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O Trabalho do Enfermeiro no Apoio Familiar

Paloma Alcântara Vieira da Silva1

Patrícia Oliveira2

RESUMO

O objetivo deste é abordar sobre a enfermagem e a sua importância junto ao


apoio familiar em situações de adoecimento. Porém para que o enfermeiro possa
assistir à família, é necessário conhecer o funcionamento, os fatores que influenciam
as suas experiências na saúde e na doença e o sentido de assistir família. A
escolha deste tema se deu através da necessidade de ter um maior conhecimento
do papel da enfermagem no apoio à família na questão do adoecimento, sendo
necessário abordar de maneira mais ampla sobre isso, uma vez que o enfermeiro
precisa reconhecer que suas práticas podem impulsionar novas referências a partir
de sua capacidade cuidadora. A metodologia usada para a realização deste, trata-se
de uma revisão bibliográfica, em materiais publicados entre os anos de 2001 e 2020,
tendo como objetivo analisar, categorizar e posteriormente integrar os resultados de
pesquisas, buscando responder à questão norteadora que buscou entender qual a
importância da enfermagem no apoio a família na questão do adoecimento. Ao
pesquisar as práticas do cuidado desenvolvidas pelos enfermeiros em relação ao
apoio a família em situação de adoecimento, percebeu-se a sua diversidade, tais
como visita domiciliar, consulta de enfermagem, atividades educativas, assistenciais
e administrativas e acolhimento.

Palavras-chave: Enfermagem. Apoio Familiar. Pacientes.

1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste é abordar sobre a enfermagem e a sua importância junto ao


apoio familiar em situações de adoecimento. Porém para que o enfermeiro possa
assistir à família, é necessário conhecer o funcionamento, os fatores que influenciam
as suas experiências na saúde e na doença e o sentido de assistir família.
O enfermeiro deve entender acima de tudo que a saúde da família como
estratégia de mudança significa repensar práticas, valores e conhecimentos de
todos os grupos envolvidos no processo de produção social da saúde, respeitando

1
Aluna: Paloma Alcântara Vieira da Silva. Curso de Bacharelado em Enfermagem na Universidade
Pitágoras Unopar Anhanguera.
2
Orientadora: Patrícia Oliveira.
suas culturas, o qual pode proporcionar estratégias de promoção e reabilitação de
saúde do paciente junto a família.
Na concepção de Elsen (2004), a família, em seu processo de viver, constrói
um mundo de símbolos, significados, valores, saberes e práticas oriundos de sua
família de origem, do seu ambiente sociocultural. Quando o indivíduo constrói uma
nova família, por meio do casamento, por exemplo, ele traz consigo as experiências
decorrentes do viver e conviver em sua família de origem, bem como das interações
cotidianas intra e extrafamiliares (ELSEN, 2004).
Entretanto quando a enfermagem é colocada junto a família quando ocorre
uma situação de doença, deve buscar pôr em prática um misto dos saberes
associados aos novos conhecimentos adquiridos a partir das interações ocorridas
com os profissionais de saúde promovendo assim uma ampliação de seu referencial
de cuidar, entendendo que cada família vem com sua bagagem, e cada paciente é
único.
Devido a essa demanda, o Ministério da Saúde criou, em 1994, o Programa
de Saúde da Família, atualmente denominada Estratégia Saúde da Família (ESF)
com vistas a uma reorientação do modelo assistencial, por meio da implementação
de ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças
e agravos mais frequentes (BRASIL, 2001).
Portanto, as atitudes que os enfermeiros demonstram frente à família
determina a efetividade dos cuidados oferecidos, visto que quando o enfermeiro vê a
família como uma unidade e parceira no processo de cuidar, dá-se a relação de
respeito, dignidade, comunicação e colaboração entre as partes (NÓBREGA et al.,
2020).
Sendo assim definir a escolha deste tema se deu através da necessidade de
ter um maior conhecimento do papel da enfermagem no apoio à família na questão
do adoecimento, sendo necessário abordar de maneira mais ampla sobre isso, uma
vez que o enfermeiro precisa reconhecer que suas práticas podem impulsionar
novas referências a partir de sua capacidade cuidadora, o que permitirá inovações
na produção do cuidado e apoio a família na questão do adoecimento.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1. O PAPEL DO ENFERMEIRO JUNTO A FAMÍLIA
Em caso de adoecimento, o papel do enfermeiro junto a família é fornecer
informações à família a respeito do processo saúde-doença do filho é uma ação que
deve ser incorporada na prática cotidiana assistencial. A equipe de enfermagem
deve ter capacidade para exercer essa atividade a fim de estimular e auxiliar a
família a adquirir confiança nas suas ações. Uma comunicação efetiva entre
enfermagem e família diminui a ansiedade dos pais e aumenta a aceitação e
envolvimento desses no processo de cuidar da criança tanto no domicílio quanto no
ambiente hospitalar. Desse modo, é possível facilitar a adesão ao tratamento,
favorecendo o processo de enfrentamento da doença e colaborando para o
crescimento como indivíduo (ARAÚJO et al., 2009).
A enfermagem na Estratégia Saúde da Família (ESF) é responsável por
realizar a assistência integral, promoção e proteção da saúde, prevenção de
agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde dos
indivíduos e famílias na unidade de saúde e, quando indicado ou necessário, no
domicílio (BRASIL, 2006b).
Sabe-se que a política para consolidação da atenção primária à saúde (APS)
no Brasil, fortaleceu-se progressivamente a partir da criação do programa de saúde
da família, em 1994, atualmente denominado estratégia de saúde da família (ESF).
Em 2017 foi aprovada a política nacional de atenção básica (PNAB), estabelecendo
a revisão de diretrizes para a organização da atenção básica, no âmbito do sistema
único de saúde (SUS), salientando as ações de incremento do acesso ao sistema de
saúde, por meio da ESF (NÓBREGA et al., 2020). A ESF tem a característica de
coordenação do cuidado, elemento primordial para alcançar a continuidade da
assistência, e atender na totalidade às necessidades em saúde dos indivíduos e
famílias (ALMEIDA et al., 2017).
Sendo assim, o enfermeiro deve possuir habilidades e competências para
escolher o método, que no contexto e nas condições que ele possui, possa contribuir
para uma assistência de enfermagem eficiente e eficaz. Para fazer esta escolha ele
terá que considerar a habilidade e a disponibilidade das pessoas envolvidas, os
recursos físicos e materiais existentes, as condições do paciente/usuário, bem como
a natureza do trabalho a ser realizado (MARQUIS; HUSTON, 2010).
Historicamente, o cuidado em saúde evoluiu de técnicas estritamente curativas
e individualizantes para práticas integrais e coletivas. Os cuidados em saúde foram
voltados basicamente para a cura das doenças, o que criava uma dicotomia entre o
ser repleto de angústias, dúvidas e anseios e a patologia que ele portava. Porém,
através da introdução de novos conceitos, como a Teoria Biopsicossocial, passou-se
a considerar a importância dos aspectos biológicos, psicológicos e sociais do
indivíduo e do coletivo e a valorizar as relações pessoais entre cliente, família e
profissionais de saúde tornando, assim, a prática de cuidado em saúde mais
complexa (KEBIAN & ACIOLI; 2010).
No entanto, ao referir-se a Unidades de Saúde da Família (USF) e UBS como
modelos distintos, assume-se a sua configuração como modelos de atenção à saúde
no Brasil. A implantação da ESF no Brasil apresenta-se com uma cobertura de
aproximadamente 60% do território nacional, e sua existência como modelo
orientador do cuidado nesse âmbito de atenção parece ter deixado de ser a meta na
nova PNAB, a qual reafirma a coexistência de ambos os modelos (BRASIL; 2017).
Segundo Pires (2011), o enfermeiro encontra um importante espaço de
atuação na Estratégia Saúde da Família e pode fortalecê-la para a consolidação do
SUS, se melhor compreender o contexto sócio-histórico e a ambiguidade das
relações de poder na prática social da profissão, aperfeiçoando-a crítica, coletiva e
criativamente (PIRES; 2011).
A realização da visita domiciliar pelo enfermeiro, junto à família permite maior
contato com a comunidade, principalmente com aqueles que não frequentam a
unidade. Com isso, o mesmo tem a possibilidade de planejar a atividade, avaliar as
condições de saúde da família e propor condutas, desenvolvendo suas ações de
modo ampliado. Permite ainda ao enfermeiro conhecer o contexto social e as
necessidades de indivíduos e famílias. Além disso, o enfermeiro realiza a visita
domiciliar àqueles familiares com impossibilitados de ir a ESF, assim o enfermeiro,
junto a sua equipe de saúde de desloca ao domicilio do usuário para a prestação do
cuidado com a realização de procedimentos como curativos, por exemplo (ACIOLI et
al., 2014).
Segundo ANGELO & BOUSSO (2001) a saúde da família é descrita como um
estado ou processo da pessoa com um todo em interação com o ambiente, sendo
que a família representa um fator significativo nele. A análise da saúde da família
deve incluir simultaneamente saúde e doença, além dos aspectos individuais e
coletivos. Algumas definições de saúde da família incluem a saúde individual dos
membros da família e o bom funcionamento desta na sociedade, e envolve muito
mais do que saúde física. Assim, a definição deve compreender dois focos: o da
saúde da família, relativo ao estado de saúde dos indivíduos que a compõem e, o do
funcionamento da família, como uma descrição avaliativa das funções e estruturas
da família, compondo, um quadro onde o foco da avaliação e da assistência está
tanto na saúde individual, como na saúde da família como um todo (ANGELO &
BOUSSO, 2001).
A relação enfermeiro e paciente é um evento de expectativas e esperanças
mútuas. Os membros da família esperam o alívio de sua dor e o profissional da
saúde espera o reconhecimento de seu poder de reparação sobre o sofrimento do
outro. No campo da saúde há a utilização de dois esquemas referenciais: prestação
de serviços e relação interpessoal. Na prestação de serviços, o esquema é baseado
no dano do objeto (cliente) e reparação pelo profissional. O especialista isola o
objeto (o corpo, o sintoma, o sofrimento) e trata de repará-lo. Por outro lado, na
relação interpessoal, o profissional e cliente interagem utilizando o nível intelectual e
sentimental, na busca da superação do problema (CAVALCANTE; 2001).

2.1 METODOLOGIA

A metodologia usada para a realização deste, trata-se de uma revisão


bibliográfica, em materiais publicados entre os anos de 2001 e 2020, tendo como
objetivo analisar, categorizar e posteriormente integrar os resultados de pesquisas
de modo organizado, para contribuir na realização deste, buscando responder à
questão norteadora que buscou entender qual a importância da enfermagem no
apoio a família na questão do adoecimento. As pesquisas foram realizadas em
livros, sites, revistas e artigos de livre acesso. Onde a proposta para inclusão foi
conter assuntos relevantes e referentes ao tema. Quanto a exclusão, foram os
artigos que não destacavam a enfermagem na questão família. Após a seleção dos
artigos a serem estudados os mesmos foram analisados a partir de leitura
exploratória e seletiva, desenvolvendo assim uma análise que nos levou a
considerar os resultados e discussão.

2.2 RESULTADOS

Como resultado temos alguns autores que abordam sobre a atuação do


enfermeiro junto a família, onde ao enfermeiro cabe atender a saúde dos indivíduos
e famílias cadastradas, realizando consulta de enfermagem, procedimentos,
atividades em grupo e, conforme protocolos, solicitar exames complementares,
prescrever medicações e gerenciar insumos e encaminhar usuários a outros
serviços
Entende-se que as atitudes do enfermeiro frente à família demonstram a
maneira como ele identifica a importância de envolver este grupo nos cuidados de
enfermagem. A inserção da família nos cuidados requer que os enfermeiros tenham
uma postura acessível às interações, e adotem uma conduta de inclusão da família,
vendo-a como o foco do cuidado de enfermagem (ARAGÃO et al., 2019).
Onde a estratégia saúde da família (ESF), prevê que o profissional de
enfermagem tenha compreensão de aspectos relacionados à dinâmica familiar, ao
seu funcionamento, às suas funções, ao seu desenvolvimento e às suas
características sociais, culturais, demográficas e epidemiológicas. Isso requer dos
profissionais uma atitude diferenciada, pautada no respeito, na ética e no
compromisso com as famílias pelas quais são responsáveis, mediante a criação de
vínculo de confiança e de afeto, atuando de forma participativa na construção de
ambientes mais saudáveis no espaço familiar (BRASIL, 2001).
De acordo com Ângelo & Bousso (2001) é essencial compreender a família
como a mais constante unidade de saúde para seus membros. Assim, a assistência
à família como unidade de cuidado implica em conhecer como cada família cuida e
identifica as suas forças, as suas dificuldades e os seus esforços para partilhar as
responsabilidades. Com base nas informações obtidas, os profissionais devem usar
seus conhecimentos sobre cada família, para junto dela, pensar e implementar a
melhor assistência possível (ANGELO & BOUSSO (2001).
O trabalho do enfermeiro em ESF, vai muito além dos atendimentos dentro da
unidade, pois o mesmo vai em busca de conhecer melhor a área adscrita, estar
próximo a comunidade, mobilização social, identificar carências como falta de
alimentos e roupas, realizar encontros em grupos para ouvir a comunidade e
construção de políticas públicas (CORRÊA; ACIOLI; TINOCO, 2018).
Sendo assim, o enfermeiro tem um papel fundamental na realização do
cuidado integral à família em todas as fases do desenvolvimento humano, desde o
nascimento até a terceira idade (MOROSINI et al., 2018). Diante disso, as atitudes
que os enfermeiros demonstram frente à família determina a efetividade dos
cuidados oferecidos, visto que quando o enfermeiro vê a família como uma unidade
e parceira no processo de cuidar, dá-se a relação de respeito, dignidade,
comunicação e colaboração entre as partes (NÓBREGA et al., 2020).
Diante disso, foi possível compreender que a estratégia da Saúde da Família,
por ser um projeto estruturante, vem buscando provocar uma transformação interna
do sistema de saúde, com vistas à reorganização das ações e serviços de saúde.
Esta mudança implica na ruptura da dicotomia entre as ações de saúde pública e a
atenção médica individual, assim como, entre as práticas educacionais e
assistenciais, pois trabalhar em família não é tarefa fácil, e exige da enfermagem
uma análise acurada do contexto socioeconômico e cultural, em que a família está
inserida, analisando suas representações perante a sociedade, conhecendo a sua
realidade de forma a desvendar o entendimento da família para que o conhecimento
se funda à prática, de forma a superar os limites e possibilidades para a
concretização das propostas.

2.2.1 OS BENEFÍCIOS DA INSERÇÃO DO ENFERMEIRO COMO APOIO A


FAMÍLIA
O trabalho do enfermeiro em ESF, vai muito além dos atendimentos dentro da
unidade, pois o mesmo vai em busca de conhecer melhor a área adscrita, estar
próximo a comunidade, mobilização social, identificar carências como falta de
alimentos e roupas, realizar encontros em grupos para ouvir a comunidade e
construção de políticas públicas (CORRÊA; ACIOLI; TINOCO, 2018).
A comunicação e o vínculo são instrumentos importantes para o fortalecimento
das relações na unidade de pediatria, auxiliando a família na compreensão do
processo de hospitalização. Um aspecto que pode gerar conflitos é a habitual falta
de oportunidade da família de expressar suas emoções e expectativas. A interação
da enfermagem com a família parece estar cada vez mais impessoal e breve. Outro
fator determinante são as diferentes formas de cuidar, crenças e costumes das
partes envolvidas. A maneira como a equipe de enfermagem percebe a presença do
familiar/acompanhante pode determinar sua postura nessa convivência, garantindo a
qualidade do cuidado (SOUSA, GOMES, SANTOS; 2009).
Neste contexto, A família representa o foco do cuidado da enfermagem atuante
na APS/ESF, assim, é essencial que o enfermeiro se disponha a conhecer,
compreender e respeitar o cotidiano dos grupos familiares, a fim de desenvolver
estratégias capazes de cooperar com a recuperação do desequilíbrio causado pela
doença. Ao se apropriar do conhecimento sobre enfermagem de famílias, o
profissional é capaz de alterar a sua prática e desenvolver cuidados centrados na
família. Entende-se que envolver os familiares e promover ações incentivadoras nos
cuidados facilita o convívio cooperativo entre os enfermeiros e as famílias, para
tanto, as atitudes do desses profissionais são determinantes nesse processo
(PIRES; 2016).
A ESF é operacionalizada por equipes de saúde da família, compostas
majoritariamente pelos profissionais de enfermagem, que desenvolvem práticas
altamente relevantes para a efetividade e qualidade dos cuidados prestados aos
usuários (BRASIL; 2017). O processo de cuidar envolve uma relação entre a pessoa
que cuida e o sujeito, na qual o contexto socioeconômico e as singularidades
políticas e culturais estão intimamente presentes (SERRANO, COSTA, COSTA;
2011).
Sendo assim a enfermagem assume o cuidado como finalidade do seu
trabalho, que envolve quatro dimensões: a do cuidado aos indivíduos ou grupos
desde a concepção até a morte; a educativa, que inclui a educação permanente e
continuada no trabalho dos membros da equipe de enfermagem e a educação em
saúde aos usuários; a administrativo-gerencial, que envolve a coordenação e
organização do trabalho de enfermagem e a administração do espaço assistencial e
institucional; e a investigação/pesquisa, que contempla a produção do conhecimento
necessário para a qualificação da práxis (BERTONCINI, PIRES, RAMOS; 2011).
Ainda que o cuidado em saúdem na APS seja compartilhado, exercer o
cuidado é uma das competências do enfermeiro, que vai além do conhecimento
técnico e deve integrar-se às práticas desenvolvidas por todos os profissionais do
serviço de saúde. O enfermeiro é um dos profissionais responsáveis por prestar o
cuidado integral nas ações da APS, para que o envolvimento com os usuários não
seja apenas focado na doença e no tratamento, mas considere as condições que
permeiam a vida do indivíduo (ACIOLI et al., 2014).
Neste contexto enfermeiro utiliza a visita domiciliar como estratégia de cuidado,
pois além de planejar a atividade, avaliar as condições de saúde da família e propor
condutas, ele desenvolve ações de modo ampliado, incluindo ao recorte individual
biológico o contexto social, numa perspectiva longitudinal da atenção (KAWATA et.
al.; 2013).
Entretanto, junto a equipe multiprofissional, o enfermeiro é o profissional
necessário nas ações de Saúde da Família, com atribuições específicas no processo
de trabalho. Entre suas atividades estão a demanda espontânea, no domicílio e nos
espaços comunitários para qualquer faixa etária, a educação permanente, o
planejamento e o gerenciamento (BRASIL; 2012).

2.3 DISCUSSÃO

Discute-se diante das pesquisas realizadas que para que o enfermeiro possa
assistir à família, é necessário conhecer o funcionamento, os fatores que influenciam
as suas experiências na saúde e na doença e o sentido de assistir família. Entender
a Saúde da Família como estratégia de mudança significa repensar práticas, valores
e conhecimentos de todos os grupos envolvidos no processo de produção social da
saúde, respeitando suas culturas.
Esta aproximação do enfermeiro junto a família, pode facilitar o entendimento
dos enfermeiros sobre a conformação das necessidades de saúde, que se referem a
ter boas condições de vida; à garantia de acesso às tecnologias que melhorem e
prolonguem a vida; ao vínculo com profissional ou equipe de saúde; e à autonomia e
ao autocuidado na escolha do modo de conduzir a vida. Ao mesmo tempo, pode
qualificar a relação enfermeiro - usuário e favorecer a produção de cuidados de
saúde mais assertivos (CECÍLIO, 2006).
Portanto, o programa de saúde da família, este núcleo é entendido como uma
unidade de cuidado e de perspectiva no processo de trabalho. a saúde da família é
descrita como um estado ou processo da pessoa com um todo em interação com o
ambiente, sendo que a família representa um fator significativo nele. A análise da
saúde da família deve incluir simultaneamente saúde e doença, além dos aspectos
individuais e coletivos. Algumas definições de saúde da família incluem a saúde
individual dos membros da família e o bom funcionamento desta na sociedade, e
envolve muito mais do que saúde física (ANGELO & BOUSSO, 2001a).
Esse novo modelo de assistência supõe envolvimento dos integrantes das
equipes com a população de seu território de abrangência, para que seja criado um
vínculo entre a família e a equipe, de modo que as equipes possam planejar e
executar ações que tenham como objetivo resolver os problemas dos usuários
(CAMELO; ANGERAMI, 2004).
Na atuação do cuidado diante do adoecimento, o enfermeiro ao interagir com a
família, deve deixá-la ciente do quadro clínico do paciente, e estar sempre à
disposição para tirar dúvidas, contribui para minimizar o impacto do estresse familiar,
sendo importante também incluir o familiar nesse cuidado, pois o enfermeiro tem o
compromisso e a obrigação de incluir as famílias nos cuidados de saúde. O
significado que a família dá para o bem-estar e à saúde de seus membros, bem
como à influência sobre a doença, obriga este profissional a considerar a assistência
centrada na família como parte integrante da prática de enfermagem (ANGELO &
BOUSSO, 2001).
O papel do enfermeiro em saúde da família, implica em relacionar todos os
fatores sociais, econômicos, culturais, etc., apresentados e não apenas em lidar com
as situações de saúde e doença da família, mas também interagir com situações
que apoiem a integridade familiar. é essencial compreender a família como a mais
constante unidade de saúde para seus membros. Assim, a assistência à família
como unidade de cuidado implica em conhecer como cada família cuida e identifica
as suas forças, as suas dificuldades e os seus esforços para partilhar as
responsabilidades. Com base nas informações obtidas, os profissionais devem usar
seus conhecimentos sobre cada família, para junto dela, pensar e implementar a
melhor assistência possível (ANGELO & BOUSSO, 2001).
De acordo com Santos (2007), a/o enfermeira (o) que trabalha no PSF passou
a assumir um papel importante não apenas na prestação de ações e serviços, bem
como na gestão de Unidades de Saúde da Família (USF), mas também em
assessoria aos âmbitos municipal, estadual e federal.
Já Puccia (2007), afirma que esta profissional tem à sua disposição um
conjunto de oportunidades e ações a desenvolver, podendo intervir no processo
saúde-doença por meio do indivíduo, da família e da comunidade, nos âmbitos
técnico-operativo, técnico-administrativo ou político-administrativo (PUCCIA; 2007, p.
64).
Neste sentido, a enfermagem atua no reconhecimento da família como sujeito
do seu processo de viver e se cuidar, com direitos e responsabilidades; o ouvir
atentamente; ser sensível, estar presente, comprometer-se, lutar, respeitar e garantir
os direitos da família nos serviços de saúde; incentiva a democratização das
relações interpessoais nos serviços, assim como participa na elaboração e
implementação de políticas e programas visando a saúde e o bem-estar das famílias
A Família Parceira no Cuidar: Intervenção do Enfermeiro (ELSEN, ALTHOFF E
MANFRINI, 2001).
O cuidado de enfermagem à família centra-se na interação entre enfermeiro e
família, implicando a criação de um processo interpessoal, significativo e terapêutico.
Os enfermeiros ao comprometer-se com a família como unidade a ser cuidada,
focaliza a sua atenção nas interações intra e extrafamiliares, procura conhecer o
processo de vida familiar, as transições e as crises que enfrentam, reconhecendo
suas as fragilidades, fontes e estresse, os recursos e os seus modos de cuidar
(FIGUEIREDO, 2012).

3 CONCLUSÃO
Chegamos à conclusão de que o profissional enfermeiro tem um papel de
grande importância no momento de adoecimento na família. Tendo como conduta
base o acolhimento ao familiar, uma estratégia humanística de fácil aplicação, que
possibilita uma grande satisfação ao familiar em relação as questões emocionais e
estressante advindas no adoecimento, através de uma comunicação efetiva e de
confiança empregada ao conhecimento do profissional enfermeiro.
Ao pesquisar as práticas do cuidado desenvolvidas pelos enfermeiros em
relação ao apoio a família em situação de adoecimento, percebeu-se a sua
diversidade, tais como visita domiciliar, consulta de enfermagem, atividades
educativas, assistenciais e administrativas e acolhimento. No entanto, atualmente
indica-se a importância de que sejam ampliados os estudos sobre práticas de
cuidado de enfermeiros voltadas para o cuidado da família, sendo necessário ainda,
aprofundar a compreensão do papel desses profissionais nas práticas de cuidado e
os sentidos que eles atribuem a tais práticas, e com isso, corroborar a relevância do
cuidado de enfermagem junto a família.
Concluindo por fim, que o enfermeiro ao assumir a responsabilidade moral
pelo cuidado, o realiza com arte e conhecimento fazendo a diferença na vida das
pessoas, como uma sintonia entre quem cuida e quem é cuidado, neste caso a
família, onde a equipe de enfermagem deverá estabelecer uma relação que
ultrapasse o cuidado físico, por meio de ações humanizadas, favorecendo a sua
recuperação com qualidade. É certo que o diálogo entre o enfermeiro, paciente e
familiares favorece um relacionamento de confiança e a obtenção de bons
resultados para assistência e cuidado à família.
Porém analisa-se que é evidente de uma forma geral, uma carência de
estudos na área de assistência de enfermagem em família, mesmo reconhecendo a
jovialidade da exploração desta temática.
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