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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI –UFSJ

CAMPUS SETE LAGOAS – CSL


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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS
TECNOLOGIA DE ÓLOES E GORDURAS

BRUNA LOPES FONSECA


ÉDIPO COSTA RUFINO RAMOS
GLENDA ADIR SANTANA DE MELO

PREPARAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA E EXTRAÇÃO DO ÓLEO

Relatório apresentado à Prof. Cíntia


Nanci Kobori como parte avaliativa da
disciplina de Tecnologia de Óleos e
Gorduras no curso de Engenharia de
Alimentos.

Sete Lagoas- MG
2023
INTRODUÇÃO

A extração de óleos de matérias-primas vegetais desempenha um papel


importante em diversos campos, desde a indústria alimentar até aos
biocombustíveis e à produção farmacêutica. A qualidade e o teor de óleo da
amostra são fatores-chave que afetam diretamente a eficiência e a rentabilidade
dessas indústrias. Para obter resultados confiáveis e otimizar processos, é
necessário compreender o impacto da preparação da matéria-prima e da
seleção do método de extração. A Prática de “Preparação de Matérias-Primas e
Extração de Óleo” é um estudo aprofundado desenvolvido para avaliar os
principais aspectos envolvidos na extração de óleo de matérias-primas vegetais.
Neste experimento, exploramos o impacto de variáveis-chave, como a presença
de casca na amostra e a escolha do método de extração - especificamente os
métodos Soxhlet e Bligh-Dyer. Uma das principais etapas da prática é determinar
o teor de umidade da amostra, um parâmetro crucial na avaliação da qualidade
da matéria-prima. Isso envolve procedimentos de pesagem e secagem das
amostras em condições controladas, garantindo a precisão dos resultados.
Em seguida, dois métodos de extração, o Soxhlet e o Bligh-Dyer, são aplicados
para extrair o óleo das amostras. A comparação entre esses métodos fornece
resultados valiosos sobre a eficácia de cada um e pode destacar situações em
que um método é mais adequado do que o outro.

OBJETIVO

Determinar a umidade média das amostras com e sem casca e calcular o teor
de óleo utilizando o método de extração por Soxhlet e Bligh-Dyer.

MATERIAIS E MÉTODOS

Primeiramente foram preparadas as amostras realizando a limpeza dos


grãos retirando sujidades e defeituosos. Os grãos foram divididos em duas
partes sendo uma com casca e a outra sem casca, onde ambos foram triturados
no liquidificador.
Assim, iniciou-se a etapa de determinação de umidade, onde foram
identificadas três placas de Petri (C1, C2, C3). As placas foram pesadas com as
tampas e consequentemente pesadas de três a cinco gramas das amostras
trituradas. Em sequência colocou-se as placas destampadas na estufa a 105°C
por quatro horas e adicionadas no dessecador para seu resfriamento total antes
de realizar a pesagem.
Para a realizado a extração do óleo por Soxhlet, onde foram identificados os
copos do extrator e pesados na balança analítica, em seguimento foi preparado
o cartucho de papel celulósico e colocado no béquer para apoio na pesagem.
Pesaram-se de três a cinco gramas de cada amostra no cartucho de papel
celulósico.
As amostras foram tampadas com um chumaço de algodão e em seguida foi
adicionado 150 ml de éter de petróleo e colocadas no condensador.
Fervura: abrir as válvulas de passagem de solvente entre o condensador e o
copo para permitir o refluxo da condensação e gotejamento no cartucho com
amostra. A fervura deve proceder por 1,5 horas.
Lavagem: após o tempo de mergulho, levantar os berços de aço até a altura do
bico do gotejador e fixá-lo nesta posição por 30 minutos.
Recuperação: fechar as válvulas de passagem de solvente para o copo para
retê-lo no depósito do condensador. Aguardar a evaporação do solvente
(aproximadamente 40 minutos), sem secar completamente o copo, e desligar o
aquecimento.
Logo este procedimento foi necessário esperar o esfriamento das amostras
para realizar a retirada dos cartuchos celulósicos, sendo possível coletar os
solventes retidos no reservatório do condensador para reutilizá-los. Os copos
foram levados a estufa a 60°C aproximadamente quarenta minutos até remover
totalmente os traços do solvente, consequentemente colocados no dessecador
e pesados em balança analítica.
Por último foi realizado a extração do óleo por Bligh-Dyer, deste modo os
béqueres foram identificados e pesados de duas a duas e meia gramas de
amendoim triturado nos erlenmeyers identificados como C4, C5, S4 e S5.
Posteriormente foi adicionado 10 ml de clorofórmio, 20 ml de metanol e 8 ml de
água destilada e colocado na mesa agitadora por trinta minutos. Em seguida
adicionado 10m ml de clorofórmio e 10 ml de solução de sulfato 1,5% e agitar
por mais dois minutos. Transferir para um funil de separação e aguardar a
separação das camadas onde será retirada apenas a camada inferior, filtrando
com sulfato de sódio anidro. Pipetar exatamente cinco ml da solução filtrada e
adicionar ao béquer. Consequentemente adicioná-lo na estufa a 80°C
aproximadamente por vinte minutos até evaporar o solvente, logo em seguida
colocar o béquer no dessecador para seu resfriamento e pesá-lo.

RESULTADO E DISCUSSÃO

A preparação da matéria-prima e a extração do óleo envolveram várias


etapas, conforme descrito no procedimento. Abaixo estão os resultados obtidos
para cada parte do experimento:

Determinação de Umidade
Calculados da umidade média das amostras com e sem casca:

(𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙)


%𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = × 100
𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

 Amostras com casca

Grupo 1:
(3,00 − 3,2256)
%𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐶1 = × 100 → − 7,52
3,00
(3,62 − 2,5930)
%𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐶2 = × 100 → 28,37
3,62
(3,29 − 1,6401)
%𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐶3 = × 100 → 50,15
3,29
(−7,52 + 28,37 + 50,15)
𝑀é𝑑𝑖𝑎(𝐶1,𝐶2,𝐶3) = → 23,667
3

Grupo 2:
(3,00 − 2,6403)
%𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐶1 = × 100 → 12,00
3,00
(3,005 − 2,7457)
%𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐶2 = × 100 → 8,63
3,005
(3,005 − 2,6687)
%𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐶3 = × 100 → 11,19
3,005
(12,00 + 8,63 + 11,19)
𝑀é𝑑𝑖𝑎(𝐶1,𝐶2,𝐶3) = → 10,606
3

 Amostras sem casca

Grupo 3:
(3,0137 − 2,9237)
%𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑆1 = × 100 → 2,99
3,0137
(3,0073 − 2,8944)
%𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑆2 = × 100 → 3,75
3,0073
(3,0608 − 2,9598)
%𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑆3 = × 100 → 3,30
3,0608
(2,99 + 3,75 + 3,30)
𝑀é𝑑𝑖𝑎(𝑆1,𝑆2,𝑆3) = → 3,346
3

Grupo 4:
(3,005 − 2,9158)
%𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑆1 = × 100 → 2,97%𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑆2
3,005
(3,0356 − 2,9447)
= × 100 → 2,99
3,0356
(3,2558 − 3,1596)
%𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑆3 = × 100 → 2,95
3,2558
(2,97 + 2,99 + 2,95)
𝑀é𝑑𝑖𝑎(𝑆1,𝑆2,𝑆3) = → 2,97
3

Tabela 1: Determinação de Umidade


Placa P placa P amostra P amostra %
inicial final Umidade
C1 47,1160 3,00 3,2256 -7,52
C2 47,7066 3,62 2,5930 28,37
C3 47,1332 3,29 1,6401 50,15
C1 47,430 3,00 2,6403 12,00
C2 47,383 3,005 2,7457 8,63
C3 46,860 3,005 2,6687 11,19
S1 47,4323 3,0137 2,9237 2,99
S2 46,9747 3,0073 2,8944 3,75
S3 47,3049 3,0608 2,9598 3,30
S1 47,4668 3,0050 2,9158 2,97
S2 47,7210 3,0356 2,9447 2,99
S3 47,0434 3,2558 3,1596 2,95

Com os resultados finais foi possível observar que o C1 do primeiro grupo


deu um resultado negativo, ocorrendo a entrada da água e absorvendo a
umidade. A umidade média das amostras do grão com casca resultou em
23,667% e 10,606% e as amostras do grão sem casca resultou em 3,346% e
2,97%. Conclui-se, portanto, que a umidade das amostras do grão sem casca foi
menor.

Extração por Soxhlet


Cálculos do teor de óleo pelo método de extração por Soxhlet através da
fórmula:

(𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑝𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑝𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 )


𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 (%) = × 100
𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎

Amostra C1:
(109,5935 − 109,571)
𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 (%)𝐶1 = × 100 → 0,748
3,01

Amostra C2:
(117,8105 − 116,771)
𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 (%)𝐶2 = × 100 → 34,65
3,00

Amostra C3:
(124,6960 − 123,9591)
𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 (%)𝐶3 = × 100 → 23,69
3,11

Amostra S1:
(114,2568 − 114,1708)
𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 (%)𝑆1 = × 100 → 2,40
3,58

Amostra S2:
(128,3623 − 126,9652)
𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 (%)𝑆2 = × 100 → 38,49
3,63

Amostra S3:
(124,0165 − 122,9461)
𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 (%)𝑆3 = × 100 → 35,10
3,05

Tabela 2: Extração do óleo por Soxhlet

Copo P amostra P copo P copo % Óleo


inicial final
C1 3,01 109,571 109,5935 0,75

C2 3,00 116,771 117,8105 34,65

C3 3,11 123,9591 124,6960 23,69

S1 3,58 114,1708 114,2568 2,40

S2 3,63 126,9652 128,3623 38,49

S3 3,05 122,9461 124,0165 35,10

Com os resultados obtidos foi possível concluir que utilizando o método


de Soxhlet o menor teor de óleo foi do grão com casca com 0,75% e o maior teor
de óleo foi do grão triturado sem casca com 38,49%.

Extração por Bligh-Dyer


Cálculos do teor de óleo pelo método de extração por Bligh-Dyer através
da fórmula:

(𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑏é𝑞𝑢𝑒𝑟 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑏é𝑞𝑢𝑒𝑟 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) × 4


𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 (%) = × 100
𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎

Amostra C4:
(34,187 − 34,005) × 4
𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 (%)𝐶4 = × 100 → 36,20
2,011

Amostra C5:
(34,1063 − 33,5902) × 4
𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 (%)𝐶5 = × 100 → 86,38
2,39
Amostra S4:
(33,0690 − 32,8848) × 4
𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 (%)𝑆4 = × 100 → 36,34
2,0275

Amostra S5:
(34,0791 − 33,8769) × 4
𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 (%)𝑆5 = × 100 → 36,44
2,2197

Tabela 3: Extração do óleo por Bligh-Dyer


Béquer P amostra P béquer P béquer % Óleo
inicial final
C4 2,011 34,005 34,187 36,20

C5 2,39 33,5902 34,1063 86,38

S4 2,0275 32,8848 33,0690 36,34

S5 2,2197 33,8769 34,0791 36,44

Os resultados finais da extração por Bligh-Dyer indicam que a amostra do


grão triturado com casca (C5) resultou em um maior rendimento de óleo de
86,38%.
CONCLUSÃO
Diante a realização da prática, chegamos à conclusão de que no processo de
determinação de umidade as amostras de grãos com cascas chegaram a ter
uma média significativa maior em comparação com as amostras de grãos sem
cascas, sugerindo que a casca atua como uma barreira de umidade.
Já no método de Soxhlet observamos que os grãos triturados sem casca
apresentaram um teor de óleo consideradamente maior em comparação com os
grãos casca. Isso sugere que a remoção da casca pode ser eficaz na obtenção
de óleo a partir das amostras.
Ao utilizar o método de extração Bligh- Dyer notamos que a amostra de grão
triturado com casca (C5) resultou em um rendimento de óleo notavelmente alto,
indicando que esse método pode ser particularmente eficaz na extração de óleo
de amostras com casca.
Em resumo, os resultados indicam que a preparação da matéria-prima, incluindo
a remoção da casca, pode afetar significativamente o teor de óleo nas amostras.
Além disso, a escolha do método de extração, seja o Soxhlet ou o Bligh-Dyer,
também desempenha um papel crucial no rendimento de óleo. Portanto, a
seleção do método adequado depende das características das amostras e dos
objetivos da análise e com o experimento realizado foi possível observar que o
método por Bligh-Dyer houve um maior rendimento de teor de óleo em
comparação ao método por Soxhlet.
É importante destacar que, durante a realização deste experimento,
conscientemente procuramos minimizar possíveis fontes de erro. No entanto, é
necessário reconhecer que a precisão das pesagens é fundamental para a
exatidão dos resultados. Durante o processo de pesagem, podem ter ocorrido
pequenas variações. Essas variações nas pesagens podem ter afetado
ligeiramente os resultados finais, o que é comum em experimentos laboratoriais.
No entanto, nosso foco principal estava na comparação relativa dos resultados
entre as amostras com casca e sem casca, bem como entre os métodos de
extração Soxhlet e Bligh-Dyer.

REFERÊNCIAS

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da fração lipídica de matérias-primas de origem vegetal e animal. Quim. Nova,
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