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CENA 1

BRUXA - São quase quatro da mudança de uma desagradável sugestão de


pálpebras misteriosas que nunca poderei fechar. Ele, com as batidas lentas do
coração. Eu sou uma bruxa e voarei para o norte vestindo gritos com os ares de
córregos sanguentos, cerrados... Eu carrego minha magia em um saco de punhos
fechados. Eu sou a mais brutal das bruxas abomináveis.
ÉOLO - Mergulhe-me em seu caldeirão e derreta-me, arraste-me, arraste-me para
o inferno batendo seus tambores, batendo seus tambores.
BRUXA - Algumas vezes, sonhos selvagens. Nesse caixão sombrio, continuando o
céu, o Sol foi um grito novo ao abismo na ponta de uma estrela, foi prometido a
ele lágrimas de insanidade.
ÉOLO - Rastejei pela praia. O Pássaro precipitado que voava com meiguice
quebrando corações, arrancando cabeças e bagunçando vinha do ópio que
brotava dos meus pés. Estaria careca aos dez anos em uma paisagem turbulenta,
uma tempestade formulando novos presságios. É como se um estranho tivesse
uma chave e entrado em minha cabeça e bagunçado tudo
BRUXA - Um grilo esfrega suas asas. Eu podia lhe falar com crueldade, mas posso
ser a mudança de estação… ou essa chuva teimosa montada em uma borboleta,
inúmeras mudanças que passaram despercebidas. Um grilo esfrega suas asas
dianteiras.
OLHO DE VIDRO - Tentáculos rugiram escura perplexidade, rebentando bicos de
aranhas, uma borboleta virgem desapareceu na loucura rasgada das rosas do
jardim. Tenho certeza que deixamos pistas. Por tua culpa deixamos todas as
imagens.
Pink– Cabelos de culote curto e meias brancas devem ser algum engano. Eu
unicamente conheço as flores de nossas cabeças, de quem arranca os pulsos em
cada palavra despedaçada de uma estrela.
Sr. Z – E o remédio, já tomou?
Pink – O reflexo, o destino escondido em asas vaidosas, em nós. Qual céu ficaria
ao desabrigo da lua? Eu sou o homem, eu sou o sangue, o sal.
Sr. Z – Você já tomou o remédio?
Pink – Eu unicamente me lembro das ondas de angústia que causaram um minuto
trágico daquilo que não haverá volta.
Seria eu um cadáver à deriva? Uma inundação?
Sr. Z – Deve estar acontecendo algum engano, tome o remédio?
Pink – Eu falei com o tempo, comi lírios, cadáveres passaram como uma traça ao
redor da possibilidade de cumprir o mínimo. Uma pausa cansada e tétrica pingou
no jardim mãos que eram galhos delicados e quebradiços... Outra pausa, quando
deu meia noite, penetrou fundo em meu cérebro cheio.
Sr. Z – (Que nunca poderá ser apagado lentamente...) Tome o remédio.
Pink – Eu sou um vulcão...
Sr. Z – Compreendo, agora...
Pink – Eu não vou tomar o remédio. As flores de um jardinzinho cobriram um
rosto lindo. Eu não vou tomar o remédio. As minhas cinzas permanecem sobre o
jardim. Afoga-me.
Sr. Z – Ações tem consequências.
Tome o remédio!
Um gole de tédio.
Remédio
Pílula para consciência
Impotência ou insuficiência
Um comprimido de terror
Capsula de depressão
Remédio forte?
Dose de morte!
Pink – Não!
Ações tem consequências!
O remédio, não vai tomar?
Pink – Eu tomo...
Bom menino.
Pink – Não quero mais.
Sr. Z – Eu vou chamar o doutor.
Pink – Um grito à terra incriminou as rosas rasgadas da alma da minha loucura, e a
alma que me tornei eu não me deixarei vestir nunca. Chame o doutor.
Sr. Z – Eu vou chamar.

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