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Recensão ao filme “Network”

Sidney Lumet, nascido nos “loucos” anos 20, foi um cineasta que deixou toda
uma panóplia de ilustres obras, algumas delas criando controvérsias, tal como o filme
“100 Centre Street”, que mesmo após o incidente sucedido no dia 11 de setembro, o
realizador deu continuidade às gravações em New York, sendo muito criticado na época.
Tais feitos concebidos pelo cineasta, assim como: “12 Homens em Fúria”, “Dia de Cão”,
“Serpico” e claro, “Network”, tornaram-no o 42º maior diretor de todos os tempos,
votação realizada pela Entertainment Weekly.

Atribuindo toda a nossa atenção para a obra “Network”, este foi um filme
lançado no ano de 1976, que se tornou uma sensação na época, e acabou por ser
indicado para 10 óscares, tendo sido vencedor em 4 categorias. Já na altura, gerou todo
um conjunto de debates sobre os valores decadentes da televisão e dos que da mesma
faziam parte. Até aos dias de hoje, 45 anos depois, é uma obra de extrema atualidade,
que vai ao encontro da nossa realidade.

Neste enredo encontramos 2 personagens que são de vital importância, sendo


elas as seguintes: Howard Beale, que dedicou 25 anos da sua vida à carreira de
apresentador, carregando a denominação de “patriarca” dos apresentadores, se vendo
demitido devido ao baixo nível de audiências. Em um culminar de situações, entre a vida
pessoal e profissional, Howard Beale, entrega-se ao álcool, e ao anunciar que a sua
trajetória chegaria em breve ao fim, comunica em direto que na sua última emissão
cometeria suicídio ao vivo. Após a reação tomada, e em arrependimento pelo sucedido,
Howard, pede desculpa em direto e acaba por “desabafar” a respeito de todas as
situações da vida que o perturbam; Diana Christense, pertencente ao Departamento de
Programação, apos perceber a repercussão do discurso do apresentador, torna-se
responsável pelo renascimento de Howard, agora como “profeta louco”, lhe oferecendo
um programa centralizado no que diz respeito às suas insatisfações para com a vida e
sociedade. Decisão que foi tomada, unicamente com o intuito de elevar o nível de
audiências e chegar a um patamar nunca antes atingível.

De uma forma justa, o filme transmite a visão de como um ser humano pode ser
reduzido em números e terminar por ser resumido em nada. Howard, nada mais foi que
uma ferramenta usada e abusada, que de certa forma, naquele preciso momento trazia
rentabilizada para a entidade televisiva. Este filme serve como propositivo chegar ao
publico de uma forma realista, mostrando que para estas entidades, não existe meios
para atingir os fins, constatando a grande lacuna na ética televisiva, que está voltada no
pensamento capitalista. A frieza dos atos e a ausência de qualquer tipo de emoção para
com o outro, são várias vezes provadas por passagens no filme. Não existia valor
atribuído à dedicação de uma vida à sua profissão, sem ter sido colocado em causa por
um momento que fosse, o bem-estar psicológico e físico do apresentador.

Presenciando no final do filme, a morte de Howard como solução, de intenso


exagero, quando já não se mostrava benéfico para resultados. Mais um momento de
máxima importância a ser referenciado, é a própria Diana Christense, que demonstra
em vários períodos do filme a inexperiência ou até conhecimento, quando se tratava de
criar relações profundas com os outros, manter um sentimento de amor e dar prioridade
a algo ou a alguém. De certo modo, torna-se quase inevitável comparar a sua
personalidade um pouco aos princípios praticados pela televisão, tais como: a ânsia de
atingir os objetivos a qualquer custo, o egoísmo atuando como sendo o foco principal, a
falta de qualquer tipo de emoção quando o assunto é “o outro” e a importância de
chegar ao outro sem preocupação na veracidade da mensagem e da consequência em
que pode decorrer da mesma.

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