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SEBENTA TEÓRICA

DE ANATOMIA I

INÊS CARDOSO
2022/2023
Índice:

Aula 1: Leis e princípios anatómicos…………………………………………………………………………………………2

Aula 2: Simetria Anatómica…………………………………………………………………………………………………….20


Aula 3: Cavidades do corpo…………………………………………………………………………………………………….25

Aula 4: Articulações – geral…………………………………………………………………………………………………….31

Aula 5: Articulações (continuação) – articulações mais importantes………………………………………44


Aula 6: Esplancnologia das aves……………………………………………………………………………………………..88

Aula 7: Glândulas Endócrinas……………………………………………………………………………………….………129


Aula 8: Miologia e anexos musculares…………………………………………………………………………………..141

Aula 9: Anatomia dos peixes – Ictiotomia…………………………………………………………………………….151

Aula 10: Sistema Linfático…………………………………………………………………………………………………….167

A sebenta parece enorme por causa da aula das articulações em que pus as fo-
tos todas do power point, mas não é assim tão grande. Em cada aula, no título, está es-
crito os números das páginas correspondentes da sebenta dos professores. Espero que
vos ajude!

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AULA1: (P.5 a 20 e P. 32 a 43 da sebenta)

LEIS E PRINCÍPIOS ANATÓMICOS


Deve levar-se em consideração que “A lei científica apenas exprime um dado grau de generali-
dade de certos fenómenos e não uma condição de caráter universal”.

Lei de Conexões Orgânicas- Um determinado órgão tende a manter as mes-


mas conexões com outros órgãos em diferentes espécies.

Lei da Homoplasia- certos órgãos que não têm qualquer relação anatómica
(seja homológica, homotípica ou outra) possuem natureza morfológica idên-
tica.

Exemplos: 1. o componente córneo do bico das aves

2. a parte córnea do corno dos ruminantes


3. a porção córnea das unhas, garras ou cascos

Todos têm uma natureza morfológica, constituição muito próxima

Princípio da Hipertelia- Em certas espécies animais ou em certos grupos zooló-


gicos, um determinado órgão pode apresentar-se extremamente dimensio-
nado em relação ao corpo.

Exemplo: cornos caducos do alce macho, bico dos tucanos e de muitos colibris. A tromba e in-
cisivos superiores do elefante, certas formações muito dimensionadas da plumagem (cauda,
poupa, etc.) de variadas aves, etc.

LEIS DO CRESCIMENTO
Princípio da alometria- no decurso do desenvolvimento do organismo, o cres-
cimento das diferentes partes do corpo não é geralmente paralelo, pelo que as
dimensões relativas variam muito conforme a fase considerada.
Exemplo: índice crânio-encefálico no caso humano - os bebés têm um índice muito grande
comparativamente com o resto do corpo e, à medida que vão crescendo, a cabeça começa a
ocupar, numa ponto de vista morfométrico, uma área cada vez menor.

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Nestas leis do crescimento podemos dizer que há estruturas que são isométricas, ou seja, que
crescem com a mesma velocidade com que as outras estruturas gerais do corpo.

• Alometria maior que 1- o órgão cresce mais rapidamente que o corpo


Ex: dentes dos coelhos (lagomorfos), de crescimento constante

Pinça dos caranguejos- uma é maior do que a outra

• Alometria menor que 1- cresce menos rapidamente

Ex: ossículos do ouvido interno (martelo, bigorna e estribo) - mantém sempre o mesmo tama-
nho

LEIS APLICÁVEIS AOS MEMBROS

Os membros torácicos e pélvicos são construídos segundo o mesmo modelo


Lei da homotipia dos membros- os membros têm uma construção próxima,
começando pelas áreas proximais- cinturas escapular (ombro) e pélvica (qua-
dril).

Cintura escapular: Cintura pélvica:

Nota: a maior parte dos animais têm apenas uma escápula desenvolvida, embora as aves te-
nham uma cintura escapular complexa, semelhante á dos humanos, com 3 ossos desenvolvi-
dos.
Segue-se pelos braços (úmero) e coxa (fémur) e, depois, o antebraço (rádio e ulna) e a perna
(tíbia e fíbula)
Úmero: Fémur: Cabeça (meia esfera)

Cabeça (calote
de esfera)

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A seguir segue-se a mão e o pé

(que não têm necessariamente 5 dedos)

Nota: O dedo mais próximo do corpo do animal é o dedo I (no caso humano, o polegar), e o
mais longe é o V (mindinho). O cavalo tem um dedo (III) e os ruminantes dois (III e IV).

Nas articulações entre o metacarpo e as falanges, por vezes, vê-se uns ossos muito pequenos,
umas pequenas esferas que têm como função permitir o deslize dos tendões que passam na-
quela zona, com menor detrito possível (ossos sesamoides).

Todas estas estruturas têm alguns nomes do ponto de anatómico que consignam nestas áreas:

A lei da homopodia diz, portanto, que os membros são semelhantes, no entanto há casos em
que esta lei não se aplica, dependendo da espécie.

Homopodes- animais com os membros semelhantes


Exemplos: Ruminantes, equídeos, porco, cão e gato

Heteropodes- animais com os membros diferentes


Exemplo: Canguru, esquilo, avestruz, toupeira

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Princípio da pronação- em várias espécies, o rádio e a ulna são livres entre si,
a posição de paralelismo destes ossos pode ser comutada numa posição de
cruzamento em “x”. Os animais que têm esta capacidade são aqueles que não
utilizam os braços e as mãos só para marcha, corrida ou suporte do peso do
corpo.

Princípio da metaxonia- O eixo funcional do metapódio (metacarpo ou meta-


tarso), onde se suporta o maior peso do animal, pode colocar-se em diferentes
raios destes.

o Entaxonia- 2º raio ou próximo


o Premetaxonia- entre o 2º e o 3º raio
o Mesaxonia- 3º raio

carpo

metacarpo

falanges

o Ectaxonia- 4º raio ou próximo

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o Paraxonia- entre o 3º e o 4º raio

RESUMO:

Princípio da plurigradia- nas espécies que se deslocam sobre o solo, a exten-


são do membro que contacta com o terreno pode ser diferente

Nuligrados- não utiliza aqueles membros para suportar o seu peso


Exemplo: o humano é nuligrado dos membros torácicos.

Amarelo- falanges
Azul-metatarsos

marchador corredor

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A velocidade com que o animal se desloca está relacionada com a porção da extremidade dos
membros que apoia no solo. Quanto menor a área que apoia no solo, normalmente, maior é a
velocidade.
De acordo com essa característica, podemos dividir os mamíferos em:

o Plantígrados- falanges, metacarpo/metatarso e pelo carpo/tarso (urso e humanos)


o Semiplantígrados- falanges, metacarpo/metatarso e pela parte distal do carpo/tarso
(marta)
o Semidigitígrados - parte distal do metacarpo/metatarso (autopódio) e falanges (gatos,
bicos de pés)
o Digitígrados- falanges/acropódio (cão - que amortece com as almofadas)
o Ungulígrados – última falange (cavalos, andar em pontas)

LEIS ANATOMO-CLIMÁTICAS
De entre os animais da mesma espécie, os que vivem em climas mais frios tendem a:

Lei de Bergman- terem maior tamanho;


Lei de Allen- terem menores apêndices do corpo, devido à microvascularização;
elevada nas extremidades. Ex: orelhas, cauda, membros;
Lei de Hesse- terem maior peso relativo de coração;
Lei de Gloger- terem uma pigmentação amarelada (feomelanina).

Nota:

• Zonopódio torácico;
• Zonopódio pélvico;
• Estilopódio – Fémur/Úmero;
• Zigopódio – Rádio e ulna/ Fémur e fíbula;
• Autopódio Basipódio - Carpo

Metapódio - Metacarpo

Acropódio - Base óssea as falanges

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SUPORTE E MOVIMENTO

Esqueleto- deriva do grego e significa seco, uma vez que quando vemos um esqueleto,
apenas encontramos a matriz, já desprovida de células.

Grande parte dos locais onde se


FUNÇÕES DO SISTEMA ESQUELÉTICO: encontram os elementos sanguí-
neos quando somos mais novos
o Suporte; (medula vermelha), são substituí-
o Proteção; dos por gordura à medida que va-
o Movimento; mos envelhecendo (medula ama-
o Armazenamento (de elementos sanguíneos e gordura); rela/adiposa).
o Produção de elementos sanguíneos.

Ligamentos- fixam os ossos entre si, limitando os movimentos


Tendões- inserem os músculos nos ossos

TIPOLOGIA ÓSSEA:
Ossos axiais- são os ossos que formam o eixo principal do corpo (cabeça, pescoço e
coluna vertebral);
Ossos apendiculares- são os que formam os apêndices do corpo (ossos dos membros
superiores e inferiores/anteriores ou posteriores);
Ossos longos- são ossos cujo comprimento predomina sobre a largura e espessura.
Apresentam canal medular. Estão geralmente nos membros. São compostos por:
o Diáfise- corpo do osso
o Epífise proximal e distal- Extremidades do osso
o Canal medular- cavidade na diáfise e do osso para alojar a medula óssea

CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS:

Comprido- se o comprimento é maior que as outras dimensões e tem cavidade medu-


lar (alongados- sem cavidade medular);

Achatado- se a espessura é muito menos que as outras dimensões;

Curto- quando as três dimensões equivalem;

Irregulares- Não se consegue definir o que predomina, há uma mescla de circunstân-


cias.

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Epífise proximal

Diáfise

Epífise distal

Sesamóides- são ossos curtos que se desenvolvem na zona de passagem dos tendões
ou cartilagens e auxiliam no deslizamento desses tendões.
Exemplos: Patela, articulação metacarpofalângica e metatarsofalângica, osso navicular nos ca-
valos

Idiopáticos- específicos de uma espécie

Exemplo: osso rostral (suínos)

ANATOMIA DO OSSO

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Os ossos têm umas estruturas, umas em reentrância e outras em saliência, a que se chamam
acidentes ósseos que podem ser articulados.
Epífises secundárias- correspondem a núcleos de ossificação de acidentes articulares
Os ossos são delimitados por uma estrutura fibrosa, o periósteo.

No interior do osso temos zonas mais jovens e mais antigas, o osso esponjoso e o compacto
respetivamente- osso diplóide.

Medula vermelha vs medula amarela

Medula óssea vermelha- localiza-se no osso esponjoso, ou


diáfise de jovens.
Função: formação de eritrócitos, leucócitos e megacariócitos (for-
mam plaquetas).

Medula óssea amarela- na diáfise dos ossos longos, é com-


posta por tecido conjuntivo formado por células adiposas.

Para fazer diagnóstico, por vezes, é necessário fazem uma punção


medular, para encontrar genes patogénicos ou parasitas.

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Minerais do osso Matéria orgânica do osso

Hidroxiapatite- minerais de fosfato de cálcio, Colagénio- confere flexibilidade à ma-


triz

conferem à matriz força de compressão,

capacidade de suportar pesos

Osteócito- células formadoras de osso, que comunicam entre si através de canalículos.

OSSIFICAÇÃO ÓSSEA FONTANELA

Existem dois tipos de ossificação:

Ossificação membranosa- ossos do crânio;

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Ossificação encondral- que passa por uma fase intermédia de cartilagem hialina;

A cartilagem hialina é constituída pela matriz cartilagínea, produzida pelos condrócitos. Essa
matriz é rica em colagénio e proteoglicanos que retêm água, daí a sua flexibilidade, e delimi-
tada pelo pericôndrio.

Nesta ossificação a cartilagem serve de molde para os ossos.

Com o desenvolvimento embrionário, chegam vasos sanguíneos, primeiro perpendicularmente


e depois alongam-se longitudinalmente, à cartilagem hialina (o esboço do futuro osso). Esses
vasos transportam células formadoras de osso -osteoblastos- que vão produzir a sua matriz
que depois se ossifica com hidroxiapatite, formando-se centros de ossificação primários (diá-
fise) e secundários (epífises).

Enquanto ainda houver cartilagem (rodeada a vermelho) o osso pode continuar a crescer em
altura, o que permite o crescimento durante a infância. Quando a ossificação atingir essa carti-
lagem, o crescimento cessa. O crescimento em espessura é feito através da deposição de célu-
las no periósteo (crescimento aposicional).

Não confundir esta cartilagem com as cartilagens


articulares!!

A zona de cartilagem entre as duas zonas de ossi-


ficação, enquanto estiver na forma de cartilagem
e proliferação denomina-se placa epifisária, mas
quando for “apanhada” pela ossificação passa a
chamar-se de linha epifisária (vestígio).

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Matriz Óssea

Osteócitos

O crescimento ósseo ocorre graças a algumas hormonas:


Hormona do crescimento- do lobo anterior da hipófise aumenta o crescimento dos te-
cidos em geral;
Hormona da tiroide- importante para o crescimento dos tecidos, incluindo a cartila-
gem. A sua diminuição pode resultar numa diminuição do tamanho do indivíduo.
Hormona da paratiroide- regula os níveis de cálcio no sangue. Se os níveis de cálcio
diminuem a secreção da paratiroide aumenta do que resulta um aumento na atuação
dos osteoclastos (“destruidor” de osso) com o consequente aumento da degradação
do tecido ósseo. Também a calcitonina, gl. tiroide, diminui a atividade dos osteoclas-
tos.
Hormonas sexuais- Tanto a testosterona como os estrogénios estimulam o cresci-
mento ósseo numa fase inicial, o que contribui para um grande salto na estatura
aquando o início da produção destas hormonas; contudo também estimulam a ossifi-
cação das placas de crescimento e assim o fim do crescimento.
(os estrogénios provocam a cessação do crescimento das placas epifisárias mais cedo
que a testosterona, daí que as fêmeas interrompam o crescimento mais cedo).

Outras vitaminas importantes:

Vitamina D- importante na absorção do cálcio a nível do intestino. É produzida pelo


organismo quando exposto ao sol
Exemplo: Raquitismo- por deficiente mineralização da matriz orgânica
A deficiente absorção de gorduras pelo intestino leva à osteomalacia por-
que a vitamina D é absorvida com as gorduras

Vitamina C- necessário à síntese de colagénio.

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ACIDENTES ÓSSEOS

Os ossos apresentam variados acidentes esculpidos ou impressos na sua superfície,


que podem ser classificados em acidentes articulares e não articulares:

Articulares- são acidentes destinados a corresponder a outros acidentes de ossos


ou outras peças esqueléticas contíguas para formarem as articulações.

Nota: Articulação- local onde 2 ou mais ossos (2- simples; +2-complexa) se juntam

Os acidentes ósseos articulares podem destinar-se a constituir articulações dos tipos


sinartrósico ou anfiartrósico e nesse caso estão desprovidos de cartilagem de revesti-
mento.
Exemplos: Em relevo- lâmina de encaixe
Em depressão- sulco de receção
De tipo misto- os folheamentos, os denteados e os biselamentos
De tipo neutro- o bordo liso

Já os acidentes ósseos articulares das articulações do tipo diartrósico possuem cartila-


gem de revestimento, uma vez que, como retém bastante água, permite que a mobili-
dade entre os ossos seja o menos traumática possível.

Não confundir esta cartilagem de revestimento com os meniscos (articulação


femoro-tibial)!!

Estas articulações diartrósicas podem ser :


Cabeça calótica
Em saliência Cabeça (calote de esfera-ex:úmero)
(segmento de esfera –
-mesma curvatura em todos
os sentidos) Cabeça hemisférica
(meia esfera ou mais-ex:fémur)

Côndilo Côndilo cilindróide


(segmento de cilindro)

Côndilo elipsóide

(segmento de um elipsóide, sólido geométrico semelhante a um melão ou uma boa de rugby.


Também denominado simplesmente de elipsóide.)

Nota: Os úmeros apenas têm cabeças calótidas e o fémur cabeça hemisférica.

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Mas também podem acontecer acidentes articulares mistos:

Tróclea- dois lábios que ladeiam uma garganta, ou seja, duas saliências e uma reen-
trância;
Antitróclea-duas depressões que ladeiam um relevo (é pois negativo da tróclea, ou
seja, com quem ela articula)
Duas saliências

Uma reentrância

Em depressão:

o Cavidade glenóide- com que se articula a cabeça calótida. Reentrância em forma de


tigela pouco profunda.

Exemplo: cavidade glenóide da escápula a cabeça calótica do úmero.

o Cavidade cotilóide- irá articular-se com a cabeça hemisférica


Exemplo: cavidade cotilóide do osso do quadril ou anca com a cavidade hemisférica do fémur.

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De tipo neutro:

o Facetas articulares- não são em reentrância, nem em saliência.

Não articulares- destinam-se a receberem inserções musculares ou ligamentosa e


a alojarem ou permitirem a passagem de outros elementos anatómicos, etc.

o Protuberância- saliência notável e arredondada;

o Tuberosidade- é semelhante à anterior, mas


mais baixa;
Exemplo: trocânter- no fémur
tuberosidade calcânea- no tarso

o Tubérculo- idem, ainda mais baixo e menos im-


portante;

A convexidade consiste numa saliência extensa mas pouco notável;

o Bossa- saliência não muito marcada, lisa e algo extensa em todos os sentidos;

o Rugosidade- conjunto de pequenos relevos ocupando uma superfície

Nos acidentes não articulares podemos encontrar saliências alongadas tais como:
o Crista- aresta alongada, aguda, regular e estreita;
o Linha- aresta frouxa, fina e comprida;
o Espinha- aresta alongada, aguda, irregular destacada;
o Lâmina- aresta alta, longa e subtil;
o Lamela- pequena lâmina;
o Processos ou apófise- saliência em ponta.

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Podemos ter ainda:

o Depressões perfuradas- com predominância de uma dimensão da base


-Fenda ou fissura- perfuração estreita e alongada

Com dimensões de base equivalentes


o Foramen (antigo orifício ou buraco)- perfuração geralmente circular num osso;
o Poro- pequeníssimo orifício;
o Incisura (antigamente chanfradura)- entalhe num bordo (por vezes irregular, outras
vezes semicircular, constituindo em muitos casos um hemi-foramen);

Com predominância de dimensão reentrante:


o Canal- tubo escavado num osso;
o Hiato- fossa, prolongada por buracos ou por canais aos quais serve de átrio. Em parte
é sinónimo de recesso.

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Exemplo da aplicação dos conceitos para distinguir espécies:

O úmero do cão tem um forâmen supracondilar

O gato também tem um forâmen na zona distal do úmero, mas é um forâmen longitu-
dinal, tomando a designação de forâmen epicondilar.

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Exemplo da junção dos termos:

Acidente articular, uma


tróclea que se articula
com a patela/rótula

Algumas conclusões:

-É um osso comprido, porque o comprimento predomina em relação às restantes dimensões;


-Tem uma cabeça hemisférica, portanto é um fémur;

-Temos dois côndilos e entre eles uma fossa, que devido à sua localização toma a designação
de intercondilar;
-As tuberosidades no fémur chamam-se trocânteres

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AULA 2: (P.21 a 31 da sebenta)

SIMETRIA ANATÓMICA

A simetria anatómica verifica-se quando o organismo pode ser dividido em segmentos idênti-
cos.

Ela é a fonte de termos anatómicos de referência para localizar e orientar órgãos e estruturas
anatómicas.
Exemplo: a ameba é assimétrica

Existem vários tipos de simetria anatómica, porém as que têm um maior interesse veterinário
são a bilateral e a anatómica local ou regional:

SIMETRIA BILATERAL:
Planos:
Existência de um plano que divide o corpo do animal (espaço somático) em dois hemímeros
opostos isto é, que estão um para o outro como um objeto para a respetiva imagem no espe-
lho.

PLANO SAGITAL MEDIANO

ou
MESOPLAGIOMÉRICO

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Porém temos de pensar em três dimensões e, portanto, existem mais dois planos:

PLANO TRANSVERSO ou PLANO HORIZONTAL ou

MESACROMÉRICO MESELCSIMÉRICO

Estes são os três planos secantes primários.

Eixos:

Estes planos, quando se intersetam dois a dois definem três eixos primários:

Eixo craniocaudal/ Eixo dorsoventral Eixo transverso


longitudinal/céfalo-anticefálico

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Pólos:

Cada eixo toca a superfície do corpo do animal em dois pontos, havendo no total 6 pólos:

O polo cefálico e o polo anticefá-


lico, para o eixo céfalo-anticefá-
lico;
o polo esquerdo e o polo direito,
para o eixo transverso;
o polo dorsal e o polo ventral
para o eixo dorsoventral.

Planos tangentes:
Estes pontos permitem definir planos que apenas tocam na superfície do animal- planos tan-
gentes.

SIMETRIA ANATÓMICA LOCAL OU REGIONAL:


Se considerarmos o tronco do animal, o plano transversal corresponde ao da simetria bilateral.
Mas nem sempre é assim, depende da zona do corpo a que nos estamos a referir.

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Rostral/Caudal:

Depois existem certas zonas do organismo que têm nomenclaturas específicas, como é o caso
da cabeça:

A cabeça é das únicas zonas onde se podem usar os termos superior (posterior) e inferior (an-
terior).

Proximal/Distal:
Outros termos que podem ser usados são o proximal/distal, pretendendo distinguir
zonas mais próximas ou mais afastadas do corpo.

Esta terminologia pode ser apli-


cada em estruturas que se desta-
quem do corpo e a vias vascula-
res, nervosas e outras, tendo
como ponto de referência o ponto
de emergência das estruturas des-
tacadas ou centro ou eixo central
das vias consideradas (coração,
23 medula espinhal, etc…).
Medial/Lateral:

Permite identificar zonas mais próximas ou mais afastadas do plano sagital mediano- medial e
lateral, respetivamente.

O uso de “colaterais” designa con-


juntamente duas formações com-
paráveis de uma estrutura anató-
mica, em que uma seja medial e a
outra seja lateral.

Nota:
Média≠Medial ou intermédio
Medial- é um termo relativo de maior proximidade ao plano sagital mediano

Médio- situa-se entre outras duas estruturas com as quais a comparamos.

Aparelho≠Sistema
Aparelho- está restrito a uma zona

Sistema- espalha-se no organismo

Dorsal/Palmar ou Plantar

Na zona do autopódio, da zona distal dos membros,


como alternativa aos termos (cranial e caudal)
pode-se usar, nos membros torácicos, dorsal/palmar

e, nos membros pélvicos, dorsal/plantar.

Em relação a um eixo (especialmente o eixo longitudinal do corpo ou o eixo de um membro ou


da cauda) usam-se os termos axial e abaxial para designar respetivamente formações mais pró-
ximas do nível do eixo considerado ou mais afastadas dele (por exemplo lados dos dedos).

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AULA 3: (P.131 a 141 da sebenta)

CAVIDADES DO CORPO

Os mamíferos têm 3 cavidades:


Torácica

Abdominal

Pélvica

O corpo dos mamíferos está separado em duas cavidades pelo diafragma – são as cavidades
torácica e abdominal, que comunicam através do hiato aórtico, do foramen da veia cava e do
hiato esofágico.

O diafragma é dividido por partes:

Parte lombar, tem dois pilares, o


esquerdo e o direito, que por sua
vez, cada um, se divide em duas
partes, a lateral e a medial;
Parte esternal;
Partes costais esquerda e direita;
Centro fibroso.

Nota: normalmente usa-se o termo forâmen para uma abertura em tecidos duros.

Ocorre ainda uma terceira cavidade, a cavidade pélvica, que se encontra em continuidade com
a cavidade abdominal, estando a delimitação entre as duas marcada pelo promontório do sa-
cro, pela linha arqueada ou iliopectínea dos ílios e pelo bordo cranial dos púbis, que definem
a chamada linha terminal. Nos machos encontra-se ainda a cavidade escrotal em continui-
dade com a cavidade abdominal.

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Estrutura das paredes das cavidades corporais:

As paredes das cavidades corporais têm uma estrutura geral muito semelhante. São constituí-
dos por várias camadas

De fora para dentro:

Pele;
Fáscia externa do tronco;
Músculos esqueléticos;
Fáscia interna do tronco. Fáscia endotorácica (cavidade torácica);
Fáscia transversa (cavidade abdominal);

Fáscia pélvica (cavidade pélvica).

Membrana serosa (“forro interior” da parede).

Nota: Fáscias:

São constituídas por tecido fibroso e existem três tipos de aponevroses: a de revestimento (en-
volve a parte muscular), a de inserção e as de contenção (também chamadas fáscias).

Membrana serosa

Está unida à fáscia interna do tronco por tecido areolar (conjuntivo) com quantidade
variável de gordura. Este conjunto tem o nome de tela subserosa. Esta tela preenche
um espaço reduzido entre a membrana serosa e a fáscia interna do tronco, mas exis-
tem zonas em que estes espaços são mais amplos, os espaços retroperitoneais (fora
do peritoneu) no teto da cavidade abdominal (rins) e no pavimento da cavidade pél-
vica.

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Cobre a superfície externa das vísceras contidas em cada cavidade, formando sacos
praticamente fechados onde estão os órgãos.

Existe uma exceção nas fêmeas: as tubas uterinas que se abrem no interior da cavidade abdo-
minal (comunicam indiretamente com o exterior).

Esta membrana serosa existe sempre, mas dependendo do sítio onde está a sua desig-
nação varia:

Exemplos:

• Pleura (cavidade torácica);


• Peritoneu (cavidades abdominal e pélvica).

CAVIDADE TORÁCICA:

Limites:
Abertura torácica cranial (primeiro par de costelas);
Vértebras torácicas (dorsalmente);
Diafragma (caudoventralmente);
Esterno e cartilagens costais (ventralmente);
Costelas e músculos intercostais (lateralmente).

A dividir longitudinalmente a cavidade torácica identifica-se


um septo que se estende desde a parede dorsal até às pare-
des ventral e caudal, originando duas cavidades – uma direita
e uma esquerda.
Este septo, denominado mediastino (representado a verme-
lho), corresponde na realidade ao espaço que fica entre os
dois sacos pleurais e onde se encontram todas estruturas e
órgãos da cavidade torácica exceto os pulmões, a veia cava
caudal e a parte caudal do nervo frénico direito (alojado na
prega da veia cava caudal).

O mais volumoso dos órgãos localizados no mediastino é o coração e, dado que este se encon-
tra mais do lado esquerdo, o mediastino não ocupa uma posição mediana na sua maior parte.

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O mediastino pode ser dividido em várias partes:

Mediastino médio onde está o coração;


Mediastino dorsal entre o pericárdio e as vértebras torácicas (atrás do coração);
Mediastino ventral entre o pericárdio e o esterno (baixo do coração);
Mediastino cranial cranialmente ao coração;
Mediastino caudal caudalmente ao coração.

Mediastino cranial
Plano caudal

(como não tem o cora-


ção, não poderia ser o
médio e tem represen-
tada a traqueias, por-
tanto está caudalmente
ao coração)

Mediastino médio

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Mediastino caudal

CAVIDADE ABDOMINAL:

A cavidade abdominal estende-se desde o diafragma (que a delimita crânio-dorsal-


mente) até à linha terminal (atrás definida), constituindo a cavidade corporal de maio-
res dimensões.

Limites:
Diafragma (crâniodorsalmente);
Parte lombar do diafragma, músculos lombares e sublombares e vértebras lombares
(dorsalmente);
Linha terminal (caudalmente);
Cartilagem xifoide e músculos retos do abdómen (ventralmente);
Músculos oblíquos (externos e internos) do abdómen e transversos (lateralmente).

Para além das três aberturas a nível do diafragma (hiato aórtico, forâmen da veia cava e hiato
esofágico), a parede da cavidade abdominal apresenta mais duas aberturas, designadamente
os canais inguinais, cada um dos quais vai desde o ânulo inguinal profundo até ao ânulo ingui-
nal superficial (abertura alongada na aponevrose do músculo oblíquo externo do abdómen, na
região inguinal).

Limites do ânulo inguinal profundo:


• Cranialmente, o músculo oblíquo interno do ab-
dómen;
• Medialmente, o músculo reto do abdómen;
• Caudolateralmente, o ligamento inguinal, uma
parte mais espessa da parte caudal da apone-
vrose do músculo oblíquo externo do abdómen
que se estende desde a tuberosidade coxal até à
iminência iliopúbica.

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É na cavidade abdominal que se encontra a maior parte dos órgãos dos aparelhos digestivo (e
glândulas anexas) e urinário, o baço, as glândulas adrenais e parte dos órgãos genitais inter-
nos.

CAVIDADE PÉLVICA:

A cavidade pélvica estende-se desde a linha terminal até à fáscia perineal, que se in-
sere no ânus e seus músculos, e no pudendo feminino (na fêmea) ou na raiz do pénis
(no macho).

Limites:
Linha terminal (cranialmente);
Sacro e primeiras vértebras caudais (dorsalmente);
Períneo (caudalmente);
Base óssea- púbis e ísquios (ventralmente);
Partes dos ílios caudais linhas arqueadas ou iliopectíneas (lateralmente).

Nota:

O peritoneu parietal é o que vai “forrar” a cavidade abdominal e o visceral é o que envolve os
órgãos. A membrana serosa é sempre a mesma, há uma continuidade, é um folheto duplo
(mesos ou ligamentos). O espaço entre os dois folhetos é a cavidade peritoneal e é preenchido
com líquido seroso.

30
AULA 4: (P.43 a 55 da sebenta)

ARTICULAÇÕES
Artrologia- estudo das articulações

Estruturas de reunião das peças esqueléticas (incluindo apenas as superfícies articulares das
peças unidas, o restante do osso já não faz parte da articulação).
Nomeadamente nas articulações que são de tipo descontínuo, ou seja, em que as peças esque-
léticas estão separadas, existem tecidos de ligação diferentes dos tecidos constituintes das pe-
ças articuladas.
Portanto se as duas peças forem ósseas, o tecido de ligação pode ser cartilagí-
neo e/ou fibroso; por outro lado, se uma das peças for cartilagínea o tecido de
ligação apenas poderá ser tecido fibroso.

Estas estruturas resultam de diferente diversificação do eixo ou do plano mesenquimatoso pri-


mitivo (origem embrionária). Ou seja, a evolução pode:
Não ultrapassar a fase fibrosa;

Deter-se na fase cartilagínea;

Atingir a fase óssea.

Existe o caso particular das articulações com cavidade articular, que tem origem no apareci-
mento de fendas articulares quase completas que fracionam o eixo mesenquimatoso.

31
Existem dois tipos de articulações:

Articulações simples- reúnem duas peças esqueléticas;

Articulações compostas- reúnem mais de duas peças esqueléticas (conjunto de articulações


diferentes).

Nomenclatura das articulações:

Afixos relativos às peças esqueléticas + terminação adjetival

Exemplos:
Escápula+úmero=A. escapuloumeral ou umeroescapular

Úmero+rádio+ulna= A. Umerorradioulnar ou umeroulnorradial…


Duas vértebras= A. intervertebral

Rádio+carpo= A. Radiocárpica ou carporradial

Temporal+mandíbula= A. Temporomandibular ou mandibulotemporal.

Tipologia das articulações:


Existem dois tipos:
Do tipo contínuo (s/ cavidade articular) – ARTICULAÇÕES ASSINOVIAIS

Do tipo contíguo (c/ cavidade articular)—ARTICULAÇÕES SINOVIAIS

ARTICULAÇÕES ASSINOVIAIS
Algumas são praticamente imóveis e tendem a desaparecer precocemente com a
idade porque o tecido interposto transforma-se no próprio tecido que constitui as pe-
ças reunidas pela articulação

Antigas “sinartroses”
Outras tendem a manter-se toda a vida do animal (ou pelo menos até idades muito
avançadas). Permitem movimentos mais ou menos apreciáveis (por vezes mesmo mui-
tíssimo acentuados- e.g. temporohioideia)

Antigas “anfiartroses”

Estas articulações podem ainda ser divididas quanto ao tecido de união interposto:

32
Assinoviais fibrosas:

Suturas- o tecido de união é um tecido fibroso muito subtil e delgado, em que há movimentos
nulos;

Sindesmoses- o tecido de união é mais desenvolvido; pode ser tecido fibroso, elástico ou fi-
broelástico, que por estar mais desenvolvido também tem um maior tempo de permanência.
Os movimentos são mínimos.

Gonfoses- uma peça esquelética encaixa numa cavidade de outra peça esquelética (e.g.
dente). Porém, os dentes não são peças esqueléticas e, portanto, existem certos autores que
não consideram as gonfoses articulações.

33
Assinoviais cartilagíneas

Sincondroses- o tecido de união é um segmento cartilagíneo (reúnem ossos encondrais) e os


movimentos são limitados, mas em alguns casos podem ser muito acentuados.

Sínfises- o tecido de união é a fibrocartilagem e os movimentos são limitados.

Ou coincidem com o plano sagital mediano ou estão dispostas perpendicularmente a este, ou


seja, geralmente são ímpares.

ARTICULAÇÕES SINOVIAIS

Geralmente são extremamente móveis, mas existem algumas quase imóveis (e.g. saroilíaca)

Antigas “diartroses”

34
Movimentos das articulações:

Movimentos angulares- modificação do ângulo de união das 2 peças ou grupos de peças. Exis-
tem vários tipos:

Flexão (redução do ângulo articular)

Extensão (aumento do ângulo articular)

Adução (redução do ângulo articular com movimento perpendicular e


aproximação ao plano sagital mediano)

Abdução (aumento do ângulo articular com movimento perpendicular e


afastamento ao plano sagital mediano)

Nota: o ângulo articular é sempre um ângulo agudo.

Rotação (ou torção) - modificação da posição relativa de geratrizes de referência das peças ar-
ticulares, se modificação do ângulo de união (sinoviais).

Deslize (ou translação) – alteração da posição relativa de níveis segmentares de referência das
peças articuladas sem modificação do ângulo de união nem das geratrizes de referência (sino-
viais).

35
Movimentos complexos – Combinação de vários tipos simples- circundação, etc.

Rotação com sucessivas posições de


flexão, extensão, adução e abdução

Aspetos particulares das articulações sinoviais:

Vamo-nos focar nos aspetos das articulações sinoviais, uma vez que são as que, em termos de
funções, são mais exuberantes e que dão uma maior versatilidade ao animal. E por isto mesmo
estão mais sujeitas a traumatismos e lesões.

As articulações sinoviais são caracterizadas por ter:

Cavidade articular;
Ligamentos articulares;
Discos e meniscos fibrocartilagíneos;

Cavidade articular:

A cavidade articular é delimitada pelas superfícies das peças reunidas, pela cápsula articular e
pelos anéis complementares (que podem ocorrer ou não).

Cartilagem articular:
Por muito polida que seja uma superfície óssea, nunca é tão polida como uma cartilagem, o
que ajuda no atrito, daí a importância da cartilagem articular, que para além disso, também
protege os ossos contra algumas lesões devido à sua flexibilidade.
Ela é um fino plano cartilagíneo mais espesso nos pontos mais elevados da superfície articular
e menos espesso nos pontos menos elevados.

Se compararmos cartilagens, as que são submetidas a uma maior pressão são mais espessas.
Uma particularidade desta cartilagem é que não tem pericôndrio, provindo a sua nutrição da
embebição, através do conteúdo da cavidade.

36
Cápsula articular:

É constituída por:

uma membrana fibrosa externa mais ou menos resistente que pode ser incompleta
e pode muitas vezes decompor-se em ligamentos individualizados. Alguns autores
dizem que a cápsula articular é o mesmo que a membrana fibrosa (parte espessa cor-
de-rosa);

uma membrana sinovial interna extremamente fina e completa de modo a não deixar o
líquido sinovial sair, revestindo toda a cavidade (a exceção das superfícies
articulares). Pode enviar expansões para revestirem ligamentos interósseos e formar
divertículos exteriores á cápsula. Também pode formar pregas e vilosidades interiores
(azul-claro).

Anéis complementares:

Podem ser cartilagíneos ou fibrocartilagíneos e pode ter duas funções:


Aumentar, em alguns casos, o contorno das cavidades articulares;
Aumentar a profundidade e extensão da superfície articular.

Tanto os anéis quanto a cartilagem articular nunca sofrem ossificação.

Sinóvia:

É o conteúdo da cavidade articular e é um líquido de grande poder lubrificante.

37
Ligamentos articulares:

Mantêm reunidas as peças esqueléticas que se interarticulam.

Classificações:
Consoante a natureza do tecido (e consequentemente coloração):
Fibrosos ou brancos
Elásticos ou amarelos
Consoante a forma:
• Membraniformes- predominância acentuada de dimensões sobre uma terceia- espes-
sura- que é muito reduzida;
• Funiculares- predominância acentuada de 1 dimensão -comprimento- sobre as outras
duas.
Consoante a colocação:
• Intracapsulares- dentro da membrana fibrosa mas exteriores à cápsula sinovial. São
sempre funiculares.
• Capsulares- inserem-se junto ao bordo da superfície articular da peça esquelética
• Extracapsulares- inserem-se afastados do bordo da superfície articular da peça esque-
lética. Tanto os extracapsulares como os capsulares são periféricos e podem ser mem-
braniformes ou funiculares.

Discos e meniscos fibrocartilagíneos:

São segmentos muito curtos dum eixo mesenquimatoso isolados pelo aparecimento de 2 fen-
das articulares muito próximas.

A principal função dos discos e meniscos é complementar a articulação, ou seja, adaptar mor-
fologicamente de maneira a que os dois ossos encaixem.

A presença de um disco entre duas pelas esqueléticas define, de alguma forma, 2 articulações,
se considerarmos o disco uma peça esquelética. Assim ficamos com 2 articulações indepen-
dentes com membranas fibrosas contínuas entre si.

Nota: Diartrodiscos ≠ Raquidiscos


Estão entre os corpos das vértebras (articulações

articulações sinoviais assinoviais)

Forma:
Ciclodiscos
Circulares
Elipsodiscos (e.g. articulação temporomandibular).

38
Os meniscos surgem quando, por motivos estruturais, não é possível ter um disco único. Eles
são constituídos por dois discos conjugados e têm forma de meia-lua.
Exemplo: articulação femorotibial, no centro há um relevo ósseo, impossibilitando a existência
de um disco.

A presença de 1 diartrodisco ou de 2 meniscos pode resultar numa ou em duas articulações,


dependendo do critério:
Anatomoembriologicamente- 2 articulações (existem duas membranas sinoviais e duas cavi-
dades sinoviais);

Fisiopatologicamente/funcionalmente- 1 articulação (membrana fibrosa comum; são dois me-


niscos com comunicação frequente pelo meio).

Art. Femoromeniscotibial Art. Femoromeniscal + Art. Tibiomeniscal

Tipologia (e regras gerais) das articulações sinoviais

Esferartrose
(Uma cabeça e uma cavidade)

Glenartrose Cotilartrose

(cabeça calótida e cavidade glenoide) (cabeça hemisférica e cavidade cotiloide)

Ligamentos:

Membraniforme periférico completo;


Interósseo- entre a fóvea (depressão) da cabeça e fóvea da cavidade cotiloide (cotilar-
trose)

39
Movimentos:

Angulares em todas as direções e sentidos;


Rotação;
Circundação.

Exemplo: glenartrose (Art. escapuloumeral)

Trocartrose ou estrofartrose:

Uma superfície de perfil côncavo gira em torno de uma superfície de perfil convexo (que funci-
ona como eixo)
Ligamento: Movimentos:

Variáveis Rotação

Trocleartrose ou Gíngligo:

É constituída por:
Tróclea- dois relevos com uma depressão no meio, fazendo ambos parte da superfície
articular;
Antitróclea- Estrutura que articula com a tróclea.

40
Movimentos:

Angulares numa única direção.

Ligamentos:
Dois funiculares colaterais (medial e lateral);
Uma membraniforme na face para a qual a articulação flete.

Condilartrose:

(um côndilo e uma cavidade adequada)

Elipsartrose Cilindrartrose (Condilartrose


propriamente dita)
(um côndilo elipsoide e uma

cavidade adequada) (um côndilo cilindroide e uma

cavidade adequada)

Movimentos:

Angulares longitudinalmente e muito mais restritos transversalmente (elipsartrose);


Angulares longitudinalmente e deslize (limitado pelos ligamentos) transversalmente
(cilindrartrose).

Erro no desenho: normalmente


não existe este limite, permi-
tindo o movimento de deslize.

Ligamentos:

Dois funiculares colaterais (medial e lateral);


Uma membraniforme na face para a qual a articulação flete.

41
Bicondilartrose

Frequentemente ocorrem duas articulações consideradas como uma única, que poderão estar
próximas uma da outra (articulação femorotibial, por exemplo, em que existem dois côndilos
no fémur) ou afastadas (articulação temporomandibular, por exemplo, em que existe um côn-
dilo num ramo da mandíbula e outro no outro ramo).

Há que distinguir entre uma trocleartrose (como a umerorradioulnar, por exemplo) e uma bi-
condilartrose (como a femorotibial, por exemplo), na medida em que no segundo caso o es-
paço intercondílico não é articular, enquanto a depressão da tróclea faz parte da superfície ar-
ticular.

Sela:

Articulação entre selas, mais comum nas aves.


Nota: Enquanto que nas outras articulações há estruturas contrária, como uma cabeça e uma
cavidade ou uma tróclea e uma antitróclea, estas articulam-se entre selas.

Uma estrutura que apresente uma convexidade irá articular com uma outra que terá uma con-
cavidade perpendicular à convexidade.

42
Assim permitem movimentos angulares muito pronunciados em 2 direções diferentes, perpen-
diculares e limitados nas direções intermédias.

Planartrose:

Dá-se entre facetas planas ou levemente curvadas.

Ligamentos: Movimentos:

Variáveis Deslize

43
AULA 5: (P.55 a 78 da sebenta)

ARTICULAÇÕES (Continuação)
Alguns aspetos das articulações sinoviais mais importantes

Articulação temporomandibular:

o Superfícies articulares:
• Osso temporal;
• Mandíbula.

Côndilo da mandíbula
Parte escamosa do temporal

Com presença de um elipsodisco fibrocartilagíneo entre as superfícies articulares.

o Diferenças entre as espécies:

TEMPORAL

• Ruminantes e Equinos:
Tubérculo articular, fossa mandibular e processo retroarticular;

Tubérculo articular
Fossa mandíbular
Processo retroarticular

44
O côndilo da mandíbula articula-se com o tubérculo articular e tende a descair para a fossa, e
não com uma cavidade.

• Carnívoros:

Cavidade anticondílica muito cavada.

• Porco e coelhos:

Espécie de goteira articular longitudinal.

MANDÍBULA

• Equinos, Ruminantes e Carnívoros:


Côndilo elipsoide (mais elipsoide nos equinos, nos carnívoros já é mais cilin-
droide e nos ruminantes mais escavado).

• Porco e Coelho
Formação convexa alongada rostrocaudalmente.

o Ligamentos:

• Ligamento membraniforme periférico (cobre toda a zona entre as partes ver-


melhas);

45
• Ligamento lateral – neste tipo de articulação supostamente há dois colaterais
laterais, o lateral e o medial, mas aqui só há um de cada lado porque eles já
estão colaterais um em relação ao outro.

• Ligamento caudal (apenas nos equinos e nos ruminantes) – Vai desde o pro-
cesso retroarticular do temporal até ao colo da mandíbula;

o Movimentos:

• Ruminantes e equídeos Flexão e extensão;


Propulsão e retropulsão;
Didução ou lateralidade.

• Porco e Coelho Flexão e extensão;


Propulsão e retropulsão.

46
• Carnívoros Flexão e extensão.

o Classificação:

Elipsartrose
(porco e coelho- glenartrose alongada)

Articulação atlanto-occipital:

o Superfícies articulares:
• Occipital
• Atlas.
Plano caudal do occipital Plano cranial do atlas

Duas fóveas articulares craniais


do atlas
Dois côndilos elipsoides do occipital

o Ligamento:
• Ligamento membraniforme atlanto-occipital dorsal

47
Nesta representação,
o ligamento está cor-
tado para mostrar os
ligamentos da articu-
lação atlantoaxial

o Ligamento membraniforme atlanto-occipital ventral:

Este ligamento corres-


ponde ao espessa-
mento que é caracte-
rístico destas articula-
ções, de um lado,
quando a articulação
fecha

o Dois ligamentos laterais (direito e esquerdo):

48
o Movimentos Flexão e extensão

o Classificação Elipsartrose/ Bielipsartrose / Bicondilartrose.

Articulação atlantoaxial:

o Superfícies articulares:
• Atlas;
• Áxis. Fóveas articulares caudais

(duas superfícies planiformes ou


mesmo onduladas)

Plano lateral do áxis


Plano caudal do atlas

Processo odontóide do áxis

Nota: Também existe uma superfície na face dorsal do arco ventral que articula com o pro-
cesso odontóide – Fossa odontóide.

49
o Ligamentos

Existem dois tipos de ligamentos:

• Ligamentos Periféricos:
- Ligamento membraniforme atlantoaxial dorsal:

- Ligamento (funicular) atlantoaxial dorsal:

Equinos e Ruminantes: é elástico

e, portanto, amarelo.

Restantes espécies: é fibroso e, por-


tanto, branco.

- Ligamento (funicular) atlantoaxial ventral:

Apenas em equinos e ruminantes

50
• Ligamentos Odontoideus:

- Ligamento membraniforme tectório:

- Ligamento transverso (do atlas):

Associado ao arco ventral do atlas, rodeia completamente o processo odontoide


É ausente nos equinos e nos ruminantes.

51
- Ligamento odontoideu longitudinal:

Apenas em equinos e ruminantes

- Ligamento apical do processo odontoide:

Nos equinos é quase ausente e nos ruminantes existe mas atrofiado

Nota: Os ligamentos apicais são aqueles que se inserem no ápice do processo odontoide.

52
- Ligamentos alares do processo odontoide

É quase ausente no caso dos equinos e dos ruminantes.


(é um ligamento apical)

o Movimentos Rotação

o Classificação

Trocartrose

Articulações intervertebrais:

Articulações entre os corpos vertebrais Articulações dos processos articulares Uniões ligamentosas
(ou articulações zigapofisais) entre os arcos

o Articulações entre os corpos vertebrais:

Estas articulações passam pela existência dos discos fibrocartilagíneos, raquidiscos, os discos interver-
tebrais que são contínuos com os corpos vertebrais.

53
• Ligamentos:

- Ligamento longitudinal dorsal:

54
- Ligamento longitudinal ventral:

• Movimentos obscuros. Cada articulação em si tem um movimento pratica-


mente nulo, mas a combinação das sucessivas articulações ao longo da coluna verte-
bral é que permite a sua flexão.

• Classificação Sínfises (articulações assinoviais)

o Articulações dos processos articulares (zigapofisais):

o Superfícies articulares:
• Vértebra mais cranial;
• Vértebra mais caudal.
Plano cranial da vértebra
Plano caudal da vértebra
Facetas articula- Facetas articula-
res dos proces- res dos proces-
sos articulares sos articulares
caudais (orienta- craniais (orienta-
das ventral- das dorsal-
mente). mente).

55
o Ligamentos:

• Ligamento membraniforme periférico:

o Movimentos:
Deslize

o Classificação:
Planartroses

o Uniões ligamentosas entre os arcos:


Entre as lamelas laterias dos arcos

56
Para além destas articulações todas ainda existem ligamentos interespinhais, entre os
processos espinhosos, e o ligamento comum supraespinhal, no topo dos processos
espinhosos.

Ligamento nucal:

Os processos espinhosos das vértebras torácicas são muito desenvolvidos, o que não
acontece com as cervicais, onde os processos espinhosos são muito curtos e pouco de-
senvolvidos; portanto, seria de esperar que houvesse uma grande depressão na zona
assinalada a vermelho, o que não acontece.

57
Isto deve-se ao ligamento nucal.

o Função:

Suspensão da cabeça na extremidade e da parte caudal do pescoço

Essa suspensão é semiativa

(ligamento elástico)

Progressão do animal- a cabeça desce por distensão do ligamento


(acumula energia elástica)

Retração do ligamento- regresso da cabeça à posição inicial.

O grau desenvolvimento é proporcional ao comprimento do pescoço e à massa da região cra-


niana. É menos desenvolvido nos cães e mais desenvolvido nos bovinos e equinos.
o Composição (e inserções):

No porco não há propriamente um ligamento nucal, há uma rafe fibrosa e finas camadas de
tecido elástico entre as vértebras cervicais.

Nas restantes espécies em que nos referimos a um ligamento nucal, distinguem-se duas por-
ções, funicular e laminar.

• Porção funicular:

Prolongamento (elástico) cranial do ligamento comum supraespinhal.

-É dupla e estende-se desde os processos espinhosos das primeiras vértebras torácicas até à
protuberância occipital externa, nos ruminantes e equinos;
-Nos carnívoros a inserção é feita no processo espinhoso do áxis, devido à ausência da protu-
berância occipital externa.

58
• Porção laminar:

Estende-se desde a porção funicular até aos processos cervicais (cortina).

-Nos equinos e ruminantes, é constituído por duas lâminas laterais, reunidas pela lâmina sagi-
tal mediana (muito atrofiada nos equinos e muito desenvolvida nos bovinos);

-No porco e no cão é praticamente ausente.

Articulação costocentral:

o Superfícies articulares:
• Costela;
• Vértebras.
Plano lateral de 2 vértebras torácicas

2 facetas planifor-
mes da cabeça da
costela

Hemicúpulas de
2 vértebras con-
tínguas

59
o Ligamentos:

• Ligamento membraniforme periférico:

• Ligamento radiado da cabeça da costela (ventralmente):

60
• Ligamento intra-articular da cabeça da costela:

Existe uma porção que se estende da cabeça de uma costela até à cabeça da costela do lado
oposto- Ligamento intercapital.

o Movimentos:

Rotação

Este movimento pode não ser imediatamente linear, mas temos de considerar não só esta arti-
culação isoladamente, mas sim o conjunto desta com a articulação costotransversária. Funcio-
nalmente definem um eixo em torno do qual existe o movimento de rotação.

o Classificação:
Trocartrose.

Articulação costotransversária:

o Superfícies articulares:
• Costela;
• Vértebra. Plano lateral de 2 vértebras torácicas

Faceta do tubérculo costal

Faceta do processo transverso

No bordo cranial da vértebra mais


caudal
61
o Ligamentos:

• Ligamento membraniforme periférico:

• Ligamento costotransversário:

o Movimentos:
Rotação (conjugado com a articulação costocentral)

o Classificação:

Trocartrose.

62
Articulação escapuloumeral:

o Superfícies articulares:
• Escápula;
• Úmero.
Vista para o interior da cav. glenóide
Plano dorsal do úmero

Cavidade glenóide
da escápula

Cabeça calótida

do úmero

A cavidade glenoide da escápula é rodeada por um anel complementar fibrocartilagí-


neo, aumentando a sua profundidade.

o Ligamentos:

-Ligamento membraniforme periférico

63
-Ligamento coracoumeral:

Corresponde a uma espessamento da cápsula e encontra-se entre o tubérculo supraglenoidal


e os tubérculo maior e menor do úmero- Apenas nos ungulados (equídeos)

-Ligamentos glenoumerais:

Também são espessamentos da cápsula articular, mas desta ver lateralmente- apenas nos car-
nívoros.

o Movimentos:

Angulares em todas as direções e sentidos;


Rotação;
Circundação.

Nota: os movimentos de rotação em todas as direções não são possíveis, na prática, devido à
presença de músculos

o Classificação:

Glenartrose.

64
Articulação umerorradioulnar:

o Superfícies articulares:

• Úmero (tróclea + capítulo);


• Rádio e ulna.
Ulna
Plano ventral do úmero (tróclea)
Rádio

capítulo

Circunferência
depressão Incisura troclear articular umeral
relevo relevo da ulna do rádio

Nota:
1.O capítulo é uma superfície articular que se encontra lateralmente à tróclea na extremidade
distal do úmero.

2.O relevo do rádio, assinalado a verde, juntamente com a incisura da ulna irão ser, funcional-
mente, uma antitróclea.

o Ligamentos:

• Ligamento membraniforme anterior:

65
• Ligamento colateral medial:

A localização vai variar de espécie para espécie, se não existir praticamente uma ulna,
ele insere-se no rádio, mas se houver, insere-se na ulna (carnívoros e suínos).

• Ligamento colateral lateral:

66
o Movimentos:

Flexão;
Extensão.

o Classificação:

Trocleartrose.

Articulação radioulnar:

Apenas nos carnívoros, nas restantes espécies é uma articulação assinovial, ou pode até não
existir (a ulna pode estar tão pouco desenvolvida que está fundida com o rádio).

Quando o rádio e a ulna são independentes, existem duas articulações radioulnares: a proxi-
mal e a distal.

o Ligamentos:

• Ligamento do olecrânio:
(na articulação proximal)

67
• Ligamento anular do rádio:
(na articulação proximal)

• Ligamento membraniforme interósseo radioulnar:


(na articulação proximal)
É um espessamento da membrana interóssea radioulnar que só ocorre nos carnívoros.

Nas restantes espécies existe apenas a membrana e nos ungulados (equídeos) ela está ossifi-
cada.

• Ligamento radioulnar:
(na articulação distal)

68
o Movimentos:

Rotação (pronação e supinação).

o Classificação:

Trocartrose (proximal e distal).

Articulação antebraquiocárpica:

o Superfícies articulares:
• Rádio e ulna (superfície antebraquial distal);
• Superfície cárpica proximal. Plano dorsal do carpo (extr. proximal)
Plano ventral do rádio (extr. distal)

Superfície trocleiforme

Superfície antitrocleiforme

o Movimentos:

Flexão
Extensão
(muito marcados)

o Classificação:

Trocleartrose.

69
Articulação mediocárpica:

o Superfícies articulares:
• Superfície distal trocleiforme da 1ª fileira de ossos cárpicos;
• Superfície proximal antitrocleiforme da 2ª fileira de ossos cárpicos.

Plano ventral do carpo (extr. distal da 1ª fil.)


Plano dorsal do carpo (extr. proximal da 2ª fil.)

o Movimentos:

Flexão
Extensão

(muito reduzidos)

o Classificação:

Trocleartrose.

Articulação carpometacárpica:

o Superfícies articulares:
• Superfície distal, planiforme, da 2ª fileira de ossos cárpicos;
• Superfície proximal, planiforme, do conjunto ossos metacárpicos.

Plano ventral do carpo (extr. distal da 2ª fil.) Plano dorsal dos ossos metacárpicos

70
o Movimentos:

Deslize
(limitado)

o Classificação:

Planartrose.

Articulação pisocárpica:

o Superfícies articulares:
• Facetas articulares do pisiforme;
• Facetas articulares do piramidal.

o Ligamentos:

• Ligamento membraniforme periférico:

Pisiforme Piramidal

• Ligamento pisoulnar: pisoradial

71
• Ligamento pisopiramidal:

• Ligamento pisouncifórmico:

• Ligamento pisometacárpico:

72
o Movimentos:

Deslize
(limitado)

o Classificação:

Planartrose.

Articulação sacroilíaca:

o Superfícies articulares:
• Sacro (face auricular da parte dorsal);
• Coxal/ilíaco (ílio).

Face auricular do ilíaco

o Ligamentos:
Esta articulação é uma articulação sinovial atípica, o que é logo indicado pelas superfícies arti-
culares rugosas, e o mesmo se aplica aos ligamentos.

• Ligamento sacroilíaco ventral (lig. Membraniforme periférico):

73
• Ligamento sacroilíaco interósseo:

• Ligamento sacroilíaco dorsal:

o Movimentos:

Deslize
(muito reduzidos)

o Classificação:

Planartrose.

74
Articulação coxofemoral:

o Superfícies articulares:
• Coxal;
• Fémur.

Cabeça hemisférica
Acetábulo (cavidade cotiloide)

o Ligamentos:

• Ligamento membraniforme periférico:

75
• Ligamento (interósseo) da cabeça do fémur:

• Ligamento acessório do fémur:


(Apenas nos equinos)

Passa através da incisura acetabular e vai desde o tendão pre-púbico até à fóvea me-
dial da cabeça do fémur, o mesmo local onde se insere o ligamento da cabeça do fé-
mur.

o Movimentos:

Angulares em todas as direções;


Rotação;
Circundação.

o Classificação:

Cotilartrose.

76
Articulação femorotibiopatelar:

ou

A. Femoropatelar A. Femorotibial A. Femoromeniscal A. Meniscotibial

Articulação femoropatelar:

o Superfícies articulares:
• Fémur;
• Patela.
Vista distal do fémur

Vista caudal a patela

Antitróclea

Tróclea do fémur
Parte óssea + fibrocartila-
gens complementares me-
dial e lateral

o Ligamentos:

• Ligamento membraniforme rudimentar


Encontra-se dorsalmente, é muito raro e, portanto, não é muito mencionado.

77
• Ligamento femoropatelar medial (colateral):

• Ligamento femoropatelar lateral (colateral):

78
• Ligamento patelar (ou tibiopatelar):

Aparentemente não tem nada a ver com o fémur, uma vez que vai da patela para a tíbia. Mas
este ligamento funciona como um prolongamento do tendão do músculo que provoca a deslo-
cação da patela sobre o fémur e, por arrasto, a extensão da articulação femorotibial.
É um ligamento tão interessante e importante que, apesar de haver mais ligamentos patelares,
este é o que tomou a designação de ligamento patelar.

Está dividido em 3 feixes independentes nos equinos e nos bovinos:

Nas restantes espécies é um ligamento único, apesar de nos pequenos ruminantes haver uma
sugestão de separação, mas não chega a tê-la.
o Movimentos:

Flexão;
Extensão.

79
o Classificação:

Trocleartrose.

Articulação femorotibial:

o Superfícies articulares:
• Fémur;
• Tíbia.
Vista distal do fémur
Vista proximal da tíbia

2 côndilos

Na realidade a articulação femorotibial pode ser dividida numa articulação femoromeniscal e


numa articulação meniscotibial, sendo que funcionalmente se destaca a primeira, dado que a
segunda é essencialmente uma planartrose.

o Ligamentos:

• Ligamento membraniforme posterior:


• Ligamento colaterais medial e lateral:

80
• Ligamentos cruzados cranial e caudal:

o Movimentos:

Flexão;
Extensão.

Os movimentos dão-se segundo um plano ligeiramente heli-


coidal (há uma ligeira rotação da perna para o exterior du-
rante a flexão da articulação, verificando-se o oposto
quando da sua extensão).

o Classificação:

Condilartrose (elipsartrose).

Articulação crurotársica ou tibiotársica:

o Superfícies articulares:
• Tíbia, complementada lateralmente pela fíbula;
• Astrágalo.

Vista distal da tíbia Vista dorsal do tarso

Tróclea proximal ou
anticrural do astrágalo

Antitróclea da tíbia
81
o Movimentos:

Flexão
Extensão

o Classificação:

Trocleartrose

Articulação Calcaneoastragálica:
Classificação:

Trocleartrose nos artiodáctilos (ruminantes e porco) devido à tróclea


plantar (ou anticalcânea) no astrágalo;
Planartrose (restantes espécies).

Calcâneo

Astragálo

Articulação Mediotársica:
As faces articulares distais do calcâneo e do astrágalo articulam com as faces articulares pro-
ximais do cubóide e do navicular, sendo que astrágalo apresenta uma tróclea distal (ou anti-
naviculocuboideia) nos Artiodáctilos (Ruminantes e Porco) e uma cabeça (para articulação
com o navicular) nos Carnívoros e no Coelho.

Calcâneo Navicular

Astragálo Cubóide

82
o Movimentos:

Flexão; Nos artiodáctilos


Extensão;
Angulares;
Rotação; (nos carnívoros e no coelho)
Circundação (ligeira);
Deslize (nos equinos).

o Classificação:

Esferartrose (nos carnívoros e no coelho);


Planartrose (nos equinos);
Trocleartrose (nos ruminantes e porcos).

Articulação Tarsometatársica:
A superfície planiforme distal da 2ª fileira de ossos társicos articula com a superfície plani-
forme proximal do conjunto dos ossos metatársicos.

o Movimentos:

Deslize.

o Classificação
Planartrose.

83
Articulações Metacarpofalângica, metatarsofalângica e
interfalângicas:

A superfície antitrocleiforme da extremidade distal de cada metacar-


piano articula com a superfície trocleiforme da extremidade proximal
da falange proximal, enquanto a superfície trocleiforme da extremi-
dade distal de cada falange articula com a superfície antitrocleiforme
da extremidade proximal da falange seguinte.

o Ligamentos:
• Dois ligamentos colaterais (medial e lateral) para cada articulação;

• múltiplos ligamentos, direta ou indiretamente associados aos ossos sesamoides,


que complementam a cápsula articular. (não abordados)

o Movimentos: Classificação:
Flexão; Trocleartrose

Extensão.
.

84
TABELAS-RESUMO DA AULA 5:

85
86
87
AULA 6: (P.79 a 117 da sebenta)

Esplancnologia das aves- o galo como modelo

Cavidades somáticas:
Enquanto que nos mamíferos existem claramente três cavidades: a abdominal e a torá-
cica, separadas pelo diafragma e a pélvica, nas aves há a ideia de que existe apenas uma cavi-
dade - Cavidade Somática Geral. Isto não é inteiramente verdade, existem mais cavidades,
elas não têm é uma divisão tão clara.
Tal como nos mamíferos, nas aves também vamos encontrar umas membranas serosas
que forram o interior dessa cavidade que continuam a chamar-se, na zona mais torácica,
pleura, e no resto, peritoneu. Elas emitem, tal como nos mamíferos, projeções para o interior
da cavidade somática geral, sendo esta subdividida por ligamentos, mesos ou septos. Todos
estes elementos são prolongamentos da membrana parietal em direção a órgão e vísceras que
se encontram no interior da cavidade.

Folheto simples
Folheto duplo visceral
(meso)

Folheto simples

88
parietal

• Septo horizontal- projeção da pleura parietal que vai separar, por um lado, as cavi-
dades pleurais e, por outro, os sacos aéreos torácicos craniais;

• Septo oblíquo- deriva do peritoneu parietal;

89
• Septo pós-hepático- Tal como nos restantes animais, existe o omento e o mesen-
tério (mesos) que funcionam como suporte físico para a deposição de gordura, tal
como este septo. Por vezes, quando se abre uma ave, apenas se consegue ver o
fígado, porque este septo está por trás dele, mas devido à quantidade de gordura
nele depositada tira a visibilidade para os restantes órgãos.

• Ligamento hepático- entre o septo obliquo (que derivada do peritoneu parietal)


até ao peritoneu visceral hepático, dividindo duas cavidades peritoneais hepáticas
(dorsal e ventral);

90
• Mesentério dorsal- ligação ao teto da cavidade;

• Mesentério ventral- ligação ao pavimento da cavidade;

91
Em virtude destes septos/mesos existem 8 cavidades, mas não muito bem definidas.

5 cavidades peritoneais cavidade pericárdica cavidades


(aloja o coração) Pleurais (esq. e dir.)

Hepáticas dorsais (esq. e dir.)

Hepáticas ventrais (esq. e dir.)

Intestinal

Aparelho digestivo:

92
Bico ou rima bucal:

Estrutura córnea de crescimento permanente e que se divide em duas partes/valvas (dorsal e


ventral) que podem ou não ser pontiagudas (galiformes- pontiagudo; anseniformes-espatular)
e que delimitam a rima bucal.

Nota: Rima - abertura em forma de fenda

Palato:

chamado também o céu da boca

93
• Normalmente é estreito, sendo afilado nos galiformes e espatular nos ansenifor-
mes;
• Rostralmente, apresenta uma crista mediana;
• Caudalmente, apresenta uma fenda longitudinal mediana. É esta fenda que esta-
belece ligação da orofaringe com as cavidades nasais, ou seja, substitui as coanas
dos mamíferos;
• Também caudalmente, verificam-se duas cristas laterais (esq. e dir.) que resultam
da continuidade da crista mediana da porção rostral e linhas transversais de papi-
las córneas que se encontram orientadas caudalmente)

Fenda mediana

Língua:

94
• À semelhança do palato, é uma estrutura cujo formato está dependente do for-
mato da cabeça, sendo estreita, pontiaguda no caso dos galiformes e espatular no
caso dos anseniformes;
• O dorso e a ponta da língua, apresentam um revestimento espesso devido ao es-
trato córneo, o que faz com que seja mais ou menos rígida e pouco móvel;
• Não tem a função de apanhar os alimentos nem de os movimentar devido à sua
rigidez, mas sim de apoio na deglutição;
• O limite caudal da parte livre é uma linha transversal de papilas córneas;

Glândulas salivares:

(Ao nível da faringe)


(Ao nível da faringe, numa zona
particular com relevo)

95
Grandes glândulas salivares Pequenas glândulas salivares
Parótida (estão dispersas por várias estru-

Submaxilar turas e adotam a designação da sua localização)

O pequeno pontilhado são


as aberturas das glân-

dulas palatinas

Faringe:

96
• Voltamos a encontrar uma fenda- infundíbulo -que corresponde à abertura
comum das tubas auditivas;
• No pavimento da faringe, temos a glote (zona de passagem de ar estreita) que
faz a comunicação faringo-laríngea, ao contrário dos mamíferos em que a
glote faz a passagem entre diferentes zonas da laringe, no seu interior. Encon-
tra-se na parte rostral de uma saliência- proeminência laríngea;
• Linhas transversais de papilas córneas na zona da faringe, uma no pavimento
e duas a delimitar o esófago.

A faringe, essencialmente, é um tubo musculomembranoso, mas a laringe é constituída por


cartilagens laríngeas. O pavimento assente sobre a laringe provoca esta elevação no pavi-
mento- proeminência laríngea.

cricoaritenoideias

97
Na proeminência as aves têm 2 linhas transversais (projetadas caudalmente- evita o
retorno do alimento para as partes mais rostrais) e 2 linhas longitudinais (esq. e dir.-
ladeiam para evitar a passagem para a glote) das papilas córneas.

A deglutição das aves é conseguida à custa de movimentos rápidos rostrocaudais da


língua e da proeminência laríngea, da produção da grande quantidade de saliva (mui-
tas glândulas salivares, nomeadamente nas espécies terrestres), da orientação das pa-
pilas córneas, seja as longitudinais ou as transversais e o encerramento das fendas
(glote, infundíbulo e fenda mediana).

Esófago:

Tubo musculomembranoso que, nos mamíferos, une a faringe ao estômago, mas nas aves une
a faringe ao primeiro compartimento gástrico das aves, o proventrínculo.

• O esófago está situado dorsalmente à traqueia (por cima), na parte cervical, e depois
desloca-se para a direita da traqueia, em virtude da existência do papo que é um di-
vertículo do esófago. Depois o esófago segue o seu trajeto, entrando na zona torácica,
onde se começa a desviar para a esquerda para se unir com o proventrículo;
• O esófago não tem musculatura própria, os alimentos progridem ao longo deste atra-
vés da contração dos músculos esqueléticos do pescoço.

98
Papo:

Encontra-se junto á entrada do peito, à direita, tendo como função armazenamento

Os carnívoros têm uma alimentação muito mais “rica” e que os nutrientes são mais fáceis de
digerir, etc… E portanto, o tempo de permanência no aparelho digestivo é muito reduzido e
não carecem de um papo muito desenvolvido.

Proventrículo:

99
• Primeiro compartimento gástrico;
• O que dá um aspeto mais volumoso ao proventrículo é a espessura das suas paredes e
não o lúmen, ao contrário do que se poderia pensar, o que faz com que seja pouco di-
latável, não sendo portanto o armazenamento a sua função. Essa maior espessura
deve-se à grande quantidade de glândulas que lá se encontram;
• Apresenta 2 óstios: um para a receção do esófago (em continuidade) e outro para a
comunicação com a moela (constrição acentuada) - Istmo do estômago;
• Localiza-se no lado esquerdo do plano sagital mediano;
• Constitui o estômago glandular das aves, devido ao elevado número de glândulas na
sua parede.

São nestas papilas que se en-


contram as saídas dos ductos

das glândulas da parede deste órgão

Moela:

100
• É o segundo compartimento gástrico;
• Localiza-se na parte ventrolateral esquerda da cavidade somática geral, caudalmente
ao proventrículo e caudodorsalmente ao fígado;

• A parede é bastante espessa, graças aos músculos laterais dorsal e ventral (2 calotes
musculares). Eles estão unidos por dois centros tendinosos (faces parietal e visceral).
Os músculos juntamente com os 2 centros tendinosos formam o corpo da moela;
• Existe uma zona em que a parede é bastante mais delgada por causa dos músculos
crâniodorsal e caudoventral que delimitam, cada um deles, um respetivo divertículo;

• Tem 2 óstios: o proventicular e um duodenal (ventriculopilórico- mais ou menos no


divertículo cranial);

101
• É a nível da moela que se processa a digestão mecânica;

• A estrutura amarelada é um espesso revestimento córneo (rígido para a digestão me-


cânica), designado por cutícula. Por vezes as aves ingerem pedras que ficam incrusta-
das na cutícula e ajudam a moer o alimento;
• A sua parede ainda apresenta algumas glândulas.

Intestino delgado:

A primeira parte é o duodeno e a seguir temos o jejuno e íleo

102
Duodeno

Parte descendente Parte ascendente

Parte mais ventral do intestino, orientando-se orienta-se caudalmente e encontra-se

caudoventralmente dorsalmente á parte descendente

• O jejuno encontra-se muito contorcido tendo numerosas ansas, sendo apenas as ex-
tremidades retilíneas;
• O íleo encontra-se dorsalmente ao duodeno. Inicia-se ventralmente ao reto e à cloaca
e termina junto á abertura dos 2 cecos.

Cecos:

103
• As aves têm dois cecos, estando um de cada lado do íleo (podendo parecer, visual-
mente, que existem 3 íleos);
• Localizam-se sempre na zona de ligação do intestino delgado com o intestino grosso,
sendo que já pertencem ao intestino grosso;
• São muito compridos e constituídos por muito tecido linfoide (nos galos);

Noutras aves podem ser muito reduzidos (como os pombos) ou até não existirem de
todo (psitacídeos- papagaio p.e.)

• As extremidades estão junto á cloaca;


• A função é ainda desconhecida.

Cólon:

104
É muito curto;
Têm uma abertura dos cecos e estende-se até a um compartimento da cloaca, o co-
pródeo (óstio cloacal do intestino);
Quase retilíneo, chamado de reto, por vezes.
Cloaca:

• Parte terminal do aparelho digestivo;


• Tem uma câmara terminal comum (do aparelho digestivo, urinário e genital), onde se
abre o cólon;
• Apresenta duas pregas da mucosa

Prega copro-urodeal Prega uroproctodeal

(divide o copródeo do uródeo) (separa o uródeo do proctódeo)

105
• A cavidade da cloaca está subdividida em 3 câmaras: copródeo, uródeo e proctódeo;

-comunicação com o exterior,


dilatação terminal do cólon; Onde estão os/as: através de uma ampla fenda ho-
-óstios ureterais; rizontal, encurvada nas extremi-
-papilas dos ductos deferentes (M); dades. Quando a abertura está
-óstio cloacal do oviducto (F) fechada, em repouso, há uma in-
vaginação parcial dos lábios, que
na altura da evacuação torna-se
redonda.

-Há uma abertura da bolsa cloa-


cal, o timo cloacal ou bolsa de
Fabricius (está na parede dorsal
do proctódeo, medialmente)
que está relacionada com a pro-
dução de anticorpos circulantes.
Sofre involução com o apareci-
mento da maturidade sexual.

-Ocorre expansão dorsal da clo-


aca quando existe embrião.

-Existem as glândulas proctode-


ais (1 maior e 2 laterais) que fun-
cionam aquando a ejaculação.

• As fezes vão para o copródeo, a urina é lançada no uródeo e de seguida também para
o copródeo, misturando-se;
• Existe uma invaginação que separa as diferentes subdivisões, por isso é que o ovo não
vem sujo da galinha, com fezes ou urina presentes no copródeo.

Glândulas anexas:

Fígado Pâncreas

106
Fígado:

• Localiza-se no pavimento da cavidade somática geral, sobre as costelas esternais e o


esterno;
• É bastante desenvolvido e visível dos dois lados do corpo do animal;

• É o único que não está coberto pelo septo pós-hepático;

107
• O fígado é lobado, podendo ter 2 ou 3 lobos hepáticos;

Direito Esquerdo

É o maior e é com este lobo É subdividido em duas partes.


que a vesícula biliar está re- Tanto estas duas partes como
lacionada o lobo direito estão unidas cra-
nialmente

Vesícula biliar:

108
• A vesícula biliar é volumosa com um aspeto mais ou menos fusiforme no caso do galo,
mas em algumas aves ela é reduzida e pode até estar ausente (pombo e periquito
p.e.);
• Armazena a bílis produzida pelo fígado, quando se encontra ausente, a bílis é armaze-
nada em canalículos biliares.

Pâncreas:

• É uma glândula endócrina (hormonas) ou exócrina (suco pancreático), tendo um papel


muito importante quer no auxílio da digestão dos alimentos como na regulação de vá-
rios processos fisiológicos;
• Difícil de encontrar quando se abre o animal, devido à sua estrutura muito difusa;
• Encontra-se entre as duas porções do duodeno (ascendente e descendente)

• Também é lobado, semelhantemente ao fígado, podendo também ter 2 ou 3 lobos;

Dorsal Ventral

Subdividido em duas
partes

109
Baço:

• É um órgão hematopoiético que não é essencial à vida;

• Está localizado ao nível da junção do proventrículo com a moela, no lado direito;


• É mais ou menos esferoide, tem uma cor vermelha muito escura e o seu diâmetro é de
mais ou menos 2cm.

Aparelho respiratório:

110
Narinas:

• Localiza-se na valva dorsal do bico;


• São mais pequenas do que aparentam, porque a parte dorsal do orifício escavado no
bico está ocupado com uma membrana córnea- o opérculo (prega córnea dorsal);

• Existe ainda a lâmina vertical da narina que é, como o nome indica, uma lâmina que se
projeta dorsalmente a partir do bordo ventral de cada narina.

Cavidades nasais:

• Mais uma vez, o seu formato é condicionado pelo formato geral da cabeça do animal e
da valva dorsal do bico. No caso do galo, têm uma forma cónica, são muito curtas e es-
treitas (ápice dirigido rostralmente) ;
• São duas, uma de cada lado, e estão separadas por um septo ósteocartilagíneo;

111
• Cada cavidade está dividida em três partes

Região vestibular Região respiratória Região olfatória

• As partes vestibular e respiratória estão parcialmente separadas por uma projeção


dorsal do pavimento - crista nasal;
• Em cada cavidade temos três cochas nasais, projetam-se sempre a partir das paredes
laterais das cavidades nasais e estão dispostas em sucessão longitudinalmente;
• A comunicação das cavidades nasais com a boca e a faringe é feita através da fenda
longitudinal mediana;

• A nível do pavimento de cada cavidade nasal, por baixo da concha nasal média, encon-
tra-se uma abertura alongada - óstio nasolacrimal – que corresponde à abertura ros-
tral do ducto nasolacrimal.

Laringe:

• Tem a glote (fenda longitudinal), o local de comunicação com a faringe, na proeminên-


cia laríngea da faringe;

112
• Tem um esqueleto cartilagíneo, sendo composta pelas cartilagens laríngeas;

2 ímpares 1 par

Cricoide Procricoide Aritnoides (2)

• Existem articulações sinoviais: as crico-procricoideias e as procrico-aritnoideias;

113
• No pavimento da cavidade laríngea há uma projeção da mucosa – crista mediana da
mucosa;
• Não há cordas vocais na laringe;
• Tem uma musculatura muito complexa, havendo músculos intrínsecos e extrínsecos.
Dos intrínsecos temos a considerar um músculo dilatador e outro constritor da glote.

Traqueia:

• É bastante longa, estendendo-se numa posição mediana inicialmente desviando-se


posteriormente, ligeiramente para direita e à medida que se aproxima da sua termina-
ção volta a colocar-se medianamente (papo à direita à entrada do tórax). Está ventral-
mente ao esófago;

• É um longo tubo de anéis cartilagíneos que se estende da laringe até à siringe;

114
• Os anéis que a compõem são completos, exceto o primeiro e os 4 últimos. Cada anel
tem uma parte larga e uma parte estreita. A parte larga de um anel sobrepõe-se à
parte estreita do anel seguinte e assim sucessivanmennte;
Vista dorsal

• Os músculos que se estendem ao longo da traqueia são o esternotraqueal, o cleido-


traqueal, o cleidohioideu e o traqueal lateral (par);

Siringe:

• É a nível da siringe que se verifica a bifurcação para o ar ser canalizado da traqueia


para os dois brônquios primários;
• É o órgão de vocalização das aves, graças a existência de membranas vibratórias –
membranas timpaniformes. Encontramos duas de cada lado, lateral e medial, direita e
esquerda;

• Localiza-se entre a extremidade terminal caudal da traqueia e as porções iniciais dos


brônquios primários;

115
• Existem quatro conjuntos cartilagíneos:

C. craniais C. intermédias Péssulo C. caudais

4 no macho e 3 nas Unidas ventralmente A primeira está unida em


Local da separa-
fêmeas. Também es- e unem-se posterior- ambas as extremidades ao
ção do lúmen da
tão engrenados entre mente ao péssulo péssulo, a segunda liga-se
siringe
si como as da tra- ventramente à primeira e a
queia terceira tem as duas extre-
Brônquios primários: midades livres

• Bifurcação da traqueia;
• Penetra ventralmente o pulmão e depois estende-se ao longo deste até se abrir no
saco aéreo abdominal.

116
Pulmões:

• Localizam-se dorsalmente, na zona do notarium (estrutura resultante da fusão


das 2ª, 3ª, 4º e 5ª vértebras torácicas) que tem uma espécie de alvéolos onde
ficam incrustados os pulmões;

• São completamente diferentes dos mamíferos e estão praticamente imóveis,


sendo apenas uma estrutura em que o ar passa;

117
• O ar passa duas vezes pelos pulmões, na fase inspiratória e depois na expira-
tória;
• Cada brônquio primário atravessa o pulmão, emitindo 40 a 50 brônquios se-
cundários que são agrupados em 4 grupos (mediodorsais e medioventrais, la-
terodorsais e lateroventrais);
• Os brônquios secundários emitem 400 a 500 parabrônquios/brônquios secun-
dários que estão anastomosados entre sim;
• A hematose ocorre ao nível das paredes dos parabrônquios;
• Ligam-se/Abrem-se nos sacos aéreos.

Sacos aéreos:
• Localizam-se na cavidade somática geral entre as vísceras;
• Invadem alguns músculos esqueléticos e até algumas cavidades pneumáticas
de alguns ossos;
• Certos ossos, como o esterno, têm cavidade pneumática e têm uma abertura
através da qual penetram os sacos aéreos que vão ocupar o seu interior;

Esterno de galo

Esta estrutura já não é o esterno,


é o saco aéreo no interior do es-
terno
118
clavicular
cervical
• No caso do galo existem 8 sacos aéreos; torácicos craniais
torácicos caudais
abdominais

Originalmente existem 6 pares de sacos aéreos primordiais, mas na maior parte das
aves, dois desses pares fundem-se num único saco aéreo clavicular (de 4 sacos forma-
se 1) e, no galo, há mais um par que se funde num único saco aéreo cervical (de 2
passa a 1);

• Funções:
o Tornam o corpo mais leve;
o Auxiliam na inspiração (é a dilatação dos sacos que induzem a inspiração);
o São uma reserva de ar durante o voo;
o Permitem uma maior estabilidade durante o voo (graças à localização dorsal);
o Termorregulação corporal;
o Contributo para a fonação.

Aparelho urinário:
Rins:

• Estão situados no teto da cavidade somática geral, imediatamente por baixo da coluna
vertebral;

119
coxal

• Encontra-se ventralmente ao sinsacro (estrutura resultante da fusão da 7ª vértebra


torácica das 14 lombosacrais e da 1ªa vértebra caudal) que também forma uma espé-
cie de alvéolos incrustando parcialmente os rins (é muito difícil retirá-los);
• São achatados dorso-ventralmente, relativamente compridos, indo desde o bordo
caudal dos pulmões até à extremidade caudal do sinsacro;
• É separado em 3 divisões - cranial, média e caudal – através de dois sulcos vasculares
transversais superficiais;

Entre a cranial e a média Entre a média e a caudal


(para a artéria e veia ilíacas externas) (para a artéria e veia isquiáticas)

• A coloração pode ser rosada ou acastanhada dependendo da quantidade de sangue e


são bastante friáveis.

120
Ureteres:

• Cada ureter estende-se ao longo de cada rim, desde a divisão cranial até à cloaca (uró-
deo);
• Tem início na divisão cranial dos rins, através da confluência de vários ramos primá-
rios. Depois durante o seu percurso no rim recebe ramos primários da divisão média
e, posteriormente, ramos primários da divisão caudal;

121
Aparelho genital masculino:
Testículos:

• Localizam-se no teto da cavidade somática, imediatamente abaixo da divisão


cranial do rim, cranioventralmente. Estão dorsalmente aos sacos aéreos abdo-
minais favorecendo o arrefecimento dos testículos;
• Liga-se ao peritoneu através do mesórquio;

• Identificam-se dois pólos – pólo cranial e pólo caudal;


• Existem dois bordos:

Bordo epididimário Bordo livre

(ao longo do qual se estende o


epidídimo e onde se liga o meso)

122
• A cor pode variar entre branco amarelado (macho imaturo ou em período de inativi-
dade reprodutiva) e branco (macho maduro e período de atividade reprodutiva);
• Em período de atividade reprodutiva, os testículos são muito maiores, podendo ter o
dobro do tamanho do que no estado imaturo;

• A nível do bordo epididimário do testículo encontra-se a rede testicular, onde termi-


nam os túbulos retos do testículo e de onde partem os dúctulos eferentes, já no epidí-
dimo;

Epidídimo:

123
• Está no bordo epididimário do testículo;
• Tem uma forma fusiforme e alongada, sem cabeça, corpo e cauda, ao contrário do
que acontece nos mamíferos;

• O ducto epididimário é muito curto e pouco espiralado;


• Enquanto que nos mamíferos, apenas na cabeça do epidídimo existe a comunicação
com o testículo, no caso do galo, isso verifica-se ao longo de todo o epidídimo.

Ducto deferente:

• Sinuoso;
• Vai desde a extremidade caudal do epidídimo até à cloaca;
• Na parte terminal, surge uma dilatação – recetáculo do ducto deferente – que
se vai abrir ao nível do uródeo no óstio que se encontra no ápice da papila do
ducto deferente (uma projeção para o interior);

124
Aparelho copulatório masculino:

• Temos a considerar as duas papilas do ducto deferente, uma direita e uma esquerda;
• Temos dois corpos vasculares (o direito e esquerdo), que se encontram no uródeo e
no proctódeo, entre o recetáculo do ducto deferente e falo;
• Temos o falo, situado na linha média ventral do proctódeo, caudomedialmente às pa-
pilas dos ductos deferentes; consta de um corpo fálico mediano e de dois corpos fáli-
cos laterais;
• Verifica-se ainda as duas pregas linfáticas (direita e esquerda) cada uma delas, entre o
corpo fálico lateral e a papila do ducto deferente.

125
Aparelho genital feminino:

Ovário:

• Existem dois ovários, o direito e o esquerdo, no entanto, o direito sofre uma involução
precoce e só o esquerdo é que é funcional, na maior parte dos casos;
• Localiza-se no teto da parte média da cavidade somática, ao nível da divisão cranial do
rim esquerdo, e está ligado ao peritoneu através do mesovário;
• Em período de atividade sexual, faz lembrar um cacho de uvas, e os folículos têm um
oócito e estão muito vascularizados. Nesta altura, existe uma zona esbranquiçada que
corresponde à zona de rotura na ovulação – o estigma;
• No período de repouso sexual, ele é oval, achatado e alongado;

126
Oviduto:

• Tal como acontece com os ovários, apenas o oviduto esquerdo se desenvolve comple-
tamente na grande maioria dos casos;
• O oviduto não está em continuidade com o ovário, contactam através de uma interpe-
netração de umas projeções – as fímbrias;
• Tem várias divisões:

Infundíbulo Magno Istmo Útero Vagina

Infundíbulo:

• O infundíbulo é a extremidade cranial, em


forma de funil com uma zona tubular – é o tubo
infundibular (são as glândulas do tubo infundibular que produzem o estrato calazífero
que vai rodear a membrana do vitelo);
• Abre-se para a cavidade somática através de uma fenda alongada – é o óstio infundi-
bular, cujos lábios apresentam as fímbrias infundibulares, que se interpenetram com
as fímbrias ováricas, e pelo qual passam os oócitos que vão sendo libertados.

127
Magno:

• É a parte mais longa, pregueada e contorcida do oviduto;


• Tem uma parede muito espessa que contém glândulas tubulares que produzem cerca
de metade do albúmen total do ovo.

Istmo:

• É curto, de calibre ligeiramente inferior e menos pregueado do que no magno cuja se-
paração em relação a este é marcada por uma zona translúcida estreita. Verifica-se a
este nível a produção de mais albúmen e das duas membranas que separam o
albúmen da casca.

Útero:

• É uma parte expandida e curta;


• Por vezes é designado glândula da casca, uma vez que é a este nível que se forma a
casca.

Vagina:

• Segmento terminal do oviduto, comunicando com o uródeo por uma fenda dilatável –
o óstio cloacal do oviduto;
• É curto e sigmoide;
• No segmento inicial, nas pregas da mucosa, encontram-se os túbulos espermáticos
que alojam os espermatozoides.

Os espermatozoides só estão no lúmen do oviduto no


momento da copula ou na ovulação

128
AULA 7: (P.142 a 150 da sebenta)

Glândulas endócrinas

As glândulas endócrinas têm como função ajudar a manter a homeostasia do orga-


nismo.

Uma glândula endócrina (GE) ou de secreção interna, por definição, são órgãos que
produzem hormonas, que por diferentes vias (sangue, linfa ou líquido intersticial), se
ligam aos recetores específicos nos órgãos vivos, afetando certas células alvo (não têm
ductos).

Não atuam isoladamente, mas sim em coordenação com o sistema nervoso (SN) na
manutenção do meio interno, garantindo respostas gerais e específicas aos estímulos
externos e internos. Ao contrário do SN, as respostas das GE tendem a ser mais lentas
e de maior duração.

O que acontece é que o meio em volta do animal é analisado e as glândulas atuam por
um mecanismo de feedback positivo ou negativo de modo a reajustar os níveis, deter-
minando ou suprimindo diferentes atividades, de modo a recuperar a homeostasia.

129
As GE estão dispersas pelo corpo do animal, não apresentando continuidade física.

Têm em comum a sua subserviência ao SNC (hipotálamo), o modelo de controle a partir de ou-
tros órgãos e alguns aspetos estruturais (natureza epitelióide das células secretoras, a ausência
de ductos de drenagem, etc.)

A glândulas podem ser classificadas quanto ao/à:


Tipo de células hormonopoiéticas;
Tipo de células-alvo;
Tipo de ação da hormona;
Natureza química das hormonas.

Existem três tipos de órgãos endócrinos:

Órgãos de natureza endócrina primária hipófise, epífise, tireóide, paratireóide e


adrenais;
Órgãos que combinam funções endócrinas principais com outras funções

pâncreas, testículos, ovários e placenta;


Órgãos com uma função básica diferente, mas com componente endócrino discreto:

rins, fígado, timo ou vias gastrointestinais, por exemplo.

Hipotálamo:
Localização:

Situa-se na base do diencéfalo, na sua porção intermédia, ventralmente ao tálamo.

Constitui praticamente o pavimento do 3º ventrículo.


Situa-se entre a região pré-ótica (caudal ao quiasma ótico) e os pedúnculos cerebrais + fossa
interpeduncular.

130
Recebe informações sensoriais variadas, podendo ser visuais, auditivas, somatosensiti-
vas ou olfativas.

Tem uma continuidade física com


Túber cinéreo
a hipófise
(prolonga o infundíbulo que suspende
a hipófise)

Estabelece relações com a hipófise por duas vias hormonoforéticas:


• Via axonoforética, para a neuro-hipófise (ligação direta por axónios);
• Via angioforética, para a adeno-hipófise (através de vasos sanguíneos).

As hormonas produzidas no hipotálamo vão agir sobre a hipófise, estimulando ou bloqueando


a produção de hormonas que atuarão nos mais variados órgãos.
Hormonas produzidas:
• CRH (hormona de libertação de corticotropina);
• TSH (hormona estimulante da tireóide);
• LH-RH (hormona de libertação da hormona luteinizante);
• FSH-RH (hormona de libertação da hormona folículo estimulante);
• MSH (hormona estimulante de melatonina);
• GHRF (hormona de libertação de somatotropina);
• PRH (hormona de libertação de prolactina);
• Ocitocina;
• ADH.

Hipófise ou Gl. pituitária:


É considerado o principal órgão endócrino, uma glândula magna, uma vez que as suas hormo-
nas influenciam diretamente as outras GE.

131
Localização:

Suspensa sob o diencéfalo situada na sela túrcica, na fossa hipofisária do osso esfenóide.
Está contida na bolsa dural: a duramáter forma a sela diafragmática ao redor da base da hipó-
fise.

Tem dois lobos:


• Lobo posterior/neuro-hipófise;
• Lobo anterior/adeno-hipófise.

-raíz

Infundíbulo -parte cava


Lobo posterior/neuro-hipófise -parte compacta

Lobo nervoso

-Parte tuberal /infundibular


Lobo anterior/adeno-hipófise -Parte intermédia (em contacto com a parte distal da neuro-
hipófise)
-Parte distal

É um corpo elipsóide escuro e sólido (fica no local quando se remove o encéfalo).

Diferenças entre espécies:


Bov: 2-4 g | 22-25 mm
Peq Rum: 1,75 g | 12x16 mm (vermelho-acastanhada)
Cavalo: 1,8-2,8 g| 25x25 mm (AH, castanha NH, clara)
Porco: 0,25 g | 5-8 mm

1. Adeno-hipófise;
2. Lobo intermediário;
3. Neuro-hipófise;
4. Infundíbulo;
5. Recesso hipofisário;
6. Fenda hipofisária (separa a
parte intermédia da AH. Não
existe no equino).

No cão, o gato e o cavalo encontramos um lobo intermediário (2) que reveste com-
pletamente a neuro-hipófise.
Glândulas hipofisárias secundárias na duramáter no gato e ruminantes.

132
Hormonas produzidas:

ADENO-HIPÓFISE NEURO-HIPÓFISE

• Somatotropina (GH) - crescimento somático Oxitocina- estimulação da


• Tireotropina (TSH)- estimulação da tireoide contração do útero e da
• Folitropina (FSH) - testículo/ folículos ováricos glândula mamária.
• Lutropina (LH) - esterona (maturação folículos ováricos) Vasopressina (ADH) – hormona
• Corticotropina (ACTH) - estimulação do córtex adrenal anti-diurética: regulação
• Prolactina (LTH) - estimulação da glândula mamária metabolismo aquoso
• Melanotropina (MSH) – estimulação da produção de melanina
na pele.

Quando há uma desregulação destes mecanismos de feed-back negativo apare-


cem algumas alterações, mais concretamente doenças.

Exemplo disso mesmo é a síndrome de Cushing (tumor na adeno-hipófise). Nesta


doença a adeno-hpófise (adenoma da pars intermédia) envia sinais desadequados às glândulas
dependentes para produzirem hormonas- em especial cortisol.

133
Corpo pineal:

A epífise, ou corpo pineal, é um órgão ímpar em forma de pinha que pertence ao encéfalo.

Localização:

Epitálamo, no sulco que separa os dois tubérculos quadrigémeos anteriores, na extremidade


caudal do teto do 3º ventrículo.

Atua sobre o hipotálamo e gónadas (efeitos gonadotrópicos: sazonalidade do ciclo


éstrico)

Relógio biológico

Hormonas produzidas:
• Melatonina (estimula pela redução do fotoperíodo ou pela privação de luz;
• Serotonina.

Tireóide:
Apesar de a sua designação significar “forma de escudo”, a forma desta glândula varia bas-
tante.

Localização:

Ventralmente à traqueia, a ambos os lados, junto à cartilagem tireóide, aderindo à porção an-
terior dos primeiros anéis da traqueia.

134
É constituída por:

• 2 lobos ligados por um istmo de natureza glandular No porco, há autores que con-
sideram que os lobos não são
unidos por uma estrutura es-
(Bovino, Suíno e Carnívoros) treita, como um istmo é nor-
malmente.
• 2 lobos ligados por um istmo de natureza conjuntiva ou fibrosa

(Cavalo e Pequenos Ruminantes)

Nota: o istmo pode faltar, havendo lobos individuais.

Apresenta uma cápsula fibrosa (de tecido conjuntivo) que envia


trabéculas para o interior: parênquima glandular (de cor tijolo) cons-
tituído por lóbulos e folículos, adquirindo uma textura granular.

Os folículos conferem um aspeto irregular ao órgão em algumas espé-


cies (bovinos), mas noutras a superfície é lisa (ex: cão).

O parênquima é um tecido relativamente firme, pelo que é possível a


palpação desta glândula, caudalmente à laringe, exceto no cão.

Hormonas produzidas:
• Tiroxina (células foliculares): T1, T2, T3, T4;
• Calcitonina (células C, parafolicolares)

Efeito hipocalcemiante (em equilibrio com a paratormona);

Calcificação dos ossos.

As hormonas da tireóide controlam a taxa metabólica, o crescimento, a temperatura


do corpo e o metabolismo dos hidratos de carbono e os níveis do cálcio. O teor de
iodo é essencial para a produção das hormonas da tiroide.

135
Diferenças entre espécies:
• Cão: lobos em forma de disco elipsoide (3 x 0,7 cm). Coloração: vermelho-
clara;
• Gato: lobos em forma de disco elipsoide, finos e muito alongados. Coloração:
vermelha muito clara;
• Bovino: lobos achatados, triangulares (8,5 cm, 15 g). Coloração: vermelha –
vermelha acastanhada;
• Pequenos ruminantes: lobos cilíndricos, longos e finos (5 cm x 1,5 cm). Colora-
ção: vermelho-escura;
• Cavalo: lobos ovais (5 x 2,5 x 2 cm, 15 g). Coloração: vermelha acastanhada;
• Porco: órgão ímpar compacto (6 cm, 6 g). Coloração: vermelho-escura – vio-
leta;
• Coelho: lobos em forma de elipse muito alongados.

Pode haver situações de hiper ou hipotiroidismo, sendo a última mais comum, especialmente
nos cães. Quando um animal tem hipotiroidismo, por mais que coma sente-se cansado e com
falta de energia e, portanto, sente vontade de comer mais (obesidade) e pode apresentar um
sinal muito característico de hipotiroidismo, umas pregas faciais.

Pregas faciais Obesidade

Nestas situações temos de pesquisar a presença de tumores na tireoide e é importante saber


o tamanho normal desta glândula.

Paratireóides:
São em número de 4, agrupadas em dois grupos: duas craniais e duas caudais.
Localização:

Parte anterior do pescoço, junto à glândula tireóide (bovinos e equinos) ou mesmo incluídos
na substância glandular tireóide (nas outras espécies).

136
Hormonas produzidas:
• Paratormona
- Regulação do metabolismo cálcico-fosfórico
- Concentração de cálcio no sangue (hipercalcemiante e fosfodiurética)

Diferenças entre espécies:


• Cão: paratireóides craniais (no bordo lateral da tireóide); paratireóides caudais
(no bordo medial da tireóide).
- Forma: achatadas, circulares ou ovais. Dimensões: 1 x 1x 1 – 7,5 x 5 x 2,5 mm.
Coloração amarelada.
• Gato: semelhante ao cão. Paratireóides caudais afastadas dos lobos da tire-
óide.
• Bovino e pequenos ruminantes: de pequenas dimensões (0,05 – 0,3 g), incluí-
das na tireóide.
• Cavalo: paratireóides craniais no bordo dorsomedial da tireóide; paratireóides
caudais na face medial da tireóide. Perfil esferóide. Dimensões: 1 cm, 0,3 g.
Coloração amarelada.
• Porco: paratireóides craniais, cranialmente à tireóide; paratireóides caudais,
na face medial da tireóide. Perfil esferóide. Dimensões: 1-4 mm, 0,1 g. Colora-
ção rosada.
• Coelho: paratireóides craniais incluídas tireóide. Paratireóides caudais livres.

Timo:
Localização:

Na extremidade cranial do esterno, prolongando-se, nos animais muito jovens, por entre os
pulmões e pescoço, ventralmente à traqueia.

Constituição:

• 2 lobos cervicais (direito e esquerdo)


• 1 lobo intermédio
• 2 lobos torácicos (direito e esquerdo)
• Está envolvido por uma cápsula. Apresenta um córtex e uma medula.
É um importante órgão do sistema imunitário (linfócitos T).

Hormonas produzidas:
• Linfocitina: factor de estimulação dos linfócitos;
• Timina: factor humoral tímico (activação de linfócitos);
• Timopseína: (activação de linfócitos).

137
Glândulas adrenais:

A glândulas adrenais são pares, têm uma forma achatada, estão contidas numa cápsula
própria, apresentam um hilo e são assimétricas e irregulares.

Localização:

• Retroperitoneal, craniomedialmente ao rim. (“próxima” (ad) ou “por cima” (supra-)


do “rim” (-renal);
• Cranialmente, junto ao abdómen.

O parênquima divide-se em:

Córtex (coloração mais clara);


Medula (coloração mais escura).

É difícil de determinar o tamanho, uma vez que este é influenciado por diferentes fatores.

Maiores em indivíduos jovens, em fêmeas gestantes ou lactantes.

Diferenças entre espécies:


• Bovino: vermelho-acastanhada
Esq: forma de C (8 x 6 x 3 cm, 14 g);
Dta: forma de coração ou V (8 x 3 x 2 cm, 13 g);
• Ovino: vermelho-acastanhada
Esq: forma de feijão;
Dta: triangular;
• Cabra: vermelho-acastanhada
Esq: forma de feijão;
Dta: forma de feijão, mais alongada, sulco no bordo medial ;
• Cavalo: vermelho-acastanhada
Esq: forma de vírgula (8 x 3,5 x 1,2 cm);
Dta: forma de vírgula (7,5 x 3 x 1,5 cm);
• Porco: vermelho-acastanhada forma de cilíndro longo (7 x 2 x 0,7 cm, 2,5 g);
• Cão: amarelo-clara

138
Esq: contígua à artéria aorta; perfil dum 8;
Dta: contígua à veia cava caudal; perfil de anzol (2,5 x 1 x 0,5 cm, 0,5 g);
• Gato: amarela brilhante globosas e afastadas do rim medialmente;
• Coelho: vermelho-acastanhada
Esq: forma triangular e contígua à artéria aorta;
Dta: forma ovóide e contígua à veia cava caudal.

Córtex adrenal:
• É amarelado no cavalo, cão e gato e avermelhado nos bovinos e no porco.

• Divide-se em 4 zonas:
o zona glomerulosa/arcuata (cavalo, cão e gato);
o zona intermédia;
o zona fasciculada interna e externa;
o zona reticular.

Hormonas produzidas:
• mineralocorticóides (zona glomerulosa/arcuata)
desoxicorticosterona
aldosterona
• glucocorticóides (zona fasciculada)
cortisol
cortisona
corticosterona
dihidrocorticosterona
• androcorticóides (zona reticular)
androstenediona
deidroepiandrosterona
17-hidroxicorticosterona

Medula adrenal:

Tem uma coloração castanho avermelhada e é constituída por 2 tipos de células dis-
postas em lâminas.

Hormonas produzidas:
• adrenalina (epinefrina);
• noradrenalina (norepinefrina).

Fuga/ luta (situações de stress agudo)

Relacionado com o SN Simpático

139
Outros órgãos com função hormonopoiética:

Ovários
• Corpos lúteos (corpos amarelos): progesterona, relaxina;
• Folículos ováricos: estrogénios (controlam o ciclo éstrico), estradiol, estrona.

Placenta:
• progesterona placentária;
• PMSG (placental mare seric gonadostimulin);
• gonadotropina coriónica;
• folitropina coriónica;
• prolactina placentária;
• somatotropina coriónica;
• estradiol.

Testículo:

androgénios (testosterona)

Pâncreas:

As células dos ilhéus de Langerhans (metabolismo dos hidratos de carbono).

Células α: glucagon – glucogeneólise e libertação de glucose


Células β: insulina – membranas celulares permeáveis à glucose

Células D: somatostatina pancreática

Células PP: polipeptídeo pancreático


Hormonas gastrointestinais: gastrina, secretina

Aparelho respiratório

Rim:

sistema renina-angiotensina

140
AULA 8: (P.117 a 119 da sebenta)

Miologia e anexos musculares:

Tipo de tecido muscular:

Tecido muscular liso- é vascularizado e enervado de forma autónoma para se contrair


não precisa de uma ação voluntária do SN autónomo (estômago, intestino, …).

Tecido muscular estriado- músculos voluntários.

Tecido muscular cardíaco- apresenta características mistas: tem algum estriamento e


são involuntárias (apenas no coração).

Nesta aula, o foco é o tecido muscular estriado ou esquelético.

141
Composição tecidual do músculo:

Um músculo é na realidade formado por vários feixes independentes, sendo que


cada um tem várias células musculares com várias fibrilhas que resultam da organização tridi-
mensional espacial de várias proteínas, nomeadamente a actina, a miosina, a troponina e tro-
pomiosina.

O tecido muscular propriamente dito é formado por fibras musculares (estriadas,


lisas ou cardíacas) que são separadas entre si por tecido conjuntivo fibroso que recebe o
nome de endomísio e que tem origem no perimísio, tecido que reveste um grupo de fibras
musculares e que, por sua vez, é originado a partir do epimísio, tecido conjuntivo que circunda
um conjunto de grupos de fibras musculares.

Ou seja, as fibras são delimitadas por endomísio, os feixes por perimísio e o músculo em si por
epimísio.

Esta divisão do músculo permite protegê-lo, no caso de rutura ou inflamação. Se


houver uma rutura num determinado feixe, os outros estarão protegidos dessa força e da in-
flamação resultante do rompimento da célula.

Para além destas estruturas, existem artérias, veias, vasos linfáticos, nervos sensi-
tivos e motores, no sentido de fornecimento de nutrientes, drenagem de líquido intersticial e
captação de estímulos externos e reação nervosa a esses estímulos.

142
LOCAIS DE INSERÇÃO

Ao tecido formado por fibras colagéneas que se organizam longitudinalmente


chama-se tecido tendinoso (formam os tendões), ao passo que, quando as fibras se entrecru-
zam perpendicularmente recebem o nome de tecido aponevrótico (originam as aponevroses).

Os músculos precisam de locais para se inserir, o que geralmente ocorre no osso,


mas também pode acontecer em cartilagens, fibrocartilagens, ligamentos, aponevroses de
contenção, outros músculos, pele, ou em órgãos, através dos tendões (estrutura especializada
das células musculares rica em colagénio) ou aponevroses (tendão com aspeto de leque- acha-
tado), que têm a mesma natureza de tecido.

Tendão Aponevroses

(Inserção do gémeo)

A aproximação das duas inserções musculares que ocorre por contração muscular
pode ocorrer por deslocação (onde uma inserção é móvel e a outra é fixa), por deslocação per-
mutável ou por deslocação simultânea.

Nota: Ligamento ≠ tendão

Ligamento- em zonas articulares, entre peças ósseas (podem ser intracapsulares ou extra-
capsulares).

No seio destes elementos de inserção, podem ser encontrados ossos sesamoides


(ossos curtos), ossos estiloides (nas Aves) e ossos aponevróticos (no Peru).

143
Caracterização dos músculos:
Quanto à localização:

Relativamente ao plano mesoplagiomérico:

Pares Ímpares Simétricos Assimétricos

(língua e coração)

A maioria dos músculos são pares e assimétricos- existe sempre uma assimetria uma vez que
usamos mais um lado do corpo do que outro dependendo se somos destros ou esquerdinos.

Relativamente à colocação no corpo:

Superficiais Profundos

se se colocarem na tela colocam-se abaixo da

subcutânea (também chama- tela subcutânea


dos de cutâneos ou panículos)

Quanto à forma:

Relativamente à sua conformação tridimensional:

Longos Largos/membraniformes Curtos


(predominância de (predominância de duas (equivalência das

uma dimensão) das três dimensões) três dimensões)

144
Relativamente à direção assumida pelo eixo maior:

Retos Curvos

• Músculos orbiculares- Músculos estriados que se dispõem de uma forma elipsoide em


torno de uma abertura em fenda (m. orbiculares da boca, do olho…);
• Músculos esfíncteres- Músculos lisos ou estriados que assumem a forma de uma cir-
cunferência em torno de um óstio ou de um ducto (esfíncter pilórico, esfíncter anal in-
terno e externo, esfíncter do cárdia…).

Relativamente à sua conformação geral:

Quadriláteros Triangulares Trapezóides Elíticos Em leque

Relativamente à relação do eixo maior com os planos primários:

Horizontais Verticais Oblíquos

Relativamente à inserção das fibras musculares com o tendão:

Unipenados Bipenados Multipenados Topo-a-topo

Num músculo longo, a extremidade mais volumosa recebe a designação de cabeça,


enquanto a porção média abaulada recebe o nome de ventre e a extremidade menos volu-
mosa se chama cauda. Um músculo pode apresentar mais do que uma cabeça (músculo bicí-
pede, tricípede, quadricípede), mais do que um ventre (digástrico ou poligástricos) ou mais do
que uma cauda (bicaudados, tricaudados).

145
Biomecânica muscular:

Os animais têm a capacidade de se movimentar numa direção e sempre


na direção contrária.

Músculos agonistas- Fazem a ação que queremos, ou seja, facili-


tam um determinado movimento;
Músculos antagonistas- Fazem a ação contrária dos agonistas, re-
vertem essa ação.

Para existir uma alavanca tem sempre de existir uma zona de potência (FP -força), uma resis-
tência (FR) e um ponto sobre o qual essa alavanca roda (fulcro).

Aplicado ao dia a dia:

Aplicado às forças musculares do nosso corpo:


O primeiro tipo de alavanca que vamos encontrar é a interfixa:

Temos o fulcro entre a potência (músculo)

e a resistência

Quando estamos a adormecer dei-


xamos descair a cabeça. O que
contraria esse movimento é a con-
tração do músculo da cervical (po-
tência), o que temos de levantar é
a testa e o queixo (resistência) e o
fulcro ficará numa posição inter-
média.

146
Outro exemplo é a alavanca inter-resistente:

A resistência está numa posição intermédia.

Quando queremos iniciar a mar-


cha, contraímos o músculo gémeo
(potência), a resistência está no
pé que é o que temos de levantar
e o fulcro são as pontas dos de-
dos.

E, por fim, temos a alavanca interpotente:

A potência está na posição intermédia.

Imaginando que queremos levan-


tar o braço pela zona do cotovelo.
O cotovelo será o fulcro, o tricípite
braquial a potência e a resistência
será o peso do antebraço.

Desta forma, os músculos podem permitir uma ação de flexão, extensão, adução,
abdução, circundação, rotação ou de deslize e, assim, permitindo movimentos de elevação,
abaixamento, protração, retração, lateralidade, didução, dilatação, etc.

Anexos musculares:

São estruturas que não são músculo, mas que ajudam e promovem a ação muscular.

147
Ligamentos anulares (retináculos):

Estruturas de tecido conjuntivo fibroso em forma de


anel.

Todas as espécies conseguem fletir e estender o


braço, mas apenas nós, o cão e o gato conseguem
também fazer a supinação e a pronação.

Se não houvesse uma estrutura que fixasse esses ossos, eles facilmente consegui-
riam desarticular-se.

Isso não acontece graças ao retináculo que fixa o rádio à ulna e portanto, permite a
manutenção das peças ósseas e também dos músculos da sua vizinhança.

Bainhas fibrosas, vesiculares e sinoviais dos tendões:

As bainhas fibrosas de tendões apresentam uma natureza osteofibrosa ou fibrosa e


destinam-se a facilitar o alojamento e movimentação dos tendões.

148
• Fibrosas- sem líquido no seu interior, o tendão está “desidratado”;
• Vesiculares- têm pequenas coleções de líquido ao longo do trajeto do tendão
e facilitam a sua movimentação;
• Sinoviais- todas elas têm um líquido rico em proteína (sinóvia) que facilita a
contração do tendão e, comumente, do músculo. Pode-se apontar, do centro
para a periferia, os seguintes elementos: tendão, parede vaginal interna da
bolsa, cavidade vaginal (que tem o líquido sinovial), parede vaginal externa da
bolsa e mesotendão (formado pela reflexão dos dois bordos externos da pa-
rede vaginal externa da bolsa).

Bolsas serosas:

As bolsas serosas que apresentam paredes formadas por tecido conjuntivo, mos-
tram no seu interior líquido seroso e surgem em pontos onde músculos, tendões ou
aponevroses de inserção contactam com uma estrutura rígida (osso, apronevrose,
pele, etc).

Todas as zonas que têm uma proeminência óssea, geral-


mente têm bolsas sinoviais (água e proteínas). Se tal não exis-
tisse, o tendão que se insere na zona estaria a roçar muito no
osso, o que provocaria uma rutura do tendão (o que acontece
com o tendão de Aquiles e daí haver tantos casos da rutura
desse tendão).

Podem ser:

Submusculares
Subfasciais

Subcutâneas

Outro exemplo é o aso do cotovelo que tem uma bolsa serosa que impede que o
osso bata diretamente nas superfícies exteriores (bolsa olecraniana).

149
Nota:

É comum ocorrer uma inflamação da bolsa serosa do cotovelo nos animais que permanecem
muito tempo em solo duro. Assim forma-se o higroma, uma espécie de calo que o organismo
forma como tentativa de proteção daquela zona.

Aponevroses de contenção:

As aponevroses de contenção ou fáscias estão sempre inseridas em ossos, delimi-


tam compartimentos nos quais são contidos músculos e podem enviar septos intermusculares.

Ou seja, são estruturas de tecido conjuntivo fibroso que delimitam músculos ou vá-
rios grupos musculares uns dos outros, agrupando-os. Isso verifica-se, por exemplo, no caso do
braço onde existem os músculos extensores e flexores, mas existe uma aponevrose de conten-
ção que os agrupa funcionalmente.

Nota:

O tecido muscular é pós-mitótico, ou seja, não ocorrem mitoses neste tecido. O aumento do
seu tamanho e o seu desenvolvimento deve-se ao aumento do volume da célula muscular (de-
vido a um aumento de água ou fibrilhas), graças à sua alta adaptabilidade, e não ao aumento
do número de células.

150
AULA 9: (P.120 a 130 da sebenta)

Anatomia dos Peixes-Ictiotomia

Ictiotomia-estudo anatómico dos peixes.

São uma espécie muito importante, sendo uma das mais abundantes no nosso pla-
neta.

A grande diversidade ecológica destes animais, reflete-se ainda na imensa variedade


de formas, de cores e de diferentes formas de locomoção que mostram.

Atualmente, existem três grupos principais de peixes; O mais primitivo, com mais de
500 milhões de anos, que inclui os peixes sem mandíbula (p.ex. as lampreias), o grupo
Chondrichthyes que teve origem há mais de 440 milhões de anos (p.ex. tubarões e
raias) e, por fim, o mais recente e extenso grupo, o dos peixes ósseos (410-250 milhões
de anos), que inclui os peixes com pulmões e todos os peixes com raios nas barbata-
nas. De salientar que este grupo de vertebrados exibe a maior diversidade de espécies
do que qualquer outro, estando descritas mais de 33.000 espécies, um número maior
do que todos os outros grupos de vertebrados em conjunto.

O tamanho dos peixes também mostra uma grande variação (de 1 cm até aos 14 m do
tubarão baleia), permitindo a colonização de uma grande variedade de ambientes
aquáticos, desde as lagoas temporárias até os grandes oceanos, incluindo lagos parci-
almente congelados, passando por lagoas hipersalinas ou habitats com 12.000 m de
profundidade e pressões elevadíssimas (fossas oceânicas). Para que ocorresse a coloni-
zação desses ambientes, foram necessários muitos milhões de anos de evolução e im-
pressionantes adaptações morfológicas, funcionais e fisiológicas que serão revistas em
seguida.

Características gerais:
São:

Vertebrados aquáticos;
Ectodérmicos (a temperatura é regulada pelas condições ambientais externas);
Simétricos (simetria lateral).

Simetria anatómica:
Os peixes exibem uma grande diversidade de formas. No entanto, apresentam, geral-
mente, uma simetria bilateral.

A simetria é muito semelhante ao que encontramos nos mamíferos domésticos; temos


um polo cranial/anterior e um polo caudal/posterior, um dorsal e um ventral e um direito e
esquerdo. O planos falados anteriormente também se mantém, o mesoplagiomérico, o mesa-
cromérico e o meselcsimérico.

151
O que se verifica também é a existência de dois tipos de achatamento que nos dizem muito so-
bre o seu habitat:

um achatamento lateral, na maioria dos peixes


• de superfície;
• dispersão de cor mais ou menos regular;

um achatamento dorso-ventral
• peixes de fundo, daí os olhos voltados para cima;
• variação nítida da coloração, em que a parte de baixo é com muito pouco pig-
mento, esbranquiçada (para imitar a claridade do sol para os predadores que
os virem de baixo) e parte de cima bastante pigmentada (mimetizando a areia
para os predadores que o virem de cima).

Raia

Tamboril

Escamas:

As escamas estão intimamente unidas aos órgãos subjacentes (por isso é que se as
escamas não estiverem bem fixas, é sinal de que o peixe não é fresco).

152
As escamas têm uma função protetora e também reduzem o atrito na água. Adicional-
mente, as escamas que ficam sobre a linha lateral do corpo dos peixes têm pequenos
orifícios que estabelecem uma ligação entre conjuntos de células sensoriais e de ter-
minações nervosas com o meio líquido exterior.

Têm origem mesodérmica (tal como os órgãos), o que as torna diferente das escamas
dos répteis.

Existem 4 tipos de escamas diferentes:

Flexíveis e discoides Rígidas


(hidroxiapatite e carbonato de cálcio) (esmalte)

cicloides ctenoides ganoides placoides


(bordo liso) (bordo serrilhado ou espinhoso) (esturjão, peixe-agulha) (tubarões)

Apresentam uma forma arredondada e sobre- Têm uma forma rômbica e mos- são características de pei-
põem-se como telhas. O seu tamanho aumenta à tram crescimento em ambas as xes cartilagíneos (tubarões
medida que o peixe vai crescendo, sendo que no- faces. São compostas por três e raias). Compostas por
vas camadas são depositadas nas margens, for- camadas: uma superficial de uma polpa, dentina e es-
mando-se anéis concêntricos. A parte da escama ganoína (semelhante ao es- malte (semelhantes à com-
que está inserida na derme é mais estreita, sendo malte), uma de cosmina e um posição dos dentes de tu-
a outra extremidade mais larga, a livre. A nível da tecido ósseo lamelar (isope- barões), são de origem dér-
sua constituição são formadas por duas camadas dina); mica e epidérmica, sendo
finas transparentes: uma camada superficial ós- formadas por dentina e re-
sea calcificada (fosfato e carbonato de cálcio) e cobertas por vitrodentina.
uma camada profunda fibrosa (colagénio). Os lin- Não aumentam de tama-
guados apresentam simultaneamente estes dois nho à medida que o peixe
tipos de escamas; vai crescendo.

153
Nota: Na sebenta também é referido outro tipo de escamas

- cosmoides - são mais grossas e duras do que as placoides. São compostas por 4 camadas:
uma fina camada superficial de vitrodentina (= esmalte), uma de cosmina (tecido semelhante a
dentina), uma de osso esponjoso com numerosos vasos sanguíneos e uma basal de isopedina.
Estão presentes nos peixes primitivos

Coloração:
Os peixes, consoante a profundidade e o ambiente em que vivem, têm cores diferentes.

Oceânicos Corais/Rochosos Fundos


(simples- ventre esbranquiçado, (colorações diversas (muito escuros no
faces laterais inferiores prateadas e vivas) dorso e ventre claro,
e dorso escuro, azul ou verde) particularmente fusiformes e
olhos grandes e escuros)

A coloração que os peixes apresentam é devida a pigmentos contidos em células dérmicas modifica-
das, localizadas na derme. Quando estas células aumentam de volume, a área colorida aumenta.

Desta forma, os peixes podem ficar mais claros ou escuros e apresentarem diferentes padrões. Muitas
espécies de peixes podem ainda mudar rapidamente o seu padrão de cores de forma a evitarem os predado-
res, enganar presas ou realizarem rituais de acasalamento. Existem ainda algumas espécies que apresentam
células bioluminescentes na camada germinativa da epiderme, produzindo luz por reações enzimáticas ou
através de simbiose com bactérias bioluminescentes.

Revestimento:
Os peixes, tal como os outros vertebrados, são recobertos por pele (tegumento) que
é revestida por muco. Este tegumento apresenta duas camadas: uma epiderme de origem ecto-
dérmica e uma derme de origem mesodérmica. A derme dá origem às escamas, mas também às
glândulas do veneno e mucosas e, aos vários órgãos elétricos, bioluminescentes, sensoriais e
pigmentares. As células mucosas permitem a comunicação entre os peixes (através de molécu-
las químicas), reduzem o atrito na água e também protegem contra fungos, parasitas e preda-
dores.

154
Tipos de esqueleto:

Cartilagíneo Ósseos
(tubarões e raia)

O esqueleto dos peixes, tal como nos outros vertebrados, pode ser dividido em duas
partes: num esqueleto axial (crânio e coluna vertebral) e num esqueleto apendicular
(sustentação das barbatanas), podendo ser formado por tecido ósseo ou cartilagíneo.

A organização óssea do crânio é extremamente complexa, apresentando a maioria


dos ossos que os mamíferos domésticos apresentam. Tem, porém, algumas especifi-
cidades:

• Apresenta um osso chamado provomer (A);


• O occipital está dividido em ossos diferentes- supraoccipital, exoccipital (F) e
basioccipital (G).

Terminação da boca:
A posição, o tamanho e o formato da boca e os tipos de dentes dão boas pistas sobre os hábi-
tos alimentares de um peixe.

Relativamente à posição, a boca pode ser terminal, sub-terminal, inferior ou superior:

os peixes com a boca numa posição superior ingerem alimentos que lhe estão mais su-
perficiais, enquanto os peixes predadores possuem dentes fortes e vivem à superfície;

155
Peixes com a boca numa posição inferior alimentam-se de nutrientes que se distri-
buem abaixo do seu corpo, geralmente, junto ao fundo e alguns possuem dentes for-
tes que lhes permite triturar crustáceos e moluscos (p. ex.: corvina, tubarões e raias);
Por fim, os peixes com boca em posição terminal, geralmente, alimentam-se na co-
luna de água que se coloca à sua frente (p.ex.: atuns).

Se por um lado, um peixe com uma longa boca protrátil indica que as presas são en-
golidas por sucção e permitindo capturar presas à distância, por outro, a presença de barbi-
lhões sensoriais é um forte indício de que o peixe “fareja” o seu alimento. Outro exemplo é
uma boca grande dos peixes filtradores que se abre enquanto o peixe nada (p.ex. tubarão-ba-
leia).

Barbatanas:

Pares Ímpares

Peitorais Pélvicas Dorsal Anal Caudal Adiposa


(correspondem aos (correspondem aos (ás vezes tem (propulsão) (apenas em
nossos membros nossos membros vários lobos) algumas espécies)
torácicos) pélvicos)

156
Barbatana peitoral:
Estas barbatanas mostram funções diferentes consoante a espécie. Nos tubarões
apresentam-se rígidas, servindo para manter a profundidade; nas raias a ondulação
das extensas barbatanas peitorais ajudam a “planar” na água; nos teleósteos mostram
uma posição lateral ao corpo, podendo situar-se dorsalmente à linha média do peixe
ou abaixo desta. Em peixes que atingem grandes velocidades (p.ex. atuns), as barbata-
nas peitorais são curtas e rígidas.

Barbatana pélvica:
para além de auxiliarem na estabilidade do peixe, também apresentam diversas mo-
dificações de forma a desempenharem outras funções. Em algumas espécies apresen-
tam um disco de sucção que ajuda a fixação destes animais as pedras presentes no
fundo do mar; noutros está reduzida a um longo filamento sensorial que torna a pro-
cura do alimento mais eficaz, enquanto que nos machos dos tubarões e das raias, de-
senvolve-se um par de órgãos copulatórios. A posição relativa entre as barbatanas pei-
torais e pélvicas varia, sendo que existe uma tendência das barbatanas pélvicas se
moverem rostralmente nos peixes mais recentes, enquanto nos peixes primitivos as
barbatanas pélvicas localizam-se, geralmente, na parte posterior e ventral do corpo,
logo à frente da barbatana anal.

Barbatana dorsal:
colocada na linha média dorsal do corpo, pode apresentar diversos formatos: única
(com raios moles), dupla (primeira com espinhos e segunda com raios moles), dupla
contínua (primeira com espinhos e segunda com espinhos e raios) ou tripla. A função
primordial desta barbatana é dar estabilidade, podendo mostra-se modificada por ter
ligação a glândulas venenosas. Nas raias, a barbatana dorsal pode estar ausente ou ru-
dimentar.

Barbatana anal:
colocada na linha média inferior do corpo, posteriormente à abertura anal, mostra-se
alongada nos linguados para auxiliar a enterrar estes peixes na areia. Algumas espécies
apresentam a barbatana anal modificada num órgão copulatório, o gonopódio, que é
usado para o transporte de espermatozoides.

Barbatana caudal:

Pode ter aspeto de:


• Protocerca- peixes primitivos; quando os raios esqueléticos se estendem
quase até o final do corpo (peixes primitivos, p.ex. lampreias);

157
• Heterocercas- quando os lobos superior e inferior são desiguais, e a coluna
vertebral se estende para o ramo superior da barbatana caudal (esturjões, tu-
barões e raias);
• Homocerca- quando os lobos são iguais e os raios se distribuem simetrica-
mente (presente em peixes mais evoluídos e típica dos peixes ósseos);
• Leptocerca- derivaram das protocercas. Com o eixo vertebral a terminar perto
da extremidade caudal da barbatana que tem um formato triangular (peixes
pulmonados e vários peixes anguiliformes).

Nota: Na sebenta também é referido outro tipo de barbatana:


Dificerca- quando os lobos não são iguais e os raios não se continuam pelos
lobos.

Barbatana adiposa

Músculos:

Estão organizados em miómeros separados por miosseptos;


São 4 massas longitudinais de cada lado do corpo;

2 dorsais 2 ventrais

M. espinhoso dorsal e M. sacrolombar e


M. longo dorsal M. abdominal

No sulco superficial que se forma entre as massas musculares referidas (diedral), em


ambas as faces laterais do corpo, encontra-se o músculo vermelho cutâneo de VOGT.

M. Espinhoso dorsal

M. Longo dorsal
M. Sacrolombar
158
M. Abdominal
Escamas

ctenoides

Escamas
cicloides

Quando tiramos as escamas ctenoides, por baixo, na linha média do corpo do peixe,
existe uma zona mais escura (acastanhada) que não se assemelha aos músculos normais dos
peixes (que são brancos, excetuando os salmonídeos). Essa zona, é o músculo de VOGT que é
muito importante do ponto de vista sensorial.

Tem pequenos poros à superfície que vão informar o animal da osmolaridade e da tempera-
tura da água, que excitam células sensitivas que informam o peixe se deve ir para a superfície,
para as zonas mais profundas, ou se deve procurar correntes.

Diferenças face aos mamíferos:


• Não apresentam tendões;
• São todos paralelos ao eixo maior do peixe;
• Todos os músculos são brancos.

À exceção do músculo vermelho de VOGT devido ao alto


teor de lípidos (pode conduzir ao aparecimento do
ranço). Caso particular dos salmonídeos (ingestão de ca-
rotenos).

159
Nota:

Conseguimos identificar se um peixe está fresco através do/s (da/s):

• Olhos- não devem ser côncavos;


• Guelras- vermelhas e cheiro natural;
• Escamas- em boa conservação, sem cair;
• Rigor mortis- se o peixe estiver mole, quer dizer que o rigor mortis já passou e já está
morto pelo menos há 24h;
• Sabor do VOGT (sabor a ranço se não estiver fresco).

Por isso é que muitas vezes são

retiradas as zonas 4 e a zona do


VOGT

DENTES, BARBILHÕES, OLHOS, TEGUMENTO E SISTEMA REPRODUTOR NÃO FORAM FALADOS


EM AULA, ESTÃO NA SEBENTA DOS PROFESSORES (P.124, 125 E 130- PROPEDÊUTICA ANATÓ-
MICA 2015)

Órgãos elétricos:
Resultam de transformação muscular, tendo funções de caça e defesa;
Isolados em estojos e são dependentes de nervos centrais. Portanto sempre que um
animal faz uma descarga elétrica é uma ação consciente;
Exemplos:
• Enguia elétrica (rios da América do Sul, 600V);
• Peixe-gato (rios de África Tropical, 300V);
• Raia (500V).

160
Aparelho digestivo:

É composto por boca, faringe, esófago, estômago, fígado e intestino. A boca pode ser
inferior (peixes cartilaginosos) ou anterior (peixes ósseos);

Não existem glândulas salivares;

O estômago pode continuar-se por 1 ou mais cecos (fundo de saco – a vermelho);

O fígado é muito volumoso, pode apresentar vesícula biliar e é magro nos peixes de
carne gorda e vice-versa;

O tubo digestivo apresenta uma dilatação (bexiga gasosa/natatória).

É graças a ela que o peixe conse-


gue controlar a profundidade a
que anda, dependendo da quanti-
dade de gás produzido, o que é
controlado pelo animal

Na região da faringe abrem-se as fendas branquiais (5-7 pares). O intestino pode ter-
minar sob a forma de cloaca, ou seja, comum com o sistema reprodutor e aparelho
urinário, (nos peixes cartilagíneos) ou de ânus (peixes ósseos);

O rim é uma estrutura alongada e escura que, tal como nos mamíferos, se situa junto à
coluna, podendo haver um ou dois no caso dos peixes;

Os peixes cartilagíneos possuem no intestino uma estrutura que permite maior super-
fície de absorção do alimento, chamada prega helicoidal ou válvula espiral, enquanto
os peixes ósseos apresentam cecos pilóricos.

161
Aparelho respiratório:
Independentemente do peixe, a água entra pela boca e sai pelas brânquias permitindo
que o sangue aí presente fique oxigenado e liberte dióxido de carbono;

Existem duas modalidades:


• Brânquias que se abrem no exterior pelo opérculo:

O coração expulsa o sangue venoso que vai aos arcos branquiais, ficando oxigenado. De se-
guida é coletado através da aorta dorsal que o leva aos órgãos

• Pulmões nos Pneumobrânquios:

Atualmente, poucas espécies de peixes apresentam pulmões em vez de brânquias e acredita-


se que este tipo de respiração foi desenvolvido pelos peixes ósseos que viviam em água doce
pobre em oxigénio, como mecanismo auxiliar à respiração branquial.

Sistema circulatório:
Os peixes apresentam um sistema circulatório fechado, formado por artérias, veias,
capilares e um coração com duas câmaras (um átrio e um ventrículo).
Coração apresenta 4 cavidades:
• seio venoso (colhe o sangue venoso que vem das vísceras);
• aurícula (recolhe o sangue do seio venoso);
• ventrículo (contém o sangue vindo da aurícula)

162
• bulbo arterial (expulsa o sangue venoso em direção ao tronco aórtico que se
ramifica nos arcos aórticos, sendo depois conduzido até as brânquias, onde é
oxigenado e doravante chamado de sangue arterial);

. De seguida é conduzido por artérias até às diferentes vísceras, onde se torna venoso, retor-
nando de seguida ao coração, ao seio venoso e, posteriormente, à aurícula.

Sangue em circulação é 2 a 3% do peso vivo, estando 30 a 40% nos músculos.

Aparelho urinário:
O aparelho excretor regula a quantidade de água e de sais no corpo e é responsá-
vel pela eliminação dos resíduos tóxicos do metabolismo.

Os órgãos excretores dos peixes são dois rins:


• Muito alongados, de coloração acastanhada;
• Sempre colocados na abóbada da cavidade visceral, dorsalmente, por cima da
bexiga natatória;
• Nos teleósteos é um órgão ímpar;

163
• Existe uma ligeira alteração nos rins dos peixes de rio que têm de captar muito
mais os eletrólitos e, portanto, precisam de ter rins muito mais funcionais no
que toca à captação de eletrólitos do que os peixes de mar;

Enquanto que nos peixes ósseos, a urina é conduzida ao exterior através de dois ure-
teres que se abrem num poro localizado perto do ânus (poro anal), nos peixes cartila-
gíneos, os ureteres abrem-se na cloaca que também recebe a abertura do intestino e
do sistema reprodutor.

A remoção dos resíduos nitrogenados do sangue é realizada através da urina. O princi-


pal metabolito azotado é a amónia, mas também pode ser a ureia.

Salienta-se, no entanto, que a maior parte dos resíduos metabólicos é eliminada pelas
brânquias.

Sistema nervoso:

Os peixes apresentam um sistema nervoso bem desenvolvido, semelhante aos ou-


tros vertebrados. O encéfalo apresenta regiões bem diferenciadas, cujo tamanho e complexi-
dade estão relacionados com o ambiente onde determinada espécie vive.

O cérebro é muito pequeno relativamente ao corpo (15% face aos mamíferos e aves);

164
Os lobos óticos são muito desenvolvidos, assim como os olfativos;

O cerebelo geralmente é muito desenvolvido (equilíbrio);

A medula espinhal é extremamente curta.

A medula espinhal é a porção do sistema nervoso central que se mostra protegida


pela coluna vertebral e da qual partem os nervos que controlam a ação dos músculos e onde
chegam as informações captadas pelos órgãos dos sentidos.

Órgãos dos sentidos:

Tato:

• muito desenvolvido (barbatanas e apêndices) e órgão da linha lateral (músculo


vermelho de VOGT).

165
• Nos peixes ósseos, cada escama que se coloca sobre a linha lateral é perfurada
de forma a contactar com o ambiente, contactando de seguida com o músculo
vermelho de VOGT, através de estruturas sensoriais microscópicas, que é ca-
paz de detetar variações na osmolaridade e de pressão, pH e temperatura da
água. De salientar que os peixes também podem detetar vibrações através dos
seus ouvidos, que não se abrem no exterior.

Sentido gustativo:

Não existem papilas gustativas.


Visão:

É um sentido pouco apurado nos peixes. É possível observar que


estes animais têm dificuldades de visão quando apagamos as
lâmpadas do aquário. O olho é tanto maior quanto maior a
profundidade.
Sentido auditivo:

A audição é o sentido mais apurado nos peixes. Os peixes ou-


vem facilmente a grandes distâncias uma vez que a água é
um excelente condutor de som. Juntamente com o órgão da
linha lateral, a perceção espacial do som é melhorada.
Olfato:

Uma vez que a propagação de cheiros na água é mais lenta que no


ar, os peixes não desenvolveram muito as suas capacidades olfati-
vas. Apresentam aberturas nasais que se colocam entre a boca e os
olhos, protegidas por umas válvulas que regulam a entrada e saída
de água.

166
AULA 10: (não está na sebenta)

Sistema linfático

Linfonodos (nomina anatómica veterinária) = Gânglios linfáticos (nomina anatómica humana)


Os linfonodos têm no seu interior células que são responsáveis por fazerem um crivo
aos possíveis agentes patogénicos que possam existir.

Durante a circulação sanguínea cerca de 90% do volume do sangue retorna das redes
capilares (porção venosa) para o coração.

Os restantes 10 % formam a LINFA que entra nos vasos linfáticos como linfa circulante,
formando o sistema linfático impedindo a acumulação e retenção de líquido no inte-
rior do organismo.

O sistema de vasos que conduz a linfa recebe a designação de SISTEMA LINFÁTICO.

Normalmente, 50% da quantidade de líquido do corpo localiza-se na célula, 40% está


no interstício, 5%, nos vasos e os outros 5% faz parte da composição dos ossos.

Essa distribuição dos líquidos intersticial e vascular é mantida devido à existência de uma hi-
drodinâmica entre esses meios, que mantêm uma troca equilibrada desses líquidos.

167
No capilar, existem dois tipos de porções:

O movimento do líquido do sistema intravascular para o interstício ocorre, em grande parte,


devido à ação da pressão hidrostática do sangue que se refere à força exercida pelo fluído
dentro dos capilares. O seu retorno do interstício para o vaso se dá, principalmente, às custas
da pressão oncótica sanguínea que se refere à força exercida pela albumina e outras proteí-
nas.

A interação entre as duas pressões é descrita pelo Princípio de Starling

Na porção inicial (porção arterial) a pressão hidrostática é maior do que a pressão on-
cótica, havendo saída de líquido para o exterior do capilar.

Já na porção venosa a pressão oncótica é maior, devido à saída de líquido, o que pro-
voca o seu regresso ao vaso

Durante essa dinâmica, fica uma certa quantidade de líquido residual nos interstícios.
Esse líquido é drenado pelos vasos linfáticos, retornando depois para o sistema vascu-
lar.

Mas este mecanismo não é totalmente eficaz, então é necessário o sistema linfático.

168
EDEMAS:

É o acúmulo anormal de líquidos no espaço intercelular, provocando


um "encharcamento" do tecido conjuntivo. Ocorre quando há desigualdade entre o volume
de líquido filtrado do sangue e o volume do líquido absorvido pelos capilares linfáticos, devido
a défices da circulação linfática. No caso da figura abaixo, há um desequilíbrio entre A e B, o
que justamente provoca o edema.

LINFEDEMA

Também causa inchaço anormal, especialmente nos membros (embora


possa ocorrer na face, pescoço e abdómen). Ocorre se o sistema linfático está lesionado ou
subdesenvolvido de alguma forma

ELEFANTÍASE

A infeção dos vasos linfáticos causa um endurecimento da pele e hipertro-


fia dos tecidos abaixo da pele, especialmente nas pernas e órgãos genitais

Os vasos linfáticos originam-se em quase todos os tecidos, a partir de capilares linfáti-


cos.

169
Estes vasos são fechados num dos topos e por isso chamados “em dedo de luva”.

A linfa produzida no líquido intersticial penetra estes capilares, tornando-se linfa cir-
culante. Em termos simples a linfa corresponde ao líquido intersticial que não é levado
pela circulação de retorno e é então levado pelos vasos linfáticos, primeiro capilares e
progressivamente vasos de maior calibre, até formarem os troncos linfáticos que se
dirigem para grandes vasos que afluem ao coração.

Fatores intrínsecos do fluxo linfático


O fluxo da linfa ocorre de acordo com contrações rítmicas ao longo dos vasos coleto-
res e pré-coletores os quais são constituídos por músculo liso.

A propulsão da linfa é determinada pelos seguintes mecanismos:


• dilatação das paredes;
• fechamento e abertura da válvula;
• fluxo linfático

O endotélio dos vasos linfáticos é mais permeável do que o endotélio vascular, apre-
sentando menor absorção seletiva e funcionando principalmente na remoção das
proteínas do plasma que foram filtradas através dos capilares para dentro dos espa-
ços teciduais.

170
Nas vilosidades intestinais iniciam-se capilares linfáticos especiais, chamados vasos
quilíferos, que afluem à chamada cisterna do quilo, situada no início da área lombar,
que transporta uma linfa rica em lípidos, que ao serem conduzidos à grande circulação
sem passarem pelo fígado não sofrem a ação deste último.

Fatores extrínsecos do fluxo linfático

O coração periférico de Barrow e o efeito vis a tergo (FORÇA VINDA DE TRÁS);

pelo qual uma coluna de linfa num vaso linfático é impulsionada pela linfa que vai
sendo libertada pelos tecidos e que, entrando no sistema circulatório linfático, tende a
deslocar a linfa já lá existente no único sentido possível . O retorno venoso, nestes ca-
sos, se deve à pressão arterial, que empurra o sangue de volta (“vis a tergo”)

Associado aos movimentos dos músculos (bomba muscular


diafragmática), e pela pressão negativa torácica, causada pela
respiração (“vis a frontis”).

Alterações térmicas. - compressão externa dos tecidos (vis a


latere);

Gradiente de pressão entre os espaços intersticiais e os vasos


linfáticos;

171
Contractilidade dos vasos linfáticos- respiração e pressões intratorácicas

Os vasos linfáticos realizam contrações rítmicas as quais dependem dos movimentos


respiratórios e da pulsação arterial. A linfa é conduzida na direção centrípeta, e
quanto maior é a contração ao redor dos vasos, maior será a propulsão da linfa.

Os movimentos respiratórios promovem uma ação rítmica e contínua no fluxo linfático


24 horas por dia. Ao inspirarmos ocorre um aumento no volume pulmonar. Entre os
pulmões existe um vaso linfático, chamado ducto torácico, que durante essa fase da
respiração é comprimido. Essa compressão impulsiona a linfa no sentido centrípeto.

Grandes ductos linfáticos


Ducto torácico

Origina-se dextro-dorsal à aorta, terminando perto do coração, na


veia cava cefálica ou numa das veias afluentes desta. É o maior ducto linfático e o mais impor-
tante, visto que a maior parte da linfa é aqui drenada

Ducto linfático direito

Recebe a linfa do membro torácico direito, regiões costal e axi-


lar superficiais direitas e da metade do diafragma. Como o tronco traqueal desagua neste
acaba por receber também a linfa das metades direita da cabeça e pescoço. Desagua na jugu-
lar direita ou na veia cava torácica. Pode estar ausente.

172
Troncos traqueais

Existem dois, o esquerdo e o direito. Situam-se de um e outro lado


da traqueia e recebem a linfa da metade do pescoço, cabeça e parte da parede costal do lado
respetivo. O tronco traqueal esquerdo aflui geralmente ao ducto torácico e o direito ao ducto
linfático direito.

Cisterna do quilo

Câmara linfática colocada dorsalmente à aorta abdominal. A esta


cisterna afluem o tronco visceral, ou quando este não existe, o tronco celíaco e o tronco in-
testinal. Na cisterna do quilo inicia-se o ducto torácico.

Troncos lombares

Existem dois, o esquerdo e o direito. Coletam a linfa oriunda do


respetivo membro pélvico e da bacia, das vísceras pélvicas e da cavidade abdominal.

Tronco visceral

Normalmente ímpar. Resulta da confluência do tronco celíaco e do


intestinal.

173
Tronco celíaco

Recebe a linfa do centro celíaco e resulta da confluência dos troncos


gástrico e hepático. Aflui ao tronco visceral ou à cisterna do quilo.

Tronco gástrico

Recebe a linfa dos linfonodos gástricos e aflui ao tronco celíaco ou


diretamente à cisterna do quilo (ruminantes).

Tronco hepático

A linfa deste tronco provém dos linfonodos hepáticos e no caso do


boi dos linfonodos hepáticos acessórios que estão presentes nesta espécie. Aflui à cisterna do
quilo ou ao tronco celíaco.

Tronco intestinal

Resulta da confluência do tronco jejunal e do tronco cólico e re-


cebe a linfa do centro mesentérico cranial. Pode afluir ao tronco visceral (porco, cão e gato)
ou à cisterna do quilo (cavalo).

Tronco cólico

A linfa deste tronco provém do cólon através dos linfonodos cóli-


cos. Aflui ao tronco intestinal, mas nos bovinos pode afluir ao tronco visceral.

Tronco jejunal

Recebe a linfa dos linfonodos jejunais e aflui ao tronco intestinal.

174
Resumindo:

Linfonodos

Os linfonodos são órgãos totalmente intercalados no sistema circulatório linfático, re-


cebendo vasos linfáticos aferentes e emitindo vasos linfáticos eferentes.

O volume dos linfonodos pode variar desde o tamanho de uma pequena semente até
ao de uma noz, alguns por serem achatados, são também de maior comprimento.

Os vasos linfáticos aferentes entram nos linfonodos através da periferia do órgão, ex-
ceto no Porco, em que entram pelo hilo. Os vasos linfáticos eferentes saem dos linfo-
nodos pelo hilo, exceto no Porco, em que saem pela periferia do linfonodo.

175
Dada a variabilidade do sistema linfático, há linfonodos que existem a título constante
em todos os indivíduos duma dada espécie doméstica, enquanto que outros existem
ou podem estar ausentes conforme o indivíduo considerado.

LINFOCENTROS

Denomina-se linfocentro um grupo de linfonodos constantes (ou mesmo um único


linfonodo maior) que recebem toda a linfa coletada duma dada região bem definida
do corpo do animal.

Linfocentros da cabeça

Linfonodo parotídeo (amarelo)

Os seus vasos linfáticos aferentes drenam a metade dorsal da ca-


beça, a orbita e a musculatura da mastigação.

176
Linfonodo mandibular (azul)

Os seus vasos linfáticos aferentes drenam a cavidade oral (inclu-


indo a língua e os dentes), Glândulas salivares, Musculatura da mastigação e espaço inter-
mandibular.

Linfonodo retrofaríngeo (verde- medial e vermelho - lateral)

Os seus vasos linfáticos aferentes drenam a Faringe, Laringe,


Parte cranial da Traqueia e esófago e os seus vasos linfáticos eferentes passam para o tronco
traqueal

Linfocentros do pescoço

Linfonodo cervical superficial (verde)

Os seus vasos aferentes drenam: a Pele, as estruturas próxi-


mas da região cervical, do tórax e da parte proximal do membro torácico. Os seus vasos efe-
rentes passam para os linfonodos cervicais profundos caudais ( Linfocentro profundo).

Linfonodo cervical profundo (vermelho)

Os seus vasos aferentes drenam: Traqueia, Esôfago, Timo,


Glândula tireóidea e os seus vasos eferentes drenam na veia cava cranial.

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Linfocentro axilar

Os seus vasos aferentes drenam:

• As estruturas do membro torácico.

• Glândulas Mamárias da região torácica.

Linfocentro do tórax

Paredes torácicas

Linfocentro torácico dorsal Linfocentro torácico ventral

Os seus vasos aferentes drenam o


Os seus vasos aferentes drenam a
teto do tórax. São dois grupos:
parte ventral da parede torácica.
Linfonodos intercostais e linfono-
Envia os seus ramos eferentes
dos aorticotorácicos. Envia os
para o ducto torácico ou para os
seus vasos aferentes para o ducto
linfonodos mediastinais
torácico

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Interior da cavidade torácica

Linfocentro mediastinal Linfocentro bronquial

Drenam os órgãos no interior do Os seus vasos aferentes drenam


mediastino incluindo o coração, a os pulmões
traqueia, o esôfago e o timo.

Linfocentro da cavidade abdominal

Linfocentro mesentérico Linfocentro lombar Linfocentro celíaco Linfocentro mesentérico


cranial caudal

Os vasos linfáticos aferen-


Os vasos linfáticos afe-
tes drenam: Estômago,
rentes drenam o teto Os seus vasos aferentes
Os vasos aferentes dre- Baço. Pâncreas, Duodeno
abdominal. Envia seus drenam o cólon descen-
nam: Intestino delgado, Cranial
vasos eferentes para a dente.
Intestino grosso até o
cisterna do quilo Os vasos eferentes formam
cólon transverso. Os seus vasos eferentes
o tronco linfático celíaco
Os seus vasos eferentes formam o tronco me-
Raiz da cisterna do quilo sentérico caudal que se
convergem para formar
o tronco mesentérico abre na cisterna do
cranial que se une com quilo.
troco mesentérico cau-
dal no tronco intestinal.

179
Linfocentro poplíteo

Os seus vasos aferentes drenam a parte distal do M. Pélvico

Direciona seu fluxo eferente para o centro ilíaco medial.

Linfocentro inguinofemoral

Seus vasos aferentes drenam a parede corporal e a coxa. Os seus vasos eferentes drenam para
os linfonodos ilíacos mediais.

No Gato - Recebe vasos linfáticos eferentes dos linfonodos inguinais superficiais.

TONSILAS
ÓRGÃOS LINFÓIDES SECUNDÁRIOS
Tonsilas (nomina anatómica veterinária) = Amígdalas (nomina anatómica humana)

As tonsilas dos mamíferos são órgãos linfáticos secundários que são constituídos por
aglomerados de tecido linfóide localizados abaixo do epitélio da boca e da faringe.

Ao contrário dos linfonodos, as tonsilas não ficam no trajeto de vasos linfáticos.

Existe um reduzido grupo de tonsilas em plena cavidade bucal (tonsilas sublinguais


esquerda e direita).

As restantes tonsilas vão guarnecer todos os óstios da faringe (exceto, nos Mamíferos
que nos interessam, o óstio esofágico.).

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São distinguíveis a tonsila faríngea (adenóide), as tonsilas palatinas e as linguais e as
tonsilas tubáricas que em conjunto recebem a designação de ANEL LINFÁTICO DE
WALDEYER.

BAÇO

Situado na cavidade abdominal, abaixo da hemicúpula diafragmática esquerda.

Tem importante função imunológica de produção de anticorpos e proliferação de lin-


fócitos ativados, protegendo contra infeções e a esplenectomia (cirurgia de retirada do
baço) determina capacidade reduzida na defesa contra alguns tipos de infeção.

É um órgão extremamente frágil, sendo muito suscetível à rutura, em casos de trauma.

Por outro lado, em situações de infeção crónica pode ocorrer o seu aumento a que se
dá o nome de esplenomegélia.

O órgão caracteriza-se por duas funções: a linfoide e a vascular, formando a polpa


branca ou polpa lienal que é composta por folículos linfáticos, circundados pela
polpa vermelha.

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A polpa branca faz parte do sistema de defesa (sistema imune) e a polpa vermelha
remove os materiais inúteis do sangue (eritrócitos defeituosos muito velhos são inca-
pazes de negociar a sua passagem da polpa vermelha para os capilares ficando retidos
no baço e destruídos).

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