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Caroline Nicolas Beatriz P.

Tamires Murilo

Rafaela Bernardo Evelyn Sophia Vitoria

A importância da psicologia
perinatal como campo de
investigação e atuação
profissional
Questão da Prática Profissional / Alessandra Ackel Rodrigues
psicologia obstétrica, psicologia

INTRODUÇÃO da maternidade ou psicologia da


gravidez, parto e puerpério

área de atuação no processo de


perinatalidade e transição para
a parentalidade

acolhimento e orientação
psicológica e preventiva às
gestantes e sua rede de apoio

prevenir alterações emocionais


“para maior humanização do processo significativas como a ansiedade,
gestacional, e do parto, e de estresse e depressão pós-parto,
construção da parentalidade.” além de casos de violência
obstétrica
carga psíquica: preparação
o período de gestação para complexa tarefa de ser
proporcionar a mulher mãe e para a intensa revolução
mudanças biológicas de papéis envolvidos;

maternidade

história da maternidade e
existem as variações sua naturalização, bem
hormonais descritas como os desconfortos
como “tsunamis” no oriundos dela, para o
corpo feminino reconhecimento da
demanda e a contribuição
da psicologia
História e Naturalização
da Maternidade
Vínculo instintivo e natural?
Mito construido a partis do século XVIII.

Até o século XVI


Bebês e crianças tinham pouco contato com a família, ao nascer
eram entregues à amas de leite e quando maiores eram levadas
para receberem as instruções necessárias e assim iniciarem a vida
adulta.

Alto índice de mortalidade infantil


Alimentação insuficiente
Moradia precária
Ambientes inadequados
Bebês dopados e/ou enfaixados.
No século XVII houve um aumento da valorização da infância e a
disseminação do amar materno fica cada vez maior.

Há uma valorização da figura da mulher enquanto mãe, uma


figura de “poder” (dona do lar).

Consequências:

O não cumprimento desse papel passa a gerar culpa, é visto como


um desvio, uma anormalidade ou patologia.
O sacrifício em prol dos filhos é visto com grande admiração.
Maternidade fora do casamento vista como abominável e ilegítica,
aumentando assim o número de abortos, abando e infanticídio.
(criação de instituições de acolhimento).
DESCONFORTOS DA
MATERNIDADE E TENSÃO
SOFRIDA PELA MULHER
o período de gestação
Juntamente com ele, várias mudanças irão surgir, além da
mudanças biológicas de gerar um novo ser, como também
ela precisará trabalhar psiquicamente para uma tarefa
complexa e com intensa revolução de papéis.

Há também uma crítiva a respeito do binarismo escancarado da


sociedade, definindo apenas homem e mulher e atribuindo um papel
social em cima disso. Enquanto homens são incentivados a trabalhar e a
ter uma vida sexual potencializada, a mulher é incentivada, desde
criança, a constituir família, e a mulher que não segue essa reta, é
punida socialmemnte, seja de forma direta ou indireta.
Conquista da mulher no
mercado de trabalho
A mulher conquistou um espaço no mercado de trabalho, mas ao mesmo tempo, acabou
sofrendo a dualidade entre ser independente e conseguir se dedicar ao trabalho e sua vida
profissional, e a escolha singela de maternar e se sentir culpada, por não conseguir exercer
essa função plenamente, o que nos faz questionar a razão desse peso se sobressair em
cima de mulheres, como se o cuidado ao filho fosse um papel exclusivamente feminino.

Isso se da por conta dos papéis de generos


que foram construídos através de culturas
religiosas, da ciência e de senso comum, que
acabam impondo papéis especificos enquanto
sujeitos na sociedade com o intuito de manter
a hegemonia masculina e sexista.
A maternidade é uma experiencia singular e subjetiva,
permeada por diversos fatores determinates, como
questões sociais, históricas, aspectos fisiológiocos,
genéticos, psicológicos e culturais.

A experiencia maternal, portanto, não deveria ser enxergada como


algo regrado, rigído e generalista.

Porém, atualmente, as mães encontram-se muito a mercê do que os


médicos e demais profissonais tem a dizer sobre como deve ser uma
criaçao, desde cuidados básicos até a educação. Quando na verdade
deveria poder construir a partir de suas próprias experiencias e
modelos aquilo que elas consideram como o ideal de maternidade.
Tais generalizações e expectativas são fontes de sofrimento psíquico, principalmente por mulheres classe
média e baixa, que no geral sentem mais dificuldades de se encaixarem nesse padrões e demandas exigidas.

Sentimentos comuns durante o pré e pós-parto:


Tristeza continua
Perda de autoestima
Sentimento de desmotivação
Estresse
Ansiedade
Pânico

Podendo evoluir para transtornos como

Depressão pós-parto
Melancolia da maternidade (baby blues)
Psicose puerperal
A gravidez é de fato um período alegre para todas as mulheres? Deveria ser?
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Reconhecimento da demanda
e contribuição da psicologia

As políticas publicas voltadas para a saúde das mulheres surgiram de diferentes


ideias e interesses políticos, econômicos, sociais e técnicos, com o objetivo de
desafiar visões dominantes que limitam as mulheres a certos papéis e
necessidades.

No Brasil, desde o início do século passado até os anos 70, o foco do governo e da
sociedade em relação à saúde das mulheres estava principalmente na assistência
pré-natal para garantir o bem-estar das crianças. Isso levou a leis de proteção e
incentivos para buscar assistência médica durante o parto. No entanto, a atenção à
saúde das mulheres se limitava quase exclusivamente à maternidade, ignorando
outros aspectos importantes de sua saúde.
Nesse período, pressões internacionais também resultaram em práticas que
colocaram mais responsabilidades nas mulheres, como o controle da reprodução
por meio de pílulas anticoncepcionais e cirurgias de laqueadura tubária forçadas.
Essas práticas foram criticadas por profissionais de saúde e movimentos
feministas por negligenciar a sexualidade das mulheres, reduzindo-as a meros
objetos reprodutores e ignorando suas necessidades sociais, psicológicas e
emocionais.

Essa desigualdade de direitos está ligada à maneira como as relações de


gênero são estruturadas, onde as responsabilidades familiares são impostas de
forma desigual. Isso cria uma realidade desigual, na qual as mães são
predominantemente responsáveis pelo cuidado e educação das crianças,
enquanto os pais são muitas vezes vistos como ajudantes casuais. No entanto,
ao longo do século passado, houve avanços na educação das mulheres, o que
permitiu maior independência e levantou questionamentos sobre o papel
tradicionalmente atribuído a elas na sociedade.
A psicologia, apesar de ter muitas teorias, por um longo tempo contribuiu para
fortalecer ideias dominantes sobre a saúde das mulheres que persistem até hoje.
Muitos estudos focaram na função reprodutiva da mulher, como a gravidez e os
cuidados maternos, considerando-os normalidades biológicas. Isso levou a uma
tendência de culpar as mães por problemas e dificuldades dos filhos, isentando os
pais de responsabilidade.

No Brasil, a partir da década de 70, figuras como Maria Tereza Maldonado e Fátima
Bortoletti começaram a trazer atenção para os aspectos psicoafetivos da
gestação. Recentemente, a psicologia perinatal ganhou destaque, com profissionais
como Vera Iaconelli defendendo a importância do apoio psicológico durante a
gravidez, parto e pós-parto. No entanto, serviços como o pré-natal psicológico
ainda são raros, devido a uma visão tradicional que atribui à mulher a
responsabilidade primária pela maternidade.
No Brasil, há um aumento de cursos e eventos para capacitar profissionais nessa área. Em janeiro
de 2019, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, entrou em vigor a Lei nº 6.256, que institui a
política de diagnóstico e tratamento de depressão pós-parto na saúde, na rede pública e privada,
abrindo caminho para uma maior atuação do psicólogo perinatal no sistema de saúde, o que pode
se estender a nível nacional.

A psicologia perinatal compreende a importância de envolver toda a rede de


apoio para ajudar a mãe durante essa fase de mudanças intensas, visando
prevenir problemas emocionais significativos.
A maioria das grades curriculares dos cursos de Psicologia
Análise e Discussão não possuem uma disciplina específica a respeito dos
aspectos psicológicos envolvidos durante a gestação,
voltando-se apenas a discussões limitadas ao bebê e seu
processo de maturação.

Pelo olhar da sociedade, ainda é um tabu admitir a


maternidade como fonte de sofrimento, por conta da
naturalização e romantização da maternidade que
vincula a imagem da mulher a uma figura que nasceu
Campo relativamente novo, ainda não há muitas para ser mãe, e a escolha de não enfrentar essa fase
produções científicas a respeito das práticas do acarreta em julgamento social.
psicólogo nesta vertente.

Estudos da área, em sua grande maioria, possuem viés mais


biológico. Essa limitação explica a carência de profissionais
alinhados com os processos de subjetivação pelos quais
perpassam as mulheres, o que resulta corriqueiramente em
negligência de seu sofrimento e angústia.
Com a gestação, a mulher tem acesso a grandes transformações, inclusive no que diz
respeito à sua própria identidade, desejos e planos, e percebe que vivenciar essa fase
não é somente carregada de plenitude. Cabe ao psicólogo o papel de desnaturalizar a
maternidade, com o intuito de diminuir a opressão e violência, além de promover saúde
e qualidade de vida.

Ainda se naturaliza o instinto materno e o amor espontâneo de uma mãe por um filho, o
que gera muita culpa e sofrimento quando a mulher se sente no lugar de não
corresponder a essa expectativa. Não querer um filho, não amá-lo ou até mesmo
externar o desconforto real que a maternidade traz consigo torna-se um crime, e a
mulher cada vez mais reprime seus sentimentos.
considerações
finais
DESAFIO
Estudos e práticas com gestantes e puérperas apontam que a
maioria das mulheres, principalmente de classe média e baixa,
passam por algum nível de sofrimento psíquico, físico e social
no pré e pós-parto (Almeida, 2020; Almeida & Arrais, 2016;
Barbosa & Rocha-Coutinho, 2007; Clemens, 2015; Moura &
Araújo, 2004). Desde a tristeza contínua, perda de autoestima,
de motivação e diminuição de prazer, sentimentos
incapacitantes que podem ser momentâneos ou crônicos de
acordo com o suporte adequado, podendo vir a se tornar
transtornos de humor (Arrais, Mourão & Fragalle, 2014).
Como você, como psicólogo
perinatal, lidaria com a demanda de
uma mãe que, em gestação anterior
passou por um aborto espontâneo, e
nessa gestação está passando por
sofrimento psíquico, onde possui
muitas dúvidas, humor rebaixado, se
sentindo incapaz de cuidar desse
novo filho e medo de passar por um
novo aborto?
OBRIGADO!

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