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NÚMEROS COMPLEXOS
UNIDADE 4 – CÁLCULO AVANÇADO COM
NÚMEROS COMPLEXOS
Autora: Érica Regina de Santana
Revisor: Heitor Barbosa Lima de Oliveira
INICIAR
Introdução
Prezado(a) estudante,
A transformação de Laplace também é conhecida como transformada de Laplace e tem sua teoria como parte
essencial da bagagem matemática de físicos, engenheiros e outros cientistas, facilitando a solução de muitos
problemas trabalhados no campo da Ciência e da Engenharia.
Segundo Spiegel (1985), o assunto originou-se em tentativas para justificar rigorosamente certas “regras
operacionais” usadas por Heaviside no final do século XIX para resolver equações na teoria eletromagnética. Essas
tentativas finalmente demonstraram seu êxito no início do século XX, através dos esforços de Bromwich, Carson,
Van der Pol e de outros matemáticos que empregaram a teoria das variáveis complexas.
Mas antes de estudarmos a transformação de Laplace, estudaremos as integrais impróprias, que serão úteis na
solução de equações diferenciais ordinárias via transformadas de Laplace.
Bons estudos!
As integrais com limites infinitos de integração são consideradas integrais impróprias do tipo I. Assim:
• Se f(x) ( #PraCegoVer: f de x) for contínua em [ a , ∞) ( #PraCegoVer: intervalo de a ao infinito fechado em a),
então:
• Se f(x) ( #PraCegoVer: f de x) for contínua em (-∞, b ], ( #PraCegoVer: intervalo de menos infinito a b, fechado
em b) então:
• Se f(x) ( #PraCegoVer: f de x) for contínua em (-∞,∞), ( #PraCegoVer: intervalo de menos infinito a infinito)
então:
em que C pode ser qualquer número real.Podemos afirmar, em todos os casos, que:
Se o limite é finito , dizemos que a integral imprópria converge e que o limite é o valor da integral imprópria;
Se f ≥ 0 ( #PraCegoVer: f for maior ou igual a zero) e a integral imprópria divergir, dizemos que a área sob a
curva é infinita.
Exemplo 1)
Verifique se a área sob a curva
Resolução: primeiramente, verificamos a área sob a curva, examinando o limite quando b→∞ ( #PraCegoVer: b
tendendo ao infinito).
Figura 2 – Protocolos utilizados nas camadas do Modelo OSI. Fonte: NETWORKING-2, 2010.
No Gráfico 1, temos a área sob a curva de uma integral imprópria. Assim, integrando por partes teremos:
VOCÊ SABIA?
A função
é a fronteira entre as integrais impróprias convergentes e divergentes impróprias com integrandos da forma
Dessa forma, a integral imprópria converge se p > 1 ( #PraCegoVer: p for maior que um) e diverge se p ≤ 1 (
#PraCegoVer: p for menor ou igual a um).
Exemplo 2)
Agora verificaremos para quais valores de p a integral
converge.
Assim:
se p > 1 ( #PraCegoVer: p for maior que um) e diverge se p < 1 ( #PraCegoVer: p for menor que um). Além disso, se
p = 1 ( #PraCegoVer: p for igual a um), a integral também diverge, já que:
Nota-se que muitas vezes não é possível calcular o valor exato de uma integral imprópria, mas podemos indagar
sobre sua convergência ou divergência. Se a integral diverge, sabemos que encontramos o que queríamos. Se ela
converge, podemos utilizar métodos convenientes para obtermos um valor aproximado.
VOCÊ SABIA?
Podemos calcular integrais impróprias convergentes usando sistemas de álgebras por computador. Esses
sistemas e softwares podem ajudar na resolução de problemas complexos ou que necessitem de resultados
mais rápidos. Podemos citar o Maple, um sistema algébrico computacional, que possui um ambiente para a
operação com expressões algébricas e símbolos, além de permitir o desenho gráfico a duas ou a três
dimensões.
As integrais de funções que se tornam infinitas em um ponto dentro do intervalo de integração são as integrais
impróprias do tipo II, de acordo com Thomas (2008):
Em todos os casos, se o limite é finito, dizemos que a integral imprópria converge e que o limite é o valor da integral
imprópria. Se o limite não existe, dizemos que a integral imprópria diverge .
Exemplo 3)
Verifique se
diverge ou converge.
Resolução: primeiramente, analisamos o integrando. Podemos dizer que ele é contínuo em [0, 1[ ou [0, 1] (
#PraCegoVer: intervalo de zero e a um, fechado em zero), mas descontínuo em x = 1 ( #PraCegoVer: x igual um) e
-
se torna infinito quando x →1 . ( #PraCegoVer: x tendendo a um negativo). Assim, temos:
Exemplo 4)
Determine
Resolução : o integrando possui uma assíntota vertical em x = 1 ( #PraCegoVer: x igual a um) e é contínuo em [0, 1[
e ]1, 3] ou [0,1] e [1, 3] ( #PraCegoVer: intervalo de zero a um, fechado em zero, e intervalo de um a três, fechado
em três). Assim:
O logaritmo natural
Resolução:
É importante lembrarmos que neste exemplo tivemos a necessidade de combinar os logaritmos na primitiva antes de
calcular o limite; caso contrário, teríamos encontrado uma forma indeterminada. Nesse sentido, a continuação da
resolução se dá com:
Sendo C ( #PraCegoVer: C R) um semicírculo de centro em (0,0) e raio de medida R . Segundo Ávila (2008),
R
podemos considerar o lema de Jordan, que estabelece condições suficientes para que esta integral tenda a zero com
R →∞ ( #PraCegoVer: R tendendo ao infinito).
» Lema de Jordan
O lema de Jordan define que, sendo r > R > 0 ( #PraCegoVer: r maior que R, e R maior que zero) e C (
R
θ
#PraCegoVer: C R) o semicírculo z = Re , 0 ≤ θ ≤ π ( #PraCegoVer: z igual a Re elevado à theta, zero menor ou
igual à theta, e theta menor ou igual a pi), suponhamos que f seja uma função regular no semiplano Im z ≥ 0 (
#PraCegoVer: Im de z maior ou igual a zero), à exceção, eventualmente, de um número finito de singularidades
isoladas. E suponhamos ainda que o máximo G de |f(z)| ( #PraCegoVer: G R do módulo de f de z) para z ∈ C (
R R
#PraCegoVer: z pertencente a CR) tenda a zero com R→∞ ( #PraCegoVer: R tendendo ao infinito). Então,
I R →0 com R →∞
# PraCegoVer : I R tende a zero com R tendendo ao infinito.
Exemplo 6)
Resolva a integral
Analisando
observamos um polo simples em z = ia ( #PraCegoVer: z igual a i a), sendo a única singularidade no semiplano
superior. Levando em conta a integral de –R a R ( R > a ) ( #PraCegoVer: menos R a R com R maior que a), seguida
da integral sobre C ( #PraCegoVer: C R) no semiplano superior, temos que:
R
Sendo
Segundo Zill (2016), se f(x,y) ( #PraCegoVer: f de x e y) for uma função de duas variáveis, então a integral definida
de f em relação a uma das variáveis define uma função de outra variável. Por exemplo, mantendo y constante,
vemos que
transforma uma função f da variável t na função F da variável s . Nesse caso, estamos particularmente interessados
em uma transformada integral, em que o intervalo de integração é [0,∞) ( #PraCegoVer: intervalo de zero ao
infinito, fechado em zero). Se f(t) for definida para t ≥ 0 ( #PraCegoVer: t maior ou igual a zero), então a integral
imprópria
Se o limite na Equação 9 existe, então dizemos que a integral existe ou é convergente; senão há limite, a integral não
existe e é divergente. O limite dessa equação, em geral, existe apenas para determinados valores da variável s .
Assim, assumiremos que s será uma variável real.
VOCÊ O CONHECE?
Pierre Simon Marquis de Laplace nasceu na França, em Beaumont-en-Auge, em 23 de março de 1749.
Destacou-se nas áreas de Física, Astronomia e Matemática, sendo o responsável por organizar a chamada
astronomia matemática, ao sumarizar e ampliar o trabalho de seus predecessores nos cinco volumes de
Mécanique Céleste ( Mecânica celeste ) (1799-1825). Esta obra-prima traduziu o estudo geométrico da
mecânica clássica usada por Isaac Newton para um estudo baseado em cálculo, conhecido como mecânica.
A função K (s, t) ( #PraCegoVer: K de s e t) na Equação 7 é chamada núcleo da transformação. A escolha K (s,t) = e
‑ st
( #PraCegoVer: K de s e t igual a e elevado a menos st) como o núcleo nos dá uma transformada integral
especialmente importante.
Assim, seja f uma função definida para t ≥ 0 ( #PraCegoVer: t maior ou igual a zero), a integral
Quando a integral definida na Equação 8 convergir, será uma função de s . Sendo assim, usaremos letras
minúsculas para denotar a função que está sendo transformada e letra maiúscula correspondente para denotar sua
transformada de Laplace. Por exemplo:
Exemplo 7)
Calcule 𝓛(1) ( #PraCegoVer: transformada de Laplace de um).
Resolução:
-sb
Quando s > 0 ( #PraCegoVer: s for maior que zero), o expoente –sb ( #PraCegoVer: menos sb) é negativo; e e
→ 0 ( #PraCegoVer: e elevado a menos sb tendendo a zero) quando b →∞ . ( #PraCegoVer: b tender ao infinito). A
integral diverge para s < 0 ( #PraCegoVer: s menor que zero).
Exemplo 8)
Determine
Resolução :
O resultado será válido para s > -3 ( #PraCegoVer: s maior que menos três) pois, para termos
precisaremos de s + 3 > 0 ( #PraCegoVer: s mais três maior que zero) ou s > -3 ( #PraCegoVer: s maior que menos
três).
Segundo Zill (2016), para uma combinação linear de funções, podemos escrever:
Sempre que ambas as integrais convergirem para s > c ( #PraCegoVer: s maior que c). Logo:
𝓛{ t n }
#PraCegoVer: Transformada de Laplace de t elevado a n.
𝓛{ e at }
#PraCegoVer: Transformada de Laplace de e elevado a a t.
𝓛{ sen kt }
#PraCegoVer: Transformada de Laplace de seno de kt.
𝓛{ cos kt }
#PraCegoVer: Transformada de Laplace de cosseno de kt.
𝓛{ senh kt }
#PraCegoVer: Transformada de Laplace de seno hiperbólico de kt.
𝓛{ cosh kt }
( #PraCegoVer : Transformada de Laplace de cosseno hiperbólico de kt)
Um ponto importante que devemos destacar é que a integral que define a transformada de Laplace não precisa
convergir obrigatoriamente. Para garantir a sua existência, f ser contínua por parte e de ordem exponencial já é o
suficiente.
Define-se que há condições suficientes para a existência, se f(t) ( #PraCegoVer: f de t) é contínua por partes no
intervalo [0, ∞) ( #PraCegoVer: intervalo de zero ao infinito, fechado em zero) e de ordem exponencial c . Assim,
então, tem-se que 𝓛 {f(t)}( #PraCegoVer: a transformada de Laplace de f de t) existe para s > c . ( #PraCegoVer: s
maior que c).
Ademais, dizemos que uma função f é de ordem exponencial c se existem constantes c , M > 0 e T > 0 (
ct
#PraCegoVer: c, M maior que zero e T maior que zero) tal que |f(t)| ≤ Me ( #PraCegoVer: o módulo de f de t é
menor ou igual a M e elevado a ct) para todo t > T ( #PraCegoVer: t maior que T).
Exemplo 9)
Calcule 𝓛{ f(t) } ( #PraCegoVer: Transformada de Laplace de f de t) para
Resolução : temos uma função contínua por partes de ordem exponencial para t > 0 ( #PraCegoVer: t maior que
zero). Como ela está definida em duas partes, a transformada de Laplace pode ser determinada pela soma de duas
integrais:
tn
#PraCegoVer: t elevado a n.
e at
#PraCegoVer: e elevado à a t.
sen kt
#PraCegoVer: seno de kt.
cos kt
#PraCegoVer: cosseno de kt.
senh kt
#PraCegoVer: seno hiperbólico de kt.
cosh kt
#PraCegoVer : cosseno hiperbólico de kt.
Exemplo 10)
Determine
n
Resolução : considerando o caso t ( #PraCegoVer: t elevado a n); adotar n + 1 = 5 ou n = 4 ( #PraCegoVer: n
mais um igual a cinco ou n igual a quatro); multiplicarmos e dividir por 4! ( #PraCegoVer: quatro fatorial), teremos:
Exemplo 11)
Determine:
2
Resolução : considerando o caso sen kt e que k = 7 , k = √7 ( #PraCegoVer: k ao quadrado é igual a sete, e k é
igual à raiz quadrada de sete), ao multiplicarmos e dividirmos √7 ( #PraCegoVer: raiz quadrada de sete), teremos:
Vale destacar que a transformada inversa de Laplace também é uma transformação linear. Dessa forma,
considerando como constantes α e β ( #PraCegoVer: alfa e beta), e F e G como as transformadas das funções f e g ,
temos:
Exemplo 12)
Determine
Resolução : para resolver a transformada inversa de Laplace, precisamos reescrevê-la como a soma de duas
expressões por meio da divisão termo a termo, e ajustar as constantes de linearidade. Assim, teremos:
4.4 Aplicações
Segundo Spiegel (1985), o uso de transformadas de Laplace proporciona uma ferramenta útil aos estudantes que
abraçarem carreiras técnicas, além de aguçar a compreensão do mundo físico, tornando possível o tratamento de
problemas não abordados nos cursos tradicionais de Mecânica. É recomendável ainda, embora não como a última
palavra, aos estudantes que buscam carreiras matemáticas, pois tem-se negligenciado, nesse setor, o conhecimento
do substrato físico, do qual a Matemática essencialmente provém.
Além disso, as propriedades da transformada de Laplace também são úteis na resolução de equações diferenciais
em problemas de valor inicial , escrevendo assim uma equação algébrica para a transformada de Laplace da
solução, denominada equação subsidiária. Para encontrar a solução do problema, portanto, é só calcular a
transformada inversa da equação algébrica. Veja uma representação a seguir de um problema de um valor inicial de
2ª ordem:
A transformada de Laplace também é muito útil na resolução de algumas equações diferenciais ordinárias em que os
coeficientes são variáveis.
Força da mola : proporcional ao deslocamento com constante de proporcionalidade, sendo k (f1 = -ky(t)) (
#PraCegoVer: k equivalente a f um igual a menos k y de t);
E agora poderemos aplicar a transformada de Laplace impondo as condições iniciais y(0) = y e y’(0) = y’ (
0 0
#PraCegoVer: y de zero igual a y zero e a primeira derivada de y de zero igual à primeira derivada de y zero),
teremos:
sendo F(s) = 𝓛 {f(t)} ( #PraCegoVer: F de s igual à transformada de Laplace de f de t) e Y(s) = 𝓛 {y(t)} #PraCegoVer:
Y de s igual à transformada de Laplace de y de t). Dessa forma, resolvendo a equação Y(s) ( #PraCegoVer: Y de s),
temos:
Essa é uma das equações que podemos obter para a situação apresentada, podendo ser obtidas outras por meio da
imposição de situações aplicadas até mesmo utilizando a transformada inversa.
Também vimos sobre a transformação de Laplace, também conhecida por transformada de Laplace, que tem sua
teoria como parte essencial da bagagem matemática de físicos, engenheiros e outros cientistas, facilitando a solução
de muitos problemas trabalhados no campo da ciência e da engenharia. Considerando que uma função f que seja
definida para t ≥ 0 ( #PraCegoVer: t maior ou igual a zero), a integral
será chamada transformada de Laplace de f , desde que a integral convirja. Ademais, vimos também o conceito da
transformada inversa de Laplace e suas aplicações.
SAIBA MAIS
Título : Um curso de Cálculo – Volume 4 Autor : Luiz Hamilton Guidorizzi Editor : LTC Ano : 2018
Comentário : Um livro bem estruturado e com boa didática a fim de apresentar os principais temas de
Cálculo. Um bom livro para aprofundar os seus estudos sobre as integrais impróprias. Onde encontrar
: Biblioteca Virtual da Ânima
Referências bibliográficas
ÁVILA, G. Variáveis complexas e aplicações. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
HOWARD, A. BIVENS, I. DAVIS, S. Cálculo: volume II. 8. ed. São Paulo: Bookman, 2007.
THIEL, A. A.; MODESTI, M. S. O cálculo e a matemática superior : algumas aplicações. Blumenau: Instituto
Federal Catarinense, 2016.
THOMAS, G. B. Cálculo . 11. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2008. v. 1.
ZILL, D G. Equações diferenciais: com aplicações em modelagem . 3. ed. São Paulo: Cengage Learning
Editores, 2016.