Você está na página 1de 96

2

Guia Par
Para Elabor
ara ação de Pr
Elaboração ojet
Projet os Sociais
ojetos

Luis Stephanou
Lúcia Helena Müller
Isabel Cristina de Moura Carvalho

2a Edição – 2003
4

© Editora Sinodal, 2003 Autores


Caixa Postal 11 Luis Stephanou
93001-970 São Leopoldo - RS Lúcia Helena Müller
Fone/fax: (51) 590-2366 Isabel Cristina de Moura Carvalho
e-mail: editora@editorasinodal.com.br Projeto gráfico
site: www.editorasinodal.com.br Cristina Pozzobon
Revisão
Co-editora: Susanne Buchweitz
Fundação Luterana de Diaconia Fotos
Rua Senhor dos Passos, 202 - 5° andar - Centro Luis Abreu (capa e páginas 24 e 42)
Caixa Postal 2876 Paulino Menezes (página 10)
90001-970 Porto Alegre - RS - Brasil René Cabrales (capa)
Fone: +55 0xx (51) 3221-3433 Produção Gráfica
Fax: +55 0xx (51) 3225-7244 Gráfica Sinodal
e-mail: fld@ieclb.org.br Impressão
site: www.fld.com.br Gráfica Pallotti

Cip – C
Ca talogação
atalog ação na PPublicação
ublicação
Bibliotecária Responsável: Cristina Troller CRB10/1430

s827g STEPHANOU, Luis


Guia para elaboração de projetos sociais / Luis Stephanou; Lúcia Helena Müller;
Isabel Cristina de Moura Carvalho – São Leopoldo, RS: Sinodal, Porto Alegre/RS: Fundação
Luterana de Diaconia, 2003.
96p.

ISBN 85-233-0703-6

1. Projeto Social 2. Projeto Social 3. MÜLLER, Lúcia Helena 4. CARVALHO, Isabel


Cristina de Moura I. Título
CDU – 316.4

Outubro 2003
Sumário 5

Apresentação 6

Introdução 8

Por que projetos sociais? 10

O que são projetos sociais? 24

Itens de um projeto social 42

Conclusão 88

Fontes de consulta virtual 89

Bibliografia 93
6 Apresentação

Foi com grande prazer que recebi o convite para escrever algumas
palavras de apresentação deste Guia, produzido a seis mãos pelos
amigos Luis, Lúcia e Isabel.
No atual contexto de crescente complexificação da ação social, de
aparentes consensos sobre o que seja uma boa prática na área social, e
da universalização dos projetos sociais como instrumento de ação, de
parceria e de captação de recursos, torna-se fundamental conceber a
ação social através de projetos como espaços e processos de caráter
estratégico. Estratégico no sentido de que ali - no curso das ações, nos
espaços de reflexão, na gestão dos conflitos, na interlocução com outros
atores e na celebração das vitórias – vão aos poucos emergindo novos
saberes, novas percepções, novas relações, novas energias, enfim, vão se
instituindo novos sujeitos. Se um projeto social contribuir de forma
relevante para fazer brilhar a luz interior de cada indivíduo no processo
de constituição de novos sujeitos coletivos, então ele terá promovido o
resgate da dignidade humana, em suma, terá sido exitoso.
Este Guia para elaboração de projetos sociais representa uma
7

inovadora contribuição neste sentido. Ele é um bem-vindo resultado


da rica e diversificada experiência pessoal e profissional de cada um
dos autores e da sua profícua colaboração nos últimos anos.
Um dos grandes méritos do Guia é sua abordagem ampla, densa e
complexa mas, ao mesmo tempo, objetiva, didática e tecnicamente
sólida da problemática dos projetos sociais. Outro destaque é a forma
inovadora do Guia, intercalando e integrando orientações gerais, fichas
de síntese (lâminas) e exemplos. Muito útil a todos aqueles envolvidos
na área social é a apresentação de fontes de consulta na internet, bem
como da bibliografia de interesse. Tudo isso torna este Guia um
instrumento inovador, de alta qualidade e muito agradável de ler.
O leitor/ativista social tem em mãos a melhor publicação brasileira
de orientação prática sobre projetos sociais.
Diante disso, acho que, em nome dos leitores, posso agradecer aos três.
Um abraço,

Doming os Armani
Domingos
8 Introdução

Nas últimas décadas o Estado e a sociedade brasileira, são hoje, tanto ou mais do que há cinqüenta anos atrás,
fortemente influenciados pelo contexto internacional, parte dramática de nossa realidade.
passaram por profundas mudanças nas suas relações,
formas de organização e na própria gestão das políti- A Sociedade Civil brasileira, com seus movimentos e organi-
cas públicas. zações também se transformou e, ao mesmo tempo, foi
importante agente de algumas destas mudanças. Em me-
Num sentido, o processo de globalização e a atual re- nos de três décadas saiu de um contexto de resistência ao
volução nas formas de produção e reprodução do ca- regime político para um processo de mobilizações sociais
pital condicionam nossas vidas (e das organizações (eleições livres e diretas, constituinte, greves, impeachment)
que criamos) do ponto de vista social, econômico, po- e, posteriormente, tornar-se sujeito da construção de políti-
lítico e cultural. cas sociais, através da utilização de canais ou mecanismos
de participação na gestão pública.
Em nosso país, saímos de um contexto de ditadura militar
para um longo (e lento!) processo de democratização. No Assim, na atualidade tem-se um quadro no qual Estado e
momento em que escrevemos estas palavras, assistimos Sociedade Civil interagem com mais freqüência e intensi-
a eleição de uma liderança popular, formada nas lutas dos dade do que em outros períodos. Este processo vem pro-
movimentos sociais, para presidente da nação. vocando mudanças, das quais destaca-se o crescimento
do que se convencionou chamar de terceiro setor e, parti-
Nestes 20 ou 25 últimos anos, tendo a Constituição de cularmente, o fortalecimento de determinada espécie de
1988 como um marco do processo democrático, houve organizações da Sociedade Civil – as chamadas ONGs.
importantes mudanças na forma de organização do Esta-
do e na sua articulação com a Sociedade Civil. As organizações que formam o terceiro setor não têm uni-
formidade de ações ou de visão de mundo entre suas orga-
Em primeiro lugar, com a consolidação de um quadro nizações. Contudo, apesar das origens, trajetórias e perspec-
plural de partidos políticos e a realização constante de tivas tão diferenciadas é inegável a presença e a visibilidade
eleições para os mais diversos níveis, conseguiu-se a que, enquanto “bloco”, este conjunto de organizações soci-
implementação de orientações políticas diversificadas, ais vem logrando construir. Essa presença é cada vez mais
tanto do ponto de vista de idéias e prioridades como notável do ponto de vista político e social, mas também
em seus métodos de gestão. A condução do Estado se como catalisador de atividades econômicas.
tornou mais plural; o próprio Estado passou a ser visto
como algo plural. Dentro deste amplo guarda-chuva, vem crescendo o
número e a importância das ONGs para a vida social no
Contudo, é preciso reconhecer que nesta pluralidade Brasil. Há, inclusive, importantes mudanças na legisla-
prevaleceram as políticas neoliberais, que priorizam ção. A lei 9790/99, ao definir o marco das Organizações
ajustes econômicos em detrimento de políticas sociais. da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIPs e suas
Assim, apesar da democratização política, neste período possibilidades de parceria com organizações do Estado,
aumentou a concentração de renda e, em conseqüência, busca redefinir o perfil destas relações, tradicionalmen-
também aumentou a massa de deserdados do campo e te ancoradas no assistencialismo e em organizações de
da cidade. Os resultados estão aí: a fome e a exclusão caráter filantrópico.
9

Todas estas mudanças contribuem para o crescimento curamos, na medida do possível, extrair exemplos con-
de intervenções públicas sob a forma de projetos. O cretos de projetos existentes para colaborar no enten-
trabalho que segue, de certa forma, também é um fru- dimento de alguns pontos.
to deste novo contexto.
Cabe destacar que este trabalho não teria sido possível
Este Guia para Elaboração de Projetos Sociais começou sem o apoio de muitos amigos e amigas. Gostaríamos de
a ser pensado a partir de cursos, encontros e seminários agradecer aos grupos, citados no decorrer do texto, que
que, nos últimos três anos, seus autores vêm desenvol- cederam parte de seus projetos para serem citados. À Soci-
vendo com organizações governamentais e fóruns de edade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação
entidades ou grupos da Sociedade Civil e universidades. Ambiental – SPVS, na figura de seu diretor, o senhor Clóvis
Também contribuiu na reflexão sobre os projetos a lei- Ricardo Borges, agradecemos a cessão de extratos do livro
tura de propostas que solicitaram apoio junto à Funda- “Práticas para o sucesso de ONGs ambientalistas”. A equi-
ção Luterana de Diaconia. A soma das experiências de pe da Fundação Luterana de Diaconia – FLD e o pessoal da
aula e a leitura de muitos projetos nos convenceram da sede da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil –
importância de um material que sistematizasse nosso IECLB prestaram apoio, suporte logístico e animaram nos-
trabalho. Assim nasceu este guia. so trabalho. Domingos Armani, além de gentilmente se
dispor a escrever a apresentação, nos transmitiu confiança
O texto está dividido em três partes: a partir de seus comentários. Cristina Pozzobon e Susanne
Numa primeira, expomos algumas questões que ten- Buchweitz, responsáveis pelo projeto gráfico e pela revisão,
tam responder a seguinte pergunta: por que projetos fizeram muito mais do que isto; estiveram nos apoiando e
sociais? tranqüilizando durante os momentos de incerteza. A todos
Na segunda parte trabalhamos aspectos conceituais, em estes grupos e pessoas, muito obrigado!
busca de algumas definições que consideramos essenci-
ais em torno de projetos sociais. Este material – que já está na segunda edição – foi pen-
Finalmente, na terceira parte, sob a denominação de sado para o público com o qual freqüentemente trabalha-
“itens de um projeto”, analisamos e comentamos o que mos. Assessores de Organizações Não-Governamentais,
pode ser uma proposta de projeto, tratando de destacar lideranças de grupos sociais, associações comunitárias e
um esquema lógico no qual praticamente qualquer servidores de órgãos públicos. A todos desejamos boa lei-
grupo ou iniciativa poderá estruturar seu trabalho ou tura e que algo deste material seja útil em suas iniciativas.
suas demandas.
Em anexo, destacamos uma bibliografia e fontes de con- Luis Stephanou
sulta virtual sobre o assunto e alguns temas relacionados. Lúcia Helena MMüüller
Isabel Cristina de MouraC
Moura ar
Carvalho
arv
Os leitores irão perceber que há uma dinâmica de
apresentação de gráficos e, na seqüência, rápidos co-
mentários sobre estes esquemas visuais. Os comentá-
rios não são cópias exatas dos gráficos, pois estes ser-
vem como um fio condutor das questões que conside-
ramos mais importantes em cada ponto. Também pro-
10

Por que
projetos sociais?
Por que projetos sociais? 11

Os projetos sociais nascem do sempre interagindo, através de di- pação e boa articulação entre os
desejo de mudar uma realidade. ferentes modalidades de relação, setores sociais envolvidos nas ins-
Os pr ojet
projet os são pon
ojetos tes en
pontes tr
entreo
tre com políticas e programas volta- tâncias de gestão compartilhada.
desejo e a rrealidade
ealidade
ealidade.. São ações dos para o desenvolvimento social. Este é o caso dos conselhos
estruturadas e intencionais, de Um pr ojet
projet o não é uma ilha
ojeto ilha.. gestores que vêm se estabelecen-
um grupo ou organização social, Neste sentido, os projetos soci- do em várias áreas das políticas
que partem da reflexão e do diag- ais podem tanto ser indutores de sociais tendo como finalidade um
nóstico sobre uma determinada novas políticas públicas, pelo seu modelo de gestão participativa
problemática e buscam contribuir, caráter demonstrativo de boas Um projeto social é uma uni-
em alguma medida, para “um ou- práticas sociais, quanto atuarem dade menor do que uma política e
tro mundo possível”. Uma boa na gestão e execução de políticas a estratégia de desenvolvimento
definição é formulada por Domin- já existentes. social que esta implementa. Os
gos Armani: Políticas públicas são aquelas projetos contribuem para trans-
“Um projeto é uma ação social ações continuadas no tempo, fi- formação de uma problemática
planejada, estruturada em objeti- nanciadas principalmente com re- social, a partir de uma ação geral-
vos, resultados e atividades, base- cursos públicos, voltadas para o mente mais localizada no tempo e
ados em uma quantidade limita- atendimento das necessidades co- focalizada em seus resultados. A
da de recursos (...) e de tempo” letivas. Resultam de diferentes for- política pública envolve um con-
(Armani, 2000:18). mas de articulação entre Estado e junto de ações diversificadas e
Os projetos sociais tornam-se, sociedade. A tomada de decisão continuadas no tempo, voltadas
assim, espaços permanentes de quanto à direção das ações de de- para manter e regular a oferta de
negociação entre nossas utopias senvolvimento, sua estruturação um determinado bem ou serviço,
pessoais e coletivas – o desejo de em programas e procedimentos envolvendo entre estas ações pro-
mudar as coisas –, e as possibilida- específicos, bem como a dotação jetos sociais específicos.
des concretas que temos para rea- de recursos, é sancionada por inter- Finalmente, vale lembrar que
lizar estas mudanças – a realidade. médio de atores governamentais. há também muitos projetos soci-
A elaboração de um projeto Num modelo de gestão participati- ais que não estão diretamente
implica em diagnosticar uma rea- va, é desejável que estas políticas ligados a uma política pública go-
lidade social, identificar contextos resultem de uma boa articulação vernamental. Operam com recur-
sócio-históricos, compreender re- da Sociedade Civil com o Estado, sos públicos e privados provenien-
lações institucionais, grupais e co- permitindo que a Sociedade Civil tes de agências de cooperação in-
munitárias e, finalmente, planejar compartilhe não apenas a execu- ternacional. Mas, ainda assim,
uma intervenção, considerando os ção, mas, sobretudo, os espaços de nestes casos, os projetos estarão
limites e as oportunidades para a tomada de decisão, atuando no ocupando um espaço de media-
transformação social. planejamento, monitoramento e ção e interlocução com as políti-
Os projetos sociais não são rea- avaliação destas políticas. cas públicas nacionais no campo
lizações isoladas, ou seja, não mu- O desafio das políticas públicas do desenvolvimento social. Ou
dam o mundo sozinhos. Estão é assegurar uma relação de partici- seja, também são públicos.
12

Por que projetos sociais?


Por que projetos sociais? 13

l Por que, atualmente, se fala tanto em projetos sociais?


l Por que, cada vez mais, as formas de intervenção ou iniciativas de ação social acontecem em
forma de projetos?
l Por que, de forma crescente, o mais variado tipo de instituições vêm exigindo a apresentação de
projetos?

Os projetos sociais são uma eleições livres e diretas, fortalecendo e desenvolvendo


importante ferramenta de ação , descentralização, formação de novas formas de organizações
amplamente utilizada pelo mecanismos mais amplos de (não-governamentais, redes,
Estado e pela Sociedade Civil. comunicação e de controle entre outras), ela se converte em
Para entender porque os proje- social, implementação de protagonista da ação social. Isto
tos sociais tornaram-se esta instrumentos de governança quer dizer que vem atuando de
ferramenta tão difundida, é com maior visibilidade, além de forma direta nas questões
necessário perceber as mudan- novas formas de participação na sociais e também participando
ças ocorridas nas últimas elaboração dos orçamentos e ativamente na elaboração de
décadas, tanto nas esferas das políticas públicas. Estamos políticas públicas. Atualmente,
estatais como na Sociedade Civil falando de orçamentos um amplo conjunto de organiza-
brasileira. Tais mudanças participativos, conselhos de ções sociais consegue uma
apontam para formas alternati- direitos, elaboração de estatutos melhor articulação entre si e
vas de implementação das de cidadania, fóruns, entre com o Estado no desenvolvimen-
políticas sociais. outras formas de democratiza- to de agendas de ação conjunta.
Em outras palavras, houve uma ção das atividades do Estado. A partir dessas mudanças, se
democratização em aspectos Ao mesmo tempo em que a configura um novo quadro de
fundamentais da intervenção do Sociedade Civil, com sua relações entre o Estado e a
Estado na sociedade, tais como heterogeneidade, vem se Sociedade Civil.
14

No
Novva fforma
ormatação das rrelaç
ormatação elações
elações
en tr
entr e EEstado
tre stado e Sociedade Civil

l Desc en
Descen tr
entraliz
tralização do EEstado
alização stado
l Par ticipação da Sociedade Civil or
articipação ganiz
org ada
anizada
l Nova cconfigur
Nov onfiguração das fr
onfiguração on
fronteir
onteir as en
teiras tr
entr e
tre
público e priv
público ado
privado
l Comple xidade no quadr
omplexidade o de implemen
quadro tação
implementação
de políticas sociais
l Redefinição de estratégias de ar
estra ticulação
articulação
destas políticas sociais
O novo formato das relações 15

A partir da Constituição articulador e regulador destas parcerias com a iniciativa


brasileira de 1988, que políticas. Com isto cresce a privada, movimentos sociais,
universalizou direitos até então participação de outros atores, organizações da Sociedade Civil,
restritos a certas camadas da tais como a iniciativa privada, as entre outros. Tais acordos dizem
população, houve um aumento organizações não-governamen- respeito à definição de priorida-
das demandas sociais dirigidas tais, organismos internacionais, des nas demandas sociais e
ao Estado. movimentos sociais e outros formas de atendê-las, o que
grupos organizados. implica em estabelecer clara-
A percepção de que as ações mente os objetivos, metas,
públicas seriam mais efetivas e Estes diferentes atores responsabilidades e os critérios
teriam maior controle social se a começam a participar na de avaliação, de forma a garan-
ação do Estado fosse descentra- definição, implementação e tir a racionalização na gestão e
lizada fez com que se desenca- financiamento de políticas o bom uso dos recursos.
deasse um processo de sociais, o que torna mais com-
regionalização e municipaliza- plexo o quadro de articulação O novo formato das relações
ção de políticas públicas. Isso destas políticas. Para qualquer entre Estado e Sociedade Civil,
produziu uma nova divisão (re- demanda ou questão social há quando bem construído, pode
partição) entre receitas e encar- muito mais interlocutores e garantir um maior compromisso
gos públicos, o que não ocorreu lógicas institucionais a serem nas ações com interesse público.
sem contradições e conflitos. contemplados.

Além disso, a valorização do Tal complexidade exige a


controle democrático da ação definição de novas estratégias
pública fez com que a participa- de ação, com capacidade de
ção da Sociedade Civil se tornas- estabelecer acordos que
se um elemento indispensável no envolvam um espectro cada vez
planejamento, implementação e mais amplo de atores sociais.
controle das ações sociais Isto envolve as diferentes
promovidas pelo Estado. esferas dentro do próprio
Estado (federal, estadual e
As fronteiras entre público e municipal) e diversos setores no
privado se redefiniram. O Estado interior do mesmo âmbito de
deixou de ser o único executor governo (diversos poderes ou
de políticas sociais e começou a diferentes órgãos de adminis-
priorizar seu papel de tração). Também engloba
16

O lugar dos projetos sociais

Projeto social é uma ferramenta de ação que delimita


uma intervenção quanto aos objetivos, metas, formas
de atuação, prazo de execução, responsabilidades e
critérios de avaliação.
O lugar dos projetos sociais 17

Projeto Social é uma ferra- O projeto social facilita o necessariamente a objetivos


menta adequada para dar conta estabelecimento de parcerias globais de uma política pública
dessa nova complexidade, entre atores sociais que, embora governamental.
porque uma de suas característi- não compartilhem a mesma
cas principais é a de delimitar a visão em termos de política No âmbito da Sociedade Civil,
ação social. global, estão dispostos a agir os projetos sociais são capazes
conjuntamente em intervenções de produzir experiências inova-
Essa delimitação da ação delimitadas (parcerias inter- doras, contribuindo para o
propicia uma avaliação contínua governos que possuem progra- enraizamento e/ou a renovação
do que está sendo feito e, mas diferenciados; parcerias de políticas sociais. Com isso,
quando necessário, o entre órgãos públicos e a promovem o fortalecimento dos
redirecionamento para a iniciativa privada, organizações grupos sociais envolvidos e a
correção de rumos da atuação. comunitárias, ONGs etc.). democratização da sociedade.

A ferramenta Projeto Social A delimitação da ação sob a


também tem a qualidade de forma de Projeto Social também
facilitar a articulação entre permite o estabelecimento de
vários agentes e mecanismos de critérios mais transparentes que
ação social porque dispensa o facilitam a definição da compe-
estabelecimento de uma tência e a avaliação das respon-
integração interinstitucional sabilidades dos diversos atores
mais formal ou permanente sociais envolvidos na ação social.
entre eles. A parceria é
estabelecida nos limites da ação A transparência na definição
proposta, por exemplo: através da ação a ser realizada, na
de um projeto de ação que visa a definição de competências e
prevenção de doenças, pode-se responsabilidades é uma forma
articular a atuação conjunta de de democratizar as informações
diversos setores do estado e de e o controle público sobre a
organismos da Sociedade Civil ação social.
que atuam na área da saúde, do
saneamento, da habitação, da No âmbito do Estado, o
educação etc., sem que seja projeto social deve ser encarado
criado um novo órgão ou como uma etapa ou uma forma
instituição permanentes. de trabalho que se reporta
18

Riscos da ação social sob a forma de projetos

l Fragmen tação das aç


agmentação ões
ações
l Exc essiv
essivaa dependência
l Falta de legitimidade ou rrepr
epresen
epresen ta
esentatividade
tatividade
l Indefinição de rresponsabilidades
esponsabilidades e mérit os
méritos
l Desc on
Descon tinuidade
ontinuidade
l Baix
Baixoo ccon
on tr
ontr ole da ef
trole etividade das aç
efetividade ões
ações
l Dificuldade na in terpr
interpretação de
terpretação
desdobr amen
amenttos do pr
desdobramen ojet
projeto
ojeto
Projetos sociais e riscos 19

Projeto social é uma ferramen- dade Civil) a adequarem-se a os organismos sociais (instituição
ta de ação, e como tal deve ser en- políticas e linhas de ação que comunitária, ONG, organização
carada. Isso significa que sua apli- não estão necessariamente em privada) ou com o plano de gover-
cação tem limites e acarreta riscos consonância com as suas. no que promoveu sua implemen-
que devem ser alvo de constante tação, os projetos sociais podem
atenção. Vejamos alguns deles: Quando o financiamento das levar a uma descontinuidade das
ações sociais é de origem pública, ações sociais, pois deixarão de ser
No âmbito do Estado ou de pro- a parceria continuada pode criar apoiados, financiados ou tomados
gramas de ação social de larga am- uma excessiva dependência dos como modelos de ação pelos ato-
plitude, a ação realizada exclusiva- parceiros não-governamentais, res que não se identificarem com
mente sob a forma de projetos so- que passam a utilizar os projetos seus implementadores originais.
ciais pode levar à perda de escala, à sociais como garantia de sua so-
duplicidade de ações empreendi- brevivência institucional. Essa de- Por ser uma ferramenta de
das, a desperdícios e pendência pode levar a distorções ação que se define justamente
irracionalidades na implementa- que, no Brasil, já foram a tônica pela delimitação dos objetivos,
ção de políticas sociais. Isto pode das relações entre o Estado e as das metas, do universo a ser atin-
acontecer em razão da fragmenta- organizações da Sociedade Civil, gido, dos custos e dos prazos de
ção da ação entre diversos agentes, tais como o clientelismo, o uso das execução, a intervenção sob a for-
que tendem a estabelecer metas, políticas públicas em função de ma de projeto social dificulta a
procedimentos e formas de avalia- interesses privados etc. avaliação precisa quanto à
ção autônomos e exclusivos. Quan- efetividade de seus resultados.
do excessiva, essa autonomia pode A parceria entre agentes oriun- Isto acontece porque, apesar da
colocar em risco a articulação mais dos de diferentes setores da socie- definição da ação social pressupor
global da ação e os objetivos de dade pode colocar em questão a a realização de um diagnóstico de
políticas sociais mais amplas. legitimidade dos atores que causalidade dos problemas sociais
implementam a ação social. Po- a serem atacados, as mudanças
Sendo também um instru- dem surgir dúvidas a respeito de efetivas no quadro das condições
mento para a obtenção de finan- quem deve arcar com a responsa- sociais mais amplas que geraram
ciamento, os projetos sociais po- bilidade sobre a implementação os problemas dependem da im-
dem se tornar instrumentos de de um determinado projeto; ou plementação de diversas ações
dependência em relação às sobre quem tem direito a receber que tenham continuidade no
agências mantenedoras. A de- os créditos por seus resultados. tempo, o que extrapola o âmbito
pendência financeira pode levar de qualquer projeto social especí-
os executores das ações sociais Por outro lado, se ficarem ex- fico. Um exemplo: um projeto que
(Estado ou organismos da Socie- cessivamente identificados com tenha como objetivo contribuir
20 Projetos sociais e riscos

para diminuição da mortalidade ção ao agente que implementou


infantil junto a uma determinada a ação social, no lugar de aprova-
população pode atacar uma das ção. Por exemplo, um projeto que
causas da mortalidade, através de estimule a freqüência escolar
uma ação educativa que incentiva pode resultar em maiores exigên-
as mães a amamentarem seus cias quanto à qualidade de ensi-
filhos durante mais tempo. Este no, maior demanda por material
projeto pode ter seus objetivos didático ou por equipamentos
atingidos (aumento do número de esportivos. A criação de um novo
mães amamentando suas crian- posto de saúde gera maior de-
ças por mais tempo), mas a mu- manda por exames laboratoriais,
dança nos índices de mortalidade medicamentos e por tratamentos
infantil dessa população só deverá mais sofisticados.
ocorrer se o projeto for acompa-
nhado por um conjunto de outras Para que estes impactos sejam
ações, cujos efeitos se darão a mé- percebidos, é preciso saber inter-
dio e longo prazo (fornecimento pretar os resultados dos projetos,
de saneamento básico, atendi- avaliando as transformações que
mento à saúde materno-infantil, eles provocaram no contexto so-
mudanças no padrão alimentar cial e levando em conta eventuais
das crianças, etc). Desta forma, mudanças na qualidade das opi-
não é possível estabelecer de for- niões e demandas dos grupos so-
ma precisa o grau de contribuição ciais que foram alvo da ação.
dos resultados do projeto específi-
co nas mudanças ocorridas no É claro que estes riscos, se
quadro das condições sociais no não podem ser eliminados, ao
nível mais global. menos podem ter diminuidas
suas possibilidades de “atrapa-
Projetos sociais bem sucedi- lhar”. Para isso, sempre será im-
dos podem ter como impactos, portante uma espécie de “vigi-
em geral não previstos, a geração lância” dos atores envolvidos,
de novas demandas sociais ou a tratando de identificar situa-
sofisticação de demandas já ções e necessidades de mudan-
atendidas, gerando avaliações ça no projeto.
negativas e insatisfações em rela-
21

Per fil do g
erfil est
gest or de pr
estor ojet
projet os sociais
ojetos

l Capacidade de ccompr
ompr eensão do ccon
ompreensão on
ontete xt
text o social,
xto
político e institucional em que se dá a ação
político
l Capacidade de c omunicação e de neg
comunicação ociação
negociação
l Capacidade de definir
definir,, deleg ar e ccobr
delegar obr
obrarar
responsabilidades e tar tarefefas
efas
l Capacidade de c oor
coor denar o pr
oordenar oc
proc esso global
ocesso
da ação
l Capacidade de a valiação e agilidade par
av paraa
propor mudanças e ccorr
propor orr eç
orreç ões
eções
l Capacidade de motiv ar as pessoas
motivar pessoas,, de
administr
administrarar cconflit
onflitos e frustr
onflitos aç
frustraç ões
ões,, de
ações
ger enciar o tr
erenciar abalho em equipe
trabalho
l Capacidade de v aloriz
valoriz ar e de pr
alorizar omo
promo
omov ver a
visibilidade do pr ojet
projet
ojetoo e de seus rresultados
esultados
22 O gestor de projetos sociais

O novo contexto social e Também é necessário conhe- sociais precisa ser capaz de exercer
institucional em que se dá a cer o contexto institucional e o papel de mediador e, muitas
prática da ação social exige uma político mais amplo, com o vezes, de intérprete entre esses
redefinição da qualificação dos objetivo de orientar o encami- atores, a fim de facilitar a comuni-
agentes que atuam nessa área, de nhamento dos projetos às cação e a negociação entre eles.
forma especial dos coordenadores agências da Sociedade Civil ou
e gestores de projetos sociais. A setores governamentais que O projeto social é uma ação
principal mudança está no fato possam apoiá-los financeira, em equipe que deve mobilizar
dos agentes que atuam na área institucional e politicamente todos os atores envolvidos –
social não poderem mais restrin- (conhecer as agências e os proponentes,
gir sua competência aos aspectos mecanismos de apoio e financia- implementadores, parceiros,
técnicos do planejamento e da mento; saber quem financia o público-alvo. Sendo assim, o
implementação da ação. que; quem apóia que tipo de gestor deve saber motivar as
ação; quem já tem experiência pessoas, articular as ações e
A gestão da ação social sob nas áreas em que o projeto gerenciar o trabalho das
a forma de projetos exige, em pretende atuar). equipes. Isto implica em saber
primeiro lugar, o conhecimento definir com clareza as tarefas a
do contexto em que os projetos Os projetos sociais propiciam a serem realizadas, identificando
sociais estão inseridos. Este articulação entre atores sociais que as qualidades dos diferentes
conhecimento compreende a se encontram em diferentes membros da equipe para
capacidade de diagnóstico das posições em relação ao contexto delegar as tarefas de forma
questões sociais a serem ou objeto da ação social – morado- adequada. Implica, também,
abordadas pelo projeto; a res, usuários de serviços públicos, em saber distribuir e cobrar
capacidade de identificar e líderes locais, profissionais que responsabilidades. Além disso,
saber motivar os atores sociais atuam na área social, ocupantes de o gestor precisa ter sempre em
envolvidos na ação (público- cargos políticos, voluntários, mente o processo global da
alvo e parceiros); de identificar representantes de ONGs, técnicos ação, saber avaliar e ter agilida-
e perceber qual o da área privada, militantes de de para propor mudanças e
posicionamento de grupos movimentos sociais. Tais atores são correções de rumo quando
sociais, de organizações e portadores de interesses diferen- estas se fizerem necessárias,
instituições que possam vir a ciados, de lógicas institucionais e sem que haja rupturas nas
auxiliar (apoiar, financiar, políticas diversas e possuem relações entre os membros da
divulgar) ou dificultar diferentes visões acerca da equipe. Ou seja, deve ser capaz
(desmobilizar, boicotar) as realidade social sobre a qual se de administrar os conflitos e as
ações propostas. dará a ação. O gestor de projetos frustrações que surgem ao
23

longo da ação, transformando mesma equipe ou voltadas articulação política e assim por
os desacertos em processos de para o mesmo contexto social. diante. Vale lembrar que a
aprendizagem. gestão é um aprendizado
Ainda, a visibilidade dada a contínuo e que não precisa estar
O gestor também deve ser um projeto pode fazer dele uma concentrada numa única pessoa.
capaz de acionar todos os referência para outros projetos
recursos disponíveis para dar no campo da ação social, trazen-
visibilidade ao projeto e à sua do reconhecimento a todos os
equipe. Isto pode ser feito sob a envolvidos na ação – proponen-
forma de divulgação junto ao tes, executores, financiadores,
universo do projeto e à socieda- parceiros, apoiadores e beneficiá-
de (via mídia), e sob a forma de rios. O reconhecimento obtido
defesa do projeto junto a também tem o efeito de estimu-
instituições financiadoras e a lar os profissionais envolvidos –
instâncias superiores das servidores do Estado, profissio-
instituições e órgãos participan- nais da iniciativa privada, do
tes do projeto – apresentando o terceiro setor –, militantes e
projeto em eventos de divulga- voluntários dos movimentos e
ção da ação social, em espaços causas sociais. Por fim, o reconhe-
de debates acadêmicos, cursos, cimento público de um projeto
palestras, em publicações ou pode contribuir para o fortaleci-
inscrevendo o projeto em mento dos grupos sociais
concursos. envolvidos e ajudar a garantir a
continuidade da ação.
A visibilidade de um projeto
pode, em muitos casos, garan- Seria o gestor um super-
tir sua viabilidade em termos homem ou uma mulher maravi-
econômicos, em termos de lha? Aqui apontamos as caracte-
apoio institucional ou político rísticas que consideramos
e, ainda, em termos de adesão importantes mas, é claro, cada
e engajamento dos beneficiári- agente responsável pela gestão
os. A divulgação de um projeto de projetos tem seu “estilo” e
bem sucedido pode assegurar seus altos e baixos. Há os mais
sua continuidade e viabilizar criativos, os mais agregadores,
novas ações propostas pela os que desenvolvem melhor a
24

O que
são projetos
sociais?

Projet
Projet os sociais são
ojetos
iniciativ
iniciativas de grupos
tivas grupos,,
instituiç ões ou set
instituições or
setor es
ores
governamen
ernamentaistais que
elacionados
estejam rrelacionados
a uma ampla
possibilidade de aç ões
ações
e objetiv os. De
objetivos. Devvem
ter em ccomum
omum o
direcionamen
ecionamentto
direcionamen
de esf or
orçços e o
esfor
planejamen
planejamentto a par tir
partir
de dir etriz
diretriz es e
etrizes
met odologias vvoltadas
metodologias oltadas
par
paraa a ação
ação..
O que queremos dizer com isso? 25

Projetos sociais são uma forma públicas, isto é, esteja voltada para risco, desemprego etc) e, por con-
de organizar ações para transfor- melhoria da qualidade de vida e ao seqüência, o combate às desigual-
mar uma determinada realidade acesso a direitos e serviços sociais. dades sociais. Esses projetos bus-
social ou institucional. Projetos são cam o retorno social dos benefíci-
ferramentas (instrumentos) de tra- Isto exclui, portanto, o campo os, por exemplo, através da gera-
balho, articuladas de forma a me- de atores e ações orientados exclu- ção de fundos rotativos para novos
lhorar as ações e resultados desen- sivamente para o mercado, onde projetos e/ou oferta de espaços de
volvidos por alguma organização. “projetos” objetivam benefícios capacitação para outros grupos em
privados. De forma distinta dos igual situação de carência.
Portanto, projetos sociais não negócios, o horizonte dos projetos
existem a partir de si mesmos. Em sociais é o de contribuir para a am- Outro ponto a ser considerado
geral, são construídos a partir de pliação dos direitos sociais, e estes é que projetos sociais têm nature-
organizações que têm intervenções não podem ser tratados como za diferente de projetos orientados
sociais de maior amplitude do que bens privados: se tornam então para a pesquisa científica. Estes
os próprios projetos. Também não mercadorias, perdendo a caracte- últimos têm ênfase na construção
se desenvolvem sem a formulação rística de bens públicos. do conhecimento sobre a realida-
de políticas e diretrizes mais am- de. No entanto, isto não retira das
plas, cujas finalidades superam as Há muitos projetos sociais de universidades e institutos de pes-
possibilidades da própria organiza- geração de renda que apóiam co- quisa a possibilidade de elaborar
ção. Projetos costumam ter um ciclo operativas e empreendimentos projetos sociais – com freqüência o
de vida determinado e somente produtivos (confecções, panifica- fazem, embora não seja seu objeti-
podem ter seus objetivos mais ge- doras, grupos de artesanato). O vo principal. Como veremos mais
rais alcançados num tempo e com que distingue esses projetos de adiante, os projetos sociais tam-
um conjunto de iniciativas superio- um empreendimento ou de uma bém podem realizar pesquisas e
res aos seus limites. Assim, estão empresa privada é o caráter co- gerar conhecimento, mas não é o
relacionados com visões de mundo, munitário de sua organização, a seu objetivo principal.
articulações e políticas sociais. sua finalidade social e o retorno
social dos seus rendimentos. Diferente de uma concepção
Os proponentes de um projeto assistencial, os projetos sociais se
social podem ser associações, gru- O projeto social de geração de inscrevem num horizonte de cons-
pos de interesse, movimentos soci- renda tem como finalidade não o trução de direitos e afirmação cida-
ais, organizações não-governamen- lucro, mas o fortalecimento de gru- dã. Sua ênfase é a noção de justiça
tais, organismos de gestão pública, pos vulneráveis (mulheres, popula- social, o que somente pode ser al-
entre outros. O importante é que a ções empobrecidas, agricultores cançado através da participação e
ação proposta tenha finalidades familiares, jovens em situação de do exercício da cidadania.
26

Projetos sociais
Articulação de projetos sociais 27

Projetos se articulam a partir recursos humanos – o que, em evitar possíveis problemas na


de redes de relações. Isto geral, também significa apoio sua implantação.
significa que os atores que financeiro, pois trata de recursos
desenvolvem projetos necessi- para a contratação de serviços Por fim, no nível de gestão
tam “conversar” com várias em educação. Nesta dimensão, é local, o projeto vai se articular
instituições e com outros importante considerar as com a população beneficiária das
agentes. Nenhum projeto pode definições em torno de políticas ações e os recursos aí colocados.
esperar apoio a partir da boa públicas nacionais ou globais, Trata-se da articulação com
vontade de alguma relação programas institucionais e o grupos de base e lideranças locais
construída de maneira ocasio- perfil dos doadores. Ou seja, que forem considerados impor-
nal ou do conhecimento direto deve-se saber que tipo de tantes para o desenvolvimento
da realidade com a qual o projeto, tanto do ponto de vista do trabalho, pois nenhum projeto
próprio projeto se defronta. A ideológico como temático, pode vai adiante sem apoio local.
busca de parcerias ou outras ser apoiado em cada “local” em
formas de apoio pode estar que está sendo articulado. Aqui, é importante a leitura
associada a três níveis de da realidade social e cultural
articulação: No nível das instituições local. Isto significa perceber as
a) apoio e fomento; mediadoras, o projeto se articula situações de vulnerabilidade
b) mediações; com outras organizações não- social, econômica, cultural e a
c) gestão local. governamentais, organizações carência de serviços, mas
sociais ou comunitárias de também as situações de solida-
No nível do apoio e fomento natureza diversa ou também com riedade e as lutas por reconheci-
está a articulação com grandes organismos públicos, sobretudo mento de direitos que a popula-
doadores ou financiadores de abrangência local ou regional. ção articula. Em resumo, trata-se
individuais, agências (em geral As organizações podem buscar de realizar uma análise da
internacionais) de cooperação, recursos financeiros, mas realidade local e conseguir o
bancos, fundos governamentais, também buscam parcerias para apoio de atores neste contexto.
grandes fundos de empresas a implantação conjunta de Este apoio será de fundamental
privadas, organismos de igrejas, determinados projetos. Neste importância no desenvolvimen-
entre outros. Neste nível, as aspecto, as questões mais to do trabalho, mas também
organizações que buscam relevantes são a missão e as poderá contribuir na efetivação
suporte para seus projetos atribuições institucionais de econômica do projeto. Uma
poderão obter apoio financeiro cada organização vinculada ao creche comunitária, por exem-
e, em menor escala, apoio para a projeto. Deve-se buscar afinida- plo, terá neste nível de articula-
formação ou treinamento de des entre as organizações, para ção de base um apoio dos pais
28 Articulação de projetos sociais

em serviços e decisões políticas realiza esforços de articulação


ou administrativas, mas tam- com outras organizações para o
bém poderá ser apoiada através desenvolvimento de seu projeto,
do recebimento de mensalida- terá dificuldades de
des. Mesmo que só cubram implementar um leque de ações
pequenas despesas, estas têm mais amplas e alcançar resulta-
um sentido prático e simbólico dos mais profundos e duradou-
importante no processo de ros. Portanto, a sabedoria na
adesão do conjunto de famílias articulação de projetos sociais
beneficiadas ao projeto. Estes está em construir relações
apoios financeiros, em nível diferenciadas em níveis de
local, têm o mérito de combater articulação também diversos.
as práticas de assistencialismo.
Sustentabilidade vai muito
É muito difícil que projetos além de conseguir recursos para
sociais consigam bons resulta- pagar os custos de funciona-
dos se não considerarem, em sua mento de uma organização.
implementação, estes três níveis Significa, basicamente, incidir de
de articulação. Quando se forma equilibrada sobre estes
direciona os esforços de forma níveis de articulação.
concentrada para a obtenção de
recursos e não se opera na
articulação política intermediá-
ria ou local, o projeto acaba não
obtendo resultados mais
amplos, pois não conta com
mecanismos adequados para
garantir a participação da
população.

Quando o projeto se desen-


volve somente no nível de base,
tem dificuldade de se viabilizar
em termos financeiros. Se
determinada organização não
29

Construindo um projeto social


30 Construindo um projeto social

Para ganhar vida e desenvol- Para isso, é necessário que os grafia deste guia há referências
ver-se, qualquer projeto social diversos grupos sociais sejam sobre estas metodologias.
necessita de um ambiente favo- envolvidos na identificação dos
rável. Este ambiente é formado problemas existentes, na Em resumo, a criação de um
pelas potencialidades políticas, definição de prioridades, na projeto social vai além da sua
sociais e materiais existentes formulação de estratégias de articulação financeira ou
para o seu desenvolvimento. A ação e nos exercícios de avalia- econômica. Implica, fundamen-
construção das condições de ção do projeto. talmente, escolher caminhos por
viabilidade de um projeto exige onde as organizações e a
que se saiba identificar essas Este esforço é essencial para população envolvida entendem
potencialidades. que a população se aproprie do ser mais importante ou adequa-
conhecimento que já existe a do trabalhar.
O que queremos dizer com respeito de sua realidade (fontes
isto? Projetos são relações de dados e resultados de
sociais. E são sempre construídos pesquisas disponíveis), mas
a partir de forças que se articu- também para que aprenda e
lam. Para compreender o quadro incorpore novas formas de
dinâmico de relações no qual produzir tal conhecimento. Para
um projeto se insere, é necessá- auxiliar nesta tarefa, existe um
rio adotar uma atitude grande repertório de
investigativa, que deve estar metodologias participativas que
presente em todos os momentos podem ser utilizadas. Elas são
do projeto. muito eficientes na realização de
pesquisas que visam a levantar
Investigar significa buscar dados sobre a realidade local,
conhecer os atores envolvidos no identificar potenciais atores e
projeto, seus interesses e recursos, colaborar nos projetos
motivações, suas afinidades, de avaliação da ação social.
diferenças e divergências. Estamos falando de pesquisa
Significa fazer com que os atores participante, pesquisa-ação,
participem da produção de técnicas de construção de matriz
conhecimento a respeito da de planejamento – marco lógico,
realidade que vivenciam e que planejamento estratégico e
sejam capazes de se reconhecer técnicas de avaliação a partir de
no conhecimento produzido. grupos de discussão. Na biblio-
31

Identificação de necessidades,
potencialidades e atores

l Quais as nec essidades da população?


necessidades
l Que nec essidades se tr
necessidades aduz
traduzem em demandas?
aduzem
l Quais as prioridades?

l Quais as potencialidades das or ganiz


org aç
anizaç ões?
ações?
l Como podem ser or ganiz
org adas as rreivindicaç
anizadas eivindicaç ões?
eivindicações?
l Que outr
outros os a
attores podem apoiar as aç
ores ões?
ações?
l Quais aattor es se opõem ao nosso pr
ores ojet
projet o?
ojeto?
l Que a
attor
oreses podem ser cconquistados
onquistados parparaa
nosso pr ojet
projet o?
ojeto?
32 Necessidades, potencialidades e atores

Há ocasiões em que iniciativas as mais urgentes e mobilizadoras dos. Outros, contudo, farão oposi-
naufragam porque seus atores são efetivamente articuladas em ção ao projeto. Talvez por que não
“esqueceram” de fazer a si mes- projetos. As carências financeiras o compreendam com exatidão,
mos perguntas vitais para o de- também contribuem para o esta- mas também por que possuem
senvolvimento do projeto. belecimento de prioridades. uma visão de mundo oposta ao
que se tenta desenvolver. Há ou-
Um grupo de perguntas Outro grupo de perguntas tros que não estão diretamente
relaciona-se com a identificação está relacionado às condições das interessados nos resultados do
de necessidades, demandas e organizações e/ou pessoas envol- projeto e, portanto, não estabele-
prioridades. Será que aquela ONG, vidas no projeto. Será que nós cem um compromisso de apoio ou
realmente compreende as neces- mesmos podemos implantar este uma estratégia de enfrentamento.
sidades da população com a qual conjunto de ações? Não seria mais Com um esforço articulado, é pos-
trabalha? É comum surgirem sur- razoável começar com um peque- sível conquistar novos parceiros
presas quando se verifica as ex- no grupo, através de um projeto que, num primeiro momento, se-
pectativas com relação a um pro- piloto? A demanda não é muito quer haviam sido detectados. O
jeto. Muitas vezes, as organizações grande para o tempo e os recursos envolvimento de novos atores per-
estabelecem mediações com lide- de que vamos dispor? Como o pro- mitirá solucionar questões que
ranças políticas ou sociais locais blema pode realmente ser enfren- ainda estavam em aberto ou in-
que nem sempre representam os tado? Estas são questões que de- corporar novas propostas.
interesses da população. Isso vem ser pensadas antes do proje-
pode tornar o projeto inviável ou to “ganhar as ruas”. Um mau Num esforço de planejamento,
pouco efetivo. dimensionamento das potenciali- será importante reforçar os víncu-
dades poderá trazer frustrações los com os aliados e parceiros, es-
Há uma diferença importante ou desistências. tratégias de enfraquecimento ou
entre necessidades e demandas. isolamento dos opositores e, prin-
Nem todas as necessidades se Também é preciso fazer per- cipalmente, pensar em formas de
transformam em demandas. guntas sobre o perfil dos atores. conquistar o apoio de quem não é
Uma demanda é uma necessida- Esses são indivíduos, grupos, orga- contra mas também não está en-
de que encontrou vontade políti- nizações, representantes políticos, tusiasmado por nossas propostas.
ca de ser enfrentada, respaldo que se relacionam na esfera públi-
ativo em determinada população ca de desenvolvimento das ações. Em resumo, responder com cla-
e condições de ser atendida atra- Há atores que desde o início esta- reza e honestidade a estas ques-
vés de um projeto. Além disso, rão engajados na construção ativa tões colabora decisivamente na
nem todas as demandas são prio- do projeto, e outros que o apoia- diminuição e solução das crises
ridades. Muitas vezes, somente rão de forma eventual. São os alia- que sempre estarão presentes.
33

Articulação entre atores


34 A articulação de atores

A articulação entre os atores As regras que valem para gru- promissos públicos que venham a
consiste no estabelecimento de pos envolvidos no projeto também contribuir para o estabelecimento
um consenso mínimo em torno são adequadas para os indivíduos de garantias da execução do pró-
do plano de ação: nem todos os de cada organização participante. prio projeto. Os compromissos vão
atores precisam estar de acordo As crises em torno da ocupação de muito além do repasse correto de
com todos os pontos; esperar que espaços e construção das “autori- informações e do andamento das
todos concordem é paralisar a dades” relacionadas ao desenvolvi- ações: trata-se de incorporar as
execução de um projeto. mento do projeto não devem ser populações nas rotinas de tomada
encobertas ou decididas por pe- de decisões, mesmo considerando
Quando se está trabalhando quenas instâncias de mando. Há as contradições presentes neste
em projetos de maior porte, se tor- necessidade de se estabelecer diá- processo. A credibilidade de um
na impossível estabelecer acordos logos francos e conduzidos dentro projeto se estabelece através des-
absolutos. Além disso, acordos ou de tempo e condições adequadas, tas relações entre proponentes e
consensos se estabelecem histori- o que muitas vezes é difícil. beneficiários.
camente. Em outras palavras, o que
hoje é conformidade entre os ato- Os acordos entre proponentes O pacto em torno destes dois
res do projeto, amanhã poderá ser podem ser relativamente simples itens implica em construir al-
fruto de intensas discussões e dis- num primeiro momento (quando guns pontos relativamente
putas. O contrário, é claro, também há boa vontade de todos), mas consensuais, tais como:
é verdadeiro. Assim, a obtenção são difíceis de serem administra- l Acordo em torno do diagnósti-
de um consenso mínimo deve gi- dos no cotidiano. Em outras pala- co: todos devem concordar que a
rar em torno de dois acordos: vras, trata-se da complicada con- questão é um problema social;
l En tr
Entr e pr
tre oponen
proponen tes: um proje-
oponentes: dução em torno do poder. l Acordo sobre as formas de in-
to no qual diversas organizações l En tr
Entr e pr
tre oponen
proponen tes e benefi
oponentes benefi-- tervenção na realidade: as estra-
se apóiam mutuamente na exe- ciários
ciários: trata-se da articulação en- tégias básicas devem estar cla-
cução de ações deve estabelecer tre as organizações envolvidas di- ras e assumidas por todos;
com clareza as atribuições de retamente na implantação do l Acordo relacionado aos objeti-
cada grupo, bem como quem re- projeto e a população (comunida- vos: devem ser comuns, princi-
presenta o projeto em determi- de, grupo social etc) do local onde palmente entre as organizações
nadas instâncias e como se socia- o projeto se desenvolverá. Como que estão à frente do projeto;
lizam os méritos dos resultados já foi dito anteriormente, esta po- l Acordo em relação aos resulta-
do trabalho. Cobranças em rela- pulação tem interesses diversifi- dos: há necessidade de uma visão
ção a problemas de execução cados e não está associada de for- semelhante entre organizações e
também devem ser construídas ma homogênea às propostas. O público beneficiário quanto aos
em torno de acordos. acordo passa por construir com- resultados desejáveis.
35

Viabilidade do projeto
36 Viabilidade do projeto

Os aspectos a serem conside- subsidiado, empréstimos, uma boa comunicação entre as


rados para verificar se um proje- incentivos fiscais – e atuar instituições e os grupos
to é viável ou não dependem através de mecanismos diversifi- envolvidos no projeto
muito da sua natureza e do con- cados – editais públicos, concur- (financiadores, executores e
texto de sua realização. Pode-se sos, fluxo contínuo, através de grupos beneficiados). O ideal é
falar em viabilidade financeira contatos diretos. que se crie uma dinâmica em
de um projeto, de viabilidade que seja possível negociar
tecnológica, política, social, cul- É preciso conhecer os diferen- entre as exigências técnicas e
tural ou ambiental. No entanto, tes tipos de fontes financiadoras formais colocadas pelo
é possível identificar alguns as- existentes e, principalmente, financiador e as necessidades
pectos que condicionam a viabi- identificar quais os impostas pela ação social
lidade de qualquer projeto social condicionantes e procedimentos concreta. Trata-se de
e que, de maneira ampla, podem técnicos específicos de cada uma compatibilizar as urgências e
ser abrigados sob as categorias delas para a solicitação de prioridades determinadas
“aspectos econômicos” e “as- auxílio. Só assim será possível pelas demandas sociais e a
pectos sociais”. direcionar o projeto para fontes necessidade de transparência
de financiamento adequadas, no uso dos recursos.
A viabilidade de um projeto nos momentos adequados.
depende fortemente da sua No entanto, para que os
capacidade de obter os recursos Para que a escolha se concre- projetos sociais se viabilizem,
necessários à sua implementa- tize em aporte de recursos, os não basta o apoio financeiro de
ção. Sendo assim, faz parte da proponentes da ação social quem os promove (organismos
elaboração de qualquer projeto devem ser capazes de oferecer governamentais, agências
um levantamento prévio que aos agentes financiadores internacionais, fundações,
identifique o tipo e a quantidade indicações de que suas solicita- instituições comunitárias, igrejas
de recursos que serão necessári- ções são consistentes. Isto etc). Também é fundamental
os. Também é preciso considerar significa demonstrar que o que estas instituições apóiem os
que as fontes financiadoras têm projeto é economicamente projetos que patrocinam,
políticas de ação variadas. Muitas viável e que os recursos deman- responsabilizando-se por sua
delas dirigem sua atuação para dados são qualitativamente e sustentação política e técnica,
áreas bem específicas. Além quantitativamente justificáveis. comprometendo-se com objeti-
disso, as fontes costumam vos e resultados das ações
oferecer diferentes modalidades Para que o aporte de empreendidas. Além disso, deve
de financiamentos – recursos a recursos se torne uma parceria haver empenho destas institui-
fundo perdido, linhas de crédito duradoura, é preciso que haja ções na promoção dos projetos
37

junto à sociedade mais ampla, e avaliação, maior será o necessário, antes de tudo, que
dando-lhes visibilidade pública e engajamento e o compromisso seus executores conheçam,
credibilidade. dos grupos com os resultados e respeitem e dialoguem com as
a continuidade do projeto. representações, os valores e os
Em nível local, é muito impor- saberes próprios aos grupos
tante que os projetos tenham o Outro aspecto que pode ser sociais com os quais pretendem
apoio das instituições que atuam determinante para a viabilida- trabalhar.
junto aos grupos sociais beneficiá- de dos projetos sociais relacio-
rios. Este apoio é essencial para a na-se com a dimensão cultural
criação e manutenção de canais de da vida social. Por mais que um
comunicação entre os grupos projeto queira transformar
envolvidos no projeto, a fim de que determinada realidade através
as propostas ganhem sustentação, da promoção de mudanças na
criando-se uma conjunção de forma de pensar e agir das
esforços na mesma direção. pessoas, é fundamental que
haja o reconhecimento e
Vimos anteriormente que respeito às representações e
um projeto só pode ser conside- saberes próprios ao universo
rado social quando sua imple- cultural das populações
mentação estiver firmada na envolvidas, sob pena do projeto
participação ativa da população, não atingir seus objetivos. Não
e que tenha como objetivo o há dúvidas de que as mudan-
fortalecimento da cidadania. ças nos padrões culturais
Sendo assim, uma das condi- fazem parte das transforma-
ções para a efetivação e o ções da vida social. Contudo,
sucesso deste tipo de projeto propor mudanças não significa
será o enraizamento da ação impor códigos de valores e de
proposta junto aos grupos conduta, por mais corretos que
sociais que ela quer beneficiar. possam parecer a quem está
Quanto mais os grupos sociais propondo a ação.
forem agentes ativos do
processo, estando diretamente Para que novas propostas
envolvidos na definição do que sejam compreendidas e incorpo-
deve ser feito, na construção do radas pela população beneficia-
plano de ação, em sua execução da por um projeto social, é
38

Projetos sociais
Passado, presente e futuro 39

Ao elaborar uma proposta, o além de questões como a idonei- utopias do que se pretende
pensamento está direcionado dade da organização (passado construir, a partir da conjuntura
para o futuro. São ações a serem contábil ou administrativo) ou atual, com a história passada do
implantadas, objetivos a serem resultados obtidos em outros grupo/instituição proponente
atingidos, recursos a serem capta- projetos (passado político ou so- como referência. Isto significa
dos e resultados que se quer al- cial). Significa manter certa fideli- entrelaçar um capital de experi-
cançar. Tudo remete a um tempo dade às linhas temáticas que a ências e aprendizagens anterio-
que há de vir. organização já vem desenvolven- res com as oportunidades e ne-
do, e não apresentar propostas cessidades de intervenção.
Porém, a elaboração de um por que em determinado mo- Quanto mais a ação presente
projeto necessariamente estará mento algum grupo social ou de- estiver em sintonia com a iden-
pondo em diálogo três dimen- manda “virou moda”. tidade e a trajetória do grupo/
sões de tempo: passado, presen- instituição, mais poderá se be-
te e futuro. Através de projetos, qualquer neficiar dos aprendizados e dos
organização está voltada para o reconhecimentos já conquista-
Qualquer organização social futuro e é condicionada pelo pas- dos e contribuir para as trans-
tem uma história. Pode ser uma sado. Mas também deve conside- formações esperadas.
história mais extensa, por ter rar o presente. Ou seja, há um
uma vida mais longa do que ou- contexto e condições concretas Por isso, é recomendável bus-
tras organizações. Pode ser mais nas quais o projeto vai se materi- car a maior sinergia possível en-
intensa, por ter vivido experiên- alizando numa proposta de tra- tre o que se está propondo e/ou
cias de maior impacto ou com balho. Nem sempre este con- implementando e a trajetória
maior intensidade. Pouco impor- texto ou as condições são as pessoal e institucional. É funda-
ta. O essencial é que na história mais favoráveis, pois é comum mental também ter clareza sobre
de cada organização se encontra que responsáveis por trabalhos o horizonte das expectativas, de-
sua memória. Qual é a relação sociais (seja na Sociedade Civil ou sejos e utopias que animam o
disto com projetos sociais? A no Estado) tenham que elaborar projeto. O horizonte utópico é o
memória é uma importante fon- propostas urgentes: o “prazo do leme que estabelece a direção
te de construção da identidade edital está vencendo”, “tivemos que se quer imprimir à ação; sem
de qualquer grupo. informação sobre esta oportuni- ele, o projeto pode se perder
dade, perfeita para o nosso gru- numa realização meramente ins-
Assim, na elaboração de um po, na semana passada”. trumental ou burocrática.
projeto é importante considerar o
passado de quem está conceben- Assim, trata-se de vislum-
do a proposta. Isto vai muito brar um horizonte de desejos e
40

O caminho dos projetos

Adaptado de Møgedal/NORAD, 1989:29, parte II


Por onde andam os projetos 41

Um projeto não começa nem boração fica ao encargo dessa pe- monitoramento e avaliação, bem
termina na elaboração de sua pro- quena comissão. como um contínuo esforço de arti-
posta. Há um caminho a ser per- culação e mobilização de recursos
corrido. Em geral, no início, há um Com uma proposta redigida, em torno dos objetivos do projeto.
conjunto de idéias e desejos (mais fica mais fácil estabelecer contatos
ou menos vagas) a respeito de al- e articular parcerias ou apoios. A conclusão de um projeto
guns objetivos ou do que se quer Mesmo que ainda existam pontos pressupõe uma avaliação final e
fazer. Estas idéias provêm do tra- obscuros ou idéias imprecisas, relatórios. Em algumas ocasiões,
balho que o grupo já realiza ou de qualquer interlocutor sempre terá por compromissos com finan-
algum problema em vias de trans- mais segurança em apoiar o proje- ciadores e pela dificuldade de
formar-se em demanda. to se conseguir visualizá-lo no pa- agrupar todos participantes, o re-
pel. Por isso, o esforço para a arti- latório acaba sendo terminado
Com freqüência, entre o pro- culação de um projeto ocorre após antes da avaliação final. A conclu-
blema e a elaboração propriamen- sua formulação. Na maioria das são de um projeto nem sempre é
te dita do projeto, existe um perío- vezes, as articulações implicarão seu fim. É comum que surjam ou-
do de consultas e estudos prelimi- em mudanças no que já havia sido tras idéias ou desafios, que podem
nares em que se busca informa- escrito. E isso é muito positivo. se transformar em novos projetos.
ções sobre as questões mais im- Também é comum que o mesmo
portantes e se procura estabelecer A implementação do projeto é projeto – ou uma versão seme-
contatos preliminares com possí- um processo constante de pensar e lhante –, tendo obtido êxito em
veis parceiros. Esta fase combina repensar as ações, resultados e indi- um local, seja adotado por outros
pesquisa e articulação. cadores nos quais se quer chegar. ambientes. Assim, um bom proje-
Significa estabelecer processos de to pode e deve se multiplicar.
Após este momento, se efetu-
ará o trabalho de redação da pro-
posta. Em geral, ele é desenvolvi-
do pelo núcleo central do projeto.
São algumas pessoas de uma or-
ganização ou representantes das
entidades que serão responsáveis
pela implementação de um plano
de trabalho. Em alguns momen-
tos, há necessidade de consultas e
participação ampla dos protago-
nistas, mas a maior parte da ela-
42

Itens de um
projeto social
A lógica de uma proposta 43

Uma vez que os principais No que consiste um bom condições de requerer recursos.
conceitos e elementos relacio- projeto social? Em nossa experi- De outro lado, tem os aspectos
nados à gestão dos projetos so- ência entendemos que um bom de negociação interna. Nestes, o
ciais (o que são e por que de- projeto é aquele que consegue mais importante é reforçar a
senvolver projetos) já foram ex- responder a seis questões: solidez, segurança e identidade
postos, vamos agora trabalhar a das pessoas que compõem o
redação de um projeto – a ela- l Quem? grupo responsável pelo projeto e
boração da proposta. l O quê? suas parcerias.

Estamos denominando “ela-


l Por quê? Como se pode observar, os
boração de projetos sociais” a l Como? dois aspectos são fundamentais.
gestão como um todo destes l Quando? Quando um deles não é desen-
projetos, ao passo que denomi- volvido na proposta, o projeto
namos “elaboração da propos-
l Onde acaba sendo prejudicado.
ta” somente os aspectos relaci- l Quanto?
onados à redação do projeto
propriamente dito. Com isto, Quem identifica o proponen-
queremos ressaltar a impor- te do projeto. O que consiste
tância de entender a elabora- em definir objetivos e ações.
ção de um projeto de forma P or que mobilizará a organiza-
mais ampla. ção que elabora uma proposta
para justificar aquele trabalho.
Nas páginas seguintes, vamos C omo se refere à metodologia.
apresentar um esquema lógico Quando e Onde dizem respei-
para construir o texto de um to ao tempo e ao espaço em
projeto. Pode-se dizer que este que se desenvolverá o projeto.
esquema é um “esqueleto” Quan
Quantt o , por sua vez, tem
composto por itens que, ao serem relação com os recursos
preenchidos pelo conteúdo do necessários para sua execução.
trabalho de cada grupo, acabam
transformando algumas idéias Uma proposta possui sempre
ou desejos numa proposta clara e duas preocupações. De um lado,
coerente, capaz de ser entendida tem os aspectos de negociação
e – o que é mais importante – ser externa, que consistem em
apoiada por quem a lê. organizá-la para que tenha boas
44

Itens de um projeto
Itens de uma proposta 45

A redação de uma proposta Muitas vezes alguns itens não A segunda parte do esquema
significa seguir um roteiro básico aparecem na proposta ou estão aspecttos teóric
prioriza os aspec os da
teóricos
de questões que devem ser condensados dentro de um proposta. É aqui que se desen-
respondidas para os leitores. bloco. Tampouco seguem, volve a argumentação em torno
Como foi dito anteriormente, há necessariamente, a ordem de das idéias centrais que moverão
pontos básicos que devem ser apresentação em que são aqui o futuro projeto. A redação de
esclarecidos ao longo da redação expostos. O resumo, por um projeto não é composta
de uma proposta. Para isto o texto exemplo, é a primeira parte que somente de ações e articulações.
deve ser organizado em itens. deve aparecer após a capa. Aqui, Os elementos conceituais e as
pelo fato da redação ser posteri- análises teóricas também são
Duas observações são or ao restante do projeto, importantes. Assim, este é o
importantes: em primeiro lugar, aparece no final. momento de situar o contexto
os itens representam uma no qual o projeto se enquadra e
organização lógica do pensa- Portanto, não há uma norma escrever sua justificativa.
mento, transformando idéias e que diga que este ou aquele Também associamos a este
desejos num futuro projeto. projeto obedece a um esquema momento a construção dos
Esta organização poderia ser “melhor” ou “pior”. Tudo objetivos e a definição do
diferente. Há muitos editais de dependerá de como os redato- universo do projeto, mesmo que
agências, concursos de empre- res organizam o texto e, princi- estes itens tenham um certo
sas ou regras estabelecidas por palmente, dos pontos que a caráter operacional. O fato de
fundos de apoio a projetos que instituição para onde for entrarem nesta parte da redação
fornecem um modelo específico encaminhado o projeto conside- permite uma seqüência de
do que deve ser escrito, definin- ra mais relevantes. leitura fácil e lógica, que colabo-
do partes e títulos de cada item. ra para a compreensão da
Com a Internet, se torna cada Em nosso esquema lógico, proposta.
vez mais comum o preenchi- distinguimos uma proposta a
mento e o envio on-line de partir de cinco áreas. A terceira parte do trabalho é
formulários e propostas. a de articulação. Aqui está o
A primeira parte é a de quadr
quadro o de metas
metas,, que une a
O que cabe aqui é demonstrar apr esen
apresen tação
esentação
tação, onde aparecem parte teórica com a parte prática
a importância do desenvolvimen- as informações que constróem a do projeto – principalmente
to de determinados conteúdos imagem inicial. Aqui estão a através da combinação de
em qualquer projeto, indepen- capa, o resumo e a apresentação objetivos e orçamento. Também
dente do nome ou formato que da organização que encaminha será o primeiro local a ser
venha a ter em sua redação final. o projeto. revisto, caso a proposta venha a
46 Itens de uma proposta

ser aprovada por alguma


instituição de apoio e necessite
ser detalhada.

Na quarta parte, encontrare-


mos os aspec
aspecttos oper
operaativos da
tivos
proposta. Aí estão metodologia,
equipe e parcerias, cronograma e
orçamento. Como se pode
constatar, trata-se de aspectos
operacionais que determinarão
a consistência das ações.

Na quinta e última parte de


nosso esquema se encontram
algumas itens ccomplemen
omplemen
omplementa- ta-
res
es. Aqui, entram os anexos, a
proposta de avaliação e o já
comentado resumo. Como se
pode notar, não é exatamente
uma área da proposta, mas um
apanhado de elementos que
também cumprem seu papel e
não haviam entrado em nenhu-
ma outra parte.

Nas próximas páginas,


trataremos de detalhar cada
item.
47

Modelo de capa
48 Capa

A função da capa é identificar uma “marca”, isto é, uma referên- meira impressão.
o projeto. Sendo responsável cia que garante créditos para
pela primeira impressão, deve quem propôs e para quem partici- Alguns eexxemplos de títulos cria-
ser simples, bonita e conter ape- pou da ação. Isto pode facilitar tivos e in
tivos ter
inter essan
teressantes
essantes
nas as informações essenciais: para a obtenção de novos apoios e l A Associação Cubatense de
nome do proponente, título do fazer daquela ação um caso Capacitação para o exercício da
projeto e data. No cabeçalho, exemplar a ser seguido por outros Cidadania (ACCEC), mantém em
pode estar o nome da entidade grupos sociais. Cubatão (SP) um projeto denomi-
que está propondo e/ou encami- nado “Zanzalá – uma alternativa
nhando o projeto. Há que se ter um cuidado: de vida para meninos em situa-
em geral o nome do projeto não ção de risco”. Neste caso, Zanzalá
A escolha do título também deve ser o nome da própria enti- é uma palavra que só se entende
merece atenção: ele será um ele- dade que o apresenta. Neste no contexto local, mas sua sono-
mento importante para o reco- caso, fica uma imagem inicial de ridade é muito boa. O subtítulo é
nhecimento do projeto junto aos que é um projeto que prioriza a bem explicativo.
grupos sociais envolvidos. Sendo promoção da instituição. l Em Rolândia (PR), a Socie-
assim, é interessante que o pro- dade Ambiental, Cultural e Edu-
jeto tenha um título sugestivo e Na capa de uma proposta, o cacional (SOAME) desenvolve o
com significado para a popula- título “fantasia” pode ser seguido projeto “Não damos o peixe...”.
ção envolvida e os possíveis de um subtítulo que tem a função Uma referência direta a uma fra-
apoiadores. Pode-se usar um tí- de complementar o título. Ele se muito conhecida, que neste
tulo “fantasia”, que sugere ou se deve apontar para informações caso permite ao leitor perceber
refere a algum aspecto que dis- mais descritivas a respeito do que que não se trata de um trabalho
tinga aquela ação social – em se pretende fazer, quais os grupos assistencialista.
função do problema a ser abor- sociais envolvidos e, em alguns l Que tal este? “Liberdade
dado, do grupo social a ser bene- casos, indicar o local onde será de- no mar. Vinte catadores de ca-
ficiado, da metodologia a ser uti- senvolvida a ação. ranguejo no sistema artesanal”.
lizada, da organização ou grupo O nome é de fácil memorização,
que está fazendo a proposta. Embora a capa deva ser sim- poético, e define quem são os
ples e com poucas informações, protagonistas e qual o tema do
Quando bem escolhido, o títu- também deve ser bonita. Alguns projeto. Foi construído pelo Cen-
lo pode ajudar um projeto a se projetos trazem desenhos nas tro Agroecológico Maranhense,
tornar referência para a popula- suas capas, panos de fundo, uso em São Luis (MA).
ção. Além disso, se o projeto for de cores, letras diferentes e ou-
bem sucedido, seu nome torna-se tros recursos para valorizar a pri-
49

Entidade/Organização
50 Dados sobre a organização

Nesta parte, quem está pro- técnica e/ou experiência prática não tenham “vida jurídica”.
pondo o projeto apresenta suas acumulada através de ações so-
credenciais. Devem constar to- ciais similares. Em outras ocasiões, o projeto
dos os dados necessários para a é promovido por uma entidade
identificação, a localização e a Esse texto também deve falar (órgão governamental, funda-
avaliação da qualificação da or- de experiências anteriores que ção, organizações sociais) que
ganização (ou organizações). tenham sido bem sucedidas e tem a função de fomentar e
apresentar eventuais indicadores acompanhar ações sociais que,
Além dos dados de identifica- do reconhecimento positivo des- por sua vez, serão colocadas em
ção e de localização institucional sas experiências – prêmios rece- práticas por outros atores sociais
– nome, endereço, registros fis- bidos; reconhecimento público de menor porte – por exemplo,
cais, números de telefone, ende- por parte de entidades comunitá- organizações comunitárias.
reços eletrônicos – homepage, e- rias e governamentais; referênci-
mail – é importante que as orga- as em fóruns da área social. Mas Nos dois casos é necessário
nizações envolvidas no projeto atenção: as referências devem ser que se faça a identificação de
apresentem algumas informa- breves. Não é intenção da propos- cada uma dessas organizações,
ções sobre a sua trajetória e que ta louvar o trabalho de uma orga- ficando bem definida a função
ofereçam alguns indicadores de nização, mas sim apresentar ex- de proponente ou executora.
sua qualificação para atuarem periências e ações no trato de de-
como agentes sociais. terminados problemas. A apresentação das organiza-
ções envolvidas no projeto – in-
Para isso, devem apresentar Nem sempre quem propõe a dependente se proponentes ou
um brevíssimo texto institucional, ação social será seu executor. Em executoras – deve situá-las em
no qual constará um pequeno his- alguns casos, a organização que relação a outras instituições,
tórico da organização que enfatize levará a cabo o projeto não tem mostrando com quem trabalham
suas qualidades para a ação pro- infra-estrutura ou estatuto jurí- ou já trabalharam e de quais ins-
posta. O texto pode, por exemplo, dico necessários para se apre- tituições já obtiveram apoio.
mostrar que a origem da organi- sentar como a responsável for-
zação está vinculada ao campo mal e financeira das ações, de- Tudo isso permitirá a quem
em que ela pretende atuar; que a vendo recorrer a alguma entida- ler a proposta conhecer e avaliar
instituição tem tradição de atua- de maior, mais bem equipada ou de forma consistente o perfil, a
ção na área social; que está juridicamente qualificada para capacidade e a credibilidade das
enraizada no grupo com o qual fazê-lo. Aqui também cabe um organizações e pessoas envolvi-
pretende trabalhar; que seus alerta: muitas agências não acei- das no projeto.
membros possuem qualificação tam apoiar organizações que
51

O contexto do projeto
52 O contexto do projeto

Uma proposta deve iniciar informações e referências texto deverá apresentar todas as
situando o leitor em relação ao provenientes de diversas fontes, informações e argumentos
contexto e o tema sobre o qual o desde que auxiliem efetivamen- necessários para o entendimen-
projeto social irá intervir. te na caracterização da realidade to da situação. Além disso, é
Significa que deve ser capaz de da região e/ou da população que preciso levar em conta o grau de
demonstrar a quem a lê que os participará do projeto. Pode-se familiaridade que as agências
seus proponentes conhecem a trabalhar com dados estatísticos financiadoras/apoiadoras têm
realidade social na qual o oficiais; textos científicos, com a realidade social em que se
projeto se insere e que soube- notícias e artigos de jornais que dará a ação, para avaliar o tipo
ram diagnosticar os problemas e documentem fatos relevantes de dados a ser fornecido, sob
necessidades que pretendem para a compreensão do contex- pena das informações se
atacar. E mais: esta realidade to; mapas, gráficos e imagens tornarem inúteis ou, ao contrá-
deve ser adequada à realização que ilustrem aspectos relevantes rio, da proposta não ser devida-
do projeto. dessa realidade; relatórios, atas, mente compreendida.
diários de campo resultantes de
De um lado, a análise de projetos anteriores ou de Isso significa que o texto e as
contexto demonstra uma pesquisas realizadas sobre esse informações fornecidas devem
situação de fragilidade e neces- mesmo contexto. estar adequados aos destinatá-
sidade mas, por outro lado, faz rios. Um exemplo: se a proposta
compreender que ali também há É preciso lembrar que a for enviada a uma agência
possibilidades e forças que vão elaboração da proposta escrita internacional, visando a obtenção
contribuir para o desenvolvi- de um projeto social faz com que de recursos para a implementação
mento do projeto. a equipe de trabalho se questio- de um projeto social numa região
ne e consiga ter clareza sobre do Brasil em que essa agência
Para fazer isso, é preciso tais questões. nunca atuou, é necessário
apresentar uma descrição oferecer informações mais amplas
sucinta e objetiva do contexto Por outro lado, também é sobre o país, sobre a diversidade
do projeto, um breve histórico preciso lembrar que, em muitos de sua realidade social e sobre a
que expresse como os proponen- casos, a proposta escrita é a especificidade da região em que
tes compreendem o problema única forma de contato que será realizada a ação.
social que será alvo da ação e as algumas instituições (agências
alternativas para abordá-lo. financiadoras; fundações; órgãos Propostas sobre meio ambien-
governamentais, concursos de te, por sua vez, devem fornecer
Para respaldar essa explana- projetos) terão com o contexto informações específicas sobre a
ção, podem ser utilizados dados, daquele projeto. Sendo assim, o situação ambiental da região.
53

Justificativa
54 Justificativa

Uma vez definido o problema, É preciso lembrar ainda que, pública e institucional para os
o contexto no qual ocorre, a forma apesar de fundamental, a problemas que se deseja atacar.
com que se pretende enfrentá-lo e consistência da argumentação
tendo sido apresentadas as sobre a importância de um Em outras palavras, nem
credenciais de quem se propõem projeto não garante, por si só, a sempre um projeto não aprova-
a realizar essa tarefa, chega-se ao obtenção do apoio ou de financi- do deve ser descartado.
momento de equacionar todos amento para a sua execução. Isso
esses elementos: é a justificativa também vai depender do
de um projeto. momento em que ele está sendo
proposto. Há ocasiões em que um
Este item pode ser conside- projeto, que pode ser considerado
rado como sendo a defesa da bom e viável, trata de questões,
proposta. Ele deve ser capaz de grupos sociais ou regiões para as
relacionar o conteúdo dos itens quais ainda não há um reconhe-
anteriores, dando-lhes um cimento social mais amplo.
encadeamento lógico e, princi- Ainda não há capacidade de
palmente, de apresentar os sustentar a mobilização por
argumentos para que o leitor e/ parte dos agentes que poderiam
ou avaliador da proposta a apoiá-lo, ou capacidade de
compreenda e se sensibilize garantir sua priorização em
para apoiá-la. termos de investimentos
políticos e econômicos.
A justificativa deve ser
capaz de demonstrar e conven- Mesmo assim, a não obten-
cer o leitor de que o projeto ção do apoio esperado não deve
proposto baseia-se numa visão fazer com que se desista.
consistente acerca dos proble- Muitas vezes, o apoio pode ser
mas sociais; que apresenta obtido a partir de uma
formas adequadas e eficientes reavaliação da forma com que o
de abordá-los; que quem projeto foi proposto, de uma
propõe o projeto tem qualifica- redefinição das agências às
ção e legitimidade social quais ele deve ser encaminhado,
necessárias para executá-lo e ou num prazo mais longo, do
que este é o momento adequa- resultado de um trabalho de
do para fazê-lo. sensibilização, de mobilização
55

Objetivos
56 Objetivos

No trabalho de redação da jamos alguns exemplos: e formar mulheres e jovens da


proposta os objetivos ocupam l Instituto Beneficente Es- comunidade da Grota da Ale-
um lugar especial. É neste item cola Para a Vida, de Ariquemes gria, na perspectiva de melhor
que se expressa com mais exati- (RO), desenvolve trabalhos com intervirem na realidade social,
dão o que efetivamente o grupo crianças em situação de risco e, provocando assim mudanças”.
quer fazer e onde quer chegar. em seu plano operacional de Este objetivo se enquadra per-
Nos objetivos, de forma mais 2002, propõe o seguinte objeti- feitamente com os princípios
acentuada do que em outros vo geral: “Envolver as crianças e mais amplos da organização; os
momentos, encontramos a visão adolescentes empobrecidos, e objetivos específicos estarão
de mundo (de sociedade), as pri- suas famílias, num conjunto de dimensionados a partir deste
oridades políticas e as opções de ações integradas que possibili- objetivo aqui considerado geral.
mudança de cada grupo. Talvez tem a construção da cidadania
com certo exagero, poderíamos e o desenvolvimento físico, psi- Dependendo do conteúdo de
afirmar que aí se vislumbra “a cológico e educacional dos cada projeto, no objetivo geral
alma” de um projeto. mesmos”. são comuns termos como “quali-
l Já a Casa da Mulher Traba- dade de vida”, “melhoria na
Os objetivos são de dois ti- lhadora (CAMTRA), no Rio de Ja- auto-estima”, “cidadania”, “apoio
pos: geral e específic
eral os.
específicos. neiro (RJ), tem como objetivo ge- à socialização”, “maior
ral: “Estimular e promover ações integração na comunidade” etc.
No objetivo geral se procura voltadas à formação das mulhe-
apontar para uma transforma- res numa perspectiva de colabo- Cada pr ojet
projet
ojetoo tem um objetiv o
objetivo
ção mais ampla, relacionada rar com o seu processo de auto- geral. Se houv
eral. houverer mais de um,
com a missão da organização nomia, como parte integrante de há mais de um pr ojet
projeto.
ojeto
proponente. Esta mudança é de- transformação da sociedade”.
nominada pela literatura especi- l Uma proposta, dependen- Os objetivos específicos, por
alizada de “impacto do projeto”. do do seu alcance, também sua vez, são de caráter
Não é somente através do proje- pode ser formulada com um ob- operacional. Vejamos um exem-
to que ela é alcançada, mas sim jetivo geral mais limitado. É o plo: a partir do objetivo geral
através de um conjunto de fato- caso do projeto “Alfabetizando e “consolidar, na região da Serra e
res e intervenções. Portanto, é Formando Mulheres e Jovens da no Litoral Norte, uma rede de
comum que o objetivo geral te- Grota da Alegria”, desenvolvido produção e circulação de produ-
nha uma redação abstrata – ain- pelo Centro de Educação Popu- tos orgânicos...”, os responsáveis
da pouco vinculada a ações ou lar e Cidadania Zumbi dos pelo Centro Ecológico, com sede
resultados efetivos que se quer Palmares, em Maceió (Al). Esta em Ipê (RS), desenvolveram os
chegar pelo próprio projeto. Ve- ONG se propõem a “alfabetizar seguintes objetivos específicos:
57

“1. Aumentar o número de agri- ficativa como com o quadro de dação, mas todos devem ter
cultores ecologistas vinculados metas. O objetivo geral está vin- clareza de quais serão os obje-
à rede...; culado aos motivos pelos quais tivos daquele projeto.
2. Ampliar a capacidade da rede o projeto deve ser desenvolvido,
de produzir, processar e distri- ao passo que os objetivos espe- Os objetiv os
os,, mais do que
objetivos
buir alimentos orgânicos,...; cíficos estão vinculados com as qualquer outr
outroo item, sempr
sempre e
3. Reforçar uma cultura de soli- ações e resultados que se espe- de
devvem ser amplamen
amplamente te de-
dariedade e transparência entre ra que o projeto atinja. ba tidos.
batidos.
produtores e consumidores...;
4 . Implantar nas regiões da Serra Em decorrência, o grupo res- Muitas propostas oferecem
e Litoral Norte, núcleos da rede ponsável por um projeto deve redação confusa entre objetivo
Ecovida, assegurando o funciona- esforçar-se para que os objeti- geral, objetivos específicos e
mento de um sistema partici- vos específicos sejam atingi- ações. Isso é muito comum, pela
pativo de certificação por rede; dos. Um pr ojet
projet
ojetoo é ef etiv
efetiv
etivoo na relação direta existente entre
5 . Construir, (...), uma onsegue
medida em que cconsegue estas partes.
metodologia de trabalho que a tingir as metas pr opostas a
propostas
possa contribuir para a implan- par tir de seus objetiv
partir os espe-
objetivos Para evitar ou diminuir este
tação de novas redes.” cífic os. EEsta
cíficos. sta noção ser á fun-
será tendência sugerimos uma medi-
damen
damental tal par aaa
para valiação de
av da prática: numa folha escreva os
Os objetivos específicos qualquer pr ojet
projet
ojetoo. diferentes objetivos propostos.
apontam para os resultados con- Examine-os, verificando a sua hi-
cretos do projeto. São questões Na redação da proposta, os erarquia. O que for superior (mais
que podem ser alcançadas a par- objetivos têm um importante amplo) é o objetivo geral, o que
tir do próprio projeto. Em muitos papel político. É neste local da for intermediário são os objetivos
casos, seus resultados podem – e proposta que se materializam específicos e as questões de or-
devem – ser quantificados. os acordos, os pactos dentro dem mais prática são ações.
do grupo e com seus parceiros.
Ao contrário do objetivo geral, É comum que uma proposta Escrever um projeto é um
os específicos dificilmente serão seja redigida por um pequeno exercício, assim como executá-lo.
somente um. Apenas com um grupo dentro de uma organi- Com o tempo, o grupo e os reda-
conjunto de objetivos específicos zação. Contudo, é fundamental tores ganharão mais segurança
o projeto obterá resultados. que os objetivos sejam debati- nestes aspectos.
dos com o grupo mais amplo,
Os objetivos de um projeto incluindo parceiros. Duas ou
se relacionam tanto com a justi- três pessoas podem fazer a re-
58

Universo do projeto
Universo do projeto 59

O universo do projeto relaciona de forma mais passiva expostas a situações de risco ou


também pode ser denominado com o projeto. É uma parcela com necessidade de políticas
de público alvo ou área de que, indiretamente, também compensatórias. Dificilmente
abrangência. Preferimos a usufruirá dos benefícios do um projeto social estará alheio a
expressão “universo do projeto”, projeto – caso este seja bem estas questões, que também
pois público alvo dá um sentido sucedido, mas não participará podem ser descritas no contexto
de passividade para uma ativamente de sua implantação. ou na justificativa da proposta.
população que deveria estar A proposta deve tentar mapear
ativamente construindo o estes dois públicos. Na medida Mesmo sendo a população o
projeto. Área de abrangência, do possível, o público direto deve item mais importante no
por sua vez, transfere um ser quantificado e o público universo do projeto, não deve-
sentido muito geográfico ao indireto estimado. mos esquecer do local. Em
termo. Pensamos que universo projetos desenvolvidos em
do projeto é a melhor combina- Um bom projeto sempre favelas ou bairros populares, por
ção entre a população e o local estará preocupado em transfor- exemplo, é muito importante
em que se desenvolvem as mar uma parte do público definir com quem se está
ações. Porém, não há problema indireto em população direta- trabalhando, a partir do local. As
em utilizar os outros termos mente envolvida, aumentando relações entre grupos também
(público alvo, com efeito, é seu alcance. Isso significa tentar se organizam pela ocupação de
largamente utilizado). ampliar os acordos, ampliar o raio espaços. Nem todos, por mora-
de ação do projeto e articular rem no mesmo local, se sentirão
Um projeto quase sempre políticas de alianças e estratégias pertencentes àquele espaço
envolve populações de duas de inclusão de outras questões propriamente dito. Isso é
formas: direta e indireta. A sociais ou públicos existentes em socialmente construído e o
população diretamente envolvi- seu local de atuação. projeto deve fazer esforços para
da é aquela que se relaciona de percebê-lo. Assim, o universo do
forma concreta e imediata com o Mais uma vez, aparece a projeto é uma espécie de mapa,
trabalho. São os agentes de importância do estabelecimento envolvendo um local e suas
implantação das propostas de relações políticas, pois não se relações sociais.
construídas em comum. O trata somente de uma questão
projeto é construído para eles e, quantitativa. No universo do
em grande parte, seu êxito projeto, inclusive na proposta, é
dependerá da sua participação. importante considerar questões
Mas, há também um público relacionadas com gênero,
indireto, mais distante que se minorias étnicas, populações
60

Quadro de metas
Quadro de metas 61

O quadro de metas é parte doras, são o conjunto de ativida- para as aulas, contratação de
essencial de uma proposta. É o des práticas que respondem, professores, previsão de outras
local onde os objetivos específicos para cada objetivo, à demanda atividades pedagógicas. O
se traduzem em ações e resulta- ou ao desafio que a proposta detalhamento das ações – tipo
dos. Pode-se dizer que ele comple- torna explícita. É importante de material a ser adquirido,
ta a tarefa, iniciada nos objetivos, lembrar que cada objetivo espe- quais professores ou quais ativi-
respondendo o que se quer de um cífico será trabalhado a partir de dades serão desenvolvidas –
projeto e onde se pretende che- um conjunto de ações. Da mes- não precisam ser descritas no
gar. A existência de um quadro de ma forma que não se alcança quadro de metas. Algumas ou-
metas – que pode ter outras de- um objetivo geral sem a existên- tras questões aparecerão em
nominações – bem elaborado é cia de objetivos específicos, tam- momentos diferentes na pro-
um aspecto que confere consis- bém um objetivo específico ne- posta – como o orçamento,
tência à proposta. Leitores com cessitará ser respondido a partir equipe e parcerias – enquanto
disposição de apoiá-la sentirão de um conjunto de ações. Por outras podem ser apontadas no
que o projeto não é somente isso mesmo, é útil que no quadro posterior planejamento.
retórico, mas tem muita clareza de metas sejam colocados, na
de onde quer chegar. Para o grupo primeira coluna, os objetivos es- Sempre que possível, as
proponente, o quadro de metas pecíficos. Desta forma, será mais ações devem ser quantificadas.
ajuda no amadurecimento da im- fácil verificar se o conjunto de No exemplo acima o ideal seria
plementação do projeto. ações propostas é suficiente. quantificar as pessoas a serem
alfabetizadas. Isto permite asse-
Qual o formato mais ade- Por ações deve-se entender gurar uma melhor relação entre
quado para um quadro de me- os procedimentos necessários a execução e a avaliação. Um
tas? Dependerá, mais uma vez, para a realização dos objetivos projeto com ações pouco defini-
de como cada grupo conduz a específicos. Em termos de elabo- das terá poucas condições de ser
elaboração de suas propostas. A ração do projeto, por exemplo, avaliado.
partir da nossa experiência, uma proposta que tenha como
existem três elementos que de- objetivo geral a melhoria na Os indicadores de resultados
vem ser priorizados: ações, indi- qualidade de vida e educação são desejos práticos de onde se
cadores de resultados e meios de uma população empo- quer chegar. Logo adiante serão
de verificação. brecida, um objetivo específico comentados com mais detalhes.
poderá ser a alfabetização. O
As ações, também chamadas objetivo alfabetização necessi- Os meios de verificação res-
de ações estratégicas, operações, tará de uma série de ações, tais pondem de forma complementar
atividades ou ações nuclea- como: obtenção de um local à questão: como posso saber se
62 Quadro de metas

os resultados serão alcançados? ção utilizar a metodologia do


Significa estabelecer um sistema Marco Lógico para desenvolver a
de coleta de informações, pesqui- proposta, deve-se nesta parte
sas e avaliações – assim se conse- organizar o quadro a partir da
guirá perceber em que medida as matriz desta proposta
ações foram desenvolvidas e se metodológica.1
os resultados foram alcançados.
Neste sentido, percebe-se
Voltando ao exemplo acima, que o quadro de metas tem es-
teremos um objetivo específico de treita vinculação com o planeja-
alfabetização e um conjunto de mento. Se uma proposta for
ações. O resultado será 200 alunos aprovada, será a partir deste
alfabetizados após um ano de tra- “momento do texto” que se co-
balho. A verificação desta nova rea- meçará o trabalho de planejar a
lidade será feita através de exercíci- execução do projeto.
os de leitura e escrita.
O quadro de metas, por sua
Há, também, diversas possibili- associação com os objetivos es-
dades de associar outras informa- pecíficos, lida com resultados.
ções ao quadro de metas. No Mas um projeto também faz sur-
exemplo apresentado a seguir, da gir impactos – que são resulta-
ONG Mãe Terra, vê-se que o qua- dos de longo prazo, não
dro de metas foi elaborado a par- verificáveis no tempo de sua
tir de cada objetivo específico execução ou avaliação. Assim, a
(aqui transcrevemos só um) e traz elaboração da proposta trabalha
outras informações que poderiam com resultados, mas a organiza-
ser colocadas em outros momen- ção deverá considerar que resul-
tos. Neste caso, no entanto, se tados também terão conseqüên-
apresentam bem ligadas ao texto cias – impactos – para a vida das
1
mais amplo da proposta. Em resu- pessoas envolvidas. A visão de Marco Lógico é uma metodologia de
planejamento que vem sendo largamente
mo, o quadro de metas pode ter longo prazo, em qualquer proje- utilizada por agências de cooperação
uma estrutura aberta. to, sempre é muito importante. internacional. Beaudoux et alli (1992:54)
apresentam um bom resumo. Armani (2000)
desenvolve o trabalho de elaboração de
Se o grupo ou agência/local projetos, incluindo exemplos de uso desta
para onde se direciona a solicita- metodologia.
Quadro de metas – um exemplo 63

Objetivos (específic
Objetivos os
os))
(específicos Atividades Met odologia
Metodologia Resultados Recursos físicos
físicos Pr az
Praz
azoo

Formar Divulgar o A divulgação do Inscrições de, Papel ofício, Dezembro


Multiplicadoras início do projeto será nas no mínimo, caneta, micro e de 2002 e
no ramo projeto junto reuniões e 60 mulheres; impressora; janeiro de
da alimentação às celebrações e 2003;
saudável e comunidades; associações da
executoras comunidade;
de eventos
(coquetéis,
lanches, almoços,
jantares).

selecionar as observaremos a seleção de sala, cadeiras, janeiro e


participantes; renda familiar pessoas com papéis e canetas; fevereiro
das interessadas renda familiar de 2003;
e realizaremos de até dois
entrevista; salários
mínimos;

aulas semanais participativa, interesse e apostilas, março e


do módulo oportunizando participação de material escolar, abril
básico; o diálogo no mínimo 70% material de de 2003;
aulas semanais aberto e das aulas pelas limpeza,
do módulo discursivo; aulas do módulo utensílios
específico da básico e 80% domésticos,
formação em pelas aulas alimentos;
alimentação; do módulo
específico;

visitar visitaremos conhecimento ônibus, abril


experiências de experiência de de experiências telefone; de 2003;
cooperativas coletivos que concretas de
ligadas à trabalham coletividade e
alimentação; solidariamente alimentação
na área de alternativa;
alimentação;

preparar preparo de conhecimento e insumos abril, maio


alimentos. alimentos prática na necessários e junho
utilizando apenas área da na preparação de 2003.
insumos alimentação de
saudáveis. saudável por alimentos
parte de 80% saudáveis.
das participantes.
Adaptado do projeto “Formação e Capacitação de Multiplicadores em Alimentação Saudável”, da ONG Mãe Terra, Porto Alegre – RS, agosto de 2002.
64

Indicadores de resultados*
Indicadores de resultados 65

Aqui serão apresentadas Uma família de camponeses ção não resultarão em melhoria
algumas questões relacionadas que tira seu sustento da produ- na qualidade de vida desta
com indicadores de resultados. ção de leite pode elaborar um família. É claro que há o outro
Na elaboração de uma proposta, “projeto” que tenha como um de lado: caso a produção não
é suficiente indicar os resultados seus objetivos específicos dobrar tivesse sido duplicada, acontece-
aos quais se pretende chegar. a produção em dois ou três anos. ria uma piora nas condições
Não há necessidade de muito Para atingir este objetivo desta família.
detalhamento. desenvolverá ações, tais como a
compra de novilhas e Portanto, indicadores medem
Os indicadores de resultado inseminação. O resultado resultados quantitativos e
estão diretamente associados à pretendido será o dobro de leite qualitativos. De certa forma, a
avaliação do projeto. Podem, produzido após a introdução das ênfase se coloca nos aspectos
inclusive, ser denominados melhorias. Os meios de verifica- quantitativos, pois são mais
indicadores de avaliação. São, na ção serão demarcados através da fáceis de se verificar e têm
definição de Valarelli, 1999: medição diária de litros de leite. visibilidade que lhes dá um
“...parâmetros qualificados e/ou Contudo, o resultado está sujeito sentido exato. Em geral, se
quantificados que servem para a muitas variáveis que os traduzem em quantidade de
detalhar em que medida os camponeses não dominam – bens adicionais que o projeto
objetivos de um projeto foram condições climáticas, acidentes proporciona à população de
alcançados, dentro de um prazo com os animais, aumento no onde transcorre. No exemplo,
delimitado de tempo e numa preço de insumos, quebra de seriam os litros de leite extra.
localidade específica. Como o uma máquina, doenças na Nos aspectos qualitativos, os
próprio nome sugere, são uma família, praga na lavoura. Caso indicadores “medem” a qualidade
espécie de ‘marca’ ou sinalizador, os indicadores sejam bem de utilização de algo que o projeto
que busca expressar algum construídos eles consiguirão ao construiu e a profundidade das
aspecto da realidade sob uma menos estimar os resultados da mudanças que ocorreram. São
forma que possamos observá-lo ação, apesar destes aspectos abstratos. De novo, no
ou mensurá-lo”. imponderáveis. exemplo, tais indicadores deveri-
am responder até que ponto os
Nesta definição, o autor Contudo, nem sempre o litros de leite adicionais melhora-
destaca que indicadores de resultado previsto se transforma ram a vida daquela família.
resultados são referências que no produto que se deseja ter. No
apenas apontam a realidade que exemplo, pode ocorrer uma
se quer construir. Não são a desvalorização no valor do leite e
própria realidade. os esforços de duplicar a produ-
66

Metodologia de trabalho/procedimentos
Metodologia 67

Metodologia é um termo que ciso fazer um cadastramento ou grafia ou referência a experiênci-


está normalmente associado ao mesmo uma seleção das pessoas, as similares já realizadas.
campo da investigação científica. famílias ou grupos que irão partici-
No caso dos projetos sociais, esta par da ação. Nestes casos, a pro- Na metodologia também de-
palavra assume um sentido bem posta deve trazer descritos os ca- vem aparecer as formas pelas
mais amplo, que pode ser traduzi- nais e as formas através dos quais quais se dará a participação das
do pelas expressões “maneira de se pretende estabelecer o contato organizações e dos indivíduos par-
agir”, “modo de proceder” ou, de com a população – se através de ceiros na ação. Isto inclui clareza
forma mais poética, pela palavra organizações comunitárias, das sobre os estatutos jurídicos das
“caminhos”2 . escolas, da rede de serviços públi- parcerias institucionais: se já exis-
cos, das igrejas, dos meios de co- te ou será firmado um convênio
No caso específico dos proje- municação com penetração local -. entre as organizações envolvidas;
tos sociais, é natural que se pense Também é importante indicar se ocorrerá a criação uma coope-
em “metodologias”, assim, no plu- quais os instrumentos que serão rativa; definição das regras e con-
ral. Neles deve sempre haver um utilizados para informar e mobili- tratos que irão reger as relações
momento em que se fará a descri- zar esta população – cartazes, pan- dos grupos executores com os or-
ção dos caminhos, dos procedi- fletos, programas de rádio, pales- ganismos financiadores. Inclui,
mentos, das maneiras pelas quais tras, feiras, festas, oficinas – e os também, a definição legal dos vín-
se pretende organizar, efetuar e métodos que serão empregados culos a serem estabelecidos com
avaliar as ações propostas, em to- para vincular os participantes ao os indivíduos participantes: traba-
dos os seus níveis. projeto – formas de inscrição, de lho voluntário, trabalho
seleção, de engajamento. cooperativado, trabalho assalaria-
Caso seja necessária a reali- do, participação eventual, partici-
zação de uma pesquisa Se a ação envolver o emprego pação permanente; e definição a
exploratória ou de um levanta- de ferramentas de ação (pedagó- respeito dos direitos desses parti-
mento de dados para subsidiar gica, de organização, de divulga- cipantes sobre os resultados da
as ações propostas pelo projeto, ção, de produção etc) ou de ação: direitos autorais, direitos de
os métodos empregados nestas tecnologias inovadoras ou pouco registro de descobertas científicas
investigações devem ser indica- conhecidas, deve aparecer na pro- e tecnológicas, direitos sobre re-
dos no item metodologia. posta do projeto uma breve des- sultados financeiros etc.
crição dos métodos e técnicas.
Em muitos projetos sociais Também é interessante oferecer
também é necessário um trabalho referência que dê sustentação
prévio de sensibilização da popula- científica ou institucional à nova 2
Ver Novo Dicionário Aurélio. Ed. Nova
Fronteira, 1975, p. 919.
ção envolvida. Outras vezes, é pre- metodologia proposta – biblio-
68

Equipe e parcerias
Equipe e parcerias 69

Na proposta escrita de um ou monitorando o desenvolvi- equipes, apoios indiretos e


projeto é importante que se mento do projeto. parcerias deve ser parte da
defina de forma clara quem será metodologia de trabalho e algo
responsável pelas ações. Isso Parceiros em um projeto, por a ser constantemente
significa que, antes mesmo de se sua vez, são as instituições ou incrementado. Um bom projeto
redigir a proposta, já deve estar indivíduos que, embora partici- necessariamente agrega mais
formada, ao menos em parte, a pando diretamente da ação, não pessoas, grupos ou instituições
equipe que irá executar o projeto são os responsáveis pelos objeti- em torno de si. É este esforço de
e também escolhidos e vos ou pelos resultados globais. articulação que permite o
contatados os eventuais parcei- Os parceiros podem atuar fortalecimento contra as crises e
ros de trabalho. diretamente junto à população o avanço em direção à novos
envolvida no projeto, responsabili- projetos.
Na identificação dos partici- zando-se pela execução de algum
pantes do projeto, pode cha- aspecto de sua implementação,
mar-se de “equipe direta” o ou por ações que se dão em
grupo formado pelas entidades, períodos temporalmente
grupos ou indivíduos que delimitados (consultorias,
executarão as ações. São eles auxílios, avaliações), sem que
que colocarão “a mão na sejam confundidos com a equipe
massa”, interagindo diretamen- que está implementando
te com os grupos sociais diretamente o projeto.
envolvidos e sendo os respon-
sáveis imediatos pelos resulta- Quando se pensa em equipe
dos das ações propostas. ou parcerias é importante
destacar duas questões.
Já a “equipe indireta” é
composta pelos setores, grupos A responsabilidade de
ou indivíduos que, embora execução é da equipe (organiza-
ligados à equipe que executa o ção, grupo, pessoal) diretamente
projeto, não participam necessa- vinculada ao projeto. Não se
riamente de forma direta das pode responsabilizar outros
ações. São aqueles que traba- atores, que dão apoio, pelos
lham na retaguarda, dando resultados do projeto.
apoio, mantendo a infra-estrutu-
ra necessária, acompanhando e/ Por fim, a constituição de
70

Cronograma
Cronograma 71

Conta a mitologia grega3 que Neste caso, o mais comum é que esteja exposto neste item –
Khronos, após as constantes e montar uma planilha, semelhan- veja no exemplo apresentado.
características lutas pelo poder te ao esquema da página
entre as divindades, assume o anterior. As linhas podem ser as Mas na verdade, a apresenta-
posto de rei dos deuses e senhor ações ou atividades a serem ção em separado é mais interes-
do mundo. Como nada é eterno, desenvolvidas e as colunas, os sante, uma vez que permite
ele sabia que seria destronado intervalos de tempo para realizar visualizar melhor o conjunto de
por um de seus filhos. Assim, para as ações. Os intervalos de tempo ações e sua distribuição no tempo.
evitar a queda, decide devorar podem ser medidos em meses,
seus filhos, um a um, logo após o bimestres, semestres. Tudo Esta nos parece ser a função
nascimento. Como se pode ver, é dependerá da complexidade e do mais importante do
fácil imaginar por que em certas prazo de desenvolvimento cronograma: permitir ao grupo
alusões, Khronos aparece identifi- pensado para o projeto. A medida uma disposição espacial do
cado como o tempo. de tempo mais utilizada é a do tempo em que cada ação será
mês (mensal). desenvolvida. Assim, é possível
Cronograma, derivativo de saber se um período está muito
Cronos, é o esforço de organizar Também é possível, no ocupado e outro pouco preen-
o tempo de existência do cronograma, usar períodos de chido. Também fica claro quais
projeto – para que as pessoas e tempo, sem mencionar datas. Ou ações devem ser executadas
grupos que o desenvolvem não seja, não se coloca um mês antes de outras para permitir o
sejam “devorados” por este ser específico para o início do projeto, correto andamento do projeto.
impiedoso. De fato, isso tam- e sim a marcação de “mês 01”. Isto
bém ocorre na vida de cada um evita que a implementação do
– se não nos organizamos em projeto comece defasada em
torno de instrumentos de relação à proposta, pois é muito
mensuração e controle do comum que um grupo não
tempo, calendários, agendas ou consiga dimensionar com
relógios, logo vamos perceber exatidão o período de negocia-
que se foram os dias ou meses e ções – normalmente maior do que
não foi possível fazer o que se o previsto. É mais fácil mensurar o
havia planejado. período das ações do projeto.

3
Com um projeto não é diferen- Maiores detalhes podem ser encontrados em
O cronograma está direta-
Kury, Mario da Gama. Dicionário de Mitologia
te. É preciso organizar o tempo de mente vinculado ao quadro de Grega e Romana. Rio de Janeiro, Jorge Zahar
desenvolvimento das ações. metas. Com freqüência, ocorre Editor, 1990, pgs. 96-97.
72

Orçamento
Orçamento 73

O orçamento é um item revisar o orçamento e checar se (recursos humanos, materiais,


decisivo para a aprovação de um cada item de despesa está tecnológicos etc.). No caso da
projeto pois é nele que se indica devidamente explicitado no participação de organismos ou
exatamente o que se solicita à texto da proposta, fazendo as instituições públicas, é impor-
instituição financiadora. Um modificações necessárias e tante que essa referência seja
bom orçamento deve ser claro, corrigindo possíveis distorções. feita a fim de que o uso de
objetivo e suficientemente recursos públicos nessas ações
detalhado, indicando os itens e Dentro do conjunto de seja reconhecido e devidamente
sub itens de despesa dentro de despesas orçadas deve-se indicar valorizado.
um cronograma de desembolsos quais compõem o montante
ao longo do tempo de duração solicitado ao financiador e quais A organização do orçamento
da proposta. No orçamento é podem ser assumidas pelos supõe muitas vezes a adequação
importante deixar claro, por proponentes como aos critérios de financiamento
exemplo, quando e quantos contrapartida. A contrapartida das fontes para as quais se
serviços e pessoas serão contra- inclui recursos materiais e destina o projeto. Por exemplo,
tados, equipamentos adquiridos, humanos já existentes e/ou que há situações em que determina-
viagens, seminários e cursos podem ser mobilizados pelos das agências não financiam
realizados. proponentes como, por exemplo, recursos humanos permanentes.
trabalho voluntário, doações, Nesse caso, não adianta remeter
Devemos sempre lembrar que equipamentos, local etc. A uma proposta cujo orçamento
as propostas são escritas para existência de contrapartida é um solicite pagamento de pessoal
viabilizarem recursos para o indicador de capacidade permanente. Outro critério a ser
projeto. Portanto, o orçamento organizativa dos proponentes e levado em conta é a duração do
assume um papel decisivo, pois é a sustentabilidade do projeto. projeto. Há agências que já tem
a materialização do projeto em fixado um tempo para o apoio
seus aspectos econômicos. Nem sempre a contrapartida (trienal, bienal etc). É importante
oferecida pelos proponentes ter estas informações para
É fundamental que o orça- pode ser contabilizada de forma aproximar a proposta dos
mento seja compatível com o precisa em termos monetários. critérios e da disponibilidade das
conjunto do projeto, demons- Nesses casos, vale a pena agências apoiadoras.
trando uma relação de adequa- acrescentar uma observação ao
ção entre as ações propostas, os orçamento, onde conste a Para orçar a maioria das
itens de despesa e seus valores referência e uma breve descrição despesas é recomendável uma
de mercado. É recomendável, dos recursos que serão boa pesquisa de preços de
após a conclusão da proposta, disponibilizados para o projeto mercado!
74 Orçamento

Nos dois quadros adiante possível detalhar tanto como no De qualquer maneira, o
apresenta-se o mesmo orça- exemplo apresentado, mas detalhamento do orçamento é
mento, disposto sob formas sempre deve ser feito o esforço uma condição inegociável para
bastante diferentes. No primei- de prestar o maior número de garantir a transparência da
ro caso, o orçamento se organi- informações. Em algumas proposta apresentada. A organi-
za num quadro sem maiores ocasiões, dependendo do item zação ou grupo, se for fiel a esta
detalhes. É praticamente (máquinas, por exemplo) pode proposta ( já considerando
impossível saber quais os ser interessante apresentar possíveis ajustes) estará consoli-
gastos exatos em cada parte duas ou três tomadas de preços. dando uma marca de seriedade
orçada, pois os itens não estão Com isso, haverá certeza sobre o com o trato dos recursos e
discriminados. Assim, é muito valor necessário. respeito aos apoiadores.
genérico (e pouco confiável)
colocar “despesas com recursos Por fim, vale lembrar que as Em outras palavras, confecci-
humanos”. Há a necessidade de grandes agências financiadoras, onar um bom orçamento é mais
estipular quais são os recursos inclusive as do Estado, costu- do que levantar números “que
humanos, quanto se pagará mam ter modelos próprios para fecham”.
para cada um e por quanto a apresentação de orçamentos
tempo. O mesmo ocorrerá nos e/ou resumos de despesas
demais itens. (muitas vezes fornecidos sob a
forma de formulários) aos quais
Uma boa proposta terá um é preciso adequar-se para que a
orçamento detalhado, pois proposta de um projeto seja
somente sabendo as quantida- avaliada. Considerando que um
des de cada espécie de recurso é mesmo projeto pode ser enca-
que os possíveis apoiadores minhado para diversas agências
terão segurança em liberar de apoio, e que o orçamento
estes recursos. Qual é o custo de deve ser um instrumento capaz
determinado projeto? Serão de auxiliar a própria equipe do
mesmo necessários R$ 25 mil ou projeto no gerenciamento de
é possível implementar as suas despesas, o ideal é produzir
mesmas ações propostas com um orçamento completo e
R$ 20 mil. Se não houver uma adequado às necessidades do
discriminação dos gastos é projeto e modificá-lo à medida
impossível responder essa das exigências dos
pergunta. Muitas vezes não é financiadores.
75

Um mau exemplo de orçamento

Orçamento para o projeto “Equipando


guardas-florestais para administração e
proteção de um parque

Item R$
Supervisão/pessoal 70.500
Publicações 1.700
Equipamento 1.220
Abertura de trilhas 1.775
Veículos 27.500
Pesquisa 12.000
Divulgação comunitária 3.750
Administração do projeto 4.125
Treinamento 1.700
Avaliação 1.000
Total 125.370

Fonte: Urban/SPVS, 1997:15. A moeda foi substituída pelo Real (R$)


76

Um bom eex
xemplo de orçamen
çamentto
orçamen

Orçamento para o projeto “Equipando guardas-flo-


restais para administração e proteção de um parque”

Item Ano1 Ano 2 Ano 3 Total


Diretor do projeto
Salário 18.000 20.000 22.000 60.000
Benefícios 3.000 3.500 4.000 10.500
Subtotal 21.000 23.500 26.000 70.500

Prepar
Prepar ação de mapas/
eparação guia
mapas/guia
Consultor editorial (2 meses a R$ 300/mês 600 - - 600
Cachê de artistas 200 - - 200
Impressão de 1.000 exemplares 500 - 500 1.000
Subtotal 1.300 - 500 1.800

Ar tig
Artig os de escrit
tigos ório par
escritório a a sede do par
para que
parque
Computador 2.000 - - 2.000
Impressora 1.000 - - 1.000
Disquetes e artigos de computador 200 200 200 600
2 mesas 300 - - 300
3 arquivos 225 - - 225
Subtotal 3.752 200 200 4.125
Orçamento 77

Um bom exemplo de orçamento

Equipamen
Equipamentto de campo para guar
para das-flor
guardas-flor estais (6)
das-florestais
2 barracas 100 - - 100
6 sacos de dormir 435 - - 435
6 pares de botas 180 - 180 360
6 capas de chuva 100 - - 100
6 mochilas 225 - - 225
Subtotal 1.040 - 180 1.220

Construção de trilhas/transporte para


equipe de voluntários a 30 c/milha 225 300 225 775
Almoços (30) 100 100 100 300
Materiais de construção para
operários de estradas 300 200 200 700
Subtotal 625 600 550 1.775

1 caminhão com tração nas


4 rodas para uso no
projeto pelo diretor e guardas-florestais 25.000 - - 25.000
Manutenção 500 1.000 1.000 2.500
Subtotal 25.500 1.000 1.000 27.500
78 Orçamento

Um bom exemplo de orçamento

Pesquisa: 4 bolsas de 3 meses para estudantes


da Universidade Nacional, realizando
trabalhos de campo no parque 4.000 4.000 4.000 12.000
Subtotal 4.000 4.000 4.000 12.000

Divulgação comunitária
(2 workshops 20 pessoas); equipe de viagem 1.000 1.000 1.000 3.000
Material 150 150 150 450
Impressão/correio 100 100 100 300
Subtotal 1.250 1.250 1.250 3.750

Treinamento da equipe responsável pelo projeto


Assistência ao seminário
internacional sobre administração
de parques, junho de 1988 - San José 1.400 - - 1.400
Assinaturas 100 100 100 300
Subtotal 1.500 100 100 1.700

Avaliação do projeto
Honorários dos consultores - - 1.000 1.000

Total 59.940 30.650 34.780 125.370

Fonte: Urban/SPVS, 1997:16. A moeda foi substituída pelo Real (R$)


79

Resumo
80 Resumo

O resumo é um item muito questões ajustadas. Uma boa


importante. Ele é feito para idéia é escrevê-lo depois de
leitores que não conhecem o deixar o documento “descansar”
projeto. Será responsável por por um tempo e só então reler
formar nestes leitores uma tudo para escrever o resumo.
primeira idéia sobre as questões
essenciais da proposta, tornan- Outra idéia interessante é
do-a atraente ou não. Vai conseguir ajuda para a elabora-
convidar para a leitura ou ção do resumo. Neste caso, deve
afastar o interesse de possíveis ser de uma pessoa com ótima
apoiadores. Um resumo bem capacidade de sistematização,
feito causará uma boa impres- que escreva bem. Também é
são inicial e pode ser decisivo na interessante que ela possua
aprovação do projeto. alguma relação com o projeto,
embora não seja necessário que
O resumo vem logo depois da faça parte da equipe ou das
capa e contém informações parcerias. Este “redator” terá
básicas sobre o perfil do projeto. acesso ao projeto já pronto e
Deve indicar, em linguagem rapidamente fará uma síntese,
direta e enxuta, qual a proble- o resumo.
mática social em questão, a
relevância das ações, apresentar Nem sempre isso é possível,
a organização proponente, os mas é desejável!
objetivos do projeto e, finalmen-
te, os recursos solicitados e a
contrapartida oferecida.

O rresumo
esumo não de
devve
apassar uma página.
ultrapassar
ultr
Quan
Quantto menor
menor,, melhor!

Embora seja a primeira parte


a ser lida, é a última a ser escrita,
quando os outros itens já
estiverem redigidos e todas as
81

Resumo um bom exemplo


“A pressão dos estabelecimentos O objetivo do projeto Parque
humanos nas áreas protegidas da Amboró é reduzir a pressão humana
Bolívia e de toda a América Latina é sobre a área no prazo de três anos,
um grave problema que ameaça a motivando as cinco comunidades de
conservação da impressionante camponeses localizadas na parte sul
diversidade biológica ali abrigada. A do parque para que planejem o uso
implantação de medidas de prote- sustentável de sua base de recursos.
ção é uma condição necessária para Isso vai requerer a adoção de uma
a conservação das áreas protegidas, metodologia participativa, a avalia-
mas não é suficiente somente ção da base de recursos e, por último,
abordar as causas das crescentes a preparação de planos locais. A
pressões humanas que ameaçam metodologia adotada para o projeto
estas áreas. e seus resultados serão divulgados
A Fundação Amigos da Natureza aos diretores e ocupantes de outros
(FAN), uma fundação boliviana sem parques, por meio de workshops e de
fins lucrativos, que atualmente práticas.
presta assistência vital a mais de 2,5 Com essa finalidade, a Fundação
milhões de hectares no país, reco- Amigos da Natureza respeitosa-
nheceu esse problema. A Fundação mente solicita da Fundação ................
desenvolveu, então, uma proposta a soma de US$ .........., que representa
sobre planejamento comunitário 40% dos gastos do projeto. Este
dos recursos do Parque Nacional trabalho oferece uma esperança
Amboró, de 607.500 hectares, que para o futuro da diversidade bioló-
constitui uma zona de enorme gica da Bolívia.”
importância biológica e social. Fonte: Urban/SPVS, 1997:17
82

Anexos
Anexos 83

Os anexos, como o nome já adianta uma foto que não páginas, se causar forte impres-
indica, não fazem parte do mostra com nitidez o que se está são, será negativa.
núcleo do texto que foi elabora- querendo dizer) e precisos
do. Mas podem ser utilizados de (informações que não reforcem
forma complementar à propos- o projeto não devem aparecer,
ta, como material de apoio. mesmo sendo interessantes).

Nesta condição – material de Se os anexos não devem


apoio – jamais devem conter conter materiais fundamentais
uma idéia, conceito ou informa- também é adequado que não
ção que seja fundamental para o sejam mais volumosos do que o
desenvolvimento da proposta. projeto. Ou seja: tampouco
Se é algo tão importante e devem exceder o projeto em
decisivo, deve constar no corpo quantidade de informações.
da proposta de projeto. Ninguém irá ler 50 ou 70
páginas de anexo (nem mesmo
Os anexos servem para 30!) de um projeto com dez ou 15
ilustrar com mais detalhes e páginas. Portanto, aí não é
informações alguma questão preciso despejar tudo que a
fundamental no texto. Podemos organização acumulou em seu
utilizar materiais anexos que trabalho. Os leitores não irão se
reforcem informações sobre a deter em dezenas de recortes de
entidade que está apresentando jornal sobre o importante
uma proposta (folders, breve projeto daquela organização,
currículo das pessoas responsá- que recebeu um prêmio (basta
veis, alguma notícia publicada uma ou duas matérias) e
em jornal ou revista...), que também não são todos os
apóiem o contexto no qual o gráficos, fotos, tabelas, depoi-
projeto está inserido (dados mentos e cartas que necessitam
estatísticos, mapas, fotos etc..) ser colados no projeto.
ou também que sirvam de
sustentação política ou adminis- As propostas não são aprova-
trativa (cartas de apresentação, das pelo volume. Ao contrário do
documentação legal). Esses que se pode imaginar, um
dados devem ser claros (de nada calhamaço de dezenas de
84

Avaliação
Avaliação 85

Assim como os indicadores Em decorrência, devemos um olhar crítico sobre seus


de resultados, a avaliação é um pensar a avaliação não como um resultados, ou seja, de como o
processo mais amplo do que as momento do projeto – aquela projeto vem mudando (para
referências que devemos fazer parada no final de ano na qual a melhor?) a vida das pessoas.
na hora de escrever a proposta. gente senta e avalia o que fez.
Já indicamos mais atrás, ao Devemos organizar o projeto Há vários tipos de avaliação,
comentarmos sobre o caminho para que as avaliações sejam diversos momentos, formas de
dos projetos, o papel fundamen- contínuas, ao longo do desenvol- organizar uma avaliação e
tal das avaliações no processo de vimento do trabalho. Isso não propósitos. O formato das
construção dos projetos, em significa que se ficará avaliando, avaliações também estará
especial nos seus momentos de sem fazer nada mais. Somente sempre relacionado com o
implementação. queremos destacar o perigo de tamanho do projeto, a complexi-
se cair no oposto: fazer muito, dade dos temas trabalhados e as
Como o tema que aqui sem avaliar nada. Embora a relações construídas com a
trabalhamos não é avaliação de cultura do ativismo esteja sendo população e organizações
projetos sociais, faremos apenas criticada e, de fato, se percebam parceiras. Neste sentido, é quase
algumas observações sobre sua mudanças na forma de trabalho inviável formular avaliações
inserção na proposta. de muitas organizações, ela somente a partir de modelos.
ainda está presente com certa Nos parece fundamental que os
Algumas questões nos freqüência em número significa- modelos e, inclusive as experiên-
parecem importantes que tivo de projetos. cias de outras organizações,
apareçam nesta breve descrição. sirvam de material de trabalho
Portanto, no cronograma da para que cada grupo ou organi-
Em primeiro lugar, a avalia- proposta a avaliação deve ser zação construa suas
ção deve ser compreendida inserida não apenas como um metodologias de avaliação.
como uma parte do processo momento do projeto. É interes-
de construção do projeto, e não sante inserir três, quatro ou mais Aa valiação de
av ve ser
dev
uma tarefa a ser feita necessa- momentos de avaliação. Além construída a par tir de ac
partir or
acor dos
ordos
riamente em separado e que disso, afirmar claramente que no grupo e par
parccerias
nos exige “deixar o trabalho de haverá um acompanhamento
lado, para avaliar”. Avaliação constante ao desenvolvimento Avaliação é diferente de
também é trabalho e tem a das ações e resultados no monitoramento. As diversas
mesma importância (muitas quadro de metas. Com isto, se possibilidades de avaliação
vezes mais!) do que busca um equilíbrio entre a operam sobretudo em alguns
implementar ações. execução das ações propostas e momentos do projeto, tratando
86 Avaliação

de deter-se mais nos objetivos projeto consideramos o item


gerais e nos impactos de largo avaliação de forma mais
prazo que este projeto produz na operacional. Trata-se de situar o
população. Já o monitoramento, leitor ou leitora em relação à
por muitos grupos chamado de forma como procederemos a
acompanhamento, funciona no avaliação do projeto, caso ele
cotidiano do projeto, revisando venha a ser apoiado e suas ações
objetivos específicos, ações, tenham condições de serem
metodologias, resultados ou implementadas.
recursos. O monitoramento se
detém nos resultados concretos Neste sentido, avaliação pode
e praticamente imediatos. ser uma das questões expostas
Portanto, monitoramento é uma na metodologia. Mas também
forma específica de avaliação. pode ser um item separado. Não
há uma maneira certa ou errada.
Há muitos aspectos de um
trabalho que podem ser avalia-
dos (ou monitorados).

Como foi comentado acima,


podemos rever um projeto a partir
de seus objetivos, suas ações e
resultados, de sua metodologia,
do funcionamento das equipes e
parcerias e também dos recursos
disponíveis. Portanto, a avaliação
não pode ser restrita ao quadro de
ações (o que fizemos e o que não
foi feito), pois esta perspectiva é
meramente ativista. A avaliação
também não deveria se transfor-
mar num mero exercício de poder.

Por fim, quando estamos


escrevendo uma proposta de
Sugestões gerais 87

Tendo abordado os itens fundamentais que Quanto à apresentação, vale a pena escolher
devem constar em uma proposta de projeto um ma terial que torne a pr
material oposta a
proposta tr
atraen
traente
aente
te,
social, cabe lembrar que o texto é, muitas vezes, a desde que ele seja adequado e que não seja
única forma pela qual os indivíduos e/ou institui- oneroso. Por exemplo, pode-se utilizar material
ções tomarão conhecimento do projeto que está reciclado ou ilustrações relacionadas ou produzi-
sendo proposto. Sendo assim, vale a pena cuidar das pelos grupos sociais envolvidos no projeto.
com muito carinho de sua redação e apresenta-
ção. Para ajudar nessa tarefa, a seguir apresenta- Também é importante lembrar que toda a vez
mos algumas sugestões e reforçamos questões em que um projeto for enviado a alguma
que já apareceram ao longo do texto: instituição ou agência para solicitar apoio,
recursos ou qualquer outra forma de auxílio, ele
Em primeiro lugar, é bom lembrar que a deve ser acompanhado de uma car ta de apr
carta e-
apre-
proposta de um projeto é um texto de trabalho e sen tação que recomende o projeto, que reforce
sentação
não uma produção literária. Deve ser completa seus pontos fortes e explique a quem recebe o
mas en xuta
enx uta. Sua redação deve ter como princípio sentido daquele contato.
básico o uso de frases claras e diretas, procurando
não utilizar termos rebuscados ou pomposos. Por fim, é bom ter sempre em mente que a
credibilidade a ser obtida por uma proposta de
Caso seja necessário incluir planos ou infor- projeto social depende diretamente de sua efetiva
mações mais detalhados, esses devem ser coloca- execução.
dos em ane
anexxo , no final da proposta, e apenas
mencionados no texto. Mesmo quando colocado
em anexo, o uso de material para ilustrar e
enriquecer a proposta (fotos, mapas, ilustrações
gráficas) deve ser muito criterioso
criterioso.. Deve ser
utilizado somente na medida em que for capaz de
agregar informações que tornem a proposta mais
interessante. O ideal é que as propostas não
desanimem seus leitores. Isso significa que elas
não devem ser longas (mais de 20 páginas já
alcança a saturação). Em geral, os anexos não
devem ultrapassar 50% do volume do projeto.

Não esqueça, no final da redação, é fundamen-


tal que se faça uma rre
evisão g er
geral do te
eral xt
text o.
xto
88 Conclusão

Chegamos ao final desse Guia tendo apresen- pretende atuar. Além disso, os pr ojet
projet os não são e
ojetos
tado uma série de noções e conceitos relacionados não de vem ser cconsider
dev onsider ados a única fferr
onsiderados erramen-
erramen-
com a atuação social sob a forma de projetos. ta a ser utilizada na implemen
utilizada tação de aç
implementação ões
ações
ou políticas sociais
sociais..
Em primeiro lugar, fizemos uma brevíssima
análise dos processos que, ao longo das últimas Um dos principais méritos deste instrumento
décadas, transformaram as relações entre o Estado está no fato dele exigir que os proponentes de um
e a sociedade e fizeram com que os projetos sociais projeto social tenham uma ccomprompr eensão pr
ompreensão évia
pré
se tornassem uma ferramenta muito utilizada na da rrealidade
ealidade que ser á alv
será alvoo de suas aç ões
ões.. Além
ações
implementação de políticas e ações sociais. disso, os projetos sociais são instrumentos úteis
para construção de ac or
acor dos en
ordos tr
entr e os ag
tre agenen tes
entes
Mas o objetivo principal do Guia para a en
envvolvidos na ação social pois, como já vimos, eles
Elaboração de Projetos Sociais foi o de oferecer devem ser elaborados a partir de uma articulação
uma orientação prática para a elaboração de prévia entre os participantes, que produza um
novos projetos sociais, não importando o seu consenso mínimo quanto às questões a serem
formato. Isso significa que os diversos aspectos abordadas e sobre as formas de fazê-lo. Isso significa
que foram descritos e analisados ao longo desse que os pr ojet
projet os sociais ccomeçam,
ojetos omeçam, na vver er dade,
erdade,
livro não devem ser encarados como itens de um muit
muito o an tes de sua fformulação
antes ormulação escrita
escrita..
formulário a ser preenchido. Eles formam uma
seqüência lógica
lógica,, composta por informações, Sendo assim, a elaboração de um bom pr ojet
projeto
ojeto
interpretações, acordos e proposições que devem social não de
devveria ccomeçar
omeçar pelo or çamen
çamentto, isso
orçamen
estar presentes em qualquer projeto social, não é, ele não deveria ser construído exclusivamente a
importando os títulos que forem dados a cada partir da busca por recursos financeiros ou como
um desses elementos, nem a forma ou a ordem uma forma de adequar a ação a recursos que se
em que eles aparecerem. fizerem eventualmente disponíveis. Pelo contrário,
os projetos devem surgir de avaliações e acordos
Na expectativa de ter alcançado esses objeti- sobre as necessidades e prioridades locais ou de
vos, resta ressaltar algumas idéias importantes avaliações mais amplas, que orientam a imple-
que devem estar sempre presentes na mente de mentação de programas sociais de larga escala
quem vai elaborar uma proposta de projeto social. (políticas públicas).
Em primeiro lugar, vale relembrar que os
projetos sociais são ferr amen
erramentas de ação
amentas ação.. Sendo Da mesma forma, a elaboração de um bom
assim, eles devem ser utilizados somente na projet
projet o social não de
ojeto devveria ccomeçar
omeçar pelas
medida em que forem considerados úteis e aç ões
ações
ões, isto é, ele não deveria ser proposto com o
adequados às realidades sociais em que se objetivo exclusivo de obter recursos para a
89

manutenção de alguma ação já existente, por


melhor que ela seja, sem que essa ação fosse
submetida a um processo de avaliação que
reafirmasse sua prioridade e que fosse estabeleci-
do um acordo entre os atores sobre a oportunida-
de de sua manutenção, modificação e/ou articula-
ção com outras ações.

Por fim, é necessário lembrar que os projetos


só podem ser ferramentas úteis para a ação social
na medida em que não se tornem “camisas-de-
força”, que não enrijeçam as práticas, pois oss
projet
projet os sociais são ccomo
ojetos omo a vida: nunca podem
ser totalmen
otalmente te organiz
org ados
anizados
ados. Eles devem ser
conduzidos de forma maleável, ser constante-
mente monitorados e avaliados e estar abertos
para a incorporação de atualizações e modifica-
ções que sejam propostas a qualquer momento
pelos atores envolvidos.

Por tudo o que vimos, podemos afirmar que os


projetos sociais são instrumentos importantes
para a promoção da justiça social e do exercício
da cidadania.

Bom trabalho!
90 Fontes de consulta virtual

Fon tes de pesquisa e ac


ontes esso a indicador
acesso es ec
indicadores onômi-
econômi- AL DE IGREJAS-CMI www.wcc-coe.org e a FEDERAÇÃO
cos e sociais
sociais,, org aniz
org aç
anizações públicas ou do ter
ações tercceir
eiroo LUTERANA MUNDIAL – FLM www.lutheranworld.org.
set or e outr
setor os rrelacionados
outros elacionados ccom
om pr ojet
projet os sociais
ojetos ADVENIAT www.adveniat.de é uma agência católica da Ale-
manha. Também neste país, porém luterana, encontramos
Abaixo segue uma relação de locais na Internet que po- PÃO PARA O MUNDO www.brot-fuer-die-welt.de. Também
dem ser de interesse para o trabalho de gestores de proje- com vinculação luterana, mas na Noruega, há a AJUDA IN-
tos sociais. Cada um tem suas particularidades, aqui breve- TERNACIONAL NORUEGA, www.nca.no . Do Reino Unido
mente resumidas. É navegar e descobrir suas destacamos OXFAM www.oxfam.org.uk ou OXFAM
potencialidades. Não se trata de uma lista exaustiva, mas INTERNATIONAL em www.oxfam.org, e CHRISTIAN-AID
apenas algumas referências iniciais. Seria impossível fazer www.christian-aid.org.uk Do Canadá transcrevemos a loca-
um levantamento razoável em termos de quantidade, por lização de DESENVOLVIMENTO E PAZ www.devp.org , da
isso priorizamos destacar alguns. Como se pode ver, procu- Espanha MÃOS UNIDAS www.manosunidas.org e dos Esta-
ramos separá-los por local de origem e tipo de atividade. dos Unidos a INTER-AMERICAN FOUNDATION www.iaf.gov,
Fundação do Congresso Norteamericano. Da Holanda, entre
Fontes de cconsulta
ontes onsulta vir tual
virtual outras, assinalamos ICCO www.icco.nl e do Japão a FUNDA-
ÇÃO ASHOKA, www.ashoka.org
1.
Em primeiro lugar queremos destacar nosso site. Em 4.
www.fld.com.br se encontram informações detalhadas Saindo do mundo das agências de apoio, também há que
sobre a FUNDAÇÃO LUTERANA DE DIACONIA. Notícias, destacar um crescente envolvimento de empresas e organi-
objetivos, critérios e tipos de projetos que podem ser zações de origem empresarial (Institutos e Fundações) com
apoiados etc. projetos sociais. A FUNDAÇÃO MAURÍCIO SIROTSKY SOBRI-
NHO está em www.fmss.org.br . Outras possibilidades são
2. o INSTITUTO ALCOA www.alcoa.com.br, o INSTITUTO C&A,
Há diversas entidades similares, todas trabalhando no em www.institutocea.org.br, a FUNDAÇÃO FORD,
serviço de apoio aos projetos. Destacamos a www.fordfound.org e a FUNDAÇÃO O BOTICÁRIO DE PRO-
COORDENADORIA ECUMÊNICA DE SERVIÇO – CESE TEÇÃO À NATUREZA em www.fundacaoboticario.org.br. A
www.cese.org.br, o CENTRO DE ESTATÍSTICA RELIGIOSA E NATURA, por sua vez, se encontra em www.natura.net, o
INVESTIGAÇÕES SOCIAIS em www.ceris.org.br, a FEDERA- INSTITUTO ETHOS EMPRESA E RESPONSABILIDADE SOCIAL
ÇÃO DE ÓRGÃOS PARA A ASSISTENCIAL SOCIAL E EDUCA- em www.ethos.com.br. A FUNDAÇÃO SEMEAR está em
CIONAL – FASE www.fase.org.br e o INSTITUTO MARISTA www.fundacaosemear.org.br e a FUNDAÇÃO KELLOG em
DE SOLIDARIEDADE – IMS em www.ims.org.br. A CÁRITAS www.wkkf.org. A FUNDAÇÃO ABRINQ PELOS DIREITOS DA
brasileira www.caritasbrasileira.org e a ASSOCIAÇÃO DE CRIANÇA E DO ADOLESCENTE tem o endereço
APOIO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE www.abrinq.org.br. Nesta área, um endereço muito reco-
www.amencar.org.br também são boas fontes. mendado é o do GRUPO DE INSTITUTOS, EMPRESAS E FUN-
DAÇÕES - GIFE, localizado em www.gife.org.br.
3.
As agências de apoio estão disseminadas em todos locais. 5.
Transcrevemos o endereço de algumas: www.act-intl.org é Ainda neste contexto, também se recomenda a consulta às
a localização de ACT, que trabalha com emergências e ca- organizações do empresariado, em especial as Federações
tástrofes. É uma agência vinculada ao CONSELHO MUNDI- de Indústrias, Comércio ou Agricultura dos diversos estados.
91

As organizações do chamado “sistema s” – SENAC, SEBRAE, caráter nacional, muito úteis. O INSTITUTO BRASILEIRO DE
SENAI, SESC também são uma boa base de consulta. Fica a GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE, no www.ibge.gov.br for-
cargo de cada um organizar uma lista, pois em geral estas nece dados estatísticos e sociais oficiais, a partir dos censos
organizações tem uma base mais regional. e outras pesquisas importantes. A FUNDAÇÃO GETÚLIO
VARGAS www.fgv.gov.br, é fonte indispensável de consultas.
6. Sugerimos também que se consulte o INSTITUTO DE PES-
A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU, tem di- QUISAS ECONÔMICAS APLICADAS www.ipea.gov.br. O IPEA,
versos endereços que podem ser consultados. Aqui colo- vinculado ao Governo Federal, tem um banco de dados so-
camos somente o mais geral: www.un.org bre economia e desenvolvimento e faz pesquisas sobre a
ação social de empresas. Há, também, muitas Fundações ou
7. Institutos de Pesquisa com acento regional. Não os nomea-
Muitos bancos também são fonte de consulta. Aqui, são mos, pois aumentaria muito a lista. Fica a sugestão para
os bancos mesmo e não suas Fundações ou Institutos cada leitor desenvolver.
voltados para a área social. Veja, por exemplo, o BANCO
MUNDIAL www.worldbank.org ou o BANCO NACIONAL 10.
DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – BNDES Praticamente todas as homepages de universidades indicam
em www.bndes.gov.br. OIKOCREDIT www.oikocredit.org pesquisas, investigações, grupos de pesquisadores, trabalhos
é uma Sociedade Cooperativa Ecumênica de Desenvolvi- de extensão e outras possibilidades de relação com projetos
mento localizada em diversos países, inclusive Brasil. Já sociais. Digite a palavra “universidades” em qualquer
o SICREDI, www.sicredi.com.br, é a mais antiga institui- buscador e comece a ver o que encontra. Ainda neste campo,
ção financeira cooperativada da América Latina. A INSTI- outra possibilidade é o acesso a uma rede que congrega uni-
TUIÇÃO DE CRÉDITO PORTOSOL, www.portosol.com, tra- versidades e instituições relacionados com o mundo do tra-
balha com micro-crédito na cidade de porto Alegre. balho , a UNITRABALHO, em www.unitrabalho.org.br

8. 11.
O Governo Federal tem uma ampla variedade de endere- Em www.eb-brazil.com/gestaolocal se pode encontrar
ços virtuais. Antes de mais nada, o ótimo site oficial do Go- uma rede de bancos de dados sobre gestão local, abran-
verno do Brasil: www.brasil.org. Aí se encontram informa- gendo todo Brasil.
ções sobre todas políticas públicas e muitas outras ques-
tões de interesse geral. Transcrevemos também alguns 12.
específicos, tais como o do MINISTÉRIO DA SAÚDE, O vasto mundo das organizações da sociedade civil tam-
www.saude.gov.br ou o MINISTÉRIO DO DESENVOLVI- bém já é significativo no mundo virtual. Destacamos dois
MENTO AGRÁRIO, em especial sobre o PROGRAMA NACIO- sites. Na REDE DE INFORMAÇÕES SOBRE O TERCEIRO SE-
NAL DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR – TOR - RITS www.rits.org.br é possível encontrar o maior
PRONAF que está em www.pronaf.gov.br e o MINISTÉRIO catálogo do terceiro setor brasileiro, além de boas seções
DO MEIO AMBIENTE em www.mma.gov.br. O MINISTÉRIO com temas relacionados. O www.abong.org.br é o site da
DA EDUCAÇÃO tem o seguinte endereço: www.mec.gov.br ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ONGs - ABONG.

9. 13.
Pesquisa é uma questão muito importante para o desen- Há algumas ONGs brasileiras que se destacam por sua
volvimento de projetos sociais. Assinalamos três sites, de atuação na construção de políticas públicas. Dentre ou-
92 Fontes de consulta virtual

tras, o INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E www.capa.org. O DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-


ECONÔMICAS - IBASE: www.ibase.org.br; o INSTITUTO DE ECONÔMICOS RURAIS - DESER, www.deser.org.br, desen-
ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS - INESC: volve um importante trabalho de pesquisa nesta área.
www.inesc.org.br e o INSTITUTO DE ESTUDOS DA RELI-
GIÃO - ISER, encontrado em www.iser.org.br . O INSTITU- 17.
TO DE ESTUDOS, FORMAÇÃO E ASSESSORIA EM POLÍTI- Na área da saúde destacam-se ONGs que lutam contra a
CAS SOCIAIS POLIS, www.polis.org.br, se destaca em epidemia da aids. O site da ABIA – ASSOCIAÇÃO BRASILEI-
questões urbanas e o DEPARTAMENTO INTERSINDICAL RA INTERDISCIPLINAR DA AIDS, em www.abiaids.org.br,
DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS - permite consulta ao acervo de centro de documentação
DIEESE, www.dieese.org.br é uma fonte primordial para específico ao tema, bem como outras consultas interes-
questões sindicais ou do mundo do trabalho. santes. Também há os MÉDICOS SEM FRONTEIRA – MSF
que estão em www.msf.org.br
14.
Também gostaríamos de assinalar alguns endereços de 18.
ONGs que trabalham com temas mais específicos, neste Em relação ao meio ambiente encontramos a página do
caso as prioridades de apoio da Fundação Luterana de SOS MATA ATLÂNTICA em www.sosmatatlantica.org.br, a
Diaconia. Na área de educação com ênfase em criança e SOCIEDADE DE PESQUISA EM VIDA SELVAGEM E EDUCA-
adolescente, destacamos o site da AGÊNCIA DE NOTÍCIAS ÇÃO AMBIENTAL - SPVS em www.spvs.org.br e o INSTITU-
DOS DIREITOS DA INFÂNCIA - ANDI, em www.andi.org.br e TO SÓCIOAMBIENTAL em www.socioambiental.org. Já o
o INSTITUTO AYRTON SENNA – http://senna.globo.com/ GREENPEACE está em www.greenpeace.org.br
institutoayrtonsenna/, que trabalha com projetos de edu-
cação e esporte. O MOVIMENTO NACIONAL DE MENINOS 19.
E MENINAS DE RUA -MNMMR se encontra em Falando em sociedade civil fica a pergunta: um outro
www.mnmmr.org.br mundo é possível? Talvez, quem sabe? Acreditamos que
sim! Uma sugestão é dar uma olhada no endereço do
15. FORUM SOCIAL MUNDIAL - FSM. Está em
Na área de geração de renda e construção de uma eco- www.forumsocialmundial.org.br
nomia solidária encontramos, entre outros, o site da CO-
OPERAÇÃO E APOIO A PROJETOS DE INSPIRAÇÃO ALTER- 20.
NATIVA - CAPINA, www.capina.ong.org e a ASSOCIAÇÃO Por fim, um aviso: lembre-se que muitos sites desapare-
NACIONAL DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS DE cem da internet sem aviso prévio, outros se criam todos
AUTOGESTÃO E PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA – ANTEAG que os dias. A rede é uma selva de informações. Em nossa
está em www.anteag.org.br . lista tentamos fornecer endereços de instituições ou ini-
ciativas consistentes, com maiores chances de perma-
16. nência no mundo virtual. Contudo, vale a pena utilizar os
Em relação à questão agrária temos o MOVIMENTO NA- recursos de um buscador para tentar manter sua lista de
CIONAL DOS TRABALHADORES SEM TERRA – MST, em favoritos relativamente em dia. Há muitos. Sugerimos
www.mst.org.br, A COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – www.google.com, tanto para localizar sites perdidos
CPT, da Igreja Católica tem seu endereço em como para buscar as novidades.
www.cptnac.com.br e o CENTRO DE APOIO AO PEQUE-
NO AGRICULTOR – CAPA da Igreja Luterana, está em
Bibliografia 93

A listagem apresentada a seguir inclui a bibliografia que serviu de referência para a elaboração desse Guia e, também,
referências de diversas outras publicações cuja leitura poderá ser muito útil e interessante para quem busca conhecer
e, sobretudo, para quem quer trabalhar no campo das ações e políticas sociais.

1. AGUILAR, M. J. e ANDER-EGG, Ezequiel. Avaliação de serviços e programas sociais. Petrópolis, Vozes, 1995.
2. ARMANI, Domingos. Como elaborar projetos? Guia prático para elaboração e gestão de projetos sociais. Porto
Alegre, Tomo/AMENCAR, 2000.
3. __________________. PMA: conceitos, origens e desafios. In: Caminhos: planejamento, monitoramento e avaliação.
Encontro de agentes de projetos. Salvador, CESE, set. 1998.
4. __________________. Promovendo ações sociais transformadoras: um guia prático para a elaboração e gestão de
projetos sociais. AMENCAR, São Leopoldo, maio 2000.
5. ARRETCHE, Marta. Estado federativo e políticas sociais: determinantes da descentralização. São Paulo, FAPESP/
Revan, 2000.
6. BAPTISTA, Eduardo. ONGs: Planejamento ou estratégia? Rio de Janeiro, NOVA: Pesquisa e Assessoria em Educação,
2000 (Cadernos de Educação Popular, n. 26).
7. BEAUDOUX, Etienne et al. Guia metodologica de apoyo a proyectos y acciones para el desarrollo: de la identificación
a la evaluación. Madrid, IEPALA, 1992.
8. BEHR, Izabella Müller. Guia de financiadores. Bananal, SP, Associação Pró-Bocaina, 1999.
9. BELLONI, Isaura et al. Metodologia de avaliação em políticas públicas: uma experiência em educação profissional.
São Paulo, Cortez, 2001.
10. CIVITAS: Revista de Ciências Sociais. Organizações e movimentos sociais. P.P.G. em Ciências Sociais, PUCRS, Porto
Alegre, ano 1, n.1, junho 2001.
11. COHEN, Ernesto e FRANCO, Rolando. Avaliação de projetos sociais. Petrópolis, Vozes, 1993.
12. COSTA, Nilson Rosário. Políticas públicas, justiça distributiva e inovação: saúde e saneamento na agenda social.
São Paulo, Hucitec, 1998.
13. DEMO, Pedro. Avaliação qualitativa. Cortez, São Paulo, 1991.
14. DOREA, Alfredo e COSTA, Iraneidson (Coords.). Catálogo das entidades afro-baianas. Salvador. Centro de Estudos
de Ação Social -CEAS, Julho 2000.
15. FACHIN, Roberto e CHANLAT, Alain (Orgs.). Governo municipal na América Latina: inovações e perplexidades. Porto
Alegre, Sulina/Editora da Universidade/UFRGS, 1998.
16. FALCONER, Andrés Pablo e VILELA, Roberto. Recursos privados para fins públicos: as grantmakers brasileiras. São
Paulo, Peirópolis/ GIFE, 2001.
17. FERNANDES, Rubem Cesar. Privado porém público: o terceiro setor na América Latina. Civicus, 1994
18. GUIMARÃES, Gleny T. D. Entidades assistenciais: rede de serviços para a constituição de uma política de assistência
social. Porto Alegre, EDIPUCRS, 2002.
19. HUMANAS: Revista do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS. Projetos Sociais. IFCH, Porto Alegre, v.
24, n. ½, 2001.
20. INSTITUTO ETHOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL e Jornal Valor Econômico. Responsabilidade social das empresas:
a contribuição das universidades (Prêmio Ethos/Valor). São Paulo, Peirópolis, 2002.
94 Bibliografia

21. INSTITUTO FONTE (org). Coleção Gestão e Sustentabilidade. São Paulo, Global Editora, 2001 (7 volumes)
22. IOSCHPE, Evelyn Berg (Org.) 3º Setor: desenvolvimento social sustentado. Rio de Janeiro, GIFE/Paz e Terra, 1997.
23. ISER, Manual para elaboração projetos. Rio de Janeiro, 1992.
24. LANDIN, Leilah. (org.). Ações em sociedade: militância, caridade, assistência etc. Rio de Janeiro, ISER/Nau, 1998.
25. MANUAL DE FUNDOS PÚBLICOS: controle social e acesso aos recursos públicos. São Paulo, ABONG/Peirópolis, 2002.
(Série Desenvolvimento Institucional).
26. MEDEIROS, M. O Welfare state no Brasil: papel redistributivo das políticas sociais no Brasil dos anos 1930 aos 1990.
Textos para discussão. Brasília, IPEA, 2001. www.ipea.gov.br.
27. MELO NETO, Francisco Paulo de e FROES, César. Responsabilidade social e cidadania empresarial: a administração
do terceiro setor. Rio de Janeiro, Qualitymark, 1999.
28. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Políticas de Saúde, Coordenação Nacional de DST e Aids. Metodologia de
planejamento estratégico para o HIV/aids e outras DST no Brasil. Brasília, 2001.
29. MØGEDAL, Sigrun (Coord.). Guide to planning and evaluating NGO projects. Part I: Principles and policies of
development assistance. Oslo, Norwegian Agency for Development Cooperation (NORAD), 1989.
30. __________________. Guide to planning and evaluating NGO projects . Part II: Core elements in planning
development assistance. Oslo, Norwegian Agency for Development Cooperation (NORAD), 1989.
31. PICHON-RIVIÈRE, Enrique. O processo grupal. São Paulo, Martins Fontes, 2000.
32. PINTO, J. B. G. A Pesquisa-ação como prática social. Contexto e Educação, n 2, p. 27 - 46, abr/jun 1986.
33. REVISTA EXAME. Guia de boa cidadania corporativa. São Paulo, dezembro 2002. Edição Especial.
34. RICO, Elizabeth de Melo e RAICHELIS, Raquel (orgs.). Gestão social: uma questão em debate. São Paulo, EDUC/IEE
PUC-SP, 1999.
35. RICO, Elizabeth de Melo (Org.). Avaliação de políticas sociais: uma questão em debate. São Paulo, Cortez/ Instituto
de Estudos Especiais, 1999.
36. ROCHA, Paulo Eduardo (Org.). Políticas públicas sociais: um novo olhar sobre o orçamento da união – 1995/1998.
Brasília, INESC, 1999.
37. TENÓRIO, Fernando Guilherme et al. Elaboração de projetos comunitários: uma abordagem prática. Rio de Janeiro,
Marques Saraiva, 1991.
38. TENÓRIO, Fernando Guilherme. Gestão de ONG’s: principais funções gerenciais. Rio de Janeiro, Editora Fundação
Getúlio Vargas, 1997.
39. THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo, Cortez, 2000.
40. URBAN, Teresa. (Coord). Práticas para o sucesso de ONGs ambientalistas. Curitiba, Sociedade de Pesquisa em Vida
Selvagem e Educação Ambiental/ Unibanco Ecologia, 1997.
41. VALARELLI, Leandro. Indicadores de resultado de projetos sociais, 1999 www.fase.org.br.
42. VICTORA, Ceres. (org) Pesquisa qualitativa em saúde. Porto Alegre, Tomo, 2000.
43. ZANETI, Lorenzo e SILVEIRA, Cléia. No caminho da organização: projetos, recursos e cooperação. Rio de Janeiro,
FASE/SAAP, 1995.
Sobre os autores 95

Luis Stephanou formou-se em Lúcia Helena Müller é Doutora Isabel Cristina de Mour
Moura a
Ciências Sociais pela Universida- em Antropologia Social pela Car valho é psicóloga, formada
arv
de Federal do Rio Grande do Sul Universidade de Brasília; Profes- pela PUC-SP, especialista em
– UFRGS, é doutorando no sora do Programa de Pós- educação não-formal pela
Programa de Sociologia Urbana Graduação em Ciências Sociais Universidade Santa Úrsula (RJ),
da Universidade de Zaragoza, da PUC-RS. Atuou como pesqui- mestre em psicologia da educa-
Espanha. Tem experiência de sadora e professora em projetos ção pelo IESAE/FGV – RJ e
assessoria para grupos popula- de educação popular (GEEMPA e doutora em Educação pela
res urbanos e trabalhou na UFRGS). Tem experiência em UFRGS. Tem atuado como
prefeitura de porto Alegre, em elaboração e avaliação de pesquisadora, gestora e avalia-
planejamento e gestão de projetos de extensão universitá- dora de projetos sociais. Traba-
projetos de reforma urbana. ria (como técnica e membro da lhou em ONGs no Rio de Janeiro,
Atualmente trabalha como Comissão de Extensão do IFCH/ tais como IBASE e ISER. Tem
assessor de projetos na Funda- UFRGS). Foi responsável pelo participado como avaliadora e
ção Luterana de Diaconia e vem Núcleo de Informações e pesquisadora na área de proje-
atuando com avaliação, acompa- Projetos do IFCH/UFRGS. Atuou tos sociais e ambientais junto a
nhamento e planejamento como consultora em pesquisa diversas instituições. No Rio
estratégico para diversas social aplicada (subsídios para a Grande do Sul, foi assessora da
organizações sociais brasileiras. construção de instrumentos EMATER e é professora colabora-
É professor de elaboração de para o gerenciamento social do dora do Curso de Elaboração e
projetos sociais na Fundação de meio ambiente). Atua como Avaliação de Projetos Sociais e
Desenvolvimento e Recursos professora em cursos de elabora- Culturais da UFRGS. Atualmente
Humanos – FDRH, do Estado do ção de projetos sociais (UFRGS; leciona no curso de Pós-gradua-
Rio Grande do Sul. UNISC; FDRH). ção em Educação e na Faculdade
de Psicologia da Universidade
riglos@portoweb.com.br iucaam@terra.com.br Luterana do Brasil - ULBRA

icmcarvalho@uol.com.br
96 Fundação Luterana de Diaconia

A Fundação Luter ana de Diac


Luterana onia – FLD – foi criada
Diaconia
em 17 de julho de 2000 por decisão do Conselho da
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil –
IECLB. É uma entidade com personalidade jurídica de
direito privado, sem fins lucrativos, e é definida ccomo
omo
organiz
org ação de sociedade civil de dir
anização eit
direit
eitoo público. É
público
herdeira do Serviço de Projetos Desenvolvimento da
IECLB e de sua experiência de mais de 34 anos na área
de projetos de desenvolvimento comunitário em
território brasileiro.

Através do serviço aos excluídos, a Fundação testemu-


nha o Evangelho de Jesus Cristo, que diz: “Eu vim para
que tenham vida, e a tenham em abundância” (João 10.
10). Na pr omoção e def
promoção esa da vida a Fundação
defesa
baseia-se em princípios éticos cristãos proclamados na
e pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no
Brasil – IECLB.

Propõe-se a prestar ser


prestar viç
serviç os à sociedade
viços sociedade, principal-
mente aos empobrecidos, sem discriminação de raça,
gênero ou credo religioso.

Sua missão é apoiar e acompanhar programas e proje-


tos de grupos organizados da sociedade civil que
promovam qualidade de vida, cidadania e justiça social.

A FLD realiza sua missão dando prioridade a programas


e projetos que promovam a igualdade de gênero e o Outras informações podem ser obtidas junto à
combate ao racismo e à violência, nas seguintes áreas: Fundação Luter ana de Diac
Luterana onia
Diaconia
Rua Senhor dos Passos, 202 – 5O Andar – Centro
Geração de emprego e renda;
Caixa Postal 2876
Educação popular; 90.001-970 – Porto Alegre – RS – Brasil
Ecologia e meio ambiente; Telefone (+55) 0 xx 51 3221 34 33
Agricultura; Telefax (+55) 0 xx 51 3225 72 44
Saúde comunitária. Correio eletrônico fld@ieclb.org.br
97

Você também pode gostar