os
conteúdos das disciplinas, considerados como algo valoroso para si. Quando isso ocorre, a
realização das diferentes atividades e as exigências diversas não são encaradas como “um
peso a ser carregado”, mas um desafio a ser vencido. É por isso que o pequeno texto salienta:
quando temos interesse, envolvemo-nos; mas, se temos entusiasmos, somos envolvidos.
A vontade e a perseverança são as duas últimas atitudes psicológicas citadas. A primeira é
colocada como uma determinação interior, ou seja, algo que vem de dentro do próprio sujeito.
Essa determinação nos motiva e nos impulsiona na busca daquilo que propusemos cumprir.
A segunda – a perseverança – é relacionada à resistência. Resistir às “intempéries” a fim de
cumprir com os objetivos almejados. Podemos dizer que uma encontra-se relacionada à outra,
e fica impossível pensar em perseverança se não há, no estudante, força de vontade.
Segundo Estanqueiro (199-), muitas vezes, o medo de fracassar, ou mesmo a antecipação
do fracasso, fazem com que muitos estudantes percam a força de vontade e a perseverança.
Nesse sentido, ele destaca que a autoconfiança é, também, uma atitude essencial para o
sucesso acadêmico, e a falta dela tem origem em vivências anteriores junto à família e à
escola (excesso de punição, por exemplo, por parte de pais e professores). Nas palavras do
autor: “Bloqueados pelo medo do fracasso, os estudantes sem autoconfiança antecipam o
fracasso. Vendo-se como incapazes, desistem ou deixam correr as coisas, à espera que
outros resolvam os seus problemas. Não acreditam que valha a pena o esforço.” (Estanqueiro,
199-, p. 17).
Uma recente e interessante reportagem do jornal espanhol El País (Miralles, 2014) destaca
uma lista com cinco “vícios mentais” que prejudicam a mudança de atitudes e de hábitos,
prejudicando a realização de coisas que desejamos. As preocupações e medos são
destacados nessa lista. Segundo a reportagem:
Buscando melhor entendimento, vamos fazer uma pausa para uma autorreflexão. Seguimos
adiante com os hábitos de estudo, fator importante para a manutenção de atitudes positivas
no longo prazo.
Reflexão importante!
Você, leitor, em algum momento já pensou sobre quais são suas atitudes em
relação ao estudo?
Quais crenças você construiu ao longo de sua vida acadêmica e que reforçam determinados
sentimentos e comportamentos em relação ao estudo na atualidade?
Acrescente a estas, o que levou a construção de tais crenças e atitudes para com o estudo.
O que considera que pode fazer para modificá-las?
disposição duradoura adquirida pela repetição frequente de um ato, uso, costume [...]”
(Ferreira, 2004, p. 1020). É algo que se faz, portanto, de forma natural, sem necessidade de
uma ordem mental. Não precisamos, por exemplo, dizer para nós mesmos “tenho de escovar
os dentes” ou “depois do almoço, tenho de escovar os dentes”; isso, se o hábito foi criado.
Diferentemente do instinto, o hábito é algo aprendido. Ao ser aprendido e internalizado,
predispõe-nos no engajamento de uma determinada ação. Conforme destacado por
Guerreiro, Frezatti e Casado (2006), apesar disso, o hábito não exclui a intencionalidade do
comportamento dos indivíduos, podendo ser criado e modificado.
É óbvio que inicialmente necessitaremos da ordem mental. Teremos de enviar para nós
mesmos a mensagem até que ela se torne parte do nosso repertório comportamental. Outro
aspecto importante de ressaltar em relação aos hábitos é que ele normalmente gera
dependência. Quando estamos acostumados a escovar os dentes e, por algum motivo, não o
fazemos, logo sentimos um desconforto. Se estamos acostumados a ler sublinhando o texto
com lápis ou caneta, quando não podemos fazer dessa forma, novamente o desconforto
aparece. Abaixo, traçamos uma lista de hábitos considerados eficazes para um estudo
também eficaz.
Gerenciar (planejar/organizar) de forma eficaz o tempo de estudo definindo
prioridades. Dessa forma, evita-se deixar coisas importantes para a última hora,
hábito (ou mau hábito) bastante comum mesmo entre os estudantes universitários e,
muitas vezes, daqueles que também já estão na pós-graduação. Para isso, é
necessário criar uma agenda de estudos, tendo como base o calendário acadêmico.
Agende, priorize, faça lista de tarefas e de estudos para o dia, para a semana e mês.
Conforme destaca o Guia de Estratégias para Estudar (1996), “a satisfação em "riscar"
uma tarefa executada pode gerar um sentimento de realização, até mesmo um
sentimento gratificante de missão cumprida!”
Ter horário e local de estudo. Busque descobrir períodos e locais que considera mais
adequado para estudar e priorize-os. Isso é importante, pois cada um tem os
momentos do dia (ou noite) em que são mais produtivos.
Fazer anotações (apontamentos) e tirar dúvidas durante as aulas. A falta de
anotações durante as aulas é um mau hábito também comum entre os estudantes
universitários. Essa ausência prejudica o entendimento da matéria e a revisão
posterior. A desatenção/dispersão, durante as aulas, não é incomum, muito pelo
contrário, tem sido queixa frequente entre os professores. O uso de tecnologias como
notebooks e tablets – pior ainda, de celulares – tem contribuído ainda mais para essa
desatenção. Mais do que simples desatenção, denota indiferença e falta de educação
para com quem ministra a aula. Revela comportamento imaturo e inadequado àquela
situação social. Por isso, use a tecnologia ao seu favor, para ter acesso a diferentes
fontes de pesquisa, para contatos e para a realização de trabalhos bem feitos (em
forma e conteúdo).
A dispersão é destacada na reportagem, antes mencionada, como um dos problemas
que dificultam a realização de tarefas e no alcance de nossos objetivos (um dos vícios
mentais, conforme denominado na reportagem). Segundo a matéria, entrar e sair de
uma mesma tarefa várias vezes é mais cansativo do que a realização da tarefa em si.
Se, por exemplo, estou estudando um texto e acessando ao mesmo tempo minhas
redes sociais (Whatsapp, Facebook...) ou estou envolvido com outras coisas, por
exemplo, com pessoas e problemas que ocorrem ao meu redor, cada retorno ao texto
exigirá de mim um esforço extra para reiterar-me do assunto. O resultado, claro, é a
“fatiga y bajo rendimiento, lo cual deriva en desmotivación y quizás abandono.”
(Miralles, 2014, p. 1). Em sala de aula, isso não é diferente, e, é óbvio que a
aprendizagem do conteúdo ficará prejudicada.
Sublinhar ideias importantes nos textos e fazer anotações durante a leitura. Esse
é também um hábito a ser reforçado. Sublinhar textos e fazer anotações auxilia na
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GUIA PARA ELABORAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS
Reflexão importante!
Suas atitudes e hábitos atuais, em relação ao estudo e à vida acadêmica, têm lhe
proporcionado mais sucessos ou decepções?
Caso as decepções tenham sido constantes, faça uma lista de decisões (hábitos a serem
criados) que lhe poderão auxiliar daqui para diante em sua vida acadêmica. “Tome as
rédeas”! Conforme destacou há décadas um estudioso do comportamento humano: Uma
pessoa é livre quando consegue efetivamente controlar sua própria vida (SKINNER,
1973).
A aprendizagem das atividades acadêmicas que serão descritas, nas páginas seguintes, será
muito mais prazerosa e eficaz na medida em que esta forma de pensar e agir estejam
realmente internalizados.
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GUIA PARA ELABORAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva
(INCA). Serviço de Edição e Informação Técnico-Cientíca/CEDC. Plágio acadêmico:
conhecer para combater. 2012. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/plagio_academico.pdf. Acesso em: 22 nov.
2012.
DEMO, P. Pesquisa: princípio científico educativo. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
ESTANQUEIRO, A. Aprender a estudar: um guia para sucesso na escola. 7. ed. [S. l]: [s.
n.]: Scribd, [199-]. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/281040/aprender-a-estudar-
antonio-estanqueiro. Acesso em: 16 set. 2012.
MORGAN, C. T.; DEESE, J. Como estudiar. Madrid: Editorial Magisterio Español, 1966.
SENNETT, Richard. O artífice. Tradução: Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Record, 2009.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
1 INTRODUÇÃO
Segundo Paiva (2010), na metade do século XX, a Agricultura sofreu modificações que foram
resultantes do impacto tecnológico. O que era uma produção de autossuficiência passou a ser de
completa interdependência. Foram determinados então dois extremos: no primeiro, a agricultura de
mercado e, no outro, a agricultura tradicional. A agricultura comercial, de mercado, como assinalada
pela autora, pode ser definida como aquela que incorporou as tecnologias mais avançadas, adaptando-
se ao desenvolvimento econômico e urbano. A agricultura tradicional continuou baseando-se em
crenças e costumes familiares apresentando grande resistência em relação às mudanças e ao uso de
novas tecnologias. Essa resistência pode ser interpretada como um obstáculo ao desenvolvimento e à
modernização do setor agrícola, pois além de retardar o avanço econômico do país, pode impactar em
perdas produtivas/econômicas significativas ao próprio produtor. Isso porque, em geral, ele não
consegue realizar um gerenciamento de qualidade na produção, impossibilitando-o de lidar mais
eficazmente com os fatores naturais bem como garantir a estabilidade em relação aos seus ganhos.
A esse respeito, os contratos de integração vertical surgiram como alternativa de solução na
medida em que são responsáveis por relacionar e ligar os setores produtivos primário, industrial e
comercial (PAIVA, 2010). Essa integração vem sendo apontada como uma das características
estruturais mais importantes dos mercados agropecuários (BEN-KAABIA; GIL, AMEUR, 2005) e a
principal motivação para essa integração está associada à redução de riscos e do custo de transação
entre os agentes (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, 2002),
beneficiando tanto produtores quanto às agroindústrias, por exemplo. Os contratos de integração
mantêm a relação entre os diversos segmentos de uma cadeia de produção, desde a transformação
até a distribuição, porém, com a coordenação de um polo chamado de “integrador”. Esse instrumento,
quando aplicado ao agronegócio, gera obrigações entre todas as partes envolvidas e em todas as suas
fases (PAIVA, 2010).
Por outro lado, alguns aspectos chamam a atenção na medida em que a implantação de tal
modelo modifica as relações de trabalho existentes. Não somente as relações de trabalho são afetadas,
mas tem impacto importante sobre os processos de trabalho e sobre as condições de trabalho que, por
sua vez, impactam sobre os trabalhadores em termos de saúde e bem-estar. Estudos têm
demonstrado, por exemplo, como o processo de integração em determinados setores modificaram
fortemente a atividade de trabalho de proprietários e trabalhadores rurais. O estudo de Schlindwein
(2010) abarca a atividade de cultivo de fumo e dá exemplos de como o processo de integração no setor
afetou a vida de agricultores familiares e trabalhadores rurais do Rio Grande do Sul. Houve uma
intensificação do trabalho juntamente com a extensão da jornada, trazendo prejuízos graves aos
trabalhadores e agricultores familiares, favorecendo os acidentes no trabalho. As críticas remetidas à
forma de integração no setor fumageiro têm sido constantes e vem sendo apontada por alguns como
perversa, caracterizando-se mais como um processo de servidão (ALMEIDA, 200-). Isso ocorre na
medida em que em muitos contextos os produtores familiares acabam mantendo uma relação de
subordinação à produção com quase nenhuma capacidade de influência sobre o conjunto da produção
(NAVARRO, 1978).
Constata-se que tal modelo é coerente com os processos de reestruturação produtiva que
ocorreu em diferentes setores econômicos nas últimas décadas. Reforçada por políticas de cunho
neoliberais, a racionalidade econômico-produtiva prevaleceu sobre os elementos de bem-estar social.
Conforme pode ser percebido ao longo desta exposição, no setor agropecuário, essa lógica também
prevalece. Ferreira e Mendes (2003) destacam que só mais recentemente os impactos dessa
reestruturação começaram a ser investigados no que se refere à saúde e bem-estar dos trabalhadores.
Contudo, os autores se referiam aos diversos estudos que abarcam contextos produtivos
industriais/urbanos, sendo, por isso, de grande relevância a compreensão destes impactos também
nos contextos de trabalho rural e agroindustrial.
2 Artigo da autora juntamente com sua aluna Patrícia Siqueira de Lima e seu colega Marlon Vinícius
Brisola, submetido para avaliação.
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GUIA PARA ELABORAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS
Em função disso, neste trabalho, buscou-se identificar, por meio de uma pesquisa bibliográfica,
a existência de estudos que fornecessem pistas sobre esses impactos. A pergunta que norteou a
pesquisa pode ser assim descrita: Houve mudanças em termos de modos de produção – nas condições
e na organização do trabalho – que por sua vez impactaram na saúde e bem-estar de
trabalhadores/produtores familiares a partir da integração com a agroindústria?
Espera-se que as “descobertas” apresentadas neste trabalho possam de alguma forma despertar
debates e mobilizações entre pesquisadores interessados na gestão dos agronegócios, bem como
entre os profissionais de saúde e demais especialistas que se preocupam com o trabalho desenvolvido
no contexto rural e agroindustrial. Para sua realização, inicialmente buscou-se conceituar a integração
vertical e entender os motivos de sua expansão nos agronegócios. Em seguida, fez-se uma
caracterização do setor avícola; posteriormente, foram apresentados os conceitos de condições de
trabalho, de organização do trabalho e de saúde e bem-estar no trabalho. Finalmente, para o alcance
dos objetivos aqui definidos, foi realizada uma análise dos impactos do processo de integração vertical
sobre o trabalho e sobre o trabalhador a partir da revisão de literatura feita sobre a temática.
NOME DO ALUNO
Local
Ano
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