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02/06/2019 Estácio - Disciplina online
Apresentação
Se você comprar uma estante de madeira para sua casa, receberá, além das peças e componentes, um manual de
instruções para montagem do móvel. Esse manual, quase sempre, apresenta esquemas que ilustram como fazer a
montagem. Nos esquemas, as peças que compõem o móvel são representadas gra camente, indicando como fazer a
ligação adequada entre elas. Se as instruções fossem dadas em forma de um texto, mesmo que bem escrito, muito
provavelmente você sentiria di culdade para compreender como montar a estante.
O desenho é tão importante quanto a escrita como meio de comunicação, além de ser uma ferramenta essencial para todas
as pessoas, especialmente aquelas responsáveis por projetar e construir, como engenheiros e arquitetos. Claramente, é mais
fácil descrever um objeto em sua forma, localização e dimensões utilizando um desenho do que utilizando palavras.
Nesta aula, você perceberá a diferença entre o desenho técnico e o artístico, conhecerá os modos de representação grá ca
de um objeto, utilizando a precisão do desenho técnico como ferramenta de expressão grá ca. Você compreenderá a
evolução do desenho técnico com o surgimento da computação grá ca e a importância de seu estudo para os pro ssionais
de engenharia. Serão apresentados, ao m da aula, os padrões técnicos estabelecidos pelas normas técnicas associadas ao
desenho técnico.
Objetivos
Diferenciar o desenho artístico do desenho técnico, com base na necessidade do desenho técnico para a Engenharia;
Identi car os modos de representação grá ca utilizados no desenho técnico, a partir de suas duas categorias:
perspectiva e vistas;
Reconhecer os padrões existentes para representação de textos, linhas e para a forma e o tamanho de folhas de
desenho, de acordo com as normas técnicas vigentes.
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Expressão grá ca
A expressão grá ca é uma linguagem utilizada em vários campos da engenharia para descrever a posição, a forma e as
dimensões de um objeto em processo de criação e construção. Deve-se usar uma linguagem que represente de maneira rigorosa
a forma e as dimensões do objeto. Devemos lembrar que a engenharia demanda exatidão de dados. Assim, não basta ilustrar, é
preciso representar o que se pretende de forma precisa, sem a possibilidade de interpretação distinta de pessoa para pessoa.
Desenho artístico
O desenho artístico segue o gosto e a sensibilidade do artista. Quem o desenha não tem compromisso em retratar elmente a
forma e as dimensões do que está represengostotando. Muitas vezes, o desenho artístico é completamente diferente da
realidade, podendo, inclusive, apresentar diferentes interpretações e signi cados.
Na gura a seguir, por exemplo, é possível identi car do que se trata a imagem, mas não é possível saber detalhes como as
dimensões das janelas e portas e quais foram os materiais utilizados na construção das casas. Isso ocorre porque o desenho
artístico não tem como nalidade projetar ou construir algo, mas ser uma ferramenta de linguagem visual que apresente as
características de um objeto da forma que o artista deseja.
Cada um pode tirar alguma conclusão a respeito dos detalhes não informados. É isso
que torna o desenho artístico inviável de ser utilizado para projetar e construir. Por
isso, é preciso adotar um método padronizado de expressão grá ca, que é o desenho
técnico.
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Desenho técnico
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O desenho técnico é uma ferramenta de expressão grá ca diferente do desenho artístico. Ele é utilizado para facilitar a descrição
e a representação de um objeto com todas as suas características geométricas e dimensionais, através de uma linguagem visual
que transmita, com exatidão, as características do que pretende representar, sem causar dúvidas a quem o vê. Como todo
processo padronizado, este tipo de desenho tem normas técnicas que indicam a forma correta de representar gra camente
textos, linhas, além de indicar as dimensões do objeto.
Observe a gura a seguir. Suas linhas contínuas representam arestas visíveis do objeto, detalhes, reentrâncias. As cotas permitem
conhecer suas dimensões. Com prática e com desenvolvimento de raciocínio espacial, as vistas são su cientes para a
compreensão da volumetria do objeto.
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O esboço é feito sem a utilização de instrumentos, em geral, com lápis ou lapiseira e papel. O esboço, segundo French e Vierck,
em sua publicação Desenho técnico e tecnologia grá ca, é:
Um excelente método durante o processo de aprendizagem devido à sua rapidez
porque, neste estágio, o estudo [...] é mais importante do que a exatidão do traçado.
O desenho com instrumentos é um método padronizado. Os instrumentos conferem precisão e padronização às linhas e curvas.
Uma pessoa sem habilidade de fazer um desenho artístico à mão livre pode elaborar um desenho técnico de qualidade, através da
prática na utilização dos instrumentos de desenho.
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Fonte: Shutterstock.
Primeiro momento
A computação grá ca permitiu que a
representação bidimensional (2D) dos objetos
fosse feita substituindo o desenho em papel pelo
desenho feito no sistema CAD.
Segundo momento
A etapa seguinte foi a evolução dos sistemas,
que permitiu a modelagem tridimensional (3D). A
partir do modelo 3D, as representações
bidimensionais são automaticamente obtidas,
representando economia de horas de trabalho.
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Apesar da evolução dos computadores e dos sistemas de computação
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grá ca, a operação dos sistemas e a entrada de dados
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necessários para representar gra camente um objeto depende de um pro ssional responsável. Ele não utiliza mais esquadros e
lapiseiras, mas precisa compreender de que maneiras um objeto deve ser representado para que suas características
dimensionais e sua volumetria sejam adequadamente compreendidas para sua fabricação ou construção.
Comentário
Ao longo de todo o curso, vocês desenvolverão o raciocínio espacial necessário, que os tornará capazes de representar um objeto
gra camente e de compreender um projeto já existente. Para isso, vamos compreender quais são os modos de representação
grá ca possíveis, estudar a teoria básica necessária para desenvolvimento de raciocínio espacial e conhecer todas as normas e
padronizações necessárias para um desenho técnico de qualidade.
Nos dias de hoje, é possível, inclusive, elaborar esboços em dispositivos móveis como celulares e tablets, com aplicativos para
elaboração de desenhos à mão livre. A tecnologia não deve ser uma desculpa para negligenciar esse conhecimento, já que não
precisamos de papel e lápis para fazer um esboço.
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A compreensão da volumetria de um objeto é facilmente compreendida
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pelo desenho em perspectiva, que é semelhante à foto do
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objeto. Para entender um desenho em perspectiva, não é necessário ter uma formação técnica, pois é uma linguagem de
expressão grá ca muito utilizada no dia-a-dia.
Como a perspectiva é uma visão plani cada do objeto tridimensional, tal como uma fotogra a, ela apresenta informações de
apenas algumas faces do objeto, não sendo capaz de fornecer todos os seus detalhes. Para suprir essa necessidade, utiliza-se a
representação em vistas. As vistas podem apresentar diversas informações das faces do objeto, tais como:
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Indicação de suas dimensões. Notas a respeito dos materiais utilizados em sua fabricação.
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Atividade
1. Como distinguir um desenho técnico de um desenho artístico?
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Geometria descritiva e
desenho técnico
A Geometria descritiva (GD) é um campo da geometria que
estuda os objetos através de suas projeções em planos
perpendiculares entre si. Os conceitos fundamentais de GD
foram apresentados por Gaspard Monge (1746-1818) em seu
livro La Géométrie Descriptive, publicado em 1975. Os
conceitos que estudaremos ao longo de todo o curso de
Expressão Grá ca vêm da aplicação de fundamentos da
geometria descritiva. Estudamos um objeto qualquer no
espaço conhecendo suas características geométricas através
da projeção do objeto em um ou mais planos de projeção
presentes no espaço.
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Os desenhos elaborados em sistemas CAD costumam ser impressos
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em papel. Por esse motivo, existem critérios padronizados
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para a representação de linhas e suas espessuras de acordo com o tamanho (formato) do papel, dobramento de pranchas de
desenho, caligra a e demais elementos que façam parte do desenho técnico nalizado. Veremos, agora, as padronizações e
normas ABNT associadas ao desenho técnico clássico, comum à maioria das áreas.
Caligra a técnica
A norma ABNT que indica as características para quaisquer informações escritas em um desenho (números ou letras) é a ABNT
NBR 8402:1994 - Execução de caracter para escrita em desenho técnico. A norma faz exigências com o objetivo de dar
legibilidade e uniformidade aos caracteres, bem como adequá-los aos processos de reprodução.
Considerando a altura das letras maiúsculas como h, devem ser respeitadas as proporções na escrita de letras e algarismos
apresentadas na tabela a seguir.
Proporções e dimensões de símbolos gráficos. | Fonte: ABNT NBR 8402 (1994, p. 2).
Observe a gura a seguir, que apresenta os parâmetros descritos na Tabela 1, considerando h = 3,5 mm, como exemplo das
proporções indicadas. Algumas das dimensões apresentadas são mínimas (a, b, e) e podem ser maiores do que as especi cadas
na norma.
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Exemplo de proporções e dimensões de letras.
Os sistemas CAD facilitam a vida do desenhista, pois apresentam
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estilos de texto padronizados facilmente selecionáveis para
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uso. Ainda assim, é preciso atentar para as condições estabelecidas na norma. Uma delas, por exemplo, diz respeito à inclinação
da escrita, conforme especi cado no item 3.3 da norma 8402:1994:
A escrita pode ser vertical ou inclinada, em um ângulo de 15º para a direita em relação à
vertical.
Atividade
2. Um engenheiro que não trabalha na elaboração de projetos precisa aprender desenho técnico. Por que?
A norma ABNT NBR 8403:1984 - Aplicação das linhas em desenhos - Tipos de linhas - Larguras das linhas de ne os tipos de
linhas que podem ser utilizados em um desenho técnico. Veja, a seguir, os tipos de linha e seus usos mais comuns.
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Tipos de linhas e suas aplicações. | Fonte: Adaptado de: Dados do item 3.4 NBR 8403:1984.
A utilização de uma linha com espessura diferente ao longo de seu comprimento também é adotada no desenho técnico. Um
exemplo comum é o uso das linhas mistas traço e ponto, utilizadas para representar a posição de planos de corte.
H Linha mista traço e ponto estreita, com parte contínua larga nos extremos da linha e nas
mudanças de direção.
Tipos de linhas e suas aplicações. | Fonte: Adaptado de: Dados do item 3.4 NBR 8403:1984.
A gura que você verá a seguir apresenta a legenda junto às linhas, referenciando cada uma delas aos tipos de linhas
especi cados nas tabelas anteriores com o seu emprego no desenho.
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Exemplo de emprego de linhas com tipos diferentes. Fonte: Adaptado de: Figura 1a da NBR 8403:1984.
Note como a diferenciação entre as linhas e suas espessuras auxilia a leitura do desenho
técnico.
Dica
Muitos autores modi cam a forma de designar as linhas estreita e larga, chamando essas linhas de na e grossa,
respectivamente. Essa mudança é prática, pois torna a compressão do assunto mais fácil. Por esse motivo, apesar da diferença
com relação à nomenclatura da NBR, essa será a nomenclatura da espessura das linhas adotada ao longo de todo o curso.
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A0 841 x 1189
A1 597 x 841
A2 420 x 594
A3 297 x 420
A4 210 x 297
Margens
Dentro de cada formato de papel, delimita-se a área efetiva de desenho na folha através da colocação de um quadro, que
corresponde a um retângulo representado com linha contínua grossa. As margens são os espaços entre a borda do papel de
desenho e o quadro. Cada desenho terá, portanto, quatro margens, com dimensões de nidas pela NBR 10068 e apresentadas na
tabela a seguir.
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Largura da margem (mm)
Formato Espessura da linha do quadro
Esquerda Direita
A0 25 10 1,4
A1 25 10 1,0
A2 25 7 0,7
A3 25 7 0,5
A4 25 7 0,5
O exemplo representado abaixo é o formato A2, que possui dimensões 594 x 420mm. Esse formato possui margem esquerda de
25mm e demais margens de 7mm.
Legenda do desenho
A legenda do desenho é uma região da folha de desenho composta por um ou diversos campos delimitados por retângulos.
Segundo a ABNT NBR 10582:1988 – Apresentação da folha para desenho técnico, a legenda é uma região usada para
informação, indicação e identi cação do desenho. Deve ser localizada, em geral, no canto inferior direito da folha de desenho,
com informações relativas ao desenho, como o título do desenho, o nome dos pro ssionais responsáveis pelo conteúdo do
desenho, data da emissão, entre outras informações.
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Veja, na gura a seguir, um exemplo de legenda para uma folha de desenho que poderia ser utilizada para desenhos da disciplina
Expressão Grá ca. As informações da legenda e sua disposição mesmas é uma escolha do responsável pelo desenho. As
empresas possuem padrões próprios, de acordo com as necessidades dos projetos que elaboram.
Atenção
Note que o contorno dos campos presentes na legenda é representado com linhas contínuas largas e que os textos devem seguir
os padrões de escrita técnica citados anteriormente.
A folha dobrada, independentemente do tamanho, ca com dimensão de uma folha A4, ou seja 210 x 297 mm.
A margem à esquerda da folha ca visível, pois é destinada à perfuração ou grampeamento para arquivamento.
As guras a seguir apresentam a forma de dobrar folhas deitadas com legenda no canto inferior direito (situação comum na
engenharia). O dobramento deve iniciar a partir do lado direito da planta, onde ca a legenda.
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Atividade
3. Quais são as vantagens da representação tridimensional de objetos com relação à representação bidimensional?
4. Quais são as dimensões padronizadas pela NBR 8402:1994 para a altura das letras maiúsculas utilizadas no desenho técnico?
Cite também dois objetivos da normatização de caracteres de escrita no desenho técnico.
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5. A norma NBR 10068:1987 indica espessuras para as linhas do quadro que delimitam a área de trabalho da folha de desenho.
Observando as espessuras apresentadas, você conseguiria explicar por que as espessuras diminuem com a redução dos
tamanhos das folhas de desenho?
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8402: execução de caracter para escrita em desenho técnico. Rio de
Notas
Janeiro, 1994.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8403: aplicação das linhas em desenhos - tipos de linhas - larguras das
linhas. Rio de Janeiro, 1984.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10068: folhas de desenho - leiaute e dimensões. Rio de Janeiro, 1987.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10582: apresentação da folha para desenho técnico. Rio de Janeiro,
1988.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13142: desenho técnico - dobramento de cópia. Rio de Janeiro, 1999.
FRENCH, Thomas; VIERCK, Charles. Desenho técnico e tecnologia grá ca. 6. ed. São Paulo: Globo, 2005.
MICELI, Maria Teresa; FERREIRA, Patricia. Desenho técnico básico. 4. ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2010.
SILVA, A. et al. Desenho técnico moderno. 4. ed. Rio de Janeiro: LCT, 2006.
Próxima aula
Elementos fundamentais do desenho geométrico básico: ponto, linha e plano, ângulos, círculos e polígonos;
Explore mais
MICELI, Maria Teresa; FERREIRA, Patricia. Desenho técnico básico. 4. ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2010.
Consulte também o trecho entre as páginas 2 e 7 do capítulo 1 e o segundo capítulo do seguinte livro:
SILVA, A. et al. Desenho técnico moderno. 4. ed. Rio de Janeiro: LCT, 2006.
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