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CAICÓ/RN
2022
MARIA DA CONCEIÇÃO FERREIRA DE MEDEIROS
CAICÓ-RN
2022
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa Bezerra - -CERES- – Caicó
BANCA EXAMINADORA
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Obrigada!
RESUMO
The symptoms of Attention Deficit Hyperactivity Disorder - ADHD were associated with Minimal Brain
Injury - MCL during the 1940s, and in 1960 it was associated with Minimal Brain Dysfunction - MCD.
ADHD is a neurobiological disorder, characterized by signs and symptoms of hyperactivity, impulsivity
and inattention. The qualitative research addresses Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD),
which has the general objective of analyzing the discourse of teachers from the municipal network of
the city of Caicó-RN about inclusive pedagogical practices, specifically the research aims to analyze the
inclusive education process in Brazil and research on ADHD. It is worth mentioning that, after the
research was developed and analyzed, it was possible to achieve the general objective mentioned
above, as well as the specific ones.
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E PRÁTICAS .................................................................. 12
3 O PROCESSO INCLUSIVO E O TDAH: ESTADO DA ARTE................................ 25
4 CARACTERÍSTICAS DO TDAH E O PROCESSO EDUCACIONAL
CONTEMPORÂNEO .................................................................................................... 39
4.1 O PAPEL DA ESCOLA NO PROCESSO DE PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO
INCLUSIVA DE ESTUDANTES COM TDAH .............................................................. 41
5 METODOLOGIA ....................................................................................................... 45
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 46
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 54
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 55
10
1 INTRODUÇÃO
A educação para se tornar inclusiva vai depender de alguns fatores que são
essenciais, como métodos de ensino que visem atender as necessidades dos
estudantes, independentemente das dificuldades que eles venham apresentar ao
longo do seu processo escolar, sobretudo, vale salientar que a escola precisa ser
inclusiva, e para tal é necessário incluir os estudantes no contexto escolar, e buscar
compreender que os estudantes irão desenvolver suas habilidades de uma forma
diferente dos demais.
Daí surgiram os meus questionamentos sobre alguns assuntos que são
relevantes para uma educação de qualidade e inclusiva. Surgiu a necessidade de uma
pesquisa sobre o TDAH (Transtorno do Déficit de atenção com Hiperatividade), o que
é? Os sinais e o que esse transtorno pode acarretar a aprendizagem dos estudantes
que possuem esse transtorno? Assim como, a formação profissional continuada
pautada na Educação Inclusiva e sobre as práticas pedagógicas, para a promoção da
educação inclusiva.
Nessa perspectiva é importante destacar que a pesquisa é iniciada a partir de
um aporte teórico e, logo em seguida, é iniciada a pesquisa de campo e a associação
entre teoria e prática.
É por esta razão que é apropriado dizer que a questão da inclusão escolar
representa uma quebra de paradigmas no contexto educacional. Isto acontece porque
os ajustes que se fazem necessários para que as instituições escolares se adaptem
para receber alunos portadores dos chamados Distúrbios Globais de
Desenvolvimento (DGD) exigem o repensar seguido do desuso de padrões até então
cristalizados no ambiente escolar. Isto abarca principalmente as práticas educativas
que são dirigidas para estes alunos especiais (Salgado, 2011). Com isso, pode-se
dizer que a inclusão escolar não pode ser vista apenas como uma necessidade de se
adequar a um determinado padrão, devendo estar atrelada ao planejamento e a
cultura da instituição escolar, não importando em qual nível educacional ela atue
(educação básica, ensino médio, ensino superior, dentre outros).
Estes aspectos até o momento vistos nesta parte do estudo se mostram conexos
com o estudo de Ávila, Tachibana & Vaisberg (2008), o qual menciona que um dos
assuntos mais debatidos nas pesquisas feitas na seara da inclusão escolar é o que
diz respeito a dificuldade de operacionalizar a inclusão de um aluno portador de
necessidades especiais no chamado ensino regular. Dentre as dificuldades que são
intrínsecas a este processo, está o fato deste aluno coexistir na mesma sala de aula
com outros colegas de turma vistos como normais. Este é um dos fatores que origina
a existência de barreiras culturais e atitudinais, conforme visto em Salgado (2011).
espaço destinado para a formação de pessoas, a escola deve ser vista como um local
que reconhece e respeita a existência da diversidade.
docente no que se refere ao saber lidar de forma adequada com cada estudante, em
especial aqueles que por algum motivo demonstram dificuldade de aprendizagem ou
concentração, assim como acontece com os alunos portadores de TDAH.
Termo Descrição
Seja com vistas para o atendimento de alunos com deficiência, alunos com
Transtornos Globais do Desenvolvimento – DDG ou ainda estudantes superdotados,
é necessário que a instituição escolar potencialize o seu lado pedagógico, o qual é
abarcado pelas práticas educativas de seus docentes para desenvolver de maneira
integral este público-alvo do chamado Apoio Educacional Especializado (AEE). Tratar
a temática da inclusão é reconhecer as diferenças existentes e, através da educação,
propiciar a estes alunos o acesso ao conhecimento e, por conseguinte, a cidadania
(Cruz, 2018).
A partir daí, outros pontos deficitários se mostram visíveis. Como a sua formação
inicial não teve uma disciplina voltada para ao menos explicar noções básicas sobre
educação inclusiva, os docentes se veem sem saber de que forma atender
adequadamente aos alunos tidos como especiais. Além disso, aspectos estruturais e
pedagógicos se mostram deficitários para que a acolhida a estes alunos seja
adequada. Tal cenário faz com que a prática da educação inclusiva necessite ser
integrada ao planejamento da escola, sem necessariamente estar atrelada ao
cumprimento desta ou daquela legislação, mas sim para de fato contribuir com a
sociedade por meio de uma educação que desenvolva a todos, sem qualquer sinal de
discriminação.
Esta questão das emoções também é abrangente aos docentes que atuam na
educação inclusiva ou que eventualmente se deparam com algum aluno com
necessidades especiais em sua turma. Quando os próprios professores colocam em
seus processos de ensino e aprendizagem as questões emocionais em segundo
plano, perde-se uma rica oportunidade de propiciar a estes estudantes especiais
experiências que podem facilitar a compreensão dos conteúdos que lhe são
transmitidos em sala de aula (Faria, 2018). Todavia, esta utilização das emoções
como um recurso de aprendizagem exige preparo por parte dos docentes, os quais
conforme já visto em Bazon (2009) e Cruz et al. (2014) nem sempre é completa e se
limita a ensinar os assuntos mais relevantes das respectivas áreas de atuação dos
professores.
É por esta razão que a preparação de docentes para lidar e conviver com alunos
com necessidades especiais, deficiências e afins não pode ser fragmentada. Dito
noutros dizeres: apenas saber detectar se um discente é autista, portador de TDAH
ou outra condição que lhe diferencie dos demais alunos não é suficiente. O Quadro 2
sugestiona um conjunto de saberes necessários aos docentes com vistas a melhorar
sua atuação no que se refere a inclusão escolar.
22
Fonte: Adaptado pela autora, com base em Anjos, Andrade & Pereira (2009) e
Assis & Santiago (2016).
Isto remete ao que já fora visto em Cruz et al. (2014), cujo estudo afirma que
lidar com a inclusão escolar exige a ressignificação das práticas pedagógicas e do
próprio sistema educacional. Em complemento a esta fala, a pesquisa de Andrade &
Damasceno (2020) assevera que a escola tradicional se acostumou a prepara-se para
atender um púbico formado por alunos padronizados, os quais não aparentam
necessitar de um suporte educacional mais específico. É por esta razão que a atuação
das escolas na questão da educação inclusiva representa um importante passo para
a consolidação de espaços pedagógicos mais democráticos, os quais respeitam a
diversidade e singularidade de seu alunado.
Um dos fatores que podem explicar esta atitude por parte dos psicólogos
entrevistados é o fato de os alunos/pacientes já chegarem ao consultório destes
profissionais com o diagnóstico de TDAH. Noutras ocasiões, há os casos em que a
escola encaminha o aluno para consulta ao psicólogo após a realização de entrevistas
com a família do estudante. Há ainda os casos em que a própria família recorre ao
trabalho dos psicólogos para tratar de forma mais efetiva os episódios de desatenção
e hiperatividade em sala de aula (Santos, 2012).
O segundo estudo selecionado para compor esta parte da presente tese foi
empreendido por Vitola (2011). Trata-se de uma dissertação cujo título é “Transtornos
externalizantes em adultos com TDAH”. O objetivo do estudo foi observar o impacto
do Transtorno de Conduta (TC) e do Transtorno Opositor Desafiante (TOD) em
indivíduos que demonstram sinais de TDAH em idade adulta. A ideia central do estudo
foi buscar conhecer o quão existente é o grau de influência do TC e do TOD em
pacientes com TDAH.
Aqui é preciso fazer um adendo para conceituar tanto o TC como também o TOD.
Na interpretação de Novais, Cordoni, Renato & Marinho (2016), o Transtorno de
Conduta diz respeito as mudanças comportamentais demonstradas por crianças ou
27
adolescentes, os quais demonstram por meio de suas atitudes não reconhecer regras
ou ainda os direitos básicos dos outros. No que se refere ao Transtorno Opositor
Desafiante, Victor (2014) relata que esta se trata da principal comorbidade presente
em indivíduos com TDAH em vida adulta. Em complemento a esta fala, Jordan (2006)
clarifica que este transtorno se caracteriza pela atitude agressiva da criança ou jovem,
marcada por sucessivas discussões com adultos, descumprimento de regras sociais,
atribuição de culpa ao outro por seu mau comportamento e recusa frequente do
atendimento de pedidos feitos por outras pessoas.
No estudo feito por Vitola (2011), a população participante foi composta por 458
pacientes. Todos estes sujeitos foram selecionados e se tratam de TDAH no Hospital
de Clínicas de Porto Alegre. Houve a seguinte divisão na amostra populacional: a)
indivíduos com TDAH que não possuem histórico de TC ou TOD = 178 pessoas; b)
indivíduos com TDAH com histórico de TOD, porém sem sinais de TC = 184 pessoas,
e; c) indivíduos com TDAH com histórico de TC, mas sem sinais de TOD = 96 pessoas.
Diante deste contexto, o estudo de Mesquita (2009) optou por questionar o papel
do educador com relação ao contexto do TDAH. Utilizou-se como instrumentos
metodológicos a evocação livre, o grupo focal e a realização de entrevistas. Os
sujeitos de pesquisa foram os professores que atuam na rede municipal de
Divinópolis, município localizado no estado de Minas Gerais.
questão do TDAH se faz necessário para que as escolas sejam mais aptas a acolher
os alunos portadores de TDAH. Isto sugestiona não só a adoção de capacitação
constante do corpo docente e técnico como também a adoção de estratégias
pedagógicas adequadas para lidar com este público específico (Dias & Moreira, 2020).
Nesta primeira categoria, Oliveira (2014) percebeu que não existem diferenças
abruptas entre universitários com e sem TDHA considerando os fatores bem-estar
psicológico e autoconceito. Numa primeira comparação, os alunos com TDAH
demonstram manter os mesmos hábitos de estudo em relação aos universitários que
não são portadores deste transtorno. A tendência de capacidade para cursar as
disciplinas da graduação dos alunos com TDAH e sem TDAH também não apresenta
níveis de oscilação (Advokat et al., 2011).
Outra situação detectada por Oliveira (2014) diz respeito ao modo como os
estudantes universitários com TDAH se autoavaliam com relação ao seu desempenho
escolar. Em regra, esta avaliação costuma ser positiva, mesmo que na prática isto não
reflita a realidade. Uma das razões para isto acontecer é o fato de naturalmente os
estudantes com TDAH reconhecerem que sua performance é inferior a de seus
colegas que não possuem este transtorno. Neste sentido, Oliveira (2014) recomenda
que nas tarefas em grupo, os alunos com TDAH sejam direcionados a tarefas mais
simples e processuais, do tipo “fazer uma coisa de cada vez” (Prevatt, Proctor, Best,
Baker, Walker & Taylor, 2012). Esta é uma maneira de estimular a participação destes
estudantes, o que não só auxilia na sua socialização como também torna mais prática
a questão do trabalho em equipe.
Status
Idade com de uso de
Respondente Perfil que começou a Metilfenidato
tomar Metilfenidato na época da
entrevista
32
Graduado Na
em Ciências adolescência, por Toma o
1 - Homem Biológicas, conta da piora dos medicamento
de Ferro cursando a níveis de até os dias
segunda concentração e atuais
graduação hiperatividade
Diagnosticada
por dois
profissionais com Toma o
depressão. O medicamento
Estudante segundo profissional até os dias
de Farmácia que a acompanhou com atuais, se
2 - Mulher
apresentava muita a ajuda de uma sentindo mais
Invisível
dificuldade de psicóloga. Esta a segura para
falar em público encaminhou a um apresentar
psiquiatra, que trabalhos em
detectou o TDAH e público
receitou o
Metilfenidato
Tomou
Pediu a seu
duas caixas
patrão, um médico
do remédio e
Estudante psiquiatra, uma
após não
de Farmácia que receita de
sentir
teve muita Metilfenidato. Ela
3 - Jean melhoras
dificuldade no observava casos de
Grey (X-Men) significativas,
início do curso por crianças que
suspendeu o
não ter amigos melhoraram sua
seu uso, mas
para desabafar performance na
encontra-se
escola com o uso
bem e tem
deste medicamento
ajuda dos
33
colegas nos
estudos.
Na primeira
consulta com o
Toma o
Estudante psiquiatra, foi
medicamento
do curso de diagnosticada com
até hoje,
Farmácia. TDAH e teve o
alternando
5 - Alice (no Procurou um metilfenidato
estados de
País das Psiquiatra por receitado.
muita
Maravilhas) conta de sua Questionou o
concentração
dificuldade de psiquiatra se podia
com situações
concentração nas tomar mais de um
de
aulas comprimido por dia,
hiperatividade.
recebendo
respostas vagas
É possível fazer uma correlação deste estudo de Palhares (2015) com o que fora
visto em Santos (2012), no qual o TDAH foi observado pelo prisma dos psicólogos.
No caso específico de Palhares (2015), os estudantes são adultos que tiveram o
transtorno detectado e que viram no metilfenidato um escape para a obtenção de
melhores resultados no que tange a concentração e a socialização junto a seus pares.
podem, com muita propriedade, apontar onde estão as lacunas a serem preenchidas
no que se refere a formação e capacitação para atuação com maior nível de
pertinência para lidar com o TDAH.
O terceiro fator destacado por Barbosa (2017) em sua pesquisa junto a estes
estudantes universitários com TDAH é a relevância do diagnóstico do transtorno para
que as universidades consigam elaborar estratégias pedagógicas assertivas para
seus alunos. Este estudo de Barbosa (2017) traz um dado interessante: um dos seus
entrevistados relata que não sente tanta dificuldade em acompanhar o que o professor
explica em sala de aula. O problema fica por conta de permanecer sentado e quieto,
enquanto o tempo de aula passa, o que configura um traço de hiperatividade.
Além disso, este entrevistado menciona que gosta das aulas quando sua
participação é permitida, o que o faz não esquecer do que fora debatido em sala.
Neste caso, Barbosa (2017) traz como uma possibilidade de estimulo da participação
do estudante com TDAH a questão da problematização de conteúdos (Berbel, 2012).
Reitera-se o que fora observado em Antunes (2012), o qual diz que inclusão escolar
deve se notabilizar pela escolha acertada das políticas e das estratégias de
aprendizagem, as quais devem reconhecer a singularidade dos alunos, inclusive
aqueles que são portadores de TDAH.
Dentre as contribuições teórico-empíricas coletadas no estado da arte
pertinente ao TDAH, destaca-se a tese criada e redigida por Papadopoulos (2018),
cujo título é “A trajetória acadêmica de estudantes universitários diagnosticados com
TDAH à luz da Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano”. A amostra
populacional deste estudo de Papadopoulos (2018) foi composta por 10 estudantes
38
mencionado remete ao que fora visto anteriormente em Dias & Moreira (2020), estudo
este que demonstra que tanto no ensino público como também no particular a
preparação tanto dos docentes como também da equipe técnica das universidades é
deficitária e precisa ser altamente especializada e aprimorada.
Nota-se que são itens simples, mas que ao serem atendidos corroboram de
maneira substancial para a evolução do aprendizado dos estudantes com TDAH.
Enfatiza-se que o apoio médico desde o diagnóstico do transtorno, somado com o
acompanhamento e suporte afetivo da família e da escola são condições sine qua non
para que o estudante com TDAH de fato se sinta incluso e possa não somente ter
acesso à escola, mas ter condições de aprender e se desenvolver como aluno e,
principalmente, como cidadão.
Os sinais que podem diferenciar uma criança TDAH de outra que não seja
são a intensidade, a frequência e a constância daquelas três principais
características. Tudo na criança TDAH parece estar “a mais”. Ela é mais
agitada, mais bagunceira e mais impulsiva se for do tipo de alta intensidade.
E, ainda, significativamente mais distraída, dispersa e não perseverante se
40
Esses sinais na maioria das vezes são representados por atos impulsivos, pois,
não há uma consciência do que esses atos impensados podem acarretar. A
desatenção provoca na criança uma inquietação, que não os permite prestar atenção
na aula, no que o professor está falando ou fazendo, por muitas vezes os estudantes
acabam sendo julgados por atos que nem eles mesmos entendem por que cometem,
sendo interpretado como crianças que não são capazes de se desenvolverem
normalmente como as outras crianças.
Os estudantes com TDAH, apresentam maus comportamentos, e isso reflete
no chão da escola, pelo fato de serem desligados, impulsivos e terem dificuldades de
obedecer, ainda mais na escola em que existem regras a serem seguidas. Qualquer
coisa tira sua atenção, o que os professores expressem na aula, não consegue
chamar a atenção deles, o que acaba prejudicando no desenvolvimento e na
aprendizagem destes.
Sendo assim, é necessário um olhar atento para esses estudantes, tendo em
vista que eles têm dificuldades em ter atenção na aula e no conteúdo abordados
durante. Um olhar atento requer do professor (a) um autoavaliação sobre o seu
método de ensino, e uma compreensão que estes estudantes aprendem de uma
forma diferente das demais crianças que não possuem este transtorno, mas que são
capazes de desenvolverem no seu tempo.
De Souza (2007) aponta que, por anos, o Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH) era considerado como algo que não trazia tantos prejuízos ao
desenvolvimento do indivíduo. A autora aponta esta constatação como equivocada,
as crianças que apresentassem os sinais deste transtorno, a maioria dos casos eram
tratados por pessoas que não tinham qualificação para lidar com elas, não havia uma
exigência profissional para tal diagnóstico e tratamento.
Nesse sentido, um diagnóstico tardio deste transtorno implicará no
desenvolvimento de habilidades e competências, como, o desenvolvimento cognitivo,
da linguagem, da coordenação motora, na interação com os colegas e no
desenvolvimento socioafetivo, que são de fato relevantes para a aprendizagem das
crianças na idade esperada, e consequentemente na vida adulta.
41
Ninguém frequenta a escola por frequentar, e sim para dela sair munido de
conhecimentos, de competências, de atitudes e de valores que permitam
enfrentar a existência humana. Dizer que a escola deve preparar para a vida
é “chover no molhado”. Ninguém poderia se opor a essa ideia e fazer da
escolaridade uma finalidade em si. Resta saber o que a escola deve fazer
para preparar os jovens para a vida. Se esta questão fosse simples, se a sua
resposta fosse objeto de um amplo consenso, não haveria debates acirrados
em relação às reformas do currículo e, em particular, aos programas
orientados para o desenvolvimento de competências. Tal questão não é
simples e é praticamente impossível fazer com que todos concordem com a
resposta a ser dada (PERRENOUD, 2013, p. 164, grifos do autor).
Muitos acreditam que a escola tem o papel principal na formação dos sujeitos,
mas, esse questionamento tem sido alvo de debates e de reformas públicas
constantes. A existência de crianças com NEE (Necessidades Educacionais
Especiais) nas escolas, trazem desafios significativos, no que tange a adequação para
corresponder as diversidades e as necessidades educacionais de cada estudante que
fazem parte dela. A escola tem sim, um papel importante socialmente, no entanto,
também é função da família, assim como da sociedade em que estes pertencem o
papel de formar sujeitos ativos socialmente. A escola tem a intencionalidade de
acolher, transmitir, unir e construir conhecimentos que são importantes para a
formação dos seres humanos incluídos socialmente.
A Declaração de Salamanca (1994) evidencia que, um dos princípios da
educação inclusiva é que todos os estudantes devem, ou, deveriam aprender de forma
igualitária, sempre que possível e independente das necessidades e dificuldades que
eles venham apresentar. Eis um fragmento que melhor comunica este entendimento
Afirmo que o saber fazer bem tem uma dimensão técnica, a do saber e do
saber fazer, isto é, do domínio dos conteúdos de que o sujeito necessita para
desempenhar o seu papel, aquilo que se requer dele socialmente, articulando
com o domínio das técnicas, das estratégias que permitem que ele, digamos,
“dê conta do seu recado”, em seu trabalho (RIOS, 2001, p. 59, grifos nosso)
5 METODOLOGIA
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
e apresentava comportamento calmo, desde que não fosse contrariado, pois caso
fosse, se tornava agressivo e desenvolvia crises de choro.
Sim, o qual era um aluno calmo, porém não podia ser contrariado, que
se tornava agressivo e apresentava crise de choro e por certo tempo
se isolava. Contudo, ele realizava e concluía as atividades propostas
em tempo hábil (Trecho do questionário – professor Aristóteles).
.
Na quinta questão buscamos analisar a percepção dos professores sobre sua
prática, se eles a consideram inclusiva.
O professor Aristóteles dissertou que há uma parcialidade em seu
entendimento, pois há fatores extraescolares que influenciam em sua atuação: “Em
parte, pois alguns de fatores externos, implicam na eficácia de uma prática
pedagógica inclusiva” (Trecho do questionário – professor Aristóteles).
Já o professor Platão indicou que dentro de suas possibilidades busca realizar
uma prática inclusiva, que instiga o respeito e o acolhimento.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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