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Boletim

Epidemiológico da Sífilis

Vigilância Municipal em Saúde| Capitão Enéas-MG DEZ.23

1
Prefeito Municipal
Apresentação
Reinaldo Landulfo Teixeira

Secretário Municipal de Saúde O presente Boletim Epidemiologico tem


por objetivo divulgar o cenário atual da Sífilis
Adriano Souza Santos Adquirida, Sífilis em Gestante e Sífilis
Congênita no Brasil, em Minas Gerais, na
Coordenadora da Vigilância em Saúde SRS Montes Claros e em Capitão Enéas.

Joana Paula II da Silva Através da consolidação de dados obtidos


por meio deste instrumento, será possível
Equipe Técnica subsidiar o planejamento de ações no âmbito
municipal no próximo ano. Boletim elaborado
Dabatta Tatielle Cruz Vieira a partir de dados obtidos no Sistema de
Laura de Alquimim Ferreira Informação de Agravos e Notificações
Melissa Raquel Desiderio (SINAN) referentes ao ano de 2019 a 2023.

Edição e Elaboração São apresentados também os dados da

Joana Paula II da Silva testagem rápida de Sífilis realizadas na

Laura de Alquimim Ferreira região e implantação da mesma nos


munícipios dessa SRS.
Colaboradores

Dabatta Tatielle Cruz Vieira


Melissa Raquel Desiderio

2
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 6

2. Sífilis Adquirida ................................................................................................. 7

2.1- Situação de Sífilis Adquirida no Brasil ........................................................... 8

2.2- Situação Epidemiológica da Sífilis Adquirida em Minas Gerais ................... 14

2.3- Situação epidemiológica da sífilis adquirida na SRS de Montes Claros ...... 16

2.4- Situação epidemiológica da sífilis adquirida em Capitão Enéas .................. 17

3. Sífilis em Gestante .......................................................................................... 18

3.1- Situação da sífilis em gestante no Brasil ..................................................... 19

3.2- Situação epidemiológica da sífilis em gestante Minas Gerais ..................... 20

3.3- Situação epidemiológica da sífilis em gestante na SRS de Montes Claros . 21

3.4- Situação epidemiológica da sífilis em gestante em Capitão Enéas ............. 22

4. Situação da Sífilis Congênita no Brasil ........................................................... 23

4.1- Situação epidemiológica da sífilis congênita em Minas Gerais ................... 25

4.2- Situação epidemiológica da sífilis congênita na SRS Montes Claros .......... 26

4.3- Situação epidemiológica da sífilis congênita em Capitão Enéas ................. 27

5. Ações de enfrentamento desenvolvidas no ambito Municipal ........................ 27

6. Considerações Finais ..................................................................................... 29

3
LISTA DE FIGURAS

Tabela 1: Nascidos vivos, casos e taxas de sífilis adquirida, sífilis em gestante, sífilis
congênita e taxa de mortalidade infantil segundo região 2018
2022...................................................................................................................9

Figura 1: Taxa de detecção de sífilis adquirida (por 100.000 hab), taxa de detecção
de sífilis em gestante e taxa de incidência de sífilis congênita (por 1.000 nascidos
vivos) segundo ano de diagnóstico, Brasil 2012-
2022,................................................10

Figura 2: Taxa de detecção de sífilis em gestantes e taxa de incidência de sífilis


congênita por 1.000 nascidos vivos, segundo região 2022
...........................................................................................................................11

Figura 3:Taxa de detecção de sífilis em gestantes e taxa de incidência de sífilis


congênita por 1.000 nascidos vivos, segundo unidade da federação, Brasil 2022
..........................................................................................................................12

Figura 4:Taxa de detecção de sífilis em gestantes e taxa de incidência de sífilis


congênita por 1.000 nascidos vivos, segundo capitais, Brasil,2022
........................................................................................................................12

Figura 5: Taxa de detecção de sífilis adquirida (por 100.000 habitantes) segundo


região de residência e ano de diagnóstico. Brasil, 2012 a
2022................................................................................................................14

Figura 6: Casos e taxa de detecção de sífilis adquirida por 100 mil habitantes
segundo ano. Minas Gerais, 2018
2022.....................................................................15

Figura 7: Casos de sífilis adquirida segundo sexo e razão de sexos por ano de
diagnóstico. Minas Gerais, 2018-2022.
...........................................................................................................................16

Figura 8: Notificações de sífilis adquirida, SRS Montes Claros, 2018-2022


...........................................................................................................................17

Figura 9: Casos de sífilis adquirida em Capitão Enéas, 2019-2023


..........................................................................................................................18

Figura 10: Taxa de detecção de sífilis em gestantes (por 1.000 nascidos vivos) por
região e ano de diagnóstico. Brasil, 2011 a 2021
......................................................................................................................19

Figura 11: Casos de sífilis em gestantes e taxa de detecção por 1.000 nascidos

4
vivos. Minas Gerais, 2018-2022 ................................................................20

Figura 12: Notificações de Sífilis em gestante, SRS Montes Claros


......................................................................................................................21

Figura 13: Casos de sífilis em gestante em Capitão Enéas, 2019-2023


...........................................................................................................................22

Figura 14: Casos notificados de sífilis congênita (número e percentual), segundo


características dos casos por ano de diagnóstico............................................24

Figura 15: 15 Frequência e incidência de casos de sífilis congênita por ano de


diagnóstico. Minas Gerais, 2018 – 2022..........................................................25

Figura 16: Notificações de sífilis congênita, SRS Montes Claros, 2018-2022


............................................................................................................................26

Figura 17: Casos de sífilis congênita em Capitão Enéas, 2019-


2023.....................................................................................................................27

Figura 18: Testagem rápida na APS ....................................................................28

5
1. INTRODUÇÃO

A Sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável,


causada pela bactéria Treponema pallidum cujo reservatório é exclusivamente
humano, é considerada um problema de saúde pública. Quando não tratada, evolui
ao longo dos anos e pode apresentar várias manifestações clínicas. É classificada
em diferentes estágios sífilis primária, secundária, latente e terciária (BRASIL,
2017).

A Sífilis primária se caracteriza por aparecimento de ferida, geralmente


única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca
ou outros locais da pele) que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio, essa lesão
é chamada de “cancro duro”, normalmente, ela não dói, não coça, não arde e não
tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas na virilha, essa ferida desaparece
sozinha, independente de tratamento.

Na Sífilis secundária os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas


e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial, podem surgir manchas
no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés,
pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo, as manchas
desaparecem em algumas semanas, independentemente de tratamento, trazendo
a falsa impressão de cura.

Sífilis latente, não apresenta sinais ou sintomas, é dividida em latente


recente (até um ano de infecção) e latente tardia (mais de um ano de infecção), a
duração dessa fase é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais
e sintomas da forma secundária e terciária.

Sífilis terciária entre 1 e 40 anos de infecção, costuma apresentar sinais


e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e
neurológicas, podendo levar a morte.

6
A Sífilis é transmitida predominantemente por relação sexual
desprotegida com uma pessoa infectada, mas também pode ser transmitida para a
criança durante a gestação ou parto (BRASIL, 2017).

Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção


da Transmissão Vertical de HIV, Sífilis e Hepatites Virais, a Sífilis Congênita, é
passível de prevenção quando a gestante infectada por sífilis é tratada
adequadamente. A sífilis na gestação pode implicar consequências como aborto,
natimorto, parto prematuro, morte neonatal e manifestações congênitas precoces
ou tardias.

Segundo Boletim Epidemiológico de Sífilis (2023), no período de 2012 a


2022, foram notificados no país 1.237.027 casos de sífilis adquirida, 537.401 casos
de sífilis em gestantes, 238.387 casos de sífilis congênita e 2.153 óbitos por sífilis
congênita.

Neste sentido a Secretaria Municipal de Saúde de Capitão Enéas por


intermédio da Vigilância em Saúde e Superintendência Regional de Saúde (SRS)
de Montes Claros promovem ações de enfrentamento que visem à diminuição da
taxa de incidência, bem como um cenário epidemiológico favorável á diminuição da
sífilis no âmbito municipal.

2. Sífilis Adquirida

A sífilis tem a maior contágio nos estágios iniciais da infecção, sendo


reduzido gradativamente à medida que ocorre a progressão da doença. O curso da
sífilis não tratada consiste em fases sintomáticas entremeadas por períodos
assintomáticos (latência). Essa coreografia regular, no entanto, pode ser alterada
por alguns fatores, como o estado imunológico do hospedeiro e a administração de
terapia antimicrobiana para outros patógenos e que podem ser efetivas contra o
treponema (BRASIL, 2017).

7
2.1- Situação de Sífilis Adquirida no Brasil

Em 2022 segundo Boletim Epidemiológico de 2023, foi notificado no país


213.129 casos de sífilis adquirida (taxa de detecção de 99,2 casos/100.000
habitantes), 83.034 casos de sífilis em gestantes (taxa de detecção de 32,4
casos/1.000 nascidos vivos – NV), 26.468 casos de sífilis congênita (taxa de
incidência de 10,3 casos/1.000 NV) e 200 óbitos por sífilis congênita (taxa de
mortalidade infantil específica por sífilis congênita de 7,8 óbitos/100.000 NV). No
período de 2012 a junho de 2023, foi notificado no SINAN um total de 1.340.090
casos de sífilis adquirida, dos quais 50,0% ocorreram na região Sudeste, 22,3% no
Sul, 14,2% no Nordeste, 7,2% no Centro-Oeste e 6,3% no Norte.

8
Fonte: Boletim Epidemiológico SIFILIS MINISTERIO DA SAUDE 2023,

9
Ao longo da série histórica, a taxa de detecção de sífilis adquirida
apresentou crescimento contínuo até 2018 e estabilidade em 2019, quando atingiu
77,9 casos por 100.000 habitantes. Em 2020, o impacto do covid-19 contribuiu para
um declínio de 23,4% na taxa, em comparação com 2019. No entanto, em 2021 e
2022, as taxas de detecção de sífilis adquirida atingiram patamares superiores ao
período pré-pandemia, com aumento de 23% entre 2021 e 2022, passando de 80,7
para 99,2 casos por 100.000 habitantes, respectivamente (Figura 1).

A taxa de detecção de gestantes com sífilis vem mantendo tendência


crescente, porém com incremento mais rápido nos dois últimos anos, tendo-se
elevado em 33,8% entre os anos 2020 e 2022. Entre 2013 e 2018, o aumento médio
anual foi de 25%, enquanto que, de 2019 para 2020 foi de 6,1% (Figura 1). Nos dois
últimos anos, a taxa de incidência da sífilis congênita se manteve estável em torno
de dez casos por 1.000 nascidos vivos. Entretanto, nota-se aumento de 16% na
comparação de 2022 com 2019, ano pré-pandemia (Figura 1)

Fonte: Boletim Epidemiológico SIFILIS MINISTERIO DA SAUDE 2023,

10
Em 2022, as regiões Sudeste e Sul apresentaram taxas de detecção de
sífilis em gestantes superiores à do país, enquanto a taxa de incidência de sífilis
congênita foi maior na região Sudeste, ultrapassando a taxa nacional (Figura 2).

Fonte: Boletim Epidemiológico SIFILIS MINISTERIO DA SAUDE 2023,

11
Fonte: Boletim Epidemiológico SIFILIS MINISTERIO DA SAUDE 2023,

Fonte: Boletim Epidemiológico SIFILIS MINISTERIO DA SAUDE 2023,


12
No período de 2012 a junho de 2023, foram notificados no Sinan um total
de 1.340.090 casos de sífilis adquirida, dos quais 50,0% ocorreram na região
Sudeste, 22,3% no Sul, 14,2% no Nordeste, 7,2% no Centro-Oeste e 6,3% no Norte
(Figura 5). Em 2022, foram notificados 213.129 casos no Brasil. Observaram-se
101.909 (47,8%) casos na região Sudeste, 46.291 (21,7%) na região Sul, 32.084
(15,0%) na região Nordeste, 16.327 (7,7%) na região Norte e 16.518 (7,8%) na
região Centro-Oeste (Figura 5). Entre os anos de 2012 e 2018, as taxas de detecção
de sífilis adquirida apresentaram crescimento médio anual de 35,4%. Porém, em
2019 a taxa se manteve estável e declinou em 23,4% no ano de 2020, em
decorrência da pandemia de covid-194,5. A partir de 2021, a taxa de detecção volta
a elevar-se a patamares superiores ao período pré-pandemia em todo país, com
aumento de 23,0% no último ano. Entre 2021 e 2022, o crescimento da taxa foi de
26,6% (de 76,3 para 96,6 casos por 100.000 hab.) na região Centro-Oeste; 24,9%
(de 90,4 para 112,9 casos por 100.000 hab.) no Sudeste; 24,1% (de 121,8 para
151,2 casos por 100.000 hab.) no Sul; 19,1% (de 72,5 para 86,3 casos por 100.000
hab.) no Norte e 15,9% (de 47,8 para 55,4 casos por 100.000 hab.) na região
Nordeste (Figura 5 e Tabela 2). Entre 2021 e 2022, o Nordeste apresentou o menor
percentual de aumento no diagnóstico de casos de sífilis adquirida (16,4%), o que,
provavelmente, impactou no indicador de percentual de casos de sífilis congênita
em relação ao total de casos de sífilis em gestantes, que apresentou valor mais
elevado (43%) em 2022. Portanto, a falta de diagnóstico e tratamento de sífilis
adquirida no território pode contribuir diretamente para a elevação do número de
casos. É importante ampliar a detecção de casos de sífilis adquirida e instituir a
terapêutica adequada, para diminuir a exposição de gestantes e,
consequentemente, a transmissão vertical do treponema.

13
Fonte: Boletim Epidemiológico SIFILIS MINISTERIO DA SAUDE 2023,

2.2- Situação Epidemiológica da Sífilis Adquirida em Minas Gerais

A figura 6 demonstra o número de casos notificados no estado de Minas


Gerais e a taxa de detecção de sífilis adquirida nos últimos cinco anos. No período
de 2018 a 2022 foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (Sinan), 80.788 casos de sífilis adquirida. Destaca-se o ano de 2020,
em que houve queda expressiva no número de notificações e taxa de detecção
(12.791 casos/ taxa de detecção de 59,6 casos por 100 mil habitantes). Esta
redução pode ser atribuída à ocorrência da pandemia da doença causada pelo novo
coronavírus (Covid-19), que impactou nas ações realizadas pelos serviços de
saúde, bem como na busca de atendimento pelos usuários. Em 2022, foram
registrados 21.317 casos de sífilis adquirida/taxa de detecção de 99,6 casos por
100.000 habitantes, um acréscimo de 32% comparado ao ano anterior. Destaca-se
14
que no período avaliado, o ano de 2022 registrou a maior taxa de detecção,
demonstrando a necessidade de ações de prevenção voltadas principalmente para
a população sexualmente ativa.

FIGURA 6 - Casos e taxa de detecção de sífilis adquirida por 100 mil habitantes segundo ano. Minas Gerais,
2018-2022

Fonte: Boletim Epidemiológico SES/MG, 2023.

Em relação aos casos de sífilis adquirida segundo sexo e razão de sexos,


no período de 2018 a 2022 (Figura 7), observa-se aumento gradual e expressivo
nos casos registrados nas duas populações (masculina e feminina), prevalecendo
a população masculina com maior registro de casos no período analisado. A razão
de sexo nos anos avaliados se manteve com pouca variação, permanecendo
estável de 2019 a 2021 (1,7 casos em homem para cada mulher infectada). Em
2022, apesar do aumento expressivo nas notificações realizadas, a razão de sexo
totalizou 1,6 casos em homem para cada mulher infectada.

15
FIGURA 7 - Casos de sífilis adquirida segundo sexo e razão de sexos por ano de diagnóstico. Minas Gerais, 2018-
2022.

Fonte: Boletim Epidemiológico SES/MG, 2023.

2.3- Situação epidemiológica da sífilis adquirida na SRS de Montes Claros

Na SRS de Montes Claros foram notificados 2.175 casos de sífilis


adquirida em todo período de 2018 a 2022, tendo o ano de 2018 o maior número de
notificações (572). Ano que coincide com a expansão da testagem rápida nos
municípios de abrangência da SRS Montes Claros. Houve um registro de
considerável queda nas notificações (304) ano de 2020 que coincide com o
isolamento social imposto pela pandemia Covid19. No ano de 2022 houve aumento
nas notificações e foram registradas 544 casos de sífilis adquirida apresentando
uma taxa de detecção de 49 casos/100.000 habitantes.Estudo recentemente
publicado, apresentou o perfil predominante da sífilis adquirida na região, sendo a
população mais acometida homens, pardos, de 20 a 39 anos, com ensino médio
completo e residente à zona urbana (AMARAL et al., 2022). Ações de busca ativa
a população mais exposta deve ser realizada com maior efetividade, uma vez que
detectada e tratada adequadamente a sífilis adquirida incidirá na redução da cadeira

16
de transmissão sífilis em gestante e sífilis congênita. A figura abaixo apresenta o
número de notificações de sífilis adquirida na SRS Montes Claros no período de
janeiro de 2018 a dezembro de 2022. Apresenta ainda linha de tendência polinomial
de crescimento dos casos na região em que aponta tendência de crescimento de
casos na região.

FIGURA 8 Notificações de sífilis adquirida, SRS Montes Claros, 2018-2022

Fonte: Boletim Epidemiológico SRS Montes Claros, 2023.

2.4- Situação epidemiológica da sífilis adquirida em Capitão Enéas

No munícipio de Capitão Enéas- MG dos anos 2019 a 2023 foram


notificados 54 casos de sífilis adquirida. Figura 9

17
FIGURA 9 Notificações de sífilis adquirida Capitão Enéas, 2018-2022

35

30
29

25

20

15

10
9
7
5 5
4

0
2019 2020 2021 2022 2023

Sífilis Adquirida

Fonte SINAN dados extraídos em 04/12/2023

3. Sífilis em Gestante

Em gestantes, a taxa de transmissão vertical de sífilis para o feto é de


80% intraútero. Essa forma de transmissão ainda pode ocorrer durante o parto
vaginal, se a mãe apresentar alguma lesão sifilítica. A infecção fetal é influenciada
pelo estágio da doença na mãe (maior nos estágios primário e secundário) e pelo
tempo em que o feto foi exposto. Tal acompanhamento fetal provoca em 30% a 50%
de morte in útero, parto pré-termo ou morte neonatal. A sífilis gestacional é passível
de prevenção quando a gestante infectada por sífilis é tratada adequadamente e
em tempo oportuno, bem como seu(s) parceiro(s) sexual (BRASIL, 2013).

18
3.1- Situação da sífilis em gestante no Brasil

O número total de casos notificados no Brasil em 2021 foi de 74.095, dos


quais 33.065 (44,6%) eram residentes na região Sudeste, 16.728 (22,6%) no
Nordeste, 10.571 (14,3%) no Sul, 8.011 (10,8%) no Norte e 5.720 (7,7%) no Centro-
Oeste. Em 2021, no país, observou-se uma taxa de detecção de 27,1 casos de sífilis
em gestantes por 1.000 NV (12,5% superior à taxa observada no ano anterior). As
taxas de detecção das regiões Sudeste (31,4 casos/1.000 NV) e Sul (28,2
casos/1.000 NV) foram superiores à nacional. No último ano, constata-se que as
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram taxas menores que a
nacional.

FIGURA 10 Taxa de detecção de sífilis em gestantes (por 1.000 nascidos vivos) por região e
ano de diagnóstico. Brasil, 2011 a 2021.

Fonte: Boletim Epidemiológico SIFILIS MINISTERIO DA SAUDE 2023,

19
3.2- Situação epidemiológica da sífilis em gestante Minas Gerais

A Figura 11 demonstra o número de casos notificados de sífilis em


gestantes no período de 2018 a 2022 em Minas Gerais. Durante este período, houve
aumento gradual de notificações, totalizando 27.901 casos. Destaca-se o ano de
2022, com registro de 6.409 casos (taxa de detecção de 27,3 casos por 1.000
nascidos vivos/NV), sendo este o ano em que mais gestantes foram notificadas em
todo o período avaliado. Reforça-se a necessidade realização de ações de
prevenção no pré-natal, bem como a participação das parcerias sexuais neste
processo, visto que a ocorrência de reinfecção da gestante após o tratamento tem
se tornado um grande desafio na atualidade.

FIGURA 11 - Casos de sífilis em gestantes e taxa de detecção por 1.000 nascidos


vivos. Minas Gerais, 2018-2022

Fonte: Boletim Epidemiológico SES/MG, 2023.

20
3.3- Situação epidemiológica da sífilis em gestante na SRS de Montes
Claros

Em todo território de abrangência da SRS Montes Claros foram


notificados 1.236 casos de sífilis em gestante no período de 2018-2022. Ao longo
da série histórica de análise as notificações apresentaram estabilidade entre os
anos de 2018 a 2020, não apresentando neste último ano queda nos registros
decorrentes do impacto da pandemia Covid19. Já no ano de 2021 houve um
aumento no registro de casos (297). A linha de tendência aponta discreto aumento
nas notificações de sífilis em gestante. É sabido que a captação precoce da
gestante no pré-natal, com a testagem oportuna (testagem no primeiro e último
trimestre, e testagem na sala de parto) e tratamento adequado são ações essenciais
e altamente efetivas na prevenção da transmissão vertical.

FIGURA 12 Notificações de sífilis em gestante, SRS Montes Claros, 2018-2022

Fonte: Boletim Epidemiológico SRS Montes Claros, 2023.

21
3.4- Situação epidemiológica da sífilis em gestante em Capitão Enéas

No munícipio de Capitão Enéas- MG dos anos 2019 a 2023 foram


notificados 51 casos de sífilis em Gestante. Figura 13, com acrescimo consideravel
no ano de 2023, o que pode estar atrelado aos INDICADORES do PREVINE
BRASIL, tendo em vista que notoriamente e execução dos testes aumentou
exponencialmente.

FIGURA 13 Notificações de sífilis em gestante, Capitão Enéas de 2018-2023

Fonte SINAN dados extraídos em 04/12/2023

22
4. Situação da Sífilis Congênita no Brasil

Segundo o Ministério da Saúde 2022, em 2021, entre os casos de sífilis


congênita, 25.243 (93,4%) nasceram vivos e, desse total, 24.252 (96,1%) foram
diagnosticados na primeira semana de vida. Quanto ao diagnóstico final dos casos,
observou-se que 93,3% foram classificados como sífilis congênita recente, 3,8%
como aborto por sífilis, 2,8% como natimorto e 0,1% (27 casos) como sífilis
congênita tardia (figura 7). Em toda a série histórica, os desfechos desfavoráveis da
sífilis congênita representaram 9,1% do total de casos (26.771 ocorrências).
Comparando os anos de 2011 e 2021, observa-se elevação dos óbitos por sífilis
congênita (39,9%), óbitos por outras causas (98,9%) e natimortos (68,9%), além de
aumento em 2,7 vezes de abortos por sífilis. Em 2021, os abortos e natimortos por
sífilis apresentaram incremento de 12,9% em relação ao ano de 2020. Ressalta-se
que, juntos, abortos e natimortos representaram 78,0% dos desfechos
desfavoráveis e 6,6% do total de casos diagnosticados de sífilis congênita em 2021
(figura1). O aprimoramento no diagnóstico (especialmente com maior oferta de
testes para sífilis), as capacitações de profissionais da saúde e a implementação
das vigilâncias estaduais e municipais provavelmente contribuíram para a
identificação e a redução da subnotificação de desfechos desfavoráveis.

23
FIGURA 14 Casos notificados de sífilis congênita (número e percentual), segundo características dos casos por ano de diagnóstico.

Fonte: Boletim Epidemiológico SIFILIS MINISTERIO DA SAUDE 2023

24
4.1- Situação epidemiológica da sífilis congênita em Minas Gerais

A sífilis congênita (SC) é a ocorrência da transmissão do Treponema pallidum


da corrente sanguínea da gestante infectada para o concepto por via transplacentária ou,
ocasionalmente, por contato direto com a lesão no momento do parto (BRASIL, 2022). A
transmissão vertical é passível de ocorrer em qualquer fase gestacional ou estágio da
doença materna e pode resultar em aborto, natimorto, prematuridade ou um amplo espectro
de manifestações clínicas; apenas os casos muito graves são clinicamente aparentes ao
nascimento. A Figura 11 demonstra as notificações e taxa de incidência de sífilis congênita
ocorridas no período de 2018 a 2022. Entre todos os anos avaliados, 2022 registrou o maior
número de casos e maior taxa de incidência (N=2234 casos e 9,5 casos/1000 NV). É
importante destacar a necessidade de qualificação dos bancos de dados e aprimoramento
dos profissionais que realizam a notificação dos casos, conforme critérios de definição de
casos definidos pelo Ministério da Saúde através da Nota Informativa n°10/2022-
CGAHV/.DCCI/SVS/MS.

FIGURA 15 Frequência e incidência de casos de sífilis congênita por ano de diagnóstico. Minas Gerais, 2018 – 2022

(N=10.911)

Fonte: Boletim Epidemiológico SIFILIS MINISTERIO DA SAUDE 2023

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4.2- Situação epidemiológica da sífilis congênita na SRS Montes Claros

Foram registrados 761 casos de sífilis congênita na região no período de 2018-


2022. O maior registro de casos ocorreu no ano de 2021 (211 casos). A linha de tendência
de crescimento dos casos de sífilis congênita na região aponta leve tendência de
crescimento dos casos. Importante ressaltar que as notificações de sífilis congênita (761
casos) na série história avaliada correspondem a 62% dos casos notificados de sífilis em
gestante no mesmo período, ou seja, mais da metade das gestantes diagnosticadas com
sífilis não foram tratadas ou foram tratadas inadequadamente repercutindo na grande
proporção de sífilis congênita.

FIGURA 16 Frequência e incidência de casos de sífilis congênita por ano de diagnóstico. Minas
Gerais, 2018 – 2022

(N=10.911)

Fonte: Boletim Epidemiológico SRS Montes Claros, 2023.

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4.3- Situação epidemiológica da sífilis congênita em Capitão Enéas

No munícipio de Capitão Enéas- MG dos anos 2019 a 2023 foram notificados 30


casos de sífilis congênita, podendo ser avaliado atraves da figura 17, sendo notavel o
aumento entre 2022 e 2023.

FIGURA 17 Frequência e incidência de casos de sífilis congênita por ano de diagnóstico.


Capitão Enéas 2018 – 2023
(N=10.911)
10
9 9
9

5
4 4 4
4

0
2019 2020 2021 2022 2023

Sífilis Congênita

Fonte SINAN dados extraídos em 04/12/2023

5. Ações de enfrentamento desenvolvidas no ambito Municipal

Considerando o cenário atual, o impacto da sífilis como problema de saúde


pública e orientado pela Nota Técnica SVEAST/SRAS/SAPS/SES-MG 01/2016 a
implantação dos Testes Rápidos (TR) nas Unidades Básicas de Saúde, tem auxiliado no

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diagnóstico precoce, a identificação das parcerias sexuais, bem como o tratamento em
momento oportuno.
Laboratoriais (SISLOGLAB), o qual viabiliza o controle de estoque dos insumos
necessários para a realização das ações preconizadas no Protocolo Estadual de
enfrentamento as IST’s. no ano de 2023 já foram realizados 737 testes rápidos de sífilis,
sendo 24 deles com resultado reagente. (Figura 18).
Paralelo a isso, a educação permanente dos profissionais de saúde é realizada
de forma contínua, além de educação em saúde realizadas com a comunidade tanto nas
unidades de Atenção Primária, quanto em escolas, feiras livres, reuniões de bairros,
empresas privadas entre outros, onde há sensibilização da população através de testagem
rápida, distribuição de panfletos educativos, palestras educativas e preservativos masculino
e femininos.
FIGURA 18 Testagem rapida Capitão Enéas

TESTAGEM RÁPIDA NA APS 2023


Gestante Mobilização Rotina Positivos

160 152

140

120 115

100

80 71

60 55

40
40 34
27 26 27 29 28
21
16 17 15
20 12
6 3 8 6 8 5 7 8 6 6
4 3 0
012 021 1 0 0 0 1 0 0 2 0
0
Jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte SISLOG-LAB dados extraídos em 04/12/2023

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6. Considerações Finais
O cenário epidemiológico da sífilis no Brasil como um todo, vem demostrando ao
longo dos anos um expressivo aumento dos casos, persistindo como um problema de saúde
pública. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são cruciais para prevenir danos
em longo prazo.
Embora haja facilidade no diagnostico através da testagem rápida, ainda é
notável a resistência e preconceito. Com o repasse de incentivo financeiro estadual aos
municípios para o fortalecimento das ações de enfrentamento à Sífilis busca-se apoio e
parcerias para a mobilização dos serviços e profissionais de saúde no fortalecimento das
ações para o enfrentamento da sífilis.

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