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A educação infantil é um direito dos povos indígenas, ela também pode ser uma
opção de cada comunidade, ao avaliar na escola suas funções e referências culturais,
decidir o ingresso ou não de suas crianças na instituição de ensino.
O ensino deverá ser cuidadosamente preparado, visando o respeito aos
conhecimentos, ás culturas, ás línguas e aos modelos de ensino aprendizagem. Dessa
forma, evitando que a criança se distancie de seus familiares, dos membros da
comunidade e da língua materna.
Segundo, o Parecer CNE/CEB n° 20/2009 em seu art. 8, as propostas
pedagógicas para os povos que optam pela Educação Infantil devem:
a) Proporcionar uma relação viva com os conhecimentos, crenças, valores,
concepções de mundo e as memórias do seu povo;
b) Reafirmar a identidade étnica e a língua materna como elementos de
constituições das crianças;
c) Dar continuidade a educação tradicional oferecida na família e articular-se as
práticas socioculturais de educação e cuidado coletivos da comunidade;
d) Adequar calendários, agrupamentos etários e organização de tempos,
atividades e ambientes de modo a atender as demandas de cada povo
indígena.
O Ensino Fundamental em seus primeiros anos, foi durante muito tempo a única
etapa de ensino ofertada nas escolas indígenas.
Para garantia desse ensino, será necessário a conjugação de sua oferta com as
políticas públicas destinadas aos diferentes âmbitos da vida dos estudantes indígenas e
suas comunidades. As políticas educacionais devem estar articuladas, com as políticas
ambientais, territoriais, atenção à saúde, cultura, ao desenvolvimento econômico e
social para que a oferta esteja adequada as concepções e modos de ser indígena.
Aliado a ação educativa da família e da comunidade, deverá se constituir em
tempo e espaço de formação para cidadania indígena plena, articulada ao direito a
diferença quanto ao da igualdade. Poderá ser construída por meio do acesso aos códigos
de leitura, da escrita, das artes, dos conhecimentos ligados as ciências humanas, da
natureza, matemáticas, linguagens, bem como o desenvolvimento das capacidades
individuais e coletivas necessárias ao convívio sociocultural da pessoa indígena. Em
outros termos, o Ensino Fundamental deve assumir a função de propiciar aos estudantes
indígenas os conhecimentos escolarizados fundamentais para suas vivências dentro e
fora da comunidade.
Além disso, o ensino deve aliar as práticas educativas, do cuidar, no atendimento
das necessidades indígenas em seus diferentes momentos da vida (infância, juventude e
fazer adulta).
As escolas indígenas, devem adequar os currículos do Ensino Fundamental aos
tempos e espaços das comunidades, o currículo deve ser flexível, adequados na
aprendizagem dos estudantes indígenas nas dimensões culturais, afetivas, cognitivas,
que atendam às necessidades de cada comunidade.
Os conjuntos destas orientações está conforme a Resolução CNE/CEB n°
7/2010, que reconhece no art. 40, o direito dos povos indígenas serem respeitados em
suas peculiares condições de vida. Na mesma direção, a Resolução CNE/CEB n° 3/99,
ao reconhecer a condição das escolas indígenas como instituições educativas regidas por
normas e ordenamento jurídico próprios, autoriza os professores indígenas da gestão
pedagógica e administrativa de suas práticas escolares diferenciadas.
Há caso, que a língua de instrução adotada pelo Ensino Fundamental é a língua
indígena, visando a valorização dessa língua. Nesse sentido, o CNE/CEB n° 10/2011,
recomendou ao Ministério da Educação “O planejamento e a execução de uma política
sociolinguística para os grupos indígenas em contextos de escolarização assentada nos
princípios de igualdade e diferença. ”
ENSINO MÉDIO:
A ofertada de Ensino Médio é uma experiência recente. Segundo o Censo
Escolar de 2010 INEP, das 2.836 escolas indígenas existentes 80 ofertam essa etapa.
O uso de suas línguas nessa etapa se constitui em importante estratégia
pedagógica para valorização e promoção sociolinguística brasileira, de acordo com o
CNE/CEB n°. 10/2011.
As propostas do Ensino Médio devem promover o protagonismo dos estudantes
indígenas, visando o desenvolvimento de análise e de tomadas de decisão. Além disso, o
ensino deve ser flexível, podendo ser organizado por ciclos, regimes de alternância,
regime de tempo integral, entre outros.
Em síntese, o ensino médio deve garantir aos estudantes indígenas construções
favoráveis do seu bem viver de suas comunidades, aliando, conhecimentos tradicionais
e práticas culturais próprias de seus grupos e de sociedades não indígenas.