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Viver com

Colite Ulcerosa
Um futuro sem Doença de Crohn e Colite Ulcerosa
A Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino (Colite Ulcerosa
e Doença de Crohn) é uma organização voluntária, sem fins lucrativos, que tem
como objectivos:

a. O aconselhamento e apoio a pessoas que sofrem de doença de Crohn


ou Colite Ulcerosa;
b. A melhoria e o alargamento dos cuidados médicos ambulatórios;
c. A difusão de informação ao público sobre esta doença;
d. A promoção da investigação sobre as causas e o tratamento desta doença;
e. A cooperação com a classe médica, pessoal de enfermagem, indústria
farmacêutica, serviços e entidades publicas.

Esperamos que esta brochura o ajude a compreender estas doenças e o torne um


membro activo da nossa associação.

O texto publicado nesta brochura é da autoria da CCFA (Crohn’s & Colitis Foundation of America), que autorizou a sua
tradução e adaptação. A revisão médica foi feita pelo Dr. Francisco Portela.

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Viver com Colite Ulcerosa

Viver com Colite Ulcerosa

Índice

Compreender o diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
O que é a Colite Ulcerosa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Tem cura? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Breve introdução ao aparelho gastrointestinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Quem poderá ter Colite Ulcerosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
O que está na origem da Colite Ulcerosa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Quais são os sinais e os sintomas? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Fazer o diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Algumas questões que pode colocar ao seu médico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Gerir os sintomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Outras considerações:. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Cirurgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Dieta e nutrição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Terapias complementares e alternativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Stress e estados emocionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Manter-se saudável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Viver a vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Esperança para o futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18


O conhecimento e a ajuda são essenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Sobre a APDI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Glossário de termos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Compreender o diagnóstico
O seu médico informou-o/a que tem Colite Ulcerosa (UC). E agora?

O mais certo é nunca ter ouvido falar desta doença. De facto, a maioria das pessoas
desconhece o que é a colite ulcerosa e agora você vê-se obrigado a lidar com o
seu diagnóstico.

Antes de mais deve ter muitas perguntas. De seguida, listamos as mais comuns:
• O que é a colite ulcerosa?
• Conseguirei continuar a trabalhar, a viajar e a praticar exercício físico?
• Devo adotar uma dieta especial?
• Quais são os tratamentos que tenho à minha disposição?
• Irei ter de fazer uma operação?
• Em que medida é que a colite ulcerosa irá afetar a minha vida agora e no futuro?
• A colite ulcerosa tem cura e qual é o prognóstico?

O objetivo desta brochura é dar resposta a estas questões, abordar pontos fulcrais
sobre a colite ulcerosa e dar-lhe uma ideia do que esperar no futuro. Uma pessoa,
quando confrontada com a doença pela primeira vez, não se irá tornar uma perita
da noite para o dia mas irá, com toda a certeza, aprender cada vez mais sobre a CU
à medida que o tempo passa. Isto significa que, quanto mais informado/a estiver,
melhor irá gerir a sua doença e garantir que é um membro ativo da sua equipa
de saúde.

O que é a Colite Ulcerosa?


A Colite Ulcerosa (CU) faz parte do grupo de doenças inflamatórias do intestino (DII).

A CU é uma inflamação crónica do colón (intestino grosso) que ocorre frequen-


temente em adolescentes e jovens adultos, mas que também pode ocorrer em
pessoas mais velhas. Os sintomas podem incluir dor abdominal, desejo urgente de
evacuar, diarreia e sangue nas fezes. A inflamação tem início no reto e estende-se
ao cólon de modo continuado. Apesar de, no momento, não haver conhecimento
de uma cura, existem várias terapêuticas que controlam eficazmente a inflamação.

Quando se lê sobre doenças inflamatórias do intestino é preciso saber distinguir


entre a colite ulcerosa e a doença de Crohn, outro tipo de DII. Apesar de os sintomas
destas duas doenças serem similares, as áreas do corpo afetadas são distintas.

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Viver com Colite Ulcerosa

A doença de Crohn pode afetar qualquer parte do aparelho gastrointestinal enquanto


a colite ulcerosa afeta somente o cólon – também denominado intestino grosso.
A doença de Crohn também pode afetar, de modo generalizado, toda a espessura
da parede intestinal, enquanto a colite ulcerosa só afeta o revestimento interior
do cólon. Finalmente, no caso da doença de Crohn a inflamação do intestino pode
ocorrer em zonas distintas do mesmo, isto é, são visíveis áreas de intestino normais
entremeadas por áreas afetadas pela doença. No caso da colite ulcerosa isto não
ocorre. Somente em 10% dos casos é que há registo de características comuns à
colite ulcerosa e à doença de Crohn. A estes casos chamamos Colite Não Classificada.

Tem cura?
Ninguém sabe ao certo quais são as causas da colite ulcerosa. Do mesmo modo,
ninguém consegue prever como é que a doença – logo que é diagnosticada – irá
afetar cada pessoa em particular. Algumas pessoas conseguem passar anos sem ter
nenhum sintoma, enquanto outras pessoas têm crises frequentes da doença. Não
obstante isto, uma coisa é certa: a colite ulcerosa é uma doença crónica.

A colite ulcerosa pode ser mantida sob controlo com medicação mas não têm
cura, o que significa que é uma condição de longa duração. Em verdade, a maioria
das doenças, como é o caso da diabetes, da hipertensão e das doenças cardíacas
são tratadas eficazmente mas não curadas. Ocasionalmente, o paciente pode ter
complicações sérias – como é o caso do cancro colorrectal – mas tal ocorre num
número muito reduzido de pessoas com DII. Os estudos mostram que as pessoas
com DII têm a mesma esperança média de vida que as pessoas sem DII. É importante
lembrar que a maioria das pessoas que tem colite ulcerosa tem uma vida em pleno,
feliz e produtiva.

Breve introdução ao aparelho gastrointestinal


A maioria das pessoas desconhecem o aparelho gastrointestinal apesar de este
ocupar uma grande parcela do nosso corpo.

De seguida, apresentamos rapidamente o aparelho gastrointestinal: O aparelho


gastrointestinal começa na boca e estende-se por vários metros sinuosos até ao
reto. Ao longo deste percurso encontra-se uma série de órgãos que desempenham
um papel importante no processamento e transporte de comida pelo corpo.

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O primeiro órgão é o esófago, um tubo estreito que liga a boca ao estômago. A
comida passa pelo estômago e entra no intestino delgado. Esta é a seção onde
ocorre a absorção da maioria dos nutrientes. O intestino delgado é seguido pelo
cólon, também denominado intestino grosso, que faz ligação ao reto.

A função principal do cólon é absorver o excesso de água e sais da matéria fecal


(o que sobra depois de a comida ter sido digerida). Do mesmo modo, também
armazena a matéria fecal sólida e converte-a em fezes que são posteriormente
expelidas pelo ânus.

A inflamação decorrente da colite ulcerosa tem geralmente início no reto e na parte


terminal do cólon mas também pode estender-se a todo o cólon. Quando ocorre a
inflamação, as funções primárias são afetadas, incluindo a absorção de água. Como
resultado disto, verifica-se um dos sintomas comuns durante crises de CU, a diarreia.

Cavidade oral

Traqueia

Esófago

Fígado

Estômago

Vesícula biliar
Duodeno Pâncreas
Cólon transverso
Intestino grosso
Íleo
(intestino delgado)
Íleo terminal
Ceco
Apêndice
Reto
Ânus

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Viver com Colite Ulcerosa

Quem poderá ter Colite Ulcerosa?


Cerca de 15.000 pessoas em Portugal e cerca de 5 milhões em todo o Mundo sofrem
de colite ulcerosa ou doença de Crohn.

Este número divide-se quase uniformemente entre as duas doenças. De seguida,


apresentamos alguns factos e números:
• Todos os anos são diagnosticados cerca de 16 em cada 100 mil portugueses
de novos casos de colite ulcerosa e doença de Crohn.
• Em média, as pessoas que são mais frequentemente diagnosticadas com colite
ulcerosa têm entre os 15 e os 25 anos, apesar de a doença poder manifestar-se
em qualquer idade.
• Os homens e as mulheres parecem ser afetados pela doença de modo igual.
• Os homens têm maior probabilidade de serem diagnosticados com colite ulce-
rosa entre os 50 e 60 anos de idade.
• Apesar de a colite ulcerosa poder afetar pessoas de qualquer ascendência étnica,
os caucasianos são o grupo que padece mais desta doença. A doença prevalece
especialmente na população judaica do leste europeu.
• Tanto a colite ulcerosa como a doença de Crohn ocorrem maioritariamente em
países desenvolvidos, sendo mais comuns em áreas urbanas e climas nórdicos.
No entanto, alguns destes padrões estão a mudar gradualmente. Por exemplo,
registou-se um aumento do número de casos de DII em países em desenvol
vimento como é o caso da China, Índia e América do sul.

O fator genético
Os cientistas descobriram que a colite ulcerosa terá um fator genético. De facto, no
que concerne a parentes em primeiro grau de uma pessoa que tenha a doença, o
risco de ter uma DII varia entre os 5.2% e os 22.5%. Do mesmo modo, a incidência
da doença também está dependente do parente que tem DII, da etnia e do tipo
de DII – doença de Crohn ou colite ulcerosa. Do mesmo modo, os nossos genes
também parecem desempenhar um papel importante apesar de não ter sido ainda
identificado um padrão específico de herança genética. Isto significa que, neste
momento não há maneira de prever qual o membro da família, se algum, que irá
ter colite ulcerosa.

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O que está na origem da Colite Ulcerosa?
Ninguém sabe precisar o que está na origem da doença.

Uma coisa é certa: Não há nada que possa ter feito que tenha causado o apareci-
mento da colite ulcerosa. Do mesmo modo, não há possibilidade de a ter contraído
e também não há nada que tenha comido ou bebido que possa estar na origem
dos sintomas. O facto de ter um estilo de vida stressante também não levou ao
aparecimento da doença. Por todas estas razões, e acima de tudo, é importante
que não se culpe!

Afinal o que está na origem da CU?

Muitos peritos consideram que existe uma explicação multifatorial, isto é, que é
necessário haver a combinação de uma série de fatores que, por sua vez, originam
a colite ulcerosa. Os fatores principais que se acredita, estarem na origem da colite
ulcerosa são:

1) Ambiental
2) Genético
3) Uma reação inadequada do sistema imunitário

É provável, que uma pessoa herde um ou mais genes que a tornam suscetível à colite
ulcerosa. Isto, combinado com uma alteração ambiental, despoleta uma reação
anormal do sistema imunitário. Os cientistas ainda não identificaram o agente ou
agentes ambientais que despoletam esta reação, no entanto, seja qual for o agente,
este leva o sistema imunitário humano a “acionar-se” e a atacar o intestino grosso.
É então que ocorre a inflamação. Infelizmente, o sistema imunitário não se “desliga”
e a inflamação não desaparece acabando por danificar a mucosa e dando origem
aos sintomas da colite ulcerosa.

Quais são os sinais e os sintomas?


À medida que o revestimento do intestino (mucosa) fica mais inflamado e ulcerado
perde a capacidade de absorver a água da matéria fecal que passa pelo cólon.

Isto, por sua vez, origina um desprendimento das fezes – em outras palavras, diar-
reia. Do mesmo modo, a mucosa inflamada pode começar a produzir lubrificante
intestinal em excesso nas fezes. Adicionalmente, a ulceração da mucosa pode causar

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Viver com Colite Ulcerosa

o sangramento da mesma o que dá origem a fezes com sangue. Eventualmente,


a perda de sangue pode dar origem a uma diminuição na contagem de glóbulos
vermelhos no sangue, também denominada anemia.

A maioria das pessoas com colite ulcerosa sente um desejo urgente de evacuar e
dor abdominal tipo cólica. A dor poderá ser mais forte no lado esquerdo, mas pode
ocorrer em qualquer zona do abdómen. Quando combinados, estes dois sintomas
podem originar perda de apetite e, consequentemente, perda de peso. Do mesmo
modo, estes sintomas, juntamente com a anemia causam fadiga. As crianças com
colite ulcerosa podem ter problemas de desenvolvimentos e crescimento.

Para além do intestino


Para além dos sintomas com origem no aparelho gastrointestinal, algumas pes-
soas podem sentir uma variedade de sintomas em outras partes do corpo que
estão associados com a colite ulcerosa. Os sinais ou sintomas da doença podem
manifestar-se em:
• Olhos (vermelhidão, dor e comichão)
• Boca (feridas)
• Articulações (inchaço e dor)
• Pele (erupções cutâneas, ulcerações dolorosas e outro tipo e irritações cutâneas
/lesões)
• Ossos (osteoporose)
• Rins (pedras/“cálculos renais”)
• Fígado (colangite esclerosante primária, hepatite e cirrose) – somente em casos
raros.

As manifestações descritas acima são denominadas manifestações extra-intestinais


da colite ulcerosa uma vez que ocorrem fora do intestino. Em alguns casos, estes
sintomas poderão ser os primeiros sinais de colite ulcerosa, verificando-se até alguns
anos antes dos sintomas intestinais. Em outros casos, estes sintomas podem ocorrer
antes de um episódio de agudização de CU.

Variedade de sintomas
Aproximadamente metade dos pacientes com colite ulcerosa tem sintomas ligeiros.
No entanto, outros podem ter cólicas abdominais fortes, diarreia sanguinolenta,
náuseas e febre. Estes sintomas da colite ulcerosa tendem a aparecer e desaparecer.
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Entre crises o paciente pode não sentir qualquer mal-estar. Estes períodos (deno-
minados remissão) podem estender-se por meses ou mesmo anos, apesar de os
sintomas tenderem a manifestar-se mais cedo ou mais tarde. O percurso imprevisível
da colite ulcerosa pode dificultar a seleção, por parte dos médicos, de um tratamento
em específico. Do mesmo modo, é difícil precisar se o tratamento foi eficaz ou se
a remissão ocorreu por conta própria.

Tipos de colite ulcerosa e sintomas associados


Os sintomas da colite ulcerosa podem variar dependendo do grau de inflamação e
da localização da doença no intestino grosso. Por esta razão, é muito importante
saber qual é a parte do intestino que foi afetada. Abaixo listam-se alguns dos tipos
mais comuns de colite ulcerosa:
• Proctite ulcerosa: Neste caso, a inflamação do cólon localiza-se no reto. Uma
vez que esta abrange somente uma pequena área (normalmente menos de
15 cm) do reto, a proctite ulcerosa é considerada uma forma leve de colite
ulcerosa. Alguns dos sintomas são o sangramento retal, necessidade urgente
de evacuar, e dor na região do reto.
• Proctosigmoidite: Trata-se de uma colite que afeta o reto e o cólon sigmoide
(porção terminal do cólon acima do reto). Os sintomas incluem diarreia sangui-
nolenta, cólicas e tenesmo (urgência em ir à casa de banho não acompanhada
de evacuação). Quando a doença está ativa, pode-se sentir dor moderada na
região inferior esquerda do abdómen.
• Colite distal: Inflamação contínua que se inicia no reto e se estende até à
flexura esplênica (curvatura no cólon perto do baço na região superior esquerda
do abdómen). Os sintomas incluem perda de apetite, perda de peso, diarreia
com sangue e dor aguda no lado esquerdo do abdómen.
• Pancolite: Inflamação que afeta todo o cólon. Os sintomas incluem perda de
apetite, diarreia com sangue, dor abdominal aguda e perda de peso.

Complicações possíveis
As complicações da colite ulcerosa não podem ser consideradas como inevitáveis ou
até frequentes – especialmente no caso de pacientes que estão a ser devidamente
acompanhados. No entanto, as complicações são suficientemente comuns e são
tão variadas que é importante conhecê-las.

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Viver com Colite Ulcerosa

A identificação da doença numa fase inicial geralmente conduz à seleção de um


tratamento mais eficaz. Algumas das complicações são forte hemorragia diges-
tiva (com existência de coágulos nas fezes), distensão abdominal (inchaço) e, em
casos raros, megacólon tóxico. Informe-se junto do seu médico quanto a outras
complicações.

Fazer o diagnóstico
Como é que o seu médico diagnostica a colite ulcerosa?

O diagnóstico começa com o estudo do historial clínico do paciente e da sua


família, incluindo informação completa quanto a sintomatologia. Paralelamente
faz-se um exame físico.

Uma vez que existem outras doenças com os mesmos sintomas da colite ulcerosa,
o médico irá basear-se nos exames médicos para excluir todas as outras doenças
que poderão estar na origem dos sintomas, como por exemplo, infeção.

Alguns dos exames são:


• Colheita de fezes: Usada para excluir a existência de inflamação ou detetar a
existência de sangue nas fezes.
• Análises ao sangue: Pode detetar a existência de uma inflamação e anticorpos.
• Sigmoidoscopia: Examina o reto e a porção terminal do intestino grosso.
• Colonoscopia: Examina todo o cólon e o intestino delgado.

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Algumas questões que pode colocar ao seu médico
É importante comunicar com o seu médico.

Às vezes, quando vamos à consulta, esquecemo-nos de fazer algumas perguntas


essenciais. De seguida listamos uma série de questões que podem ser úteis quando
for à sua próxima consulta:

• Estes sintomas podem estar a ser causados por outra doença que não a colite
ulcerosa?
• Que exames tenho de fazer para determinar a origem dos sintomas?
• Devo fazer os exames durante uma crise ou periodicamente?
• Quais são as partes do meu aparelho gastrointestinal que estão afetadas?
• Como é que posso saber se a minha medicação tem de ser ajustada?
• Quanto tempo demora a ver resultados ou a definir se esta é a medicação
indicada para o meu caso?
• Quais são os efeitos secundários da medicação? O que devo fazer se os sentir?
• O que devo fazer se os sintomas voltarem? Quais são os sintomas que devo
considerar como urgentes?
• Se não conseguir marcar consulta rápida existe outra medicação não sujeita
a prescrição médica que posso tomar para auxiliar a medicação que estou a
tomar?
• É necessário fazer ajustes à minha dieta ou tomar suplementos alimentares?
Pode recomendar-me um nutricionista ou suplementos alimentares?
• Tenho de fazer alterações ao meu estilo de vida?
• Quando é que devo marcar nova consulta para fazer o acompanhamento da
doença?

Tratamento
Existem tratamentos eficazes que ajudam a controlar a colite ulcerosa e a levam a
entrar em remissão.

Estes tratamentos atuam na diminuição da inflamação da mucosa intestinal permi-


tindo o seu restabelecimento. Do mesmo modo, os tratamentos aliviam os sintomas
de diarreia, sangramento retal e dor abdominal.

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Viver com Colite Ulcerosa

Os dois objetivos primordiais do tratamento são levar a colite a entrar em estado


remissivo e, logo que tal objetivo seja alcançado, manter este estado. Se não for
possível alcançar o estado remissivo, o próximo objetivo é tratar a doença de modo
a melhorar a qualidade de vida do paciente. Alguns dos medicamentos prescritos
podem ser os mesmos mas são prescritos em dosagens diferentes e por períodos
diferentes de tempo.

Não há um tratamento que englobe todos os casos de colite ulcerosa. A abordagem


feita à doença deve adaptar-se a cada caso até porque a doença varia de pessoa
para pessoa. O tratamento médico pode conduzir à remissão da doença que se pode
prolongar por meses e até por anos, mas a doença poder-se-á manifestar novamente
por causa de inflamações ou de um agente em particular. As crises podem indiciar
a necessidade de alterar a dosagem, a frequência ou o tipo de medicação. Apesar
de os medicamentos usados para tratar a colite ulcerosa se destinarem a controlar
a inflamação e manter o estado remissivo, também podem ser usados para lidar
com os sintomas de uma crise.

Nos últimos anos, os médicos têm estado a recorrer a uma série de medicamentos
para o tratamento da colite ulcerosa. Paralelamente a estes existem medicamentos
mais recentes. Os medicamentos que são frequentemente prescritos inserem-se
em 4 categorias:

• Aminossalicilatos: Incluem medicamentos que contêm ácido 5-aminossalicílico


(5-ASA). Exemplos destes são Mesalamina, Sulfassalazina. Estes medicamentos
atuam ao nível da mucosa intestinal para diminuir a inflamação. Também são
úteis para manutenção da remissão clínica.

• Corticosteroides (Corticoides): Estes medicamentos inibem a capacidade do


corpo de desencadear e manter a inflamação. Adicionalmente, também atuam
para manter o sistema imunitário e são eficazes no controlo de crises de curta
duração; no entanto, não são recomendados em tratamentos de longa duração
e de manutenção por causa dos efeitos secundários. Se não consegue deixar
de tomar corticosteroides sem sentir novamente os sintomas da doença, o seu
médico pode ter de complementar o tratamento com outros medicamentos
para ajudar na gestão da doença.

• Imunomoduladores: Esta classe de medicamentos modula a reação do siste-


ma imunitário de maneira a impedir que este desencadeie uma inflamação
continuada. Os imunomoduladores são geralmente usados em casos onde os

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Aminossalicilatos e os Corticosteroides não surtiram efeito ou produziram
efeitos parcialmente eficazes. Estes medicamentos podem ser eficazes na
redução ou eliminação da necessidade de usar corticosteroides. Também podem
ser eficazes na manutenção do estado remissivo em pessoas que não reagiram
a outros medicamentos prescritos com o mesmo fim. Os imunomoduladores
podem ter de ser tomados durante alguns meses antes de começarem a surtir
efeito.

• Fármacos biológicos: Os fármacos biológicos, também denominados agentes


anti-TNF representam a última categoria de terapêuticas usadas para o trata-
mento da colite ulcerosa em pessoas que não tenham reagido bem às terapêu-
ticas convencionais. TNF (tumour necrosis factor) é uma substancia produzida
pelo nosso corpo com o objetivo de provocar uma inflamação.

Gerir os sintomas
Mesmo quando não há efeitos secundários ou quando estes são mínimos pode-se
tornar incómodo tomar medicação regularmente. Peça ajuda ao seu médico. No
entanto, lembre-se que a toma regular de medicação pode reduzir significativamente
a ocorrência de crises da colite ulcerosa. Entre crises a maioria das pessoas sente-se
bem e não tem sintomas.

A melhor maneira de controlar a colite ulcerosa é a toma dos medicamentos tal como
prescrita pelo médico. No entanto, os medicamentos não irão eliminar de imediato
todos os sintomas. Pode continuar a ter diarreia, cólicas, náuseas e a fazer febre.

Pergunte ao seu médico quais são os medicamentos não sujeitos a receita médica
que pode tomar para aliviar os sintomas.

Do mesmo modo, também pode tomar medicação para auxiliar a digestão. Para
reduzir a febre ou aliviar dores nas articulações fale com o seu médico sobre a
possibilidade de tomar acetaminofeno em vez de tomar anti-inflamatórios não
esteroides (AINEs), como é o caso da aspirina, do ibuprofeno, e do naproxeno, uma
vez que os AINEs podem afetar o sistema digestivo. Siga as instruções constantes
das bulas dos medicamentos não sujeitos a receita médica que tomar.

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Viver com Colite Ulcerosa

Outras considerações
Cirurgia
A maioria das pessoas que sofre de colite ulcerosa reage bem aos medicamentos e
poderá nunca ter de fazer uma cirurgia. No entanto, entre 25% a 33% dos indivíduos
poderá eventualmente ter de fazer uma cirurgia.

Às vezes a cirurgia é aconselhada no tratamento de várias complicações. Entre elas


destacam-se as hemorragias graves oriundas de ulcerações profundas, perfuração
(rutura) do intestino, e megacólon tóxico.

A cirurgia também pode ser aconselhada com vista à remoção da totalidade do


cólon e reto (proctocolectomia) quando as terapêuticas médicas já não controlam
eficazmente a doença ou quando se observam alterações pré-cancerosas no cólon.
Ao contrário da doença de Crohn, que pode reaparecer após a cirurgia, a colite
ulcerosa fica “curada” quando o cólon é removido. No entanto, dado que a colite
ulcerosa é uma doença que afeta o sistema imunitário, os sintomas extraintestinais
que ocorriam antes da cirurgia – como é o caso das dores nas articulações e dos
problemas de pele – podem reaparecer mesmo depois de o cólon ter sido removido.

Dependendo de um número de fatores; incluindo a extensão da doença, a idade da


pessoa e o seu estado de saúde geral; pode-se recomendar dois tipos de cirurgia: A
primeira, denominada ileostomia, envolve o uso de um saco coletor sintético preso à
parede abdominal, ligado a num orifício (estoma) feito no abdómen e através do qual
as fezes são recolhidas. A segunda, Anastomose íleo-anal (IPAA), envolve a criação
de uma bolsa interna (Bolsa Ileal em J) e a ligação do intestino delgado diretamente
ao músculo do esfíncter anal, eliminando assim a necessidade de uma ostomia.

Dieta e nutrição
Poderá questionar-se se o facto de ter comido alguns alimentos em especial causou
ou contribuiu para o aparecimento da colite ulcerosa. A resposta a esta questão é
“Não”. No entanto, a partir do momento em que a doença é detetada, é aconselhável
prestar atenção à sua dieta para ajudar a minimizar os sintomas, repor nutrientes
perdidos e potenciar o tratamento.

Não existe uma dieta ou plano alimentar em especial que funcione com toda a
gente que tem colite ulcerosa. As recomendações ao nível da dieta alimentar têm de
ser adaptadas caso a caso – tendo em conta a secção do intestino que foi afetada
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e os sintomas que o paciente tem. A colite ulcerosa varia de pessoa para pessoa e
existem até variações na mesma pessoa ao longo do tempo. O que funcionou para
uma pessoa com colite ulcerosa poderá não funcionar para outra pessoa com a
mesma doença. Do mesmo modo, o que funcionou com uma pessoa anteriormente
poderá não funcionar com a mesma pessoa no futuro.

Poderá haver alturas em que modificar a sua dieta pode ser benéfico, especialmente
durante um episódio de agudização. Existem algumas dietas que podem ser reco-
mendadas pelo seu médico em alturas diferentes, nomeadamente:
• Dieta com baixo teor de sal – Usada durante tratamentos com corticosteroides
para reduzir a retenção de água.
• Dieta com baixo teor de fibras – Usada para evitar a estimulação dos movi-
mentos do cólon em casos de colite ulcerosa.
• Dieta com baixo teor de gorduras – Recomendada durante um episódio de
agudização, quando a absorção de gorduras se pode tornar um problema.
• Dieta sem lactose – Para casos em que as pessoas não podem consumir pro-
dutos lácteos.
• Dieta com alto valor calórico – Para casos, nos quais há a perda de peso ou
atraso no crescimento.

Alguns pacientes com DII podem ter deficiência


de certas vitaminas e minerais (incluindo vi-
tamina B-12, ácido fólico, vitamina C, ferro,
cálcio, zinco e magnésio) ou ter dificulda-
de em ingerir quantidades suficientes de
comida para suprir as suas necessidades
calóricas. O médico assistente poderá
identificar e eliminar estas deficiências com
a prescrição de suplementos vitamínicos e
nutricionais.

A manutenção de um diário alimentar poderá ser


uma grande ajuda, uma vez que permite estabelecer
uma ligação entre o que come e os sintomas que poderão surgir. Se verificar que
algumas comidas estão a causar problemas digestivos, o ideal será evitá-las. Apesar
de não haver comidas em específico que agravem a inflamação subjacente à colite
ulcerosa, algumas comidas poderão agravar os sintomas. De seguida listam-se
algumas dicas úteis:

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Viver com Colite Ulcerosa

• Reduza a ingestão de fritos ou gorduras na sua dieta uma vez que estas podem
causar diarreia ou flatulência.
• Faça refeições mais pequenas e com intervalos mais curtos.
• Reduza o consumo de leite e seus derivados e se for intolerante à lactose evite
o seu consumo.
• Evite o consumo de bebidas gaseificadas se tiver flatulência.
• Evite o consumo de cafeína quando tem diarreia uma vez que a cafeína pode
agir como laxante.
• As comidas leves são mais facilmente toleradas do que as comidas condimen-
tadas.
• Evite o consumo de comidas com alto teor de fibra, como é o caso de frutos de
casca dura, sementes, milho e pipocas. Este tipo de alimentos não é totalmente
digerido pelo intestino delgado e pode causar diarreia e mal estar.

A manutenção de uma dieta apropriada é importante na gestão da colite ulcerosa.


Uma boa nutrição é essencial em qualquer doença crónica, mais especificamente
no caso da colite ulcerosa. A dor abdominal e os estados febris podem causar falta
de apetite e perda de peso.

Isto não significa que tem de comer certo tipo de alimentos e evitar outros. A maio-
ria dos médicos recomenda uma dieta bem equilibrada para prevenir deficiências
nutricionais. Uma dieta saudável deve conter uma variedade de alimentos oriundos
de todos os grupos alimentares. A carne, o peixe, as aves e os produtos lácteos
(se estes forem tolerados pelo corpo) são fontes de proteína; o pão, os cereais, os
amidos, as frutas e os vegetais são fontes de hidratos de carbono; a margarina e
os óleos são fontes de gordura. Os suplementos alimentares, como é o caso das
multivitaminas, podem ajudar a colmatar as falhas existentes na dieta.

Terapias complementares e alternativas


Algumas pessoas que vivem com a colite ulcerosa recorrem às medicinas comple-
mentares e alternativas para complementar os tratamentos convencionais que estão
a fazer para aliviar os sintomas. Estes tratamentos complementares e alternativos
podem funcionar de diversos modos uma vez que podem ajudar a controlar os sin-
tomas e a aliviar a dor, potenciar a sensação de bem-estar e aumentar a qualidade
de vida e, possivelmente, fortalecer o sistema imunitário.

Para mais informações, aconselhe-se com o seu médico sobre o melhor tipo de terapia
para o seu caso.
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Stress e estados emocionais
A colite ulcerosa afeta virtualmente todos os aspetos da vida de uma pessoa. Se
tem colite ulcerosa terá também dúvidas quanto à relação existente entre esta e
o stress e os fatores emocionais.

Apesar de a doença surgir ocasionalmente depois da ocorrência de problemas


emocionais, não existem provas que liguem o stress à colite ulcerosa. É mais pro-
vável que os problemas emocionais que as pessoas possam sentir ocasionalmente
sejam uma reação aos sintomas do que à doença em si. Os indivíduos com colite
ulcerosa deveriam sentir-se compreendidos e emocionalmente apoiados pela sua
família e pelo seu médico. Uma vez que a depressão pode estar associada às doenças
crónicas, os médicos podem recomendar a toma de anti-depressivos ou a consulta
de um profissional de saúde mental. Apesar de geralmente não ser necessário fazer
psicoterapia, algumas pessoas são fortemente ajudadas quando falam com um
terapeuta que tem conhecimentos sobre a DII ou sobre doenças crónicas em geral.

Manter-se saudável
É importante manter um estilo de vida saudável. Ao mesmo tempo que trabalha com
o seu gastroenterologista, fale com o seu médico assistente sobre outros assuntos
importantes, como é o caso da vacinação, saúde oral, realização de colonoscopia
e mamografia assim como análises ao sangue.

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Viver com Colite Ulcerosa

Viver a vida
Descobrir que tem colite ulcerosa pode ser difícil e stressante. À medida que o
tempo passa, esta realidade nem sempre irá ocupar um lugar privilegiado no seu
pensamento. Enquanto isto não acontece não esconda a sua doença dos seus
familiares, amigos e colegas de trabalho. Fale com eles sobre a doença e aceite a
sua ajuda e apoio.

Irá descobrir que existem várias estratégias para facilitar a vida de pessoas com
colite ulcerosa. São várias as técnicas que ajudam a lidar com a doença. Por exemplo,
os episódios de diarreia e as dores abdominais podem levar as pessoas a evitar
locais públicos, mas isso não é necessário. Tudo o que é preciso é um planeamento
prático atempado.

Pode tentar incorporar alguns dos passos que se seguem nos seus planos:
• Descubra onde ficam as casas de banho nos restaurantes, centros comerciais,
teatros e nos transportes públicos.
• Quando viaja, tenha sempre uma muda extra de roupa interior, papel higiénico
ou toalhetes.
• Quando planear ausentar-se para longe de casa ou por longos períodos de
tempo, fale com o seu médico assistente. Os planos de viagem devem incluir
reservas dos medicamentos para um período de tempo mais longo; o princípio
ativo dos medicamentos (designação genérica) para o caso de os perder ou
estes acabarem e os nomes dos médicos da área que irá visitar.

Tente levar uma vida normal tanto quanto for possível, fazendo as atividades que
costumava fazer antes de lhe ser diagnosticada a doença. Não há motivos para
desistir de fazer coisas que gosta de fazer ou que sempre sonhou fazer.

• Aprenda estratégias para lidar com a doença.


• Desenvolva uma rede de apoio que inclua a família e amigos e que o ajude a
gerir a sua doença.
• Faça-se acompanhar de um membro da sua família ou de um amigo quando
for a uma consulta com o seu médico assistente.
• Siga as instruções do seu médico quanto à toma da medicação (mesmo quando
se sente bem).
• Mantenha um pensamento positivo. Esta é melhor prescrição!

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A colite ulcerosa pode ser uma doença crónica, mas não é uma doença fatal. Não
há dúvida que a vida com esta doença é um desafio – é preciso tomar medicação
e ocasionalmente fazer ajustes. É importante lembrar que a maioria das pessoas
com colite ulcerosa consegue ter uma vida rica e produtiva.

Lembre-se também que a toma de medicação de manutenção pode reduzir a ocor-


rência de crises de colite ulcerosa. Entre crises a maioria das pessoas não tem
sintomas e sente-se bem.

Esperança para o futuro


Os investigadores de todo o mundo estão a fazer pesquisa no âmbito da colite ul-
cerosa.

Isto é uma boa notícia quando se fala do desenvolvimento de novas terapêuticas


para a doença e representa um momento aliciante no desenvolvimento de novas
abordagens terapêuticas. Os investigadores estão a descobrir os fatores que estão
na origem da colite ulcerosa e a tecnologia está a desenvolver maneiras para os
identificar e bloquear a inflamação. Tendo em conta os vários tratamentos experi-
mentais para a DII que estão a ser usados em ensaios clínicos, os peritos preveem
que está prestes a surgir uma nova série de terapêuticas para a colite ulcerosa.

Com o crescente número de ensaios clínicos que estão a decorrer sobre potenciais
abordagens terapêuticas de DII, é cada vez mais necessário o envolvimento dos
pacientes para ver se estas terapêuticas surtem efeito.

Também se espera que os estudos genéticos apresentem abordagens que impulsio-


nem a procura de novas terapêuticas. Espera-se que as novas terapêuticas ajudem a
reverter os danos causados pela inflamação intestinal e possivelmente impedir que
18
Viver com Colite Ulcerosa

a doença se desenvolva. É cada vez mais claro que a resposta do sistema imunitário
às bactérias normais da flora intestinal desempenha um papel importante em casos
de colite ulcerosa e da doença de Crohn. Neste momento, existe muita pesquisa para
compreender a composição, o comportamento e o papel desempenhado pelas bactérias
da flora intestinal ao nível dos sintomas de DII. Espera-se que este conhecimento
leve ao desenvolvimento de novos tratamentos para controlar ou prevenir a doença.

O conhecimento e a ajuda são essenciais


Encontre maneiras para gerir a doença e ter melhor qualidade de vida.

Na APDI – Associação Portuguesa da Doença Inflamatória, doença de Crohn e colite


ulcerosa, encontrará ajuda, conselhos, compreensão e muita informação. Sabemos
por experiência própria pelo que está a passar, visite-nos em www.apdi.org.pt.

Sobre a APDI
A APDI é uma associação de doentes para doentes, sem fins lucrativos, que visa
apoiar e possibilitar a partilha de experiências aos portadores de uma doença
inflamatória do intestino (DII), seus familiares e amigos, bem como melhorar o
conhecimento da população em geral sobre esta problemática.

A nossa missão é formar e informar para a gestão diária de uma patologia que,
apesar de crónica, não tem de ser vivida com pessimismo e como uma fatalidade
mas sim com qualidade de vida. Com a componente terapêutica adequada, uma
alimentação saudável, exercício físico e informação acreditamos que é possível
“Ser Feliz com DII!”

O nosso apoio é prestado por telefone, por e-mail ou presencialmente na nossa


sede, bem como por todo o país nas reuniões que fazemos junto dos doentes com
o apoio dos médicos. Proporcionamos também aos nossos associados consultas de
apoio psicológico, individual ou em grupo, e disponibilizamos informação sobre a
forma de brochuras, elaboradas especificamente para quem vive com DII e para
quem os rodeia (pais, professores e amigos).

APDI – Associação Portuguesa da Doença Inflamatória, doença de Crohn e colite ulcerosa


Av. Rodrigues Vieira, 80 – sala A | 4465-738 Leça do Balio
Tel: 22 208 6350 | 932 086 350 | E-mail: geral@apdi.org.pt | www.apdi.org.pt

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Glossário

AINEs – Medicamentos anti-inflamatórios não-esteroides como Gastrointestinal – Que se refere ao esófago, estômago,
é o caso da aspirina, do ibuprofeno, cetoprofeno e naproxeno. intestino delgado e grosso em conjunto.

Aminosalicilatos – Medicamentos que incluem compostos Genes – São unidades de hereditariedade que transferem
que contêm ácido 5-aminossalicílico (5-ASA). Alguns exemplos características específicas entre gerações.
destes são Sulfassalazina e Mesalamina.
Imunomoduladores – Incluem azatioprina, 6-mercaptopu-
Anticorpos – Uma imunoglobulina (uma proteína imunoló- rina 6(MP) e ciclosporina. Esta classe de medicamentos anula o
gica) produzida devido à presença de um antigénio no corpo. sistema imunitário para que este não possa causar inflamações.

Antibióticos – Medicamentos, como é o caso do metroni- Inflamação – Reação a lesões nos tecidos que é marcada
dazol e da ciprofloxacina, que podem ser usados quando há por vermelhidão, inchaço e dor.
uma infeção.
Intestino – O órgão em forma de tubo localizado no abdómen
Antigénios – Qualquer substância que provoca uma reação que completa o processo digestivo. Constituído pelo intestino
imunológica do corpo. delgado e pelo intestino grosso.

Ânus – Orifício na extremidade do reto que permite a elimi- Intestino delgado – Está ligado ao intestino grosso e ao
nação das fezes. estômago. Absorve nutrientes.

Colite – Inflamação do intestino grosso (cólon). Intestino grosso – Também conhecido como Cólon. A sua
função primordial é absorver a água e livrar-se das fezes.
Colite ulcerosa – Doença que causa inflamação do intestino
grosso (cólon). Medicinas complementares e alternativas – Grupo
de sistemas, práticas e produtos médicos diversificados que
Cólon – O intestino grosso. não são considerados parte do sistema convencional de saúde.

Complicações extraintestinais – Complicações que Megacólon tóxico – Complicação rara séria na qual o cólon
ocorrem fora do intestino. se estende, perdendo a capacidade de se contrair e movimentar
os gases intestinais de modo apropriado. Isto pode levar a perfu-
Corticosteroides – Medicamentos que afetam a capacidade ração (rutura) e à necessidade de fazer uma operação urgente.
do corpo de dar início e manter uma inflamação.
Oral – Pela boca.
Crónico – De longa duração.
Osteoporose – Uma doença que afeta os ossos tornando-os
Diarreia – Passagem frequente de fezes que podem ser ex- porosos e propensos a fraturas.
cessivamente líquidas.
Retal – Relacionado com o reto.
Doença de Crohn – Uma doença inflamatória crónica
Reto – Localizado na parte terminal do cólon.
que envolve inicialmente o intestino delgado e o intestino
grosso mas que pode afetar também outras partes do aparelho Remissão – Períodos durante os quais os sintomas desapa-
digestivo. Nome tem origem no Dr. Burrill Crohn, o gastroen- recem ou diminuem dando lugar a melhoras ao nível da saúde.
terologista americano que identificou a doença pela primeira
vez em 1932. Sistema Imunitário – O sistema natural de defesa do corpo
que luta contra as doenças.
Doenças Inflamatórias do Intestino (DII) – Termo
usado para designar um grupo de doenças – incluindo a doença Tenesmo – Contractura espasmódica dolorosa do esfíncter
de Crohn (inflamação no aparelho gastrointestinal) e a colite anal, urgência em ir à casa de banho não acompanhada de
ulcerosa (inflamação do cólon). evacuação.

Episódio – Período de Inflamação com sintomas associados. Úlcera – Ferida na pele ou na mucosa do aparelho gastroin-
tesinal.
Fármacos biológicos – Medicamentos feitos a partir de
anticorpos que se ligam a moléculas para bloquear a inflamação. Ulceração – O processo de formação de úlceras.

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apoio

www.apdi.org.pt | geral@apdi.org.pt
Telefs. 22 208 63 50 | 932 086 350

Quando preencher a sua declaração de IRS não se esqueça duma simples e preciosa ajuda para a APDI que não representa qualquer custo
adicional para si. Basta preencher o quadro 9 do Anexo H com o número de contribuinte 503 454 311 e assinalar com uma cruz a opção
“Instituições Particulares de Solidariedade Social ou Pessoas Colectivas de Utilidade Pública (art. 32.o, n.o 6)”.

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