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Homem Melo Marques S

Review Article/Artigo de Revisão

Cell-free fetal DNA in the maternal blood and non-invasive


prenatal diagnosis - a reality
ADN fetal livre no sangue materno e diagnóstico pré-natal
não invasivo – uma realidade
Sara Homem Melo Marques*
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Abstract

In the current health programs, prenatal diagnosis involves the analysis of fetal biologic material collected by
invasive methods. To eliminate the risk of miscarriage associated with these invasive procedures, various non-
invasive prenatal diagnosis (NIPD) techniques are being developed. The presence of cell-free fetal DNA in the
plasma of pregnant women was identified in 1997 and its applications in clinical practice have been growing
ever since. This work summarizes the current clinical applications of cellfree fetal DNA analysis, namely for
fetal sex and Rhesus D status determination, detection of fetal aneuploidies and monogenic diseases. The future
role of current invasive methods is also discussed. NIPD is a rapidly expanding area which already has several
clinical applications. However, the technical resources needed to perform NIPD still limit the activity of many
centers and several ethical problems need to be addressed before its worldwide application. Although NIPD is
already an accepted method for prenatal diagnosis it is unlikely that invasive methods will be totally replaced
in the near future.

Keywords: non-invasive prenatal diagnosis; prenatal diagnosis; cell-free fetal DNA

Introdução aumentar progressivamente nos últimos anos e constitui


a indicação mais frequente para a realização destes testes
As atuais técnicas de diagnóstico pré-natal (DPN) de de diagnóstico (61,3% dos casos em Portugal, por ocasião
doenças genéticas baseiam-se na análise de material bio- da última estatística publicada – 2009)2. No entanto, mui-
lógico fetal colhido diretamente do útero por amniocen- tas mulheres continuam a optar por não ser submetidas a
tese, biópsia das vilosidades coriónicas (BVC) ou cordo- estas técnicas por terem medo de perder o filho ou pelo
centese. Estes procedimentos são invasivos e, para o caso desconforto físico e psicológico que delas resulta3. Por
da amniocentese e da BVC, acarretam um risco de abor- forma a reduzir estes problemas, há já várias décadas que
tamento de cerca de 0,5-1%1, o qual apesar de reduzido, se procuram desenvolver métodos não invasivos de DPN.
é significativo. A idade média das grávidas tem vindo a A descoberta de células fetais em circulação na mãe, há
cerca de 30 anos4, suscitou grande interesse, pois aparente-
mente estas constituiriam um ótimo substrato para análise
* Aluna do 6º Ano do Mestrado Integrado em Medicina da totalidade do genoma fetal. Contudo, a escassez destas

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células – 1 célula fetal por cada 107 células maternas5 –, nadas15. Verificou-se ainda que, em casos de patologia da
a verificação de que podiam permanecer na circulação placenta, como a pré-eclâmpsia, a quantidade de ADN fetal
materna durante vários anos após a gravidez5 (podendo-se livre está significativamente aumentada15.
confundir com as de outras gravidezes) e a complexidade A concentração de ADN fetal livre na circulação ma-
técnica em selecionar de forma inequívoca as células fe- terna decresce rapidamente após a dequitadura, apresen-
tais, dificultou o desenvolvimento de técnicas para a sua tando uma semivida de 16 a 30 minutos16 e desaparece na
aplicação no DPN. Em 1997, foi confirmada a presença de totalidade até às duas semanas do pós-parto17. Este aspeto
ADN fetal livre na circulação materna6, o que veio revolu- faz com que este seja um bom substrato para o DPN não
cionar o futuro do DPN não invasivo. Desde então, muitos invasivo, ao contrário das células fetais que podem persis-
progressos têm sido feitos nesta área e atualmente o ADN tir durante anos na circulação da mãe.
fetal livre já é utilizado como uma ferramenta no DPN. A distinção entre os fragmentos livres de ADN fetal e
Os objetivos deste trabalho são descrever as atuais materno constituiu o primeiro grande desafio para o de-
aplicações do ADN fetal livre no DPN não invasivo e senvolvimento de técnicas de DPN não invasivo. Como
discutir as perspetivas relativamente ao futuro dos atuais metade do genótipo fetal é de origem materna, as primei-
métodos de DPN. ras aplicações do ADN fetal livre no DPN não invasivo
limitaram-se apenas à identificação de genes ou alelos que
MÉTODOS pudessem estar presentes no feto, mas nunca na mãe, tal
como sequências do cromossoma Y, ou o gene RHD fetal
Foi feita uma pesquisa na PubMed utilizando as palavras- em grávidas Rhesus D (RhD) negativas. Nestes casos, a
chave “non-invasive prenatal diagnosis”, “noninvasive presença dos genes em questão confirma a sua origem fetal.
prenatal diagnosis” e “cell-free fetal DNA”. Após leitura Mais recentemente, o desenvolvimento das técnicas
dos resumos, pela sua relevância, foram selecionados 72 de contagem molecular recorrendo a equipamentos de se-
artigos publicados entre Agosto de 1997 e Novembro de quenciação massiva passou a permitir analisar quantitati-
2011. Foram ainda pesquisadas as listas de referências dos vamente a totalidade do ADN livre em circulação, abrindo
artigos selecionados. No total foram analisadas integral- portas ao DPN não invasivo das mais variadas patologias
mente 102 publicações. monogénicas e aneuploidias.
Todos os testes têm, contudo, limitações. Resultados
ADN FETAL LIVRE E SUA DETEÇÃO NO falsos negativos podem surgir por ausência de ADN fetal
SANGUE MATERNO na amostra analisada18. Por forma a evitar os resultados
falsos negativos foram desenvolvidos controlos internos
O ADN livre está presente na circulação de todas as pes- para confirmar a presença de ADN fetal nas amostras. Para
soas. Trata-se de ADN fragmentado que é libertado para a isso podem ser aproveitadas as diferenças epigenéticas en-
circulação a partir das células quando ocorre apoptose7, 8. tre genes placentares e maternos, em especial a metilação
Em indivíduos saudáveis, a maior parte do ADN livre tem diferencial19. Por exemplo, a região promotora do gene
origem na medula óssea7, mas a sua quantidade aumenta supressor tumoral RASSF1A está hipermetilada no tecido
em situações de lesão tecidular e maior renovação celular, placentário (de onde se origina o ADN fetal livre) e hipo-
como o cancro ou após um enfarte do miocárdio7. metilada nas células sanguíneas maternas20. O RASSF1A
Em mulheres grávidas, além dos fragmentos de ADN metilado é por isso um marcador universal do ADN fetal20
materno, que têm um tamanho maior que 500 pares de ba- e a sua presença na amostra de sangue materno a analisar
ses, existem em circulação nucleossomas com sequências indica com segurança a presença de ADN fetal livre.
de ADN com menos de 300 pares de bases que pertencem Resultados falsos positivos podem surgir por contami-
ao feto9, 10. A percentagem de ADN fetal em circulação na nação na colheita ou no laboratório, gravidez gemelar ou
mãe varia entre 5 e 10% da totalidade de ADN livre11, 12, mosaicismo placentar18. Para diminuir a probabilidade de
sendo mais elevada no primeiro e terceiro trimestres da contaminação é necessário adotar medidas rígidas de con-
gravidez13. Este ADN fetal livre é muito provavelmente trolo de qualidade em todos os passos, desde a colheita das
originário do trofoblasto e da placenta, pois a sua presença amostras de sangue materno, ao seu processamento e aná-
na circulação materna pode ser detetada desde os 35 dias lise21 (por exemplo, para evitar a contaminação com ma-
pós-conceção14, isto é, antes do estabelecimento da circu- terial genético masculino, há laboratórios onde apenas as
lação materno-fetal, assim como em gestações anembrio- mulheres podem manusear as amostras destinadas à iden-

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tificação do sexo fetal). Numa gravidez gemelar, irá existir xametasona antes das nove semanas às mães portadoras
ADN livre proveniente de ambos os fetos em circulação na de um feto feminino, impede a virilização fetal. A deter-
mãe. Neste caso, se determinada característica for identifi- minação do sexo genético é também essencial quando as
cada através do DPN não invasivo, não será possível saber ecografias pré-natais mostram genitais externos ambíguos.
qual dos fetos é afetado. Além disso, mesmo numa gra-
videz única, se o teste for realizado precocemente, a pre- 2. Determinação do Genótipo RHD fetal
sença de sacos gestacionais adicionais deve ser excluída A PCR em tempo real também pode ser utilizada para ampli-
por ecografia – possibilidade de morte e reabsorção de um ficar sequências do gene RHD em grávidas RhD negativas,
dos embriões (síndrome de “vanishing twin”)18, 21. Dado fazendo já parte da prática clínica em muitos centros, com
o ADN fetal livre ser de origem placentar, a presença de sensibilidades de 94%-99,5% e especificidades de 99,5%-
mosaicismo confinado à placenta poderá confundir os re- 99,8%27 a partir do segundo trimestre de gestação27, 28. A
sultados do DPN não invasivo, não refletindo a verdadeira presença de porções deste gene em circulação na mãe RhD
condição do feto22. negativa indica que o feto é RhD positivo e poderá estar em
risco de doença hemolítica fetal, caso a mãe tenha sido pre-
PRINCIPAIS APLICAÇÕES viamente sensibilizada. Se o feto for RhD negativo, não são
necessários mais testes ou precauções específicas. Foram re-
1. Determinação do Sexo Fetal portados alguns falsos positivos devido à presença de pseu-
A determinação por DPN não invasivo do sexo fetal pode dogenes amplificados como sequências RhD sem que se ve-
fazer-se a partir da sétima semana de gestação23 por pes- rificasse a produção da proteína, especialmente em mulheres
quisa de sequências específicas do cromossoma Y no plas- africanas. Os atuais protocolos de PCR já têm em conta
ma materno – geralmente os genes SRY e DYS1424. A re- esta possibilidade e a região do genoma correspondente ao
ação de polimerase em cadeia (PCR) em tempo real é a pseudogene não é amplificada16.
técnica mais eficaz e fiável para amplificar estes genes23. Relativamente à ocorrência de falsos negativos (isto é,
A deteção das sequências de ADN do cromossoma Y no casos de fetos RhD positivos não detetados através do estu-
plasma materno indica a presença de um feto masculino do do sangue materno), tais falhas podem ser atribuídas aos
e a sua ausência implica a presença de um feto feminino. mecanismos acima referidos (secção “ADN fetal livre e sua
A determinação do sexo fetal por DPN não invasivo deteção no sangue materno”).
já é aplicada por rotina em muitos centros23, com bons re- No entanto, o reconhecimento de que tais falsos
sultados: sensibilidade de 95.4% (intervalo de confiança negativos poderiam ter consequências clínicas graves
[IC] a 95%, 94.7%-96.1%) e especificidade de 98.6% (IC a (isoimunização e doença hemolítica futura), tem levado os
95%, 98.1%-99.0%)23. centros que oferecem tais diagnósticos a adotarem sistema-
Um estudo realizado em Inglaterra25 demonstrou que, ticamente controlos internos que asseguram a presença de
para a determinação do sexo fetal, quando comparados ADN fetal na amostra estudada (gene SRY, no caso de fetos
com os atuais métodos invasivos, os testes de DPN não do sexo masculino, ou o RASSF1A metilado, independen-
invasivo não acarretam custos adicionais, apresentando temente do sexo), com que praticamente desapareceram os
ainda a vantagem de não expor muitas mulheres aos riscos falsos negativos.
dos primeiros. Os métodos de DPN invasivo são eficazes na determi-
A determinação ecográfica do sexo fetal também não é nação do genótipo RHD fetal. No entanto, podem aumen-
invasiva, mas esta técnica só permite ter precisão a partir tar a sensibilização da mãe para o RhD devido ao risco de
das 12 semanas de gestação26 e não é eficaz quando os ge- hemorragia feto-materna29.
nitais externos são ambíguos. A administração sistemática da imunoglobulina anti-D a
A identificação precoce do sexo fetal é importante todas as grávidas RhD negativas quando o progenitor mascu-
em doenças ligadas ao cromossoma X e na hiperplasia lino é RhD positivo veio diminuir significativamente a taxa de
suprarrenal congénita. Nas doenças ligadas ao cromosso- isoimunização e a doença hemolítica. Foi estimado que na po-
ma X, como a hemofilia e a distrofia muscular de Duchen- pulação caucasiana, 40% das mulheres RhD negativas rece-
ne, a identificação de um feto do sexo feminino elimina bem esta profilaxia desnecessariamente18. É conveniente que
a necessidade de a mulher ser submetida desnecessaria- a imunoglobulina anti-D seja administrada criteriosamente,
mente a um teste de diagnóstico invasivo. Nos casos de não só pelo seu custo, mas também porque é proveniente do
hiperplasia suprarrenal congénita, a administração de de- sangue de dadores e por isso constitui uma possível fonte de

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infeções30. A determinação do genótipo RHD fetal por DPN de confirmação por um teste invasivo37. Para uma aplicação
não invasivo apresenta-se, neste contexto, vantajosa. generalizada destes testes são, pois, ainda necessários mais es-
tudos em populações de baixo risco. Ainda assim, a oferta do
3. Aneuploidia teste por MPS às grávidas de alto risco para trissomia 21 (com
O risco de aneuploidias, em especial da trissomia 21, é a base no rastreio ecográfico e/ou bioquímico) pode reduzir em
maior indicação para DPN e representa um maior desafio 98% o número de procedimentos de DPN invasivo realiza-
para o DPN não invasivo. Nestes casos é necessário quanti- dos33 e reduzir consideravelmente os gastos pelo sistema de
ficar o ADN proveniente de um cromossoma específico. Na saúde36. Sublinhe-se, no entanto, que estes pressupostos de
prática, é possível identificar single nucleotide polymorphis- natureza económica se baseiam no sistema de saúde dos Esta-
ms (SNPs) originários do cromossoma em causa e calcular dos Unidos da América, não sendo diretamente extrapoláveis
a razão entre os alelos maternos e paternos, o que permite para outras realidades, em que os custos direta e indiretamente
determinar o número de cromossomas fetais presentes19, 31. associados aos testes invasivos podem ser muito inferiores.
Contudo, isto só é válido em fetos heterozigóticos para os Em todo o caso, é previsível que o custo de um DPN não in-
polimorfismos a analisar e exige a separação entre ADN fe- vasivo de trissomia 21 por MPS (disponibilizado pela Seque-
tal livre e ADN materno livre19, 31, o que é difícil, dada a nom por 1933 dólares americanos, à data da elaboração deste
baixa percentagem de ADN fetal livre. manuscrito) venha a diminuir rápida e significativamente,
Em casos de trissomias fetais, a quantidade total de ADN graças aos desenvolvimentos tecnológicos que se traduzirão
livre (materno e fetal) proveniente do cromossoma em ex- inevitavelmente em equipamentos mais baratos.
cesso será maior do que em situações normais. Tendo em As duas aneuploidias autossómicas mais frequentes de-
conta que o ADN fetal livre constitui cerca de 10% de todo o pois da trissomia 21 são as trissomias 18 e 13. No entanto,
ADN livre11, 12, se se analisarem 100 genomas no ADN livre foi constatado que, através da MPS, é difícil medir a quan-
proveniente de uma gravidez euplóide, encontraremos 200 tidade de sequências provenientes de cromossomas com
cópias do cromossoma 21, 20 das quais de origem fetal31. conteúdo muito elevado ou muito reduzido de GC, como é
No caso de um feto com trissomia 21, a mesma análise re- o caso dos cromossomas 18 e 1319, 38. Por isso, para estas
velaria a existência de 210 cópias do cromossoma 21, sendo duas aneuploidias é ainda necessário desenvolver protoco-
30 de origem fetal31. As técnicas de quantificação molecular los fiáveis19, 33, 38.
mais comummente utilizadas, não têm capacidade de discri- Um grupo obteve resultados encorajadores recorrendo a
minar este pequeno aumento (cerca de 5%) de sinal do cro- uma técnica de enriquecimento em ADN fetal livre através
mossoma em excesso31. A Massively Parallel Sequencing da identificação de regiões diferencialmente hipermetiladas
(MPS) é uma tecnologia que sequencia milhões de molécu- no ADN do cromossoma 21 fetal em comparação com o
las de ADN de cada vez e identifica a origem cromossómica materno, recorrendo à imunoprecipitação de ADN metilado
de cada uma delas, permitindo determinar a proporção de (MeDiP)39, 40. Utilizando a MeDiP em combinação com a
moléculas originárias de cada cromossoma32. A análise da quantificação por PCR em tempo real, foi possível identifi-
totalidade do ADN livre em grávidas (materno e fetal) por car corretamente 14 casos de trissomia 21 e 26 casos normais
MPS é capaz de detetar as pequenas alterações de sinal de em 40 gestações entre as 11 e as 14 semanas, obtendo 100%
um cromossoma em caso de aneuploidia32. Esta técnica ul- de sensibilidade e especificidade40. As técnicas da MeDiP e
trapassa os problemas descritos anteriormente e tem vindo a da PCR em tempo real são, em princípio, acessíveis à maio-
tornar-se progressivamente mais rápida e barata19. ria dos laboratórios, sendo significativamente menos dispen-
Em 2011 surgiram quatro estudos33-36 que validaram a diosas do que a MPS e poderão vir a ser utilizadas no DPN
MPS para a identificação de trissomia 21 num grande nú- não invasivo de outras aneuploidias para além da trissomia
mero de grávidas de alto risco (selecionadas após métodos 2140. No entanto, são necessários estudos em grande escala
clássicos de rastreio de aneuploidias) – sensibilidade e espe- antes da introdução desta estratégia na prática clínica.
cificidade de 99% (IC a 95%, 98.2%-99.8%)36.
Em outubro de 2011, passou a estar disponível um tes- 4. Doenças Monogénicas
te não invasivo para deteção pré-natal de trissomia 21 – ver Inúmeras doenças causadas por mutações num único gene
http://www.sequenomcmm.com/. Segundo a Sociedade afetam cerca de 3,6 em cada 1000 nados vivos18. Atualmen-
Internacional de Diagnóstico Pré-natal (ISPD), este teste não te, o rastreio das doenças monogénicas mais comuns faz
pode ainda ser considerado totalmente diagnóstico, sendo parte dos planos de saúde das grávidas. Às famílias com his-
classificado como um teste de rastreio avançado que necessita tória de doenças monogénicas raras é oferecida a análise da

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porção relevante do genoma fetal após colheita de material A genotipagem não invasiva do RHD fetal pode ser reali-
fetal por métodos invasivos. zada no Hospital de São João – Porto e nos Hospitais da
O DPN não invasivo de doenças autossómicas domi- Universidade de Coimbra.
nantes transmitidas pelo pai é simples, pois, quando os Os laboratórios acima referidos pretendem dar continui-
alelos mutantes não estão presentes no genoma materno, dade aos métodos de DPN não invasivo e esperam em breve
só serão detetados na circulação materna se o feto os tiver poder vir a diagnosticar de forma não invasiva outras pato-
herdado41, 42. Do mesmo modo, a ausência dos alelos pater- logias. O Serviço de Genética da Faculdade de Medicina de
nos mutantes em circulação na mãe exclui a sua transmissão Coimbra tem como plano iniciar também o DPN não invasi-
ao feto43-45. Estas estratégias não são eficazes na deteção de vo e o Departamento de Genética da Faculdade de Medicina
mutações autossómicas dominantes herdadas da mãe, nem da Universidade do Porto tem projetos de investigação em
na deteção de homozigotia para mutações autossómicas re- curso nesta área.
cessivas para as quais os progenitores são heterozigóticos.
Para ultrapassar as limitações referidas, para os casos em QUESTÕES ÉTICAS
que a mãe é heterozigótica para uma determinada mutação,
foi desenvolvida uma tecnologia que não requer a separação É inquestionável que o DPN não invasivo poderá permitir o
entre ADN materno e fetal livres, denominada digital relati- diagnóstico precoce, seguro e célere de muitas das doenças
ve mutation dosage (RMD)46, 47. Esta técnica consiste na adi- genéticas48. Contudo, antes da implementação generalizada
ção de duas sondas – uma correspondente à mutação e outra destes testes, é necessário considerar que o acesso ao geno-
à sequência normal – ao plasma materno e a sua análise por ma fetal levanta questões éticas relevantes, nomeadamente
PCR digital, o que permite comparar a quantidade relativa possíveis aplicações não médicas.
de sequências mutantes e não-mutantes em cada amostra. Se O DPN não invasivo para determinação do sexo fetal já
o feto for heterozigótico como a mãe, é de esperar um equi- está disponível em vários centros. Existem razões médicas
líbrio entre as quantidades de alelo mutante e não mutante. que justificam a determinação precoce do sexo fetal. No
Por outro lado, um excesso de representação do alelo mutan- entanto, pelas mais diversas razões pessoais, sociais e cul-
te indica a sua presença no genótipo fetal (feto homozigótico turais, um casal pode querer escolher o sexo do filho22, 49,
para a mutação). De forma análoga, a sub-representação do levando-o a abortar caso o resultado do teste de diagnóstico
alelo mutante sugere a presença de um feto homozigótico não seja o desejado. Na China, por exemplo, em 2005, o
para o alelo não mutante. número de rapazes com menos de 20 anos excedia em 25
A conjugação da técnica RMD com as técnicas de identi- milhões o número de raparigas50. Em Portugal, a interrup-
ficação de sequências paternas permite conhecer o genótipo ção voluntária da gravidez é permitida até às 10 semanas e
fetal em qualquer situação, possibilitando o DPN não inva- o DPN não invasivo para determinação do sexo fetal pode
sivo de um grande número de doenças monogénicas19. No ser realizado depois das sete, criando-se assim uma janela de
entanto, são necessários estudos de grandes séries para que oportunidade para a seleção do sexo fetal.
se possa proceder à sua validação. Embora ainda não seja possível, é de prever que o DPN
não invasivo venha a permitir antecipar se um feto terá de-
DPN NÃO INVASIVO EM PORTUGAL terminada característica física ou predisposição para algu-
mas doenças, como Diabetes Mellitus ou cancro22. Estas
Em 2009, foram realizados em Portugal 10515 exames in- possíveis aplicações levantam questões quanto à proteção
vasivos de DPN, dos quais resultaram 31 abortamentos de dos dados obtidos, à propriedade da informação e a quem
fetos potencialmente saudáveis2. poderá ter acesso a ela22, 51.
De acordo com os dados apresentados na Reunião dos Um inquérito realizado a profissionais de saúde da área
Núcleos da Associação Portuguesa de Diagnóstico Pré- da Obstetrícia acerca do DPN não invasivo revelou que o ní-
Natal, a 3 de dezembro de 2011 (Castedo S: Diagnóstico vel de conhecimentos acerca do ADN fetal livre era baixo e
pré-natal não invasivo em Portugal – que futuro?), existem que a atitude perante a possibilidade de os métodos de DPN
em Portugal três centros privados de genética – GDPN – não invasivo virem a ser implementados era de incerteza52.
Genética Médica e Diagnóstico Pré-Natal, CGC – Centro Um outro grupo realizou um questionário a grávidas
Genética Clínica e Grupo Joaquim Chaves – com alguma acerca da possibilidade de serem submetidas a técnicas
experiência em DPN não invasivo baseado no estudo do de DPN não invasivo53, concluindo que a maior parte das
ADN fetal livre, sobretudo na determinação do sexo fetal. mulheres apresentava interesse nestes procedimentos sobre-

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tudo pela maior segurança para o feto, mas cerca de 25% não nosticados com confiança de forma não invasiva.
tinham qualquer opinião sobre o tema.
À semelhança do que se passa com o DPN invasivo, AGRADECIMENTOS
qualquer casal que pretenda esta nova forma de DPN deverá
ser informado do interesse e limitações das técnicas dispo- Este trabalho representa a dissertação da tese de Mestrado da auto-
níveis, em sessões de aconselhamento genético e deverá ser ra, realizada sob orientação do Prof. Dr. Sérgio Castedo, a quem se
obtido o seu consentimento informado3. agradecem as correções e sugestões.
Por tudo isto, é necessário que antes da introdução ge-
neralizada do DPN não invasivo, os profissionais de saúde BIBLIOGRAFIA
e o público em geral sejam devidamente esclarecidos acerca 1. Alfirevic Z, Sundberg K, Brigham S. Amniocentesis and chorionic
destes procedimentos e quais as suas implicações, no sentido villus sampling for prenatal diagnosis. Cochrane Database Syst
de obter um consenso quanto às indicações que realmente Rev2003(3):CD003252.
2. Divisão de saúde reprodutiva DGS. Diagnóstico Pré-Natal - Relatório
justificam o DPN não invasivo e normas que regulamentem de actividades realizadas nos serviços de saúde em 2009. 2010.
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perceptions. Semin Fetal Neonatal Med2008 Apr;13(2):109-12.
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maternal blood circulation: implications for first and second trimester
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é uma realidade, pois para a determinação do sexo fetal e Wainscoat JS. Presence of fetal DNA in maternal plasma and serum.
do genótipo RHD fetal é considerada má prática não ofere- Lancet1997 Aug 16;350(9076):485-7.
cer esta possibilidade às grávidas. Relativamente à trissomia 7. Urato AC, Peter I, Canick J, Lambert-Messerlian G, Pulkkinen A,
Knight G, Jeong YJ, Johnson KL, Bianchi DW. Smoking in pregnancy
21, os testes estão já à disposição no mercado e, por agora, is associated with increased total maternal serum cell-free DNA levels.
constituem sobretudo uma segunda linha de rastreio, isto é, Prenat Diagn2008 Mar;28(3):186-90.
estão reservados a grávidas nas quais foi detetado, por ras- 8. Stroun M, Maurice P, Vasioukhin V, Lyautey J, Lederrey C, Lefort F,
Rossier A, Chen XQ, Anker P. The origin and mechanism of circulating
treio pré-natal convencional (ecográfico e/ou bioquímico) DNA. Ann N Y Acad Sci2000 Apr;906:161-8.
um risco elevado de trissomia 21. É de prever que, com a sua 9. Li Y, Di Naro E, Vitucci A, Zimmermann B, Holzgreve W, Hahn
aplicação em grande escala, venha a ser confirmada a sua S. Detection of paternally inherited fetal point mutations for beta-
thalassemia using size-fractionated cell-free DNA in maternal plasma.
fiabilidade, o que, a par da provável redução dos custos dos JAMA2005 Feb 16;293(7):843-9.
equipamentos necessários, irá seguramente contribuir para 10. Fan HC, Blumenfeld YJ, Chitkara U, Hudgins L, Quake SR. Analysis
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a sua instituição como testes de diagnóstico. Para as pato- end sequencing. Clin Chem2010 Aug;56(8):1279-86.
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tificação segura das mutações de origem paterna, embora a Dennis Lo YM. Microfluidics digital PCR reveals a higher than
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deteção das restantes mutações ainda careça de validação. Oct;54(10):1664-72.
A questão que se impõe é se o DPN não invasivo virá a 12. Lo YM, Tein MS, Lau TK, Haines CJ, Leung TN, Poon PM, Wainscoat
substituir totalmente os atuais métodos invasivos. Quando JS, Johnson PJ, Chang AM, Hjelm NM. Quantitative analysis of fetal
DNA in maternal plasma and serum: implications for noninvasive
comparados, o DPN não invasivo atinge resultados sobrepo- prenatal diagnosis. Am J Hum Genet1998 Apr;62(4):768-75.
níveis aos do DPN invasivo, apresentando as vantagens de ser 13. Birch L, English CA, O’Donoghue K, Barigye O, Fisk NM, Keer JT.
mais seguro e poder ser realizado mais precocemente. Apesar Accurate and robust quantification of circulating fetal and total DNA
in maternal plasma from 5 to 41 weeks of gestation. Clin Chem2005
de os recursos técnicos necessários serem capazes de obter Feb;51(2):312-20.
resultados cada vez mais rápido e o seu preço estar a diminuir, 14. Illanes S, Denbow M, Kailasam C, Finning K, Soothill PW. Early
detection of cell-free fetal DNA in maternal plasma. Early Hum
são ainda estes os pontos que limitam a sua aplicabilidade.
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O número de amniocenteses e BVC poderá vir a dimi- 15. Alberry MS, Soothill PW. Non-invasive prenatal diagnosis:
nuir significativamente, mas não é de esperar que, num futu- implications for antenatal diagnosis and management of high-risk
pregnancies. Semin Fetal Neonatal Med2008 Apr;13(2):84-90.
ro próximo, se venham a abandonar por completo as técni- 16. Bianchi DW, Maron JL, Johnson KL. Insights into fetal and neonatal
cas invasivas. Embora seja uma área em rápida evolução, a development through analysis of cell-free RNA in body fluids. Early
verdade é que, em face dos conhecimentos atuais, só o sexo Hum Dev2010 Nov;86(11):747-52.
17. Hui L, Vaughan JI, Nelson M. Effect of labor on postpartum clearance
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