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JOHN C.
AXWELL
É o MELHOR
TICA NEGÓCIO
GANII.I! VAN T AGEM C OM I'ETlTlVA fAZENDO O QUE ti C ERTO
E quando você é capaz de fazer algo por quem nào pode retribuir, entào
significa que está desenvolvendo o "toque de Midas': pois está agregando
valor a essas vidas.
coisa errada
Se você tem mais de trinta anos, certamente se lembra da Guerra Fria
entre os Estados Unidos e a Uniào Soviética, Por mais de três décadas, as
relações entre os dois governos eram caracterizadas por desconfiança e
hostilidade mútuas. Quando Rona ld Reagan se tornou presidente dos
Estados Unidos, avisou que queria mudar esta situaçào entre as duas
superpotências militares. Sua primeira iniciati\'a foi escrever uma carta
pessoas para Leon id I1rejnev, premiê soviêtico, pedindo que fizessl.'lII um
esforço para Henconlrar uma paz durado ura".
Dizer que a proposta de Reagan tl.'ve uma recepçào fria 5Cria eufemis-
mo. Seria natural que Reagan desistisse de tentar melhorar as relações
eotre os dois governos. Nào scria o primeiro presidente a fa7.er isto. Mas
ele perseverou. O gelo foi derretendo, e a Cortina de Ferro caiu. A redatora
dos discursos de Reagan, Peggy Noonan, resumiu o episódio assim:
"Quando S(' é forte, é possivcl ser [fIlm. Quando alguém sabe que é forte,
confia em si mesmo e toma a iniciativa, faz o primeiro movimento, ()
primeiro apelo ( ... 1Mas quando a pessoilteme ser fraca ou sc apa\'ora com a
idéia de que o mundo pode pensar isso dela, está mais inclinada a dar de-
monstrações de [orça, e nunca escreve uma carta pessoal em nome da paz".
Não é fácil fazer a coisa certa quando a coisa errada é o caminho mais
simples. Mas as recompensas podem ser extraord inárias, como foram
para Reagan. Isso não significa que sempre há uma recompensa, pois
não há. Mas ao optar por faJ;er a coisa errada,:lO invés da certa, não há
nenhuma chance de obter qualquer boa recompensa.
corréncia. circunstância.
Com certeza, Brewer é diferellte da con- cumpnm<l>oque
promc1.cmos.
corrência. Um estudo orientado pelo dr. Pat
l ynch fo i publicado recentemente no fOl/r-
lia/ of Bl/sillcSS Etllic5. lynch pediu a mais de
setecentos homens e mulheres de negócios e estudantes de Adminis-
tração recém-formados que elaborassem um rtll/killg de seus valores
no ambiente de trabalho. Além do cumprimento das promessas, in-
clui u itens como competência, ética profissional, ascendên cia por ida-
de e capacidade de enfrentar adversidades. lynch descobriu que a
manutenção da palav ra empcnhada ficou no fim das listas. O mesmo
aconteceu na pesquisa relati va a gênero, experiência de supervisão ou
histórico religioso.
A ironia é que o cumprimento das promessas é a pedra angular de
todo tipo de relacionamento, e é absoltutamente essencial para o suces-
so nos negócios. Joseph Abruzzese, presidente para Vendas da CBS
Tclevision, comenta: "Na venda de espaços comerciais. a integridade é
ludo. Cerca de 80% dos negócios sào (citas com as mesmas pessoas tooos
os anos, por isso vendas tem relação direta com a força dos relacionamen-
tos. No fim das contas, o agente de vendas honesto é o que vence".
Onde está o limite de sua palavra empenhada? Provavelmente, você
não tem problema algum em cumprir promessas quando lhe são con-
venientes. Mas e quando não são? Que acontece quando manter a
palavra significa um prejuízo pessoal? Foi o que sir Walter Scou ((".l.
Você já deve ter ouvido fa lar dele. Foi biógrafo, crítico, historiador e
poeta. e. considerado o pai do romance histórico, e há quem diga que
CONCLusAo: VIVA DE ACORDO
.__ .COM ABEGBA.DE..QURO
o. 'eX'''' w.. ,.f.,';nei... biblicu fo,..m exu'a/do. cio No... IW~ In,....""ô"",,1
(Socic,bcl~ Bíblia I"""naciorul), .. Ivo indiaçlo especifica.
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~ Rdiploo Edito", ~t",...s., ODt""
Ru. Anrbnio Co!'" 'roro>ni. 79 _ Clt' (MSU).O:!O _ Sl.o P...lo _ <> _ 8."';1
T~ (11) l tl7-11 ~7 - HOrn< I"V ......._rn"~ .. ..,,<Om.[,..
Agradecimentos 9
Prefácio II
,
AGRADECIMENIOS
Gostaria de agradece r a:
M <l' )In m
_ _ _ _ _ _ _ _ eJlEF.ÁclO
M <l' )In m
1
o QUE ACONTECEU COM A
_ _--'ÉTlCA.NOs~NmOC1QS.J\E1NAL2
Tll'o DE LlDER
'lkrlrand Brasil.
16 J;tic. ~ " melhor l1~gó<i<>
o DILEMA tnco
Neste momento, nossa decepção se transforma em tema de d iscussão. As
pessoas quere m 5.1ber: por qrll: a ética é uma pr<itica tão complicada de se
ado tar? Embora haja muitas respostas possíveis a esta pergunta, creio que,
quando alguém faz uma escolha antiética, age desta forma por uma entre
três razões:
Isso gera o caos completo. Cada um segue seu próprio pad rão ético, que
muda de aco rdo com a conveniência da situação. E esta pOSlu ra ê incen-
tivada. Na descrição de um curso intitulado "A ética da administração
corporativa", oferecido na Universidade de Michigan, está escrito: "Este
curso não leva em conta os conceitos de honestidade e confiabilidade,
que são questôes pessoais de ordem moral. Presume-se q ue os estudan-
tes desta universidade já tenham formado sel/5 próprios padrões, 110 que se
refere a essas questôes".
Portanto, vale tudo. Qualquer padrão q ue se queira usar, está tudo
bem. Para piorar as coisas, há uma inclinação natural nas pessoas de
serem tolerantes para com suas próprias atitudes, julgando-se a partir
das boas intenções que possuem - ao mesmo tempo, impõem aos ou-
tros um padrão muito mais rigoroso e os julga por suas piores ações. En-
quanto, no passado, nossas decisões eram baseadas na ética, hoje é nossa
ética que se baseia nas deciSÕC5 que tomamos. "Sc é bom para mim, então é
bom." Quando será que esta tendência se reverterá?
V ENTOS DE MUDANÇA
Felizmente, há uma demanda cada Ve-L maior por uma postura ética no
mundo dos negócios. A empresa de recrutamento de executivos Heidrick
& Struggles defende que, " lIuma nova era da atividade empresarial, os
diretores de corporações se deparam com uma nova miss.ào. Não há
mais espaço para os deslumbrados e os que gostam de ostentação. A
transparência - em lermos de ética, \'alores e objetivos - é o que se
busca hoje em dia': Meu amigo Bruce Dingman, presidente da empresa
de consultoria administrativa R. W. Dingman, concorda. Há pouco tem-
po, ele enviou-me um cmlli!:
Quero ser uma pessoa ética, e acredito que você també m queira . Além
disso, sei que é realmente poss(vel fazer a coisa certa e ser bem-sucedi-
do nos negócios. Na verdade, segundo o Centro de Recursos ~ticos em
Washington, D.C., as empresas que se dedicam a fazer li coisa certa,
o quo acomoco u com. o!t;u no. negócio!. afinal! li
"
o parlamentar americano Jabez L.M. Curry, defenso r dos direitos à edu·
cação, fez o seguinte comentário: "Para que possa prosperar, um país
precisa ser construído sobre fundamentos de caráter moml, e este cará-
ter é o elemento principal de sua força - a única garantia de sua perma·
n~ncia e sua prosperidade". O mcsmo podc scr dito a respeito dos
ncgócios, fa mília ou de qualquer empreendimento que você queira ver
prosperar e durar. Este fundamento, porém, não pode ser construIdo
pela organização como um todo. Deve começar a partir de cada indiví·
duo. E precisa ser lc\'ado adiante, apesar das pressões continuas para que
se aja sem nenhuma preocupação com a ética.
Como saber qual é a coisa ccrta a faz!.'r? Como lidar com as situações
mais difíce is em termos de pressão? Onde se pode encontrar um padrão
que funcionará em qualquer situação - um norte que lhe permita
do rmir bem à noite, prosperar nos negócios, melhorar scu casamcnto e
tcr confiança dc quc está dando o melhor de si o tempo todo? Ofer!.'ço a
você o que acredito ser a melhor resposta a essas perguntas no capítulo
seguinte.
ar )In r
·
2..
POR QUE A "REGRA" É
__ C/:lêtt1ADA_DE~QURO':
Agora que você dedicou algum tempo para pensar sobre o assunto,
aqui estão algumas observações que fiz e gostaria de compartilhar,
todas relacionadas com a visão que as pessoas possuem a respeito da
ética:
26 ~! i ra. " mell",. n"Kó<;o
' ~e a anti8uldade a Rfsra de Ouro: ~Tr:lte 0$ ouu t» do modo que \'O<~ mesmo
80staria de ~T tratado·, tem sido uma rtfer~ncia moral. I'ensadores gregos e judeus.
Conruclo, Jesus e OUlroS profosores de ttica ensinaram= princípio <:omO uma r'1:ra
fundamental d. vida.
ar )TIl r
1'0. 'l u~ 3 "R~~u" ~ chamada do "Ouro" 27
Agora, permita-me explicar por que acho que a Regra de Ouro pode se
tornar sua estrela-guia quando se trata de ética.
Uma das pessoas que serviram de mentores para minha liderança foi
Fred Smith Sr., fundador da Federal Express, uma empresa de entregas
internacionais. Certo dia, durante o almoço, há mais de dez anos, come-
çamos a conversar sobre ética, e falamos so-
bre a Regra de Ouro. "Sabe': disse Fred, "há
uma versão da Regra de Ouro em pratica- C3pa7 de uÇlr a ('(TIOU
mente todo tipo de cultura." uma refert",ia na
Fiquei com aquele comentário sempre em orknlaçlQ d~ 100000S:\:.
minha mente. Na cultura relativista atual que dtcisões él i~~s que
domina os Estados Unidos - segundo a qual pro:cisa lomar. Ela...:
todo o mundo quer usar seus próprios pa-
drões de ética e toda situação, teoricamente,
exige um código de conduta próprio~, é promissor saber que gente de
todas as culturas deseja viver de maneira ética e concorde em um padrão
de comportamento. Dê uma olhada nos resultados de uma pesquisa que
demonstra as variações que existem da Regra de Ouro:
• Cristimzismo: "Façam aos outros o que vocês querem que eles lhes
façam':
• Islamismo: "Nenhum de vocês é um fiel até que ame seu vizinho
da mesma maneira que ama a si mesmo~.
• /rtdaís/IIo: "Não faça a seu companheiro o que \'ocê considera
odioso. Esta é toda a Lei; tudo o mais é comentário':
• Budismo: "Não ofenda os outros com aquilo que ofende você".
• Hindz4Ísmo: "Este é o resumo do dever: não faça com os outros o
que você não gostaria que lhe fizessem".
• Zoroastris/IIo: "Qualquer coisa que lhe seja desagradável não a
faça com os outros':
• eo"fucio"ismo: "O que você não quer que façam a você não faça
com os outros".
"
28 ~!;u f o melhor ncltócio
• Bailai: "E se teus olhos forem voltados para a justiça, escolhe fazer
por teu próximo o que escolherias fazer por ti mesmo':
• Ja illismo:"Um homem d eve caminhar
tra tando todas as criaturas como ele
Na verdade, ha apmas
dois pontos importan!~ mesmo seria tra tado'::
qU3ndo st !rali! dr ~tic;!. • Provérbio iorubá (N igéria); ~Aquele
O primeiro i: um pad rJoa que usa um da rdo para ati ngir um fi-
5er stgUido. O ~un doé lhote de pássaro deveria primeiro ten-
.1 fa~- I(). tar faze r o mesmo consigo para ver
como dói':
Não sou ingênuo. Sei que nem todos procuram por uma referência
simples. prática e fácil de aplicar para viver eticamente. Algumas pessoas
escolhem a mentira, a tra paça, o roubo e coisas ainda piores. Outras vivem
para refletir e debater a res peito de idéias (tive 3ulas com 3Igu!ll3S delas na
faculdade). Mas as peSS03S que bUSC3!ll um p3drão de comportamento
ético bom e honesto para viverde acordo com ele podem encontrá-lo na
Regra de Ouro. Eis aqui os motivos pelos quais acredito nisso:
De fala, é uma vitória para todos! A Regra de Ouro é boa para os funcio-
nários. E boa para os clientes. E é boa para os investidores. Segundo a
empresa de consultoria Robinson-Humphrey, as ações da Synovus
proporcionaram o segundo melhor retorno entre todos os títulos nego-
ciados na Bolsa de Valores de Nova York nos últimos vinte anos! Este é o
tipo de retomo que todo o mundo quer. A Regra de Ouro realmente
funciona.
..
. ..
'
~
>
••
Uma forte educação moral, tal como Zig identificou, capacita a pessoa a
fazer boas escolhas éticas. No enlanlo, considerando que pouca gente
hoje em dia recebe este tipo de fundamentação, como alguém pode
começar a agir de acordo com esses valo res? Como fazer para tomar
algo tão profundo quanto a Regra de Ouro como parte inlegrante do
38 J: tiu Ó" nl d hor "~Gó d "
Creio que todas as pessoas, bem no fundo, são muito parecidas. Basta
conversar com gente de qualquer idade, gênero, raça ou nacionalidade
para perceber que todos têm certas coisas em comum. E uma vez que
essas características comuns sejam identificadas, começando por
reconhecê-Ias em sua vida, e depois nas dos outros, você terá domínio
sobre a chave que desvenda os mistérios da Regra de Ouro. Aqui está
uma pequena lista de coisas que, em minha opinião, todos os seres hu-
manos têm em comum quando se trata de saber como gostariam de ser
tratados:
..
A r~gr. d~ ouro começa ,om ,·od 43
o escritor Arnold Glasow afi rmou: "O respeito daqueles que você
respeita vale mais do q ue o aplauso d a multidão". A maioria das pessoas
anseia pelo respeito daquelas para as quais trabalha. E quando um em-
pregador o faz de forma incondicional, cria-se um ambiente de trabalho
muito positivo. Um empresário queespelha este tipo de postura é Mitchell
Burman, diretor exe<utivo da firma de consultoria Analytics Operations
Engineering, em Boston. Ele demonstra por seus funcionários o tipo de
respeito que toda pessoa responsável deseja.
Os dez consultores que emprega rece- Orcspeitodaquclesqu~
bem a consideração profissional devida e são voa! Tt'$pcita vale mais
tratados como parceiros - stllfl/5 que até do que o aplau.so da
podem alcançar, adquirindo ações da em- multidão.
p resa depois de completar um ano de tra-
balho na companhia. Antes mesmo dest ...
período, os funcionários são autorizados a fazer escolhas como rara-
mente se vê em empresas. Eles escolhem em que projetos querem
trabalhar, horário, local de trabalho e até mesmo quanto tempo de
férias desejam tirar.
··Avalio um funcio nário por sua criati vidade", afirma Burman. "Não
interessa a mim onde ele está trabalhando, mesmo que seja na Patagônia."
Sua maio r preocupação é a de q ue cada consultor seja capaz de faturar,
pelo menos, cem mil dólares por ano, e q ue cada dólar seja d ividido da
seguinte maneira: 30% para a pessoa que elabora o projeto; 15% para
quem o vende; 10% para o responsável pela administração; 5% para o
pagamento dos impostos; 20% para despesas ge rais; e 20% de lucros.
O tipo de respeito que os func ionários recebem determina a liberda-
de de dar o máximo de si e os incentiva a tra balhar com excelência. Isto
não é apenas uma forma de dar a distinção que as pessoas merecem - é
bom ta m bém para os negócios. James Howell disse: "Respeite um ho-
mem, c ele dará o máximo de si':
5) QrlerQser compreendido
Certa vez, li a respeito de um grupo de professores que realizou uma
pesquisa com dois mi l empresários, pedindo a eles que identificassem
as úl timas três pessoas q ue dispensaram e por q ue razão. Aqueles profes·
sores descobri ram q ue, em dois dos três casos, os funcioná rios perderam
o emprego po rque não conseguiam conviver com os outros.
Às vezes, os problemas pessoais são causados por falta de sensibilida·
de ou indiferença de alguém. Com maior freqüência, porém, a dificu l-
dade é gerada pela falta de compreensão. Podemos ser hem ligeiros na
hora de encontrar defeito nos outros, q uando eles não se sujeitam aos
padrões ou às regras que impomos. Mas quando fazemos o esforço de
conhecê· los melhor, geralmente chegamos à conclusão de que o jeito
deles não é necessariamente o jeito errado - é apenas um jeito diferen·
te. Podemos descobrir que eles reagem de fo rma diferente porque não
tiveram as vantagens que tivemos. Ou perce·
Ao lidar com g~nI~.
bemos que tal reação é resultado de condi·
proCUTC !mlnelro ções e ações que fogem do controle dessas
,,,mprf'Cnd ~r ~,d,'poi,. pessoas. Quando nos colocamos sob as mcsmas
.... r comprc'endido. circunstàncias, estabelecemos uma interaçâo
emocional com os outros. e compreensão é
exatamente isto. Não d á para esperar que as pessoas ajam como máqui.
nas. Todos somos criaturas emocionais.
Ao lidar com gente, procure primeiro compreender e, depois, ser
compreendido. Isto ellige uma atitude de Oexibilidade e disposiçãO para
aprender. O teólogo Hans Küng afi rmou: "Compreender alguém de fato
envoke aprender com ele. e aprender com alguém de fato envolve m u-
danças pessoais': Compreender os outros significa dar a mão, onde que r
que estejam. concentrando os esforços no estabelecimento da COlllU-
nMo a partir de você. não deles. E é sábio lembra r das pala\'Tas do inven-
tor Charles Kettering. que disse: "Há uma grande diferença entre saber e
"
A 'q.;r> tl. 011'0 CO"'.~I <o "' voâ 45
Teria sido bem mais fácil para Marvin Bower seguir a lógica simples:
tirar dinheiro de Howard Hughes e não oferecer nada de valor em troca.
Afinal de contas, Hughes valia bilhões de dó-
lares, e Bower nunca deixou de levar isto em
consideração. Mas a questão não é essa. Não
mentirinha rontada ao importa se estamos falando sobre a menti-
vizinho ou o desf.tlquc rinha contada ao vizinho ou o desfalque numa
numa grande grande corporação: q ualquer ação, em últi-
corporaçio: qualquer ma análise, impacta pessoas - para o bem
lihima análiiie. ou para o mal. E se tal ação desvalori7-il ou
tira vantagem de alguém, a pessoa a tingida
sofre de uma forma que ninguém gostaria
de sofrer.
D E vOL:rA ÀS PESSOAS
foi a maneira como ele os orientou. O foco de Richl não era - e ainda
não é - o campeonato. Era o caráter.
Richl define seu papel como o daquele que deve aperfeiçoar a vida das
oulras pessoas, e isto não se limita a encher a sala de troféus da universi-
dade. É algo que ele parece ter sido moldado para fazer. Um cronista
esportivo fez a seguinte observação: "É difkil pensar em alguém que
tenha cruzado o caminho de Richt nos últimos quinze anos e não sinta
que seu caminho foi iluminado por este encontro':
No futuro, quando seus jogadores cometerem erros - o que é quase
certo que acontecerá - , as decisões que tomarem serão baseadas no
caráter. "Daqui a muitos anos': explica Richl, "se todos esses jogadores
forem melhores homens por ter estudado na Universidade da Geórgia, eu
ficarei emocionado. Se um deles voltar e disser que se tornou um homem
melhor, um marido melhor, um pai melhor ou um cidadão melhor por-
que passou por nosso programa, isto significará mais para mim do que a
aprovação da opinião pública ou um campeonato nacional':
.-..lo bem-~u,ooidas, a$
sucesso. Ter caráter é a (mica maneira de sus-
que alcmpm exilo tentar o sucesso. Não importa o quão talen-
lemponirio e 3, quc tosa, rica ou atraente uma pessoa possa ser,
vencem C mamém ~u ela não será capaz de negar seu caráter.
sucesso. Ter carátcr é a Se descja uma vida de caráler que demons-
imica m~ncirJ de tra cxcelcncia ética, siga essas diretrizes, que
~uSlcntJr o sucesso, o ajudarão a fixar a Regra de Ouro na essên-
cia de sua vida:
sua vida. Todo dia, a cada situação que gostJna de ser tmtado
exigir o confrontamento com a questão ntosta siTUação?"
ar )In'
Ilri!h., como ouro Jluro 57
Nào era a época do: abale ( ... ) Mas meu pai vivia de acordo wrn a
Regra de Ouro, no que dizia respeito li relação com os vizinhos, e era
importante para ele saocr que eu comp reendia a imporlânda de fazer
a mesma coisa.
ar )In r
62 "li ,~ i: " mdh " . n~góc i"
I) PressiJo
Parte considerável das transgressões éticas que se repetem nos gru-
pos corporativos americanos hoje em dia está relacionada com artificios
cOlllâbeis - as manobras nos livros-caixas. Os executivos procedem
assim com o objetivo de fazer que suas empresas pareçam ter produzido
melhores resultados do que os ve rdadeiros. Deve ter sido este o caso da
Emon. Cynthiu Hurkness, advogada da empresa, relatou que o diretor
Cil'<O fa,o,u (I U~ 1'0 ,1.", ti,,,, ,, btill", da RIOS ' " d" Ouro 63
2) Praur
Em FomJaçilo da persollalidade. o psiquiatra M. Scott Peck coma uma
história sobre como ganhou uma bicicleta nova quando tinha nove anos
de idade. Uma das coisas que descobriu foi a emoção de descer correndo
uma colina. Mas logo aprendeu que perder o controle das emoções pode
levar a lIluita dor. Certa OQlsiào, qua.ndo ele descia a colina em disparada,
decidiu que temaria fazer a curva na base da ladeira sem diminuir a
velocidade. O resultado foi um tombo terrível. Ele conta: ~Estava inte-
ressado em manter meu cquilibrio na curva, por isso não tinha a menor
intenção de passar pelo desprazer de desistir de minha velocidade':
A experência de infância de Peek não é muito diferente da maneira
como tantos adultos passam a vida inteira. Seja mos francos: vivemos
numa sociedade hedonista. Durante décadas. o povo americano sen-
tia-se encorajado pela frase "se parece bom, faça". Mas esta at itude nos
deixou um legado terrlvel: dividas descontroladas, falências, divórcios
e consumo de drogas. O desejo por prazer pode dominar como um
ditador. O fato é que os prazeres que a maioria de nós persegue duram
Cin'tJ f.IMt. 4uc l'0J~", ti,.,,, hrilh" da I!"gn do Ouro 67
Nossa geração não sabe fazer isso direito. Somos o povo das soluções
instantâneas, que quer tudo na mesma nora. A geração de meus pais,
que sobreviveu à Grande Depressão e lutou a Segunda Grande Guerra,
parece ser mais disciplinada. No livro Kilzdred SpirifS: Harvard busillcss
SC/lQvl's extravrdi/Jary c1ass vf /949 [Espfritvs al1lllvgvs: a extravrdinária
turma de 1949 da Escolil deAdmilzistraçilo Empresarial de Harvard ], David
Callanan analisou uma turma formada logo depois da guerra, formada
por 91% de veteranos. Ele comparou aqueles alunos, que fizeram car-
reiras brilhantes até liderar grandes corporações, como a Johnson &
Jonnson e Capital Cities I ABe, com a média dos diretores executivos de
hoje em dia. ~Atualmen te", escreve Callanan, ~ná pouquíssimo senso de
sacrifk io, aquela atitude de fa zer as coisas sem esperar pela recompensa.
Agora o que interessa é garantir alguma coisa para si':
Uderes empresariais que perderam o coração para o prazer e as pos-
ses lamentavelmente se transformaram em profissionais q UI.' não mere-
cem a confiança daqueles a quem dirigem. Qualquer um que ama o
prazer mais do que a verdade está se metendo em encrencas - e levando
muitos com ele.
J) Poder
Vários escândalos recentes no mundo dos negócios foram resultado
do abuso de poder e posição por parte dos executivos. Eles começaram a
pensar que os recursos das empresas que dirigiam poderiam ser tratados
como propriedade particular. Infel izmente,
para muitos. ter poder é como beber água
salgada: quanto mais se bebe, mais sede dá. 1l:r poder ê romo beber
Os pioneiros que estabeleceram as bases dos 4gua So1lpda:qlWltoma~
~ bebe, mais kIk d1.
Estados Unidos perceberam isto e criaram um
governo com três poderes, de modo que pu-
desse naver controle e equillbrio no poder. Como disse o ex-presidente
Jonn Adams, ~ nennum nomem é sábio o suficiente para receber poder
ilimitado".
Harrie t Rubin, autora de dois livros sobre a questão do poder, classifica
como Hexecutivos narcisistas" os cnefes que centralizam tudo e crescem
68 Et;<~ ~ " mel!'", nc~"r;o
em poder. Ela os descreve des ta maneira: ~ Eles ficam com a fama, mas o
trabalho pesado é você q uem faz ( ... ) Eles nunca dizem 'obrigado' c usam
as pess.oas como se fossem objelOs". Abraham Zaleznik, psicanalista e
especialista em liderança, afirma que mui tos exeçuti \'os descnvokem uma
espécie de "sentimento de posse': Este tipo de líder~acaba acreditando que
ele e sua instituição são uma coisa só. Por i!>So ( ... ) pensa que pode usar o
que quer, quando quer".
Bruce Ho rovitz, do jornal USA. Todny, faz uma comparação engraçada
ao se referir a esse tipo de comportamento. Ele classifica o que aconteçe
atualmente no mundo corporativo norte-americano uma "sínd romo.' da
tartaruga Yertle':
No livro Yenle lhe um/e IA tartawga Yert/e], do dr. Scu!>S, o po.'rsonagem
principal é rei das tartarugas e detém o poder sobre tudo o que está a seu
alcance. Ele deôde expa nd ir seu r<'i!13do, o rdenando a todos os seus lide-
rados que se empilhem uns sobre os outros, e a!>Sim formem uma torre no
aho da qual poderá subir. Mas a coisa toda desmorona 110 fim.
Gente especialmente suscetivel às seduções do poder costuma passar
por llm ciclo que segue o segu illle padrão:
o abuso do poder
Um dos perigos do poder é que aq ueles que o recebe m começam a
fazer da preservação de sua posição a preocupação principal. Não con-
seguem compreender que o poder delegado a eles - seja nos negócios,
no Governo, no mi nistério o u nos relaciona mentos - foi conferido
com o propósito primo rdial do serviço. Quem quer m:lr1ler o poder a
q ualquer preço está mais propenso a comprometer os padrôes de com-
portamento ético.
Cinco fotor<. que pode'" tirar o brilho d. ReS'" do O uro 69
A perda do poder
Inevitavelmente, qualquer um que abusa do poder o perde. Direto-
res executivos que agem como ditadores não duram para sempre.
Os que abusam do poder encaram as coisas de um jeito muito pare-
cido com aquilo que Robert Greene, autor de As 48/eis do poder,! pensa
a respeito deles. Por isso, cle cita uma série de ações capazes de desviar
aqueles que querem seguir a Regra de Ouro. Ele diz:
4 ) Presllnção (0 11 orgltllro)
Pode ser que você não pense automaticamente em orgulho como
uma cilada em potencial, que pode solapar a ética e conspirar contra a
prática da Regra de Ouro. Afinal d<.' contas, as pessoas não são estimula-
das o tempo todo a sentir-se orgulho!NlS de seu trobalho? Não é comum
recompensarmos o bom com portamento de nossos filhos dizendo que
nos sentimos orgulhosos deles? Os estudantes não costumam ser encora-
jados a desenvolver um setimento d<.' orgulho em relaçãO às suas escolas?
O senso de valo r por quem somos é uma coisa positiva, assim como
a confian ça naquilo que fazemos. No entanlo, quando este sentimento
passa da conta, pode se tornar muito destrut ivo. A literatura da sabedoria
está repleta de alertas relacionados com o orgulho e seu impacto negati-
vo. Dê uma olhada n essas declarações sobre o o rgulho - ti radas exala-
mente do livro de Provérbios:
Parece que es tou exagerando! Se você acha que sim, pense um po uco
mais no assunlO. Agora há po uco, observei que, qu anlo mais orgulho
uma pcs~a tem, menos gosta de vê-lo nos outros. Se quer dt:SCob rir
quão orgulhoso você é, a maneira mais fácil é perguntar-se: ~Q uanlo
tem a responsabilidade de pastorear a cultura corporativa da firma e
aprimo rar seus parâmetros éticos de liderança. Uma tarefa feita sob
medida para ele.
E o que precisa faze r para ajudar a HomeBanc a continuar colocando
as pessoas em primeiro lugar? t simples. Ike lembra a todos de que
devem Ira tar uns aos outros como gostariam de ser tratados. Quando
alguém tem a no-ção plena de como gostaria de ser tratado - com digni-
dade, respeito, compreensão e confiança - , pode facilmente mostrar
como se deve tratar os outros.
QUANDO SE PENSA sobre programas de atletismo universitá rio nos E~t a
dos Unidos, qual é a primeira coisa que vem à mente! Torcida, ex-alunos
e meninas de miniss,1ia gritando pela vitória de sua equipe? Jogadores
mais preocupados em tirar provei to de seus privilégios acad~micos como
atletas do que com as fraquC'Las de seus adve rsários durante as competi-
ções? Treinadores com aquele discurso do ti po "vitó ria a q ualquer pre-
ço': obcecados por conquistar o campeonato? Se esse é o cen;\rio que
vocc imagina, então precisa conhecer mais sobre o treinador Mark Richt,
da Universidade da Geó rgia.
Quando ele foi conuatado, em dezembro de 2000, a expl'ctativa era a
de que exercesse um impacto positivo na equipe dos Bulldogs. Como
tantos homens que se tornaram treinadores em grande.~ programas de
futebol ame ricano universitário, Richt construiu uma história de suces-
so. Apesar da pouca idade, 40 anos, quin ze deles tinha dedicado à expe-
riência no espane, incluindo um perfado de sete temporadas como
coordenador de um dos mais poderosos ataques do fut ebol ame ricano,
o da Universidade do Estado da Aórida (enquanto ele exerceu a fu nção, o
ataque do lime ficou sempre entre os cinco melhores do país). E Richt
não demorou a fazer diferença na equipe da Universidade da Geórgia.
Bastaram duas temporadas para que não apenas vencesse o campeonato
de sua divisão (o último havia sido conquistado duas décadas antes),
como també m conduzir o time dos Bulldogs a ficar em terceiro lugar no
rtlukiug nacional. Mais impressionante do que o progresso dos jogadores
50 r:1i e~ ~ o ",elbor negó.io
foi a maneira como ele os orientou. O foco de Richl não era - e ainda
não é - o campeonato. Era o caráter.
Richl define seu papel como o daquele que deve aperfeiçoar a vida das
oulras pessoas, e isto não se limita a encher a sala de troféus da universi-
dade. É algo que ele parece ter sido moldado para fazer. Um cronista
esportivo fez a seguinte observação: "É difkil pensar em alguém que
tenha cruzado o caminho de Richt nos últimos quinze anos e não sinta
que seu caminho foi iluminado por este encontro':
No futuro, quando seus jogadores cometerem erros - o que é quase
certo que acontecerá - , as decisões que tomarem serão baseadas no
caráter. "Daqui a muitos anos': explica Richl, "se todos esses jogadores
forem melhores homens por ter estudado na Universidade da Geórgia, eu
ficarei emocionado. Se um deles voltar e disser que se tornou um homem
melhor, um marido melhor, um pai melhor ou um cidadão melhor por-
que passou por nosso programa, isto significará mais para mim do que a
aprovação da opinião pública ou um campeonato nacional':
.-..lo bem-~u,ooidas, a$
sucesso. Ter caráter é a (mica maneira de sus-
que alcmpm exilo tentar o sucesso. Não importa o quão talen-
lemponirio e 3, quc tosa, rica ou atraente uma pessoa possa ser,
vencem C mamém ~u ela não será capaz de negar seu caráter.
sucesso. Ter carátcr é a Se descja uma vida de caráler que demons-
imica m~ncirJ de tra cxcelcncia ética, siga essas diretrizes, que
~uSlcntJr o sucesso, o ajudarão a fixar a Regra de Ouro na essên-
cia de sua vida:
sua vida. Todo dia, a cada situação que gostJna de ser tmtado
exigir o confrontamento com a questão ntosta siTUação?"
ar )In'
Ilri!h., como ouro Jluro 57
Nào era a época do: abale ( ... ) Mas meu pai vivia de acordo wrn a
Regra de Ouro, no que dizia respeito li relação com os vizinhos, e era
importante para ele saocr que eu comp reendia a imporlânda de fazer
a mesma coisa.
ar )In r
62 "li ,~ i: " mdh " . n~góc i"
I) PressiJo
Parte considerável das transgressões éticas que se repetem nos gru-
pos corporativos americanos hoje em dia está relacionada com artificios
cOlllâbeis - as manobras nos livros-caixas. Os executivos procedem
assim com o objetivo de fazer que suas empresas pareçam ter produzido
melhores resultados do que os ve rdadeiros. Deve ter sido este o caso da
Emon. Cynthiu Hurkness, advogada da empresa, relatou que o diretor
Cil'<O fa,o,u (I U~ 1'0 ,1.", ti,,,, ,, btill", da RIOS ' " d" Ouro 63
2) Praur
Em FomJaçilo da persollalidade. o psiquiatra M. Scott Peck coma uma
história sobre como ganhou uma bicicleta nova quando tinha nove anos
de idade. Uma das coisas que descobriu foi a emoção de descer correndo
uma colina. Mas logo aprendeu que perder o controle das emoções pode
levar a lIluita dor. Certa OQlsiào, qua.ndo ele descia a colina em disparada,
decidiu que temaria fazer a curva na base da ladeira sem diminuir a
velocidade. O resultado foi um tombo terrível. Ele conta: ~Estava inte-
ressado em manter meu cquilibrio na curva, por isso não tinha a menor
intenção de passar pelo desprazer de desistir de minha velocidade':
A experência de infância de Peek não é muito diferente da maneira
como tantos adultos passam a vida inteira. Seja mos francos: vivemos
numa sociedade hedonista. Durante décadas. o povo americano sen-
tia-se encorajado pela frase "se parece bom, faça". Mas esta at itude nos
deixou um legado terrlvel: dividas descontroladas, falências, divórcios
e consumo de drogas. O desejo por prazer pode dominar como um
ditador. O fato é que os prazeres que a maioria de nós persegue duram
Cin'tJ f.IMt. 4uc l'0J~", ti,.,,, hrilh" da I!"gn do Ouro 67
Nossa geração não sabe fazer isso direito. Somos o povo das soluções
instantâneas, que quer tudo na mesma nora. A geração de meus pais,
que sobreviveu à Grande Depressão e lutou a Segunda Grande Guerra,
parece ser mais disciplinada. No livro Kilzdred SpirifS: Harvard busillcss
SC/lQvl's extravrdi/Jary c1ass vf /949 [Espfritvs al1lllvgvs: a extravrdinária
turma de 1949 da Escolil deAdmilzistraçilo Empresarial de Harvard ], David
Callanan analisou uma turma formada logo depois da guerra, formada
por 91% de veteranos. Ele comparou aqueles alunos, que fizeram car-
reiras brilhantes até liderar grandes corporações, como a Johnson &
Jonnson e Capital Cities I ABe, com a média dos diretores executivos de
hoje em dia. ~Atualmen te", escreve Callanan, ~ná pouquíssimo senso de
sacrifk io, aquela atitude de fa zer as coisas sem esperar pela recompensa.
Agora o que interessa é garantir alguma coisa para si':
Uderes empresariais que perderam o coração para o prazer e as pos-
ses lamentavelmente se transformaram em profissionais q UI.' não mere-
cem a confiança daqueles a quem dirigem. Qualquer um que ama o
prazer mais do que a verdade está se metendo em encrencas - e levando
muitos com ele.
J) Poder
Vários escândalos recentes no mundo dos negócios foram resultado
do abuso de poder e posição por parte dos executivos. Eles começaram a
pensar que os recursos das empresas que dirigiam poderiam ser tratados
como propriedade particular. Infel izmente,
para muitos. ter poder é como beber água
salgada: quanto mais se bebe, mais sede dá. 1l:r poder ê romo beber
Os pioneiros que estabeleceram as bases dos 4gua So1lpda:qlWltoma~
~ bebe, mais kIk d1.
Estados Unidos perceberam isto e criaram um
governo com três poderes, de modo que pu-
desse naver controle e equillbrio no poder. Como disse o ex-presidente
Jonn Adams, ~ nennum nomem é sábio o suficiente para receber poder
ilimitado".
Harrie t Rubin, autora de dois livros sobre a questão do poder, classifica
como Hexecutivos narcisistas" os cnefes que centralizam tudo e crescem
68 Et;<~ ~ " mel!'", nc~"r;o
em poder. Ela os descreve des ta maneira: ~ Eles ficam com a fama, mas o
trabalho pesado é você q uem faz ( ... ) Eles nunca dizem 'obrigado' c usam
as pess.oas como se fossem objelOs". Abraham Zaleznik, psicanalista e
especialista em liderança, afirma que mui tos exeçuti \'os descnvokem uma
espécie de "sentimento de posse': Este tipo de líder~acaba acreditando que
ele e sua instituição são uma coisa só. Por i!>So ( ... ) pensa que pode usar o
que quer, quando quer".
Bruce Ho rovitz, do jornal USA. Todny, faz uma comparação engraçada
ao se referir a esse tipo de comportamento. Ele classifica o que aconteçe
atualmente no mundo corporativo norte-americano uma "sínd romo.' da
tartaruga Yertle':
No livro Yenle lhe um/e IA tartawga Yert/e], do dr. Scu!>S, o po.'rsonagem
principal é rei das tartarugas e detém o poder sobre tudo o que está a seu
alcance. Ele deôde expa nd ir seu r<'i!13do, o rdenando a todos os seus lide-
rados que se empilhem uns sobre os outros, e a!>Sim formem uma torre no
aho da qual poderá subir. Mas a coisa toda desmorona 110 fim.
Gente especialmente suscetivel às seduções do poder costuma passar
por llm ciclo que segue o segu illle padrão:
o abuso do poder
Um dos perigos do poder é que aq ueles que o recebe m começam a
fazer da preservação de sua posição a preocupação principal. Não con-
seguem compreender que o poder delegado a eles - seja nos negócios,
no Governo, no mi nistério o u nos relaciona mentos - foi conferido
com o propósito primo rdial do serviço. Quem quer m:lr1ler o poder a
q ualquer preço está mais propenso a comprometer os padrôes de com-
portamento ético.
Cinco fotor<. que pode'" tirar o brilho d. ReS'" do O uro 69
A perda do poder
Inevitavelmente, qualquer um que abusa do poder o perde. Direto-
res executivos que agem como ditadores não duram para sempre.
Os que abusam do poder encaram as coisas de um jeito muito pare-
cido com aquilo que Robert Greene, autor de As 48/eis do poder,! pensa
a respeito deles. Por isso, cle cita uma série de ações capazes de desviar
aqueles que querem seguir a Regra de Ouro. Ele diz:
4 ) Presllnção (0 11 orgltllro)
Pode ser que você não pense automaticamente em orgulho como
uma cilada em potencial, que pode solapar a ética e conspirar contra a
prática da Regra de Ouro. Afinal d<.' contas, as pessoas não são estimula-
das o tempo todo a sentir-se orgulho!NlS de seu trobalho? Não é comum
recompensarmos o bom com portamento de nossos filhos dizendo que
nos sentimos orgulhosos deles? Os estudantes não costumam ser encora-
jados a desenvolver um setimento d<.' orgulho em relaçãO às suas escolas?
O senso de valo r por quem somos é uma coisa positiva, assim como
a confian ça naquilo que fazemos. No entanlo, quando este sentimento
passa da conta, pode se tornar muito destrut ivo. A literatura da sabedoria
está repleta de alertas relacionados com o orgulho e seu impacto negati-
vo. Dê uma olhada n essas declarações sobre o o rgulho - ti radas exala-
mente do livro de Provérbios:
Parece que es tou exagerando! Se você acha que sim, pense um po uco
mais no assunlO. Agora há po uco, observei que, qu anlo mais orgulho
uma pcs~a tem, menos gosta de vê-lo nos outros. Se quer dt:SCob rir
quão orgulhoso você é, a maneira mais fácil é perguntar-se: ~Q uanlo
Cinco fOlore, que podom liror o hrilho da Regra do Ouro 7 1
5) Prioridades
Jim Collins, o autor de Feitm para tlllrar,l e Feitos para vencer,! fez
uma ampla pesquisa sobre os fatores que colocam algumas empresas
entre as mais bem-sucedidas. Recentemente, ao ser perguntado sobre o
que sua pesquisa indicou a respeito da importância da ética na
estruturação de uma organização de sucesso, Collins respondeu: '"Nossa
pesquisa indica um elememo especial em qualquer empresa de sucesso.
As melhores sào as que criaram um sistema de valores e o colocaram em
prática".
O mesmo vale para as pessoas. Toda vez que alguém age sem noção de
prioridades, tem grande chance de se meter em enctenca porque está
sujeito a tomar decisões equivocadas. O poeta e romancista alemão
lohann Wolfgang von Goethe aconselhava: "As coisas que mais impor-
Iam nunca devem estar à mercê das coisas que menos importam':
Devo admitir que essa tem sido uma área de fraqueza para mim, de
vez em quando. Quando lembro de meu pri-
A~ coi",s que rna~ meiro trabalho como pastor, minhas priori-
importam nunCJ devem dades eram muito confusas. Naquela época,
estar il rn~rd das qu~ o que eu mais queria era que todos gostassem
m~no> importam. de mim. Isto me induzia a tomar decisões
Gorth~ ruins. Certa vez, quando esta minha vontade
de agradar a todo o mundo me levou a come-
ter um erro de maiores proporções, passei por urna crise que me obrigou
a resolver a questão das prioridades. Foi durante aquele período que
determinei que Deus leria o primeiro lugar em minha vida, com minha
EVITANDO AS MANCHAS
Você deve ter notado que a ambição não faz parte da lista de f;ltores que
podem maculara Regra de Ouro. Talvez tenha se surpreendido com isso,
especialmente depois de ver tanta coisa que a imprensa noticiou sobre
escfllldalos empresariais, de uns tempos para cá. Mas acredito que, na
maior parte das vezes, não é o dinheiro em si que leva alguém a cruzar os
limites da ética, mas o que pode se conseguir com ele. Gente assim quer o
poder que o dinheiro pode proporcionar, seja sobre pessoas ou circuns-
tâncias. Ou então descja o prazer que o dinheiro compra. Ou ainda se
orgulha no prestígio emprestado por suas riquezas. Se você encontra al-
guém capaz de comprometer sua integridade em troca de dinheiro, desco-
bre que a motivação por trás de tal atitude está entre os cinco fatores que
menCIOneI.
Todos são suscetíveis a algum tipo de tentação para comprometer
seus valores. Mas hã uma satisfaÇão maior, proporcionada pela decisão
de lido ultrapassar os limites da ética. Há mom~ntos 1I0S quais é preciso
esperar por ela, mas esta sensação sempre chega. Acredito que. um dia,
talvez daqui a uns vinte anos, um dos jogadores treinados por Mike
Slaughter se aproximará dele e dirá como aquela suspensão do time de
futebol americano do colégio mudo u sua vida e fez dele uma pessoa me-
lhor. Neste dia, Slaughter será recompensado por algo mais valioso do que
um simples campeonato estadual juvenil.
6
PENSO QUE QUASE todo o mundo procura por uma oportunid ade de
ouro. Gente do mundo dos negócios. em particular, tem um olhar
aguçado para este lipo de coisa. Recentemente, pedi a minha assis-
lente de pesquisas. Kathie \"Iheal, que levantasse dados na internet a
respeito da "oportunidade de ouro", Ela disse que, em menos de um
quarto de segundo. o mecanismo de busca Google localizou 1,3 1
milhão de ocorrências com essa expressão. Bastou es pecificar para
aparecerem várias ofertas, todas garantindo ser a "oportunidade de
ouro": a aquisição de uma franquia para abertura de um resta urante
especializado em frango frilo o u jóias para noivas; é possivel se ins-
crever em 'lUlas de ioga, receber dicas de ações "quentes" ou se envol-
ver em programas de reciclagem de lixo sólido. Havia até mesmo
uma oferta de desenvolvimento de proteínas recombinadas de ovos
de galinha - seja isto lá o que for!
Como se encontra uma autêntica oportunidade de ouro no meio
de tantas ofertas feitas de chumbo? Olhando para dentro de si. Mui-
tas pessoas pensam que suas melhores oportunidades estão num
emprego. num investimento ou num nicho de mercado. Mas a ve r-
dade ê que a melhor oportunidade surge quando a pessoa muda por
dentro. ~ como oferecer uma vaga na equipe olímpica a alguém
que não foi treinado para este tipo de evento esportivo. A boa notí-
cia é que terá uma oportunidade de vencer. A má é que não está
preparado para isto.
76 IO,i,a t o ",..l ho, 'It'l(ócio
Imagino que esse foi o problema que ocorreu com alguns dos diretores
executivos que arruinaram suas carreiras e destruíram s uas empresas
nos últimos anos. Não tin ham uma estrutura
ética sólida an tes de chegar ao poder. A fra-
queza de caráter os deixou vulne ráveis a to-
quo: surge '<Cm uma mar decisões ruins, e a cada uma delas, se
complicavam mais e mais. Problemas de ca-
ráter são como bolas de neve. C.S. Lewis fez
uma análise muito pertinente desse processo a partir de uma metáfora
militar. Ele explicou:
, .,
,\p nweil" !u~ "p"' l" nid.tl. d. O u. " 77
"
Ap",..eite ,,'o op"'tuni,bd e d~ Ouro 79
Seja gelleroso
Diz-se que nossa vida se reflete no que ganhamos, e nosso caráter se
reflete no que damos. Ser uma pessoa generosa é importante para servir
os outros c nos libertar, mas também ajuda, mais do que qualquer outra
coisa, a colocar o dinheiro em seu devido lugar.
8 ) Valorize as pessoas
Quando a maioria das pessoas pensa em desenvolvimento de caráter,
concentra-se naquilo que pode se tornar - o que é bom, considerando
que esta é a parte principal do processo. Po-
rém, quando se deseja estar pronto para apro-
veitar as oportunidades de ouro, é neçessário
ir além. t preciso valorizar as outras pessoas funciunários. eslar.i
urto em 3% das \"tZes.
a ponto de dar a elas uma parte de você: sua
Se- vod conlia nas
confiança. Afinal de contas. esta é a essência
da Regra de Ouro.
dkm algum nwlivo em
Em A empresa vitoriosa: sris estratégias de ,onlmria, estari c~rt o
gerenciamento,l WolfJ. Rinke afirma: ~Se você
em 97% das ' ·e'/ .c5.
não confia em seus funcionários, estará ccr- Wulf ,. Rin1<r
to em 3% das ve7.es. Se você confia nas pes-
soas até que elas dêem algum motivo em
contrário, estará certo em 97% das vezes': Grandes possibilidades.
Quando comecei a trabalhar nesta obra, uma das pessoas com quem
falei sobre o conceito do livro fo i Mike Abrashoff, autor de lt's yOllr
ship: mllllagemellt teclmiques from the best dllWII ship;'1 tlle Navy [Este ê
o SCII /lavio: témicos (Ie administração do melhor navio da Marinha].
, .,
Conhecemo-nos quando ele deu uma palestra numa conferência orga-
nil~1da por minha empresa. Mikc é o exemplo tlpico da pessoa que esta-
va preparada para aproveitar a oportunidade de ouro quando ela chegasse,
e que alcançou o sucesso colocando em prâtica a Regra de Ouro.
Antes que Mike assumisse o comando de seu primeiro navio, o USS
Benfold, já era uma pessoa bem-sucedida. Formou-se na Academia Naval
dos Estados Unidos em Annapolis. Distinguiu-se como oficial, alcan-
çando a patente de capitão depois de dezesseis anos, e trabalhou como
assistente militar quando o dr. W'liliam'. P';'ny foi secretário d e Defl'S3. Mas
quando Mike assumiu o comando do Iknfold, viu ali uma oportunidade
rara de fal.ef algo diferente e usar a Regra de Ouro na liderança. Ele rdata:
APRENDA A DESENVOLVER O
_____•• IOQUE..DE...
M lDAS_"
OURO DE VERDADE
Hoje em dia, quando alguém fica sabendo que tem o "toque de Midas~,
geralmente recebe esta expressão como um elogio. t uma indicação de
Al'r~"d., dc .. n\'Oh-.r" "''''lU. J. Mid •• ~ 87
, .,
Meu pai ensinou-me a tratar os outros da mel hor maneira possh-el,
mesmo quando elas não agem assim comigo. Elc era adm inistrador de
uma faculdade, e lembro de uma pessoa quc pcrguntou oque ele achava
de um homem que vivia em nossa comunid:!dc_ Meu pai respondeu:
- Ac ho que é um:! boa pessoa.
- Bcm, seria bom o senhor ouvir o que ele fala a se u respeito -
comentou :lque!e membro da faculdade, que começou a descrevcr o
que o tal homem havia dito sobre meu pai. - O que o senhor tem li dizer
sobre o assunto agora?
- lá disse a \-oce - meu pai respondeu - , acho que ele é uma boa
pessoa.
- Mesmo depois do que ele falou a seu respeito?
- Você me pergunto u o que eu achava dele - disse meu pai - , não
o quc ele achava de mim.
Trabalhei a vida inteira para ~eguir o modelo de meu pai, embora
nunca tenha conseguido ser tão bom quanto ele na prática da Rcgra de
Platina. Tento tratar todos que encontro com respeito. Quero ser ge ne·
rosa em toJo tipo de relacionamento. Posso dizer, com toda honestida-
de, que não tenho inimigos. Se há alguma qucstão pendente com
alguém, tento resolver o assunto assim que possível, c de pois sigo ad i-
ante. E não guardo rancor. A mágoa fica cada vez maior, quanto mais
tcmpo a carregamos.
Tente agir da melhor forma possível com as pessoas, mesmo quando
elas não lhe tratam com o respe ito que você acha que merece. Tente ser
geu/il, ao invés de tratar as pcssoas como mercnt!orins. Descobrirá que é
uma cxperiência libertadora.
, .,
E quando você é capaz de fazer algo por quem nào pode retribuir, entào
significa que está desenvolvendo o "toque de Midas': pois está agregando
valor a essas vidas.
coisa errada
Se você tem mais de trinta anos, certamente se lembra da Guerra Fria
entre os Estados Unidos e a Uniào Soviética, Por mais de três décadas, as
relações entre os dois governos eram caracterizadas por desconfiança e
hostilidade mútuas. Quando Rona ld Reagan se tornou presidente dos
Estados Unidos, avisou que queria mudar esta situaçào entre as duas
superpotências militares. Sua primeira iniciati\'a foi escrever uma carta
pessoas para Leon id I1rejnev, premiê soviêtico, pedindo que fizessl.'lII um
esforço para Henconlrar uma paz durado ura".
Dizer que a proposta de Reagan tl.'ve uma recepçào fria 5Cria eufemis-
mo. Seria natural que Reagan desistisse de tentar melhorar as relações
eotre os dois governos. Nào scria o primeiro presidente a fa7.er isto. Mas
ele perseverou. O gelo foi derretendo, e a Cortina de Ferro caiu. A redatora
dos discursos de Reagan, Peggy Noonan, resumiu o episódio assim:
"Quando S(' é forte, é possivcl ser [fIlm. Quando alguém sabe que é forte,
confia em si mesmo e toma a iniciativa, faz o primeiro movimento, ()
primeiro apelo ( ... 1Mas quando a pessoilteme ser fraca ou sc apa\'ora com a
idéia de que o mundo pode pensar isso dela, está mais inclinada a dar de-
monstrações de [orça, e nunca escreve uma carta pessoal em nome da paz".
Não é fácil fazer a coisa certa quando a coisa errada é o caminho mais
simples. Mas as recompensas podem ser extraord inárias, como foram
para Reagan. Isso não significa que sempre há uma recompensa, pois
não há. Mas ao optar por faJ;er a coisa errada,:lO invés da certa, não há
nenhuma chance de obter qualquer boa recompensa.
corréncia. circunstância.
Com certeza, Brewer é diferellte da con- cumpnm<l>oque
promc1.cmos.
corrência. Um estudo orientado pelo dr. Pat
l ynch fo i publicado recentemente no fOl/r-
lia/ of Bl/sillcSS Etllic5. lynch pediu a mais de
setecentos homens e mulheres de negócios e estudantes de Adminis-
tração recém-formados que elaborassem um rtll/killg de seus valores
no ambiente de trabalho. Além do cumprimento das promessas, in-
clui u itens como competência, ética profissional, ascendên cia por ida-
de e capacidade de enfrentar adversidades. lynch descobriu que a
manutenção da palav ra empcnhada ficou no fim das listas. O mesmo
aconteceu na pesquisa relati va a gênero, experiência de supervisão ou
histórico religioso.
A ironia é que o cumprimento das promessas é a pedra angular de
todo tipo de relacionamento, e é absoltutamente essencial para o suces-
so nos negócios. Joseph Abruzzese, presidente para Vendas da CBS
Tclevision, comenta: "Na venda de espaços comerciais. a integridade é
ludo. Cerca de 80% dos negócios sào (citas com as mesmas pessoas tooos
os anos, por isso vendas tem relação direta com a força dos relacionamen-
tos. No fim das contas, o agente de vendas honesto é o que vence".
Onde está o limite de sua palavra empenhada? Provavelmente, você
não tem problema algum em cumprir promessas quando lhe são con-
venientes. Mas e quando não são? Que acontece quando manter a
palavra significa um prejuízo pessoal? Foi o que sir Walter Scou ((".l.
Você já deve ter ouvido fa lar dele. Foi biógrafo, crítico, historiador e
poeta. e. considerado o pai do romance histórico, e há quem diga que
CONCLusAo: VIVA DE ACORDO
.__ .COM ABEGBA.DE..QURO
ZG
EOITO RAM UIIIOO CIUSTÃO