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FACULDADE FACUMINAS

Uma breve analise do Santuário de Nossa Senhora Aparecida na cidade de


Manaus -AM: história e devoção
Aluna: Maria 1Mayara Rodrigues Carvalho

Manaus-AM,2023

Sumário
INTRODUÇÃO...............................................................................................................4
1
E-mail: mmayararc@gmail.com / Tefefone: (92) 98802-9274
Endereço Lattes: http://lattes.cnpq.br/6992899369510923

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METODOLOGIA............................................................................................................4
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.................................................................5

RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................................6
A devoção Mariana............................................................................................................6
A padroeira do Brasil: Nossa Senhora de Aparecida........................................................9
Uma breve história sobre o santuário Nossa Senhora de Aparecida em Manaus-Am....15
Compreendendo os efeitos da Novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro na
dinâmica social: uma abordagem investigativa...............................................................17
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................21

Resumo
No Brasil, devido a questões históricas e culturais, há uma diversidade de religiões com
diferentes crenças. Entre elas, o catolicismo se destaca como uma das principais no país.

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Cada religião possui elementos sagrados para seus seguidores, como o terço, a hóstia e
os templos, por exemplo. Em Manaus, há várias igrejas que têm grande importância
tanto para seus membros quanto para a própria cidade, fazendo parte de sua história.
Um exemplo é o Santuário Nossa Senhora de Aparecida, que influencia não apenas os
fiéis, mas também a dinâmica local em aspectos econômicos, sociais e culturais. Este
trabalho tem como objetivo investigar brevemente a história e a importância do
Santuário de Nossa Senhora Aparecida em Manaus, adotando o método fenomenológico
para uma compreensão mais profunda do tema. Para alcançar esse objetivo, foram
utilizados procedimentos metodológicos como pesquisa bibliográfica, revisão de
literatura e análise dos comentários no Google Maps. Por fim o tema proposto possui
como finalidade estimular a análise do poder de influência que o Santuário Nossa
Senhora Aparecida; desempenha, assim como estimular um maior entendimento sobre o
próprio estudo das religiões.

Palavras Chave: Catolicismo; Religiões; Manaus.

INTRODUÇÃO
O estudo das religiões é complexo e abrange questões históricas e atuais. Não é
um assunto simples, uma vez que envolve a fé, a crença e a visão particular dos devotos.
Há um ditado popular que diz “ que não se deve discutir sobre futebol, política e

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religião. No entanto, é necessário aprofundar-se nessas questões para expandir o
conhecimento.
Neste trabalho, não abordaremos todas as religiões, mas sim especificamente o
catolicismo. Visto que o estudo desta pós-graduação foi sobre teologia (dogmas da
igreja católica), entretanto não me aprofundarei em todas as questões estudadas ao
longo dos módulos. O foco deste trabalho será o Santuário Nossa Senhora de Aparecida
em Manaus, Amazonas.
O temário proposto possui como finalidade realizar uma breve investigação
sobre o Santuário de Nossa Senhora Aparecida em Manaus-Am, sobre sua história e
importância para seus devotos, sendo este um modo de estimular um maior
entendimento sobre o próprio estudo das religiões.
Conforme será evidenciado ao longo deste trabalho, através do estudo do
Santuário Nossa Senhora Aparecida, é possível identificar até mesmo, parte da história
da cidade de Manaus, sendo assim, analisar as relações que o Santuário estabelece em
seu entorno, torna-se uma forma de analisar de forma crítica os fenômenos que ali
ocorrem, assim como contribuir de forma efetiva e inovadora sobre o estudo da
“manifestação espacial do sagrado”, visto que ambos ocorrem em dimensão espacial,
conforme coloca ROSENDAHL. Nesse sentido, estudos voltados para essa temática são
relevantes, pois proporcionam uma melhor compreensão da influência mútua entre o
sagrado e o profano.

METODOLOGIA
O método consiste em um agrupado de etapas organizadas e sistemáticas que
orientam na investigação, pesquisa, estudo ou resolução de questões/problemas em
diferentes áreas do conhecimento. Ele direciona a produção do conhecimento científico
de forma confiável, contribuindo para a obtenção de resultados consistentes e
fundamentados, Lakatos e Marcodes (2008, p.110) destacam que “[...] o método se
caracteriza por uma abordagem mais ampla, em nível de abstração mais elevado, dos
fenômenos da natureza e da sociedade”.
A metodologia desta pesquisa fundamenta-se na abordagem fenomenológica
Nascimento e Costa (2016) citam que,
Ela como método de abordagem é um procedimento para descrever o mundo
cotidiano da experiência imediata do homem, e isso incluem-se todos seus
modos de vivências, como ações, lembranças e percepções. Ela vai valorizar
a subjetividade do sujeito, validando a análise experiencial que estará ligada a

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intencionalidade com que o indivíduo passa a ver as coisas ao seu redor,
juntamente com o sentimento de pertencimento ao espaço o qual está
inserido. (NASCIMENTO e COSTA, 2016, p. 49-50).

Este método busca compreender e descrever as experiências do sujeito em sua


essência, levando em consideração conforme analisa Nascimento e Costa (2016, p. 46)
que “neste sentido, a experiência que constrói o mundo vivido e ele aparece como é
observado pelo próprio sujeito”.
Em vista disso a escolha deste método para esta pesquisa consistiu em olhar
para o fenômeno, isto é, a interação entre o sagrado e o profano, por meio da
perspectiva dos devotos e a minha própria como frequentadora, Relph (1979) descreve
que,
Fenomenologia tem a ver com princípios, com as origens do significado e da
experiência. É concernente a fenômenos tais como ansiedade,
comportamento, religião, lugar e topofilia, que não podem ser compreendidos
somente através da observação e medição, mas que "devem primeiro serem
vivos para serem compreendidos como eles realmente são" (Wild, 1963:20).
(RELPH, 1979, p 1)
Portanto a partir deste método foi possível entender com mais profundidade o
tema abordado, sendo realizado a partir desde as devidas analises e discussões, visando
atingir os objetivos propostos no início desta pesquisa.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A figura central deste trabalho consiste em entender a relação entre o sagrado e


o profano, isto é a relação que se estabelece entre o Santuário Nossa Senhora de
Aparecida e as relações que se estabelecem em seu entorno, sejam elas econômicas,
sociais e até mesmo culturais. Para conseguir atingir estes objetivos a abordagem
qualitativa será utilizada nesta pesquisa, Triviños destaca que,

Na pesquisa qualitativa, de forma muito geral, segue-se a mesma rota ao


realizar uma investigação. Isto é, existe uma escolha de um assunto ou
problema, uma coleta e análise das informações. É indispensável, não
obstante isso, fazer alguns esclarecimentos importantes. (TRIVIÑOS,1987,
p.131)

Conforme podemos perceber, a pesquisa qualitativa trabalha em conjunto e


através de descrições, comparações e interpretações, sendo assim ao escolher está
abordagem, os dados coletados nesta pesquisa serão analisados e interpretados de forma
qualitativa

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Quanto aos objetivos está consiste em uma pesquisa exploratória, segundo
Chaer, et.al. (2011, p.254) “as pesquisas exploratórias serviram em apertada síntese,
para um primeiro conhecimento de temas e fatos menos estudados e menos conhecidos.
Seria uma etapa inicial para um posterior aprofundamento temático“. Portanto, a
pesquisa consiste em meio para se aprofundar mais no tema proposto, como coloca
Sampieri (1991),
Os estudos exploratórios são feitos, normalmente, quando o objetivo da
pesquisa é examinar um tema ou problema de investigação pouco estudado
ou que não tenha sido abordado antes. (SAMPIERI ,1991 apud RÉVILLION,
2003, p. 23)

Sendo assim, a pesquisa exploratória consiste, a grosso modo, em um meio de


“investigação” que permitirá o reconhecimento de fatores determinantes para o
embasamento da pesquisa realizada, como cita Mattar,
Ela visa prover o pesquisador de um maior conhecimento sobre o tema ou
problema de pesquisa em perspectiva. Por isso é apropriada para os primeiros
estágios da investigação, quando a familiaridade, o conhecimento e a
compreensão do fenômeno por parte do pesquisador são geralmente
insuficientes ou inexistentes. (MATTAR, 1994, p. 84).

A pesquisa exploratória dentro deste trabalho foi utilizada conforme citada


pelos autores acima, como um meio de conhecer, analisar e buscar adquirir mais
informações, para que com isto fosse iniciado as demais etapas desta pesquisa.
Pesquisas bibliográficas em diversas fontes foram realizadas, como artigos,
livros, sites, e dissertações, para aprofundar o tema abordado. Além disso, matérias que
continham dados primários e secundários foram consultadas para expandir as fontes da
pesquisa. Esses procedimentos técnicos permitiram compreender e reforçar os principais
conceitos trabalhados, além de realizar uma análise das informações apresentadas.
Os dados foram coletados por meio da observação dos comentários dos
devotos deixados na plataforma do Google Maps, possibilitando analisar a importância
e devoção dos fiéis pelos comentários. Sendo desta maneira possível entender mais
sobre as relações estabelecidas entre o sagrado e o profano, bem como aprofundar o
conhecimento sobre este local, que acaba por torna-se um lugar de afeto para seus
frequentadores.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A devoção Mariana
Segundo o dicionário devoção significa “do latim devotĭo, devoção é o amor, o
fervor e a veneração relacionados com a religião. O conceito faz referência à entrega

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total a uma experiência mística”. A devoção é subjetiva a cada indivíduo, pois estar
intimidante ligada a experiências de vida, tradições perpassadas por familiares, pela fé
adquirida.
Neste contexto Maria entra em cena, como um dos maiores símbolos de fé da
igreja católica, Maria torna-se mãe, não somente de Jesus Cristo mais de diversos fieis
espalhados a redor do mundo, Alvarez (2014) cita que,
Maria foi casada com José, teve um filho chamado Jesus, assistiu aos prantos
à crucificação dele em Jerusalém, viveu ainda mais alguns anos e, pelo que
os católicos acreditam, subiu aos céus. Com o passar dos anos, muita gente
preferiu dividir seus anseios com ela do que conversar diretamente com
Deus, ou Jesus. Maria passou a ser tratada como intercessora entre a terra e o
céu. (ALVAREZ, 2014, p. 77).

Esta passa a ter diversos nomes ao longo dos anos, seja referenciando a origem
da imagem, a missão atribuída ou até mesmo a algum dogma, conforme analisa Alvarez
(2014)
Nossa Senhora Aparecida. Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Nossa
Senhora dos Impossíveis. Nossa Senhora do Rosário. Chame por qualquer
um desses nomes, ou muitos outros, e não vai haver a menor diferença. Nossa
Senhora de Fátima. De Lourdes. De Guadalupe. Da Penha. Do Carmo. Das
Dores. Da Luz. Os apelidos, sobrenomes ou, como muitos preferem, os
títulos, se referem quase sempre à origem da imagem em questão, à missão
atribuída a ela ou a algum dogma. Mas, para que ninguém tenha dúvida,
tratam sempre da mesma Senhora. (ALVAREZ, 2014, p. 77).

Andrade (2019, p. 88-89) verifica que “há de se reconhecer o papel


institucional da igreja católica em delimitar a posição de Maria no contexto da fé
cristã”, diante dessa afirmação, é necessário retroceder ao século XVI, quando iniciou-
se a contrarreforma. Esse movimento foi marcado pela oposição aos questionamentos da
igreja protestante à igreja católica. Nesse contexto, surgiram diversas transformações na
instituição católica, visando combater a perda de fiéis e se adequar às mudanças
ocorridas no mundo. Alvarez (2014) observa que,
A resposta da Igreja católica foi chamada de Contrarreforma. E uma das
medidas que pretendiam conter a perda de fiéis era a construção de igrejas
suntuosas, onde Deus deixasse de ser apenas uma questão espiritual para se
tornar visível e palpável, mais próximo das pessoas. Assim, atendendo aos
interesses do Vaticano e de Portugal, as igrejas brasileiras nasciam como
“palácios da fé”, com ouro, prata e “pedras preciosas reluzindo à luz do dia
ou velas”. (ALVAREZ, 2014, p. 84).

Além da construção dos templos suntuosos, o incentivo a devoção a Maria e a


outros santos (as) da fé católica ganham força. Desse modo é possível compreender
melhor a história da igreja católica e a relevância atribuída a Nossa Senhora, Andrade

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(2014, p. 95) aponta que a Virgem Maria devido a sua importância acaba por receber
dois títulos o primeiro sendo o de mãe dos católicos e o segundo o de “mãe da igreja”,
esse entendimento teve início na década de 60, quando o papa Paulo VI introduziu e
confirmou esses títulos durante o Concílio Vaticano II, posteriormente oficializando os
mesmo por meio do incentivo da apostólica Signum Magnum em 1967, nesta em um
dos parágrafos intitulado o culto devido a Maria como mãe da Igreja consta que,
A primeira verdade é esta: Maria é Mãe da Igreja não apenas por ser Mãe de
Jesus Cristo e Sua muito íntima colaboradora na «nova economia, quando o
Filho de Deus assume d'Ela a natureza humana, para libertar o homem do
pecado» mediante os mistérios da Sua carne (L.G. 55), mas também porque
«refulge em toda a comunidade dos eleitos como modelo de virtude» (cfr.
L.G. 65 também o n. 63). Como, na verdade, cada mãe humana não pode
limitar a sua missão à geração de um novo homem, mas deve alargá-la à
nutrição e à educação, assim se comporta também a bem-aventurada Virgem
Maria. Depois de ter participado no sacrifício redentor do Filho, e de maneira
tão íntima que lhe fez merecer ser por Ele proclamada Mãe não só do
discípulo João, mas – seja consentido afirmá-lo – do género humano, por
aquele de algum modo representado, Ela continua agora no céu a cumprir a
missão que teve na terra de cooperadora no nascimento e desenvolvimento da
vida divina em cada alma dos homens remidos. Esta é uma consoladora
verdade, que por ser livre beneplácito de Deus sapientíssimo faz parte
integrante do mistério da salvação humana; por isso ela deve ser considerada
como de fé por todos os cristãos. (Exortação apostólica Signum Magnum –
papa Paulo VI, 1967).

Seguindo mais adiante na Signum Magnum de 1967, no tópico “ a história da


Igreja, sempre iluminada pela presença edificada de Maria”, é evidenciado sobre como a
história da igreja está relacionada a Maria, neste é mencionado que,
13. De tudo que temos vindo a expor, à luz do Evangelho e da Tradição
católica, resulta evidente que a maternidade espiritual de Maria transcende o
espaço e o tempo e pertence à história universal da Igreja, porque nesta
sempre Ela esteve presente com a sua maternal assistência. Igualmente fica
claro o sentido da afirmação, tão frequentemente repetida: a nossa época
pode bem dizer-se a era de Maria. Se é verdade, com efeito, que hoje, por
uma graça insigne do Senhor, vastas camadas do povo cristão compreendem
mais profundamente o papel providencial de Maria Santíssima na história da
salvação, isso não deve todavia fazer-nos pensar que as épocas passadas não
entenderam de qualquer modo tal verdade ou que as futuras poderão ignorá-
la. A falar verdade, todos os períodos da história da Igreja beneficiaram e
hão-de beneficiar da presença maternal da Mãe de Deus, pois Ela
permanecerá sempre indissoluvelmente unida ao mistério do Corpo Místico
de cuja Cabeça está escrito: «Jesus Cristo, ontem e hoje é o mesmo e sê-lo-á
para sempre» ( Heb 13,8). (Exortação apostólica Signum Magnum – papa
Paulo VI, 1967).

Perante o exposto é possível perceber como a imagem da Santa Maria foi


sendo trabalhada e introduzida cada vez mais como mediadora e sua importância
enfatizada aos católicos, Soares (2014) destaca que,

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A doutrina sobre Maria foi desenvolvida ao longo dos séculos como
complementar à doutrina sobre Cristo. Aqui nos interessa enfocar a doutrina
da Imaculada Conceição, tão controversa quanto fundamental, pois Maria se
tornou essencial para a estruturação da fé cristã como modelo e mediadora.
(SOARES, 2014, p. 214)
Andrade (2019, p. 89) reforça esta ideia enfatizado que Maria é vista pelas
pessoas na terra como uma figura materna, simbolizando o amor incondicional e a
presença constante nos momentos difíceis. Essa percepção é fortalecida por meio de
práticas como orações, cânticos, poemas e discursos públicos em reverência a Nossa
Senhora.
Portanto Maria está intrinsecamente ligada à história da igreja católica, sendo
seu simbolismo representado por meio de santuários dedicados a ela, imagens e, como
mencionado anteriormente, pelas orações realizadas durante as missas, cânticos e
diversas outras formas de homenagens estabelecidas.
A padroeira do Brasil: Nossa Senhora de Aparecida
O Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, localizado na cidade de
Aparecida, São Paulo, é o segundo maior santuário mariano do mundo, recebendo
milhões de devotos anualmente. A imagem de Nossa Senhora Aparecida é venerada
como um símbolo de fé, esperança e proteção para os católicos brasileiros.
Para se obter uma compreensão abrangente dos feitos mencionados acima e
compreender plenamente a importância de Nossa Senhora para seus devotos, é
imprescindível traçar uma breve linha do tempo dos principais eventos que marcam sua
história.
Sua história remonta ao ano de 1717, no Brasil colonial, sendo marcada por sua
descoberta como uma santa com a cabeça separada do corpo, sua transformação em uma
imagem negra, seu roubo e a cobiça de políticos pelas ofertas de seus devotos. No
entanto, apesar de todas essas adversidades, ela conquistou o coração de todos os
católicos brasileiros, tornando-se a padroeira do Brasil. Segundo Carvalho (1990) citado
por Soares (2014),
Murilo de Carvalho diz que a capacidade simbólica de Nossa Senhora
Aparecida como representação da nação supera todas as outras figuras
femininas, até mesmo todos os outros símbolos cívicos. Buscando na tradição
católica da devoção mariana, a Igreja agregou à simbologia o fato de ela ser
negra e intimamente ligada à cultura brasileira. Segundo Murilo de Carvalho:
Nem mesmo a princesa Isabel lhe poderia fazer frente. A batalha pela
alegoria feminina terminou em derrota republicana. Mas ainda, em derrota do
cívico perante o religioso. (SOARES, 2014, p. 257, apud, CARVALHO,
1990, p. 94).

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A história de Nossa Senhora de Aparecida é marcada por diversos fatores
significativos como mencionado anteriormente, ela teve início durante o período do
Brasil colonial, acompanhada por uma série de milagres ao longo dos anos, sendo o
primeiro destes, logo no momento do seu encontro pelos pescadores Domingos Garcia,
Felipe Pedroso e João Alves no rio Paraíba do Sul, conforme cita Alvarez (2014),
O primeiro milagre, acredita-se, é tão antigo quanto o próprio surgimento da
imagem quebrada nas águas do rio. Conta-se que a pescaria estava péssima e
só depois que a santinha decapitada foi encontrada é que os peixes se
assanharam e pularam aos montes para dentro da rede, como no milagre
bíblico da pescaria de Pedro. A partir daí, teve início milagre atrás de
milagre... o das velas, o da onça, o de cada um dos brasileiros que se
ajoelhavam diante dela. Até que se perdeu a conta de quantos favores de
Deus foram atribuídos à intercessão de Maria por intermédio da santinha
Aparecida. Os agradecimentos são diários. (ALVAREZ, 2014, p. 11)

Vale ressaltar que está pescaria estava acontecendo devido a visita do conde de
Assumar (Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos) que estava de passagem
pela região, devido a este fato foi organizada uma festa para receber o conde, o que
resultou na pescaria. Alvarez (2014) descreve que,
O documento que associa o encontro da imagem de Nossa Senhora à visita
do governador é o mais detalhado e mais valioso dos dois que chegaram ao
nosso tempo. Foi escrito em 1757, com base no relato de José Alves Vilella,
pároco de Guaratinguetá, por um padre mestre em teologia e pouca paciência
para os detalhes. E é esse o texto que sustenta até hoje grande parte da
história da santinha. (ALVAREZ, 2014, p. 104)

A imagem de Nossa Senhora permaneceu sob posse do pescador Felipe por


alguns anos. Eventualmente, ele decidiu presentear seu filho com a imagem, e este, por
sua vez, construiu um modesto oratório dedicado à Santa. Nos sábados, ele começou a
realizar pequenas reuniões em seu lar, reunindo parentes e vizinhos, com o propósito de
expressar gratidão e buscar as graças divinas através da intercessão de Maria. O site
oficial de Aparecida o A12, menciona que,
Antes de levarem os peixes para o banquete, entregaram os pedaços da
estátua a Silvana da Rocha Alves, esposa de Domingos, irmã de Felipe e mãe
de João, que reuniu as duas partes com cera e a colocou num pequeno altar na
casa da família, agradecendo a Nossa Senhora o milagre dos peixes. Nascia
ali uma devoção, reunindo todos os sábados os moradores da região para
rezarem o terço e cantarem a ladainha.

Com o passar do tempo, a devoção à Santinha começou a se espalhar pelas


regiões do país, alimentada pelas histórias e testemunhos daqueles que vivenciavam as
bênçãos e milagres atribuídos à sua intercessão. A fama da imagem de Nossa Senhora

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Aparecida cresceu, atraindo a atenção e a devoção de cada vez mais pessoas ao redor do
Brasil.
A imagem encontrada pelos três homens no rio Paraíba, passou por diversos
eventos desde então, passou pelo império, sendo este um período que a igreja ainda não
possuía autonomia e estava vinculada a coroa, neste período os cofres da Santa sofriam
bastante devido a corrupção.
Seguindo então para o período da republica e tempos depois para a
independência. Durante esses períodos, a figura de Aparecida foi moldada e utilizada de
maneiras diversas, refletindo as transformações sociais e políticas do país, Soares
(2019) cita através de Carvalho (1990) que,
Em 8 de setembro de 1904, Nossa Senhora Aparecida foi coroada rainha do
Brasil. Observem –se a data e o título: um dia após a comemoração da
independência, uma designação monárquica. Não havia como ocultar a
competição entre Igreja e o novo regime pela representação da nação. O
processo culminou na década de 30. Em 1930, Pio XI declarou Nossa
Aparecida padroeira do Brasil. No ano seguinte, D. Sebastião Leme, perante
multidão consagrada no Rio de Janeiro, a consagrou rainha e padroeira do
país. (SOARES, 2014, p. 256-257, apud, CARVALHO, 1990, p. 93-94).

Segundo consta no site oficial do Santuário entre os períodos de 1717 e 1732, a


imagem de Nossa Senhora peregrinou por diversas regiões, sendo Ribeirão do Sá, Ponte
Alta e Itaguaçu algumas destas, Felipe Pedroso em 1932 acaba por entregar a Santa para o
seu filho Atanásio Pedroso, que foi responsável pela construção do primeiro oratório
aberto ao público, seguindo então para a construção de uma capela, conforme é
evidenciado no site (A12),
Em virtude da expansão da devoção à Nossa Senhora ‘Aparecida’ das águas,
o vigário de Guaratinguetá, padre José Alves Vilela, e alguns devotos
construíram, no ano de 1740, uma pequena capela. Nela acontecia a reza do
terço e o cântico das ladainhas, mas não se celebrava a Eucaristia. Em 1743,
o Pe. Vilela fez um relatório dos milagres e da devoção do povo para com
Nossa Senhora Aparecida e enviou ao Bispo do Rio Janeiro, Dom Frei João
da Cruz, para que ele aprovasse o culto e autorizasse a construção da primeira
igreja em louvor à imagem que ficou conhecida como Mãe Aparecida. A
aprovação aconteceu em 5 de maio em 1743. A igreja foi construída
no Morro dos Coqueiros, atual colina onde está localizado o centro da cidade
de Aparecida, em terra doada pela viúva Margarida Nunes Rangel, com
escritura passada em 6 de maio de 1744.

Esta ficou aberta para visitação dos devotos em 26 de julho de 1745. No site
oficial de Nossa Senhora de Aparecida consta que,
A inauguração da igreja que deu também origem ao Santuário, aconteceu
na festa de Santa Ana, no dia 26 de julho de 1745. Nesta ocasião foi
inaugurado também o povoado com o nome de ‘Capela de Aparecida’. No
dia 25, a imagem foi levada em solene procissão a nova igreja e colocada

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no nicho do altar. No dia 26, aconteceu a benção da imagem e a celebração
da primeira missa. Esse foi o primeiro Santuário que acolheu multidões. Foi
construído em taipa de pilão e, por isso, não resistiu ao tempo. Em 1844,
apresentou risco de desmoronamento e o setor administrativo da capela
resolveu pela construção de um novo templo.

Com o tempo o número de fiéis foi aumentando, ao ponto de ser necessário a


construção de uma igreja maior, isto aconteceu em 1834, está igreja é atualmente
conhecida como Basílica Velha, com base no que é relatado no site A12 é possível
compreender parte dos acontecimentos que envolvem este santuário,
Em 24 de junho de 1888, Dom Lino D. R. de Carvalho, bispo de São Paulo
inaugurou a igreja conhecida como ‘Igreja de Monte Carmelo’ (Basílica
Velha). Essa construção teve como personagem principal Frei Joaquim do
Monte Carmelo, pois foi ele quem se dedicou integralmente aos projetos
dessa obra. A igreja, hoje denominada Basílica Velha, foi reformada e
ampliada em 1768. O primeiro vigário do Santuário foi o padre Joaquim
Pereira Ramos. Em 1817, a Igreja recebeu uma aquarela feita pelo pintor
austríaco Thomas Ender, por ocasião de sua passagem pelo Santuário.
No ano de 2004, a Basílica Velha de Aparecida passou por uma restauração.
Sua reinauguração foi em fevereiro de 2015.

Devido a um período de grande luta que a igreja passava devido ao fato da falta
de investimento para a formação de novos padres, acabou por ser necessário buscar
padres de fora do país para assumir a igreja de Aparecida, em 1894 um grupo de padres
e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas provenientes da Baviera na
Alemanha, chegaram para assumir esta missão, Alvarez (2014) declara que,
Os redentoristas sempre tiveram alma missionária, seguiam o exemplo do
fundador da ordem, o italiano Afonso de Ligório e entendiam que percorrer o
mundo levando a palavra de Cristo aos pobres era sua maior missão. Outros
redentoristas haviam se mudado recentemente para o Peru, o Chile e a
Colômbia, e o convite para trabalhar no Brasil não era incomum, mas nem
por isso deixava de ser um desafio enorme. Os padres alemães não tinham a
menor ideia de onde ficava aquele lugar no interior de um país sobre o qual
não sabiam muito mais que o nome. [...] De certa forma, querendo se afastar
dos problemas políticos que os separava da Madona Preta de Altötting, mas
desafiados pela missão que os fizera escolher a Congregação do Santíssimo
Redentor, e seguindo a constituição redentorista que os fazia “abnegados de
si mesmos e sempre prontos a enfrentar o que é exigente e desafiador”,
catorze padres e diáconos dissessem sim a Aparecida. (ALVAREZ, 2014, p.
163-164)

Segundo a linha cronológica dos eventos importantes da história de Nossa


Senhora Aparecida em 1904, o Papa Pio X emitiu uma ordem solene para coroar a
imagem de Nossa Senhora Aparecida. Conforme é ressaltado no site oficial de Nossa
Senhora de Aparecida,
Foi sob a inspiração de Dom Joaquim Arcoverde, Arcebispo do Rio de
Janeiro, primeiro Cardeal do Brasil, que surgiu a proposta da coroação da

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imagem de Nossa Senhora Aparecida. O tema foi sugerido em 1901, na
primeira Conferência dos Bispos da Província Meridional do Brasil, realizada
em São Paulo. O pedido foi aceito pelo Papa Pio X e a solenidade marcada
para 8 de setembro de 1904. Pela primeira vez, o Santuário reuniu cerca de
15 mil pessoas, 12 bispos e centenas de sacerdotes para a coração da
Imagem. A missa aconteceu na praça do Santuário, presidida pelo Núncio
Apostólico, Dom Júlio Tonti. O bispo de São Paulo, Dom José de Camargo
Barros, foi quem coroou a imagem.
O evento em questão representou um marco importante para a devoção à
Virgem. Quatro anos depois, em 29 de abril de 1908, a igreja recebeu o título de
Basílica Menor, o que conferiu ainda mais relevância a esse momento. Essa conquista
se tornou central na devoção à Nossa Senhora, assumindo um papel de grande
importância. Por volta do fim da década de 1920, acontece a autonomia do distrito de
Aparecida à cidade de Guaratinguetá. De acordo com informações encontradas no site
oficial de Nossa Senhora Aparecida, o deputado Rangel de Camargo apresentou o
Projeto 34 ao Legislativo em 1925, argumentando que a população de Aparecida já
ultrapassava o número mínimo de dez mil habitantes exigido para a emancipação.
Embora inicialmente não tenha recebido parecer favorável, o projeto foi reapresentado e
aprovado com o apoio do presidente do Estado, Júlio Prestes. Em 17 de dezembro de
1928, a Lei 2.312 foi promulgada, estabelecendo oficialmente o município de
Aparecida. A data escolhida para a cerimônia de emancipação foi o dia 8 de setembro
de 1929, coincidindo com o Jubileu de 25 anos da Coroação da Imagem de Aparecida.
Outro acontecimento de extrema importância ocorreu em 1929. Quando o Papa
Pio XI declarou Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil, com o propósito
de buscar o bem espiritual do povo e aumentar cada vez mais o número de devotos à
Imaculada Mãe de Deus. Conforme informações fornecidas pelo site oficial de Nossa
Senhora da Conceição Aparecida,
Foi durante o Congresso Mariano que o líder do episcopado brasileiro, Dom
Sebastião Leme, Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, apresentou aos bispos
a proposta para pedir à Santa Sé que declarasse Nossa Senhora Aparecida a
Padroeira do Brasil. A declaração aconteceu em julho de 1930, pelo Papa Pio
XI. No final de 1930, Dom Sebastião Leme tomou a iniciativa de realizar
uma festa para a proclamação de Nossa Senhora Aparecida como padroeira
do Brasil. A grande manifestação popular foi organizada para acontecer
no Rio de Janeiro, no dia 31 de maio de 1931. Em um trem especial e
enfeitado, a Imagem foi conduzida para o Rio de Janeiro, saindo de
Aparecida. Era a primeira vez, desde 1889, que a Imagem saía de seu
Santuário. Mais de um milhão de fiéis aguardavam no Rio para participar das
celebrações.

Esses eventos ressaltam a relevância e a força da devoção a Nossa Senhora


Aparecida, que continua a ser uma figura central na vida religiosa e cultural do país.
Alvarez (2014) reforça que,
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Assim são os outubros, e quase todos os fins de semana; assim tem sido nas
últimas décadas e, com mudanças apenas na enormidade da fé, nos três
últimos séculos. É provavelmente essa mistura de fé com paixão e
identificação que nos permite entender Aparecida como o primeiro símbolo
verdadeiramente nacional, a figura mais antiga de nossa história que
representou a unidade do Brasil. Ainda que tenha demorado até que ela
deixasse de ser um fenômeno local, e depois regional, para se tornar a santa
de todos os brasileiros, pois até mesmo aqueles que não se sentem próximos a
ela, por questões religiosas, sabem que ao ver aquela imagem triangular, com
manto azul de veludo e seus bordados em ouro, com o rostinho escuro quase
escondido embaixo da coroa desproporcionalmente grande e rica, estão
vendo um pedaço do Brasil. (ALVAREZ, 2014, p. 16)

Com o aumento contínuo da devoção a Nossa Senhora da Conceição


Aparecida, o número de romeiros crescia progressivamente. Como resultado, a primeira
Basílica tornou-se insuficiente para abrigar todos os fiéis que buscavam o local. Era
necessário construir um novo templo, de maior capacidade, capaz de acomodar o grande
número de romeiros que chegavam à região.
Foi então, em 11 de novembro de 1955, foi iniciada a construção da Basílica
Nova, por iniciativa dos missionários Redentoristas e dos Bispos locais. Esse novo
templo visava suprir a demanda cada vez maior de peregrinos e oferecer um espaço
adequado para as celebrações e encontros religiosos.
A Basílica Nova, foi consagrada ainda durante o processo de construção em
1980 pelo Papa João Paulo II, recebendo o título de Basílica Menor e posteriormente
declarada Santuário Nacional em 1984 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), consolidando seu status como um dos principais locais de peregrinação
mariana no mundo. Alvarez (2014) declara que,
Aparecida virou rainha, virou padroeira. Já num tempo não muito distante do
nosso, a pedido dos generais que mandavam na recém-construída Brasília,
passou cinco anos viajando o país, ganhando fama, realizando o que se
acredita terem sido muitos outros milagres, e acumulando fortuna suficiente
para que lhe roubassem o cofre descaradamente e, ao mesmo tempo,
construíssem uma igreja gigantesca que só perderia em tamanho para a
catedral de São Pedro, no Vaticano. (ALVAREZ, 2014, p. 24)

Além das imponentes basílicas, Aparecida oferece aos visitantes outros espaços
sagrados que enriquecem a experiência religiosa. Entre eles, destacam-se a Sala das
Promessas e o Campanário. Sendo estes locais de reflexão, inspiração e conexão
espiritual, que complementam o ambiente sagrado das basílicas e convidam os fiéis a se
entregarem plenamente à sua devoção a Nossa Senhora Aparecida. Segundo o conteúdo
disponível no site oficial de Nossa Senhora,
A igreja inaugurada pelo Pe. Vilela, anterior à Basílica Velha, já possuía
a Sala dos Milagres em 1745. Nesse período, os objetos de promessas eram

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poucos e bem simples. A Sala das Promessas de Aparecida teve diversos
nomes e locais: ‘Casa dos Milagres’, ‘Quarto dos Milagres’, Sala dos
Milagres; ocupou ainda muitos lugares em todos estes anos. Em 1974, a Sala
das Promessas chegou ao subsolo do novo Santuário.
Todos os eventos mencionados acima reforçam a importância e o significado
que o Santuário representa sendo um lugar de devoção e fé para os fiéis que buscam
Nossa Senhora Aparecida.
Uma breve história sobre o santuário Nossa Senhora de Aparecida em Manaus-
Am.
Na cidade de Manaus existem algumas Igrejas que consistem em uma espécie
de ponto de referência quando se trata das igrejas católicas que aqui residem, são estas
Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora dos Remédios, Igreja de São Sebastião,
Igreja de São Raimundo Nonato, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a Igreja Nossa
Senhora Aparecida e diversas outras. Por meio da história destas é possível
compreender um pouco mais sobre a própria cidade de Manaus.
A Igreja Nossa Senhora Aparecida localiza-se na região sul da cidade de
Manaus, na rua comendador Alexandre Amorim, segundo informações fornecidas no
site da Arquidiocese de Manaus, neste consta que “desde 12 de outubro de 2007 a
paróquia de Nossa Senhora Aparecida, em Manaus, foi elevada à condição de Santuário
por determinação do Arcebispo Emérito da capital, Dom Luiz Soares Vieira, devido à
representatividade do local e das graças alcançadas pelos devotos da padroeira”.
Como é possível analisar por meio do próprio discurso proferido sobre o
motivo da paróquia ter sido elevada à condição de Santuário, percebe-se a importância
que está desempenha para a população local, que acaba por ser de diversos locais da
cidade de Manaus, vale destacar que a Igreja Nossa Senhora Aparecida, para muitos de
seus fiéis, está acaba se ressignificando para estes, assumindo um papel de lugar para
seus devotos, como Lopes (2012, p.26) que ressalta que o conceito deste como, “[...]
lugar mediatizado pelo espaço através das experiências é a essência, é o centro onde
são experimentados os eventos mais expressivos de nossa seleta vida, ou seja, o viver e
o habitar, o uso e o consumo, o trabalho, o entretenimento, o lazer, o prazer e etc.”
No entanto para compreender como esta assumiu este papel, faz-se necessário
entender um pouco mais sobre sua história. Em seu livro intitulado Manaus entre o
passado e o presente Duarte (2009, p. 133) cita que “a edificação, em Manaus, de um
templo em devoção a Nossa Senhora Aparecida tem sua origem em 22 de julho de
1943”, isto devido a chegada dos padres André Joerger e João McCormick, que de

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acordo com Duarte (2009, p. 133) os dois devotos pertenciam “ à Congregação do
Santíssimo Redentor, na cidade de Saint Louis, no Missouri, Estados Unidos da
América”.
Além destes dois membros da Congregação do Santíssimo Redentor, Duarte
(2009, p.133) ressalta a chegada de mais quatro nomes que compõem a história da
criação da Igreja Nossa Senhora Aparecida em Manaus, “ quatro dias depois, também
chegaram os padres José Maria Buhler, José Elworthy e Jaime Martin, além do irmão
Cornélio. Todos foram hospedados pelos freis capuchinhos, da Igreja de São Sebastião”.
Estes começam a realizarem suas atividades na cidade, com o passar do tempo
os redentoristas conseguiram através de uma doação um terreno, como destaca Duarte
(2009, p. 133) “Em 8 de setembro, dia do aniversário de Nossa Senhora, os religiosos
passaram a ocupar residência própria, situada na rua Comendador Alexandre Amorim,
n.325, terreno doado por Agesilau Araújo. Nessa área funciona, atualmente, um clube
de mães, o mais antigo de Manaus”.
Mesmo com a conquista do terreno os mesmos ainda não possuíam um templo
adequado para que as celebrações fossem realizadas, como destaca Duarte (2022, p.
133) “enquanto não existia um templo adequado, os redentoristas celebravam as missas
dominicais em espaços improvisados, como no Grupo Escolar Cônego Azevedo ou em
uma casa particular, localizada na rua Leonardo Malcher, próximo à Luiz Antony”.
Após um breve período a paróquia foi finalmente instituída, conforme
estabelece Duarte (2009, p. 133) “a Paróquia de Nossa Senhora Aparecida foi instituída
oficialmente em 30 de janeiro de 1944 e seu primeiro vigário foi o padre André
Joerger”. No ano seguinte ocorreu uma nova construção para a ampliação do templo,
para que com isto fosse possível proporcionar uma maior participação da comunidade
local, Duarte (2009, p. 133) cita que “em 1945, essa residência foi ampliada com a
construção de uma sala que serviria para as reuniões das associações ligadas à Igreja e
para as aulas de catecismo, entre outras atividades”.
A igreja ainda passaria por duas obras até a construção do templo definitivo,
sendo a primeira em 1946 como evidencia Duarte (2009, p. 133) “com o crescimento do
número de fiéis, em 1946, os redentoristas decidiram erguer um novo templo, o qual
seria provisório até que se pudesse edificar uma basílica digna da Rainha do Brasil. A
pedra fundamental dessa igreja foi lançada no dia 22 de junho de 1947”.

16
A segunda obra tem início em 1954, porém é inaugurada somente após três
anos, sendo uma obra de autoria de Moacir Andrade e de responsabilidade do
engenheiro José Florêncio, conforme destaca Duarte:
A construção da sede atual da Basílica de Nossa Senhora Aparecida foi
iniciada em 1954 e inauguradas três anos mais tarde. O projeto é de autoria
do amazonense Moacir Andrade e foi executado pela empresa Sociedade de
Obras Limitada, sob a responsabilidade do engenheiro José Florêncio, irmão
do médico e escritor acreano Djalma da Cunha Batista. (Duarte,2009, p. 133).
As obras para a construção do templo por fim finalizam, Duarte (2009, p.133)
cita alguns elementos que este possui como “o templo possui, em seu interior, imitações
de mármore, instaladas por José Gaspar”. Destaca ainda que “para sua inauguração,
uma imagem da Santa foi trazida por Dom Antônio Macedo, à época, bispo auxiliar de
Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, cardeal de São Paulo e diretor da Basílica
Nacional de Aparecida/SP”.
Após a construção da atual sede do Santuário, este atrai cada vez mais diversos
fieis que vem dos mais diversos bairros da cidade de Manaus e até mesmo de outros
municípios, neste local estes acabam por terem sua fé renovada e podem ter o contato
direto com os padres que congregam nesta.
Compreendendo os efeitos da Novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro na
dinâmica social: uma abordagem investigativa
O Santuário Nossa Senhora Aparecida desempenha um papel importante em
seu dia a dia por meio das celebrações realizadas regularmente. As celebrações ocorrem
às terças-feiras, aos sábados e aos domingos, enquanto as confissões são realizadas de
segunda a sexta-feira, conforme informações disponíveis no site da Arquidiocese de
Manaus. Dentre essas atividades, destaca-se o dia de terça-feira, quando o Santuário
realiza as novenas de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que têm início às cinco horas
da manhã e seguem até às 20h, com confissões disponíveis ao longo do dia.
A celebração das novenas atrai um elevado número de fiéis que compartilham
da mesma fé. Todas as terças-feiras, seus devotos são atraídos ao Santuário para
participar das novenas, realizar suas preces, em busca de milagres ou para expressar
gratidão pelas graças recebidas. O Santuário torna-se então um lugar para estes, que
retornam todas as semanas em busca de espiritualidade e conexão divina.
Através de uma breve pesquisa no Google Maps, é possível ver alguns
comentários de devotos, como “lugar perfeito para quem busca a paz interior. Amo
participar das novenas todas as terças”, sendo seguido de “linda igreja, ótima missa, e
está num lugar central de Manaus”, outros em traduzem o sentimento que seus devotos

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sentem no Santuário “é um lugar onde me sinto muito bem, saio de lá com, mas fé
ainda”, alguns se limitam a apenas comentar “acolhedor”. Estes comentários traduzem o
que a grande maioria dos devotos sentem e até mesmo buscam ao irem ao Santuário.

Utilizando a
mesma ferramenta do Google Maps,
pode-se ter acesso também a um
pequeno gráfico sobre os dias da
semana e seus horários de
maiores picos, conforme pode-se
visualizar na figura 1, os dias em que apresentam os maiores movimentos, são os
domingos, as terças e aos sábados. Sendo a terça-feira o dia em que apresenta o maior
fluxo de visitações.
Figura 1- Horários de pico do Santuário de N. Sr.ª Aparecida

Fonte: Google Maps


Conforme pode ser analisado (figura 2) ao entorno do Santuário, é realizado
uma feira em que é comercializado os mais diversos produtos que variam da venda de
alimentos, frutas, roupas e até mesmo plantas e remédios caseiros. Estes vendedores
autônomos acabam por se beneficiar com a realização das novenas, em suma devido ao
intenso fluxo de pessoas que vão ao Santuário neste dia.

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Figura 2- Mapa da área de estudo
Os fiéis tornam a ida à feira um costume, consumindo os produtos disponíveis.
Isso pode ser observado nos comentários deixados por alguns fiéis na plataforma
Google Maps, conforme ilustrado na figura 3. Para preservar a identidade dos fiéis, os
nomes e fotos de perfil não serão mostrados nas imagens abaixo.
Figura 3- Comentário
deixados na Plataforma

Google Maps.

Fonte: Google Maps.

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Conforme pode ser analisado pelos comentários a novena acaba por
proporcionar uma intensificação nas vendas locais, o comercio informal representado
pelas barracas da feira, acaba por ser beneficiado pela ocorrência da novena ao longo do
dia.
Além dos comentários acima, trarei mais dois depoimentos que expressam os
mesmos sentimentos em relação ao Santuário e à novena, “santuário de Paz e
acolhimento. Possui uma excelente estrutura, Velario e as Terças-feiras a novena. De
hora em hora. Igreja com acessibilidade ♿. E, as Terças-feiras têm uma feirinha na rua
ao lado que vale a pena fazer um lanche”. No segundo comentário o devoto destaca
sobre características da igreja que a tornam tão especial para este, o mesmo coloca que
“o santuário de Aparecida recebe uma grande congregação de fiéis, principalmente as
terças-feiras dia de novena. Nesse dia a igreja proporciona espaço aos feirantes e
também uma diversificada praça de alimentação. Ambiente climatizado, salas de
atendimento, amplo estacionamento, fazem do Santuário um caminho de fé e
comunhão”.
Portanto percebe-se pelos depoimentos deixados na plataforma Google Maps,
como os dias que acontecem as novenas influenciam na dinâmica local, levando os
comerciantes da feira a serem beneficiados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil, sendo um país com uma grande variedade de religiões, apresenta o
catolicismo como uma das mais destacadas. Sua influência é evidente no dia a dia e
pode ser observada através das igrejas e santuários espalhados pelo país. Essas
instituições exercem um grau de relevância significativo nas comunidades em que estão
inseridas. Entre elas, destaca-se o santuário de Nossa Senhora de Aparecida, que possui
um alto grau de atratividade.
Portanto, através do maior entendimento sobre este Santuário, foi possível
analisar como sua história acabou por influenciar em diversos elementos que envolvem
o seu entorno, sendo um destes os dias que ocorrem as novenas que acabam por exercer
um grau de influência sobre aquele local, através desta pesquisa.
Além disto através dos comentários deixados na plataforma Google Maps foi
possível perceber a profunda relevância do santuário para seus devotos, no qual
enxergam esse espaço como algo especial, capaz de despertar sentimentos de afeto e
bem-estar quando o frequentam. Mais do que apenas um local físico, o santuário torna-
se um ponto de conexão emocional onde a fé é renovada. Essa constatação reforça a
20
importância significativa do santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida na
vida espiritual daqueles que o visitam, ressaltando seu papel fundamental como um
espaço sagrado de devoção e transformação pessoal.
Em síntese ao longo deste trabalho, pode-se constatar a marcante influência de
Maria na religião católica. Sua história está estreitamente entrelaçada com a história da
própria igreja, e seus devotos estão presentes em diversas partes do mundo. No contexto
brasileiro, destaca-se o nome de Nossa Senhora da Conceição Aparecida como uma
figura de devoção especialmente significativa. Através dessa análise, foi possível
compreender a importância e a reverência atribuídas a Maria na fé católica, tornando-se
um exemplo notável de devoção e conexão espiritual.

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negra, foi roubada, cobiçada pelos políticos e conquistou o Brasil. 1. Ed. São Paulo:
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