Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
sustentabilidade
em São Félix do Xingu-PA
Paulo Sérgio Ferreira Neto
Ruth Corrêa da Silva
Processo de construção
da sustentabilidade em
São Félix do Xingu-PA
Autores
Paulo Sérgio Ferreira Neto
Ruth Corrêa da Silva
CDD 363.70428115
Participantes do processo de
sistematização
IEB
Ruth Corrêa da Silva
Manuel Amaral
GRET
Philippe Sablayrolles
Adafax
Celma Gomes de Oliveira
MMA
Viviane Araújo Gonçalves
Nazaré Soares
TNC
Francisco Fonseca
Raimunda de Mello
Imaflora
Matheus Teixeira Pires do Couto
Emater
Antonio Oliveira da Silva
6
Ceplac Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira
CFR Casa Familiar Rural
Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental Triunfo do
CGAPATX Xingu
CNFP Cadastro Nacional de Florestas Públicas
Comam Conselho Municipal de Meio Ambiente de São Felix do Xingu
Conab Companhia Nacional de Abastecimento
Contag Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura
CPT Comissão Pastoral da Terra
Diap/Sema Diretoria de Áreas Protegidas da Sema
Emater Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Faepa Federação da Agricultura do Estado do Pará
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a
FAO Alimentação
Fetagri Federação dos Trabalhadores na Agricultura
Funai Fundação Nacional do Índio
Sistema de Posicionamento Global (do inglês Global Positioning
GPS System)
GRET Grupo de Pesquisa e Intercâmbios Tecnológicos
GIZ Cooperação Técnica Alemã
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Ibama Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Ideflor Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental
Idesp do Pará
IEB Instituto Internacional de Educação do Brasil
IFT Instituto Floresta Tropical
Imaflora Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola
7
Imazon Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
Incra Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
Ipam Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
Iterpa Instituto de Terras do Pará
LAR Licença Ambiental Rural
Mapa Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário
MMA Ministério do Meio Ambiente
MPF Ministério Público Federal
MPE Ministério Público Estadual
ONG Organização Não Governamental
PA Pará
PAA Programa de Aquisição de Alimentos
PDS Projeto de Desenvolvimento Sustentável
PMV Programa Municípios Verdes
Pnae Programa Nacional de Alimentação Escolar
PNF Programa Nacional de Florestas
Plano de Ação para a Prevenção e o Controle do Desmatamento
PPCDAm na Amazônia Legal
Procera Programa Especial de Crédito para Reforma Agrária
Prodes Programa de Cálculo de Desflorestamento da Amazônia
PSA Pagamento por Serviços Ambientais
Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação
REDD Florestal
Resex Reserva Extrativista
SAF Sistema Agroflorestal
Sagri-PA Secretaria Estadual de Agricultura do Pará
SDRS Secretaria de Desenvolvimento Rural Sustentável
Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Seduc Secretaria de Estado de Educação
8
Sema-PA Secretaria Estadual de Meio Ambiente
Secretaria Municipal de Agricultura de São Félix do
Semagri Xingu
Semma Secretaria Municipal de Meio Ambiente
SFB Serviço Florestal Brasileiro
SFX São Felix do Xingu
Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento
Simlam Ambiental
Sinima Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente
Snuc Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SPR Sindicato dos Produtores Rurais
STTR Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
TAC Termo de Ajustamento de Conduta
TNC The Nature Conservancy
UC Unidade de Conservação
UFPA Universidade Federal do Pará
Ufra Universidade Federal Rural da Amazônia
Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento
Usaid Internacional (do inglês United States Agency International
Development)
XAS Xingu Ambiente Sustentável
9
APRESENTAÇÃO
E
sta publicação relata a sistematização do processo de
construção da sustentabilidade no município de São Fé-
lix do Xingu, Pará. A história recente vivida no municí-
pio estimulou o Instituto Internacional de Educação do
Brasil (IEB) a resgatar as motivações e como diferentes
segmentos envolvidos com o município passaram a buscar um
futuro diferente da realidade existente na região. O processo de
desenvolvimento do município esteve historicamente baseado
na ilegalidade, na exclusão, na falta de governança e na ausên-
cia do Estado, provocando problemas socioeconômicos, o des-
matamento e, consequentemente, a perda da biodiversidade.
O resgate dessa história foi feito a partir da análise crítica
manifestada por representantes das instituições e organizações
locais e de lideranças comunitárias.
A sistematização teve como foco principal o processo de
construção da sustentabilidade no município a partir do mo-
mento em que o governo federal adotou medidas responsabi-
lizando os municípios pela redução do desmatamento ilegal.
Portanto, o marco político e definidor cronológico da história
aqui resgatada é o período 2007-2008, ou seja, quando o gover-
no federal incluiu São Félix do Xingu na lista dos municípios
amazônicos prioritários para ações de prevenção, monitora-
mento e controle do desmatamento ilegal.
10
Objetivo da
sistematização
Promover uma análise
sobre a construção da
sustentabilidade em São
Félix do Xingu a partir das
percepções e dos caminhos
trilhados pelas organizações
e instituições locais e
supralocais, com destaque
para o envolvimento
das organizações locais
representativas ou que atuam
com agricultores familiares.
11
METODOLOGIA
12
Conceito e
dinâmica
Desde a década de 1970
que instituições e pessoas de-
dicadas à educação popular
vêm trabalhando com a sis-
tematização de experiências
como produção coletiva de co-
nhecimento, desenvolvimento
de aprendizagens e incorpo-
ração à prática do produzido
e aprendido, o “que permite a
construção de sentido da ação
humana e sua reorientação”
(SOUZA, 1998).
13
A partir de 1993 a sistematiza-
Um dos protagonistas ção de práticas de Promoção e Edu-
desse movimento é cação Popular recebeu incentivo es-
Oscar Jara1, para quem: pecial do Conselho de Educação de
“A sistematização de Adultos da América Latina (Ceaal),
experiências pressupõe que passou a estruturar o Programa
como fundamento de Apoio à Sistematização.
a Concepção Na elaboração da sistema-
Metodológica Dialética, tização do processo em São Félix
que entende a realidade do Xingu, foi feito um esforço para
histórico-social como identificar o que influenciou para
uma totalidade, como que a história tivesse aquela tra-
processo histórico: a jetória, quais foram as principais
realidade é, ao mesmo atividades realizadas, os resultados
tempo, uma mutante obtidos, os desafios enfrentados e a
e contraditória porque serem superados e os aprendizados
é histórica, porque é das pessoas e instituições que par-
produto da atividade ticiparam dessa experiência.
transformadora, Para narrar esse processo e
criadora dos seres revelar a interpretação feita pelos
humanos”. diferentes atores envolvidos, fo-
ram entrevistados representantes
do governo municipal, estadual e
1
Holliday, Oscar Jara. Para sis- federal, de organizações locais (as-
tematizar experiências. Brasília: sociações comunitárias, sindicatos,
MMA, 2006. p.24 (Série Monito-
ramento & Avaliação, 2). cooperativas) e de Organizações
Não Governamentais (ONG).
14
Além das entrevistas individuais e coletivas, os docu-
mentos gerados pelas instituições e organizações também fo-
ram fonte de informação da sistematização.
O ordenamento e reconstrução da história vivida pelos
atores envolvidos na busca pela sustentabilidade em São Félix
do Xingu foram orientados pelos seguintes aspectos, principal-
mente na definição dos resultados obtidos:
Aspectos Orientadores
• a participação das organizações locais na construção da
sustentabilidade;
• a intervenção de organizações não governamentais supra-
locais nesse processo;
• a influência dos agentes governamentais intervindo sobre
o processo local; e
• a institucionalização da discussão da sustentabilidade pelas
organizações locais.
15
Etapas da sistematização
A sistematização foi realizada entre os meses de janeiro
e março de 2013, seguindo o cronograma de atividades abaixo.
16
do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
(STTR), da Cooperativa Alternativa dos Pequenos Pro-
dutores Rurais e Urbanos (Cappru), da Casa Familiar Ru-
ral (CFR) de São Félix do Xingu, da Comissão Pastoral da
Terra (CPT) e membros do Conselho Gestor da Área de
Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu;
• em Belém-PA, com: técnica da Sema-PA; gestor da APA
Triunfo do Xingu; coordenador do IEB Belém; Coorde-
nador de Produção Sustentável da TNC; Secretário do
Programa Municípios Verdes Pará;
• em Brasília, com: coordenadora do Projeto “Pacto Mu-
nicipal para a Redução do Desmatamento no Município
de São Félix do Xingu” da Secretaria de Desenvolvimento
Rural Sustentável (SDRS)/Ministério do Meio Ambiente
(MMA); consultora do Projeto do MMA; e
• por Skype, com: coordenador do Grupo de Pesquisa e
Intercâmbios Tecnológicos (GRET); técnico do Imaflora
responsável pelo projeto executado pela instituição em
São Félix do Xingu.
17
Apresentação das
informações
O texto da sistematização foi organizado em cinco blo-
cos: contexto, ações para a construção da sustentabilidade, re-
sultados, desafios e aprendizados.
O contexto contém dados sobre São Félix do Xingu, o
processo de ocupação da região e suas consequências e as ini-
ciativas mais recentes para conter o desmatamento.
Nas ações para a construção da sustentabilidade estão
descritas as principais atividades realizadas, abordando os se-
guintes aspectos: regularização ambiental, monitoramento do
desmatamento, pacto pela redução do desmatamento e o uso
sustentável – produção, mercado, certificação.
Rio Xingu
18
Os resultados foram estruturados considerando-se os
quatro aspectos previstos para a orientação da sistematiza-
ção: a participação das organizações locais na construção da
sustentabilidade; a intervenção de ONGs supralocais nesse
processo; a influência dos agentes governamentais intervindo
sobre o processo local; e a institucionalização da discussão da
sustentabilidade pelas organizações locais.
Os desafios foram agrupados nos seguintes aspectos:
condições para a produção sustentável, atuação do governo,
articulações institucionais, fortalecimento institucional.
E, ao final, os aprendizados refletem os conhecimentos
gerados com a experiência na perspectiva das pessoas que a
vivenciaram.
A seguir, e seguindo essa estrutura, é apresentado o re-
sultado da sistematização do processo de construção da sus-
tentabilidade em São Félix do Xingu.
19
CONTEXTO
20
O
município de São
Félix do Xingu, lo-
calizado ao sul do
Estado do Pará, possui uma
área territorial de 84.213
Km², que abriga 91.340 habi-
tantes, sendo 49,4% na zona
urbana e 50,6% no meio rural
(IBGE, 2010 a).
Sua estrutura fundiária
é bastante concentrada: apro-
ximadamente 17% dos esta-
belecimentos rurais conside-
rados não familiares detêm
em torno de 82,5 % da área
e mais de 80% dos estabele-
cimentos familiares ocupam
apenas 17,5% do total de ter-
ras. (IBGE, 2010 a).
21
A maior parte da área do município (aproximadamen-
te 78%) corresponde a assentamentos, que representam 5,47%
(4.608 km²), e a áreas protegidas, das quais 6,05% (5.097 km²)
são Unidades de Conservação (UC) de Proteção Integral,
13,28% (11.177 km²) são UCs de Uso Sustentável e 53,34%
(44.902 km²) são Terras Indígenas (TI) (Kayapó, Menkranoti-
re, Apyterewa, Arawete e Trincheira Bacajá).
A localização de São Félix do Xingu lhe confere uma po-
sição estratégica por representar uma zona de amortecimento
ao avanço do desmatamento vindo do sul do estado em direção
à denominada “Terra do Meio”, ou seja, às principais reservas
de floresta do Pará. Porém, também determina uma pressão
sobre os recursos naturais do município por estar em uma re-
gião de penetração e abertura para a exploração da Amazônia:
a frente Xingu-Iriri.
O município, que se emancipou em 1961, tem uma histó-
ria relativamente recente de colonização, baseada no avanço da
fronteira agrícola em substituição aos processos extrativistas
de reprodução socioeconômica (castanha, seringa/látex, jabo-
randi, ouro e cassiterita) que tiveram sua decadência acelerada
com a abertura de novas estradas (CASTRO et al., 2002).
Entre as décadas de 1970 e 1980, foram abertas estradas
para viabilizar a extração de minerais (cassiterita e ouro) e de
mogno, além de outras espécies florestais de valor econômico.
A construção da rodovia PA-150 proporcionou a ligação
do porto de Belém à rodovia Belém-Brasília, conectando a re-
gião de São Félix do Xingu com os mercados consumidores do
Sudeste do País. E a rodovia PA-279 ampliou o fluxo de pessoas
para o município, com a consequente abertura de novas terras
22
e estradas internas, que facilitaram a atividade madeireira e a
grilagem de terras (IEB, 2009).
No final da década de 1990 e início dos anos 2000, ini-
ciou-se um novo ciclo de atividades, desta vez de fazendeiros,
especuladores e pecuaristas que se apropriaram da terra utili-
zando a densa rede de estradas deixada pelas madeireiras, ace-
lerando a ocupação da região (ESCADA et al., 2005).
Atualmente, a economia do município está baseada na
pecuária extensiva, com a implantação de grandes fazendas de
gado de corte abertas por meio da grilagem e invasão de terras
públicas, definindo um dos maiores rebanhos bovinos do País:
2.110.172 cabeças de gado (IBGE, 2010 b).
O processo migratório e de ocupação da região teve
como consequência os altos níveis de desmatamento observa-
dos nos últimos anos, que colocou o município entre os líderes
do desmatamento nacional, com 17.129,9 Km² (20,3% de sua
área total) desmatados até 2011 (PRODES, 2011), sendo que
quase metade dessa área foi desflorestada em apenas nove anos
(2000 a 2009). Esses dados demonstram a relação direta en-
tre o aumento da velocidade do desmatamento nos anos 2000
e a pecuarização do município, cujo rebanho bovino cresceu
594,4% entre 1999 e 2010 segundo dados do IBGE (BARRETO
et al., 2008).
À medida que é ampliada a área de pastagem é reduzida
a área de plantio das lavouras temporárias, estabelecendo-se
uma relação de causa e efeito direta entre o avanço da pecuária
praticada por grandes, médios e pequenos proprietários e o de-
clínio na produção agrícola. Segundo dados do IBGE, entre os
anos 2000 e 2010 houve uma redução na área plantada de 98%
23
para o arroz, 96% para o feijão, 90% para a mandioca e 88%
para o milho (IBGE, 2010 b).
Além da pecuária extensiva praticada nas grandes
propriedades, a implantação de assentamentos do Institu-
to Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em
meados da década de 1990 contribuiu com os altos índices
de desmatamento em São Félix do Xingu. A distância da
sede municipal e a deficiência na infraestrutura e no apoio à
produção de alimentos levaram e têm levado famílias de as-
sentados a venderem a madeira e transformarem suas áreas
em pastagens, alimentando a cadeia da pecuária. Assenta-
dos, agricultores familiares e ribeirinhos geralmente ficam
subordinados aos grandes fazendeiros na manutenção de
estradas, na viabilização do transporte, no oferecimento de
trabalho, já que historicamente o estado esteve alheio ao de-
senvolvimento rural e ao controle e fiscalização dos recur-
sos naturais do município.
Com o objetivo de reduzir o avanço do desmatamento
sobre as florestas da Amazônia, o MMA, no âmbito do Plano
de Ação para a Prevenção e o Controle do Desmatamento na
Amazônia Legal (PPCDAm), em parceria com o Instituto Bra-
sileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) iniciaram, em 2004, uma série de ações de fiscalização
e inibição de atividades ilegais, que tiveram como efeito a que-
da nas taxas de desmatamento no bioma.
Na região de São Félix do Xingu, uma iniciativa para
conter o desmatamento foi a criação de um mosaico de UCs
entre 2004 e 2006, no âmbito do Programa Áreas Protegidas da
Amazônia (Arpa), pela implantação da APA Triunfo do Xingu,
24
do Parque Nacional da Serra do Pardo e da Estação Ecológica
da Terra do Meio.
Tanto as ações de fiscalização como a criação das UCs
abrandaram, mas não impediram o avanço do desmatamento
sobre as florestas de São Félix do Xingu e dos demais muni-
cípios amazônicos. Diante disso, nos anos de 2007 e 2008, o
governo federal lançou uma série de medidas para combater o
desmatamento. Entre elas o Decreto nº. 6.321/2007, que criou
a “lista dos municípios amazônicos prioritários para ações de
prevenção, monitoramento e controle do desmatamento ile-
gal” e que transferiu aos municípios a responsabilidade por
combater o desmatamento, restringiu o crédito a produtores
irregulares, responsabilizou toda a cadeia produtiva por des-
matamentos ilegais e tornou pública a lista dos municípios
considerados críticos. Por sua vez, o Ibama empreendeu, em
2008, a operação de fiscalização Arco de Fogo, com ações de
combate ao desmatamento ilegal nos municípios prioritários
(Municípios Verdes, 2012).
Como São Felix do Xingu constava na lista de municípios
desmatadores e estava na área de atuação da operação Arco de
Fogo, o município passou a ser alvo de atenção do governo e
teve que se adequar para cumprir metas que o retirasse da lista
e o liberasse das restrições impostas.
Em 2009, o Ministério Público Federal (MPF) e o Ibama
acionaram judicialmente pessoas e empresas pelo desmata-
mento no Pará. Um dos focos foram os frigoríficos, que tive-
ram que fazer adequações para que a cadeia produtiva da car-
ne reduzisse seu impacto sobre as florestas. Os frigoríficos que
atuavam no Estado do Pará assinaram Termos de Ajustamento
25
de Conduta (TAC) com o MPF nos quais se comprometeram a
cumprir determinações, entre elas, informar aos consumidores
a origem da carne, exigir dos fornecedores a moratória total
do desmatamento, o reflorestamento de áreas degradadas e o
licenciamento ambiental.
Em 2010, a Prefeitura Municipal de São Félix do Xin-
gu, perante o MPF, firmou um Termo de Compromisso com
o Estado do Pará, Federação da Agricultura do Estado do Pará
(Faepa) e Ibama, no qual se comprometeu a prorrogar o licen-
ciamento ambiental, manter o desmatamento controlado em
40 km² ao ano, realizar 80%2 do Cadastramento Ambiental Ru-
ral (CAR) e celebrar um pacto pelo controle do desmatamento
em conjunto com as organizações dos produtores e as organi-
zações sociais do município. Esse termo buscou promover a
qualidade socioambiental da atividade produtiva nos municí-
pios paraenses.
A atuação do governo federal em São Félix do Xingu in-
cluiu também a implementação da segunda fase do PPCDAm
– entre 2009 e 2011 –, na qual estava contemplada a criação de
2
Os 80% correspondem a 2.666.198 ha, tendo como referência o valor da área
total cadastrável do município, que é de 3.332.748 ha. Entende-se por área ca-
dastrável as propriedades que estão fora do domínio de Unidades de Conserva-
ção e Terras Indígenas.
26
mecanismos de atuação mais integrada com os estados e mu-
nicípios, apoiando a elaboração de planos estaduais de controle
do desmatamento, o estabelecimento de pactos municipais de
redução do desmatamento e o fortalecimento do diálogo e da
negociação com os atores econômicos para a redução de ativi-
dades produtivas associadas à destruição da cobertura florestal
(BRASIL, 2009).
Essa nova situação gerou para os diferentes setores en-
volvidos com o município a oportunidade de construir e im-
plementar ações que garantam o desenvolvimento futuro em
bases menos impactantes e mais sustentáveis.
27
AÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO
DA SUSTENTABILIDADE
28
O
fato de São Félix do
Xingu ter que cum-
prir metas de redução
nas taxas de desmatamento,
promoveu um movimento en-
volvendo ONGs, órgãos públi-
cos municipais, estaduais e fe-
derais e a sociedade civil local,
que se intensificou a partir de
2009, e que, inicialmente, ti-
nha como foco a adequação do
município às metas do governo
federal. Entretanto, ao longo
desses quatro anos, os debates
ganharam outra dimensão, e os
envolvidos passaram a elaborar
e implementar iniciativas na
perspectiva da promoção do
desenvolvimento de São Félix
com sustentabilidade, sendo
a redução do desmatamento
uma de suas consequências.
29
Embora o debate sobre a sustentabilidade em São Félix
do Xingu tenha ocorrido somente após sua inclusão na lista de
desmatadores do MMA, há aproximadamente 25 anos a reali-
dade vivida no município e principalmente a falta de inserção
de setores desassistidos aos processos de desenvolvimento já
eram motivos de preocupação do movimento social, que, por
meio da Igreja, discutia a necessidade da organização social
para superar os problemas provocados e enfrentados, princi-
palmente pela ausência do Estado.
A luta desse movimento definiu algumas conquistas es-
truturais, como a eletrificação rural, o crédito (Programa Es-
pecial de Crédito para Reforma Agrária - Procera), a abertura
de estradas e a chegada de órgãos públicos (Emater, Incra) ao
município; e organizativas, com a criação de dezenas de as-
sociações comunitárias, embora muitas tivessem como único
objetivo acessar fontes de crédito, que, por falta de alterna-
tivas, acabavam por promover ainda mais o desmatamen-
to. Porém, também formaram-se associações que visavam à
diversificação da produção, comercialização e reivindicação
por políticas de crédito e assistência técnica para as famílias,
como é o caso das associações do Km 21, Tancredo Neves
e Maguary, e da Cappru, criada em 1992, que iniciou suas
atividades comerciais com produtos agrícolas (farinha, arroz,
milho, frutos, hortaliças, entre outros) e, em 1998, ampliou
para a comercialização de cacau.
Também em 1992, as lideranças locais conseguiram se
apropriar do STR e passaram a se articular com instâncias es-
taduais (Federação dos Trabalhadores na Agricultura - Feta-
gri) e nacionais (Confederação Nacional dos Trabalhadores da
30
Agricultura - Contag) de re-
presentação dos trabalhadores
rurais e a reivindicar políticas
públicas que beneficiassem as
comunidades rurais de São Fé- Essa trajetória do
lix do Xingu. movimento social,
Em 2001, os Projetos apesar de todas
CPT Verde e Terra Verde, este as fragilidades
último apoiado pelo Grupo de organizativas e
Pesquisa e Intercâmbios Tec- das adversidades
nológicos (GRET), apoiaram contextuais e históricas,
a criação da CFR de São Fé- facilitou um processo
lix do Xingu, na perspectiva diferenciado em São
de uma educação adequada Félix do Xingu na busca
à realidade rural. Em 2004, pela sustentabilidade do
foi criada a Adafax, fruto de município, pois quando
uma articulação institucional agentes governamentais
envolvendo a Cappru, CPT e e ONGs supralocais
CFR de São Félix do Xingu, intensificaram suas
cujo objetivo foi promover a ações a partir de 2009,
fixação dos pequenos agricul- encontraram o início
tores em suas terras produ- de um caminho traçado
zindo de forma diversificada e pelas organizações
sustentável, bem como contri- locais.
buir para o estabelecimento de
bases estruturais, técnicas e de
concepção, para dinamizar e
consolidar a agricultura fami-
liar no Alto Xingu.
31
Esse caminho foi aproveitado por ONGs, como GRET,
TNC, IEB e Imaflora, que iniciaram a implantação de projetos em
São Félix do Xingu em parceria com instituições públicas e com
organizações locais da sociedade civil. Apesar de as parcerias di-
ferenciarem-se nas abordagens, fontes de financiamento e nos ob-
jetivos das iniciativas, essas organizações têm buscado a sensibili-
zação local para a importância do combate ao desmatamento e a
articulação de políticas públicas que gerem governança socioam-
biental no município. Além do Fundo Vale que financiou as três
organizações (TNC, IEB e Imaflora) para atuarem em São Félix do
Xingu, o IEB recebeu apoio financeiro da Comissão Europeia na
implementação do Projeto Fronteiras Florestais, e a TNC recebeu
apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-
cial (BNDES) e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvol-
vimento Internacional (Usaid).
32
A seguir são apresentadas as principais ações desenvol-
vidas em São Félix do Xingu sobre os seguintes aspectos: regu-
larização ambiental, monitoramento do desmatamento, pacto
pela redução do desmatamento e o uso sustentável – produção,
mercado, certificação.
Regularização ambiental
A partir de 2009 agentes governamentais, como o MMA,
e as secretarias estadual e municipal de meio ambiente passa-
ram a executar algumas ações de combate ao desmatamento no
município, priorizando a regularização ambiental a partir do ca-
dastramento das propriedades rurais no CAR3, que visa obter
dados sobre as propriedades rurais e, assim, tornar mais eficiente
o controle, monitoramento e licenciamento ambiental. Para isso,
foram estabelecidas parcerias com ONGs e organizações locais.
No início de 2009, com apoio de parceiros, a Prefeitura
Municipal iniciou debates sobre a necessidade de regularização
ambiental de São Félix do Xingu e a realização do CAR, com
a intenção de alcançar uma das metas exigidas para retirar o
município da lista dos que mais desmatam na Amazônia. Esse
3
Trata-se do georreferenciamento da propriedade rural e de áreas utilizadas
para plantio ou pastagem, remanescentes de vegetação nativa e áreas legalmen-
te destinadas à preservação ambiental (Área de Proteção Permanente - APP e
Área de Reserva Legal - ARL). Foi instituído em 2009, no âmbito do MMA,
como parte integrante do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambien-
te (Sinima), com a finalidade de integrar as informações federais referentes às
propriedades rurais com aquelas armazenadas nos sistemas estaduais.
33
diálogo gerou um Termo de Cooperação Técnica, firmado em
julho de 2009 entre a Sema-PA, Prefeitura Municipal de São
Félix do Xingu, TNC, SPR e a empresa frigorífica do Grupo
Frigol, para que fossem realizados o CAR e a regularização
ambiental dos imóveis rurais, tendo como aporte financeiro o
Projeto “Legal é Ser Verde”, executado pela TNC.
A estratégia utilizada nessa parceria foi sensibilizar os
grandes proprietários a aderirem ao CAR, para que a meta de
80% de cadastramento ambiental rural fosse alcançada mais
rapidamente. O projeto executado pela TNC garantiu a pre-
sença de um técnico em geoprocessamento no município, a
aquisição de infraestrutura (equipamentos, imagens) e a capa-
citação de técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente
(Semma) para que o órgão estivesse apto e em condições de ir
a campo para cadastrar as propriedades.
Apesar do foco nas grandes propriedades, a TNC e parcei-
ros apoiaram a Semma para atuar também no cadastramento das
médias e pequenas propriedades, dada a dificuldade de se obter
os 80% da área cadastrável apenas com as grandes propriedades.
Com o início da implementação do projeto do MMA4 “Pac-
to Municipal para a Redução do Desmatamento no Município de
São Félix do Xingu” em 2011, houve um entendimento entre par-
ceiros para que o MMA assumisse o cadastramento das pequenas
propriedades, viabilizando o cadastramento dos 20% restantes,
contemplando, assim, todas as propriedades cadastráveis do mu-
4
Projeto em desenvolvimento desde 2011 no município de São Félix do Xingu,
Pará, com duração prevista de quatro anos, tendo o MMA como responsável
nacional por sua execução e a Organização das Nações Unidas para a Agricul-
tura e a Alimentação (FAO), por sua administração.
34
nicípio. Para cumprir essa meta, o MMA contratou, em 2012, em-
presas de geoprocessamento e assinou um Acordo de Cooperação
Técnica com o Incra para que os lotes dos assentamentos também
fossem cadastrados. O projeto executado pelo MMA também
apoiou a Semma financiando equipamentos e veículos e contri-
buiu com a capacitação de seus técnicos.
Durante esses quatro anos em que as parcerias têm via-
bilizado o cadastramento das propriedades em São Félix do
Xingu, houve um aprimoramento técnico nos dados que iden-
tificam e caracterizam as propriedades. Inicialmente era regis-
trada apenas uma coordenada que identificava a propriedade,
caracterizando o atestado digital. Daí houve a evolução para
pontos que definiam o perímetro das propriedades e, mais re-
centemente, além do perímetro, o registro dos usos do solo, da
área desmatada, dos cursos d`água, APPs e ARLs.
Além da capacitação de técnicos dos órgãos públicos
para realizar o cadastramento das propriedades, algumas ini-
ciativas aconteceram com o objetivo de sensibilizar e capacitar
lideranças comunitárias e promover o debate sobre o tema. Em
março de 2010, foi realizado um seminário no município para
discutir os aspectos que envolvem o CAR, do qual participaram
representantes da Adafax, IEB, Fundo Vale de Desenvolvimen-
to Sustentável, TNC, MMA e Sema-PA. O evento resultou na
formulação do documento “Posicionamento da Adafax acerca
do Cadastro Ambiental Rural”, que evidencia a importância
do debate sobre reserva legal, o fortalecimento da agricultura
familiar e a regularização fundiária como bases para a discus-
são sobre o CAR em São Félix do Xingu. A equipe da Adafax
contou com o apoio do IEB e do GRET nos debates sobre a re-
35
gularização ambiental da agricultura familiar e na elaboração
de modelos de recuperação de ARLs.
Com o cadastro das propriedades em andamento, em ju-
nho de 2010 foi firmado outro Termo de Cooperação Técnica
entre a Sema-PA, Prefeitura Municipal de São Félix do Xingu,
TNC do Brasil e o SPR de São Félix do Xingu, com o objetivo
de efetuar a regularização ambiental das propriedades rurais do
município a partir de diagnósticos ambientais das propriedades,
que servirão como base aos arranjos de adequação ambiental e
à promoção de alternativas econômicas de cadeias sustentáveis.
Em maio de 2012 foi instaurado o Observatório Ambien-
tal do município, a partir da extensão das ações realizadas na
“Sala de Situação do CAR”, no âmbito do Projeto Municipal de
Monitoramento do Desmatamento Ilegal de São Félix do Xingu.
A partir de março de 2011 São Félix do Xingu passou a
contar com o apoio do Programa Municípios Verdes (PMV),
do Governo do Pará, que atua juntamente com o Ministério
Público e outras organizações na implementação de ações de
combate ao desmatamento. A inserção do município no PMV
foi formalizada por meio de um TAC com o MPF, que estabe-
leceu metas para promover a melhoria da qualidade socioam-
biental da atividade produtiva e a saída do município da lista
de municípios desmatadores. O PMV se articulou com a Se-
ma-PA na atualização do laudo do CAR e nos procedimentos
para a liberação das Licenças Ambientais Rurais (LAR) que es-
tão protocoladas no órgão. O programa capacitou técnicos da
Semma em São Félix do Xingu para que o órgão estivesse apto
a emitir as 1icenças ambientais.
36
Monitoramento do desmatamento
A parceria do Instituto do Ho- As informações geradas
mem e Meio Ambiente da Amazônia pelas organizações
– Imazon (parceiro do IEB no proje- locais e pelo Imazon
to fronteiras florestais) com o PMV em Belém-PA serviram
contribuiu para qualificar o monito- de referência para os
ramento do desmatamento em São debates públicos sobre
Félix do Xingu. Essa qualificação foi o desmatamento em
alcançada com a capacitação de téc- São Félix do Xingu.
nicos da Semma e de lideranças em Um desses debates
técnicas de geoprocessamento, o re- ocorreu na reunião
passe de equipamentos para a Ada- realizada em outubro de
fax (computadores, imagens, GPS) e 2011 com o Ministério
a publicação de boletins divulgando Público Estadual
os índices de desmatamento do mu- (MPE), que contou
nicípio e região. com o apoio do IEB e
Entre fevereiro de 2010 e ju- Imazon, cujo objetivo
lho de 2012, o Imazon ministrou foi discutir o aumento
três cursos em São Félix do Xingu do desmatamento na
e dois em Belém, dos quais partici- APA Triunfo do Xingu e
param 74 pessoas entre lideranças elaborar uma estratégia
locais e técnicos de órgãos públi- para sua redução.
cos do município. Um dos cursos
foi o treinamento em geoteconolo-
gia básica (ênfase em elaboração de
37
mapas e mapeamento participativo) para técnicos da Adafax
e jovens da CFR. O objetivo foi torná-los aptos para elaborar
mapas do potencial florestal das propriedades rurais familia-
res, com análise da viabilidade econômica e ambiental, servin-
do como instrumentos para influenciar políticas públicas de
apoio à agricultura familiar para restauração florestal.
Foram publicados cinco “Boletins Transparência Flores-
tal” com foco na APA Triunfo do Xingu, nos quais são analisa-
dos os índices de desmatamento nos anos de 2007, 2008 e 2009,
e nos períodos de agosto de 2010 a julho de 2011 e agosto de
2011 a janeiro de 2012.
38
ticar a realidade do município,
sensibilizar os moradores e as
Cerimônia de assinatura do pac-
instituições e promover debates to para o fim do desmatamento
sobre a sustentabilidade, tendo ilegal em São Félix do Xingu.
como perspectiva o estabelecimento de pactuações entre so-
ciedade civil e Estado na contenção do desmatamento.
A Adafax realizou várias ações com grupos de agriculto-
res para experimentação de práticas produtivas sustentáveis na
região da APA Triunfo do Xingu e em áreas de assentamentos.
A ação da Adafax na APA ampliou-se quando a Sema anun-
ciou a criação da Unidade de Conservação, no ano de 2006.
Neste período, a associação começou a realizar uma campanha
de informação, com distribuição de cartilhas e reuniões, para
discutir com os moradores as seguintes questões: o que é uma
unidade de conservação, o que é uma APA, sua forma de fun-
cionamento, o papel do Conselho Gestor, seus mecanismos de
gestão e a importância da participação das comunidades nesse
processo. A partir de 2008, a Adafax novamente atuou em par-
ceria com a Sema na mobilização e organização de reuniões
informativas nas comunidades da APA Triunfo do Xingu.
Em 2009, a Adafax e o GRET elaboraram o “Diagnóstico
Socioambiental” da APA Triunfo do Xingu e vizinhanças, e o
IEB realizou o “Diagnóstico Institucional - Capacidades e Li-
mites da Sociedade Civil de São Félix do Xingu” para o ordena-
mento territorial e manejo dos recursos naturais. Os resultados
dos diagnósticos auxiliaram os moradores a refletirem sobre a
realidade onde vivem e serviram de base para outras capacita-
ções, que permitiram aos participantes se articularem em prol
de uma agenda socioambiental para o município.
39
Ainda em 2009, a Adafax, com apoio do IEB, iniciou a
discussão sobre a constituição do Conselho Gestor da APA
Triunfo do Xingu, buscando vincular a necessidade de refletir
ações para as questões ambiental e fundiária.
No ano de 2010, o IEB e a Adafax promoveram dez ofici-
nas e dois seminários com o objetivo de debater e capacitar as
pessoas para atuarem na busca pelo desenvolvimento sustentá-
vel de São Felix do Xingu. Entre eles destacam-se:
40
município sustentável”, que derivou na realização de uma ro-
dada de reuniões em Belém com a participação de cinco lide-
ranças de São Felix do Xingu e órgãos públicos (Sema, Iterpa,
Ideflor e MPE) para discussões sobre ordenamento territorial,
gestão florestal, CAR, Conselho Gestor e plano de manejo da
APA Triunfo do Xingu.
Esses eventos contribuíram para que os envolvidos e prin-
cipalmente os representantes dos agricultores familiares se mo-
bilizassem para o processo de construção da sustentabilidade em
São Felix do Xingu e participassem da elaboração do Pacto Mu-
nicipal pelo fim do desmatamento ilegal no município.
No âmbito da gestão da APA Triunfo do Xingu, o IEB,
Adafax e parceiros realizaram diversas atividades de sensibi-
lização, informação e capacitação de moradores para a consti-
tuição do seu Conselho Gestor, que tomou posse em abril de
2011. As ações realizadas pelo IEB e Adafax colaboraram para
a inserção mais representativa dos moradores da UC no conse-
lho5. Durante o ano de 2010, o IEB realizou capacitações sobre
gestão territorial (Conselho Gestor, plano de manejo, UC, zo-
neamento territorial, CAR, LAR, regularização fundiária, Sis-
tema Nacional de Unidades de Conservação - Snuc), as quais
facilitaram o entendimento das lideranças representantes dos
5
A APA foi criada pelo Decreto Estadual nº. 2.612/2006 e o seu Conselho Ges-
tor foi instituído pela Portaria nº. 583/2011 – GAB/Sema /2011. O Conselho
Gestor é composto por 32 membros (16 da sociedade civil e 16 de entidades
governamentais), sendo que 10 setores da APA têm representatividade. A par-
ticipação de moradores da APA no conselho foi amplamente discutida pelas
lideranças durante a capacitação realizada pelo IEB em julho de 2010, tendo
sido apresentada à Sema como proposta de composição na assembleia de for-
mação do conselho, em setembro de 2010.
41
moradores da APA sobre os conceitos que envolvem uma UC.
O processo de mobilização e sensibilização das comunidades
para a criação do Conselho Gestor da APA e o mapeamento
institucional em São Felix do Xingu e Altamira foi iniciado
pela Diretoria de Áreas Protegidas (Diap) da Sema, em dezem-
bro de 2009, estendendo-se até julho de 2010. Ao todo foram
realizadas 11 oficinas dentro da APA Triunfo do Xingu para
discutir a criação do conselho.
Em novembro de 2010, o Departamento de Políticas para
o Combate ao Desmatamento do MMA promoveu uma oficina
de Planejamento de Ações para a Redução do Desmatamento
em São Félix do Xingu, no âmbito do Projeto “Pacto Municipal
para a Redução do Desmatamento”, que contou com a partici-
pação de representantes do MMA, Sema-PA, Semma, Emater,
Iterpa, IEB, TNC, Idesp, Adafax e Cooperação Técnica Alemã
(GIZ). Um dos resultados previstos no projeto do MMA era o
estabelecimento de um pacto para a redução do desmatamento
que fosse negociado e endossado pelos atores públicos, privados
e pela sociedade civil do município. A partir de então, o IEB e o
MMA passaram a estabelecer um diálogo mais estreito visando
ao estabelecimento de um espaço público de discussão do pacto.
Pressionada pelo Ministério Público, a Prefeitura Munici-
pal de São Felix do Xingu teria que promover a assinatura de um
Pacto Municipal pelo fim do desmatamento ilegal no município
como uma das metas a serem cumpridas para sair da lista dos
municípios desmatadores. Para isso, em maio de 2011 promoveu
uma audiência pública que não resultou imediatamente na assi-
natura do pacto visto que ainda não havia uma discussão mais
ampla com a sociedade local. A partir dessa audiência pública
42
e com o apoio do IEB, MMA e de organização locais (Adafax,
Cappru, STTR, CPT, associações comunitárias e SPR), estabe-
leceu-se um processo mais amplo e consistente na construção
do pacto. Tal processo foi organizado pela Comissão do Pacto
Municipal pelo fim do desmatamento ilegal, criada em maio de
2011 e liderada pela Semma, cuja finalidade foi promover as dis-
cussões e ações necessárias à celebração do pacto.
43
Entre maio e julho de 2011 foram realizadas audiências pú-
blicas em dez comunidades e uma audiência setorial com o em-
presariado local para a discussão do pacto, seguindo a orientação
definida na audiência pública de maio de 2011, onde foi acorda-
do que o processo de construção do pacto se daria com ampla
consulta aos moradores da zona rural de São Felix do Xingu. A
Comissão do Pacto Municipal pelo fim do desmatamento ilegal
44
realizou oito reuniões preparatórias O principal recado dado
para ir a campo e contou com apoio pelas comunidades aos
metodológico do IEB e do MMA na gestores públicos foi o de
condução das discussões e na defi- que não bastava apenas
nição da dinâmica que seria utiliza- assinar o pacto. É preciso
da nas comunidades. As audiências que as famílias recebam
públicas nas comunidades seguiram apoio de políticas públicas
uma dinâmica definida pela comis- para que possam produzir
são, que permitiu aos participantes de forma a não acentuar
abordar e entender o que é o pacto, o desmatamento e que
suas implicações e benefícios para haja investimento na
o município. Além disso, tratou-se regularização fundiária,
sobre quais as entidades/órgãos que assistência técnica, crédito,
deveriam participar do pacto e quais infraestrutura, entre outros.
os compromissos governamentais e “Assinar o pacto é um
da sociedade civil na assinatura do compromisso, porém a ação
protocolo. de assinar não resolve a
A Semma coordenou as questão do desmatamento,
audiências públicas ocorridas tem que haver proposta de
na zona rural do município, que melhorar as alternativas
contaram com o envolvimento de para a classe de produtores
aproximadamente 1.800 pessoas e agricultores como
e tiveram como principal produto contrapartida de governo.
as demandas das comunidades e Reuniões como estas
os compromissos a serem assumi- fortalecem e aproximam as
dos para o fim do desmatamento, representações dos governos
contribuindo, assim, para a elabo- com a realidade local.” (Otair
ração do Pacto Municipal pelo fim José/STTR)
do desmatamento ilegal.
45
As demandas das comunidades foram sistematizadas
pela comissão, apresentadas e debatidas na audiência pública
realizada em 25 agosto de 2011 previamente à assinatura do
pacto, ocorrida em 26 de agosto de 2011. O Pacto Municipal
pelo fim do desmatamento ilegal, contendo 14 cláusulas, foi
assinado por 41 representantes de instituições públicas muni-
cipais, estaduais e federais, organizações da sociedade civil e
ONGs (Anexo I). Como condição para garantir o cumprimen-
to do pacto, foi elaborada pela Comissão Municipal a Agenda
Pós-Pacto, tendo como base as demandas das comunidades sis-
tematizadas e organizadas em temas e em dois níveis de priori-
dade. As consideradas de maior prioridade por estarem direta-
mente relacionadas com o desmatamento no município foram
agrupadas nos seguintes temas: i) regularização fundiária; ii)
infraestrutura (manutenção de estradas principais e vicinais e
o serviço de energia elétrica nas vilas e áreas rurais); iii) as-
sistência/assessoria técnica que permita a transição do sistema
produtivo convencional para sistemas sustentáveis; (iv) apoio
à produção com o fortalecimento de cadeias produtivas sus-
tentáveis; e v) adequação ambiental das propriedades (CAR,
LAR, PSA). E as consideradas no segundo nível de prioridade
e que, a princípio, não seriam foco de discussão da comissão
foram agrupadas nos temas: i) infraestrutura de equipamentos
urbanos para sede e vilas municipais; ii) saúde; iii) educação; e
iv) segurança pública.
Em outubro de 2011, elaborou-se um plano de trabalho
da Agenda Pós-Pacto com detalhes sobre metas e prazos, ten-
do a Comissão Municipal como espaço de gestão coletiva e de
monitoramento desse planejamento (Anexo II).
46
A partir desse momento, os diversos atores envolvidos
passaram a ter a Agenda Pós-Pacto como orientadora de suas
ações e, em alguns momentos, como referência para o estabe-
lecimento de articulações e ações comuns. Um exemplo disso
foi a reunião ocorrida entre membros da Comissão Municipal
e o Governo do Estado do Pará/Programa Municípios Verdes,
que teve como objetivo articular ações para o atendimento das
demandas que têm relação direta com políticas públicas esta-
duais. O resultado dessa reunião, ocorrida em junho de 2012,
foi a definição de uma agenda mínima para a contenção do
desmatamento em São Felix do Xingu, contendo prioridades
apresentadas pela comissão.
A Comissão do Pacto Municipal pelo fim do desmata-
mento ilegal passou a se reunir periodicamente e extraordi-
nariamente quando há a convocação por algum membro para
debater assuntos de interesse.
Em fevereiro de 2012, foi iniciada a parceria do IEB
com a Semma visando à cooperação técnica para o fortaleci-
mento da Comissão do Pacto Municipal enquanto instância
de articulação e de gestão da Agenda Pós-Pacto, à sustentabi-
lidade socioambiental e, ainda, ao apoio à gestão da secretaria
para o monitoramento do desmatamento, com a colaboração
do Imazon.
Reunião da Comissão Municipal para o fim do Desmatamento
Ilegal em São Félix do Xingu com representantes de secreta-
rias do Governo do Pará. Belém, junho de 2012.
47
A audiência pública e A partir de abril de 2012, o
a criação da comissão segmento indígena do município
foram momentos passou a integrar a comissão, in-
significativos, pois corporando na Agenda Pós-Pacto
foi quando ocorreu a suas demandas e ações, visando
intersecção entre os a uma articulação positiva para
caminhos trilhados conter o desmatamento ilegal que
pelas instituições e pressiona as terras indígenas.
organizações na busca Em junho de 2012, a Co-
pela sustentabilidade missão retomou o planejamento
e pela redução do da Agenda Pós-Pacto, incorporan-
desmatamento em do demandas de monitoramen-
São Félix do Xingu. to e fiscalização e gestão de áreas
A partir desse protegidas, definindo metas e ór-
momento o debate gãos responsáveis pela gestão da
ganhou densidade agenda (Anexo II - Resumo da
com a ampliação Agenda Pós-Pacto). Além disso,
da participação e a comissão aprovou uma estrutu-
com as ações sendo ra de funcionamento (Anexo III)
planejadas de forma que pudesse viabilizar espaços de
mais integrada e discussões temáticas e de encami-
articulada. nhamentos do planejamento e a
participação de comunidades no
acompanhamento e encaminha-
mentos da Agenda Pós-Pacto.
48
Uso sustentável
produção, mercado, certificação
Desde sua constituição, organizações locais como a Ada-
fax, a Cappru e algumas associações comunitárias estavam bus-
cando alternativas produtivas para além da criação do gado a
partir de uma produção diversificada e sustentável. A parceria
estabelecida com ONGs que passaram a atuar em São Félix a
partir de 2009 ampliou a capacidade dessas organizações em
gerar novos conhecimentos rumo à produção sustentável e que
contribuíssem com a redução do desmatamento. O apoio técni-
co, metodológico e financeiro do IEB, TNC e GRET e, mais re-
centemente, do Imaflora e MMA, contribuiu para potencializar
o que já havia sido iniciado pelas organizações locais.
49
Os intercâmbios entre iniciativas existentes no municí-
pio e para outras regiões têm gerado novos conhecimentos e,
portanto, novas práticas. Como exemplo, há os grupos das co-
munidades Maguary, Tancredo Neves e Xadá que trabalham
com polpa de frutas, que ao conhecer experiências de benefi-
ciamento e comercialização de polpas passaram a desenvolver
ações de forma articulada.
Alguns levantamentos estratégicos também colaboraram
na identificação dos potenciais e na implantação das propostas
técnicas. O GRET e a Adafax analisaram a viabilidade econô-
mica e ambiental da piscicultura e o potencial botânico para
manejo florestal comunitário, levantaram dados sobre a pro-
dução cacaueira e sobre a viabilidade de implantação de vivei-
ros (Vila dos Crentes, Chapéu Preto e Campo Verde), e ainda
realizaram um diagnóstico sobre o potencial florestal em Vila
dos Crentes. Outro estudo importante feito pela Adafax, que
contou com o apoio técnico do Imazon e apoio metodológico
do GRET, foi o levantamento realizado em uma região da APA
Triunfo do Xingu utilizando o mapeamento participativo e fer-
ramentas de GIS para calcular os passivos ambientais de agri-
cultores familiares, cruzando com dados do CAR e gerando vá-
rios mapas. De posse desse levantamento, o GRET estimou os
valores necessários para a recuperação de áreas de agricultores
familiares. Esses são dados importantes para o debate e formu-
lação de políticas públicas para o município.
O Imaflora, a partir do Projeto “Produção e Mercado
de Cacau com Responsabilidade Socioambiental: São Felix do
Xingu como um Local de Disseminação de Práticas Inovado-
ras para a Amazônia”, apoiado pelo Fundo Vale, estabeleceu
50
Pequeno agricultor, Altamiro Lourenço.
Cacau é fonte de renda para a família.
51
tores de cacau. Além de ter os produtores assessorados como
referência, a meta é recuperar áreas degradadas com o cacau
e, assim, ampliar a área do fruto no município a partir da par-
ceria com a Cargill, uma das grandes empresas compradoras
desse produto. Nessa ação estão envolvidos também a Ceplac,
com a assessoria técnica, e a Cappru, com os seus associados
produtores de cacau, um potencial de mercado para a Cargill.
Além dessas ações, a TNC pretende implantar o Projeto
REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degrada-
ção Florestal), no qual está prevista a capacitação de agentes
comunitários e técnicos de instituições públicas nos conceitos
de REDD para que esse mecanismo seja implementado no mu-
nicípio, com estudos de metodologias de mensuração de car-
bono na floresta e sua aplicação no setor econômico.
Um dos componentes do Projeto do MMA “Pacto Mu-
nicipal para a Redução do Desmatamento” tem como meta es-
tabelecer um plano de recuperação de áreas degradadas. Uma
das atividades previstas é a implantação de iniciativas pilotos
em trinta propriedades de agricultores familiares, que serão as-
sessoradas pela Adafax e que deverão servir como referência no
município para a sensibilização e divulgação da recuperação de
áreas degradadas a partir do manejo e da produção sustentável.
O MMA e a GIZ, durante os últimos anos, também pro-
moveram capacitações de técnicos locais de São Felix do Xingu
para atuarem com os agricultores familiares.
São Félix possui alguns viveiros de mudas para fomentar
a diversificação da produção. A Prefeitura Municipal produz
em seu viveiro mudas de cacau, frutíferas, açaí, ornamentais,
entre outras, e distribui para produtores e população em geral.
52
Existem também viveiros em alguns setores e comunidades.
Na Lindoeste, ao norte do município, foi construído um vivei-
ro em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio), Prefeitura, Associação de Traba-
lhadores Rurais ALTRUBI e Vale S.A, e outro na área da CFR
de São Félix, destinado a atender os agricultores familiares vin-
culados à instituição, em parceria com o IEB e Fundo Vale.
Como perspectiva futura existe a parceria entre a Ada-
fax e a Semagri. A Adafax estava fazendo um estudo sobre
beneficiamento e comercialização de polpas de frutas, e a Se-
magri pretendia criar um programa de certificação para fa-
cilitar a compra dos alimentos pelo Programa Nacional de
Alimentação Escolar (Pnae).
Outra potencial parceria é entre o IEB e a Conab visando
à ampliação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)
em São Felix do Xingu.
O técnico da CFR, Cristiano Pereira (à direta), orienta o bol-
sista do programa Xingu dos Saberes, Adriano Cruz (à es-
querda), a sombrear mudas de cacau em meio ao milharal.
53
RESULTADOS
54
O
conjunto de ações
realizadas e promo-
vidas pelos diferen-
tes atores em São Felix do
Xingu produziu alguns resul-
tados, que são apresentados a
seguir, destacando os seguin-
tes aspectos: participação das
organizações locais na cons-
trução da sustentabilidade;
intervenção de organizações
não governamentais supra-
locais; influência dos agentes
governamentais intervindo
sobre o processo local; e ins-
titucionalização da discussão
da sustentabilidade.
55
Participação das organizações
locais na construção da
sustentabilidade
A busca por direitos e melhoria da qualidade de vida que
o movimento social já vinha reivindicando para as comuni-
dades rurais em São Felix do Xingu foi ampliada a partir da
intervenção do Estado no município e com o estabelecimento
de novas parcerias. As articulações institucionais, os processos
de desenvolvimento e fortalecimento institucional e as capaci-
tações promovidas por organizações supralocais e por órgãos
públicos, contribuíram para que lideranças e organizações
locais se tornassem mais bem informadas e preparadas para
dialogar e debater o ordenamento territorial com os órgãos pú-
blicos e com maior capacidade de propor ações para que o mu-
nicípio reduza o desmatamento e tenha um desenvolvimento
mais sustentável.
O processo de discussão do pacto pelo fim do desmata-
mento ilegal contou com um protagonismo do setor da agri-
cultura familiar, representado pela Adafax, STTR e associações
comunitárias, tanto na dinâmica para a construção do pacto,
com a realização das audiências públicas nas comunidades,
como na constituição da Comissão do Pacto Municipal e na
elaboração do planejamento das ações pós-assinatura do pac-
to. Um indicador desse envolvimento foi a participação de 21
organizações da agricultura familiar entre as 41 instituições
que assinaram o protocolo. Esse é um espaço onde os repre-
56
sentantes da sociedade civil e, particularmente da agricultura
familiar, têm tido oportunidade de debater temas importantes
como a regularização fundiária e ambiental, o crédito, a assis-
tência técnica e a infraestrutura nas comunidades rurais. As
organizações locais conseguiram inserir cláusulas na Agenda
Pós-Pacto para atender aos principais problemas das comuni-
dades e assentamentos do município.
Angelo Pereira
Aprax
57
Além da Comissão do Pacto Municipal pelo fim do des-
matamento ilegal, lideranças, representantes de associações
locais e organizações como Adafax, CFR de São Felix do Xin-
gu e CPT participam de outros fóruns onde se discute o orde-
namento territorial, como o Conselho Gestor da APA Triunfo
do Xingu, onde contribuem com o debate e o monitoramento
da área juntamente com outros setores e com a Sema-PA.
Mas não é apenas o setor da agricultura familiar que am-
pliou sua articulação institucional. O SPR também estabeleceu
parcerias com o governo (Sema-PA, Semma, MMA) e com or-
ganizações, como a TNC, para superar as dificuldades impos-
tas pelo embargo ao setor, e conseguiu mobilizar seus associa-
dos para realizarem o cadastro das propriedades.
58
dução cacaueira em consórcio com outros plantios e desenvol-
vido um processo de certificação socioambiental das proprie-
dades e do cacau, atividade desenvolvida pela articulação de
ações entre Imaflora, IEB, Cappru e Adafax.
Segundo o Imaflora, o cacau para o pequeno produtor
pode ser uma alternativa de renda à pecuária, pois seu rendi-
mento é de US$ 1.196,72/ha/ano, enquanto a pastagem rende
US$ 164,44/ha/ano. Esses dados demonstram a possibilidade
de se obter renda maior com o cacau, ocupando áreas menores
do que as necessárias para a criação de gado.
No campo da comercialização existe uma experiência
envolvendo famílias de três grupos que, com o apoio da Ada-
fax, desenvolveram um estudo de mercado sobre a cadeia de
comercialização das polpas de frutas na região e implantaram
uma miniusina de armazenamento e comercialização desse
produto. Estão vendendo na sede do município e integram a
entrega de produtos para a merenda escolar através do Pnae.
As instituições que assessoram os agricultores familiares
(Adafax, Cappru, CPT) estão, junto com as famílias e com o
apoio do IEB, Imaflora e GRET, desenvolvendo sistemas di-
versificados de produção, tendo o cacau como uma alternativa
de renda. Já a TNC, em parceria com o SPR, está desenvol-
vendo iniciativas piloto de pecuária sustentável, além do apoio
também a pequenos e médios produtores no cultivo do cacau
em parceria com a Cargill. Essas iniciativas apontam para dois
modelos distintos: a diversificação na agricultura familiar e a
pecuária em sistemas de manejo menos impactante. Mas esses
modelos ainda não são objeto de debate nem pelos associados
do SPR, nem pelos agricultores familiares. De uma forma ge-
59
ral, os grandes proprietários têm o interesse imediato na regu-
larização ambiental para que possam continuar produzindo, e
os agricultores familiares e assentados estão preocupados com
a sua reprodução socioeconômica, e demandam políticas pú-
blicas para viabilizar suas propriedades e lotes.
Intervenção de organizações
não governamentais
supralocais
Atraídas por uma situação adversa, mas que poderia ge-
rar oportunidades de mudanças, as ONGs que passaram a atu-
ar em São Félix a partir do embargo do município tiveram um
papel fundamental no combate ao desmatamento e na articu-
lação de políticas públicas.
Suas abordagens, focos e públicos muitas vezes eram di-
ferentes, mas as capacidades no alcance dos resultados foram
similares. A disponibilização de conhecimentos, de técnicos
60
e consultores, e o apoio metodo-
Uma grande contribuição
lógico e estrutural fornecido pelas
dessas organizações foi a
organizações supralocais garanti-
promoção da aproximação
ram eficiência aos processos co-
dos diferentes setores
letivos e às assessorias aos grupos
locais - agentes públicos
de famílias.
municipais, SPR, STTR,
A TNC concentrou suas
associações comunitárias
ações na regularização ambiental e
- com órgãos públicos
mais especificamente na realização
estaduais e federais, que
do CAR. A TNC, que já tinha uma
criou condições para a
parceria com a Sema-PA e com o
implementação das ações
PMV em outros municípios do Es-
necessárias para o combate
tado, foi um importante parceiro
ao desmatamento. Isso
na capacitação dos técnicos e na
foi possível dada a
estruturação da Semma para que o
credibilidade institucional
órgão fizesse o seu trabalho de ges-
e a habilidade das
tão ambiental. Em parceria com o
organizações supralocais
SPR, também atuou na sensibili-
em estabelecer o diálogo
zação dos proprietários rurais, na
com agentes públicos no
adesão e inserção do CAR no Sis-
Pará e no governo federal.
tema Integrado de Monitoramento
61
e Licenciamento Ambiental (Simlam), contribuindo, assim,
para que no período de três anos o município se aproximasse
da meta de 80% de CAR da área cadastrável, um dos critérios
para que o município saia da lista dos desmatadores6.
Um diferencial de São Felix do Xingu em relação a outros
municípios do Pará que também passaram a constar na lista de
desmatadores foi o processo de construção do Pacto Municipal
pelo fim do desmatamento ilegal. Em São Félix do Xingu, a
formulação e assinatura do pacto foi um processo participati-
vo que contou com o envolvimento de diferentes setores, teve
uma ampla consulta pública e foi assinado por 41 instituições.
O IEB e parceiros, entre eles a Adafax, imprimiu um direcio-
namento metodológico aos debates e dinâmicas das inúmeras
reuniões e audiências, que foi fundamental para que o processo
acontecesse com ampla participação, e ainda conduziram a ela-
boração do documento do pacto e a sistematização das deman-
das das comunidades. Isso ocorreu não apenas na elaboração
do pacto, mas também na constituição da Comissão do Pacto
Municipal pelo fim do desmatamento ilegal e na definição da
Agenda Pós-Pacto, que se constituíram em instrumentos de
gestão coletiva.
Outras contribuições importantes do IEB e parceiros
se deram na efetivação do Conselho Gestor da APA Triunfo
do Xingu e no apoio metodológico e de abordagem à Adafax,
6
O Boletim do Cadastro Ambiental Rural publicado pela Sema em maio de
2013 apresenta o município de São Félix do Xingu com uma área de CAR de
2.602.775,907 ha, que representam 78% da área cadastrável.
62
associações e grupos locais para que essas organizações locais
evidenciassem a importância da agricultura familiar na busca
pela sustentabilidade do município tanto nos fóruns e debates
públicos como na implantação de práticas produtivas sustentá-
veis com os grupos e famílias.
63
da área cadastrável do município. Em abril de 2012, o municí-
pio já havia cadastrado 2.696.980 ha, ou seja, uma área superior
aos 2.666.198 ha, que correspondem a 80% da área total cadas-
trável de 3.332.748 ha. Nessa área cadastrada até abril de 2012
estavam consideradas as sobreposições de propriedades. Com a
exclusão das sobreposições, o percentual chegava a 78%.
Philippe Sablayrolles
GRET
64
nicipal. O município encontra-se
Um resultado importante
habilitado para a gestão ambiental
obtido em São Félix
compartilhada, estando autoriza-
foi a redução das taxas
do a dar andamento às 177 ativida-
de desmatamento, que
des e empreendimentos que desde
passaram de 761 Km² em
novembro de 2009 estão sujeitos
2007/2008 para 140,1 Km²
ao licenciamento e fiscalização
em 2010/2011, embora
ambiental municipal.
tenha havido um aumento
A parceria estabelecida com
para 169,5 Km² em
o PMV também têm contribuído
2011/2012.
com o município ao apoiar a Co-
missão do Pacto Municipal pelo fim do desmatamento ilegal e
a capacitação dos servidores públicos da Semma. A dificuldade
do município em alcançar a última meta para sair da lista dos
desmatadores, ou seja, a taxa de 40 Km²/ano de desmatamento,
deverá contar com o apoio de um Grupo de Trabalho consti-
tuído no Comitê Gestor do PMV e que está construindo argu-
mentos para propor novos critérios para o embargo.
Algumas pessoas envolvidas nesse processo afirmam que
o esforço para realizar o CAR e a presença mais firme do Ibama
foram as principais causas para as reduções nas taxas do des-
matamento. Mas também analisam que o aumento observado
em 2011/2012 em relação a 2010/2011 já é um reflexo da pouca
efetividade no encaminhamento dos compromissos assumidos
pelo governo quando da elaboração do Pacto Municipal pelo
fim do desmatamento ilegal.
Até o início de 2013 havia uma apreensão com relação à
mudança na gestão municipal, pois não se tinha certeza qual
seria a postura do novo prefeito diante do processo estabele-
65
cido no município e se o novo secretário de meio ambiente
assumiria o planejamento elaborado pela Comissão do Pacto
Municipal pelo fim do desmatamento ilegal. Mas a pressão do
Ministério Público e a parceria das organizações e instituições
envolvidas no pacto fizeram com que a nova gestão municipal
se envolvesse no processo.
Institucionalização da
discussão da sustentabilidade
A partir de 2009, São Felix do Xingu passou de uma si-
tuação de baixíssima governança, onde a ausência do Estado
determinava a ilegalidade e não estimulava atitudes produtivas
sustentáveis, para um município onde os diferentes setores, a
partir da formalização de uma agenda pactuada entre socieda-
de civil e governo, começaram a avaliar suas práticas e a buscar
o desenvolvimento com base na sustentabilidade.
66
Wilson Alves Rodrigues
SPR
67
acerca de objetivos comuns. E a Comissão Municipal, apesar de
contar com uma expressiva participação das organizações locais,
gradativamente vai agregando novas instituições, como o Ima-
flora, o ICMBio, organizações indígenas, entre outros.
68
Apesar da importância que a Comissão Municipal repre-
senta para São Felix do Xingu, não há um consenso sobre o seu
destino. Para as organizações e instituições que atuam como
animadoras das reuniões, como o IEB e a Adafax, entre outras,
a comissão tem um papel fundamental na articulação de ações
e na implementação do que foi pactuado. Para outros, o papel
da comissão será concluído assim que o município conseguir
baixar os índices de desmatamento e sair da lista de desma-
tadores. E ainda há os que sugerem que ela seja associada ao
Comam, sendo uma câmara técnica.
69
DESAFIOS
70
Condições
para a
produção
sustentável
• Dificuldade de implemen-
tar sistemas de produção
sustentáveis que recupe-
rem áreas degradadas,
minimizem o impacto so-
bre os recursos naturais e,
portanto, contribuam para
a redução do desmatamen-
to, com o estágio precário
de São Félix em alguns as-
pectos considerados fun-
damentais por grandes,
médios e pequenos pro-
71
prietários. São eles: infraestrutura (estrada para escoamento
da produção, estruturas de produção – silos, casa de fari-
nha, maquinário etc.); regularização fundiária para viabili-
zar o financiamento e o crédito, garantindo segurança para
investir na produção; crédito que financie a diversificação
da produção; acesso a novos mercados e aos mercados ins-
titucionais; assistência técnica com tratamento diferenciado
para os grandes proprietários e agricultores familiares.
• Necessidade de desenvolver novas cadeias produtivas (não
madeireiros, polpa de fruta, alimentos), pois grande parte
dos produtos/alimentos consumidos pela população de São
Félix vem de fora.
André Costa
Sema-PA-APA Triunfo do Xingu
72
Antonio Oliveira da Silva
Emater
Matheus T. P. do Couto
Imaflora
73
mentares? Apesar de não haver respostas para essas pergun-
tas, já existem algumas preocupações, como a possibilidade
de ampliação da área de cultivo do cacau, principalmente
com a entrada da Cargill no município, e que mudanças isso
pode trazer para o mercado e no uso dos recursos naturais.
Atuação do governo
• Falta integração das políticas públicas. Lideranças do movi-
mento social afirmam que não entendem por que o Incra,
MDA e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-
mento (Mapa) não estão atuando no município na imple-
mentação de sistemas sustentáveis de produção juntamente
com as iniciativas do MMA de combate ao desmatamento.
• Baixa acessibilidade de políticas importantes, principal-
mente para os agricultores familiares, como as dificulda-
des burocráticas enfrentadas para aderir aos programas da
Conab-PAA e Pnae.
• Na percepção de vários atores locais, o MMA ainda não
conseguiu articular o seu projeto implementado em São Fe-
lix do Xingu com os demais ministérios do governo federal,
o que poderia ter facilitado a integração entre políticas fo-
mentadoras de práticas sustentáveis de produção.
• Dificuldade em atingir os 40 km² de desmatamento como a
última condição que resta para o município sair da lista dos
desmatadores, quando se observa um aumento no índice em
2011/2012 comparado a 2010/2011. A grande dificuldade está
74
Otair José J. Ovides
STTR
Philippe Sablayrolles
GRET
75
Philippe Sablayrolles
GRET
76
Wilton Batista C. Filho
SPR
Articulações institucionais
• Há a necessidade de uma maior articulação entre as inicia-
tivas/projetos executados em São Felix do Xingu. Apesar de
a Agenda Pós-Pacto estar sendo formulada com o envolvi-
mento de várias instituições e organizações, reclama-se que
o planejamento conjunto não se manifesta em ações con-
juntas e articuladas. Isso é um problema, pois muitas vezes
o público beneficiário é o mesmo nas diferentes iniciativas.
• Existe a necessidade de imprimir mais efetividade às ativi-
dades dos projetos que estão sendo executados em São Fe-
lix do Xingu. As organizações locais observam que existem
muitos recursos de diferentes fontes sendo investidos no
município, mas que ainda não surtiram mudanças na vida
das comunidades rurais.
• As pessoas que estão à frente da Comissão do Pacto Mu-
nicipal pelo fim do desmatamento ilegal sentem a necessi-
dade de fortalecer a comissão e integrar as ações pactuadas
na Agenda Pós-Pacto. Nesse sentido, foi definido nas duas
últimas reuniões da comissão que se realizaria um traba-
lho mais articulado nas áreas do município onde as taxas de
desmatamento ainda são altas.
77
Raimunda de Mello
TNC
Philippe Sablayrolles
GRET
Fortalecimento institucional
• Apesar do esforço de algumas organizações, como o IEB,
no fortalecimento de setores mais desassistidos, como a
agricultura familiar (associações comunitárias, cooperati-
va, grupos informais, coletivos), há uma preocupação das
78
lideranças locais com a desmobilização das organizações
comunitárias. Essa desmobilização tem como uma das
causas a falta de efetividade na implementação de políti-
cas públicas que atenderiam as demandas levantadas pelas
comunidades quando da construção do pacto pelo fim do
desmatamento ilegal e na definição de ações previstas na
Agenda Pós-Pacto.
• Outro aspecto que contribui com a desmobilização é a au-
sência de organizações representativas do segmento da agri-
cultura familiar com capacidade e capilaridade para debater
a sustentabilidade no município. O retrospecto histórico
da atuação dos movimentos sociais em São Felix do Xingu
evidencia que as organizações populares já estiveram mais
organizadas e mobilizadas, período em que obtiveram im-
portantes conquistas, o que não tem ocorrido atualmente.
• Apesar de a Semma ter ampliado sua capacidade em efetuar
a gestão ambiental no município, essa não é a situação ob-
servada nas demais instituições governamentais que atuam
no município. Há falta de pessoal e, em alguns casos, falta
direcionamento político-institucional que possibilite que as
instituições públicas apoiem e assessorem as comunidades
rurais rumo à transição para a sustentabilidade.
Philippe Sablayrolles
GRET
79
Rogel Abreu de Melo
Agavax
80
Raimundo Freires
Cacuxi
81
APRENDIZADOS
82
• É importante envolver to-
dos os setores produtivos
(agricultores familiares,
assentados, grandes pro-
prietários, ribeirinhos),
principalmente quando
se pretende cadastrar as
propriedades como etapa
inicial da regularização
ambiental. No caso de São
Felix do Xingu, foi impor-
tante mobilizar os grandes
proprietários para avan-
çar nas metas do CAR e,
mesmo considerando a
sobreposição, ter chega-
do em 80% de cadastro
em um curto período de
tempo, já que estes detêm
83
o maior percentual de áreas privadas e cadastráveis do mu-
nicípio, mas sem prescindir das pequenas propriedades, que
representam 20 a 30% das áreas cadastráveis.
Francisco Fonseca
TNC
Manuel Amaral
IEB
84
• É possível identificar interesses comuns e estabelecer parce-
rias que aproximem o governo de proprietários e comunida-
des rurais na identificação de soluções que satisfaçam esses
interesses. Organizações supralocais com trânsito junto aos
agentes públicos podem servir de facilitadores nessa apro-
ximação, desde que sob a perspectiva do fortalecimento das
organizações locais, pois essas últimas são as responsáveis
pela perenidade das ações nos territórios.
Celma G. de Oliveira
Adafax
Viviane Gonçalves
Consultora MMA
85
Luis Alberto Araújo
Ex-secretário Semma
86
Francisco Fonseca
TNC
Matheus T. P. do Couto
Imaflora
Manuel Amaral
IEB
87
Citações Bibliográficas
BARRETO, Paulo; PEREIRA, Ritaumaria; ARIMA, Eugênio. A
pecuária e o desmatamento na Amazônia na era das mudanças
climáticas – Belém: Instituto do Homem e Meio Ambiente da
Amazônia, 2008.
88
de ocupação nas novas fronteiras da Amazônia: o interflúvio
do Xingu-Iriri. Estudos Avançados, 19 (54), 2005 p.9-23. IBGE.
Censo Agropecuário, 2006.
89
Anexo I - Pacto Municipal
90
Processo de construção da sustentabilidade em São Félix do Xingu-PA
91
Processo de construção da sustentabilidade em São Félix do Xingu-PA
92
Processo de construção da sustentabilidade em São Félix do Xingu-PA
93
Processo de construção da sustentabilidade em São Félix do Xingu-PA
94
Processo de construção da sustentabilidade em São Félix do Xingu-PA
95
Processo de construção da sustentabilidade em São Félix do Xingu-PA
96
Processo de construção da sustentabilidade em São Félix do Xingu-PA
97
Processo de construção da sustentabilidade em São Félix do Xingu-PA
98
Processo de construção da sustentabilidade em São Félix do Xingu-PA
99
Processo de construção da sustentabilidade em São Félix do Xingu-PA
100
ANEXO II - Resumo da Agenda Pós-Pacto
Resultado das demandas levantadas durante rodada de discussão para construção do Pacto para o fim
do desmatamento ilegal em SFX
Órgão/entidade
responsável pelo
Cláusula do Pacto Demanda Metas
atendimento da
demanda
1. Regularização das áreas urbanas 1.1 Elaboração do diagnóstico da situação
Incra, Iterpa, Terra Legal,
(estaduais e federais) – São 35 Vilas e da real demanda de vilas (No, dentro e fora
e Sematur ou Núcleo de
Agrovilas, mais a sede do município, com de assentamentos, competência etc.) do
Terras do Município
situação fundiária irregular. processo de regularização dessas vilas.
101
2.1 Elaboração de um diagnóstico
especializado que demonstre a distribuição
2. Regularização das áreas rurais, das terras do município por competência
Incra SFX, Terra Legal e
com titulação final. Quais áreas e (estadual e federal), mostrando as áreas
Iterpa
competências? que já sofreram regularização, que estão
102
permanente dos órgãos de regularização pela regularização fundiária no município Grupo não colocou
fundiária no município. (número de funcionários, demanda de
pessoal).
1.1 Recuperação dos Eixos para 2012
1. Abertura e manutenção de estradas,
(Taboca, Ladeira Vermelha, Vila Xadazinho,
vicinais e pontes, com qualidade
103
3. Atualização de valores para créditos
N/A, pois o aumento de teto já foi feito.
Crédito visando aumento de teto.
4. Liberar o Pronaf Mais Alimento,
Jovem, Mulher, Florestal e outros para
o município. Envolvimento dos agentes
104
degradadas e Reflorestamento, com
Sema, Sematur, Ideflor,
investimento nessas áreas: É preciso 2.1 Implantar Planos de Recuperação de
Adafax, IEB, Eletronorte,
dar continuidade, reforçar ou ampliar o áreas degradadas em SFX.
Regularização MMA
que já vem sendo realizado por meio de
Ambiental iniciativas em andamento no município.
105
recursos financeiros.
2.1 Plano de trabalho conjunto das
prestadoras de serviço de assistência
considerando as vocações locais. +5
Emater, Incra, Cappru,
capacitações em elaboração de projetos
Produção 2. Universalização da AT (ATER e Semagri, Adafax, CFR,
de alternativas produtivas sustentáveis
106
6. Manutenção das máquinas existentes. Semagri, Operação Arco
Verde, STTR
7.1 Formar um subcomitê com extratificação Adafax, Ceplac, Cappru,
Produção do grupo voltado especificamente para cada Emater, SPR, TNC,
7. Fortalecimento das cadeias produtivas, uma das cadeias produtivas; Semagri, Imaflora,
107
Pnae: Secretaria de
Produção Tanto para acessar crédito ou políticas
Educação / PAA:
públicas como o PAA e o PNAE, como
Secretaria de Educação e
para avançar nas questões relativas
Secretaria de Agricultura
a Assistência Técnica, a mudança
PAA/Conab
de sistemas produtivos e apoio à
108
à Ceplac, Embrapa, UFPA, GRET (e outros)
e produção/difusão de tecnologias. GRET (e outros)
para apoiar e trabalhar as tecnologias nesse
campo experimental.
1.1 Estruturar sala de geoprocessamento e
adquirir imagens de satélite de alta resolução
para identificação de ilícitos;
109
3.1 Ações de monitoramento e prevenção
do desmatamento em parceria com órgãos
Monitoramento e municipais, estaduais e federais no entorno
Fiscalização das Terras Indígenas e UCs 3.2 Ações de
3. Projeto de implantação de Educação Ambiental dentro das aldeias e Funai/CR Tucumã/
ações preventivas no combate ao nas áreas de entorno das TIs e UCs; Belém (Semmas e Semec),
110
Funai/CR Tucumã/Belém
Monitoramento e 4. Fiscalização e monitoramento sazonal 4.6 Monitoramento de serrarias da área de e ICMBio e Ibama e
Fiscalização das Terras Indígenas e UCs. entorno das Terras Indígenas; Semmas/Sema-PA
4.7 Fiscalização e monitoramento de
atividades de extração de recursos florestais
não madeireiros em Terras Indígenas e UCs;
111
1.3 Reunião de planejamento de agenda para Semat. CTL Rota Bacajá e
a Gestão Ambiental e Territorial no entorno CTL Rota Xingu
das TIs (São Félix).
Gestão de Áreas 2.1 Elaboração da Metodologia do Plano.
Protegidas 2. Construção e implementação do Plano 1a Fase: Diagnóstico Socioeconômico do
Semmas, Funai,
de Gestão Territorial e Ambiental das TIs Entorno das TIs, 3 Oficinas, diagnósticos e
112
4. Feira Mebengokré de Sementes 4.2.2 Convidar também agricultores Funai/CR Tucumã/CR-
Tradicionais. familiares do município de SFX e/ou Belém, AFP
suas organizações e cooperativas para
trocar sementes com os Kayapó e também
experiências interessantes relacionadas à
• Coordenação Executiva
• Secretaria Administrativa Audiências Responsável pela organização e gestão
• Sub-comissões temáticas – cada SubCT administrativa da Comissão. Mobiliza as
ter uma entidade articulador/a
Públicas entidades membros da Comissão e das
Regularização Fundiária
Infra estrutura sub comissões para as atividades plane-
Produção jadas.
CAR/LAR
Crédito Secretaria
Gestão de áreas protegidas Representantes das comuni-
Monitoramento/Fiscalização Administrativa
113
dades – responsáveis pela arti-
Coordenação culação e mobilização das co-
Executiva munidades para a discussão e
acompanhamento da execução
Articuladora política da Co- da agenda pós pacto.
9 788560 443277