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ESTATÍSTICA E PROBABILIDADE APLICADA

Profª Ms. Elizabete Silva


Aula 6 – Medidas de
dispersão e Noções
de análise
combinatória

elizabete.silva@fmu.br
Objetivos:
Calcular o desvio-padrão e o
coeficiente de variação de um
conjunto de dados

Aplicar o Princípio Fundamental da


Contagem para resolução de
problemas de análise combinatória
Na aula passada...

 As medidas de dispersão ou variabilidade servem para avaliar a


homogeneidade dos dados (o quanto os dados são semelhantes) e o grau de
concentração próximo à média (o quanto os dados se aproximam da
média).
Na aula passada...

 Amplitude total (H): É a diferença entre o maior e o menor valor


observado.

H = máx – mín

 Indiferente para dados agrupados ou não agrupados


Na aula passada...
 Quando a média é usada como medida de tendência central, ou seja,
quando a média indica o centro da distribuição, podemos calcular o desvio
de cada observação em relação a média:

Desvio = observação – média

𝑑𝑖 = 𝑋𝑖 − 𝑋ത

 Se os desvios são pequenos, podemos dizer que as observações estão


aglomeradas em torno da média. Já, se os desvios são muito grandes, os
dados estão dispersos.
Na aula passada...

 A soma dos desvios das observações em relação a média é igual a zero.

 (x i  X) 0

Observação: Há quem use a fórmula do desvio em módulo, para evitar esse


problema.
Na aula passada...
 Variância (S2): Mede o grau de concentração da distribuição dos dados em
relação à média, ou seja, a variância é a média aritmética do quadrado dos
desvios (em relação à média), conforme a fórmula abaixo (amostra/não
agrupados e população/agrupados):
𝑛 − 1 na amostra para evitar que a média fique menor que a variância

σ𝑛 ത 2
𝑖=1 𝑋𝑖 −𝑋 σ𝑛 2
𝑖=1 𝑋𝑖 −𝜇 ∗𝑓
𝑆2= ou 𝜎 2=
𝑛−1 𝑛

S2 = variância (amostra/ não agrupados) 𝜎2 = variância (população/agrupados)


xi = valor da variável xi = valor da variável
n = nº de elementos n = nº de elementos
𝑥ҧ = média aritmética (amostra) 𝜇 = média aritmética (população)
f = frequência da classe
Na aula passada...
É importante notar que o cálculo da variância envolve quadrados dos
desvios. Então, a unidade de medida da variância é igual ao quadrado da
medida das observações.

Neste exemplo, as observações eram tempos, medidos em minutos. Então


a variância é dada em minutos ao quadrado, isto é,
𝑆² = 1 𝑚𝑖𝑛²

 Para obter uma medida de variabilidade na mesma unidade de medidas


dos dados, para fazer sentido, é preciso extrair a raiz quadrada da
variância, obtendo-se assim o desvio padrão.
Desvio padrão

 Desvio padrão (S): é a raiz quadrada da variância, com sinal positivo.

𝑆= 𝑆²

 Ela facilita a interpretação dos dados, pois é expresso na mesma unidade


de grandeza dos valores observados (do conjunto de dados).
Desvio padrão
 É fornecido a duração, em minutos, de algumas chamadas telefônicas
feitas em três consultórios médicos. Calcule a média, a variância e o
desvio padrão. Amostra

Consultório A Consultório B Consultório C 𝑋1 + 𝑋2 + 𝑋3 + ⋯ + 𝑋𝑛 σ𝑛𝑖=1 𝑋𝑖


𝑋ത = =
4 9 9 𝑛 𝑛
6 1 1
σ𝑛𝑖=1 𝑋𝑖 − 𝑋ത 2
4 5 1 𝑆² =
𝑛−1
6 5 2
5 1 8
𝑆= 𝑆²
5 9 9
Desvio padrão

Estatísticas Consultório A Consultório B Consultório C


Média 5 5 5
Variância 4 64 82
= 0,8 = 12,8 = 16,4
5 5 5
Desvio 0,8 ≅ 0,89 12,8 ≅ 3,58 16,4 ≅ 4,05
padrão

O que podemos concluir com isso?


Desvio padrão

 Em média, a duração, em minutos, das chamadas telefônicas feitas nos


três consultórios médicos foi a mesma, isto é, 5 minutos.

Estatísticas Consultório A Consultório B Consultório C


Média 5 5 5
Desvio padrão
 No entanto, a duração das chamadas variou muito, de consultório para
consultório. Por exemplo, o desvio padrão do consultório C, 4,05
minutos, foi superior ao desvio padrão do consultório A, 0,89 minutos.

Consultório A Consultório B Consultório C


4 9 9
6 1 1
4 5 1
6 5 2
5 1 8
5 9 9
Desvio padrão

 Quanto mais próximo de 0 é o desvio padrão, mais homogênea é a


distribuição dos valores da variável.

 Quando todos os valores da variável são iguais, o desvio padrão é 0.


Coeficiente de variação (CV)
 Coeficiente de Variação (CV): é o desvio padrão expresso como uma
porcentagem média. É uma medida relativa de variabilidade.

 É independente da unidade de medida utilizada, sendo que a unidade dos


dados observados pode ser diferente que seu valor não será alterado.
𝑆 𝜎
𝐶𝑉 = ∗ 100 𝐶𝑉 = ∗ 100
𝑋ത 𝜇

𝑆 = 𝑑𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝜎 = 𝑑𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜


𝑋ത = 𝑚é𝑑𝑖𝑎 (𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎) 𝜇 = 𝑚é𝑑𝑖𝑎 (𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜)
Coeficiente de variação (CV)
 É fornecido a duração, em minutos, das chamadas telefônicas feitas em
três consultórios médicos. Calcule o CV.

Consultório A Consultório B Consultório C


4 9 9
6 1 1
4 5 1
6 5 2
5 1 8
5 9 9
Coeficiente de variação (CV)
Consultório A:
𝑆 0,89
𝐶𝑉 = ∗ 100 = ∗ 100 = 17,8%
Consultório A Consultório B Consultório C 𝑋ത 5
4 9 9
6 1 1 Consultório B:
4 5 1 𝑆 3,58
𝐶𝑉 = ∗ 100 = ∗ 100 = 71,6%
6 5 2 𝑋ത 5
5 1 8
5 9 9 Consultório C:
𝑆 4,05
𝐶𝑉 = ∗ 100 = ∗ 100 = 81%
𝑋ത 5
Coeficiente de variação (CV)

Estatísticas Consultório A Consultório B Consultório C


Desvio 0,8 ≅ 0,89 12,8 ≅ 3,58 16,4 ≅ 4,05
padrão
CV 17,8% 71,6% 81%
Exercícios de Compreensão
1. Realizou-se uma pesquisa de idade com três grupos amostrais, para saber a
idade das pessoas que adentravam um shopping em um determinado dia.

Grupo A: 20; 20; 20; 20; 20; 20


Grupo B: 22; 23; 18; 19; 20; 18
Grupo C: 6; 62; 39; 4; 8; 1

Calcule o desvio padrão e o coeficiente de variação. O que você consegue concluir?


Exercícios de Compreensão
Grupo A: 20; 20; 20; 20; 20; 20
Grupo B: 22; 23; 18; 19; 20; 18
Grupo C: 6; 62; 39; 4; 8; 1

0
Grupo A: 𝐶𝑉 = ∗ 100 = 0%
Grupo A: S= 0 = 0 ano 20

2,1
Grupo B: S= 4,4 ≈ 2,1 anos Grupo B: 𝐶𝑉 = ∗ 100 = 10,5%
20
Grupo C: S= 616,4 ≈ 24,8 anos 24,8
Grupo C: 𝐶𝑉 = ∗ 100 = 124%
20
Exercícios de Compreensão
2. As notas de 40 alunos de uma turma são dados abaixo. Calcule o desvio
padrão e o coeficiente de variação dessa distribuição.
Nº de alunos
Notas
(Frequência ( f )) 𝜎= 𝜎² = 7,84 = 2,8
0,0 – 2,0 10
2,0 – 4,0 6
4,0 – 6,0 9 2,8
6,0 – 8,0 9 𝐶𝑉 = ∗ 100 ≅ 58,9%
8,0 -10,0 6 4,75
n = 40
O que é
ANÁLISE COMBINATÓRIA?
Análise Combinatória

 A Análise Combinatória visa desenvolver métodos que permitam contar o


número de elementos de um conjunto, sendo estes elementos
agrupamentos formados sob certas condições.
 Pode parecer desnecessária para um grupo pequeno, entretanto, se o
número de elementos a serem contados for grande, esse trabalho torna-se
quase impossível sem o uso de métodos especiais.
Exemplos
 A é o conjunto de números de dois algarismos distintos formados a partir
dos dígitos 1, 2 e 3.

A = {12, 13, 21, 23, 31, 32}

#A = 6
Exemplos
 B é o conjunto das diagonais de um heptágono.

#B = 14
Exemplos
 C é o conjunto das sequências de letras que se obtêm, mudando a ordem
das letras da palavra ARI (anagramas da palavra ARI).

C = {ARI, AIR, IRA, IAR, RAI, RIA}

#C = 6
Exemplos
 D é o conjunto de números de três algarismos, todos distintos, formados a
partir dos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8.

D = {123, 124, 125, ..., 875, 876}

Pode-se perceber que é trabalhoso obter todos os elementos (agrupamentos)


desse conjunto e depois contá-los. Usando técnicas que iremos estudar
adiante, veremos que #D = 336.
Vamos pensar...

 Uma pessoa possui duas calças,


três camisas e dois chapéus. De
quantas formas diferentes ela
pode se vestir, considerando que
ela use uma calça, uma camisa e
um chapéu?
DIAGRAMA DE ÁRVORE

Calças – 2 possibilidades

Camisa – 3 possibilidades

Chapéu – 2 possibilidades

Possibilidades totais = 2.3.2 = 12 combinações


Vamos pensar...

Essa matriz, chamada de matriz


das possibilidades, tem 3 linhas
por 2 colunas; logo seu número
de elementos é dado pelo
produto:
Vamos pensar...

 Quantos números com dois algarismos distintos podemos formar com os


dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8?

Cada número pode ser considerado um par de dígitos (a, b) em que: a ∈ {1, 2,
3, ..., 8}, b ∈ {1, 2, 3, ..., 8} e a ≠ b.
Vamos pensar...

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8
8.7 = 56
1, 3, 4, 5, 6, 7, 8 combinações
8 possibilidades 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8

7 possibilidades
Vamos pensar...

 Quantos números com dois algarismos, distintos ou não, podemos formar


com os dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8?

Cada número pode ser considerado um par de dígitos (a, b) em que: a ∈ {1, 2,
3, ..., 8}, b ∈ {1, 2, 3, ..., 8} e a ≠ b.
Vamos pensar...

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 8.8 = 64
combinações
8 possibilidades 8 possibilidades
Princípio Fundamental da Contagem
(PFC) / Regra da multiplicação
Consideremos uma experiência que é composta por n etapas sucessivas. Se:
A 1ª etapa pode ocorrer de 𝑘1 maneiras,
A 2ª etapa pode ocorrer de 𝑘2 maneiras,
A 3ª etapa pode ocorrer de 𝑘3 maneiras,
.
.
.
A última etapa pode ocorrer de 𝑘𝑛 maneiras,
Então a experiência pode realiza-se de

𝒌𝟏 𝐱 𝒌𝟐 𝐱 𝒌𝟑 𝐱 … 𝐱 𝒌𝒏 maneiras
Cuidado!!!
 Quantos números com dois algarismos distintos podemos formar com os
dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8? 8x7

 Quantos números com dois algarismos, distintos ou não, podemos formar


com os dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8? 8x8

RESTRIÇÕES: Cada caso é um caso


Exercícios de Compreensão

1. Uma moeda é lançada 3 vezes. Qual o número de sequências possíveis de


cara e coroa? Indiquemos por K o resultado cara e por C o resultado coroa.
Exercícios de Compreensão

Queremos o número de triplas ordenadas (a, b, c), em que:


a ∈ {K, C}, b ∈ {K, C} e c ∈ {K, C}
Logo, o resultado procurado é:
2⋅2⋅2=8
Exercícios de Compreensão
Exercícios de Compreensão

2. Quatro atletas participam de uma corrida. Quantos resultados existem para


o 1º, 2º e 3º lugares?
Exercícios de Compreensão

Cada resultado consta de uma tripla ordenada (a, b, c), em que a representa o
atleta que chegou em 1º lugar, b o que chegou em segundo, e c o que chegou
em terceiro.
a, b e c pertencem ao conjunto dos atletas e a ≠ b, a ≠ c e b ≠ c.
Logo, o número de resultados possíveis é:
4 ⋅ 3 ⋅ 2 = 24
Exercícios de Compreensão

3. Um edifício tem 8 portas. De quantas formas uma pessoa poderá entrar no


edifício e sair por uma porta diferente da que usou para entrar?
Exercícios de Compreensão

Cada percurso consta de um par ordenado (a, b), com a ≠ b, em que a


representa a porta de entrada e b a de saída.

Temos, então, 8 ⋅ 7 = 56 possibilidades.


Exercícios de Compreensão

4. De quantas formas podemos responder a 12 perguntas de um questionário,


cujas respostas para cada pergunta são: sim ou não?
Exercícios de Compreensão

Cada resposta do questionário todo consta de uma sequência (a1 , a2 , ..., a12)
em que cada a1 vale S (sim) ou N (não).
Além disso:
a1 ∈ A1 = {S, N}
a2 ∈ A2 = {S, N}
...
a12 ∈ A12 = {S, N}
Exercícios de Compreensão

Logo, pelo princípio fundamental da contagem, o número de sequências do


tipo acima é:

4096 formas

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