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LEITURA

POPULISMO

UMA BREVE INTRODUÇÃO

I – O POPULISMO

 Populismo não é a causa da crise: e sim seu efeito (pág. 201). A política
tradicional se vê vendida (ou comprada) pelos novos Leviatãs neoliberais:
grandes oligarquias que dominam a política estatal.
o Democracia liberal representativa e Capitalismo as traças.

 Populismo (enquanto conceito) não é uma ideologia. Em seu conteúdo


ontológico há a presença de ideologias, porém é apenas a posteriori do
movimento populista que ele surge. (pág. 188)
o Um elo político. (pág. 191)
o Inclui ideias (de direita ou de esquerda) que rebatem o status
quo, mas os conteúdos são diferentes a depender do movimento
populista em questão.
 Não pode incluir todas as ideias (O Retorno de Perón,
Laclau (pág. 304)
 Cadeia de equivalências quase ilimitada.
 O populismo não tem conteúdo específico (de esquerda/direita,
democrático ou não) e o que o legitima é o “povo”. (pág. 135)
o O populismo é uma estratégia para ganhar e manter o poder, o
que se faz com ele vai depender das crenças e valores de quem o
conquistou. (pág. 136)
o Movimentos que criticam o status quo (pág. 133)
 Populismo não ameaça (necessariamente) o pluralismo: o populismo em
si não tem muitos conteúdos a priori além do antagonismo povo-elite.
(pág. 195)

 Populismo pode ser democrático (“populismo liberal” ou de


“esquerda”, pág. 132/133). Se aproxima do conceito de democracia dos
antigos mais do que a própria democracia liberal representativa.
o Diferente do autoritarismo ou do fascismo, o populismo pode ser
sim democrático (pág. 116). Logo, voltemos a possível causa do
populismo: a anomia social. Se por um lado temos um sistema (dito
democrático) que não consegue lidar com as demandas populares,
do outro temos o movimento popular que reivindica a resolução
destes problemas.
 A revolução pode ser considerada um movimento populista
ou mesmo democrático?

 Populismo pode ser antidemocrático (“populismo autoritário” (Pippa


Norris, pág. 132/133) (pág. 127). Limitação da liberdade de expressão,
ataque as instituições, desordem social. Como o sistema político
possibilita isso?
 O populismo de fato coloca a demos contra a elite? E se forem
convencidos que sim, mas em seu conteúdo ôntico a realidade se mostra
outra e no fim mordem o próprio rabo? (pág. 137)

 Relação do populismo com extrema direita: é mais comum dentre


movimentos de direta do que de esquerda. Característica que pode estar
relacionada com o saudosismo reacionário destes grupos (nativismo,
fascismo). (pág. 186)
o No Brasil não há um antagonismo tão bem demarcado com as
elites. A corrupção e os valores da esquerda são os verdadeiros
inimigos. Empresários, principalmente grandes agricultores e norte-
americanos, são aplaudidos. O que acontece?

 O populismo não distingue as demandas individuais dentro do


“povo”. O que importa para o líder populista é o significante vazio
(Laclau), ou seja, a necessidade e opinião dessa entidade singular abstrata.
(pág. 106)
o A democracia liberal (soberania individual) não se encontra
nessa lógica, porém à produz: a democracia representativa é
alimento para a generalização do “povo” através da diluição da
participação política (isegoria morta).

 O que constitui o populismo político não é só o apelo ao “povo”, e sim o


antagonismo entre “povo” e as elites num contexto de crise. (pág. 179)
o Relação dialética entre as demandas não atendidas e a crise
estrutural do capitalismo.
o O líder precisa se impor como representante real do significante
vazio, unificar o povo. (pág. 180)
 A moldura do discurso é o que conta. (pág. 180)
 O populismo costumeiramente critica instituições democráticas,
veículos de mídia, etc., ações reconhecidas como antidemocráticas (pág.
110). Entretanto, fica uma questão: estas instituições e veículos de mídia
que são frutos da democracia liberal realmente são democráticas? Visto
que historicamente funcionaram como ferramentas para as elites.
o Citação: “... o populismo é...” (pág. 108)
o A retórica populista, em certa medida, faz sentido! Ela precisa
fazer sentido para conquistar o “povo”.

 “O que é o populismo” ou” por que surge o populismo?” (pág. 130)

II - O LÍDER

 O líder é uma peça central para o populismo (pág. 110): ele é a


personificação do significante vazio, ou seja, é o ideal (superego). Há uma
retroalimentação entre o “povo” e o representante: a “vontade geral”
precisa ser representada em outro ambiente que não o original, ou seja,
dentro das instituições.
o Característica do feudalismo: líder onisciente e representante de
um todo (partido, executivo, país, etc.)
o “O populismo se alonga em promessas, mas é curto nos detalhes”
(pág. 109), ou seja, é acessível e sedutor.
 As promessas estão envoltas num poderio, numa
representação de força. Bolsonaro é ótimo nisso!
 À busca pela hegemonia: Laclau afirma ser justo buscar apoio da massa
(demos) em discursos políticos, visto que é impossível ganhar uma eleição
sem convencer a maior parte da população. (pág. 118)
o Líder carismático é necessário nesse momento. Condensa a
ideologia em uma imagem (significante) atrativa.

 Em tempos de crise, a política vira um ringue de cartas marcadas. Os


políticos mainstream se tornam uma massa amorfa que precisa ser
eliminada, pois não está dando resultado. A instituição perde a
credibilidade. (pág. 121)
o Brasil histórico: “a instabilidade política leva ao colapso social,
que leva a demanda por um líder forte” (pág. 112)
o Aí surge o herói, o outsider salvador da pátria.
o O descontentamento econômico e cultural são bases para a
produção do populismo. (pág. 122/123)

 À espera da estabilidade. (pág. 123)


o A estabilidade pode ser personificada no diferente: o outro que
não tem a ver com a crise (PT vs Bolsonaro, por exemplo). (pág.
124)
 Em 2018 nós perdemos na competição pela razão!
o Momentos de crise escancaram as contradições do sistema. Aí
mora a possibilidade de convencimento da população (fragilizada)
através do populismo. (pág. 125)
 Quem representará a estabilidade? E a alcançará por quais
meios?
III – A MENTIRA

 Mídias como catalisadoras do discurso populista. (pág. 139)

 Relação entre populismo e Fake News. (pág. 140)


o Desafio as mídias tradicionais e meios de propagação do
conhecimento.
o Mentir é episódico, pós-verdade tem orientação para a verdade.
(pág. 143)
 A mentira escancarada não importa, visto que a
mensagem latente na afirmação continuava válida, na
medida em que refletia a opinião de muita gente. (pág.
144)
 Em contextos em que a função da verdade é servir
a propósitos políticos maiores, perdemos o contato
com a ideia de que mentir é o ato consciente de não
dizer a verdade. (pág. 144/145)
o Filosofia niilista de Nietzsche: a verdade não é mais que “um
exército de metáforas em movimento”. (pág. 146)
 O que é verdade é o que tomamos como verdadeiro, não
o seu conteúdo ôntico.
 Hegemonia produz verdades.
 Popper: a ciência seria impossível em sociedades fechadas (pág. 149),
ou seja, um movimento populista que tem “fé” em seu líder e na
narrativa proposta por ele, é uma sociedade fechada (seita).
o A verdade é protegida do escrutínio (investigação).
o O que acreditamos está em direta conexão com nossos valores.
(pág. 151)
 Viés de confirmação. (152)
 Ideologia, ou seja, o líder representa e produz!

 Internet: fim da monopolização do conhecimento ou aumento da pós-


verdade?
o “Câmaras de eco”: grupos em locais específicos na rede para
reafirmar crenças problemáticas. (pág. 156)
o Crise da democracia e de suas instituições (establishment)
diminui a confiabilidade das mesmas, logo os indivíduos
reconhecerão como legítima as outras fontes de poder e
conhecimento. (pág. 157)
 A mentira sempre esteve presente na política (“a nobre mentira” em
Platão; “o mito de fundação” em Rousseau e Hume, “realpolitk” em
Maquiavel (pág. 160)), logo, não é uma característica do nosso tempo.
(158/159)
o A população espera que o líder seja o mais eficaz, não o mais
ético. Entretanto, o populismo requer carisma e identificação.
Estaria a população com a ética e moral deturpada?
 O “nós” é mais importante que o “outro”. Ganhemos a
todo custo!
o Parte do convencimento do populismo é a promessa da volta de
um passado glorioso (nativista, puro) ou um futuro melhor que
ainda não aconteceu. (pág. 169)
 E a pós-verdade? Ganha espaço através da crise, do
desespero da população abandonada pelo sistema. (172)

IV – A CAUSA

 “O que deu errado com a democracia” (liberal)? (pág. 205)


o Integridade e eficácia da classe política.
 A classe política está sendo investigada e escancarada nos
meios digitais (lava jato). (pág. 206)
o Baixa participação efetiva na política/economia por parte do
demos. (pág. 206)
 Os novos Leviatãs são os que controlam. (pág. 207)
o Insegurança generalizada. (pág. 208)
CÁP. 1 – INTRODUÇÃO - POR QUE POPULISMO?

 2016 como o ano que explodiu o populismo. (pág. 10)


 Caráter nativista e outsider de movimentos populistas. (pág. 14/15/16)
 Fracasso do cosmopolitismo liberal. (pág. 16)
o Avanço do populismo em simbiose com políticas radicais e
reacionários. (pág. 19)

CÁP. 2 – O QUE É POPULISMO? (E POR QUE ELE PARECE TÃO


DIFÍCIL DE DEFINIR?)

 Populismo como centralidade no “povo”. (pág. 22)


o Antagonismo com as elites.
 Desacordo entre necessidades e interesses.
 O populismo nunca desabrochou numa doutrina ou credo intelectual.
(pág. 22)
o Não há filósofos populistas. (pág. 22/23)
o Não é usado como rótulo autodescritivo. (pág. 23)
o Neoliberalismo populista como conceito?
 Populismo como ferramenta para dominação dos Novos
Leviatãs oligarcas. (Boron)
 Oligarquia (aristocracia) vs democracia (demos e
isegoria). (Aristóteles)
 Experiências populistas do século XIX/XX:
o Narodniks russos (meados do séc. XIX): “narod” significa
“pessoas” + “voyla” que significa “vontade”.
 Intelectuais de classe média que através da representação
romântica da vida rural russa, defendiam a preservação
dessa cultura e suas tradições. (pág. 25)
 Caráter reacionário contra o avanço do
capitalismo.
 Classe média como representante/guia do povo.
(pág. 27)
o Partido de agricultores dos EUA: democracia liberal
possibilitava a criação de partidos. (pág. 27)
 Contra os dois principais partidos (republicanos e
democratas).
 Demandas ignoras pelo establishment político.
 Linguagem simples e direta com os eleitores. (pág. 29)
 Expressavam a causa do homem comum.
 Movimento populista perde força após o movimento dos
direitos civis (placebo) em 1960/70. (pág. 29)
o Caudilhismo latino-americano: “homem forte”, política entre
governantes e governado (agenciamento vertical/horizontal). (pág.
29)
 Herança colonial.
 Políticas com base bélica, policial e violenta. (pág.
30)
o Estratégia para manter o Estado-nação
apesar do caos político e econômico.
o A política se expressa por meio do líder, não
pelas instituições.
 Características centrais do populismo (pág. 31):
o Antagonismo entre bem e mal.
o Aponta a crise atual.
o Oferece uma visão redentora.
o Líder carismático.
o Linguagem/discurso acessível e simplificado.

 O populismo quebra com a lógica de diferentes elites (políticas e


econômicas) (pág. 38):
o Simplifica para elencar o antagonismo.
 Será que existe de fato uma diferença de interesses?
 “Populismo é para a política o que Hollywood é para o cinema. (pág. 41)
o Retórica da indústria cultural de massas (Adorno e
Horkheimer).
 O partido serve ao político. (pág. 43)
o Diferente do comum onde partidos são o alicerce das eleições,
líderes populistas encarnam o significante vazio. (pág. 44)
 “Tradução secularizada da monarquia para a era da
hipermediação.” (pág. 46)
 Política emotiva no populismo. (pág. 47)
o Extraordinária, não ordinária.
o Incivilidade, brutal e cheia de ódio. (pág. 49)
 “Linguagem adequada a guerra”.
 O conceito de populismo parte da política comparativa. (pág. 55)
o A forma de fazer política e sua identificação com outras é mais
relevante do que a sua essência (ideologia).
 O populismo se tornou um álibi para as elites dominantes. (pág. 57).

CÁP. 3 – POR QUE AGORA? EXPLICANDO A INSURREIÇÃO


POPULISTA

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