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Maitê Benati Dahdal

Pedro Eustáquio Urbano Teixeira


Raísa Dourado Almeida
Vitor Piquera

PREVENTIVA

INDICADORES DE SAÚDE

1
SUMÁRIO

INDICADORES DE SAÚDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1. Indicadores de morbidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1. Prevalência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2. Incidência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2. Outros conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1. Letalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2. Mortalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

3. Coeficientes e índices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3.1. Coeficientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3.2. Índices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

4. Curvas de Nelson Moraes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8


5. T
 ransição demográfica e epidemiológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
5.1. T
 ransição demográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
5.2. Transição epidemiológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

6. Perfil de morbimortalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
6.1. Mortalidade por causa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
6.2. Principais neoplasias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
6.3. Neoplasias com maior mortalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Mapa mental. Indicadores de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14


Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

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INDICADORES DE SAÚDE

importância/prevalência

O QUE VOCÊ PRECISA SABER

u Prevalência diz respeito ao número total de casos.


u Incidência diz respeito ao número de casos novos em determinado intervalo de tempo.
u O denominador do coeficiente de mortalidade materna é o número total de nascidos vivos.
u Os dados preliminares de 2020 (os mais recentes disponíveis no DATASUS) indicam que a principal causa
de óbitos no Brasil são as doenças do aparelho circulatório, seguidas por doenças infecciosas.

1. I NDICADORES DE MORBIDADE O que aumenta a prevalência de uma doença?


u Aumento na incidência → Aumenta o número de
casos novos.
   BASES DA MEDICINA u Aumento na imigração de doentes → Aumenta o
número de casos novos.
Quando falamos em morbidade, estamos lidando com os u Maior capacidade diagnóstica → Aumenta o nú-
pacientes doentes. Os indicadores de morbidade, portanto, mero de diagnósticos da doença, o que leva a
refletem a taxa de portadores de determinada doença em número maior de doentes.
relação à população estudada. Os principais indicadores
de morbidade são prevalência e incidência. Devemos
u Controle da doença → Pessoas com a doença vi-
sempre avaliar esses indicadores em uma determinada vem mais tempo e continuam “se acumulando”
população e em um determinado tempo. na estatística de prevalência.

O que diminui a prevalência de uma doença?


1.1. PREVALÊNCIA u Obviamente, redução na incidência, na imigra-
ção, na capacidade diagnóstica e no controle
Definição: da doença.
Número total de casos → Retrato ou Somatório
u Alta letalidade → Mais pessoas morrem pela
doença e deixam de fazer parte da estatística
Exemplo: 38 milhões de pessoas viviam com HIV de prevalência.
em todo mundo ao final de 2019. u Aumento na emigração de doentes → Reduz o
u Sabemos o número total de casos. Não estamos número total de casos.
informando quantas pessoas adquiriram a doen- u Descoberta da cura → Pessoas curadas deixam
ça naquele ano. de fazer parte da estatística da doença.
u Sempre que perguntamos “Quantas pessoas u Melhor prevenção → Menos pessoas adoecem.
tinham aquela doença ou estavam doentes na- u Redução no tempo de duração de uma doença
quela data específica”, estamos perguntando → Se as pessoas passam menos tempo doentes,
sobre prevalência.

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Indicadores de saúde Epidemiologia

elas ficam menos tempo “se acumulando” na es- O que reduz a incidência de uma doença?
tatística de prevalência. u Melhor prevenção.

Figura 1. Eventos que influenciam


a prevalência de doenças.
   BASES DA MEDICINA

Existem 2 formas de se medir a incidência: Incidência


cumulativa e Densidade de incidência.
Incidência cumulativa (Ic): Estimativa da probabilidade
de um indivíduo desenvolver a doença em um período
específico. Podemos entender a incidência cumulativa
como, simplesmente, o risco de adoecimento. Geralmente
quando falamos em incidência estamos nos referindo à
incidência cumulativa.
número de casos novos detectados durante um determinado período
Ic =
total de indivíduos em risco no início do período

Observe, na figura abaixo, como funciona a incidência


cumulativa.

Figura 2. Casos da doença X em um


grupo de 100 pacientes internados.

Fonte: Acervo Sanar.

1.2. INCIDÊNCIA

Definição: Número de casos novos da doença na


população avaliada em determinado intervalo de
tempo.
Exemplo: Em 2019, 1,7 milhão de pessoas se infec-
taram por HIV no mundo.
u Ou seja, a prevalência de HIV em 2019 era de 38
milhões de casos, enquanto sua incidência foi
de 1,7 milhão de casos novos para o período de
janeiro a dezembro de 2019.
u Da mesma forma que uma data específica é im-
portante quando falamos em prevalência, um Fonte: Acervo Sanar.
intervalo de tempo é essencial na incidência. Po-
deríamos falar sobre o número de casos novos Observe que no dia 1º de janeiro de 1997, 5 pacientes,
em metade de um ano, ou em apenas um mês. dentre os 100 internados, já tinham a doença. Esse número
indica a prevalência da doença nesse momento. Entre o dia
O que aumenta a incidência de uma doença? 1º de janeiro e o dia 31 de dezembro de 1997, 5 pacientes
adquiriram a doença. Dessa forma, temos apenas 5 casos
u Aumento na imigração de doentes.
novos nesse período. Acontece que, como 5 pacientes,
u Maior capacidade diagnóstica. entre os 100 internados na clínica, já tinham a doença no

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Indicadores de saúde 

início da análise, apenas 95 pacientes estavam suscetíveis Observe a Figura 3. O estudo em questão durou 5,5 anos,
ao adoecimento. Ou seja, apenas 95 estavam expostos ao mas apenas um paciente manteve-se em avaliação por
risco de adoecer. A incidência cumulativa da doença X na todo esse período. Alguns entraram após o início do estudo
população avaliada foi de 5/95, ou 5,3%, para o período enquanto outros não chegaram ao seu final. Nesse estudo,
de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 1997. 5 pacientes apresentaram o desfecho, enquanto outros
faleceram, abandonaram o estudo ou não apresentaram o
Densidade de incidência (Id): Aplicar o conceito de inci-
desfecho. Quando somamos o tempo total de exposição
dência cumulativa a toda uma população é algo plausível.
dos 12 pacientes, temos 26 anos. Assim, temos um total de
Acontece que, quando estamos analisando a incidência
26 pessoas-ano. A densidade de incidência será, portanto,
de uma doença dentro de um estudo epidemiológico,
5/26 pessoas-ano, ou 19,2 casos por 100 pessoas-ano.
como uma coorte, nem sempre conseguimos acompanhar
todos os pacientes por um período uniforme. Alguns indi- O mais importante é entendermos que, para calcularmos
víduos são acompanhados por intervalos menores do que incidência, seja incidência cumulativa ou densidade de
outros. A densidade de incidência permite avaliar a taxa incidência, precisamos compreender que o denominador
instantânea de desenvolvimento da doença por unidade deve conter apenas a população em risco de adquirir a
de tempo. Assim, podemos levar em conta os períodos doença.
variáveis de seguimento.
número de casos novos detectados durante um determinado período
Id =
soma total de pessoas-tempo em risco
OBSERVAÇÕES – PREVALÊNCIA X INCIDÊNCIA
u Prevalência é sempre maior que incidência: FAL-
A unidade “pessoas-tempo em risco” leva em consideração
a soma do tempo que cada indivíduo foi observado estando SO! Pense no coronavírus em 2022. Qual número
livre da doença. Como assim? Imagine que você acompanha é maior – pessoas vivendo com a doença no dia
um tabagista por 20 anos, e esse indivíduo não desenvolve 31 de dezembro de 2022 ou número de pessoas
câncer de pulmão. Em outro estudo, você acompanha 5 que adquiriram a doença em 2022? Doenças mais
tabagistas por 4 anos, e nenhum desenvolve câncer de agudas, de rápida resolução, como dengue, gripe
pulmão. Nos 2 estudos, você avaliou 20 anos de exposição
e resfriado, apresentam, geralmente, incidência
ao cigarro. Acontece que, por vezes, um mesmo estudo tem
um indivíduo exposto por 20 anos e outro exposto apenas maior que prevalência. O mesmo para doenças
por 4 anos. A densidade de incidência lhe permite utilizar com alta letalidade, como a raiva humana. Deve-
as informações fornecidas pelos 2 pacientes. mos lembrar, entretanto, que podemos calcular a
incidência para qualquer período, não apenas um
Figura 3. Desfecho (x) em 12 pacientes ano. Se calcularmos a incidência de uma doença
acompanhados por 5,5 anos. no período de 1 semana, por exemplo, seu valor
será muito baixo.
u Prevalência = Incidência x Tempo: Esse é um
“macete” que pode lhe ajudar a responder algu-
mas questões.

2. O UTROS CONCEITOS

2.1. LETALIDADE

Definição: Proporção de mortes por determinada


doença.
Exemplo: de 1000 pessoas que adoecem, 100 evo-
luem a óbito. Letalidade = 10%.
Fonte: Acervo Sanar.

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Indicadores de saúde Epidemiologia

2.2. MORTALIDADE 2.2.3. Materna

Definição: “Morte de uma mulher durante a ges-


A mortalidade pode ser avaliada de várias formas
tação ou até 42 dias após o término da gestação,
diferentes. Há os indicadores de mortalidade geral,
independente da duração ou da localização da gra-
por doença ou por determinada amostra específica
videz, devida a qualquer causa relacionada com ou
da população, que pode se tratar de uma faixa etária,
agravada pela gravidez ou por medidas em relação
por exemplo. Vamos apresentar alguns dos mais
a ela, porém não devida a causas acidentais ou
importantes para as provas.
incidentais” (CID-10).
2.2.1. Geral Simplificando a definição → para ser morte materna
precisa preencher os seguintes critérios:
Definição: Número total de mortes em determinada
u Morte durante a gestação ou até 42 dias após
população.
o parto.
Exemplo: No ano de 2020, a mortalidade geral no u Causada pela gravidez ou por comorbidade agra-
Brasil foi de 7,3 mortes/1000 habitantes. vada pela gravidez.
Se tivermos uma população mais velha, e a maioria W Causa direta: problema que ocasionou o óbito
desses óbitos ocorrer em pessoas mais idosas foi gerado pela gestação.
por doenças crônicas não transmissíveis, isso de W Ex.: descolamento de placenta, eclampsia.
forma alguma aponta para uma condição de saúde
W Causa indireta: problema já existia e foi agra-
precária. Porém, mesmo com menos óbitos por
vado pela gestação.
1000 habitantes, outra localidade pode ter uma
condição de saúde inferior, já que são crianças e W Ex.: complicações do lúpus eritematoso sis-
adultos jovens aqueles que mais vão a óbito. Por têmico.
isso, mortalidade geral não é um bom indicador das u Não pode ter sido morte acidental ou incidental.
condições de saúde de uma determinada população,
visto que não sabemos nada sobre os óbitos, como 2.2.4. Infantil
causa ou faixa etária.
Definição: Morte de crianças no primeiro ano de
2.2.2. Específica vida. Podemos dividir a mortalidade infantil por
período, como exposto a seguir:
Definição: Realizamos algum tipo de distinção e u Neonatal → Até 27 dias.
caracterização sobre os óbitos (idade, sexo, causa). u Neonatal precoce → Até 6 dias.
Assim, analisamos a distribuição percentual de óbi-
tos, em dado local e período, por grupos de causas,
u Neonatal tardia → 7-27 dias.
por faixa etária, por gênero etc. u Pós-neonatal → >27 dias.

Exemplo: No ano de 2018, 107 mil mulheres falece-


ram por câncer no Brasil. Considerando a população
DICA
de aproximadamente 100 milhões de mulheres Mortalidade materna e infantil são
indicativos da situação de saúde de uma
naquele ano, temos uma mortalidade específica
determinada localidade.
por câncer de 107 óbitos por neoplasia por 100
mil mulheres.
A mortalidade específica mais cobrada nas provas
é aquela por causas de óbito.

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Indicadores de saúde 

3.1.4. Coeficiente de mortalidade materna


3. COEFICIENTES E ÍNDICES
Mortalidade materna =
Nº total de óbitos por causas maternas
   BASES DA MEDICINA Nascidos vivos

Podemos ter coeficientes e índices sendo aplicados a


conceitos iguais. Existem, por exemplo, coeficiente e
índice de mortalidade. Como fazemos para diferenciar os    BASES DA MEDICINA
2? Os coeficientes têm, no seu cálculo, variáveis distintas
presentes no numerador e no denominador da fórmula, Por que nascidos vivos como denominador? A população
enquanto os índices apresentam numerador e denomi- que queremos avaliar é aquela composta por gestantes e
nador com variáveis iguais. mulheres no puerpério. A estimativa lógica seria avaliar
o número de mulheres em acompanhamento pré-natal.
Acontece que essa cobertura não é de 100% no Brasil.
3.1. COEFICIENTES Quais os problemas envolvendo o número total de nascidos
vivos? O primeiro é a gemelaridade, já que há mulheres
com mais de um nascido vivo por gestação. O segundo
Coeficiente: é o número de abortos e natimortos. Mulheres podem
morrer por complicações da gestação sem necessaria-
Numerador ≠ Denominador
mente haver um nascido vivo correspondente. Podemos,
entretanto, avaliar que, como um problema geraria uma
Ex.: Mortes por causa materna/nascidos vivos. “supernotificação” no total de gestantes e o segundo
Esse é o coeficiente de mortalidade materna (dis- uma “subnotificação”, esses problemas se anulam, e a
melhor estimativa que nós temos para o número total
cutido adiante). Observe como o numerador está
de gestantes acaba sendo o número total de nascidos
apresentando um número de óbitos (mortes por vivos no período.
causa materna), enquanto o denominador trata de
uma população (nascidos vivos). Temos, portanto,
óbitos/população. 3.1.5. Coeficiente de mortalidade infantil

3.1.1. Coeficiente de letalidade Mortalidade infantil =


Nº total de óbitos em menores de 1 ano
Letalidade = Nascidos vivos
Nº total de óbitos por determinada doença
Nº total de doentes Mortalidade na infância não é a mesma coisa que
mortalidade infantil. Para mortalidade na infância
consideramos crianças até os 5 anos de idade.
3.1.2. Coeficiente de mortalidade geral

3.2. ÍNDICES
Mortalidade geral =
Nº total de óbitos
População avaliada Índice:
Numerador = Denominador

3.1.3. Coeficiente de mortalidade por causa


Ex.: Óbitos em menores de 01 ano/total de óbitos.
Mortalidade por AVC = Temos, assim, o índice de mortalidade infantil.
Nº total de óbitos por AVC
População avaliada

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Indicadores de saúde Epidemiologia

O numerador apresenta um quantitativo de óbitos


em determinada faixa etária, enquanto o denomi-    BASES DA MEDICINA

nador também traz um valor relacionado a óbitos;


no caso, o total de óbitos. É muito importante que A razão de dependência estabelece uma relação entre
você entenda essa diferença entre índice e coefi- a população considerada economicamente ativa (15-59
anos) e aquela considerada dependente (0-14 anos e >
ciente para não confundir os 2 durante uma ques-
60 anos).
tão. Vamos apresentar alguns dos índices mais
importantes para a sua prova.
3.2.4. Swaroop-Uemura ou razão de
3.2.1. Índices de mortalidade mortalidade proporcional

Infantil: Mortalidade ≥ 50 anos


Óbitos em menores de 1 ano Mortalidade Geral
total de óbitos
O Índice de Swaroop-Uemura traduz a situação de
saúde de uma população, visto que, numa socie-
Por causa (proporcional): dade com bons indicadores de saúde, esperamos
Óbitos por AVC que a maior parte dos óbitos se dê em pessoas
total de óbitos mais idosas.

Por idade:
4. CURVAS DE NELSON MORAES
Óbitos em determinada faixa etária
total de óbitos
As famosas Curvas de Nelson Moraes, ou curvas
Quase sempre, quando a prova fala em mortalidade, de mortalidade proporcional, são representações
ela está querendo o coeficiente, e não o índice. gráficas da distribuição proporcional dos óbitos
por faixas etárias. Nelson Moraes, sanitarista bra-
3.2.2. Índice de envelhecimento sileiro que idealizou essas curvas nos anos 1950,
associou cada um dos 4 formatos de curva a um
População ≥ 60 anos “nível de saúde”.
População < 15 anos

3.2.3. Razão de dependência

População 0-14 anos e ≥ 60 anos


População 15-59 anos

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Indicadores de saúde 

Figura 4. Evolução esquematizada do nível de saúde avaliado pelas curvas de mortalidade proporcional.

Fonte: Acervo Sanar.

u Tipo IV: Nível de saúde elevado → Percebemos


que há um número baixo de mortes em crianças 5. TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
e adultos jovens, aumentando exponencialmente E EPIDEMIOLÓGICA
com a idade. Ou seja, os mais velhos são aque-
les que mais morrem, exatamente como espera-
5.1. TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
mos em uma sociedade com bons indicadores
de saúde.
Transição demográfica é um conceito que descreve
u Tipo III: Nível de saúde regular → A mortalidade na
a dinâmica do crescimento populacional. Basica-
infância (até 5 anos de idade) já se mostra maior
mente, falamos sobre as alterações na expectativa
do que no nível IV, mas no geral continuamos ten-
de vida, que culminam nas mudanças da pirâmide
do um aumento mais expressivo da mortalidade
etária de determinada localidade.
nos pacientes mais velhos.
u Tipo II: Nível de saúde baixo → A mortalidade em Figura 5. Pirâmides populacionais do Brasil
crianças é a mais expressiva de todas, havendo em 1900, 1950, 1980, 2000 e 2050.
um leve aumento na população de mais idade.
Reflete sociedades com saneamento básico mui-
to precário e pobreza extrema.
u Tipo I: Nível de saúde muito baixo → Temos uma
alta mortalidade infantil, mas o pico ocorre nos
adultos jovens, havendo queda da mortalidade
entre aqueles de mais idade. Por que essa curva
é pior que a tipo II? Essas curvas refletem, por
exemplo, sociedades com conflitos armados, em
que os adultos jovens são incapazes de sobrevi-
ver. Por isso, não há aumento da mortalidade nas
idades mais avançadas, visto que a população
não “consegue” alcançar idades mais avançadas.

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Indicadores de saúde Epidemiologia

Fonte: Acervo Sanar.

Observe a transição demográfica que ocorreu no


Brasil nos últimos anos. Em 1900, uma parcela
muito significativa da população era composta por
crianças e adolescentes, enquanto poucas pessoas
tinham 70 anos ou mais. Nos anos 2000, passamos a
ter uma parcela maior de pessoas entre 15-59 anos.
Para 2050, a previsão é de uma “pirâmide” mais
distribuída, com redução do número de crianças e
aumento significativo do número de idosos.
Por que essas alterações demográficas ocorrem?

5.2. TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA

Entende-se por transição epidemiológica as altera-


ções nos indicadores de saúde, como mortalidade,
natalidade etc. É a transição epidemiológica que
causa a transição demográfica. O que vem ocor-
rendo no Brasil, nas últimas décadas, que culminou
na alteração da pirâmide etária?
u Redução da natalidade.
u Redução da mortalidade infantil.
u Redução da mortalidade materna.
u Aumento da esperança de vida ao nascer.
u Melhora do saneamento básico → Menos mortes
por doenças infecciosas.

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Indicadores de saúde 

6.1. MORTALIDADE POR CAUSA


DICA
Você vai perceber que a pandemia
da covid‑19 alterou um pouco a tendência 6.1.1. Geral
que vínhamos tendo com alguns desses
indicadores. u 2019
1. Doenças do Aparelho Circulatório.
2. Neoplasias.
Por conta de todas essas mudanças, passamos a
3. Causas externas.
ter uma população mais idosa e proporcionalmente
menos assolada por doenças infecciosas, o que
u 2020
resultou em:
1. Doenças do Aparelho Circulatório.
u Aumento de doenças crônicas não transmissíveis
e de mortes provocadas por elas. 2. Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias.
u Aumento de mortalidade por causas externas. 3. Neoplasias.

Todos esses pontos refletem o processo de transi- u 2021


ção epidemiológica. 1. Algumas doenças infecciosas e parasitárias.
O perfil de situação de saúde do Brasil, atualmente, 2. Doenças do aparelho circulatório.
reflete a tripla carga de doenças: persistência de 3. Neoplasias.
doenças infecciosas e carenciais, aumento dos óbi-
tos por causas externas, e aumento da prevalência e 6.1.2. Sexo masculino
dos óbitos por doenças crônicas não transmissíveis.
u 2019
1. Doenças do Aparelho Circulatório.
6. PERFIL DE MORBIMORTALIDADE 2. Neoplasias.
3. Causas Externas.
Outro aspecto muito cobrado nas provas é o perfil
de morbimortalidade da sociedade brasileira. O que u 2020
isso quer dizer? Basicamente quais são as principais 1. Doenças do Aparelho Circulatório.
causas de óbito e de adoecimento na população, 2. Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias.
divididos por sexo e faixa etária.
3. Neoplasias.
Apresentaremos os indicadores referentes a 3
momentos distintos: 2019 (antes da pandemia da u 2021
covid-19), 2020 e os dados preliminares do DATASUS 1. Algumas doenças infecciosas e parasitárias.
de 2021, disponibilizados ao final de 2022. Observe
2. Doenças do aparelho circulatório.
como tivemos um aumento expressivo nos óbitos
por "Algumas doenças infecciosas e parasitárias". 3. Neoplasias.
Como os dados do ano anterior sempre ficam dis-
6.1.3. Sexo feminino
poníveis muito próximos às provas, vimos uma
redução na cobrança desse assunto a partir de u 2019
2020, mas é sempre bom estar vigilante, visto que
1. Doenças do aparelho circulatório.
é um assunto classicamente cobrado.
2. Neoplasias.
3. Doenças do aparelho respiratório.

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Indicadores de saúde Epidemiologia

u 2020 3. Doenças do aparelho respiratório.


1. Doenças do aparelho circulatório.
u 2020
2. Algumas doenças infecciosas e parasitárias.
1. Malformações e cromossomopatias.
3. Neoplasias.
2. Afecções do período perinatal.
u 2021
3. Algumas doenças infecciosas e parasitárias.
1. Algumas doenças infecciosas e parasitárias.
2. Doenças do aparelho circulatório. u 2021
3. Neoplasias. 1. Malformações e cromossomopatias.
2. Afecções do período perinatal.
6.1.4. Infantil (até 1 ano)
3. Algumas doenças infecciosas e parasitárias.
u 2019
1. Afecções do período perinatal. 6.1.7. Materna

2. Malformações e cromossomopatias.
3. Doenças do aparelho respiratório. u 2019
1. Hipertensão.
u 2020 2. Hemorragia.
1. Afecções do período perinatal. 3. Infecção.
2. Malformações e cromossomopatias.
3. Algumas doenças infecciosas e parasitárias. u 2020
1. Infecção.
u 2021 2. Hipertensão.
1. Afecções do período perinatal. 3. Hemorragia.
2. Malformações e cromossomopatias.
3. Algumas doenças infecciosas e parasitárias. u 2021
1. Infecção.
6.1.5. Neonatal (até 27 dias) 2. Hipertensão.
u 2019 3. Hemorragia.
1. Afecções do período perinatal.
2. Malformações e cromossomopatias.
DICA
Em 2019, a principal causa de óbito
3. Algumas doenças infecciosas e parasitárias.
na população entre 1-49 anos era o grupo
das causas externas, como acidente, vio-
u 2020 lência e suicídio. Em 2020 e 2021, causas
O mesmo padrão se manteve. externas permaneceram como principal
causa de óbito entre 1-39 anos, sendo as
u 2021 infecções as principais entre 40-49 anos.
Curiosamente, segundo dados prelimina-
O mesmo padrão se manteve.
res do DATASUS, na faixa etária entre 30-
39 anos, no ano de 2021, foram 25.943
6.1.6. Pós-neonatal (28 dias – 1 ano) óbitos por causas externas e 25.942 óbi-
tos por doenças infecciosas (diferença de
u 2019 apenas 1).
1. Malformações e cromossomopatias.
2. Afecções do período perinatal.

12
Indicadores de saúde 

6.2. PRINCIPAIS NEOPLASIAS 6.3. NEOPLASIAS COM MAIOR


MORTALIDADE
6.2.1. Sexo masculino
6.3.1. Sexo masculino
1. Próstata.
1. Pulmão.
2. Colorretal.
2. Próstata.
3. Pulmão.
6.3.2. Sexo feminino
6.2.2. Sexo feminino
1. Mama.
1. Mama.
2. Pulmão.
2. Colorretal.
3. Colo do útero. Parece muita coisa para memorizar, mas não é
tão difícil. Como falamos, essa parte de perfil de
morbimortalidade está caindo menos por conta
DICA
Sempre que falamos das principais da flutuação constante dos indicadores durante a
neoplasias, estamos excluindo as neopla- pandemia da covid-19. Tente, pelo menos, se lem-
sias de pele não melanoma, já que essas brar da principal causa de óbito e do câncer mais
são as mais prevalentes tanto em homens comum em cada um dos grupos que trouxemos.
quanto em mulheres.

   DIA A DIA MÉDICO

Às vezes não conseguimos perceber de que forma pode- comunitários de saúde portam tablets com informações
mos aplicar esses conhecimentos no nosso dia a dia. sobre os indivíduos cadastrados. Use essas tecnologias a
Acontece que é muito importante entendermos os indi- seu favor. A prevalência de hipertensão na população da
cadores de saúde da população como um todo para minha área está muito abaixo da média apresentada no
podermos comparar com os indicadores da parcela da Brasil? Isso pode significar subdiagnóstico. Será que não
população a que nós prestamos assistência. Não é porque seria importante implementar um projeto de busca ativa
a principal causa de óbito envolve as doenças do aparelho por hipertensos na área de abrangência da sua equipe?
circulatório que no hospital onde você trabalha essa deva As campanhas de educação em saúde e as intervenções
ser a realidade. É possível que, pelo perfil do hospital e na comunidade podem ser guiadas por indicadores de
dos seus profissionais, ocorram mais óbitos por causas saúde da própria comunidade.
externas ou por neoplasias. São os indicadores de saúde
Por fim, será que nossa prática clínica está sendo orien-
do seu serviço que devem nortear os protocolos e as inter-
tada pelo perfil de morbimortalidade da população? O
venções. Caso você não tenha esses dados, corra atrás
câncer de pulmão é o que mais mata homens e o segundo
deles. Caso eles não estejam disponíveis, produza-os.
que mais mata mulheres no Brasil, mas poucos são os
Além disso, a própria anamnese que realizamos é guiada médicos que sabem abordar corretamente o tabagismo
por esses indicadores. Devemos perguntar sobre presença em uma consulta e fornecer a assistência necessária
de hipertensão, diabetes e tabagismo, por exemplo, que para a cessação. Sabemos que causas externas estão
são fatores de risco para doenças do aparelho circula- em primeiro lugar como causas de óbitos em pacientes
tório e de neoplasias. Importante saber se há casos de adultos até 39 ou 49 anos, mas quando foi a última vez
infarto ou AVC na família. Perguntamos se há histórico que você abordou álcool e direção, uso de capacete ou
de trauma para averiguarmos se nossos pacientes estão violência doméstica em uma consulta? O conhecimento
expostos a causas externas. Conhecer os indicadores sobre os indicadores de saúde nos mostra o que é impor-
de saúde nos permite, inclusive, melhorar a qualidade tante para a população e o que deveria nortear as nossas
da nossa anamnese. prioridades.
Na Atenção Primária há ferramentas muito poderosas
para análise de indicadores de saúde. Há unidades com
prontuário eletrônico e outras nas quais os agentes

13
Indicadores de saúde Epidemiologia

Mapa mental. Indicadores de saúde

Indicadores de saúde
continua…

Medidas de Morbidade Coeficientes Índices

Incidência Letalidade Mortalidade proporcional

Óbitos por determinada


Casos novos Óbitos por causas/Total de óbitos
doença/Doentes

Intervalo de tempo Mortalidade geral Razão de Dependência

Prevalência Óbitos/População ≥ 60 anos/< 15 anos

Casos totais Mortalidade por causa (específica) Swaroop-Uemura

Óbitos por determinada Mortalidade em ≥ 50 anos/


Retrato em um momento
causa/População Mortalidade geral

O que aumenta a Prevalência Mortalidade infantil

Óbitos em menores de
Incidência
1 ano/Nascidos vivos

Imigração Mortalidade materna

Óbitos maternos/
Diagnóstico
Nascidos vivos

Controle

14
Indicadores de saúde 

Mapa mental. Indicadores de saúde (continuação)

…continuação

Perfil de Neoplasia
Perfil de Mortalidade
Curvas de Nelson Moraes (excluindo pele não
(2021)
melanoma)

Tipo I Geral Mais comuns em homens

1. Algumas doenças
Muito baixo 1. Próstata
infecciosas e parasitárias

2. Doenças do aparelho
Tipo II 2. Colorretal
circulatório

Baixo 3. Neoplasias 3. Pulmão

Tipo III Infantil Maior mortalidade em homens

Regular 1. Afecções do Período Perinatal 1. Pulmão

2. Malformações e
Tipo IV 2. Próstata
Cromossomopatias

3. Algumas Doenças
Elevado Mais comuns em mulheres
Infecciosas e Parasitárias

Materna 1. Mama

1. Infecções 2. Colorretal

2. Hipertensão 3. Colo do útero

3. Hemorragia Maior mortalidade em mulheres

1. Mama

2. Pulmão

15
Indicadores de saúde Epidemiologia

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Almeida Filho N, Barreto ML. Epidemiologia & Saúde: fun-


damentos, métodos e aplicações. São Paulo: Guanabara
Koogan; 2012.
Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer –
INCA. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de
Vigilância e Análise de Situação [Internet]; 2021. [acesso em
30 set. 2022]. Disponível em: https://www.inca.gov.br/
DATASUS. Informação de Saúde (TABNET). Ministério da
Saúde. [Internet]. 2021. [acesso em 30 set. 2022]. Disponível
em: http://tabnet.datasus.gov.br/.
Departamento de Análise de Saúde e Vigilância de Doenças
Não Transmissíveis. Sistema de Informação sobre Morta-
lidade (SIM). Secretaria de Vigilância em Saúde. [Internet];
2020. [acesso em 20 set. 2020]. Disponível em: http://svs.
aids.gov.br/dantps/cgiae/sim/.
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva.
Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro:
INCA; 2019.
Laurenti R, Buchalla CM. Estudo da morbidade e mortalidade
perinatal em maternidades: II – Mortalidade perinatal segundo
o peso ao nascer, idade materna, assistência pré-natal e
hábito de fumar da mãe. Rev Saúde Púb. 1985; 19: 225-32.
ONU. World Population Prospects The 2004 revision, [Internet].
2004. [acesso em 4 out. 2021]. Disponível em: https://www.
un.org/development/desa/pd/sites/www.un.org.development.
desa.pd/files/files/documents/2020/Jan/un_2004_world_
population_prospects-2004_revision_volume-iii.pdf.
Wagner MB. Medindo a ocorrência da Doença: prevalência ou
incidência? Jornal de Pediatria, 2 maio 1998. [Internet]. 1998.
[acesso em 3 ago. 2020]. Disponível em: https://www.lume.
ufrgs.br/bitstream/handle/10183/54350/000164480.pdf.

16
Indicadores de saúde 

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 Questão 2

(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP – 2022) (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBU-
Em um município X com 980.000 habitantes em CO – PE – 2021) Assinale o indicador epidemiológico
que a expectativa de vida está acima dos 70 anos, que não é considerado um indicador de qualidade
ocorreram 14.210 óbitos por todas as causas entre de vida de uma população humana.
2019 e 2020. Na comparação da mortalidade por
covid-19 com a mortalidade por doenças cardio- ⮦ Taxa de Mortalidade Infantil.
vasculares, e usando os dados abaixo: ⮧ Curva de Nelson de Moraes.
Tabela. Distribuição dos óbitos segundo faixas etá- ⮨ Coeficiente de Mortalidade Geral.
rias e causa. Município X, 2019-2020.
⮩ Coeficiente de Mortalidade Materna.
Faixas ⮪ Esperança de vida.
Covid-19 % Cardiovasculares %
etárias

0-9 3 0,09 4 0,11 Questão 3


10-19 5 0,14 1 0,03
(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO
20-29 50 1,42 21 0,60 ESTADUAL – SP – 2021) Para se medir o nível de saúde
30-39 165 4,61 51 1,46 de uma população, a esperança de vida ao nascer
é um bom indicador porque:
40-49 330 9,11 145 4,15

50-59 740 20,51 334 9,55 ⮦ padroniza os coeficientes de letalidade.


60-69 606 19,09 682 19,50 ⮧ sofre o efeito da composição da população por
idade e sexo.
70-79 756 21,53 752 21,50
⮨ sintetiza o efeito da morbimortalidade na po-
80 e
mais
895 25,49 1.510 43,27 pulação.

Total 3.550 - 3.500 - ⮩ sintetiza o efeito da natalidade na população.


⮪ sintetiza o efeito da mortalidade, agindo ou atuan-
Em relação ao indicador que confere maior impor- do em todas as idades.
tância epidemiológica para a covid-19, a alternativa
CORRETA é:
Questão 4
⮦ Mortalidade proporcional por causa de óbito.
⮧ Coeficiente de mortalidade por causa específica. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2021) Com base nos dados
da tabela a seguir, assinale a alternativa que repre-
⮨ Anos potenciais de vida perdidos (APVP). senta a ação de maior prioridade para o decréscimo
⮩ Número absoluto de óbitos para cada causa. do número de casos de sífilis congênita:

17
Indicadores de saúde Epidemiologia

⮧ 31,8/100 mil habitantes; 6,8% e 2,2/100 mil ha-


bitantes.
⮨ 31,8/100 mil habitantes; 2,2/100 mil habitantes
e 6,8%.
⮩ 2,2/100 mil habitantes; 6,8% e 31,8/100 mil ha-
bitantes.

Questão 7
⮦ Aumento da cobertura do pré-natal (maior nú-
mero de gestantes fazendo pré-natal). (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – SP – 2021) Um
município notificou os seguintes indicadores ao
⮧ Campanhas para aumentar a testagem rápida analisar grupos de causas básicas: mortalidade
para a sífilis entre gestantes e parceiros. proporcional devido a doenças cardiovasculares
⮨ Campanhas de conscientização da população de 30% e de causas externas de 11%; percentual de
acerca da sífilis adquirida e congênita. anos potenciais de vida perdidos de 11% por cau-
sas cardiovasculares e 30% por causas externas.
⮩ Supervisão e melhoria da qualidade do cuidado
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
prestado no pré-natal.
⮦ A cidade tem grande percentual de idosos que
se expõem a causas externas.
Questão 5
⮧ Há grande contingente de óbitos precoces.
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ – PR – 2021) Com a des-
coberta e instituição de tratamentos do diabetes ⮨ As causas externas e as doenças cardiovas-
que melhoram o prognóstico, mas não levam à culares são as principais causas de morte no
cura, a incidência e a prevalência desse agravo, município.
respectivamente: ⮩ Os indicadores mostram o risco de morrer tanto
por doenças cardiovasculares como por causas
⮦ permanecem as mesmas. externas no município.
⮧ aumenta e diminui.
⮨ diminui e permanece a mesma. Questão 8
⮩ permanece a mesma e aumenta.
(SELEÇÃO UNIFICADA (AMRIGS, AMB, ACM E AMMS) – 2021)
⮪ aumentam. _____________ de tabagismo é o resultado da inicia-
ção (novos usuários de tabaco) e da interrupção do
consumo (por cessação do tabagismo ou morte). A
Questão 6
identificação dos fatores determinantes da iniciação
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – 2021) No Brasil, e da cessação do tabagismo é, portanto, fundamen-
entre 26 de fevereiro e 26 de abril de 2020, ocorre- tal para o planejamento de ações específicas para
ram 67.471 casos confirmados e 4.592 óbitos pela o controle do tabaco. Assinale a alternativa que
covid-19. Considerando uma população de 212 mi- preenche corretamente a lacuna do trecho acima.
lhões de habitantes, quais foram, respectivamente,
⮦ A incidência.
as taxas de incidência, mortalidade e letalidade da
doença no Brasil no período estudado? ⮧ A prevalência.
⮨ O risco relativo.
⮦ 2,2/100.000 habitantes; 31,8/100 mil habitan-
tes e 6,8%. ⮩ O risco atribuível.

18
Indicadores de saúde 

Questão 9

(AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE APUCARANA – PR – 2021)


Em relação à taxa de mortalidade infantil é CORRE-
TO afirmar que:

⮦ É o número de óbitos de menores de um ano de


idade por 100 nascidos vivos.
⮧ Compreende as somas dos óbitos ocorridos nos
períodos neonatal, precoce e tardio.
⮨ Estima o risco de um nascido vivo morrer duran-
te o seu primeiro ano de vida.
⮩ Os óbitos no período neonatal tardio represen-
tam mais de 50% dos óbitos infantis.

Questão 10

(REVALIDA UFMT – 2020) Analise as seguintes medi-


das de frequência de doença em uma população:
I – 25 casos de gripe por 1.000 pessoas-ano. II –
3.460.413 casos de covid-19 no Brasil de 26/02/2020
a 18/08/2020. III – 1.633 casos de covid-19 por
100.000 habitantes no Brasil de 26/02/2020 a
18/08/2020. As medidas de frequência epidemio-
lógica resultantes do cálculo de I, II e III represen-
tam, respectivamente:

⮦ Densidade de incidência, número absoluto de


casos no período, taxa de incidência acumulada.
⮧ Incidência acumulada, prevalência pontual, coe-
ficiente de incidência do período.
⮨ Taxa de incidência, coeficiente de prevalência,
razão de incidência no período.
⮩ Coeficiente médio de incidência, proporção relati-
va de incidência, taxa de prevalência acumulada.

19
Indicadores de saúde Epidemiologia

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 dificuldade:   Questão 2 dificuldade: 

Y Dica do professor: Questão que aborda os indica-


Y Dica do professor: Essa questão apresenta uma
dores em saúde e questiona sobre qual indicador
tabela que acaba não sendo útil para sua resolução.
não pode ser usado para avaliar a qualidade de
O que a questão realmente quer saber é o indicador
vida da população. Os indicadores são divididos
mais importante quando falamos de covid-19. Na
em coeficientes (também chamados de taxas) ou
verdade, qual o indicador mais importante quando
índices. Os primeiros avaliam o risco de uma de-
falamos de qualquer doença. Vamos analisar cada
terminada condição acometer uma população; por
uma das alternativas:
isso, o denominador consiste nas pessoas sob o ris-
Alternativa A: INCORRETA. Esse é um indicador im- co de sofrerem um evento (exemplo: coeficiente de
portante, mas não nos dá uma dimensão da mag- mortalidade por ataque de tubarão). Por sua vez, os
nitude da doença, já que só nos oferece um valor índices consistem em uma proporção (um exemplo
proporcional. Em uma localidade com poucos óbi- disso é dividir o número de mortes por ataque de
tos, podemos ter uma doença que mata poucas tubarão pelo número geral de mortes). A resposta
pessoas apresentando esse indicador muito alto. da questão é o coeficiente de mortalidade geral,
que se trata do risco de morrer em geral. Não é um
Alternativa B: INCORRETA. Aqui, teremos a mesma bom indicador de saúde, porque não discrimina que
limitação apresentada na alternativa A. parcela da população morre (se jovens ou idosos).
Vale relembrar a curva de Nelson Moraes, citada
Alternativa C: CORRETA. APVP nos dá uma ideia do
na alternativa B. Trata-se de um gráfico com os se-
impacto da doença na sociedade. Uma doença como
guintes parâmetros: percentual do total de mortes
a covid-19, que mata muitos idosos, mas também
e idade dos óbitos. Logo, esse gráfico expressa se
vitima muitas pessoas mais jovens, leva a uma per-
em uma determinada população há mais mortes
da importante dos anos de vida.
na infância, juventude ou velhice. São quatro tipos
Alternativa D: INCORRETA. Se soubermos apenas o de curva, descritos a seguir:
número total de óbitos, sem saber a sua proporção Tipo 1: curva em N. Revela muito baixo nível de
dentro da população, não temos como saber o real saúde, devido aos óbitos elevados de adultos jovens
impacto da doença. 1.000 óbitos podem represen- e crianças. Reflete um cenário de guerra.
tar um número muito expressivo numa cidade de Tipo 2: curva em L. Representa alta mortalidade
50 mil pessoas, e pouco expressivo em uma cidade na infância, o que indica um nível de saúde baixo.
com 11 milhões de habitantes. Tipo 3: curva em U. Há maior percentual de mortes
de idosos, mas a mortalidade infantil ainda é alta.
Nenhum dos indicadores apresentados nessa ques-
Indica um nível de saúde regular.
tão é perfeito para avaliarmos a importância epide-
Tipo 4: curva em J. Alto percentual de mortes de
miológica da doença, mas a alternativa C é a melhor
idosos (é a curva ideal). Expressa elevado nível de
entre as respostas ofertadas.
saúde.
✔ resposta: C ✔ resposta: C

20
Indicadores de saúde 

Questão 3 dificuldade:    Questão 5 dificuldade: 

Y Dica do professor: Trata-se de um indicador de Y Dica do professor: Dentre os coeficientes ou taxas


saúde pouco cobrado em prova, mas que tem uma de morbidade, que avaliam o risco de um indivíduo
boa utilidade para medir o nível de saúde de uma adoecer, temos a taxa de incidência e a taxa de pre-
população. O próprio site do DATASUS, onde pode- valência. A taxa de incidência é calculada através da
mos encontrar muitos indicadores de saúde, traz divisão do número de casos novos pela população
três pontos importantes sobre esse indicador: não doente (ou seja, susceptível). Ela é particular-
1. Expressa a longevidade da população. mente boa para avaliar doenças agudas, como as
2. Representa uma medida sintética da mortalidade, infectocontagiosas. A taxa de prevalência é melhor
não estando afetada pelos efeitos da estrutura etária para avaliar doenças crônicas e degenerativas, e
da população, como acontece com a taxa bruta de seu cálculo é obtido através da divisão do número
mortalidade. total de casos pela população total. A prevalência
é influenciada pela incidência, pelo uso de drogas
3. O aumento da esperança de vida ao nascer indica
que melhoram/controlam as condições de base e
melhoria das condições de vida e saúde da popu-
aumentam a expectativa de vida dos pacientes, pe-
lação.
las mortes, curas, imigrações e emigrações. Assim,
O segundo ponto apresentado pelo DATASUS diz, uma melhora no tratamento de pacientes com dia-
em outras palavras, o mesmo que a alternativa E. betes mellitus irá reduzir a mortalidade e prolongar
✔ resposta: E a expectativa de vida, aumentando a taxa de preva-
lência. Contudo, essas medidas em nada alteram a
incidência, que permanece igual a anterior.
Questão 4 dificuldade:  
✔ resposta: D
Y Dica do professor: Vamos analisar a tabela juntos.
A tabela nos traz informações a respeito da propor-
ção de casos novos de sífilis congênita registrados Questão 6 dificuldade: 
no sistema de vigilância epidemiológica para o BR e
estado de SP, em 2019. Nele temos a proporção de Y Dica do professor: O que dificulta a questão é a
mães que realizaram pré-natal e a proporção de tra- matemática, mas podemos fazer, inicialmente, as
tamento adequado para a sífilis durante o pré-natal. contas com valores aproximados. Vamos ver:
Alternativa A: INCORRETA. Observamos que a cober-
Incidência = número total de casos novos sobre
tura pré-natal não é o problema, uma vez que temos
a população exposta. Ou seja, aproximadamente
cobertura de pré-natal de 83,4 e 77,6% no Brasil e
70.000 / 210 milhões = 33/100 mil.
em SP respectivamente e tratamento de 6,4 e 6,5
respectivamente. Mortalidade = número total de óbitos sobre a popu-
Alternativa B: INCORRETA. Não há necessidade de lação geral. Ou seja, aproximadamente 5.000 / 210
campanhas uma vez que a testagem de sífilis é milhões = 2,4/100 mil.
algo básico e rotineiro no pré-natal.
Letalidade = número total de óbitos sobre o número
Alternativa C: INCORRETA. Seria com certeza uma ati- de casos. Ou seja, aproximadamente 5.000 / 70.000
tude de educação em saúde com benefícios, porém = 7,1%.
não seria a alternativa mais correta.
Alternativa D: CORRETA. Perfeito, pois temos uma Algumas vezes você vai precisar fazer as contas
cobertura pré-natal OK, mas uma péssima taxa de mesmo, porque as alternativas trarão respostas
tratamento, logo o pré-natal não está sendo reali- muito próximas. Na maioria das vezes, como nessa,
zado de forma correta. dava para responder apenas aproximando os valores.

✔ resposta: D ✔ resposta: C

21
Indicadores de saúde Epidemiologia

Questão 7 dificuldade:   perinatal, que refletem melhor a atenção pré-natal,


o parto e o recém-nascido. O cálculo direto da taxa,
Y Dica do professor: Vamos analisar os números
a partir de dados derivados de sistemas de registro
expostos:
contínuo, pode exigir correções da subenumeração
MORTALIDADE PROPORCIONAL: de óbitos infantis e de nascidos vivos, especialmen-
• Cardiovascular: 30% te nas regiões Norte e Nordeste.
• Causas externas: 11% Alternativa A: INCORRETA. A mortalidade infantil
PERCENTUAL DE ANOS PERDIDOS: consiste no número de óbitos de menores de um
ano de idade, por mil nascidos vivos, na população
• 11% por causas cardiovasculares
residente em determinado espaço geográfico, no
• 30% por causas externas ano considerado.
Vamos às alternativas. Alternativa B: INCORRETA. Compreende a soma dos
Alternativa A: INCORRETA. O percentual de anos óbitos ocorridos nos períodos neonatal precoce
perdidos em relação aos óbitos por causa externa (0-6 dias de vida), neonatal tardio (7-27 dias) e pós-
contradiz essa afirmação. -neonatal (28 dias e mais).
Alternativa B: CORRETA. O percentual de anos perdi- Alternativa C: CORRETA. Além disso, tem como ob-
dos em relação aos óbitos de causas externas nos jetivos analisar variações geográficas e temporais
deixa claro isso. da mortalidade infantil, contribuir na avaliação dos
Alternativa C: INCORRETA. Não há dados suficientes níveis de saúde e de desenvolvimento socioeconô-
para determinarmos as principais causas de óbito mico da população e subsidiar processos de plane-
desse município. jamento, gestão e avaliação de políticas e ações de
Alternativa D: INCORRETA. Para calcular esse risco saúde voltadas para a atenção pré-natal, o parto e
precisaríamos de dados populacionais, dados de a proteção da saúde infantil.
incidência dos agravos. Alternativa D: INCORRETA. A maior parte dos óbitos
neonatais ocorre no período neonatal precoce, do
✔ resposta: B
nascimento ao sexto dia de vida, e cerca de um
quarto dos óbitos ocorre no primeiro dia de vida.
Questão 8 dificuldade:  ✔ resposta: C
Y Dica do professor: Incidência é o número de casos
novos de uma doença; já a prevalência é o número Questão 10 dificuldade:   
de casos totais da doença, incluindo os já existentes
(somatório). Na questão é descrito os novos casos Y Dica do professor: Temos dois tipos de incidência:
em soma com os pacientes que não cessaram o Incidência cumulativa: Essa é a que conhecemos.
tabagismo, logo, estamos falando da prevalência. Casos novos no período / população exposta no
✔ resposta: B período.
Densidade de incidência: populações dinâmicas.
Permite ingresso ou saída de pessoas. Considera-
Questão 9 dificuldade: 
mos a unidade pessoas/tempo.
Y Dica do professor: Lembre-se de que o indicador I = densidade de incidência
não expressa tendências de mudança nos compo- II = número total
nentes da mortalidade infantil, caracterizadas por
III = Incidência normal, que é a cumulativa.
rápido declínio das causas pós-neonatais, com
consequente concentração de óbitos nas primeiras ✔ resposta: A
semanas de vida. Essas mudanças implicam a valo-
rização dos indicadores de mortalidade neonatal e

22

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