Você está na página 1de 6

NOTA CRÍTICA

“Como perder uma eleição”


Luis Paixão Martins

Discente: Maria Bulhão, 13429, RPCE_B

Docente: Prof. Mafalda Eiró-Gomes

1
Introdução
No âmbito da Unidade Curricular Relações Públicas Contextos e Problemas, foi-nos
pedido pela professora Mafalda Eiró Gomes que realizássemos uma nota crítica
sobre a obra “Como perder uma eleição” de Luís Paixão Martins. Luís Paixão
Martins foi consultor de comunicação na campanha eleitoral de Aníbal Cavaco Silva,
José Sócrates e António Costa. Todos os políticos ganharam as suas campanhas
com maioria absoluta o que fez com que Luís Paixão Martins ganhasse bastante
notoriedade pública.

Deste modo, o autor percebe que para ganhar uma eleição, é preciso saber como
não perder uma eleição. É com base nesta ideia que é escrito o livro. O livro pode
ser visto como um conjunto de lições, histórias e conceitos que nos permitem
perceber quais os erros mais comuns no decorrer de uma campanha política, com
base na sua experiência.

Esta nota crítica encontra-se dividida em: introdução, os erros identificados pelo
autor e conclusão.

Inicialmente, o autor começa por abordar o facto de que as campanhas são feitas
para os fãs de um partido. É natural que um eleitor, especialmente um indivíduo que
é eleitor há vários anos, vote sempre no mesmo partido político pelos mais diversos
motivos. Por isso, o autor afirma que fazer campanhas políticas direcionadas a
esses públicos, é um erro e até um desperdício quer a nível financeiro, quer a nível
de recursos humanos. Neste sentido, e por muito que muitas vezes os fãs não se
identifiquem com a campanha feita pelo partido, é importante realizarmos
campanhas políticas direcionadas àqueles indivíduos que ainda estão indecisos ou
que não sabem em quem votar.

De seguida, é abordado o tema das sondagens: como funcionam, a sua veracidade


e o efeito que têm junto dos eleitores. Assim, o autor passa a explicar o bandwagon
Effect (traduzido para português: efeito de adesão), ou seja, sendo o povo português
um povo que tende a agir bastante segundo a opinião pública, este efeito de adesão
verifica-se quando as sondagens políticas se tornam públicas no sentido em que, o
eleitor indeciso, poderá decidir votar em certo candidato porque as sondagens
mostram que ele vai ganhar. E isto acontece porquê? Ora, se um individuo está
indeciso relativamente ao seu voto e percebe através das sondagens que a maioria
dos eleitores portugueses vai votar em certo partido/candidato, este tenderá a
confiar na opinião da maioria e tomar uma decisão de voto baseada nisso e não nas

2
suas crenças, valores, posição política e ideias. Assim, do ponto de vista do autor,
sondagens cujos resultados se mostrem muito positivos e que poderão levar à
tomada de decisão de voto, por impulso, de eleitores indecisos, deverão ser evitadas
e até mesmo desvalorizadas.

Divergir da bolha mediática é um erro e dos mais difíceis de evitar. Segundo o autor,
“Na relação com os media, nós entramos no jogo. Não criamos as regras” (Martins,
L.P., p.81), ou seja, de modo a que consigamos seguir o caminho que traçámos para
a campanha e cumprir os nossos objetivos, é essencial que nos adaptemos ao meio
em que nos inserimos. Assim, como defende o autor, o candidato deve manter o
foco, ainda que os momentos de tensão existam e tentem fazer com que o candidato
divirja, e nunca deve responder “não” a um jornalista (esta é a palavra mais
divergente do dicionário da política) a menos que seja uma negação categórica e
deve ser sempre o mais transparente possível. Para o autor, não divergir da bolha
mediática é sinónimo de não perder tempo a combatê-la.

Outro dos erros apontados pelo autor ao longo das campanhas eleitorais é o facto
de os debates serem vistos como pequenos ringues de boxe onde o objetivo é cada
um dos candidatos “acabar” com o outro. Na verdade, os debates devem ser
encarados como momentos em que o candidato pode apresentar-se, apresentar as
suas ideias e defender a sua campanha, geralmente para um grande número de
pessoas pois os debates durante as eleições passam habitualmente na televisão.
Para isso é essencial que seja definida uma agenda, ou seja, é necessário definir
qual o objetivo no debate, quais os temas a abordar, que questões colocar, entre
outros. O autor defende também que devem ser evitadas discussões e “bate-boca”
com os candidatos adversários presentes já que isso representa uma perda de
tempo em que o candidato poderia estar a apresentar e defender os seus ideais.

Por vezes, os partidos políticos tendem a escolher para os representar aquilo a que
o autor chama de “ativo tóxico”. Ou seja, o que é isto de um ativo tóxico? Um ativo
tóxico de um partido é alguém que aquando de uma situação de debate, entrevista
ou conferência de imprensa leva os media a selecionar temas polémicos,
sensacionalistas ou populistas para abordar. O problema destes “ativos tóxicos” é
que podem fazer com que os eleitores indecisos se afastem, criando abstenção,
uma vez que não se identificam com aquele tipo de discurso, ideais ou situações.
São dados diversos exemplos ao longo do livro tais como o de José Socrates, André
Ventura ou até mesmo a TAP.

3
Quase no final, o autor refere que é um grande erro “querer agradar a todos”, uma
vez que, uma campanha política com vista a atrair novos eleitores não irá
certamente agradar aos “fãs”, e vice versa. A tentativa de agradar a todos os
eleitores e possíveis eleitores do partido, pode ser bastante prejudicial no sentido em
que facilmente se perde o rumo e o objetivo da campanha levando a falhas na
coordenação das tarefas e mensagens passadas. Como refere o autor, “Uma
campanha (...). É o afirmar em sintonia de atributos, princípios e mensagens”. Para
além disto, o autor reforça que a comunicação de uma campanha deve ser feita a
uma só voz, ou seja, não tem sentido termos diversos porta-vozes e tentarmos
antecipar quem irá governar caso o candidato em questão ganhe efetivamente as
eleições. Como conclusão destas ideias, o autor reflete que uma campanha política
é a única maratona que se define nos sprints e não no final uma vez que é a cada
passo, a cada objetivo, que o triunfo ou não do candidato depende.

Por fim, o autor refere que é um erro querer-se mudar o mundo em dois meses, uma
vez que a gestão de tempo e a forma como despertamos a atenção dos nossos
eleitores é essencial. Ou seja, para o autor, quem não consiga adaptar-se às
condicionantes tempo e eficiência “está perdido”. É também abordada, neste
capítulo, a importância das redes sociais e os benefícios que estas podem trazer
para uma campanha politica, uma vez que, com o seu crescimento exponencial e
inegável, a utilização das mesmas pode não só representar um corte nos gastos
(uma vez que as redes sociais e a publicação de conteúdo nas mesmas é gratuito),
como também aproximar a campanha, o partido e o candidato de mais possíveis
eleitores.

Conclusão
A título de conclusão, neste “pequeno” o autor aborda diversos erros relacionados
com as campanhas políticas e de certo modo ensina ao leitor como não perder uma
eleição. O autor recorre bastante a exemplos seja da sua vida profissional, seja do
mundo atual ou passado, para que o leitor compreenda melhor cada erro, cada
exemplo ou cada situação.

A título mais pessoal, posso dizer que gostei bastante de ler o livro e cada página
me puxava para a seguinte, uma vez que, como referido acima, o autor recorre
muito a exemplos. Para além disso, política é um tema sobre o qual gosto sempre
de saber mais, aprender como funciona todo esse mundo que no fundo “rege e dita”
o nosso dia a dia enquanto cidadãos de um país. Por fim, é de salientar que, do meu
ponto de vista, o título encontra-se bastante bem escolhido não só pois vai ao

4
encontro dos ideais do autor (para ganhar uma eleição, temos de saber não a
perder), mas também é bastante adequado à personalidade do autor e à forma
como pensa e expõe os seus pensamentos no livro.

Assim, é um livro que recomendo a leitura a qualquer um que queira saber como
funciona o mundo da política internamente aos olhos de um assessor de
comunicação.

5
Referências bibliográficas
Luís Paixão Martins. (2023). Como perder uma eleição.

Você também pode gostar