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1.

Introdução
Lei de Faraday
A Lei da indução eletromagnética de Faraday, que é uma das equações
básicas do eletromagnetismo, é diferente pois existe um certo número de
experiências das quais ela pode ser, e foi, deduzida diretamente. Estas
experiências foram realizadas na Inglaterra em 1831 por Michael Faraday, e
nos Estados Unidos, mais ou menos na mesma época, por Joseph Henry.
Faraday observou que com o movimento de um ímã próximo a uma bobina,
este faria aparecer uma corrente induzida sobre a bobina, e sua presença é
devida à existência de uma força eletromotriz induzida. Observou também que
com a aproximação de uma bobina ligada a uma bateria a outra bobina
desligada, passaria por esta uma corrente induzida também devido a existência
de uma força eletromotriz induzida.
A Lei da indução de Faraday nos diz que a força eletromotriz () induzida num
circuito é igual a taxa de variação do fluxo através do circuito com o sinal
trocado. Se esta taxa de variação é dada em Webers/segundo, a f.e.m. () será
expressa em Volts. A equação correspondente é:

d d 
E
dt

dt  B.nˆds
s

que é chamada de lei da indução de Faraday. O sinal negativo se refere ao


sentido da força eletromotriz induzida.
Assim para Faraday “Sempre que houver variação do fluxo magnético através
de uma espira, surgirá nesta espira uma força eletromotriz induzida “

Lei de Lenz
Para se obter o sentido da força eletromotrizes induzidas, ainda que isso
se possa ser feito através de uma analise formal da Lei de Faraday, vamos
utilizar o principio da conservação de energia, o qual, neste caso, toma a
forma da chamada Lei de Lenz, deduzida por Heinrich Friedrich Lenz em 1834:
A corrente induzida surgirá com um sentido tal que se oporá à variação que a
produziu.
Assim para a Lei de Faraday e Lenz temos que:
“Sempre que houver variação do fluxo magnético através de um circuito surgirá
neste uma força eletromotriz induzida. Se o circuito for fechado circulará uma
corrente induzida cujo sentido será tal que tenderá a se opor às variações que
lhe deu origem.”

2. Objetivos
Os objetivos do experimento realizado são os seguintes:
- Verificar o efeito de indução eletromagnética (indução de força eletromotriz
induzida, f.e.m.) pela variação de fluxo magnético: f.e.m induzida pelo
movimento relativo de um imã e devida à variação de uma corrente com o
tempo.
- Determinar o sentido da corrente induzida usando a “Lei” de Lenz.

3. Material Utilizado
 Fonte de tensão/corrente contínua;
 Multímetros (2);
 Transformador variador de voltagem;
 Galvanômetro;
 Resistor (22 [Ω]) e chave;
 Ímãs;
 Bobinas de 400, 600, 1200, 1600 e 20000 espiras;
 Núcleos de ferro de vários formatos;
 Peças de alumínio em diversos formatos e tamanhos;
 Anéis de alumínio;
 Suporte para anel com fio isolante;
 Pêndulo;
 Sapatas;
 Suportes, cabos e placa de conexão;

4. Procedimento Experimental

Arranjo Experimental:

4.1.1. Parte A: Força eletromotriz induzida devido ao movimento de um ímã.


Inicialmente, conectou-se ao galvanômetro uma bobina de 1600 espiras,
deixando esta longe do galvanômetro. Aproximando o pólo norte do ímã a
bobina observamos que o ponteiro do galvanômetro se deslocou para a
esquerda, e ao retirarmos o ímã o ponteiro se deslocou para à direita.
Invertendo-se o pólo do ímã observa-se que o comportamento do ponteiro do
galvanômetro foi contrário.
Galvanômetro Bobina

N S

ímã

Esquema 1: Força eletromotriz induzida devido ao movimento de um ímã.

Tabela 1: Deflexão observada no Galvanômetro.


Movimento\Pólo Norte Sul
Aproximação Direita Esquerda
Afastamento Esquerda Direita

4.1.2. Parte B: Força eletromotriz induzida devido à variação da corrente


elétrica.
Em série com o resistor ligou-se uma chave e a bobina de 400 espiras a
Fonte (circuito primário), a bobina de 1600 espiras ao voltímetro e acoplou-se
magneticamente através de núcleo de ferro em forma de “U” (circuito
secundário), como está representado no esquema 2.

Esquema 2: Circuito para observação da força eletromotriz induzida devido a uma variação de
corrente

Onde:
R : Resistor de 22 [];
C : Chave;
E : Tensão, da fonte ou do varivolt;
P : Bobina de 400 espiras;
S : Bobina de 1600 espiras;
V : Multímetro na posição de voltímetro;
Aplicamos uma tensão de 20 V c.c. ao primário e ao fecharmos a chave do
circuito observou-se no voltímetro que o ponteiro do mesmo moveu-se para o
lado positivo e logo após retornou ao zero. Ao abrirmos a chave o ponteiro
comportou-se ao contrário, movendo-se para o lado negativo.
Trocou-se a bobina de 1600 espiras pela de 20000 espiras e repetiu-se a
experiência anterior. Observando que o resultado foi exatamente igual com
uma pequena diferença, onde o ponteiro moveu-se com uma amplitude maior.

4.1.3. Parte C: Lei de Lenz.


Primeiramente, atraiu-se um ímã de uma peça de alumínio e verificou-se
que este não foi atraído pelo ímã.
Em seguida passou-se pelo anel de alumínio suspenso pelo fio isolante um
conjunto de dois núcleos de ferro introduzido numa bobina de 600 espiras, na
horizontal, ficando à cerca de 0,5 [cm] da bobina. Aplicou-se uma tensão de
20V à bobina em série com uma chave. Ao fecharmos a chave verificou-se que
o anel de alumínio sofreu um impulso deslocando-se no sentido da bobina. Ao
se desligar a chave, o anel sofreu um impulso no sentido contrário. A
montagem que foi feita pode ser vista no esquema 3.

Anel de alumínio
Bobina de 600 espiras

0,5 cm

Chave

Fonte estabilizada

Esquema 3: Referente à Lei de Lenz

4.1.4. Parte D: Anel de Thompson.


Agora com um conjunto de dois núcleos de ferro introduzidos numa
bobina de 1200 espiras, na vertical, passou-se com o anel de alumínio sobre os
núcleo de ferro, conforme podemos observar no esquema 4. Aplicando-se uma
tensão de 110V sobre a bobina observou-se que o anel sofreu um impulso para
cima. Ao trocarmos por a bobina por uma de 600 espiras verificou-se que a
força de impulsão foi ainda maior que a anterior. Verificou-se também que o
anel de alumínio sofre um aumento de temperatura.
Núcleos de ferro

Anel de alumínio

110 V c.a.

Bobina de (600+600) espiras

Esquema 4: Anel sob ação de fluxo

4.1.5. Parte E: Correntes de Foucault: frenagem eletromagnética.


Montou-se um conjunto com duas bobinas de 1200 espiras em um
núcleo em forma de “U” e aplicou-se uma tensão de 22V em série com uma
chave, com um pêndulo sobre duas sapatas de ferro, como mostra o esquema
5.

Esquema 5: Circuito para montagem do frenagem eletromagnético

Acoplou-se varias peças de alumínio ao pêndulo e deixou-se oscilar entre as


sapatas com condições iniciais semelhantes, para que se pudesse comparar os
tempos de frenagem. Em seguida cronometrou-se o tempo de frenagem com o
cronômetro, a partir do momento em que se fechou a chave. Observou-se que
o tempo de frenagem é diretamente proporcional ao fato de a superfície ser
contínua ou não. Os valores em segundos estão expressos na tabela 2.

Tabela 2: Tempo de frenagem das peças de alumínio.


Peça Tempo de frenagem / Tempo de frenagem /
Chave desligada [s] Chave ligada [s]
Disco 36,35 01,96
Chapa Retangular 35,69 02,54
Anel 29,40 05,75
Anel Aberto 39,60 13,31
Chapa Retangular
34,97 18,62
Dentada

5. Análise de Dados
Na parte A da experiência ao aproximar um dos pólos da bobina houve
uma variação do fluxo do campo magnético produzindo assim uma corrente
induzida que promoveu a oscilação do ponteiro do galvanômetro com uma
certa intensidade em um determinado sentido, e ao afastar o pólo o mesmo
pôde-se observar porém o ponteiro do galvanômetro oscila no sentido contrário
ao anterior.
Quando se inverte os pólos o fenômeno observado é o mesmo, porém o
sentido de oscilação do ponteiro do galvanômetro para aproximação e
afastamento se inverte com o observado para o pólo oposto.

5.1. Análise da Aplicação das Leis de Faraday e de Lenz

5.1.1. Para corrente contínua (Parte B):


Com a chave C aberta não há corrente circulando no primário e
consequentemente não há fluxo circulando no núcleo de ferro.
Ao fechar a chave C circula corrente no circuito do primário. Com uma variação
de tempo é gerado um fluxo magnético pela bobina.
Durante esta variação de tempo o fluxo variou e o ponteiro do voltímetro
deflexionou-se comprovando a seguinte lei:

isto é, a Lei de Faraday e de Lenz, que diz que quando há variação de fluxo no
interior de uma bobina aberta, surge nos terminais da mesma uma d.d.p.
Ao abrir a chave C o fluxo produzido pela bobina do primário cessa e
obedecendo a Lei , a bobina do secundário tende a manter o fluxo no núcleo.
Tal fato verifica-se pela deflexão do ponteiro do voltímetro no sentido oposto.
Ao substituir a bobina por uma de maior número de espiras houve apenas um
aumento da d.d.p. nos terminais da bobina do secundário, ou seja, aumentando
Ns tem-se que:
sendo Ns1<Ns2, logo e2>e1.

5.1.2. Para corrente alternada (Parte B):


Como a corrente é alternada, o fluxo também é alternado e
consequentemente na bobina do secundário surge uma d.d.p. também
alternada de mesma freqüência da corrente.

5.1.3. Parte C:
Neste caso tem-se que o anel é uma bobina de uma espira em curto e é
colocado em seu interior um núcleo de ferro.
Ao fechar-se a chave, o fluxo no interior do núcleo varia num curto espaço de
tempo tornando-se constante num instante posterior.
Estando o fluxo constante no núcleo, este se torna um eletroimã com pólos
norte-sul constantes.
Durante o instante em que o fluxo no núcleo varia até atingir um valor
constante, circula uma corrente no anel. Tal corrente produz um campo
magnético no interior do anel surgindo assim os pólos norte e sul neste. Como
os pólos N-S no anel e N-S do núcleo são opostos, durante o instante que o
fluxo no núcleo de ferro varia, o anel se desloca e retorna a posição inicial no
momento em que o fluxo torna-se constante. O anel retorna a posição inicial
pois a corrente que circulava no seu interior cessa no momento em que o fluxo
se torna constante fazendo assim desaparecer o campo magnético em torna do
anel e conseqüentemente seus pólos norte e sul.
Quando a chave é aberta observa-se os mesmos efeitos descritos acima,
porém com deslocamento do anel em sentido oposto, sendo que o fluxo varia
de um valor até zero.
6. Conclusão
Neste estudo foram analisadas a Lei de Faraday, a Lei de Lenz, anel de
Thompson e correntes de Foucault.
Revendo o procedimento experimental e a análise e discussão dos
dados, enumeramos aqui pontos importantes observados que devem ser
frisados para uma boa memorização das leis estudas:
- É possível obter corrente em um circuito, desde que exista um movimento
relativo entre uma bobina e um imã, isto é, um campo magnético variável;
- Dada uma corrente induzida, a f.e.m. induzida é diretamente proporcional à
taxa temporal de variação do fluxo magnético através do circuito;
- A polaridade da f.e.m. induzida é tal, que ela tende a provocar uma corrente
que irá gerar um fluxo magnético que se opõe à variação do fluxo magnético
original através do circuito;
- Condutores que se movem através de campos magnéticos são propícios à
formação de correntes de Foucault, que polarizando magneticamente os lados
do condutor, dificultam bruscamente o movimento do condutor no campo
magnético.
Focados nos pontos importantes e cientes do experimento realizado, encerra-
se os comentários dando como satisfatório e terminado o estudo.

7. Bibliografia
HALLIDAY, D., RESNICK, R. e WALKER, J., Eletromagnetismo, 4 a Ed., Livros
Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro (1997);

CHAVES, A., Física vol.2 – Eletromagnetismo, 1 a Ed., Reichmann & Affonso


Editores, Rio de Janeiro (2001);

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