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QUARTA LIÇÃO
MORFOLOGIA E SINTAXE

4-0 Apesar do Sânscrito preservar muitas particularidades formais, que não mais encon-
tramos no Português, sua oração expressa idéias que também podem ser vistas em
nossa língua. Nas duas línguas em questão, a oração gramatical requer, tanto explí-
cita como implicitamente, certa categorização.

4-1 Todas as palavras do Sânscrito podem ser divididas aproximadamente em três tipos
básicos, que poderão, por ora, ser chamados de nomes (substantivos e adjetivos),
verbos e advérbios.

4-2 É importante de início entendermos que a única razão clara para essa classificação é
mais formal que prática. Em outras palavras, apesar do que tenhamos aprendido na
escola, devemos evitar pensar em nomes (substantivos) como “coisas” e verbos co-
mo “ações”.

4-3 A distinção que nos interessa é a seguinte:


a) Verbo finito, iTaxNTa tiìanta, é uma palavra que varia em pessoa, número,
tempo, modo e voz.
b) Nome declinável, SaubNTa subanta‚ é uma palavra que varia em caso, número
e gênero.
c) Partícula indeclinável, AVYaYaPad avyayapada, é uma palavra que nunca va-
ria (exceto quando afetada pelas regras de sandhi)

4-4 O VERBO SÂNSCRITO


Constitui o sistema verbal sânscrito várias tipos possiveis de conjugações e a trans-
formação de uma série de centenas de raizes verbais (dhätu), na sua maioria mo-
nossilábicas. Entretanto, devemos sempre ter em mente que muitas das formas
possíveis são de muito rara ocorrência. Portanto, para não nos confundir muito, i-
remos estudar apenas algumas delas.

4-5 VERBOS FINITOS


Verbo finito é uma raiz verbal, qualificada pelas variações de pessoa, número, tem-
po, modo, e voz. Tais modificações ou qualificações compreendem a conjugação de
um verbo. No sânscrito o verbo finito é o coração da oração. Sem um verbo finito,
expresso ou implícito, não poderá haver uma oração gramatical completa ou inde-
pendente. De outro lado, um verbo finito por si próprio poderá (com o sujeito mate-
rialmente expresso ou não) constituir o mínimo de uma oração.
Exemplos:
PaXYaaMa" ) paçyämaù (nós vemos.); hNYaTae ) hanyate (ele é morto.);
TYaJaeTa( ) tyajet (abandone ele.); i^NdiNTa ) chindanti (eles cortam.);
k-irZYaiTa ) kariñyati (ele fará.); >avTau ) bhavatu (deixe ser.);
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JaGaaMa ) jagäma (ele foi.); AiSMa ) asmi (eu sou.);

4-6 Assim, o verbo finito é a chave de qualquer oração ou período, e tem de ser discer-
nido e compreendido a fim de se construir a oração, e referiremos a ele repetida-
mente quando estivermos tratando da leitura da oração do sânscrito.

4-7 Como já pudemos observar nos exemplos acima, uma única palavra trata de especi-
ficar a ação, a pessoa (1.a, 2.a e 3.a) e o número do ator ou atores, o tempo da ação
(i.e. uma descrição, uma prescrição, um mandamento, um desejo etc. ) e até mesmo
a distinção entre voz ativa e voz média. Todas essas categorias na verdade encon-
tram-se especificadas num dado verbo finito sânscrito, codificado numa forma ver-
bal determinada pela presença ou ausência duma série de unidades sub-verbais.

4-8 Estas unidades são inter-relacionadas e podem variar conforme outros determinantes
na mesma palavra.

4-9 PESSOA
A “Pessoa” gramatical especifica a relação existente entre o(s) agente(es) ou sujei-
to(s) da ação de um verbo finito, o(s) usuário(s) ou orador(es) da oração na qual o
verbo participa e a audiência (pessoa, coisa ou grupo) a que a oração se dirige. As
três relações possíveis são:
a) Primeira Pessoa - “eu” representa a pessoa que fala; o agente e o orador são
os mesmos.
Exemplo: AaGaC^aiMa ) ägacchämi. (Eu estou vindo.)
b) Segunda Pessoa - “tu” representa a pessoa com que falamos; o agente e a au-
diência são os mesmos.
Exemplo: TatvMaiSa) tat tvam asi. (Tu és aquilo.)
c) Terceira Pessoa - “ele, ela” representa a pessoa ou coisa de que falamos; o
agente não é o orador, nem a audiência.
Exemplos: raMaae vdiTa ) rämo vadati. (Räma fala.)
deva NaNdiNTa ) devä nandanti. (Os deuses se regozijam.)

4-10 Todas essas pessoas, assim como no português, têm seu plural. Nós é o plural de eu;
vós é o plural de tu; eles (ou elas) é o plural de ele (ela). Todos são portanto consi-
derados, em suas aplicações específicas, sujeitos do verbo.

4-11 Como estaremos utilizando a “terminologia gramatical tradicional”, seria importan-


te observar que, enquanto o português sempre cita os verbos no “infinitivo”, no
sânscrito eles são sempre citados na “terceira pessoa do singular”.
Exemplo: Português : adorar;
Sânscrito : >aJaiTa ) bhajati (ele adora).
Em sânscrito a “terceira pessoa” é denominada prathama-puruña (que literalmente signi-
fica “primeira pessoa”). A “segunda pessoa” é chamada de madhyama-puruña
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(que significa “pessoa intermediária”). E finalmente a “primeira pessoa” recebe o


nome de uttama-puruña (que significa “última pessoa”). Podemos ver então que,
quanto às pessoas gramaticais, os estudantes de sânscrito indianos sempre aprende-
ram os paradigmas verbais “às avessas” comparado com o método utilizado nos pa-
radigmas utilizados no Ocidente.

4-12 NÚMERO
Uma das flexões dos verbos finitos é a flexão numérica, isto é, de acordo com o
número de sujeitos (ou, em certos casos [Veja lição 9], de objetos) podem ficar,
como no português, no “singular” ou no “plural” . O sânscrito possui, como o gre-
go, um terceiro número, o “dual”, com desinência especial, que é utilizada com
verbos de dois sujeitos. O nome sânscrito e as funções dos números gramaticais são:
a) Singular - Wk-vcNaMa( ekavacanam (“fala para um”), um sujeito;
Exemplo:
Xauk-ae vdiTa ) çuko vadati (O papagaio fala.)
b) Dual - iÜvcNaMa( dvivacanam (“fala para dois”), dois sujeito;
Exemplo:
Xauk-aE vdTa ) çukau vadataù(Os dois papagaios falam.)
c) Plural - bhuvcNaMa( bahuvacanam (“fala para muitos”), três ou mais
sujeitos.
Exemplo:
Xauk-a vdiNTa ) çukä vadanti ( Os papagaios falam.)

4-13 Sabemos que o verbo indica ação ou resultado da ação (estado), mas o ato por ele
expresso pode ser praticado em épocas diferentes, e daí temos a “flexão temporal”,
que visa indicar a época, o tempo em que se realiza a ação verbal.
O tempo pode ser encarado no presente (vartamäna käla), no passado (bhüta käla)
e no futuro (bhaviñyat käla). Esses tempos não correspondem exatamente aos tem-
pos verbais do sânscrito, que serão tratados individualmente mais tarde.
Exemplos:
raMaae vNa& GaC^iTa )
rämo vanaà gacchati (Räma vai à floresta.);
raMaae vNa& AGaC^Ta( )
rämo vanaà agacchat (Räma foi à floresta.);
raMaae vNa& GaiMaZYaiTa )
rämo vanaà gamiñyati (Räma irá à floresta.);
vNa& JaGaMaeiTa v+YaiTa )
vanaà jagameti vakñyati (Ele dirá: “Eu fui à floresta.”).

4-14 MODO
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Como a própria palavra já diz, “modo” na conjugação de um verbo indica a forma


como se realiza a ação expressa pelo verbo ou como o agente ou sujeito estão rela-
cionados com a ação. Temos então os três modos verbais que são o “indicativo”
(descrição ou narração), o “imperativo” (ordem, comando) e o “optativo ou poten-
cial” (conselho, insinuação, prescrição, desejo, encorajamento, possibilidade). O
que foi dito em relação à correspondência dos tempos do sânscrito se aplica igual-
mente ao modo verbal.
Exemplos”
raMaae vNa& GaC^iTa )
rämo vanaà gacchati (Indicativo - Räma vai à floresta.);
he raMa, vNa& GaC^ )
he räma, vanaà gaccha (Imperativo - Ó Räma, vá à floresta.);
raMaae JaGaMaeiTa v+YaiTa )
rämo vanaà gacchat (Optativo - Que Räma vá à floresta.).

4-15 VOZ
A voz indica a forma como a ação ou estado do verbo se refere ao sujeito. A classi-
ficação ou distinção quanto à voz é um dos aspecto mais sutil do sânscrito, que de
início, se não for bem entendido, pode gerar alguma confusão. Resumindo, temos
duas categorias de vozes, que são indicadas juntamente com a pessoa e o número,
nos paradigmas da flexão verbal. Mas o curioso nesse caso, não é a dificuldade de
memorização delas, Tal dificuldade é mínima, pois as terminações ou desinências
desses dois grupos são bem parecidas entre si. A verdadeira dificuldade reside no
fato de que, apesar de no sânscrito a voz já ter perdido a sua importância semântica,
ela ainda persiste como uma formalidade por demais importante para ser negligen-
ciada.

4-16 Em sânscrito, conforme as vozes verbais, o verbo se classifica em:


a) Parasmaipada - Wk-vcNaMa( (“fala para outro”),
Eqüivale à voz Ativa - aquela que o sujeito pratica a ação verbal.
Exemplo: raMaae vdiTa ) rämo vadati (Räma fala.[ o sujeito pratica a
ação de falar.] )
b) Ätmanepada - iÜvcNaMa( (“fala para si próprio”),
Eqüivale a voz Média (ou Reflexiva) - aquela que indica que o sujeito realiza
a ação verbal em benefício próprio.
Exemplo: Xauk-ae >aazTae ) çuko bhäñate (O papagaio fala para si.[ o sujei-
to sofre o efeito de falar.] )
Devemos ter o cuidado de não confundir o par parasmaipada/ätmanepada com
par ativo/passivo. Porque na construção da oração na voz Passiva - aquela em que o
sujeito sofre a ação verbal - também se utiliza as desinências do Ätmanepada; com
o qual coincide, exceto nos tempos do presente e imperfeito (onde forma seu radi-
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cal como o sufixo “ya”), e na terceira pessoa singular do aoristo. (Veja Nona Lição
)

4-17 VERBOS UBHAYAPADA


A maioria das raízes verbais (dhätu) do sânscrito clássico são conjugadas no pa-
rasmaipada ou no ätmanepada. Mas muitas delas podem, sob certas condições, se-
rem conjugadas em ambos os padas. Tais raízes recebem o nome de ubhayapada
(“fala para ambos”).
Na verdade para facilitar a compreensão dos paradigmas verbais e evitar confusões,
iremos citar os dhätus somente no pada em que ocorrem com mais freqüência, e
portanto mais importante de ser conhecido. Assim sendo, algumas da raízes citadas
nessa obra como parasmaipada ou como ätmanepada poderão ser de fato ubha-
yapada.
Encontramos nos léxicos e glossários que as raízes verbais vêm sempre seguidas
pelos símbolos “P”, “Ä” e “U”, que indicam respectivamente parasmaipada,
ätmanepada e ubhayapada. Mas como já explicamos não iremos utilizar aqui a
terminologia e conseqüente abreviatura do ubhayapada.

4-18 São essas, portanto, as principais categorias na conjugação verbal do sânscrito. Ob-
viamente, tendo no todo três pessoas, três números, cerca de cinco modos, quatro
tempos e duas vozes, poderá ocorrer no verbo sânscrito uma grande variedade de
formas.

4-19 PRESENTE DO INDICATIVO - VARTAMANE LAÖ


Os gramáticos da língua sânscrita, objetivando clareza e brevidade, denominaram
cada um dos tempos verbais com uma pequena palavra código. Esses códigos cons-
tituem-se da letra “l” ( l( ) seguida de uma vogal e uma consoante. Eles são utili-
zados freqüentemente em conjunto com outras palavras que indicam o tempo relati-
vo do passado (>aUTa bhüta), presente (vTaRMaaNa vartamäna) ou futuro (>aivZYa
bhaviñya). Um dos tempos mais comuns e úteis é o presente do indicativo, que é
usado na descrição ou narrativa de ações, estados ou fatos ocorridos no presente (re-
lativo), ou mesmo no passado e futuro imediatos. Os gramáticos chamam esse tem-
po de vTaRMaaNae l/$(.

4-20 As desinências ou terminações do vTaRMaaNae l/$(. vartamäne laö são as seguintes:

Terminações ParSMaEPad parasmaipada (ativa)


eka-vacana dvi-vacana bahu-vacana
(singular) (dual) (plural)
prathama-puruña
(terceira pessoa)
iTa -ti (ele) Ta" -taù (eles dois) AiNTa -anti (eles)
madhyama-puruña
(segunda pessoa)
iSa -si (tu) Qa" -thaù (vós dois) Qa -tha (vós)
uttama-puruña
(primeira pessoa)
iMa -mi (eu) v" -vaù (nós dois) Ma" -maù (nós)
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Terminações AaTMaNaePad ätmanepada (média ou reflexiva)


eka-vacana dvi-vacana bahu-vacana
(singular) (dual) (plural)
prathama-puruña
(terceira pessoa)
Tae -te (ele) ATae -ate (eles dois) ANTae -ante (eles)
madhyama-puruña
(segunda pessoa)
Sae -se (tu) AaQae -äthe (vós dois) ße -dhve (vós)
uttama-puruña
(primeira pessoa)
W -e (eu) vhe -vahe (nós dois) Mahe -mahe (nós)

Exemplos:
raMaae vNa& GaC^iTa ) rämo vanaà gacchati (Räma vai à floresta.)
SaqTaal/+Ma<aviPa vNa& GaC^Ta" ) sétä-lakñmaëav api vanaà gacchataù
(Sétä e Lakñmana também vão à floresta.)
SaqTae ik&- >aazSae ) séte kià bhäñase (Sétä, o que dizes[ para ti].)
Ya}a GaC^iNTa vqraSTa}aaiPa GaC^aMYahMa( ) yatra gacchanti véräs taträpi
gacchämy aham (Onde forem os heróis, lá também irei eu.)
SaaDau vYaMaiPa GaC^aMa" ) sädhu vayam api gacchämaù
(Muito bem, nós também vamos.)
Podemos observar que existem indicações na desinências que caracterizam a pessoa,
número e voz.
a) O “i” ( w ) é típico do singular ativo (ekavacanam parasmaipada) e da ter-
ceira pessoa do plural ativa (prathama-puruña bahuvacanam parasmaipa-
da).
b) O “e” ( W ) é característico de todas as declinações ätmanepada.
c) O “t” ( Ta( ) é característico da terceira pessoa do singular (prathama-puruña
ekavacanam), tanto ativo (parasmaipada) como médio (ätmanepada).
Veja bem que a desinência da primeira pessoa do singular (uttama-puruña ekava-
canam) média(ätmanepada) é simplesmente o “e” ( W ), sem qualquer consoante
caracterizante.
O contraste entre as vozes pode visto no seguinte esquema:
Parasmaipada ParSMaEPad Ätmanepada AaTMaNaePad
-ti iTa -te Tae
-si iSa -se Sae
-mi iMa -e W

4-21 Os paradigmas dos verbos vd(  vad “falar” parasmaipada e >aaz(  bhäñ “fa-
lar [para si]” ätmanepada são os seguintes:

 vad
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(P) eka-(singular) dvi-(dual) bahu-(plural)


Prathama-
vdiTa vadati vdTa" vadataù vdiNTa vadanti
Madhyama
vdiSa vadasi vdQa" vadathaù vdQa vadatha
Uttama-
vdaiMa vadämi vdav" vadävaù vdaMa" vadämaù
 bhäñ
(Ä) eka-(singular) dvi-(dual) bahu-(plural)
Prathama
>aazTae bhäñate >aazeTae bhäñete >aazNTae bhäñante
Madhyama
>aazSae bhäñase >aazeQae bhäñethe >aazQve bhäñathve
Uttama-
>aaze bhäñe >aazavhe bhäñävahe >aazaMahe bhäñämahe

4-22 Também devemos assimilar com urgência as regras seguintes:


a) Quando a vogal “a” ( A ) antecede qualquer uma das terminações verbais aci-
ma, que comecem com “m” ( Ma( ) ou com “v” ( v( ), ela é alongada.
Exemplos:
vdiTa ) vadati (ele fala); vdaiMa ) vadämi (eu falo);
GaC^iTa ) gacchati (ele vai); GaC^av" ) gacchävaù (nós dois vamos).
b) Quando a vogal “a” ( A ) antecede qualquer uma das duas terminações da ter-
ceira pessoa do plural (prathamapuruña bahuvacanam), ela cai.
Exemplos:
GaC^ gaccha + AiNTa anti  GaC^iNTa ) gacchanti (eles vão.)
>aaz bhäña + ANTae ante  >aazNTae ) bhäñante (eles falam [consigo]. )
c) Quando a vogal “a” ( A ) antecede a terminação da primeira pessoa do singu-
lar medial (uttamapuruña ekavacanam ätmanepada), ela cai.
Exemplos:
MaNYa manya + Tae te  MaNYaTae ) manyate (ele pensa [consigo].)
MaNYa manya + W e  MaNYae ) manye (eu penso [comigo]. )
d) Depois da vogal “a” ( A ), a inicial “ä” ( Aa ) das terminações da segunda e
terceira pessoas do dual medial (prathama e madhyamapuruña dvivacanam
ätmanepada), transforma-se no fonema “e” ( W ), tal qual na regra anterior, o “a” (
A )cai.
Exemplos:
MaNYa manya + AaTae äte  MaNYaeTaee ) manyete (eles dois pensam [consigo].)
e) Depois de qualquer fonema, fora o “a” ( A ), o nasal “n” ( Na( ) da terminação
da terceira pessoa do plural medial (prathamapuruña bahuvacanam ätmanepada)
cai.
Exemplos:
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YauÅ( yuïj +ANTae ante (Ä)  YauÅTae ) yuïjate (eu [se] junge. )
YauÅ( yuïj +AiNTa anti (P)  YauÅiNTa ) yuïjanti (ele junge.) [não cai, pois é P]

4-23 A RAIZ VERBAL “AS” (SER)


Uma das raízes verbais mais comuns e úteis do sânscrito é o verbo ASa(  as “ser”.
Ele é utilizado geralmente no sentido de “haver” ou “existir” e em especial desem-
penha o papel de cópula para estabelecer predicação do tipo “A e B”, onde A e B
são dois substantivos ou um é substantivo e outro adjetivo. Uma peculiaridade desse
verbo é que, ao ser utilizado como cópula, não aparece na oração, ficando “oculto”
ou “subentendido”.
Exemplos:
ASTYaiSMaNdeXae Na*Pa" ) asty asmin deçe nåpaù ( Há um rei neste país.)
SvGaeR SaiNTa dev" ) svarge santi deväù ( Os deuses estão no céu.)
raMaae Na*Pa" ) rämo nåpaù [ asti subentendido] ( Räma [ é ] rei.)
k-ak-a" k*-Z<a" ) käkäù kåñëaù [ santi subentendido] (Corvos [ são ] negros.)
vaNarae_iSMa ) vänaro ‘smi ( Eu sou um macaco.)
vaNarae_hMa( ) vänaro ‘ham [ asmi subentendido] (Eu [ sou ] macaco.)
Com a freqüente omissão da cópula poderá surgir uma dificuldade de se diferenciar
entre um adjetivo predicativo e um adjetivo explicativo, ou seja, entre nomes que
estão em “relação predicativa” e aqueles que estão em “aposição”. Por exemplo, a
frase k*-Z<a" k-ak-" kåñëaù käkaù poderá significar “o corvo é negro”, ou “corvo
negro”. Da mesma forma dXarQaae Na*Pa" daçaratho nåpaù poderá significar “Daça-
ratha é rei” ou “o rei Daçaratha”. Nesses e em outros exemplos a única orientação
segura estará no contexto da oração. Tudo fica bem mais claro em orações como a
seguinte:
k*-Z<a" k-ak-ae v*+ae vSaiTa kåñëaù käko våkñe vasati, “o corvo negro mora na ár-
vore”, e dXarQaae Na*Pa" Sau%& JaqviTa daçaratho nåpaù sukhaà jévati, “rei Daçara-
tha vive feliz”, onde não entra a cópula.

4-24 Memorize imediatamente o paradigma do vTaRMaaNae l/$( vartamäne laö -


“PRESENTE DO INDICATIVO” deste importantíssimo verbo.
 as (P) eka- (singular) dvi-(dual) bahu-(plural)
Prathama-
AiSTa asti (ele é) STa" staù (eles dois são) SaiNTa santi (eles são)
Madhyama
AiSa asi (tu és) SQa" sthaù (vós dois sois) SQa stha (vós sois)
Uttama-
AiMa ami (eu sou) Sv" svaù (nós dois somos) SMa" smaù (nós somos)
obs.: Suas irregularidades serão discutidas mais tarde em outros capítulos.


Verbo que liga o atributo ao sujeito
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4-25 DECLINAÇÕES OU FLEXÕES NOMINAIS


As formas nominais, em especial os substantivos, juntamente com os verbos finitos
constituem o esqueleto da oração sânscrita. Assim como os verbos são “conjuga-
dos” (i.e., variam conforme a pessoa, número, tempo, modo e voz), da mesma for-
ma, os nomes são “declinados” (i.e., variam conforme o gênero, número e caso
gramatical).

4-26 GÊNERO - LIÌGA


Gênero é uma característica bem definida na flexão nominal do sânscrito. Assim
como no latim, grego, alemão e russo, no sânscrito temos três gêneros:
a) Masculino - Pau&il/® puàliìga (ou Pauåzil/® puruña-liìga)
b) Feminino - ñqil/® stréliìga (ou l/+Maqil/® lakñmé-liìga)
c) Neutro - NaPau&Sak-il/® napuàsakaliìga (ou b]øil/® brahma-liìga)
Os gêneros são “naturais” no que diz respeito aos animais e pessoas, geralmente
masculinos ou femininos conforme o sexo, mas na sua maior parte as palavras sim-
plesmente pertencem a um determinado gênero. O critério de determinação do gêne-
ro dessas palavras é algo arbitrário; portanto devemos simplesmente apreender as
palavras com seus gêneros corretos.
Exemplos:
Pauåz" puruñaù (m. homem.); devq devé (f. deusa.);
>aaYaaR bhäryä (f. esposa.); k-NYaa kanyä (f. donzela.).
Mas,
iMa}aMa( mitram (n. amigo.); Ga]NQa" granthaù (m. livro.);
PauSTak-Ma( pustakam (n. Livro.).
Os adjetivos não possuem gênero próprio, mas concordam com o gênero dos nomes
que modificam.

4-27 NÚMERO - VACANAM


Como ocorre com os verbos (4-12), os nomes são do singular, dual ou plural, de-
pendendo se a pessoa, local, coisa, ação etc., representados pelo nome, são um, dois
ou mais de dois.
Exemplos:
AJa" ajaù (bode.); AJaaE ajau (dois bodes.); AJaa" ajäù (bodes.).
Obs.: A categoria do número é a única aplicada simultaneamente aos verbos e nomes.
Devido ao que, os verbos e seus sujeitos ou objetos (veja Nona Lição) tem sempre
que concordar em número entre si.
Exemplos:
Pauåzae GaC^iTa ) puruño gacchati (O homem vai.);
PauåzaE GaC^Ta" ) puruñau gacchataù (Os dois homens vão.);
Pauåza GaC^iNTa ) puruñä gacchanti (Os homens vão.).
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4-28 CASO - VIBHAKTI


De acordo com a relação que o nome tenha com o verbo, ou seja, de acordo com a
sua função sintática (sujeito, objeto, predicado etc.) que ele exerce na oração, o
mesmo tem uma terminação, desinência, um caso especial. Para substituir os casos
o português utiliza aos preposições, o artigo e a disposição das palavras na oração;
essa é a razão por que se diz que o sânscrito é uma língua sintética e o português
uma língua analítica:
Exemplo: namaù kåñëasya (2 palavras); O nome de Kåñëa (4 palavras).

4-29 Existem sete funções de caso diferenciadas no sânscrito. Tal fato, apesar de assustar
os iniciantes pelo seu número, proporciona um sistema de declinações muito mais
lógico, com suas definições sutis, do que ocorre em as outras línguas indo-
européias, que têm que definir as mesmas relações gramaticais com um número bem
menor de casos. Os sete casos recebem o nome de iv>ai¢- vibhakti (lit. “diferenci-
ação”) e são identificados pelos sete primeiros numerais ordinais do sânscrito. A
seguir teremos os casos com seus nomes em sânscrito, nome ocidental, principais
funções e preposições que os traduzem para o português:
1 - Pa[QaMaa prathamä (primeiro) - Nominativo
caso do sujeito(na voz ativa) ou predicativo.
2 - iÜTaqYa dvitéya (segundo) - Acusativo
caso do objeto direto.
3 - Ta*TaqYaa tåtéyä (terceiro) - Instrumental
caso do agente, instrumento ou sujeito (na voz passiva).
[com, a, de, por meio de, através de, na companhia de.]
4 - cTauQas caturthé (quarto) - Dativo
caso do objeto indireto.
[a, para.]
5 - PaÄMaq païcamé (quinto) - Ablativo
caso do adjunto adverbial que expressa procedência, causa, razão.
[de, por causa de, devido a.]
6 - zïq ñañöhé (sexto) - Genitivo
caso do adjunto adnominal restritivo de sentido possessivo.
[de.]
7 - SaáMaq saptamé (sétimo) - Locativo
caso do adjunto adverbial de lugar ou que expressa situação, localização.
[Em, entre, pelo, perto de.]
Exemplo: (os números acima das palavras indicam os casos)
dXarQaSYa vcNa& é[uTva NaGaraNa( iNa"Sa*TYa )
l/+Ma<aeNa SahehaGaTYa DaMaaRYa vNae vSaiTa raMa" ))
daçarathasya(6) vacanaà(2) çrutvä(verbo1), nagarän(5) niùsåtya (verbo2)
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lakñmaëena(3) sahehägatya (verbo3), dharmäya(4) vane(7) vasati (verbo4)


rämaù(1)
“Tendo ouvido(verbo1) as palavra(2) de Daçaratha(6), tendo vindo(verbo2) da
cidade(5),
e tendo vindo aqui(verbo3) com Lakñmana (3) Räma(1), vive(verbo2) na flores-
ta(7) por causa do dever (4).”

A essa lista podemos somar um oitavo item, que não chega bem a ser um caso. Tra-
ta-se do vocativo, ou Sa&>aaeDaNaMa( saàbhodhanam, a forma apelativa ou chamativa.
Exemplo:
hre k*-Z<a hre k*-Z<a k*-Z<a k*-Z<a hre hre )
hre raMa hre raMa raMa raMa hre hre ))
hare kåñëa hare kåñëa kåñëa kåñëa hare hare,
hare räma hare räma räma räma hare hare
“Ó Harä! (rädhä), ó Kåñëa!, ó Harä! (rädhä), ó Räma!”

4-30 Os nomes no sânscrito possuem várias declinações, que dependem da estrutura fo-
nológica (final do radical ou tema) e do gênero inerente.

4-31 DECLINAÇÃO NOMINAL


Apesar de ser prática comum no Ocidente enunciar os nomes do sânscrito em seu
radical ou tema, iremos utilizar outro método. Para os temas em “a” ( A ) iremos
aprender os nomes em sua forma nominativa do singular. Dessa maneira o gênero
de cada item poderá ser apreendido juntamente com a própria palavra. Essas formas
do nominativo devem ser citadas se estiverem em posição final absoluta. Exem-
plos:
enuncie Pauåz puruña como Pauåz" puruñaù (nom. sing. masc., Homem);
enuncie PauSTak- pustaka como PauSTak-Ma( pustakam (nom. sing. neut., Livro).
Nomes terminados em outras vogais, em especial o “å” ( ‰ ), e em consoantes de-
vem ser aprendidos em ambas as formas do tema e do nominativo do singular.
Exemplos:
iPaTa* pitå [tema] iPaTaa pitä [nominativo]  (m. Pai);
raJaNa( räjan [tema] raJaa räjä [nominativo]  (m. Rei);
b]øNa( brahman [tema] b]ø brahma [nominativo]  (n. Absoluto);
b]øa brahmä [nominativo]  (m. Demiurgo);

4-32 DECLINAÇÃO DOS TEMAS EM “A”(MASCULINO E NEUTRO)


PUÀ-LIÌGA kåñnaù s.m.
(Masc.)


Forma onde as terminações já podem ser afixadas diretamente
53

“O Senhor Todo-
Atrativo”
eka-vacanam dvi-vacanam bahu-vacanam
Singular Dual Plural
prathamä k*-Z<a" k*-Z<aaE k*-Z<aa"
Nominativo kåñëaù kåñëau kåñëäù
dvitéyä k*-Z<aMa( k*-Z<aaE k*-Z<aaNa(
Acusativo kåñëam kåñëau kåñëän
tåtéyä k*-Z<aeNa k*-Z<aa>YaaMa( k*-Z<aE"
Instrumental kåñëena kåñëäbhyäm kåñëaiù
caturthé k*-Z<aaYa k*-Z<aa>YaaMa( k*-Z<ae>Ya"
Dativo kåñëäya kåñëäbhyäm kåñëebhyaù
païcamé k*-Z<aaTa( k*-Z<aa>YaaMa( k*-Z<ae>Ya"
Ablativo kåñëät kåñëäbhyäm kåñëebhyaù
ñañöé k*-Z<aSYa k*-Z<aYaae" k*-Z<aaNaaMa(
Genitivo kåñëasya kåñëayoù kåñëänäm
saptamé k*-Z<ae k*-Z<aYaae" k*-Z<aezu
Locativo kåñëe kåñnayoù kåñëeñu
saàbodhanam ( he ) k*-Z<a ( he ) k*-Z<aaE ( he ) k*-Z<aa"
Vocativo (he) kåñëa (he) kåñëau (he) kåñëäù
NAPUÀSAKA- vanam s.n.
LIÌGA (Neutr.) “floresta”
eka-vacanam dvi-vacanam bahu-vacanam
Singular Dual Plural
prathamä vNaMa( vNae vNaaiNa
Nominativo vanam vane vanäni
dvitéyä vNaMa( vNae vNaaiNa
Acusativo vanam vane vanäni
tåtéyä vNaeNa vNaa>YaaMa( vNaE"
Instrumental vanena vanäbhyäm vanaiù
caturthé vNaaYa vNaa>YaaMa( vNae>Ya"
Dativo vanäya vanäbhyäm vanebhyaù
païcamé vNaaTa( vNaa>YaaMa( vNae>Ya"
Ablativo vanät vanäbhyäm vanebhyaù
ñañöé vNaSYa vNaYaae" vNaaNaaMa(
Genitivo vanasya vanayoù vanänäm
saptamé vNae vNaYaae" vNaezu
Locativo vane vanayoù vaneñu
saàbodhanam ( he ) vNa ( he ) vNae ( he ) vNaaiNa
54

Vocativo (he) vana (he) vane (he) vanäni

4-34 A declinação dos temas masculinos e neutros diferem somente no primeiro e


segundo casos (nominativo e acusativo). Isso também é válido para praticamen-
te todos os grupos de nomes masculinos e neutros que possuam o mesmo tema.

4-35 A forma do vocativo(saàbodhanam) se diferencia do nominativo (prathamä


- primeiro caso) somente no singular. Tal princípio também aplica-se a todos os
nomes, independentemente do tema ou do gênero.

4-36 MEMORIZAÇÃO DOS PARADIGMAS


No aprendizado do sânscrito é necessário decorarmos pelo menos os principais
paradigmas, se quisermos evitar as consultas constantes aos livros de gramática.
Iremos aprender os paradigmas pelo método tradicional indiano, i.e., caso por
caso através do número. Dessa forma, a declinação do nome kåñëaù deverá ser
enunciada na ordem seguinte:
kåñëaù / kåñëau / kåñëäù ; kåñëam / kåñëau / kåñëän; etc.
Da mesma forma, a conjugação dos verbos deve ser apreendida pessoa por pes-
soa através do número. Assim na conjugação do verbo vadati teremos:
vadati / vadataù / vadanti ; vadasi / vadathaù / vadatha; etc.

4-37 TERMOS DA ORAÇÃO - O PREDICADO (KRIYÄPADA) E O


SUJEITO AGENTE (KARTÅ)
a) Predicado
Como já foi antes mencionado (4-6) a forma verbal finita no sânscrito deve ser
considerada como o coração, ou melhor, como o requisito básico e mínimo
necessário para a existência da oração. Essa forma verbal, considerada co-
mo o “predicado, ” um dos termos essenciais da oração, recebe o nome de
i§-YaaPad kriyäpada, (lit. “Palavra ação”) porque é a expressão da ação ou
estado indicado pelo DaaTau dhätu (raiz verbal)
b) Sujeito Agente
Outro termo essencial da oração é o k-Ta*R kartå (lit. “agente”) ou “sujeito”. O
k-Ta*R kartå indica a pessoa, coisa, local ou mesmo algo abstrato que leva a
cabo a ação ou experimenta o estado ou condição expressa pelo DaaTau dhätu
(raiz verbal). Todas as orações necessariamente tem de ter um verbo finito
(senão uma forma equivalente) e um sujeito. Tal sujeito deverá ser um nome
substantivo, pois a essa classe de palavras cabe nomear as pessoas e coisas.
Assim como ocorre com o predicado, o sujeito pode ou não estar explicita-
mente representado por palavras na oração.
Assim, na oração raMa" PaXYaiTa ) rämaù paçyati (Räma vê.), a palavra PaXYai-
Ta paçyati (vê), que é a terceira pessoa (prathamapuruña) do singular (e-
kavacanam) da voz ativa (parasmaipada) do presente do indicativo
55

(vartamäne laö) da raiz PaXa( paç (ver), é claramente o predicado


(kriyäpada). A terminação  iTa -ti aqui está indicando o número do sujei-
to. Quando perguntamos “quem vê?”, temos de responder “Räma”. Räma,
então, é o k-Ta*R kartå ou sujeito, aquele que executa a ação de “ver”. É im-
portante observarmos aqui, para posteriores consultas, que o sujeito ( k-Ta*R
kartå ) nas orações do sânscrito é sempre o “agente da ação”, não impor-
tando ser a oração “ativa” ou “passiva”.
Assim então, apesar de “cão” ser o sujeito da oração em português, “o cão
morde o homem”, e “o homem” transformar-se em sujeito, quando dizemos
“o homem é mordido pelo cão”, os gramáticos do sânscrito não teriam dúvi-
da alguma em afirmar que “o cão”, o mordedor, é o k-Ta*R kartå (sujeito a-
gente) de ambas orações.

4-38 VERBOS TRANSITIVOS (SAKARMAKA-DHÄTU), VERBOS


INTRANSITIVOS (AKARMAKA-DHÄTU) E OBJETO DIRETO
(KARMAN)
Temos de distinguir o dhätu verbal conforme sua capacidade ou não de expres-
sar uma ação que tenha, além do k-Ta*R kartå (sujeito agente) necessário, um re-
ceptor direto e imediato de sua força verbal. Assim como toda ação requer uma
causa (ou agente), da mesma forma toda ação produz um efeito. Este efeito po-
derá ser definido como o receptor da ação verbal. Essa distinção corresponde
exatamente à diferença entre os verbos transitivos e os intransitivos.
O efeito ou receptor imediato da força verbal, em sânscrito, recebe o nome de
k-MaRNa( karman ou objeto. Observamos, entretanto, que existem outros dhätus
que não produzem efeito algum, ou seja, não expressam ação que seja dirigida a
qualquer objeto. Tal diferenciação dos dhätus, no sânscrito, corresponde à divi-
são lógica das raízes verbais em Sak-MaRk-DaaTau sakarmaka-dhätu (raízes com
objeto) e Ak-MaRk-DaaTau akarmaka-dhätu (raízes sem objeto).
Geralmente, é certo afirmarmos que determinada raiz verbal sânscrita é Sak-MaRk-
sakarmaka quando o seu equivalente em português é transitivo; o mesmo será
válido para as raízes Ak-MaRk- akarmaka, consideradas intransitivas.
Importante observarmos como no sânscrito se lida com os verbos de movimen-
to. Apesar de, em muitas outras línguas, tais verbos na sua maioria serem con-
siderados como intransitivos, é prática comum do sânscrito colocar o destino
do movimento indicado pelo verbo, um adjunto adverbial, no caso adequado
para um objeto genuíno.
Assim, na oração raMaae Na*Pa& PaXYaiTa ) rämo nåpaà paçyati (Räma vê o rei.),
Na*Pa" nåpaù (o rei), aquele que é visto, é o karman ou o objeto direto do dhätu
PaXa( paç (ver). Isso também independe da oração ser ativa ou passiva. Além
56

disso, na oração raMaae vNa& GaC^iTa ) rämo vanaà gaccha-ti (Räma vai à flo-
resta.), vanam, o destino da ida de Räma, é tratado como se fosse um objeto
direto (apesar de, em português, o verbo “ir” ser intransitivo e “à floresta” um
adjunto adverbial de lugar.)

4-39 CASOS E SUAS FUNÇÕES


Não seria inteiramente correto dizermos que cada caso possui uma única e ex-
clusiva função sintática. Alguns dos casos, em diferentes contextos, poderão ter
várias funções, enquanto que uma função poderá ser exercida por mais de um
caso. Além do que, até mesmo uma língua tão erudita como o sânscrito de-
monstra às vezes algumas construção que os parecem ser “vagas”, onde um ca-
so é forçado a ter uma função estranha à sua própria. Mas no geral, cada caso
tem, se não uma única, uma série bem restrita de usos. Iremos apreender os u-
sos mais significativos.

4-40 CASO NOMINATIVO (PRIMEIRO CASO - PRATHAMÄ VIBHAKTI)


O nominativo ou Pa[QaMaa iv>ai¢- prathamä vibhakti tem uma variedade de
funções. Todas elas podem ser agrupadas sob a categoria de “funções denomi-
nativas”. Ele é único entre os casos, visto que é utilizado para nomear e especi-
ficar os termos da oração estabelecidos pelo forma finita do verbo. Assim en-
tão, havendo na oração um componente nominal no prathamä-vibhakti, ele
deverá concordar em número com o verbo finito, não importando estar este
verbo presente ou oculto na oração. A aplicação completa dessa afirmação mis-
teriosa não ficará bem clara até que tenhamos estudado a Nona Lição. Até lá,
será suficiente dizermos que geralmente se utiliza o nominativo, nas orações,
para indicar o sujeito de um verbo finito. Ele também é o caso usado na citação
de nomes
Exemplos:
Na*Paae vdiTa ) nåpo vadati (O rei fala.)
b]aø<aaE Na*Pa& PaXYaTa" ) brähmaëau nåpaà paçyataù
(Os dois brähmaëas reis vêem o rei.)
Ta}a PauSTak-aiNa Na SaiNTa ) tatra pustakäni na santi (Não há livros lá.)

4-41 CASO ACUSATIVO (SEGUNDO CASO - DVITÉYÄ VIBHAKTI)


O caso acusativo ou iÜTaqYaa iv>ai¢- dvitéyä vibhakti é predominantemente o
caso objetivo e designa a maior parte das vezes o objeto direto (próximo), ou-
tras o objeto indireto (remoto) bem como a direção ou objetivo de um verbo de
movimento.
Exemplos:
Pauåzae Ma*Ga& hiNTa ) puruño mågaà hanti(O homem mata o veado.)
b]aø<aa" PauSTak-aiNa PaXYaiNTa ) brähmaëäù pustakäni paçyanti
(Os brähmaëas vêem os livros.)
57

GaaePaal/ae v*z& NaYaiTa ) gopälo våñaà nayati (O vaqueiro conduz o boi.)


O caso acusativo pode também ter a função de expressar espaço e tempo.
Exemplos:
YaaeJaNa& GaC^iTa ) yojanaà gacchati
(Ele vai [anda] por um yojana [nove milhas].)
raMa" Sa&vTSar& vNae vSaiTa ) rämaù saàvatsaraà vane vasati
(Räma vive na floresta por um ano.)
O acusativo singular de muitos nomes pode ser utilizado adverbialmente. Por-
tanto, as formas resultantes serão consideradas como indeclináveis (AVYaYaPad
avyayapada).
Exemplos:
AiSTa Na*Paae dXarQaae NaaMa) asti nåpo daçaratho näma
(Há um rei de nome [chamado] Daçaratha.)
dXarQa" Sau%& JaqviTa ) daçarathaù sukhaà jévati (Daçaratha vive feliz.)

4-42 CASO INSTRUMENTAL (TERCEIRO CASO -TÅTÉYÄ VIBHAKTI)


O caso instrumental ou Ta*TaqYaa iv>ai¢- tåtéyä vibhakti desempenha várias
funções.
a) Função instrumental -
Quando expressa companhia, adjacência, instrumento, causa ou agente.
Exemplo:
Xare<a hiNTa bal/k-Ma( ) çareëa hanti bälakam
(Ele mata o menino com a flecha.)
Expressando companhia, ele é freqüentemente seguido por uma das três pala-
vras indeclinaveis (AVYaYa avyaya): Sah saha , SaMaMa( samam ou Sak-Ma( sa-
kam, que significam todas, “com”.
Exemplo:
Xare<a hiNTa bal/k-Ma( ) daçarathena saha saàvadati brähmaëaù
(O brähmaëa conversa com Daçaratha.)
b) Função do sujeito agente em construções passivas -
O instrumental funciona como o caso do agente ou sujeito em construções
“passivas” (karmaëi prayoga - veja Nona Lição), quando assume uma série
de expressões idiomáticas, sendo as seguintes as mais importantes de serem
conhecidas:
I - Com a palavra indeclinável(AVYaYa avyaya) ivNaa vinä, o instrumental (da
mesma forma que o acusativo e outras vezes o ablativo) é usado para indicar
a ausência de alguma coisa, tendo o sentido de “nem”, “fora”, “excluindo”
ou “com exceção de”.
Exemplo:
bal/ke-Na ivNaa vNa& GaC^iTa b]aø<a" )
bälakena vinä vanaà gacchati brähmaëaù
58

(O brähmaëa vai à floresta sem o menino.)


II - Com a palavra indeclinável(AVYaYa avyaya): Al/Ma( alam (bastante, sufi-
ciente), o instrumental é utilizado com o sentido de “basta”, “chega”.
Exemplo:
Al/MaNaeMa vcNaeNa ) alam anema vacanena (Basta desta conversa.)
III - Com o pronome interrogativo ik-Ma( kim, o instrumental assume o sentido
de “qual é?”, “que é de?”, indicando falta de interesse ou crença na impor-
tância do uso de algo.

Exemplo:
ik-MaNaeNa PauSTake-Na ) kim anena pustakena (Qual o uso desse livro?)

4-43 CASO GENITIVO (SEXTO CASO - ÑAÑÖHÉ VIBHAKTI)


O caso genitivo ou zïq iv>ai¢- ñañöhé vibhakti é o caso possessivo e geral-
mente relata um nome com outro.
Exemplos:
b]aø<aSYa Pau}a" ) brähmaëasya putraù (O filho do brähmaëa.)
b]aø<aSYa Pau}aSYa iMa}aMa( ) brähmaëasya putrasya mitram
(O amigo do filho do brähmaëa.)
O caso genitivo também é usado freqüentemente com o verbo “ser” para indi-
car posse e dependência, devido ao fato de não haver em sânscrito um equiva-
lente para o verbo português “possuir”. Nessa construção importante o possui-
dor é colocado no genitivo, enquanto que a coisa possuída, no nominativo, tor-
na-se o sujeito da cópula.
Exemplos:
b]aø<aSYa Pau}a" ) brähmaëasya putro nästi
(O brähmaëa não tem filho. [lit. “O filho não é do brähmaëa”.] )
dXarQaSYa Üe PauSTake- ) daçarathasya dve pustake
(Daçaratha tem dois livros. [lit. “Os dois livros são de Daçaratha.)

4-44 COLOCAÇÃO DAS PALAVRAS


Em sânscrito, devido ao uso das desinências de caso, a colocação das palavras é
muito mais livre que em português. Elas já especificam precisamente as rela-
ções entre os termos da oração. Por exemplo, em raMaae Ma*Ga& PaXYaiTa ) rämo
mågaà paçyati, Ma*Ga& PaXYaiTa raMa" ) mågaà paçyati rämaù e PaXYaiTa raMaae
Ma*GaMa( ) paçyati rämo mågam, podemos ver que não importando a ordem das
palavras, todas essas orações tem a mesma tradução em português, i.e., “Räma
vê o veado”. A clareza é a mesma, não importa a ordem dos termos da oração.
Devido a essa liberdade (que também ocorre em outras línguas sintéticas como
o latim e o grego) e também devido aos requisitos da composição métrica, as
59

palavras no verso poderão ocorrer em ordem aparentemente confusa. Por e-


xemplo, um substantivo poderá estar no início e seu adjetivo no outro extremo
da oração. Mas mesmo assim, na prosa do sânscrito, existe uma regra geral de
colocação de palavras. A menos que haja uma razão para o contrário, iremos
seguir essa regra quando construirmos nossas orações e períodos. Essa ordem
geralmente será: primeiro, o sujeito com seus atributos (o genitivo precede seu
nominativo); segundo, o objeto com seus adjuntos; e por último o verbo.
Exemplo:
ra+aSaaNaa& Na*Paae dXarQaSYa Pau}a& raMa& Saraez& PaXYaiT) )
[sujeito] [objeto] [verbo-advérbio]
(räkñasänäà nåpo) (daçarathasya putraà rämaà) (saroñaà paçyati)
(“O rei dos räkñasas vê, com ira, Räma o filho de Daçaratha.)
Outra forma regular de colocação muito usada é utilizar no começo das histó-
rias e narrativas o verbo ASa(  as (haver).
Exemplo:
AiSTa Na*Paae dXarQaae NaaMa )
asti nåpo daçaratho näma (Há um rei chamado Daçaratha.)
4-45 PRONOMES PESSOAIS - SARVANÄMAN
O sânscrito possui um vasto sistema de pronomes pessoais e demonstrativos,
denominados SavRNaaMaNa( sarvanäman.
Os pronomes das primeiras duas pessoas (uttama e madhyama-puruña) são
bem análogos tendo em comum o fato de não haver distinção de gênero entre
eles.
A A
4-46 PARADIGMAS DOS PRONOMES PESSOAIS (1. E 2. PESSOA)
a). AhMa( aham (eu) otaMaPauåz SavRNaaMa uttama-puruña sarvanäma ou pro-
nome pessoal da primeira pessoa. Este pronome é derivado das raízes Mad(
mad, no singular, e ASMad( asmad , no plural.
eka-vacanam dvi-vacanam bahu-vacanam
Singular Dual Plural
prathamä AhMa( aham AavaMa( äväm vYaMa( vayam
Nominativo [eu] [nós 2] [nós]
dvitéyä MaaMa( mäm AavaMa( äväm ASMaaNa( asmän
Acusativo
(Maa ) (mä) [me] (NaaE )(nau)[nós 2] (Na")(naù)[nós]
tåtéyä MaYaa mayä Aava>YaaMa( äväbhyäm ASMa>YaMa( asmäbhiù
Instrumental [por mim] [por nós 2] [por nós]
caturthé MaùMa( mahyam Aava>YaaMa( äväbhyäm ASMa>YaMa( asmabhyam
Dativo [a nós 2]
(Mae )(me) [a mim] (Na") (naù)[a nós]
païcamé MaTa( mat Aava>YaaMa( äväbhyäm ASMaTa( asmat
Ablativo
60

[de mim] [de nós 2] [de nós]


ñañöé MaMa mama AavYaae" ävayoù ASMaak-Ma( asmäkam
Genitivo (naù)
(Mae)(me) [meu] (NaaE) (nau)
[nosso]
[de nós 2 - nosso]
saptamé MaiYa mayi AavYaae" ävayoù ASMaaSau asmäsu
Locativo [em mim] [em nós 2] [em nós]

b). TvMa( tvam (tu) MaDYaMaPauåz SavRNaaMa madhyama-puruña sarvanäma ou


pronome pessoal da segunda pessoa. Este pronome é derivado das raízes Mad(
tvad, no singular, e ASMad( yuñmad , no plural.

eka-vacanam dvi-vacanam bahu-vacanam


Singular Dual Plural
prathamä TvMa( tvam YauvaMa( yuväm YaUYaMa( yüyam
Nominativo [tu] [vós 2] [vós]
dvitéyä TvaMa( tväm YauvaMa( yuväm YauZMaaNa( yuñmän
Acusativo [vós 2]
(Tva )(tvä) [ti] (v")(vaù)[vós]
tåtéyä TvYaa tvayä Yauva>YaaMa( yuväbhyäm YauZMa>YaMa( yuñmäbhiù
Instrumen- [por ti] [por vós 2] [por vós]
tal
caturthé Tau>YaMa( tubhyam Yauva>YaaMa( yuväbhyäm YauZMa>YaMa( yuñmabhyam
Dativo [a vós 2]
(Tae )(te) [a ti] (v")(vaù)[a vós]
païcamé TvTa( tvat Yauva>YaaMa( yuväbhyäm YauZMaTa( yuñmat
Ablativo [de ti] [de vós 2] [de vós]
ñañöé Tav tava YauvYaae" yuvayoù YauZMaak-Ma( yuñmäkam
Genitivo [de vós 2 - vosso]
(Tae )(te)[teu] (v")(vaù)[vosso]
saptamé TviYa mayi YauvYaae" yuvayoù YauZMaaSau yuñmäsu
Locativo [em ti] [em vós 2] [em vós]

As formas abreviadas em parênteses, ao lado de algumas formas, são secundá-


ria e jamais ocorrem no início da oração ou em posição de muito destaque.
Exemplos:
Tav daSaae_hMa( ) tava däso ‘ham (Eu sou teu servo).
vYa& Na JaaNaqMa" ) vayaà na jänémaù (Nós não sabemos).
PauSTak&- Na" Pa#=iTa ) pustakaà naù paöhati (Ele lê o nosso livro).
MaMa >aaYaaR Ga]aMa& GaC^iTa ) mama bhäryä grämaà gacchati
(Minha esposa vai à vila).
61

Obs.: Essas formas são pronomes declinados e não adjetivos. Portanto não pre-
cisam concordar com os nomes que modificam. Guarde bem isso, especialmen-
te no que se refere ao caso genitivo (zïq ñañöhé).
Exemplos:
MaMa Pau}a" mama putraù [m.] (meu filho).
MaMa >aaYaaR mama bhäryä [f.] (minha esposa).
MaMa PauSTak-Ma( mama pustakam [n.] (meu livro).

4-47. PARTÍCULAS INDECLINÁVEIS - NIPÄTA


a) - SMa sma
Aparecendo essa partícula após verbos no presente do indicativo ( l/$( laö ),
muda-se o tempo desse verbo para o passado
Exemplo:
GaC^iTa ) gacchati (Ele vai); GaC^iTa SMa ) gacchati sma (Ele foi).
b) - wiTa iti
É uma das partículas mais importantes e úteis dentre as partículas indeclinaveis
do sânscrito. Ela funciona freqüentemente como um ponto de citação que
segue imediatamente à fala, idéia ou pensamento citados. Seu uso é bem
comum, pois raramente utiliza-se a citação indireta no sânscrito.
Exemplo:
Na*Paae_hiMaiTa vdiTa ) nåpo ‘ham iti vadati
(Ele diz que é o rei. [lit. Ele diz: “Eu sou o rei”.])
O wiTa iti possui então a função de estabelecer orações independentes dentro
de outras orações. Assim, o exemplo acima tem duas orações; Na*Paae_hMa( )
nåpo ‘ham (Eu sou o rei.) e vdiTa ) vadati (Ele diz.). A menos que com-
preendamos o wiTa iti, as duas orações irão ficar confusas e será muito di-
fícil separá-las. Caso você encontrar um wiTa iti numa oração, então utili-
ze-o como o ponto adequado para dividir a oração em unidades menores
mais fáceis de se trabalhar
62

QUARTA LIÇÃO
LEITURA

)) é[q raMaSYa cirTaMa( ))

AiSTa Na*Paae dXarQaae NaaMa ) Saae _Taqv DaaiMaRk-ae >aUiMaPa" Sau%&


JaqviTa ) Na*PaSYa du"%& NaaSTaqiTa >azNTae JaNaa" ) Wk-da dXarQaae
vNa& GaC^iTa TaiSMaNvNae b]aøNaSYa Pau}aae vSaiTa ) Ahae SauNdr&
*

Ma*Ga& PaXYaaMYahiMaiTa icNTaYaiTa Na*Pa" ) bal/k&- c Taq+<aeNa Xare<a


hiNTa ) b]aø<a AaGaC^iTa hTa& Pau}a& PaXYaiTa c ) Saae_Taqv ku-
iPaTaae >aviTa ) Na*Pa& c XaPaiTa ) he MaU%R ) Tv& ik-iMaiTa MaMa Pau}a& hiNTa) Tav
duZk*-TaeNaah& du"%MaNau>avaiMa ) Pau}ae<a ivNaa Na JaqvaiMa ) Na*Paae vdiTa
) ha ha NaXYaaMaqiTa ) Xaaeke-Na Paqi@Taae Ga*h& GaC^iTa ))
* Veja 5.5 [Pron. demonstrativo: tasmin, “nesse(a)”.]

QUARTA LIÇÃO
EXERCÍCIOS
A - Traduzir o texto de leitura acima, para o português.
B - Traduzir o seguinte para o sânscrito
1. O filho do brähmaëa vê o rei irado.
2. O povo diz que nosso rei é um tolo. (Use iti)
3. O rei e o brähmaëa vêem o nosso filho.
4. O rei mata o belo veado com sua flecha.
5. O brähmaëa diz novamente que o rei faz uma má ação. (Use iti)
6. Räma, o glorioso, reside lá sem sofrimento.
7. Ó! O veado (é) morto pelo rei Daçaratha.
8. O brähmaëa irado vê e amaldiçoa o rei piedoso.
9. Ao mesmo tempo, o menino também sentiu dor.
10. “Ó! Räma está com medo”, pensa o tolo. (Use iti)
11. O tolo vê os dois veados mortos e novamente fica muito irado.
12. Como é isso que o menino e o rei não perecem?
63

QUARTA LIÇÃO
VOCABULÁRIO
ABREVIATURAS
m. masculino f. Feminino pron. Pronome
popr. nome próprio pl. Plural indecl. indeclinável (advérbio)
n. neutro lit. literalmente adj. adjetivo
Ä. ätmanepada - voz ativa P. parasmaipada - voz reflexiva
(os números são das classes de conjugação verbal).

AiTav
ativa (indecl) - Excessivamente, muito.
ANau + >aU - ANau>aviTa
anu +  bhü (1P), anubhavati - Experimentar, sentir.
AiTav
api (indecl) - Também, e, além disso; embora, mesmo, ainda
que; (dá sentido indefinido ao pronome interrogativo
quando for por ele precedido) qualquer, algum, um.
[Veja 6-18,19]
ASa( - AiSTa
 as, (1P) asti - Ser, haver.
AhMa(
aham (pron.) - Eu.
Ahae
aho (indecl) - “Ó !”
Aa + GaMa( - AaGaC^iTa
ä +  gam (1P), ägacchati - Vir a, chegar a.
wiTa
iti (indecl) - Ponto de citação (Veja 4-47, 46)
wv
iva (indecl) - Como, assim como, semelhantemente( ao mesmo
tempo); como que, de certo modo, a bem dizer, me-
lhor dizendo, para assim dizer (depois da palavra a
que refere-se.)
Wk-da
ekadä (indecl) - Uma vez, numa ocasião, um dia.
WvMa(
evam (indecl) - Deste modo, assim, desta maneira, nesse caso.
k-QaMa(
katham (indecl) - Como? De que modo?
ik-iMaiTa
64

kimiti (expressão idiomática) - O que é isso?


ku-iPaTa
kupita (adj) - Enraivecido, bravo, irado, irritado, encolerizado.
k*- - k-raeiTa ( ku-vRiNTa )
 kå (8P), karoti (pl. kurvanti) - Fazer.
GaMa( - GaC^iTa
 gam (1P), gacchati - Ir, partir.
Ga*hMa(
gåham (n.) - Casa, lar.
WvMa(
ca (indecl) - E, também, ora (colocado depois de uma série ou
entre cada par de um a série de palavras.).
Ga*hMa(
caritam (n.) - Atividades, comportamento, procedimento, caráter;
aventuras, história, biografia.
icNTa( - icNTaYaiTa
 cint(10P), cintayati - Refletir, considerar, pensar
Ga*hMa(
janaù (m.) - Pessoa ( no pl. significa as pessoas, o povo,).
Jaqv( - JaqviTa
 jév(1P), jévati - Viver.
Ta}a
tatra (indecl.) - Lá, ali, além, naquele momento.
TaSYa
tasya (pron.) - Dele, seu.
Taq+<a
tékñëa (adj.) - Afiado.
TvMa(
tvam (pron.) - Tu, você.
dXarQa"
daçarathaù (prop.) - (lit. “Aquele de dez carros”) O rei de Ayodhya e
pai do Senhor Räma.
du"%Ma(
duùkham (n.) - Dor, sofrimento, miséria, infortúnio, desgraça.
duZk*-TaMa(
duñkåtam (n.) - Má ação, ato mal.
DaaiMaRk-
dhärmika (adj.) - Justo, honesto, reto, virtuoso, religioso, piedoso.
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Na
na (indecl.) - Não (partícula de negação).
NaXa( - NaXYaiTa / NaXaYaiTa
 naç(4P), naçyati - Morrer, perecer, ser destruído.
naçayati - Causar a destruição, matar.
NaaMa
näma (indecl.) - Denominado, chamado (lit. “Pelo nome de”).
Na*Pa"
nåpaù (m.) - Rei (lit. “protetor dos homens”).
PaXa( - PaXYaiTa
 paç(4P), paçyati - Ver.
Paqi@Ta
péòita (adj.) - Aflito, angustiado, oprimido
Pau}a"
putraù (m.) - Filho
PauNa" - PauNar(
punaù  punar (indecl.) - Outra vez, novamente; PauNa" PauNa" punaù punaù:
sem cessar, uma e outra vez.
bal/k-"
bälakaù (m.) - Rapazinho, jovem, menino
b]aø<a"
brähmaëaù (m.) - Sacerdote brähmaëa
>aaz( - >aazTae
 bhäñ (1Ä), bhäñate - Falar, dizer.
>aqTa
bhéta (adj.) - Com medo, assustado, aterrorizado.
>aU - >aviTa
 bhü(1P), bhavati - Ser, existir; estar; nascer, vir a ser, acontecer, ori-
ginar-se de.
>aUiMaPa"
bhümipaù (m.) - Rei (lit. “protetor da terra”).
MaNa( - MaNYaTae
 man(4Ä), manyate - Pensar, crer, julgar, considerar como.
MaU%R"
mürkhaù (m.) - Tolo, bobo, parvo, estúpido.
Ma*Ga"
mågaù (m.) - Veado, cervo, antílope.
raMa"
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rämaù (prop. m.) - Encarnação de Deus como o rei perfeito..


vd( - vdiTa
 vad(1P), vadati - Falar, dizer.
vNaMa(
vanam (n.) - Floresta, bosque, mata, selva.
vSa( - vSaiTa
 vas (1P), vasati - Morar, residir, habitar, viver.
ivNaa
vinä (indecl.) - Sem (após o acusativo, instrumental e ablativo).
XaPa( - XaPaiTa
 çap (1P), çapati - Amaldiçoar, rogar praga.
Xar"
çaraù (m.) - Flecha, seta.
Xaaek-"
çokaù (m.) - Mágoa, dor; desgraça, angústia; ardência, calor.
é[q raMa"
çré rämaù (prop.) - “O glorioso Senhor Räma”.
Sa"
saù (pron.) - Ele
Sau%Ma(
sukham (indecl.) - Felizmente, com boa fortuna, em paz.
SauNdr
sundara (adj.) - Formoso, belo, bonito.
SMa
sma (indecl.) -Usado após o presente do indicativo (laö) para for-
mar o passado simples [Veja 4-48].
SvYaMa(
svayam (indecl.) - Si, em pessoa, ele mesmo, esse próprio, o próprio;
por si, por mim, por ti etc.; o verdadeiro.
hTa
hata (adj.) - Morto, perdido.
hNa( - hiNTa
 han (2P), hanti - Matar.
he
he (indecl.) - Ó.
ha
hä (indecl.) - Ó.

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