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Cartilha de

Horta Orgânica Urbana

Projeto Semente de Luz


Org. Maitê Bueno Pinheiro
Realização Centro Cultural Casa da Luz
São Paulo, 2018

Esta cartilha é dedicada para os iniciantes nas práticas de agricultura orgânica urbana, com o desejo de espalhar o
conhecimento, fortalecer a luta pelo banimento dos agrotóxicos e auxiliar as pessoas afins das hortas orgânicas nas cidades.
É uma publicação independente, feita especialmente para a oficina de horta orgânica urbana para pequenos espaços, como vasos
e jardineiras, e seu conteúdo é uma compilação de alternativas ecológicas adaptadas para este contexto.
Introdução
“A alimentação não é apenas um processo biológico é necessário para manutenção da vida, ela vai muito além do prato de
comida. O ato de comer se associa ao ambiente, as pessoas, a relação com os alimentos e a cultura. Hoje temos um cenário
alarmante em termos de saúde associado a disponibilidade de alimentos seguros. O número crescente de doenças diretamente
relacionadas a hábitos alimentares não saudáveis consequentes de um padrão alimentar imposto pelas indústrias de alimentos
nas grandes cidades. Alimentos com grande quantidade de açucares, gorduras e carregados de venenos. É possível mudar essa
realidade ao ampliarmos nosso olhar para os espaços ao nosso redor, qualquer lugar pode ser um lugar seguro para o plantio
de hortaliças, legumes e ervas, produzir nosso próprio alimento de maneira orgânica, reduz riscos à saúde, promove a
socialização, melhora os hábitos alimentares, transforma espaço e mentes em ambientes saudáveis”.
Rita Helena B. Pinheiro
Nutricionista especialista em saúde pública

O que são alimentos orgânicos?


Alimentos orgânicos são alimentos produzidos sem o uso de agrotóxicos, hormônios e outros produtos químicos. Todo o
processo de produção é livre de substâncias químicas, respeitando o meio ambiente evitando a contaminação do solo, da
água, da vegetação, dos animais e das pessoas que trabalham no cultivo. Os alimentos orgânicos são alimentos mais
saudáveis e mais saborosos.

O que são agrotóxicos?


Agrotóxicos, defensivos agrícolas ou pesticidas são compostos orgânicos tóxicos desenvolvidos para combater pragas na
produção agrícola, conhecidos e utilizados desde antes do século XVII. Os agrotóxicos são classificados como Poluentes
Orgânicos Persistentes (POPs), compostos que persistem no ambiente por serem altamente estáveis, resistindo à degradação
química, fotolítica e biológica e que têm a capacidade de bioacumular em organismos vivos, incluindo o homem.
Sua aplicação na lavoura pode levar a contaminação das águas subterrâneas e superficiais, levando à morte de seres vivos.
Os pesticidas também são utilizados para a manutenção paisagísticas de jardins em áreas urbanas e devido as chuvas estas
substâncias são arrastadas para outros lugares ampliando assim a contaminação do ambiente. Com relação à saúde humana, os
agrotóxicos estão associados a problemas no sistema endócrino e à diversos tipos de câncer e intoxicações mortais.
O Brasil é o maior importador e consumidor de pesticidas do mundo. As pessoas mais prejudicadas são os trabalhadores que
manipulam o veneno e as comunidades que vivem nessas áreas. Em 2017 foram registrados no Brasil, 5.501 casos de intoxicação,
uma média de 15 casos por dia e 150 mortes por envenenamento causado por agrotóxicos (ONU, 2018)
Existem diversos tipos de agrotóxicos ou defensivos agrícolas: bactericidas são pesticidas usados no controle de bactérias
nocivas ao plantio; inseticidas, no controle de insetos; herbicidas, no controle de ervas daninhas; fungicidas, no controle
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de fungos; acaricidas, no controle de ácaros. Em diversos países estes compostos têm sido banidos e sua utilização proibida,
no entanto, no Brasil ainda são largamente utilizados e desde 2008 ocupamos o primeiro lugar global no uso de agrotóxicos,
o que representa um consumo equivalente a 5 quilos de veneno, por pessoa, por ano.
Além disso, os padrões brasileiros existentes permitem níveis mais altos de exposição a pesticidas tóxicos do que os
equivalentes na Europa (ONU, 2018) chegando a 400 vezes mais do que o permitido na Europa.
Hoje no Brasil temos mais de 10.200 agricultores orgânicos na luta por reconhecimento (Ceratti, 2015), mas o acesso a esses
produtos ainda não é facilitado e valorizado.

É possível retirar agrotóxicos dos alimentos?


Por mais que seja feita a higienização das frutas, legumes e verduras, ainda sim os pesticidas permanecem nos alimentos, a
lavagem bem-feita retira apenas uma parte das substâncias presentes nas cascas, mesmo lavando e higienizando corretamente
seu alimento você ainda estará consumindo veneno.

Por que queremos horta orgânicas urbanas?


Além dos impactos ambientais trazidos pelo uso de agrotóxicos, devemos considerar os impactos das distâncias percorridas
pelos produtos antes deles chegarem à nossa mesa. Muitos alimentos que consumimos nas cidades percorrem longas distâncias
para chegar até nós e isso tem uma série de consequências negativas. O futuro exige distâncias curtas, o que significa menos
gasto energético e menos poluição. Além disso, a agricultura opera a partir da lógica das monoculturas extensas, o que
prejudica a saúde dos solos e ameaça os ecossistemas.
O cultivo de alimentos orgânicos em áreas urbanas é uma alternativa para despertar consciência ecológica, encurtar as
distâncias e fortalecer as comunidades. Hortas podem ser feitas em diversos espaços, desde lugares pequenos utilizando-se
vasos e canteiros ou em áreas maiores como jardins, pátios, estacionamentos, praças e terrenos. Existem vários jeitos de se
fazer uma horta orgânica na sua cidade e na sua casa, no entanto, nenhum deles dá certo se não houver pessoas cuidando do
cultivo.
Trabalhar na terra e cultivar plantas e alimentos aproxima o homem urbano do contato com a natureza, cria consciência
ambiental e gera o interesse por uma alimentação mais saudável, além de ser uma atividade relaxante e terapêutica.

Começando a sua horta orgânica


Primeiro passo é escolher o local para o plantio. Sua horta orgânica pode ser preparar em diferentes locais, em vasos,
canteiros, caixotes ocupando telhados e lajes, parapeitos, muros e outros espaços ou diretamente no terreno ocupando espaços
livres. Em todos os casos, para escolha do local de cultivo,
deve-se considerar os seguintes fatores:
• A área deve estar exposta ao sol ao menos 4 horas diárias (sua horta deve estar posicionada de forma a receber a maior
quantidade de sol ao longo do ano todo);
• Deve estar próxima a fonte de água para irrigação;
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• Não pode estar sujeita a alagamentos e encharcamentos;
• Área deve ter boa ventilação, no entanto sem ventos fortes, pois esses são prejudiciais. Procure proteger sua horta
da face sul da horta, com barreiras contra os ventos frios;
• A qualidade do solo, devendo considerar a existência de possíveis contaminantes nos casos de cultivo diretamente no
terreno. No caso de hortas urbanas, é mais aconselhável o plantio em canteiros e vasos devido as possíveis contaminações
no solo;
• A profundidade do solo do cultivo deve respeitar a natureza da planta que quer cultivar, no caso de tubérculos, como
cenoura, beterraba e rabanete, a profundidade deve ser aproximadamente de 30 centímetros para que tenha um bom
enraizamento e desenvolvimento dos tubérculos.

Preparando e conhecendo a terra para o cultivo


Escolhido o local de plantio, o passo seguinte é a preparação da sua terra, do seu solo. A respeito disso Lucia Legan afirma
"não é preciso complicação para se ter um solo bom. Também não importa o ambiente em que você vive e nem o tipo de solo que
possui, hortas férteis e bem estruturadas podem ser criadas rapidamente e sem especialistas a sua volta". (Legan, 2017).

O solo
O solo é uma camada fina de material poroso que cobre grande parte da superfície da Terra. É um sistema vivo e dinâmico.
Sua formação se dá através do envelhecimento e da degradação das rochas, e pela ação das plantas e dos animais. Aproximadamente
98% da alimentação humana vem do solo. O solo é composto por cinco elementos principais (Legan, 2007):
Ar: os gases são vitais para a saúde do solo e cres
● cimento das plantas. Os gases se movimentam pelos poros do solo permitindo que a terra respire e dão suporte para as
raízes das plantas;
● Água: A água transporta os nutrientes através do solo até as raízes das plantas;
● Matéria orgânica: matérias-primas de origem vegetal ou animal, tudo que já foi vivo um dia e está em estado de
decomposição.
● Minerais: Os minerais estão presentes no solo e determinam características específicas, como as espécies que se adaptam
a ele. A maioria dos minerais não está diretamente disponível para as plantas, muitos precisam ser solubilizados dentro
de um processo cooperativo entre bactérias, fungos, água e toda a vida do solo.
● Organismo do solo: São a vida do solo, participam da decomposição da matéria orgânica, e em consórcio com as raízes,
auxiliam na disponibilidade dos minerais para que possam ser absorvidos pelas plantas.

Tipos de organismos do solo


• Microrganismos: insetos, minhocas, nematoides e vertebrados vivem no solo e contribuem arando a terra, melhorando a
estrutura e incorporando matéria orgânica. Auxiliam na ventilação e drenagem cavando o solo.

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• Microrganismos: Algas, bactérias, fungos, actinomicetes, protozoários e outros tem papel importante, participam do
ciclo do nitrogênio, capturando o nitrogênio atmosférico, tornando esse elemento solúvel e disponível para as raízes
das plantas. Os microrganismos também geram calor e contribuem na decomposição de matéria orgânica.

Tipos de solo
No solo encontramos areia, argila e silte, diferenciados pelo tamanho de suas partículas básicas. Os solos são classificados
conforme a quantidade desses 3 elementos de sua composição.
• Solos arenosos: são solos com partículas grandes, tendem a ser secos, leves e pobres em nutrientes;
• Solos siltosos: possuem partículas menores do que o arenoso e são mais úmidos e férteis
• Solos argilosos: têm as menores partículas são solos pesados, retêm umidade por mais tempo e são ricos em nutrientes.

pH do Solo
O pH do solo é a medida de sua acidez (ex. vinagre) ou de sua alcalinidade (ex. bicarbonato). O pH é medido da escala de
zero (extrema acidez) até 14 (extrema alcalinidade), sendo 7 o pH neutro. A maioria dos solos tem o pH entre 4,5 e 8, o que
é a preferência da maior parte das plantas
Tanto a acidez quanto a alcalinidade do solo, afetam a sua fertilidade. Quando o solo está muito alcalino não pode dissolver
os minerais e disponibiliza-los para as plantas. E quando está muito ácido pode dissolver os nutrientes muito rapidamente,
tirando a disponibilidade desses para as plantas.

Nutrientes
Para uma horta saudável é preciso um solo rico e em nutrientes. As plantas necessitam de micro e macro nutrientes para o
seu desenvolvimento. Os nutrientes são obtidos a partir de matéria orgânica que podem ser repostas ao solo de diversas
maneiras. Existem vários modos de preparar a sua terra, hoje encontramos diversas soluções ecológicas para construir um solo
saudável, sendo algumas delas a cobertura vegetal, a adubação orgânica, as minhocas, compostos e os biofertilizantes. A
qualidade da sua terra deve observar as características das espécies de plantas que você pretende cultivar.

Macro nutrientes
São os elementos essenciais para a vida dos vegetais. Chamados de macro, pois a quantidade necessária destes elementos é
muito maior, em comparação com os outros elementos essenciais.

• Nitrogênio (N): elemento base para a formação de proteínas, especialmente na produção de clorofila durante a
fotossíntese. É um elemento importante no crescimento e desenvolvimento da planta, desenvolve as folhas e dá coloração
verde-escura aos vegetais.
• Fósforo (P): fortalece as raízes dos vegetais e auxilia sua fixação no solo. É um elemento que participa da formação
de flores e frutos, sendo importante em maior quantidade durante os períodos de floração e frutificação das plantas.
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• Enxofre (S): é um elemento estrutural e participa da produção de aminoácidos e proteínas.
• Potássio (K): atua no transporte dos nutrientes pelo floema, participa da frutificação e enraizamento, ajuda no combate
a fungos nocivos e tem influência na capacidade de a planta suportar secas.
• Cálcio (Ca): elemento com função estrutural que atua dando rigidez para as membranas celulares. É um regulador e
algumas reações químicas dos vegetais. Tem influência predominante no equilíbrio entre a acidez e a alcalinidade do
meio e da seiva, além de contribuir no combate de certos elementos tóxicos absorvidos pelas plantas.
• Magnésio (Mg): elemento de grande importância na fotossíntese, fundamental para a formação da clorofila e de outras
substâncias vitais.

Micronutrientes
Elementos presentes em pequenas quantidades nos vegetais, porém, fundamentais para o desenvolvimento da planta. Participam
da formação de reações necessárias ao crescimento, além de, auxiliarem a fotossíntese.

• Boro (B): é um elemento fundamental para a germinação e crescimento de raízes, folhas, frutos, e auxilia na divisão
mitótica da planta.
• Cloro (Cl): participa da fotossíntese, no entanto, seu excesso pode danificar a planta e dificultar a maturação dos
frutos.
• Cobre (Cu): atua na ativação das enzimas.
• Ferro (Fe): participa dos processos enzimáticos e contribui para formação da clorofila.
• Manganês (Mn): ajuda na formação da clorofila e participa de processos metabólicos. É um elemento importante para a
respiração vegetal e para a formação de vitamina C.
• Molibdênio (Mo): auxilia na fixação e transpor de nitrogênio.
• Zinco (Zn): elemento importante para o crescimento dos vegetais.

Cobertura vegetal ou “mulch”


A matéria que se acumula por cima do solo é chamada cobertura vegetal ou “mulch”. A cobertura vegetal é uma solução simples
e eficiente de devolver matéria orgânica e resolver problemas do solo. A cobertura vegetal tem várias funções importantes:

• Protege os solos dos ventos fortes;


Protege o solo das chuvas fortes e da erosão;

• Protege o solo do calor, evitando que o sol atinja o solo diretamente;
• Melhora a drenagem em solos duros e argilosos;
• Ajuda a reter água em solos secos e arenosos;
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• Resolve questões de acidez do solo adicionada junto com esterco de ave;
• Resolve questões de alcalinidade, e;
• Em solos compactados e duros, a cobertura vegetal atrai minhocas que podem contribuir cavar e arejar o solo.

Húmus de minhoca

Produto da decomposição da matéria orgânica digerida pela minhoca. Húmus é neutro e levemente alcalino, rico em nitrogênio,
fósforo, potássio, magnésio e cálcio. E também possui microrganismos e hormônios vegetais que ajudam no desenvolvimento das
plantas e no incremento da diversidade de organismos do solo;

Carvão vegetal
Rico em diversos minerais, tem decomposição lenta proporcionando uma adubação durável.

Composto
Composto é um fertilizante caseiro, uma cultura viva, onde os microrganismos convertem a matéria-orgânica morta em húmus.
Existem várias maneiras de preparar a sua leira de compostagem (composteira), mas em todas a regra é única: a qualidade do
seu composto vai depender do material colocado na leira de compostagem. Quanto maior a diversidade do material melhor será
a qualidade do composto produzido.
Você pode utilizar:
*Cobertura vegetal fresca (nitrogênio): libera nitrogênio e adiciona umidade a leira.

• Sobras de cozinha;
• Cascas de ovos;
• Capim verde;
• Folhas de bananeira.
Cobertura vegetal seca (carbono): Libera carbono e deixa espaços de ar com a revirada regular da compostagem.
• Capim seco;
• Folhas secas;
• Ramos e galhos;
• Feno;
• Papelão;
• Serragem.
Preparando o composto

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Escolha um local adequado para sua leira de compostagem. Hoje já existe no mercado composteiras e minhocários para locais
pequenos, como apartamentos e casas urbanas. Você pode aproveitar recipientes plásticos, pneus ou caixotes para fazer sua
compostagem ou se você tem espaço pode fazer no próprio terreno.
• Primeiro coloque uma camada de cobertura vegetal seca;
• Em seguida adicione uma camada de cobertura vegetal fresca;
• Repita esse processo alternando as camadas como uma torta;
• Depois disso molhe um pouco a sua compostagem, mas não encharque;
• Espere 4 dias e revire e mexa misturando suas camadas, repita esse processo de revirar uma vez por semana;
• No período de 30 a 60 dias seu composto estará pronto para usar como adubo da sua horta;
Dicas:
• Importante manter o composto com umidade, sem excesso e regar quando necessário;
• O composto estará́ pronto quando o material estiver bem homogêneo (não se distinguir mais as camadas e materiais
originais), cor escura (marrom café́), cheiro agradável de terra de floresta, grãos pequenos e consistência de terra.
• Para enriquecer o composto pode-se adicionar outras fontes de matéria orgânica como serragem, cinza de madeira, esterco
de aves, gado, cavalo etc.

Escolhendo suas espécies de plantas


Para escolha das espécies da sua horta é importante seguir as seguintes regras:
• Plante o que gosta de comer;
• Plante o que gosta de cheirar;
• Plante o que gosta de admirar.

Você pode começar com sementes ou mudas. Sementes podem ser excitantes, é maravilhoso acompanhar todo o ciclo da sua comida,
esperar o germinar, e acompanhar cada passo do seu vegetal. A escolha pelas sementes também é uma forma de garantir que seu
cultivo será totalmente orgânico, já que as mudas podem ter sido produzidas com uso de químicos. Se optar por mudas compre
de um produtor de confiança.

Plantando com sementes


O plantio com sementes pode ser feito direto no canteiro ou em sementeiras. Ambos devem estar protegidos do sol direto e
mantidos úmidos. Escolhido o local siga as seguintes etapas:
• Pesquise sobre a sua espécie pois existem plantas que precisam de cuidados específicos com a semente para germinar;
• A terra que acomodara as sementes não pode estar compactada;
• Cave um buraquinho com 2 a 3 vezes o tamanho da semente;
• Peneire a terra que irá cobrir sua semente;
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• Coloque a semente no buraco e cubra com a terra peneirada até 3 vezes a sua altura;
• Regue com um regador chuveiro, não encharque;
• Cubra sua sementeira ou canteiro com um tecido de fibras largas, tipo saco de estopa;
• Regue diariamente, a germinação deve ocorrer dentro de 4 ou 5 dias;
• Retire o tecido após a germinação;
• Após 25 dias aproximadamente as mudas estarão com 3 a 4 folhas e com altura entre 5 e 7 centímetros, e podem ser
transplantadas (se você fez o plantio na sementeira) para o local definitivo.
• O transplante deve ser feito fora do sol forte e seguido de rega.

Plantando direto com mudas


Se você escolheu por plantar com mudas deve seguir os seguintes passos para transplantar a sua muda para o seu canteiro:
• Cuidado com os torrões ao retirar sua muda da sementeira ou do saquinho plástico, para que as raízes não fiquem
expostas;
• Pode ser feita uma rega antes para facilitar a retirar da muda;
• Pesquise sobre suas espécies e observe as recomendações de espaçamento entre uma planta e outra, no caso de plantar
mais de uma planta por canteiro;
Faça pequenas covas com as mãos ou com uma pá respeitando o tamanho do
• s torrões e cubra com solo;
• Faça uma rega.

Plantando em pequenos recipientes, vasos e jardineiras


Para se pensar na produção de alimentos e plantas medicinais em locais que não possuem espaços físicos amplos, pode-se
utilizar a criatividade. As possibilidades de locais para o cultivo são varias, tais como corredores, varandas, sacadas de
apartamentos, garagem, lajes, praças, terrenos e etc., sempre observando as condições básicas como a luz solar e a ventilação.
Uma opção interessante são os canteiros suspensos. Também é possível fazer hortas em vasos, tubos de plástico pvc cortados
e adaptados, baldes, bacias, garrafas pets, jardineiras, pneus cortados e adaptados, caixotes entre outros, mas alguns
critérios devem ser seguidos:
• Faça furos no fundo do recipiente para não acumular água;
• Faça uma primeira camada de cascalho, cacos de cerâmica, britas, pedrinhas ou material semelhante e uma outra camada
pequena de areia se possível, para a drenagem;
• Acima desta camada inicial de pedra e areia coloque o solo preparado com adubo para o cultivo;
• Plante sua semente ou muda, sempre respeitando as recomendações da espécie.
Cuidando da horta

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Uma horta necessita de cuidados diários. As plantas e o ambiente onde elas estão precisam ser observados para que se
identifique os possíveis inconvenientes, como pragas e doenças. Não é um grande mistério cuidar da sua horta, seguindo
algumas recomendações você rapidamente estará conectado ao seu cultivo:
• Recomenda-se fazer a rega preferencialmente nas primeiras horas do dia;
• Irrigar em horários quentes perde-se muita água para evaporação;
• Pode se fazer a rega também no fim do dia, mas algumas doenças são favorecidas por alta umidade e baixa temperatura,
então essa pratica deve ser evitada nos períodos mais frios.
• A adubação é recomendada a cada 3 meses;
• O uso de biofertilizantes pode ser feito a cada semana, fique atento as necessidades da sua planta em cada fase de sua
vida;
• Plantas verdes que estão amarelas e não crescem, o solo precisa de nitrogênio;
• Plantas que estão com a coloração clara e com as folhas finas, estão com excesso de nitrogênio ou falta de sol,
adicione mulch e mude para um local com mais sol.
Horta rotativa
Fazer a rotatividade das culturas é um ótimo método para evitar problemas como doenças e insetos, além de ajudar a manter a
fertilidade do solo. É o jeito mais econômico de prevenir perturbações no seu cultivo. É uma técnica de princípio simples,
basta alternar a localização das culturas. Plantar a mesma espécie no mesmo local esgota os nutrientes do solo, além disso,
vegetais da mesma família quando agrupados, são mais suscetíveis a pragas e doenças. Uma regra básica que pode ser seguida
na rotação:
• Plante alternando uma espécie que cresce para baixo com uma espécie que cresce para cima.
A seguir alguns exemplos de rotação tradicional de culturas em hortas orgânicas:

Família Henopodiacea Família Solanaceae Família Alliaceae Família Cruciferae


• Beterraba • Berinjela • Alho • Brócolis
• Quinoa • Pimentão • Alho poró • Couve de Bruxelas
• Espinafre • Tomate • Cebola • Couve-flor
• Acelga • Batata • Cebolinha • Repolho
• Couve
• Mostardas
• Rabanete

*Plantios de colheita rápida podem ser colocados no mesmo canteiro, exemplo: alface, rúcula e milho.
*Pense no seu canteiro de forma a agrupar as plantas companheiras. Observe seu cultivo e faça anotações.
*Deixe o solo descansar pois equilibra os organismos e elimina as doenças e favorece a vida

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Plantas Companheiras

Plantas Companheiras Inimigas

Abóbora Alface, milho, rabanete, vagem, feijão, taioba Batata

Alface Cenoura, rabanete, morango, pepino, beterraba, cebolas, abóbora, Salsa, girassol
milho, pimentão, repolho, tagete
Batata Ervilha, berinjela, repolho, abobrinha, feijão, milho, tagete, Pepino, tomate, girassol, abóbora,
amaranto aipo, alecrim
Beterraba Cebola, alface, repolho Tomate, feijão, vagem

Cebola Alface, beterraba, cenoura, repolho, morango, tomate, brócolis, Feijão, ervilha
amaranto
Cenoura Aipo, alface, cebola, ervilha, tomate, feijão, cebolinha, Endro
sálvia, alecrim
Couve Repolho, aipo Tomate, vagem

Feijão Beterraba, cenoura, couve-flor, repolho, pepino, alho-poró, Cebola, alho, cebolinha, funcho
arbusto milho, girassol
Milho Abobrinha, abóbora, pepino, rabanete, vagem, feijão

Rabanete Ervilha, melão, abobrinha, pepino, alface, capuchinha, cenoura,


milho
Repolho Beterraba, aipo, batata, alface, espinafre, sálvia, hortelã, Feijão, alho, tomate
orégano
Rúcula Vagem Salsa

Tomate Aspargo, cenoura, aipo, brócolis, salsa, cebola, alface, couve- Repolho, pimentão, batata, beterraba,
flor, tagetes, manjericão, salvia, alecrim funcho
Fonte: Legan, Lucia. Soluções Sustentáveis – Permacultura na Agricultura Familiar. Ecocentro IPEC – Instituto de
Permacultura e Ecovilas do Cerrado, 2007.

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7 vegetais fáceis de cultivar

1. Abóboras – Curcubita spp.


Abóboras e morangas, precisam de bastante espaço gostam de áreas quentes e ensolaradas da horta. Podem ser plantadas em uma
leira com muito mulch. Preferem pH entre 6 e 7. Quando ficam amarelados é hora de colher. Corte o talo com uma faca, deixando
um pedacinho conectado à fruta assim evita-se o apodrecimento.
2. Alface – Lactuca stiva
Existem duas variedades principais de alfaces: de folha solta e de cabeça. Alfaces geralmente gostam de sombra parcial e
solo bem drenado. Use mulch para reduzir as perdas de água. O pH deve estar entre 6 e 6,8. A alface precisa de 7 semanas
após a semeadura para amadurecer e, se forem sempre regados, terão sabor adocicado. Alface amarga é resultado de falta de
água durante o cultivo.
3. Batatas – Salanum tuberosum
As batatas gostam de calor e podem ser produzidas empilhadas. Preferência de pH de 5 a 6,5. Quando as folhas começam a
morrer as batatas estão prontas para a colheita. Após colher mantenha em local seco e escuro, não deixe a batata no sol pois
ficaram verdes e brotarão.
4. Cenouras – Daucus carota
Plantadas bienalmente. Preferem o solo e solo arenoso. Se o solo é argiloso misture areia. Preferem o pH entre 6,5 e 8. A
colheita é após 10 semanas da semeadura.
5. Pepinos – Cucumis sativus
Pepinos precisam de espaço para espalhar ou ocupar uma área vertical. Preferem pH entre 5,5 e 6,8. Gostam de muito sol e
solo com muito mulch. Em 14 a 22 semanas você terá pepinos prontos para a salada ou conserva. Colha com frequência sem
arrancar a planta e eles continuam produzindo por um bom tempo.
6. Rabanetes – Raphanus sativus
Brotam bem e tem excelente produção. Gostam de condições similares a da cenoura e podem ser plantadas juntas. Preferência
de pH entre 4 e 6.
7. Tomates cereja – Lycopersicon esculentum
Esta variedade de tomate é rústica e produz com abundância. Tomates gostam de sol e pH entre 6 e 7. A produção dos frutos
se dá após 22 semanas da semeadura.

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5 flores e ervas fáceis de produzir

1. Capuchina – Tropaelum majus


As flores e folhas da capuchinha são comestíveis. É uma planta que adora sol, aceita uma variedade de solos e não exigem
nenhum cuidado. Preferência de pH entre 5 e 8.
2. Cebolinha – Allium schoenoprasum
Erva perene e rústica que cresce em grupos de bulbos. Produzem facilmente e têm flores bonitas. Preferência de pH entre 5 e
6.
3. Girassóis – Helianthus annuus
Sementes de girassóis são ótimas para a saúde. As flores adoram o sol. Preferência de pH de 5,5 a 7. As sementes podem ser
removidas depois que a flor estiver caída. Abra a casca e ofereça aos pássaros.
4. Hortelã – Menta viridis
Erva perene que gosta de áreas de sombra. Pode ser plantada de pequenos ramos que apresentam alguma raiz.
5. Salsa – Petroselinum crispum
Erva bienal. Deve ser plantada de sementes em sementeiras, e transplantada para o canteiro. Gosta de áreas ensolaradas e
prefere um pH entre 6 e 7.
*Algumas plantas que podem ser plantadas sucessivamente em canteiros estreito: repolho, couve-flor, pequenos frutos,
berinjelas, pimentões, tomates, cenouras, abobrinhas e quiabos.

Biofertilizantes

Você pode fazer seus próprios biofertilizantes orgânicos ou compra-los em lojas especializadas em cultivo. Os biofertilizantes
são inofensivos ao solo. O uso de biofertilizantes exclui o uso de produtos químicos e pode ser muito vantajoso para o seu
cultivo:
• Aumenta o rendimento da sua colheita em 20-30%;
• Estimula o crescimento da planta;
• Ativa o solo;
• Restabelece a fertilidade do solo;
Garante o fortalecimento do solo contra doenças.

Para a aplicação dos biofertilizantes é preciso diluí-los em água:
• Para aplicação direta nas folhas com borrifador: diluir na proporção de 20/1
• Para aplicação nas raízes com rega: diluir na proporção 10/1

Quando aplicar o biofertilizante?


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• Na montagem do seu canteiro;
• Durante a época de cultivo;
• Depois da época de cultivo;
• Depois de um grande período de chuva.
*Você pode aproveitar a água da chuva para fazer o seu biofertilizante.

Biofertilizante de húmus de minhoca ou composto


No processo de compostagem e da produção do húmus de minhoca também é produzido um líquido escuro chamado chorume. O chorume
do húmus e do composto que é um excelente biofertilizante.
• Colete o líquido da composteira ou minhocário;
• Dilua em água, 1 parte para 20 partes de água e pulverize direto nas plantas, ou;
• Dilua 1 parte para 10 partes de água para rega diretamente no solo.

Spray foliar
O spray foliar é rico em nutrientes solúveis e também bioativo. A seguir ensinaremos algumas receitas de spray foliar que
podem ajudar você a corrigir deficiências do solo. Para aplicação dilua nas proporções indicadas acima. Os resíduos que
sobraram do seu spray foliar podem ser colocados como cobertura vegetal na horta ou na sua compostagem.

Spray foliar – Tonico de folhas verdes


Tônico super rico em micronutrientes. Encha um tambor ou pote com ¾ de qualquer folha verde: boca-de-leão, daninhas, confrei,
salsa, folhas de cenoura, folhas de repolho, camomila ou grama cortada.
Tampe e deixe à sombra por 4 semanas. Irá ter formado um líquido, tire a parte de cima do líquido e dilua na água e aplique
nas folhas.

Spray foliar – Chá contra fungos


Faça um chá forte usando flor de camomila e passe nas folhas. É muito bom para combater fungos.

Spray foliar – Chá de enxofre


O enxofre no solo recompõe os aminoácidos, proteínas, vitaminas e enzimas. Faça um spray foliar com folhas de repolho
saudáveis, alho e folhas de cebolas. Dilua e passe nas folhas.

Pragas e doenças
Pragas são organismos que estão em desequilíbrio com seu ambiente. Insetos não são necessariamente pragas, apenas quando
estão fora de equilíbrio com o meio, sendo assim, é possível que em uma região um inseto seja considerado praga e em outra
não.
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As pragas mais comuns são: pulgão, lagarta, besouro, mosca branca, tripés, broca, ácaro, percevejo, formiga, lesma e
caramujo. Já as doenças são causadas por fungos, bactérias, vírus e nematoides. A planta está doente quando aparecem pintas,
manchas, ferrugem, ressecamento, quando murcham ou apodrecem as folhas, hastes, raízes e frutos.

Ácaros: é um aracnídeo diminuto, que não se pode ver a olho nu. Eles se alimentando sugando as plantas e durante esse
processo podem transmitir doenças. Algumas espécies, como o spider mite, fazem teias.

Conchonilhas: é um inseto pequeno com aproximadamente 3 a 5 mm. Quando a planta está infectada por conchonilhas aparecem
pequenos amontoados de cor branca parecendo algodão nos caules, brotos, ramos ou folhas. Esses organismos secretam substâncias
açucaradas que atraem formigas.

Formigas: cortam as folhas em pedaços.

Gafanhotos: devoradores vorazes de plantas, comem até metade de seu peso de matéria vegetal por dia e vivem em média 50
dias.

Lagartas: existem vários tipos de lagartas, algumas comem as folhas e outras, como a lagarta-rosca, se alimento do caule de
plantas ainda jovens impedindo-as de crescerem. Outras conhecidas como brocas, perfuram e penetram em frutos como: berinjela,
tomate, pimentão, abobrinha e pepino, deixando-os inutilizados.

Lesmas e caramujos: se alimentam das partes tenras das plantas.

Minadores: são pequenas lagartas e larva de mosca com cerca de 1 cm de tamanho. Desenvolvem-se sob a primeira camada do
tecido foliar formando galerias por onde transitam. Quando há infestação a planta perde suas folhas que secam e caem.

Mosca branca:
pequeno inseto sugador com aproximadamente 3 mm, libera substância açucarada que atrai formigas e pode causar doenças ao
vegetal. Preferem a face inferior das folhas onde podem colocar até 200 ovos que levam de 6 a 15 dias para eclodirem. São
difíceis de notar pois são transparentes.

Percevejos ou maria-fedida: se alimenta da seiva da planta.

Pulgões: pequenos insetos com tamanho de 1 a 3 mm, se alimentam sugando a seiva da planta podendo transmitir doenças. Se
multiplicam rapidamente causando sérios danos. Secretam substancias açucaradas e atraem formigas e favorecem o
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desenvolvimento de um fungo, de coloração negra, denominado fumagina. O fumagina cobre a superfície das plantas, dificultando
a fotossíntese e a respiração.
Tripes: insetos com tamanho entre 1 e 3 mm, de coloração branca, preta ou amarelo claro. Podem transmitir doenças às plantas.
Permanecem na face inferior das folhas, flores e brotações o que dificulta sua identificação.

Vaquinhas: pequenos besouros de coloração geralmente verde brilhante, mas existem espécies com outras colorações. Chegam a
ter 5 a 7 mm na fase adulta e atacam as folhas perfurando-as. Na fase larval atacam as raízes de hortaliças

Manejo de pragas
O manejo e controle das pragas começa com a observação dos insetos que frequentam sua horta. Entender suas características
trás informações para o controle. Sendo o mais indicado para afastar as pragas é evitar ou corrigir eventuais desequilíbrios
no ambiente:
• Plante variedade de espécies de planta, a biodiversidade ajuda a criar um ambiente mais equilibrado;
• Plante variedades de plantas com diferentes períodos de colheita;
• Opte por cultivar as espécies nativas;
• Faça armadilhas, barreiras e atrativos para redução de pragas;
• Algumas plantas insectárias: Cenoura, salsa, funcho, mil folhas, cominho, coentro, camomila, aipo, mostarda, alecrim,
endro, anis, angélica e tagete.

Receitas naturais para o controle de pragas

Água de sabão: serve para controle de pulgão, tripés, mosca branca e ácaro.
• Rale uma colher de sopa de sabão de coco;
• Misture o sabão ralado em 5 litros de água e dissolva;
• Misture bem e depois pulverize as folhas.

Suco de pimenta: protege contra lagartas e pulgão.


• Separe 500g de pimenta vermelha, 4 litros de água e 5 colheres de sopa de sabão de coco em pó;
• Bata as pimentas no liquidificador com 2 litros de água e coe;
• Misture com sabão e coloque o restante da água;
• Pulverize nas folhas.

Suco de alho: é repelente para bactérias, fungos, nematoides e insetos em geral.


• Dissolva 50 gramas de sabão de coco em 4 litros de água quente;
• Junte duas cabeças de alho e 4 colheres de chá de pimenta vermelha;
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• Coe em pano fino e pulverize.

Pão caseiro: para combater formigas saúvas.


• Umedeça pequenos pedaços de pão caseiro em vinagre;
• Coloque os pedaços no caminho das formigas.

Agradecimentos
Agradeço imensamente ao Centro Cultural Casa da Luz, especialmente à Dani Mazzer e Paulinho Costa, pelo convite de realizar
as Oficinas de Hortas Orgânicas Urbanas, e ao idealizador e fundador da Casa da Luz, João Gorski Jr, pela abertura de novos
caminhos. E finalmente a todos que apoiam essa iniciativa de alguma forma. Chega de veneno!

Referências bibliográficas

CHAVES, Leslie; FACHIN, Patrícia. Agrotóxicos proibidos em vários países são usados no Brasil. Carta Maior, 2015. Disponível
em: <https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Meio-Ambiente/Agrotoxicos-proibidos-em-varios-paises-sao-usados-no-
Brasil/3/34320>.

Hortas Urbanas. Moradia Urbana com Tecnologia Social. Realização Instituto Polis / Projeto Moradia Urbana com Tecnologia
Social; Fundação Banco do Brasil / Banco de Tecnologias Sociais.

LEGAN, Lucia. Soluções sustentáveis – Permacultura na Agricultura Familiar. Pirenópolis, GO: Mais Calango Editora.
Pirenópolis, GO: Ecocentro IPEC – Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, 2007.

LEGAN, Lucia. A Escola Sustentável. Eco-alfabetizando pelo ambiente. 2.ed. atualizada e revisada. – São Paulo : Imprensa
Oficial do Estado de São Paulo, Pirenópolis, GO : Ecocentro IPEC, 2007.

LUCIA, Vorneis. Apostila de Horta Orgânica Urbana. Revisão: Tiago de Oliveira, São Roque, SP : Instituto Pro Humanitas,
InproH, 2017.

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