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PARECERES

CORREÇÃO MONETARIA

Aplicação da Lei Federal n.O 6423 pelos estados-membros.

PAllECEll fixados no novo diploma legal (art. 1.0,


§ 4.°).
1. O novo diploma federal determinou 5. Nos contratos de fornecimento pa-
que as obrigações pecuniárias só pudes- ra entrega futura de bens ou futura pres-
sem ser reajustadas, em virtude de lei ou tação de serviço, o reajustamento poderá
convenção, tomando-se como base a va- ser estipulado com base no custo da pro-
riação nominal das Obrigações Reajustá- dução ou da variação no preço dos insu-
veis do Tesouro - ORTNs (art. 1.0). mos utilizados (art. 2.°).
2. Não incide a vedação da lei nas 6. Na realidade, a Lei n.o 6.423 pro-
hipóteses de: cura uniformizar e completar a sistemáti-
a) reajustamentos salariais (ar1. 1.0, § ca do nosso direito monetário, definindo
1.0, letra a); critérios e índices válidos para limitar a
b) reajustamento de benefícios da pre- liberdade das partes, na área contratual,
vidência social (art. 1.0, § 1.0, letra b); e restringir o amplo poder normativo que
c) correção prefixada nas operações tinham na matéria tanto o Executivo fe-
deral como os próprios estados, que an-
realizadas por instituições financeiras (art.
1.0, § 1.0, letra c); teriormente podiam, na maioria das hi-
póteses, estabelecer livremente os crité-
d) contratos de fornecimento futuro de
rios de reajustamento aplicáveis em vir-
bens ou serviços (art. 2.°).
tude da diminuição do poder aquisitivo
3. A nova lei entrou em vigor na da- da moeda.
ta da sua publicação (ar1. 3.°), ou seja, 7. Após longo período em que uma
em 21 de junho de 1977, dia em que o interpretação distorcida do nominalismo
Diário Oficial da União estampou o seu impediu que se reconhecesse os efeitos da
texto. variação do valor real da unidade mone-
4. A partir da sua vigência, é conside- tária, prevalecendo a chamada "ilusão da
rada nula qualquer estipulação de corre- moeda estável" a que aludia Irving Fi-
ção monetária que não obedeça às nor- sher, o direito brasileiro revelou, desde
mas por ela fixadas (art. 1.0, § 3.°) e 1961, mas especialmente a partir de 1964,
ficam de pleno direito substituídos os ín- excepcional criatividade ao dar as mais
dices ou critérios de correção monetária amplas dimensões à correção monetária.
decorrentes da legislação anterior pelos Assim sendo, por um esforço comum rea-

R. Dir. adm., Rio de Janeiro, 135 :241-248, jan./mar. 1979


lizado, inicialmente, pela doutrina e pela caso da Uferj - a fim de evitar a ne-
jurisprudência, e, posteriormente, encam- cessidade de revisão constante de sua le-
pado pelo legislador, operou-se, em nosso gislação, foi admitida sem qualquer dis-
direito, uma dissociação entre as duas cussão.
funções básicas da moeda de unidade de 10. Embora o poder aquisitivo da
conta (medida de valor) e de meio de moeda não seja nem possa ser definido
pagamento, a fim de garantir a estabili- por lei, sendo a sua fixação matéria de
dade das relações jurídicas numa fase de cálculo, que pode atender a vários crité-
inflação galopante. rios, com incontestáveis aspectos subjeti-
8. Durante algum tempo, essa institu- vos, é evidente o interesse da União Fe-
cionalização da correção monetária, con- deral em combater a inflação, não ape-
siderada como um dos instrumentos do nas nas suas origens e fontes principais,
"milagre brasileiro", importou em reco- mas ainda nos seus aspectos secundários
nhecer de modo progressivo a mais am- e nos mecanismos de realimentação que
pla liberdade de convenção no campo dificultam n manutenção de preços está-
monetário, vedando-se tão-somente as veis.
cláusulas ouro e moeda estrangeira, ou 11. Considerando que, numa fase de
seja, a correção cambial e à vinculada ao inflação em declínio, a correção monetá-
metal precioso, considerado, em tese, co-
ria pode tornar-se fator dessa realimenta-
mo lastro da emissão da própria moeda
ção, fazendo repercutir, no presente e no
(Decreto n.O 23501, de 27 de novembro
futuro os índices inflacionários do passa-
de 1933; Lei n.O 28, de 15 de fevereiro
do, o Governo federal decidiu, a partir
de 1935; Decreto-Iei n.o 236, de 2 de fe-
de 1975, estabelecer uma política de limi-
vereiro de 1938; Decreto n.O 1 079, de 27
tação da correção monetária, que se ini-
de janeiro de 1939; Decreto-lei n.o 6650,
ciou com a Lei n.O 6205, de 29 de abril
de 29 de junho de 1944; Decreto-lei n.o
de 1975, que descaracterizou o salário
316, de 13 de março de 1967; e Decreto-
mínimo como fator de correção. Em vir-
lei n.O 857, de 11 de setembro de 1969).
tude do referido diploma legal, o aumen-
9. Formou-se, assim, consenso na área to do salário mínimo, que abrange além
doutrinária, judiciária e administrativa, do reajustamento correspondente à alta
quanto à validade das estipulações e fixa- do custo de vida uma parcela baseada no
ções da correção monetária de acordo aumento da produtividade, deixou de ser
com qualquer índice, como manifestação utilizável pelas partes ou pelo adminis-
da liberdade contratual das partes, distin-
trador para reajustar prestações, a não
guindo-se, outrossim, a correção como
ser em certos casos excepcionais previs-
compensação pela diminuição do poder
tos naquele diploma. Já a Lei n.o 6205
aquisitivo da moeda, dos juros, concebi-
previa a criação, pelo Poder Executivo
dos como valor pago pela utilização de
dinheiro alheio. A matéria tornou-se pa- federal, de um sistema de correção mo-
cífica, inclusive na jurisprudência do Su- netária padronizado, para substituir as es-
premo Tribunal Federal, que chegou a tipulações de reajustamento vinculadas ao
incluir as suas decisões na matéria entre salário mínimo, admitindo que a corre-
as recentes Súmulas. Por outro lado, a ção não pudesse ser superior à variação
competência dos estados para determinar das ORTNs.
a correção monetária dos seus tributos e 12. Efetivamente, determina o art. 2.°
utilizar moedas de conta - como foi o da Lei n.o 6205 que:

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"Art. 2.° - Em substituição à corre- vel não só na área federal, mas também
ção pelo salário mínimo, o Poder Exe- nos vários estados da Federação e em
cutivo estabelecerá sistema especial de todos os municípios.
atualização monetária.
Parágrafo único - O coeficiente de 11
atualização monetária, segundo o dispos-
to neste artigo, será baseado no fator de Conceituação e regime legal da
reajustamento salarial a que se referem da Uferj e da Unif
os arts. 1.0 e 2.0 da Lei n.O 6 147, de
1974, excluído o coeficiente de aumento 15. A atual Uferj encontra as suas
de produtividade. Poderá estabelecer-se origens no art. 8.° do Decreto-Iei n.O 72,
como limite, para a variação do coefi- de 25 de julho de 1969, do estado da
ciente, a variação das Obrigações Reajus- Guanabara, que deu nova redação ao art.
táveis do Tesouro Nacional (ORTN). 8.° da Lei n.o 672 de 9 de novembro de
13. A recente Lei n.O 6423 comple- 1964. Enquanto esta última norma auto-
tou o rol das medidas governamentais rizava o Poder Executivo Estadual a atua-
destinadas a impedir que a correção mo- lizar os tributos e multas de acordo com
netária se transformasse num realimenta- os índices de reajustamento dos créditos
dor da inflação, estabelecendo um índice fiscais elaborados pelo Conselho Nacional
básico, que é calculado pelo Ministério de Economia, o texto de 1969 criou a
do Planejamento de modo a abranger tão- unidade fiscal (Ufeg), cujo reajustamen-
somente parte do aumento do custo de to anual implicaria em dar, automatica-
vida, mediante uma sistemática própria mente, nova tradução monetária aos va-
introduzida, para este fim, em fins de lores fixados no sistema tributário e ad-
maio de 1976. (Veja Correção monetária ministrativo do estado.
e realimentação inflacionária. Conjuntura 16. É o seguinte o teor do art. 8.° do
Econômica, jun.f76, p. 88 e sego e espe- Decreto-Iei n. o 72 de 25 de julho de
cialmente p. 93). 1969:
14. O novo diploma legal é norma de "Art. 8.° - As importâncias fixas cor-
direito monetário que se enquadra per- respondentes a tributos, a multas, a limi-
feitamente na competência da União ex tes para fixação de multas ou a limites
vi do disposto no art. 8.°, inciso XVII, de faixas para efeito de tributação, pas-
alíneas b, c e j, contendo comando de sarão a ser expressas na legislação futura
ordem pública, que se impõe às autorida- por meio de múltiplos ou submúltiplos de
des administrativas e aos particulares, uma unidade denominada Unidade de va-
condicionando, pois, também, a legislação lor fiscal do Estado da Guanabara, a
estadual existente na matéria, que deverá qual figurará nas leis sob a forma abre-
ser compatibilizada com o recente texto viada de Ufeg.
da legislação federal. Assim sendo, não § 1.0 - Fica fixado, nesta data, em
há dúvida quanto à aplicação da Lei n.O NCr$ 100,00 (cem cruzeiros novos) o va-
6423 aos estados e no tocante à necessi- lor da Ufeg.
4ade de examinar a sua incidência, nos § 2.° - O Executivo, no fim de cada
vários campos da sistemática legal local. exercício, publicará ato declarando o va-
Tratando-se de lei que entrou em vigor lor da Ufeg, para vigorar no exercício se-
imediatamente, e que não necessita de re- guinte. Este valor será obtido pela aplica-
tuJamentação, ela já se considera aplicá-..r" ção, sobre o valor originário da Ufeg, do

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coeficiente de atualização dos créditos Estado da Guanabara" (Ufeg), observa-
fiscais, fixado pelo ór~ão federal compe- dos, como limite para os novos valores,
tente, relativo ao primeiro trimestre do os constantes da legislação em vigor."
exercício da publicação deste decreto-lei, 18. O Decreto "E" n.O 3.118, de 17
para ter vigência no primeiro trimestre de setembro de 1969, determinou que o,
do exercício em que vigorará o novo va- valores em Ufeg, constantes de atos admi·
lor. nistrativos, fossem expressos em moeda
§ 3.° - Na fixação da Ufeg poderá corrente do país para o fim de serem
ser arredondado para menos o resultado aplicados a casos concretos.
obtido. Nos consideranda do mencionado de-
§ 4.° - As importâncias fixas referi- creto, o então Governador N egrão de Li-
das no corpo deste artigo, enquanto não ma salientou que a Ufe;; não constituía
expressas em UFEGs, serão atualizadas, moeda, mas "simples elemento de refe-
anualmente, pela aplicação dos coeficien- rência destinado a facilitar a atualização
tes de atualização dos créditos fiscais re- dos valores estabelecidos na legislação",
lativos à data da promulgação da lei que ficando, pois, patente que, na realidade, a
tiver fixado os valores a serem atualiza- Ufeg tinha - como a Uferj atualmente
dos, coeficientes esses baixados para vigo- tem - a função de moeda de conta.
rar no primeiro trimestre do exercício pa- 19. O Decreto-lei n.O 5, de 15 de
ra o qual se quer obter a atualização, março de 1975, que instituiu o Código
desprezadas, no resultado obtido, as fra- Tributário do atual Estado do Rio de Ja-
ções que cada caso comportar." neiro, substituiu a antiga Ufeg pela Uferj
11 - Fica acrescentado um artigo, de a ela se referindo no seu art. 170, nos
n.O 12-A, com a redação do atual art. seguintes termos:
39-A. "Art. 170 - As importâncias fixas cor-
111 - No corpo do artigo 33, substi- respondentes a tributos, a multas, a limi-
tuir "Conselho Nacional de Economia", tes para fixação de multas ou a limites
por "órgão federal competente." de faixas para efeito de tributação passa-
17. Posteriormente, o Decreto-Iei n.O rão a ser expressas por meio de múlti-
165, de 29 de agosto de 1969, estendeu plos ou submúltiplos da unidade denomi-
a utilização da Ufeg às multas de natu- nada, "Unidade de Valor Fiscal do Esta-
reza não-tributária, conforme se verifica do do Rio de Janeiro", a qual figurará
pelos seus artigos 1 e 2, que têm a seguin- nas leis sob a forma de Uferj.
te redação: § 1.0 - Fica fixado, nesta data, em
"Art. 1.0 - Fica estendido às multas Cr$ 250,00 (duzentos e cinqüenta cruzei-
de natureza não-tributária o emprego da ros) o valor da Uferj.
"Unidade de Valor Fiscal do Estado da § 2.° - O Poder Executivo, no fim de
Guanabara", criada pelo artigo 8.° do De- cada exercício, publicará ato declarando
creto-Iei n.O 72, de 25 de julho de 1969, o valor da Uferj, para vigorar no exercí-
que deu nova redação ao artigo 8.° da cio seguinte.
Lei n.O 672, de 9 de dezembro de 1964. § 3.° - A atualização desse valor será
Art. 2.° - Fica o Poder Executivo au- obtida pela aplicação, sobre o valor origi-
torizado a baixar decreto normativo esta- nário do § 1.0, deste artigo, do coeficiente
belecendo a correspondência entre os va- de atualização dos créditos fiscais, fixado
lores atuais das multas a que alude o ar- pelo órgão federal competente, relativo ao
tigo 1.0 e a "Unidade de Valor Fiscal do primeiro trimestre do exercício da publi-

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cação deste Decreto-lei para ter vigência modificou o Código Tributário do Muni-
no primeiro trimestre do exercício em que cípio do Rio de Janeiro, deu nova reda-
vigorará o novo valor. ção ao art. 274, inspirando-se no modelo
igorará o novo valor. estadual, mas alterando a denominação da
§ 4. 0 - Na fixação da Uferj poderá unidade fiscal e municipal para Unif, con-
ser arredondado para menos o resultado forme se verifica pelo texto seguinte:
obtido. "Art. 274. As importâncias fixas cor-
§ 5.° - A Uferj será única e unifor- respondentes a tributos, a multas, a limi-
me em todo o Estado, para cada ano, não tes para fixação de multas ou a limites de
tendo relevância, para a sua aplicação faixas, para efeito de tributação, passarão
aos casos concretos, a data em que tenham a ser expressas por meio de múltiplos ou
sido publicados os atos normativos, que submúltiplos da unidade denominada "Uni-
contenham valores expressos na citada uni- dade de Valor Fiscal do Município do Rio
dade fiscal." de Janeiro", a qual poderá figurar na le-
20. Verificamos que, desde as suas ori- gislação sob a forma abreviada da Unir'.
gens, com a criação da Ufeg pelo Decreto- § 1.0 - ~ fixado em Cr$ 279,50 (du-
le n.o 72, de 1969, até a recente consa- zentos e setenta e nove cruzeiros e cin-
gração da Uferj no Código Tributário Es- qüenta centavos), no presente exercício, o
tadual, a moeda de conta criada pelo es- valor da Unif.
tado funcionou, sempre, como simples va- § 2.° - O Poder Executivo, ao fim de
lor de referência, para assegurar a atua- cada exercício publicará ato declaratório
lização automática dos montantes devidos do valor da Unif para vigorar no exercício
ou utilizados para fins de estabelecer fai- seguinte.
xas, na área tributária ou administrativa. § 3.° - A fixação do valor da Unif se-
Acresce que o critério do seu reajusta- rá resultante da aplicação sobre o valor
mento sempre foi o aplicado pelo órgão originário, do coeficiente de atualização
federal competente para a atualização dos dos créditos tributários, fixados pelo ór-
-::réditos fiscais, datando essa vinculação, gão federal competente, relativo ao pri-
no nosso estado, desde a Lei n. o 672, de meiro trimestre do exercício em que vigo-
1964. rará o novo valor.
21. Na área municipal, no tocante à § 4.° - Na fixação do valor da Unif,
capital do estado, o Decreto-lei n.o 6, de poderá ser arredondado o resultado obtido
15 de março de 1975, transpôs, inicial- para o múltiplo de Cr$ 10,00 (dez cru-
mente, a Uferj para o campo tributário e zeiros) mais próximo.
administrativo do Município do Rio de § 5.° - A Unif será única e uniforme
Janeiro, nos termos do seu artigo 274 que para cada ano, não tendo relevância, para
tinha a seguinte redação: sua aplicação aos casos concretos, a data
"Art. 274 - Será adotada, no Municí- em que tenham sido publicados os atos
pio, a mesma "Unidade de Valor Fiscal do normativos que estabeleçam o seu valor."
Estado do Rio de Janeiro - Uferj", para 23. Embora a legislação fiscal esta-
cálculo das importâncias fixas correspon- dual e municipal só se refira a Uferj e
dentes a tributos, a multas, a limites para à Unif, respectivamente, para fins fiscais,
fixação de multas ou a limites de faixas na realidade, a legislação local também a
para efeito de tributação." utiliza para fins administrativos, de acor·
22. Posteriormente, o art. 2.° da Lei do com a tradição, que encontra as suas
n.O 96, de 8 de novembro de 1976, que raÍZes no Decreto-lei n.O 165, do antigo

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Estado da Guanabara e em outros diplo- § 1.0 - O valor nominal das Obriga-
mas legais. Assim, por exemplo, o Esta- ções será atualizado periodicamente em
do fixou em Uferj os valores correspon- função das variações do poder aquisitivo
dentes às várias modalidades de licitação, da moeda nacional, de acordo com o que
conforme se verüica no Decreto-lei n.o estabelece o § 1.0 do art. 7.° desta Lei.
237/75 e no Decreto n.o 362/75. § 2.° - O valor nominal unitário, em
24. Em virtude do disposto na Lei n.O moeda corrente, resultante da atualização
6 423, cabe indagar se podem o Estado referida no parágrafo anterior, será de-
e o Município continuar a utilizar como clarado trimestralmente, mediante porta-
moeda de conta respectivamente a Uferj ria do Ministério da Fazenda."
e a Unif ou se, ao contrário, a nova lei, 28. Posteriormente, a competência pa-
que só admite a correção de acordo com ra a elaboração dos índices passou para
a variação da ORTN, impede que sejam o Ministério do Planejamento e o § 1.0
mantidas as disposições estaduais e muni- do art. 7.° da Lei n.O 4357 passou, em
cipais acima referidas. virtude do disposto no Decreto-lei Fe-
deral n.O 1281, de 24 de julho de 1973
1lI a ter a seguinte redação:
§ 1.0 - O Ministério do Planejamento
Uferj, Unif e ORTN
e Coordenação Geral, de acordo com o
art. 7.° da Lei n.O 5334, de 12 de outu-
25. Ora, acontece que, estando a Uferj
bro de 1967, fará publicar, mensalmente,
e a Unif vinculadas, para fins de corre-
no Diário Oficial, a atualização dos coe-
ção, ao critério de reajustamento dos dé-
ficientes de variação do poder aquisitivo
bitos fiscais da União Federal, estão, na
da moeda nacional, e a correção prevista
realidade, tendo como base de atualização
neste artigo será feita com base no coefi-
as ORTNs.
ciente em vigor na data em que for efe-
26. Efetivam e n t e, a correção das
tivamente liquidado o crédito fiscal."
ORTNs, e dos débitos fiscais decorre de
normas inicialmente estabelecidas na Lei 29. A fórmula de aplicação da corre-
Federal n.O 4357, de 16 de julho de 1964, ção monetária aos débitos fiscais consta
que fixou, para ambas as hipóteses, os de estudo especial publicado na Conjun-
mesmos critérios de reajustamento, deter- tura Econômica, de setembro de 1975 (p.
minando no seu art. 7.° e respectivo § 99) que a respeito da matéria teceu as
1.0 que: seguintes considerações:
"§ 1.0 - O Conselho Nacional de Eco- "Os débitos fiscais e contribuições de-
nomia fará publicar no "Diário Oficial" vidas à Previdência Social, referentes a
no segundo mês de cada trimestre civil, a tributos, contribuições ou penalidades que
tI' bela de coeficientes de atualização a vi- não foram efetivamente liquidadas no tri-
gorar durante o trimestre civil seguinte, e mestre civil em que deveriam ter sido pa-
a correção prevista neste artigo será feita gos, têm o seu valor corrigido monetaria-
com base na tabela em vigor na data em mente, de acordo com os arts. 7.° e 8.°
que for efetivamente liquidado o crédito da referida Lei n.o 4357.
fiscal." São índices também trimestrais e publi-
27. Na mesma lei, o art. 1.0 tratou cados no segundo mês de cada trimestre
das ORTNs e determinou nos seus §§ 1.0 civil, com vigência para o trimestre se-
e 2.° que: guínte.

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Têm para cálculo a seguinte fórmula: tudo especial sobre Correção monetária e
realimentação inflacionária. Conjuntura
Econômica, jun. 76, p. 88 e sego e espe-
D.-2, t-2 ciaImente p. 92 a 94).
31. Verifica-se, assim, que a base de
reajustamento das unidades estaduais e
onde: municipais é diretamente vinculada à va-
riação dos índices de correção dos débi-
D.-2, t-2 = coeficiente de correção tos fiscais e, indiretamente, à variação da
monetária própria ORTN. A única diferença consiste
s -;- trimestre de origem do no tempo em que se opera o reajustamen-
débito to que, no tocante aos débitos fiscais é
trimestre da liquidação o trimestre, enquanto a Uferj e a Unif
do débito somente são reajustadas anualmente.
Of valor das ORTNs do 32. Concluímos, pois, que, na realida-
primeiro mês do de, é lícito afirmar que a Uferj e a Unif
trimestre t são corrigidas de acordo com a ORTN,
O. valor das ORTNs do tendo como base a variação do valor no-
primeiro mês do minal das Obrigações Reajustáveis do Te-
trimestre • souro, nos precisos termos do art. 1.0 da
Lei n.O 6423, razão pela qual podem con-
30. No trabalho sobre correção mone- tinuar a ser utilizadas como valor de re-
tária que publicamos, em colaboração com ferência pelo Estado e pelo Município.
Mário Henrique Simonsen e Julien Cha- 33. A interpretação literal da nova
cel, em 1970, ficou esclarecido que a lei se coaduna, aliás, com a sua interpre-
atualização tanto das ORTNs como dos tação lógica e sistemática, pois o critério
débitos fiscais evoluía de acordo com a de reajustamento das unidades estadual e
variação do índice do preço por atacado municipal sofrerá as mesmas limitações
da disponibilidade interna, coluna 12 da que a ORTN, com a finalidade de evitar
Conjuntura Econômica (Chacel, Julien; a realimentação, ou seja, o feedback da
Simonsen, Mário Henrique; Wald, Arnol- inflação, que se torna mais perigosa nu-
do. A correção monetária. Rio, Apec, ma fase de declínio das taxas do aumen-
1970. p. 290, 291, 309 e 310). Posterior- to do custo de vida, como aquela que
mente, a sistemática do cálculo dos índi- atualmente atravessamos.
ces sofreu algumas modificações, com a
exclusão da "acidentalidade", em agosto IV
de 1975, e a mitigação do reajustamento
mediante uma composição entre o atendi- Dos valores de referência
mento às variações já ocorridas e o cál-
culo do resíduo inflacionário para o fu- 34. Quanto aos valores de referência
turo, baseado em taxa fixa prevista em utilizados para fixar as faixas das várias
15% ao ano, conforme decisão tomada modalidades de licitação, entendemos que
em maio de 1976, mas manteve-se sempre além de serem válidos, por não importar
a vinculação entre a oscilação das ORTNs a utilização da Uferj em violação da Lei
e a dos débitos fiscais e conseqüentemen- n.O 6423, não estariam alcançados pelo
te da Uferj e da Unif (veja a respeito es- mencionado diploma legal que, no seu

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art. 1.°, somente aludiu à correção das cruzeiro varia anualmente de acordo com
obrigações pecuniárias. Os valores de re- a alteração sofrida pela ORTN, como já
ferência não constituem no caso, salvo foi comprovado.
melhor juízo, obrigação pecuniária, mas
apenas limites fixados pelo legislador pa- VI
ra a utilização de determinadas modalida-
des de licitação, não sendo tal matéria Conclusões
abrangida pelo novo diploma legal.
38. Concluindo, entendemos, salvo
35. e interessante notar, como mani- melhor juízo, que:
festação da orientação que estamos de-
a) A Uferj e a Unif podem continuaI
fendendo, que, tendo sido vedada pela Lei
a ser utilizadas pelo Estado e pelo Mu-
federal n.o 6205, de abril de 1975, a uti-
nicípio, como valores de referência, na
lização do salário mínimo como fator de
forma da legislação vigente, pois estando
correção, o próprio Supremo Tribunal Fe-
vinculadas à correção dos débitos fiscais
deral manteve a referência ao valor do
fixada pelo órgão competente da União
mesmo, para fixação de alçada no tocan-
Federal (Ministério do Planejamento) os
te a admissão de recurso extraordbário
índices de reajustamento dessas unidadt'S
(art. 108, inciso VIll) tendo, inclnsive,
são os mesmos das ORTNs, ex vi legif,
aprovado, em 25 de novembro de 1976,
pois o reajustamento dos débitos fiscais
nova tabela de custas na qual mantém a
da União acompanha as variações do va-
referência a um certo número de salários
lor nominal das ORTNs;
mínimos, como elemento a justificar ou
b) Mesmo que assim não fosse, cabe-
não a competência do Excelso Pretório.
ria, aliás, a União Federal, em obediên-
cia ao texto da Lei n.o 6423, modificar
v o seu critério de reajustamento dos débi-
tos fiscais e tal eventual alteração impor-
Das custas judiciais taria em manter a validade da Uferj e da
Unif, pois devem tais débitos ser reajus-
36. Também nos parece que continua tados de ora em diante exclusivamente de
sendo válida a cobrança de custas judi- acordo com as ORTNs;
ciais em Uferj, mesmo após o advento c) Não há dúvida a forriori quanto à
da nova lei, tanto pelas razões que já validade da utilização da Uferj e da Unif,
constam em nosso parecer AW.35/ASJI76 como valor de referência para fins de li-
como naquelas contidas no início do pre- citação, tanto mais que não ocorre na hi-
sente estudo na análise que fizemos da pótese nenhuma correção de obrigação
própria unidade fiscal. pecuniária, que constitui a matéria trata-
37. Acresce que no caso das cust.lS da pela Lei;
judiciais, a obrigação já nasce com o seu d) Nenhuma alteração deve sofrer o
valor definido, não havendo, na realida- Regimento de Custas que pode manter as
de, a correção de uma obrigação pecilniá- suas referências à Uferj.
ria mas sim, desde logo, a definição de Amoldo Wald, Procurador do Estado
um valor monetário que corresponde a do Rio de Janeiro e Professor Catedráti-
uma moeda de conta, cuja tradução em co da Uerj.

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