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A psicografia na Umbanda

Pai Antônio 22.06.17


Médium João Paulo Francisco

Uma das faculdades mediúnicas que mais contribui para o envolvimento e o


relacionamento com o sagrado é a psicografia. Não existe uma data histórica que
pontue quando iniciou-se tal mediunismo, mas ao olharmos para a história da
humanidade, conseguimos enxergar grandes visionários onde seus trabalhos
perduram até hoje. De certa forma, podemos afirmar que a primeira psicografia, quem
fez foi Moisés, ao escrever os 10 mandamentos de Deus. Era o contato da
espiritualidade com a Terra, apontando algumas “leis” (leia orientações) para que a
humanidade experimentasse uma melhor vivência encarnados.

Antigamente, muitos escritores que produziram grandes obras, diziam que seu
processo criativo levou a uma inspiração, onde nasceram histórias memoráveis. É
possível identificar, inclusive, muitos textos e teorias dotadas de grande relevância
espiritual, se analisarmos friamente. Mas como tudo exige que alguém abra o
caminho e torne popular, é impossível não mencionarmos o médium brasileiro Chico
Xavier (1910 – 2002). Sem dúvida alguma, foi o maior médium psicógrafo que passou
pela Terra e acredito que vai perdurar por muito tempo. Suas obras mediúnicas
fizeram do Espiritismo mais respeitado e acessível, para acalantar os corações dos
aflitos. Dentre tantas obras (Chico psicografou 451 livros), o que mais impulsionou
seu trabalho mediúnico foram as cartas de espíritos enviadas para suas famílias,
principalmente para as mães que perderam seus filhos e filhas e sentiam uma imensa
saudade. Então, Chico Xavier se prontificou junto aos espíritos a escrever centenas
de cartas e entregar nas mãos desses pais, enaltecendo a obra de Jesus onde diz
“Amai-vos uns aos outros”, pois essa missão ajudou a curar muitos corações aflitos
e espalhar o amor entres encarnados e desencarnados, mostrando que não existe
um fim, mas, um eterno recomeço.

A psicografia se difundiu na doutrina Kardecista, e muitos pensam que só podem se


desenvolver e praticar essa mediunidade nos centros espíritas. Eu trabalhei por cerca
de dois anos e meio em um centro espírita, na câmara de passe e desobsessão.
Certo momento, muitos espíritos começaram a se aproximar e pedir que eu
escrevesse mensagens para seus familiares. Foi constatado então, que eu poderia
desenvolver essa faculdade mediúnica e exercer essa função acolhedora. Mas, pelo
livre arbítrio a mim concedido por Deus, escolhi não desenvolver e inclusive me
afastei do centro com receio disso. Retornei meses depois e tudo voltou à tona. Foi
nesse momento que conheci a Umbanda e me apaixonei. Pensei na época que tinha
“me livrado” daquela responsabilidade e foi um certo alívio. Até que um dia, em uma
gira de Preto Velho, estava incorporado com o Pai Antônio e ele pediu para a
cambone, que eu acendesse uma vela para ele para conversar. Foi aí que tudo
começou. Ele pediu que eu anotasse a conversa e ao final, revelou que seria um livro.
Questionando tal intuito, ele me esclareceu que eu teria que desenvolver a
psicografia e que se eu aceitasse, escreveria livros junto as entidades da Umbanda
que trabalhavam comigo. Aceitei com respeito e humildade, e hoje escrevo
mensagens das entidades e desenvolvo obras mediúnicas para o esclarecimento e
autoconhecimento dos irmãos umbandistas.

A psicografia não é exclusividade de uma doutrina, muito pelo contrário, ela se


desenvolveu e chegou até nós com o propósito de ajudar os espíritos a colherem
boas experiências, se relacionarem com o sagrado e se desenvolver para alçar os
graus evolutivos que cada um de nós trilha durante toda eternidade.

A psicografia é de suma importância para a religião de Umbanda, principalmente


porque só tem pouco mais de 100 anos de idade desde seu fundamento histórico no
Rio de Janeiro, e muitas coisas precisam ser esclarecidas e se tornarem sólidas, para
que as entidades espirituais possam trabalhar nessa religião linda de forma
contundente, ajudando a esclarecer aos menos evoluídos e aprendendo com os mais
evoluídos, trilhando assim, a maior lei que Jesus nos deixou: o amor.

Desde o surgimento da Umbanda, após a incorporação do Caboclo das 7


Encruzilhadas no médium Zélio Fernandino de Moraes, os ensinamentos foram
passados através das práticas nas sessões nos terreiros, deixando apenas alguns
registros através de notícias na imprensa em alguns jornais locais. Por ser uma
religião genuinamente brasileira reunindo elementos de outras religiões, muita
confusão surgiu na sociedade como um todo. Uma característica indiscutível, são os
ensinamentos passados em cada dia de trabalho pelas entidades, e são tantas
orientações que é necessário reunir organizadamente para que possa ser
consolidado para os praticantes e simpatizantes da religião. Foi por isso, que o
médium e importante escritor Leal de Souza, jornalista conceituado na época, foi
convidado a escrever artigos em um jornal com grande expressão no Rio de Janeiro,
para mostrar para a sociedade o intuito e significância da Umbanda para os
brasileiros e para o mundo. Alguns de vocês podem estar questionando: “Mas por
quê ele está falando isso? Onde entra a psicografia?”. Para mim, isso significa muita
coisa. Leal de Souza foi o primeiro autor a mencionar a palavra umbanda em um livro.
Os artigos produzidos diariamente para o jornal Diário de Notícias, resultou no livro
“O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas da Umbanda – 1933” (leia a resenha aqui!),
relatando vivências das sessões de Umbanda. Olhando esse cenário e entendendo
a importância de tais fatos históricos, posso afirmar que esses artigos que resultaram
no livro, não foram através da “psicografia direta”, onde o médium trabalha
mentalmente junto a um espírito para escrever uma mensagem, mas, julgo sim, como
um trabalho espiritual onde os relatos daquelas vivências trouxeram esclarecimentos
e discernimento nos primeiros anos da religião, com a certeza também, do auxílio
dos mentores espirituais que o acompanhavam para que os artigos saíssem coesos
e direcionados, pois é uma obra de suma importância para a Umbanda, que pouco
mais de 80 anos ainda conseguimos aprender com o livro e mergulhar naquela época
complexa e confusa que marcou o início da religião.

Claro que é impossível mencionar todos os autores importantíssimos que dedicaram


seu tempo e trabalho para contribuir com a disseminação do conhecimento, mas
podemos pontuar alguns que elevaram seus trabalhos e expandiram a mensagem da
espiritualidade. As entidades buscam atuar em diferentes práticas mediúnicas, e
todas são essenciais. No caso da psicografia, é importante pensarmos o motivo de
gravar e perpetuar uma mensagem. Um livro tem um valor imensurável, pois os
ensinamentos ali contidos podem nos ajudar eternamente expandindo nossa
consciência. Nessa conclusão não é difícil chegar, basta lembrarmos do livro mais
lido e difundido do mundo: a bíblia. Já são 2017 anos que essa ideia permeia na
sociedade e gera discussões existenciais, filosóficas e espirituais. Com isso,
percebemos a essência da responsabilidade e importância que tem uma obra,
principalmente no que diz respeito à obra mediúnica.

Como todo início, é imprescindível que tenha um norte para se solidificar e fortalecer,
assim aconteceu (e acontece) com a Umbanda. Muitos médiuns viram a necessidade
de expor seus fundamentos, com o único objetivo de organizar tantas informações
trazidas pela espiritualidade. E a psicografia é algo natural e muitas vezes sutil e, sem
dúvidas, muitos autores foram conduzidos e utilizados através dessa mediunidade
sem sequer perceber.
Estamos em um momento de grande transição para o mundo e também para a
Umbanda, e ainda temos uma longa caminhada até alinhar as idéias para que
consigamos unir forças e mostrar toda a diversidade que nos une dentro dessa linda
religião. E a psicografia sempre esteve ativa e ajudou a intensificar mensagens de
grande impacto, para a espiritualidade nos chamar atenção para onde devemos olhar
e seguir. Não é difícil observarmos isso, basta lembrar de um livro memorável que a
grande maioria leu e se identificou, mudando muitos paradigmas. Ao longo dos anos
– e peço que pesquisem afundo a Literatura Umbandista -, tivemos o privilégio de
grandes obras mediúnicas chegarem até nós. Como exemplo, cito o livro “Okê
Caboclo”, do Pai Benjamin Figueiredo pelo Caboclo Mirim, autor de umas das mais
célebres frases da religião “Umbanda é séria para gente séria”. Podemos mencionar
o lindo trabalho do médium Norberto Peixoto junto ao espírito Ramatís, com os livros
“Jardim dos Orixás” e “A missão da Umbanda”. Destaco também, na psicografia na
Umbanda, o trabalho intenso e bonito do Pai Rubens Saraceni junto ao Pai Benedito
de Aruanda, que publicou mais de 50 livros e que trouxe à tona os romances
mediúnicos, como “O Guardião da Meia-Noite”, livro este que abriu minha mente
quanto à psicografia na Umbanda, pois nunca me senti confortável para escrever
mensagens de espíritos que queriam se comunicar com seus familiares, pois não
teria estrutura psicológica para lidar com tanta intensidade junto aos familiares. Após
ler esse livro, me surpreendi, pois não imaginava que era possível psicografar
romances mediúnicos na Umbanda, como já estava mais consolidado na doutrina
espírita. Então, tempos depois, fui orientado pelo Pai Antônio que escrevesse
mensagens e aos poucos fui entendendo o caminho que estava me levando, para
enfim, escrever obras mediúnicas.

Como identidade da Umbanda, as entidades espirituais se apresentam com nomes


simbólicos, como referência da linha de trabalho e vibracional na qual atuam. É
importante frisar, que toda obra mediúnica tem como principal objetivo a história /
ensinamento / causo em si, e mesmo que seja uma história vivenciada pelo espírito,
o objetivo principal é ensinar algo com aquilo, não enaltecer o ego do médium /
entidade para representar um alto grau evolutivo. Temos que ter consciência disso
para transcrever com o máximo de pureza a essência da mensagem, pois sempre
terá interferência do médium, por menor que seja, já que é um trabalho em equipe.
Isso também é importante para os leitores, separar o joio do trigo é o melhor caminho
para absorver as orientações espirituais.

A cada ano surgem mais livros com excelentes conteúdos e histórias memoráveis,
percebo e ouço das entidades, que a espiritualidade está cada vez mais incentivando
médiuns psicógrafos a exercerem esse trabalho, pois é um terreno fértil para abrir o
campo da consciência e explorar grandes ensinamentos para uma evolução eficaz.
Em especial na Umbanda, a literatura está cada vez maior e melhor, ganhando
espaço nas grandes livrarias e gerando interesse nas grandes editoras, pois as
entidades espirituais estão cada vez mais trazendo materiais essenciais para nosso
desenvolvimento de forma sadia e madura.
Você sabe como descobrir se tem a psicografia como faculdade mediúnica? Algum
guia já revelou isso e não sabe por onde começar? Abaixo abordo os principais
sintomas de quem tem a psicografia, como iniciar o desenvolvimento e os elementos
necessários para começar.

Nos dois textos anteriores, introdutórios, coloquei de forma simples e objetiva o


momento em que a psicografia se disseminou para a massa (leia grande público), e
a importância que ela teve e ainda tem para a Umbanda. Como é pouco falado,
muitos desenvolvem essa mediunidade e mal percebem. Esses médiuns
desenvolvem a psicografia através da intuição, onde os guias espirituais trazem a
inspiração de determinado tema ou assunto e os incentivam – através dos
sentimentos –, a escrever.

O principal objetivo da espiritualidade com essa mediunidade, é materializar através


de palavras, os anseios da alma e dos espíritos, profundos conhecedores do sagrado
divino. Uma mensagem é capaz de tocar a alma de quem o lê, um livro pode mudar
toda uma história de vida. Algumas pessoas afirmam não gostar de ler, porém, o que
realmente acontece, é que elas ainda não encontraram algo que as interesse. Para
confirmar isso, pergunte a uma pessoa se ela gosta de ler. Após a negativa, diga que
você tem em mãos uma mensagem falando sobre ela, sem dúvidas isso vai despertar
o interesse e ela lerá com brilho nos olhos.

A psicografia não é exclusividade de uma doutrina, religião ou pessoa. Aliás,


sabemos que a mediunidade não diz respeito as religiões. Nascemos com ela e a
desenvolvemos (conscientemente ou inconscientemente), pois é algo que vem junto
com nossa alma. Somos espíritos vivendo uma experiência na carne, e isso nos abre
a visão para entender que existem mistérios e nuances que ainda não somos
capazes de compreender, mas podemos fazer bom uso para expandirmos a nossa
mente e aprendermos verdadeiramente o papel que temos no mundo.

A psicografia na Umbanda, como o título desse texto propõe, e falo isso através das
minhas próprias experiências, é algo muito natural. Principalmente com os médiuns
que fazem por amor, com humildade e discernimento. A psicografia com os guias da
Umbanda busca trazer conhecimento palpável a todos nós, para aprendermos sobre
essa religião capaz de nos colocar diante da vida e aproveitar da melhor forma
possível, pois para encarnarmos houve um processo complexo e único. Seja uma
simples mensagem que vem para acalmar os corações dos aflitos, um livro técnico
para ensinar algo mais complexo ou uma história que faça mexer com nossas
emoções, tudo tem relevância se feito com responsabilidade e amor. Abaixo, coloco
como ocorre tal mediunidade para melhor compreender sobre o tema.

Psicografia por intuição – nasce uma vontade de escrever sobre um assunto,


vem um sentimento muito forte e a pessoa é tomada por tal emoção. Após escrever
a mensagem ou livro, ler e refletir sobre o feito, é notório que não partiu apenas
dela, pois possui trechos que carregam algo que não é comum da própria pessoa.
Psicografia ditada – Alguns médiuns são clariaudientes, essa mediunidade faz com
que o médium ouça claramente os sons que ocorrem na espiritualidade. Então, ele
sente a presença do espírito e ouve claramente a voz do mesmo. Então, o guia dita
a mensagem ou livro e o médium vai escutando e escrevendo.

Psicografia semi-mecânica – O médium é utilizado como uma ferramenta, seu


pensamento se expande chegando as informações de forma rápida e correta, o
médium começa a escrever e é notório a psicografia, uma vez que para escrever
comumente, é necessário a pausa para raciocinar. Na psicografia semi-mecânica o
processo é bem mais acelerado, a mensagem apenas passa pelo pensamento do
escrevente e o fluxo aumenta significativamente. No início, o médium tem dificuldade
pois os pensamentos atropelam a escrita, mas, com o tempo, fica mais natural e o
processo acontece como deve acontecer.

Psicografia mecânica – A psicografia mecânica é quando o guia espiritual consegue


neutralizar o consciente do médium, utilizando energias que produzem eletricidade e
conduz as mãos do médium para escrever a mensagem ou livro. Importante ressaltar
que os guias espirituais utilizam o inconsciente do médium, então, não tira a
responsabilidade do trabalho. É raro, atualmente, o médium ter essa faculdade
mediúnica totalmente mecânica, mas não podemos descartar.

Como citado acima, tentei esclarecer de forma simples e consistente alguns


desdobramentos da psicografia. E mesmo assim, acredito que alguns médiuns
possam ter dúvidas quanto essa mediunidade. Abaixo, coloco alguns sintomas da
psicografia que eu tive.

Mãos quentes – Eu sentia muita energia nas minhas mãos, elas ficavam bastante
quentes e um pouco inchadas. O Pai Antônio disse que eu tinha que desenvolver a
psicografia, pois aquilo era um sintoma de que eu devia utilizar minhas mãos para
fazer esse exercício. Após eu me comprometer e pegar firme nesse propósito,
dificilmente aconteceu de novo. Só sinto isso, quando estou psicografando com as
entidades, mas é algo sutil e natural.

Fluxo de pensamento – É normal pensarmos em muitas coisas ao mesmo tempo,


principalmente com a quantidade de informação que temos hoje. Mas, quando eu
questionava a mim mesmo sobre determinado assunto, muitos pensamentos sobre
aquilo transbordavam na minha mente. Porém, não eram apenas pensamentos que
ficavam circulando e batendo sempre na mesma tecla, eram ideias diferentes do que
eu costumava pensar, esclarecendo, me tranquilizando e direcionando a uma
solução sadia.

Escrever rápido – Antigamente não entendia muito o motivo, mas quando ia


escrever sobre algum assunto no qual me identifico, eu conseguia acompanhar a
velocidade do meu pensamento. Hoje consigo ver claramente, que era essa
faculdade mediúnica se aprimorando.

São muitos detalhes que podemos escrever e falar sobre esse tema tão fascinante.
Hoje, trouxe um pouco de como isso acontece e, na prática, ocorre de forma natural.
Atente-se nas formas de psicografia (intuitiva, ditada, semi-mecânica ou mecânica),
e observe se você se identifica com alguma. Após isso, na prática, observe se
acontece alguns dos sintomas que escrevi acima (e se tiver outros me escreva que
pedirei orientação e tentarei ajudar de alguma forma), pois existem grandes chances
de você desenvolver esse tipo de mediunidade. O mais importante, claro, é entender
que nenhuma forma é mais importante que outra, é algo natural e sutil e que devemos
sempre fazer por e com amor.

Após abordar de maneira simples esse tema tão fascinante, vou mostrar como que
ocorre esse processo, as ferramentas que utilizo e o preceito necessário para
desenvolver esse trabalho.

Antes, quero reforçar que a psicografia é uma mediunidade, assim como a


incorporação, então, não são todas as pessoas que possuem. Importante ressaltar,
porém, quem possui essa faculdade mediúnica, não é melhor do que as outras
pessoas, tem que ter consciência para exercer essa prática com ética,
responsabilidade, carinho e amor.

Como acontece a psicografia

Para ilustrar como acontece o momento da psicografia, o irmão Jô Carvalho fez esse
lindo desenho, para observarmos nitidamente o ato do acoplamento do espírito
escrevente no médium, onde juntos, desenvolvem os textos espirituais.

De forma muito singela, o médium fica sentado confortavelmente, faz uma oração
para acalmar os pensamentos e concentra-se na entidade que irá passar a
mensagem. O guia espiritual aproxima-se calmamente atrás do médium, nesse
momento, a entidade o envolve com sua energia para iniciar o processo de escrita.

Quando o médium é intuitivo, o guia espiritual o envolve com sua energia e o


inspira a escrever sobre determinado assunto, trabalhando no campo emocional do
médium. Ocorre uma canalização de pensamento e, através dos sentimentos, hora
mais brandos e em outros momentos mais intensos, o médium escreve com o
direcionamento da entidade.
Quando o médium é clariaudiente, o guia espiritual o envolve com sua energia,
fazendo uma proteção energética e aguçando sua audição. A entidade dita
literalmente a mensagem e o médium, em transe mediúnico, escreve conforte
orientado.

Quando o médium é semi-mecânico, o guia espiritual o envolve com sua energia


e conecta seu mental ao do médium. A entidade também impulsiona energeticamente
alguns fragmentos para auxiliar na desenvoltura da escrita.

Quando o médium é mecânico, o guia espiritual o envolve com sua energia e


conduz “livremente” os movimentos afim de passar a mensagem. Importante
ressaltar, que é cada vez mais raro, porém, não podemos descartar. O médium tem
que ter a consciência, que nesse caso, é inevitável que também atua (mesmo que
indiretamente), pois a entidade está utilizando as limitações físicas do médium e
também o acesso a seu acervo de conhecimento, experiências e emoções, alocadas
no seu inconsciente.

As ferramentas para psicografar

Orientado pelo Pai Antônio, meu guia chefe e amigo, ele me instruiu a ter sempre
algumas ferramentas para psicografar. Cada objeto tem seu fundamento e utilidade,
então é importante ter esse respaldo para que tudo ocorra naturalmente e a
experiência seja interessante. A psicografia é um trabalho espiritual, então, não
estamos imunes de ataques espirituais, demandas mentais e de espíritos que querem
atrapalhar o trabalho mediúnico.

As ferramentas essenciais para a psicografia são: Papel, caneta ou lápis, vela branca
ou da entidade que irá escrever a mensagem, guia de oxalá e da entidade que irá
escrever a mensagem, um copo com água.

É importante ter esse material separado apenas para esse trabalho mediúnico.
Separe um caderno em branco ou folhas sulfites, uma caneta e a guia de Oxalá,
utilize esses materiais somente para a psicografia. Quando separamos e
determinamos o uso desses materiais para algo em específico, ganha força e sentido.
A vela e o copo com água basta pegar no dia que for escrever.

O significado das ferramentas

O papel será onde os escritos sagrados serão gravados. É a materialização dos


ensinamentos espirituais, vivências e experiências que darão sentido a um tema para
que a mensagem chegue até nós, irmãos umbandistas.
A caneta ou lápis é o instrumento que irá transcrever as mensagens da
espiritualidade. É o intermédio da consciência e da matéria. Tudo que está em uma
consciência (espírito), será materializado no papel através da tinta.

A guia de Oxalá e da entidade, será a conexão e integração da energia do médium


com a da entidade. Ajuda a elevar a energia para a conexão com a espiritualidade.
Obs.: Eu uso sempre uma guia do Pai Antônio, específica para a psicografia, pois
além de ser meu guia de cabeça, ele que coordena esse trabalho e auxilia as outras
entidades.

O copo com água é para neutralizar energias negativas. Pensamento gera energia,
e em alguns casos, em mensagens com temas delicados, é normal o médium
produzir certa carga energética. Então, a água absorve isso e ajuda a purificar o
ambiente.

Importante: sugiro no início a utilização do meio tradicional (papel e caneta), pois o


médium ficará totalmente focado e será visível o aprimoramento da psicografia.
Mesmo que seja estranho, também é possível psicografar através do teclado do
computador, pois só muda a ferramenta (ao invés do papel e caneta, será o teclado
e a tela).

Como descobrir se eu tenho a mediunidade de psicografia?

A grande maioria dos terreiros, quando o médium descobre que tem essa faculdade
mediúnica, chega até o sacerdote e pergunta como desenvolver. Na maioria das
vezes (para não generalizar), os sacerdotes não sabem o que responder e orientam
os médiuns a irem buscar no centro karcedista as respostas sobre o assunto. Por
esse motivo, pedi permissão ao Pai Antônio para que falasse do tema abertamente
e de forma simples.

Muitos pensam que para serem umbandistas, é necessário ser médium de


incorporação. De fato, a incorporação se faz necessária e é a identidade da
Umbanda. Mas existem outras faculdades mediúnicas, e muitos psicógrafos podem
ajudar ativamente a religião junto aos guias espirituais.

Mas, como descobrir se é um médium de psicografia? Você deve perguntar para o


seu guia de cabeça. Ele irá revelar se você tem essa mediunidade. Caso você ainda
não saiba quem é seu guia chefe, busque orientação com seu Caboclo (a) ou Preto
Velho (a) que com absoluta certeza eles irão orientar. Para ajudar, leia clicando aqui
sobre alguns sintomas que eu tive quando descobri essa mediunidade. Busque
sempre sua intuição, se você está lendo essa série, com certeza tem um motivo
importante para isso. Quando buscamos nos aprimorar, através do conhecimento e
com respeito pelo sagrado, as ferramentas essenciais para o nosso desenvolvimento
chegam até nós. Que essa série sobre a Psicografia na Umbanda ajude você a
desvendar essa mediunidade e que possa escrever textos, mensagens e livros para
somar a religião de Umbanda.

Como começar a psicografar?

A psicografia é um trabalho espiritual, então, é importante um preparo para escrever


mediunicamente. O médium precisa estar se sentindo muito bem, com pensamentos
tranquilos, energeticamente limpo e preparado para doar-se junto aos guias de
Umbanda.

Preceito

Busque orientação junto a seu guia de cabeça, pois ele irá conduzir perfeitamente
seu preceito e tudo o que você possa precisar. Você precisa se sentir bem, leve,
tranquilo. Evite comer comidas muito pesadas. Opte por uma alimentação leve, com
sucos naturais, verduras, legumes e frutas. Não beba bebidas alcóolicas e evite o ato
sexual, pois sua energia tem que estar a mais pura possível.

No dia da psicografia, é muito importante vibrar boas energias e ter pensamentos


saudáveis, evitando palavras de baixo calão, palavrões, brigas e desafetos.

Ambiente para escrever

Escolha um local calmo, onde não tenham barulhos e bagunça. Na mesa, retire tudo
que não for utilizado para o trabalho espiritual, deixando apenas os materiais
necessários. Se possível, acenda um incenso ou até mesmo defume o ambiente, isso
ajudará a mudar a energia e harmonizará o local.

Como fazer

Fui orientado a me preparar para esse trabalho mediúnico. As mensagens mais


curtas, como textos, normalmente escrevo nos dias que tenho giras no terreiro, pois
como estou de preceito para o trabalho, as entidades já aproveitam esse momento
para manifestar os escritos. Porém, quando é um trabalho mais intenso, como um
livro, me dedico durante várias semanas para terminar o trabalho. Mas isso é um
“acordo” entre o médium e as entidades, não tem uma regra. O que sugiro:

No início, determine um dia da semana e escolha um horário específico. Repita isso


ao longo das outras semanas. Como sabemos, os guias espirituais possuem grandes
afazeres no plano espiritual, quando definimos dia e horário, eles irão se planejar
para que estejam disponíveis para o trabalho. Isso também ajuda a você se
comprometer com a espiritualidade e terá a certeza que estará se dedicando com
afinco, e terá resultados visíveis.

A psicografia em si

Como um trabalho espiritual, é importante se preparar energeticamente,


mentalmente e fisicamente.

1 – Tome um banho de ervas para limpar seu corpo mediúnico;

2 – Acenda uma vela para sua esquerda (Exu e Pombagira), peça que protejam o
trabalho;

3 – Após isso, firme uma vela para seu anjo de guarda, peça que harmonize seus
pensamentos;

4 – Acenda um incenso ou defume o ambiente;

5 – Coloque um copo de água em cima da mesa, peça que qualquer energia negativa
seja neutralizada pela água;

6 – Coloque uma música que ajude a se concentrar, como um ponto de Umbanda ou


uma música instrumental;

7 – Acenda a vela branca para Oxalá e/ou a vela para o guia, faça sua oração para
que tudo ocorra bem, que a mensagem seja passada de forma clara, objetiva e que
ajude aos irmãos que a lerem;

8 – Sente-se confortavelmente e se concentre, você vai sentir o guia espiritual


chegando aos poucos atrás ou ao seu lado;

9 – Deixe fluir naturalmente. Escreva com a mente e o coração abertos.

Oração para concentração

Peço licença aos sagrados Orixás e entidades da Umbanda, que eu seja um


instrumento da espiritualidade para levar a bandeira de Oxalá aos meus irmãos.

Que cada palavra aqui escrita, leve conforto para o coração dos aflitos, conhecimento
para quem tem sede de mudança e paz para quem busca o encontro com sua alma.
Que cada frase seja uma oração, cada mensagem um abraço dos Orixás, cada livro
um ponto de luz contra as amarras da ignorância.

Que seja sagrado esse ato de humildade, pois estou de corpo e alma para trabalhar
em prol do bem.

Saravá a Umbanda, que eu seja um instrumento de vossa grandeza;

Saravá a mediunidade, que eu seja instrumento para a psicografia;

Saravá as entidades, que nos levam ao encontro com o divino sagrado;


Saravá!

Através desses quatro textos, tentei expressar de maneira simples sobre a


psicografia. Quando entendemos um pouco sobre o mecanismo da mediunidade e
como ocorre, facilita para o desenvolvimento e aprimoramento do exercício
mediúnico. Como o desenvolvimento mediúnico de incorporação, a psicografia exige
dedicação, comprometimento, ética e prática. Não pense que logo no início sairá tudo
perfeitamente. Será aos poucos, naturalmente. Ouça sempre suas entidades, pois os
guias sabem como lapidar seu médium. Espero ter ajudado com essas informações,
mas se tiver alguma dúvida, comente que tentarei responder na medida do possível!

Que os guias de luz, trabalhadores incansáveis da amada Umbanda possam nos


iluminar e conduzir nos caminhos de Oxalá. Que a mediunidade de psicografia
fortaleça o vínculo espiritualidade/humanidade, agregando os valores primordiais
para a Umbanda continuar forte, viva e bonita.

Como mostrei no texto anterior, o progresso da psicografia é contínuo. A prática é


fundamental para que o médium ganhe confiança e mais desenvoltura. A
espiritualidade, em sua infinita sabedoria, vai lapidando naturalmente quem se
prontifica ao exercício da mediunidade.

A lei da afinidade é irrevogável. Quando o médium tem um coração puro, ternura e


boa vontade, espíritos com as mesmas características irão conectar-se, formando
uma troca mútua de experiência, sentimentos, pensamentos e emoções. Como o
desenvolvimento mediúnico para incorporação, no exato momento que incorpora-se
o guia de Umbanda, sentimos no corpo e na alma uma sensação inexplicável de paz,
harmonia, calma, generosidade e amor. Ao psicografar, os sentimentos são os
mesmos. Por isso, é de extrema importância estarmos preparados para realizar o
trabalho.

Mas, como avaliar a mensagem recebida? Primeiro de tudo, é a seriedade que você
está lidando com a psicografia. Se você está fazendo tudo certinho, com humildade
e amor, é o primeiro passo para ter a certeza da veracidade da mensagem. Lembre-
se que as entidades espirituais só podem trabalhar com as ferramentas que
oferecemos. Então é importante buscarmos abrir nossa mente, aprimorando nossa
conduta moral e crenças sobre o mundo e os outros.

Muitas pessoas pensam na psicografia que o Chico Xavier fez um dia. Trazendo
mensagens e revelações muito a frente do nosso tempo. Porém, acredite: tudo
aconteceu aos poucos e naturalmente. Os guias sabem de nossas limitações, e vão
utilizar nosso conhecimento para passar a mensagem. Claro, como médiuns,
devemos sempre buscar aprender novas coisas para abranger nosso conhecimento
e estarmos acessíveis ao que a espiritualidade quer nos passar.

Então, para facilitar a avaliação da mensagem recebida, perceba que:

– As entidades espirituais trabalham de acordo com nossos conhecimentos, logo, as


mensagens estarão dentro do que vivenciamos e nos relacionamos;

– Somos orientados pelo nossa guia chefe. Através da intuição, ou até mesmo
quando incorporado, nos direciona ao que devemos estar atentos e no que temos
que focar, assim, preparamos o terreno para passar através da psicografia;

– As mensagens tem como objetivo confortar, ensinar e conduzir o leitor;

– A prática faz criarmos confiança. Portanto, quanto mais dedicação, mais


melhoramos o resultado.

A última e importante dica, para melhor avaliar a mensagem recebida, é:

– Ao ler a mensagem, é como se ouvíssemos a própria entidade falando.

Toda mensagem espiritual, posso dizer com convicção, nos leva a reflexão, conforta
nosso coração e nos impulsiona a evolução. Que todo médium psicógrafo possa
trabalhar com o coração aberto e com muito afinco e, naturalmente, vai reconhecendo
esse mediunismo com responsabilidade e amor.

Espero que tenham gostado da série. Que esses textos ajudem a quem realmente
pretende buscar o aperfeiçoamento na psicografia e mediunidade.

Primeiramente, gostaria de agradecer aos leitores pela energia positiva e a sede pelo
conhecimento. A série de textos sobre a Psicografia na Umbanda tiveram
muitos feedbacks positivos, e fico feliz em compartilhar um pouquinho do que
aprendo com os guias espirituais. Para finalizar com chave de ouro, pedi gentilmente
ao Pai Antônio, que escrevesse uma mensagem para todos que gostam do tema e/ou
descobriram que possuem essa faculdade mediúnica. Abaixo, transcrevo o texto para
facilitar a leitura, mas coloco as fotos da psicografia (que fiz questão de fazer com
papel e caneta), para incentivar aos irmãos a prática do exercício mediúnico com
muito axé e amor!

“Tudo é sagrado. A sua vida, o seu caminho e seu destino. Cada ato e pensamento
ajuda na sua evolução espiritual. Não importa o que o fio faça, se não seguir o seu
coração, de nada adiantará quando voltar para sua verdadeira casa.

Que o fio use a sua mediunidade a favor de Deus, ajudando abrir a consciência
próspera, sua e dos irmãos. Aja sempre com fé, tenha humildade de saber que tudo
o que sabe, é um cisco em meio a grandeza do universo.

Esse Preto Velho que vos fala deseja que sua vida seja feliz e completa, apesar dos
tropeços do caminho. Que os sagrados Orixás derramem as bençãos do criador e
que as entidades possam usufruir dos seus médiuns, você é um deles, para passar
mensagens de amor, paz e conhecimento.

A Umbanda vai crescer, a psicografia é uma ferramenta poderosa, quando usada por
pessoas nobres de sentimentos. Confie em si mesmo e em suas entidades, ninguém
é igual ao outro, cada um é especial como realmente é. Que seus sentimentos mais
singelos, virem palavras e textos para acalantar e incentivar cada pessoa a trilhar o
melhor caminho de sua alma.

Saravá Umbanda.

Saravá povo do bem.


Que Oxalá abençoe à todos.
Muito axé!”
Pai Antônio 22.06.17
Médium João Paulo Francisco

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