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ALUNOS IMIGRANTES NA ESCOLA 1

ALUNOS
IMIGRANTES
NA ESCOLA
Apoiando o desenvolvimento
emocional e acadêmico de
alunos imigrantes

www.caritas.org.br
2 PANA
ALUNOS IMIGRANTES NA ESCOLA 3

ALUNOS IMIGRANTES
NA ESCOLA

APOIANDO O DESENVOLVIMENTO
EMOCIONAL E ACADÊMICO DE ALUNOS IMIGRANTES

Novembro de 2019
4 PANA

Expediente

Cáritas Brasileira
Organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Endereço: SDS - Bloco P - Ed. Venâncio III - Sala 410
CEP: 70393-900 - Brasília-DF
E-mail: caritas@caritas.org.br
Telefone + 55 61 3521-0350
www.caritas.org.br
 
Diretoria
Presidente: Dom João Costa - Arcebispo de Aracaju (SE)
Vice-Presidente: Irmã Lourdes Maria Staudt Dill - Cáritas Diocesana de Santa
Maria (RS)
Diretor-Tesoureiro: Udelton da Paixão - Cáritas Diocesana de Paracatu (MG)
Diretor-Executivo Nacional: Fernando Zamban

Conselho Fiscal
Adão José Piva (SP)
Padre Wilson Buss (SC)
Anadete Gonçalves Reis (DF)

Esta Publicação
Alunos Imigrantes na Escola
Elaboração de conteúdo: Ana Beatriz Barbosa de Souza, professora visitante da
Universidade de Brasília
Projeto Gráfico e diagramação: Mateus Leal
Tiragem: 500
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INTRODUÇÃO
A Cáritas Brasileira e a Cáritas Suíça, com o apoio do Es-
critório para Populações, Migrantes e Refugiados do Depar-
tamento de Estado dos Estados Unidos (PRM), apresentam
essa car�lha aos educadores que atuam com alunos imi-
grantes.

O objetivo principal desse material é compartilhar diferentes


estratégias para a melhor integração de estudantes na esco-
la para que tenham um maior desenvolvimento emocional e
acadêmico.

Essa inicia�va faz parte do Programa Pana que tem como


obje�vo promover a integração de migrantes e refugiados
em Boa Vista (RR), Brasília (DF), Curi�ba (PR), Florianópolis
(SC), Porto Velho (RO), São Paulo (SP) e Recife (PE).
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SUMÁRIO

Apresentação 09

1. Abordagem Toda-escola 11

2. Refletindo sobre o aluno imigrante no contexto educacional 13

3. Recebendo o aluno imigrante 15

4. Envolvendo a família do aluno imigrante 17

5. Desenvolvendo conexões com a comunidade imigrante 19

6. Trazendo os conhecimentos socioculturais do aluno imigrante


para a sala de aula 21

7. Criando espaço para as línguas de herança do aluno imigrante 23

8. Apoiando o aluno imigrante nas aulas regulares 25

9. Avaliando o progresso e o desempenho do aluno imigrante 27

ANEXOS 29

Leituras úteis 29

Links úteis 31
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APRESENTAÇÃO
A partir dos anos 90, o Brasil passou a receber novos fluxos de imigrantes
(AMADO, 2011), que saem de seus países por motivos econômicos, hu-
manitários ligados a desastres naturais ou refúgio (SÃO BERNARDO, 2016). Até
dezembro de 2018, 11.231 pessoas tiveram sua condição de refugiadas recon-
hecida no Brasil (CONARE, 2019).

O maior número de refugiados no país em 2016 foi de sírios. Entretanto, a


imigração para o Brasil é muito diversificada e inclui mais de 80 nacionali-
dades diferentes (CONARE, ibid.). É possível citar, como exemplo, números
significativos de haitianos no Estado do Amazonas (SILVA, 2015); colombianos,
coreanos, bolivianos, paraguaios e peruanos na cidade de São Paulo (AMADO,
2011) e, mais recentemente, os venezuelanos em Roraima (NAÇÕES UNIDAS
BRASIL, 2019).

Esta diversidade na origem dos novos fluxos de imigrantes no Brasil é refletida


em uma grande variedade de línguas, hábitos culturais e práticas religiosas
que possuem (SOUZA; BARBOSA, prelo). Além disso, ser um imigrante refugia-
do significa que o deslocamento foi forçado por perseguição, guerra, conflito,
violência e/ou violação de direitos humanos (UNHCR, 2017). Consequente-
mente, é possível que seus estudos tenham sido interrompidos ou até mesmo
nunca tenham sido iniciados (SOUZA; BARBOSA, ibid.).

Como enfatizado por Audrey Azoulay, Diretor-Geral da UNESCO, “Investir na


educação dos que estão em movimento é a diferença entre abrir caminho à
frustração e inquietação e abrir caminho à coesão e à paz” (UNESCO, 2019, p.
iii). Para este investimento, professores e professoras precisam de apoio para
que possam lidar com o multilinguismo e a multiculturalidade que passam a
caracterizar suas salas de aula (UNESCO, 2019).
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É considerando esta necessidade de apoiar profissionais da área de educação


no seu trabalho com o crescente número de alunos imigrantes que a cartilha
Alunos Imigrantes na Escola - Apoiando o Desenvolvimento Emocional e
Acadêmico de Alunos Imigrantes é idealizada. O objetivo principal desta
cartilha é compartilhar estratégias que possam ser adotadas para a integração
social e o progresso educacional destes alunos.

Dra. Ana Beatriz Barbosa de Souza


Professora Visitante, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade de Brasília, Brasil.
Acadêmica Visitante, Instituto de Educação, Universidade Oxford Brookes, Inglaterra.

Referências
AMADO, R. O Ensino de PLE para Comunidades de Trabalhadores Transplantados. Revista SIPLE,
n 2.1, artigo 7, 2011.
CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados). Refúgio em números, 4a. ed. Brasília: Secretaria
Nacional de Justiça, 2019.
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. ONU participa de audiência na Câmara sobre políticas públicas para
refugiados, 2019. Disponível em https://nacoesunidas.org/chefe-de-agencia-da-onu-pede-apo-
io-internacional-para-ajuda-a-venezuelanos-no-brasil
SÃO BERNARDO, M. Português como Língua de Acolhimento: um estudo com imigrantes e pes-
soas em situação de refúgio no Brasil. Tese de doutorado, Universidade Federal de São Carlos,
2016.
SILVA, S. A. Fronteira Amazônica: passagem obrigatória para haitianos?. Revista Interdisciplinar
da Mobilidade Humana, n 23.44, 2015, p. 119-134.
SOUZA, A.; BARBOSA, L. Língua de Herança e Língua de Acolhimento: Pontos de encontro no
Ensino-aprendizado de Português. In: SOUZA, A.; SILVA, K. (orgs) O Ensino de Português do Bra-
sil: uma herança, um acolhimento. Londres: JNPaquet Books, prelo.
UNESCO. Global Education Monitoring Report 2019: Migration, Displacement and Education –
Building Bridges, not Walls. Paris: UNESCO, 2018.
UNHCR (United Nations High Commissioner for Refugees), Global Trends Forced Displacement in
2016. Genebra, Suíça: UNHCR, 2017.
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Abordagem Toda-escola
Considere as necessidades específicas de cada um de seus alunos

Adotar uma Abordagem Toda-escola significa atender às necessidades de


aprendizado acadêmico, social, comunicacional, emocional e comportamental
de todos os alunos, isto é, portadores de deficiência, talentosos, de diferentes
camadas sociais e situações econômicas, de variados níveis culturais,
pertencentes a distintas etnias, com diversas identidades de genêro e
orientação sexual diversificada, inclusive, alunos imigrantes e aprendizes de
português como língua adicional.

Familiarize-se com os três aspectos de uma Abordagem Toda-Escola

a) Cultura escolar, isto é, os valores e as crenças adotados pela escola.

b) Políticas educacionais da escola, isto é, a estrutura organizacional da esco-


la e os processos que adotam.

c) Práticas pedagógicas, isto é, práticas de ensino-aprendizagem adotadas e


aplicadas em sala de aula.
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Inclua todos os atores em todos os aspectos da vida escolar

• Invista na capacitação de todos os professores;

• Treine porteiros, seguranças, funcionários administrativos, copeiras, fax-


ineiras;

• Involva as famílias dos alunos;

• Consulte os alunos.
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Refle�ndo sobre o aluno
imigrante no contexto
educacional
Faça um levantamento das características de seus alunos para que os
conheça melhor.

As perguntas abaixo podem ser úteis no processo de conhecer seus alunos:

d) Qual seu país / sua cidade de origem?


e) Frequentaram escola lá?
f) Quanto tempo estudaram?
g) Qual seu nível de escolaridade?
h) Falam português?
i) Que outras línguas falam?
j) Há quanto tempo estão no Brasil?
k) Estiveram em outros países antes de chegarem ao Brasil?
l) Estiveram em outras cidades ou outros estados brasileiros?
m) Quanto tempo planejam ficar no local atual?
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n) Possuem planos de mobilidade?


o) Com quem viajam / moram?
p) Praticam esporte? Qual?
q) Seguem alguma religião? Qual?
r) Quais as atividades culturais em que se envolvem?

Leia todas as seções desta cartilha e pense em outras perguntas que


possam ser relevantes para que conheça as características e os hábitos
de seus alunos. Afinal, são experiências que podem impactar em seu
processo de aprendizagem e desempenho escolar.

Considere criar uma ficha para cada um de seus alunos com o tipo de
informação aqui sugerido.
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Recebendo o aluno
imigrante
Prepare a escola para receber os alunos

• Tenha uma faixa de boas-vindas em diferentes línguas na entrada da


escola.
• Faça um cartaz com um mapa mundi indicando todas as nacionalidades
dos alunos imigrantes.
• Celebre a diversidade dos alunos imigrantes. Coloque suas fotos com
nome, país de origem e línguas que falam em lugar de destaque. (Cheque
com a família e os alunos se gostam da ideia!)
• Coloque placas em todas as línguas faladas pelos alunos pela escola para
indicar os diferentes ambientes. Por exemplo: banheiro / el baño.

Guie o aluno a locomover-se pela escola

• Dê ao aluno um mapa da escola marcando lugares como sua sala de aula,


banheiro, cantina, sala de professores, diretoria, secretaria.
• Leve o aluno para uma visita guiada pela escola.
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Apresente o aluno a pessoas chaves na escola

• Pessoalmente, leve os alunos para conhecer os seguintes membros da


escola: porteiro, segurança, secretária, copeira, professores, diretoria, co-
legas de turma.
• Forneça aos alunos um folheto com dados sobre a equipe escolar, tanto a
administrativa quanto a docente. Liste todos os membros da equipe com
os quais os alunos interagirão. Forneça seus nomes, suas funções, dados
para contato e fotos.

Oriente o aluno sobre como realizar atividades simples

Veja abaixo alguns exemplos de tópicos a serem explicados para que o dia-a-
dia de alunos imigrantes seja facilitado.

• Cumprimentos (palavras e gestos) que são culturalmente aceitáveis ao


dirigir-se a diferentes pessoas na escola;
• Como solicitar permissão para ir ao banheiro;
• Como pedir / comprar alimentos;
• Qual o melhor momento para interromper a aula (e como) para solicitar
ajuda.
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Envolvendo a família do
aluno imigrante
Faça contato com os pais dos alunos
Marque entrevistas, ligue para eles e, se possível, visite suas casas.

Apresente a escola aos pais

• Forneça folhetos com a estrutura e as regras da escola na língua dos pais.


• Convide os pais para conhecerem os funcionários da escola, como sugeri-
do para os alunos no capítulo 3.
• Leve os pais para uma visita guiada pela escola, como sugerido para os
alunos no capítulo 3.

Possibilite a participação dos pais em reuniões escolares

• Forneça espaço para os filhos mais novos ficarem na escola durante as


reuniões.
• Evite o uso de jargão durante a reunião.
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• Use linguagem simplificada ao conversar com os pais individualmente.


• Se possível, tenha um intérprete para assistir os pais nas conversas com os
professores.
• Marque as reuniões para horários que os pais possam participar.

Convide os pais a participarem de eventos

Alguns exemplos de eventos interessantes para a integração de pais de alunos


imigrantes são os seguintes: passeios a museus, teatros e outras instalações
públicas.

Os pais também podem participar de atividades escolares. Na aula de geogra-


fia, por exemplo, podem falar de seus países de origem. Na aula de literatura,
podem apresentar textos literários que representam suas culturas.

As atividades culturais são excelentes oportunidades para os pais imigrantes


compartilharem informações sobre comida, dança, vestimenta, religião, etc.
com a comunidade escolar de seus filhos.

Consulte os pais sobre atividades educativas

• Envolva o pais nas decisões da escola.


• Cheque a opinião, desejos e percepções dos pais sobre as diferentes ativi-
dades da escola.
• Sugira a participação dos pais nas atividades de aprendizagem em casa.
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Desenvolvendo conexões
com a comunidade
imigrante
Investigue quais as organizações brasileiras que apoiam comunidades
de imigrante em sua região

Investigue quais as organizações comunitárias gerenciadas pelos


próprios imigrantes

Exemplos destas organizações são escolas comunitárias, igrejas - algumas


locais e outras organizadas pelos próprios imigrantes, associações e ONGs que
prestam assistência jurídica, financeira, linguística, educacional, psicológica e
de saúde.

Uma maneira simples de desenvolver conexões com estas organizações é


compartilhar seus nomes e endereços em uma lista a ser distribuída para as
famílias de seus alunos imigrantes.

Além disso, parcerias podem ser formadas, tais como as seguintes:

• Convide as organizações para individualmente darem palestras aos pais


na escola.
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• Ofereça para falar sobre o sistema educacional brasileiro nas organizações.


• Organize um evento onde as organizações possam apresentar o que fazem
às famílias imigrantes.
• Inclua palestrantes das organizações nos cursos de formação continuada
dos professores para que eles possam melhor entender as famílias imi-
grantes e seus filhos..
• Desenvolvam projetos em conjunto (escola-organizações) que beneficiem
as famílias, os alunos e a comunidade escolar.
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Trazendo os conhecimentos
socioculturais do aluno
imigrante para a sala de
aula
Todo aluno possui fundos de conhecimento (MOLL et al, 1992), isto é, pos-
sui conhecimentos adquiridos e desenvolvidos por meio de interações em
atividades que são características e importantes para seu grupo social. Estes
conhecimentos podem servir de base para novos aprendizados em um novo
contexto social, inclusive o escolar.

Explore os fundos de conhecimento de seus alunos

Veja algumas sugestões de como acessar os fundos de conhecimento de seus


alunos.

• Produza um questionário para ser usado com seus alunos e suas famílias
sobre as atividades sociais, culturais, religiosas e de letramento em que se
envolvem fora da escola.
• Peça aos seus alunos que filmem as atividades acima e as compartilhe com
você.
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• Solicite aos alunos que façam um scrapbook (álbum) descrevendo as ativi-


dades que realizam fora da escola.
• Convide os alunos para apresentarem as atividades relacionadas com seus
fundos de conhecimento em sala de aula.

Veja algumas sugestões de como explorar os fundos de conhecimento de seus


alunos.

• Reflita sobre os tipos de conhecimento sendo desenvolvidos nos fundos de


conhecimento compartilhados.
• Pense para quais disciplinas escolares os fundos de conhecimento seriam
relevantes.
• Considere como transferir os fundos de conhecimento dos alunos para o
contexto escolar.
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Criando espaço para
as línguas de herança
do aluno imigrante
Para fins desta cartilha, língua de herança é resumidamente definida de ma-
neira simplificada como a língua que o aluno imigrante aprendeu em seu país
de origem e continua a usar em seu contexto familiar no país de acolhimento.
Desta maneira, língua de herança possui fortes conexões culturais, emociona-
is, e identitárias.

Além disso, o aluno imigrante tende a ter maior competência, pelo menos
inicialmente, em sua língua de herança do que na língua usada em seu novo
contexto escolar.

Assim, a língua de herança deve ser valorizada e usada como mais um recurso
no processo de aprendizado de alunos imigrantes.

Integre línguas de herança a suas práticas de ensino

• Investigue o repertório linguístico de seus alunos, isto é, pergunte quais


línguas entendem, falam, leem e escrevem; o nível de proficiência que
possuem; com quem e em que contextos sociais as usam.
• Dê oportunidades aos seus alunos para falarem sobre suas línguas em sala
de aula.
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• Permita que as línguas de herança sejam usadas oralmente entre os


alunos que as compartilhem dentro de sala – pelo menos em momentos
específicos da aula.
• Desenvolva atividades onde os alunos possam escrever usando uma com-
binação de suas línguas de herança e a língua escolar – pelo menos como
uma fase inicial do exercício.

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Apoiando o aluno imigrante
nas aulas regulares
• Use recursos visuais;
• Use modelos de textos;
• Ajuste a sua linguagem ao nível de entendimento dos alunos;
• Crie oportunidades de ensaio oral antes de atividades escritas;
• Use sites de tradução;
• Use dicionários;
• Incorpore atividades onde os alunos possam trabalhar colaborativamente;
• Use livros bilíngues (português e a língua de herança dos alunos imi-
grantes);
• Crie um “sistema de parças”, onde um aluno imigrante já adaptado fica
responsável por ajudar o aluno imigrante recém-chegado;
• Use histórias que falem do local de origem ou de aspectos culturais dos
alunos imigrantes;
• Tenha pessoas da comunidade dos alunos imigrantes visitando a escola e
participando de atividades, tais como contação de história;
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• Convide alunos mais velhos ou adultos da comunidade dos alunos imi-


grantes para trabalharem como assistentes de aula. Eles podem ajudar
como mediadores culturais e linguísticos;
• Crie o mesmo exercício com diferentes níveis de dificuldade para alunos
diferentes. Por exemplo, ao pedir que o aluno escreva um parágrafo, ex-
istem pelo menos três possibilidades:

I. Perguntas que guiam a ordem das informações a serem apresen-


tadas;

II. O parágrafo pronto com algumas palavras faltando;

III. O parágrafo pronto com palavras faltando, mas com uma lista de
opções com as palavras a serem usadas.
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Avaliando o progresso e
o desempenho do aluno
imigrante
Julgue o progresso dos alunos por meio de avaliações formativas.
A avaliação formativa é aplicada no decorrer das aulas e foca especial-
mente na melhora do aprendizado do aluno. O resultado deste tipo
de avaliação pode ser usado para informar tanto professores quanto
alunos sobre as conquistas dos alunos e as áreas em que eles ainda
precisam de apoio.

Seja flexível nas respostas consideradas válidas


Valorize o conhecimento do aluno independente de sua competência na língua
portuguesa.

Alguns exemplos de flexibilização das respostas aceitas são:

• Aceite desenhos e diagramas, em vez de palavras e frases;


• Aceite palavras soltas, em vez de frases completas;
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• Aceite o uso de língua de heranças (obviamente, maneiras de como checar


as respostas precisam ser consideradas);
• Substitua avaliações escritas por avaliações em forma de diálogo.

Adote métodos de auto-avaliação

A auto-avaliação permite que o aluno expresse o julgamento que faz de seu


progresso tornando-o mais responsável pelo processo de aprendizagem.

Segue a sugestão de alguns passos para auto-avaliação.

a) Apresente aos alunos uma lista de pontos a serem aprendidos em uma


unidade;
b) Peça aos alunos que julguem o quanto já sabem sobre cada um dos pon-
tos;
c) Oriente os alunos a escolherem três pontos sobre os quais gostariam de
aprender mais;
d) Ao final da unidade, volte a lista e solicite aos alunos que julguem o quan-
to aprenderam sobre os três pontos que selecionaram;
e) Discuta com os alunos possíveis estratégias a serem adotadas e atividades
a serem realizadas fora da escola para continuarem desenvolvendo os con-
hecimentos e as habilidades que consideraram importantes na unidade
que completaram.
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ANEXOS
Leituras úteis
ARAÚJO, D. et al. A Criança Imigrante e a Escola: Adaptação Social e Curricular, EDUCERE: XIII
Congresso Educacional de Educação, 2017.

KREUTZ, L. Escolas comunitárias de imigrantes no Brasil: instâncias de coordenação e estruturas


de apoio. Revista Brasileira de Educação, v 15, 2000, p. 159-176,

MANTOAN, M. T. E. Por uma escola para todos (Capítulo 1 em Inclusão escolar: O que é? Por
quê? Como fazer?). São Paulo: Moderna, 2003.

MOLL, L. et al. Funds of knowledge for teaching: using a qualitative approach to connect homes
and classrooms. Theory into Practice, v 31, 1992, p. 132-141.

SOUZA, A. O ensino de português brasileiro na Inglaterra: Uma língua de herança ou língua


comunitária?. In: SOUZA, A; LIRA, C. (orgs) O POLH na Europa – Português como Língua de Her-
ança, p. 45-79. Londres: JNPaquet Books, 2017.

SOUZA, A. Maternidade e imigração – um foco em planejamento linguístico familiar. In: SOUZA,


A. (org) Português como Língua de Herança em Londres: recortes em casa, na igreja e na escola,
p. 31-51, Campinas: Pontes, 2016.

SOUZA, A. Escolhas linguísticas e negociações de identidades em uma escola comunitária de en-


sino de português brasileiro. In: SOUZA, A. (org) Português como Língua de Herança em Londres:
recortes em casa, na igreja e na escola, p. 135-147, Campinas: Pontes, 2016.

SOUZA, A. Como identidades linguística e cultural são influenciadas pela imigração. In: SOUZA,
A. (org) Português como Língua de Herança em Londres: recortes em casa, na igreja e na escola,
p. 21-30. Campinas: Pontes, 2016.

SOUZA, A.; BARRADAS, O.; WOODHAM, M. Easter celebrations at home: acquiring symbolic
knowledge and constructing identities. In: Lytra, V.; Gregory, E.; Volk, D. (orgs) Navigating Lan-
guages, Literacies and Identities: Religion in Young Lives. p. 39-55, Londres: Routledge, 2016.
30 PANA

SOUZA, A. Línguas de Imigrantes em um Cenário Multiétnico: O Português Brasileiro em Lon-


dres. In: FERREIRA, A. J. (org) Narrativas Autobiográficas de Identidades Sociais de Raça, Gênero,
Classe e Sexualidade em Linguaguem, p. 55-75, Campinas: Pontes, 2015.

SOUZA, A. O Papel da Família e de Organizações Civis no Ensino de Português para Crianças
(Anglo) Brasileiras. Revista Travessia, v 66, 2010, p. 55-64.
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Links úteis
FERRARI, M. Entrevista com Cipriano Carlos Luckesi, 2006. Disponível em https://novaescola.org.
br/conteudo/190/cipriano-carlos-luckesi-qualidade-aprendizado
PIMENTEL, C.; TAMI, C. A chegada dos imigrantes, Revista Ensino Superior, 2011. Disponível em
http://www.revistaensinosuperior.com.br/a-chegada-dos-imigrantes
RATIER, R. et al. O desafio das escolas brasileiras com alunos imigrantes, Nova Escola, 2010.
Disponível em https://novaescola.org.br/conteudo/1534/o-desafio-das-escolas-brasilei-
ras-com-alunos-imigrantes
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO. Documento Orientador CGEB/ NINC:
Estudantes Imigrantes – Matrículas e Certificados, 2a ed., 2018. Disponível em https://www.
educacao.sp.gov.br/wp-content/uploads/2018/12/MATR%c3%8dCULA_FINAL-compressed.pdf
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO. 1º Documento Orientador CGEB/ NINC:
Estudantes Imigrantes, ano 1, n 1, 2017. Disponível em https://midiasstoragesec.blob.core.
windows.net/001/2017/10/imigrantes_1documento-orientador-estudantes-imigrantes-ver-
so-de-15-09-2017.pdf
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