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Sinopse

Alguém vai pagar.


Mas quem?

CADE
Eles levaram alguém de mim.
E eu vou fazê-los pagar.
Em sangue.
Mas antes que eu possa fazer isso, eu tenho que ter certeza que minha garota está
segura.
E farei o que for preciso, até mesmo partir meu próprio coração, para garantir que
ela sobreviva.
Porque ela é minha rainha.
Meu tudo.

INDY
Ele mudou.
Sua dor é esmagadora e eu posso sentir a distância entre nós aumentando.
Alguém está vindo atrás do Kings of Mayhem MC.
E estamos presos enquanto eles encenam seu esquema maligno.
Porque sob o manto da escuridão, eles estão vindo para cada um de nós, um por
um, para jogar sua própria vingança distorcida.
E ninguém está seguro.
Para Bam Bam.
A Família Calley
Hutch Calley (morto) casado com Sybil Stone
Griffin Calley
Garrett Calley (morto)

Griffin Calley casado com Peggy Russell


Isaac Calley
Abby Calley

Garrett Calley casado com Veronica Western


Chance Calley
Cade Calley
Caleb Calley
Chastity Calley

A Família Parrish
Jude Parrish casado com Connie Walker
Jackson Parrish
Samuel Parrish (morto)

Jackie Parrish casado com Lady Winter


Bolt Parrish
Indigo Parrish

A Família Western
Michael ‘Bull’ Western
Veronica ‘Ronnie’ Western
Kings of Mayhem MC

Bull (Presidente)
Jackie (VP)
Cade
Caleb
Isaac
Grunt (SIA)
Davey
Tex
Vader
Joker
Cool Hand
Elias
Griffin
Jacob
Matlock
Maverick
Tully
Irish
Nitro
Hawke
Freebird
Ari
Picasso
Caveman
Chance (em viagem)
Reuben (membro honorário)

Empregados dos Kings


Red (Chef, empregado clubhouse)
Sra. Stephens (contadora, administração)
Cade

Ajoelhar-se no sangue de seu ente querido e vê-lo morrer em seus


braços muda você.

Eu sei que isso me mudou.

Quando Isaac morreu, meu coração endureceu.

Minha raiva era palpável.

Enquanto eu os observava remover seu corpo sem vida da poça de seu


sangue, jurei vingança. A fúria trovejou em minhas veias. A vida mudou
em um piscar de olhos, e cada parte do meu ser podia sentir isso. A raiva
rasgou através de mim, espiralando em cada nervo e fibra, cada músculo,
cada tendão, cada fragmento do meu coração despedaçado. A dor rasgou
minhas entranhas e me abriu. Mas não era nada, nada, como a minha
necessidade de retribuição.

Bull e Caleb apareceram. Deus sabe quem os chamou.

Apesar dos protestos de Indy, mandei-a para casa na segurança de uma


viatura policial enquanto seguia Buckman e a ambulância até o necrotério
do condado. Eu não sabia por que, mas precisava de respostas e, por algum
motivo, senti que estavam com o corpo de Isaac.

Corpo de Isaac.

Meu peito cedeu sob o peso da minha dor.

— Você não pode estar aqui, — disse Buckman enquanto eu saltava os


degraus do necrotério do condado.

— Tente me parar.

Ele pressionou a mão no meu peito para me impedir de entrar. Seus


velhos olhos castanhos procuraram os meus. — Não me faça prendê-lo,
filho.

Eu expulsei um profundo suspiro de ar. — Isaac está lá…

— Eu sei. — Buckman parou na frente da porta. — E você precisa nos


deixar fazer nosso trabalho, Cade. Deixe Zachariah cuidar dele.

Zachariah Sumstad era o médico legista do condado.

Eu respirei fundo e desviei o olhar. Minha dor era vertiginosa. Minha


cabeça girou. Eu queria arrancar a cabeça de alguém para de alguma forma
liberar a crescente agonia dentro de mim. Eu queria descobrir quem fez
isso com Isaac e estrangulá-los e ver a vida se esvair de seus olhos.

Eu inalei profundamente, os músculos da minha mandíbula apertando.


— Você descobre quem fez isso. E você me avisa. — Minha voz estava
baixa, perigosa e pingando com uma raiva mal controlada.

Buckman assentiu. — Como é o protocolo.


Eu me inclinei. Não. Eu quero esse cara.

— Eu não posso fazer isso, Cade.

— Então eu vou me certificar de que isso aconteça. Você não será capaz
de protegê-lo.

Buckman colocou a mão no meu ombro. — Um passo de cada vez, filho.

Eu me virei e desci os degraus até minha moto. Então, acelerando o


motor, roncou pela manhã.

Eu ia descobrir quem matou Isaac.


Cade

Você pode ver o momento em que alguém percebe que sua vida nunca
mais será a mesma. É quase como se você pudesse ver as engrenagens
trabalhando atrás de seus olhos enquanto tentam entender o que acabaram
de ouvir. O que isto significa para mim? Como será a vida a partir deste
momento? Quando parei na casinha de Cherry e Isaac nos arredores da
cidade, Buckman já estava batendo na porta dela.

Eu rugi pela calçada e parei rapidamente.

Cherry atendeu a porta e deu uma olhada em Buckman, com seu


chapéu contra o peito, enquanto ele dizia as palavras que mudariam sua
vida para sempre.

Isaac estava morto.

Corri pelo gramado em direção a ela. Eu a vi franzir a testa. Viu-a


balançar a cabeça como se dissesse, não, você está errado. Viu seus joelhos
fraquejarem e o olhar atordoado em seu rosto quando ela caiu contra a
porta.

Subi os degraus da varanda de dois em dois, passei por Buckman e


passei meus braços ao redor dela.
— Não é verdade, — disse ela desesperadamente. — Diga a ele, Cade.
Diga que ele está errado.

Eu a segurei firmemente contra o meu peito. — Sinto muito, Cherry.

Ela me empurrou. — Não você também. Por que vocês dois estão
dizendo isso? Ele está vivo.

Ela fugiu para a cozinha e pegou o celular na bancada, os dedos


tremendo enquanto discava o número de Isaac.

— Ele estava pegando torta para mim, — ela disse desesperadamente,


encerrando a ligação quando ninguém respondeu, então rapidamente
rediscando. Em algum lugar nas profundezas embaçadas da minha mente,
pude ver o telefone de Isaac tocando sem resposta no necrotério do
condado, coberto de sangue. — Ele está voltando para casa para consertar a
bomba de água. Estou fazendo chili para o jantar. — Seu corpo inteiro
tremia e lágrimas escorriam por suas bochechas enquanto seus
pensamentos saltavam freneticamente por todo o lugar. Seu corpo já sabia
que ele se foi, mas ainda havia um pequeno fragmento em sua mente que
se recusava a acreditar. — Ele gosta do jeito que eu faço seu chili. Eu uso as
pimentas do jardim.

Atravessei a sala e gentilmente peguei o telefone dela, então a puxei em


meus braços novamente. Não havia necessidade de palavras. Sua mente
deixou de lado o último resquício de esperança e a terrível aceitação
afundou. Ela enfraqueceu contra mim e lentamente desmoronou no chão.
— A irmã dela, Ashlee, mora três portas abaixo, — eu disse a Buckman.
— É melhor você ir buscá-la.

Quando Buckman saiu, guiei Cherry a seus pés e a levei até o sofá.

— O que aconteceu? — Ela soluçou, estendendo a mão para brincar com


o pingente de coroa em volta do pescoço. Suas mãos tremiam.

— Ele foi baleado.

— Baleado? — Ela me olhou incrédula. — Por quem?

— Eu não sei.

Ela levantou. — Quem iria querer atirar em Isaac? Não faz nenhum
sentido. Por que alguém iria querê-lo morto?

— Eu vou descobrir, — eu disse. Meu peito se encheu de dor quando


pensei nele deitado na estrada, tossindo bocados de sangue escuro. E então
aquele momento horrível quando a segunda bala o atingiu entre os olhos.
Eu ainda podia ouvi-lo ecoando por todo o vale. — E quando o fizer, vou
fazê-los pagar.

— Mamãe? — Veio a vozinha atrás de nós. Nós dois olhamos ao redor


para ver Braxton parado na porta, esfregando os olhos e parecendo
confuso. Ele estava de pijama do Homem-Aranha e parecia tão pequeno.
Tão vulnerável. Um rosnado silencioso rolou através de mim. Braxton
cresceria sem seu pai. Ele nunca iria compartilhar o vínculo de pai e filho,
ou compartilhar os marcos de sua vida. Ele nunca aprenderia com o
homem que o amava tão ferozmente. Que chorou quando ele nasceu e
orgulhosamente se tatuou com o nome de seu filho poucas horas após seu
nascimento. Isaac sempre foi um cara durão. Grande e musculoso. Mas
quando se tratava de seu filho, ele era suave como manteiga.

— Oh, baby, — Cherry foi até ele e o pegou. Ela o segurou perto dela,
incapaz de conter as lágrimas.

— O que há de errado, mamãe? Porque você está chorando?

Minha garganta fechou com uma dor fria enquanto raiva e mágoa se
fundiam em cada célula do meu corpo. Cherry sentou-se com o filho no
colo e eu a observei lutar com suas palavras. Meus dedos coçavam de raiva
em meus lados e eu tive que enrolá-los em um punho para parar. Eu
encontraria quem fez isso e iria fazê-los sangrar até que seu coração parasse
de bater.

— É o papai. . . — Cherry gaguejou. Lágrimas escorriam por suas


bochechas e seu queixo tremia.

Braxton começou a chorar. — O que há de errado com papai? Porque


você está chorando?

Cherry convocou sua força interior. — Você se lembra quando Fetch


ficou doente e tivemos que levá-lo ao médico canino?

Braxton assentiu e seus grandes olhos azuis se encheram de mais


lágrimas.

— E lembra como não pudemos trazê-lo para casa porque Deus


precisava dele de volta ao céu?
Novamente, Braxton assentiu, mas desta vez seu lábio se curvou e seu
queixo tremeu.

— Bem, baby, Deus precisava do papai de volta. E esta manhã... — Sua


dor a interrompeu, e ela inalou profundamente para se acalmar, e então
exalou lentamente. Ela sabia que as próximas palavras que sairiam de sua
boca seriam algo que seu filho sempre lembraria. Ela sabia que a morte de
seu marido deixaria uma cicatriz duradoura no coração de seu filho, e eu
podia vê-la lutando para encontrar as palavras certas. — Esta manhã, Deus
veio e levou papai de volta porque Ele precisava dele no céu.

Os olhos de Braxton se arregalaram. — Você quer dizer que o papai se


foi?

Cherry lutou para manter a compostura enquanto assentiu. E eu assisti


em agonia silenciosa enquanto o rosto do pequeno Braxton se contorcia e
suas lágrimas caíam por suas bochechas rechonchudas.

— Mas eu não quero que papai vá para o céu, — ele chorou. — Eu não
quero que papai vá embora. Eu quero ele aqui comigo.

— Eu sei, mamãe também não quer que ele vá embora, mas, baby, não
temos escolha.

A dor de Braxton se transformou em raiva repentina. Ele franziu a testa


e baixou as mãos. — Não! Eu não quero que ele vá. — Ele escapou do colo
de Cherry e se jogou no chão e deu um soco no tapete. — Eu não quero que
ele vá. Eu não quero que ele vá.
Ajoelhei-me para ficar no nível dos olhos dele. Mas foi uma luta
conseguir minhas primeiras palavras. — Ei, homenzinho, eu sei que você
não gosta disso. Nenhum de nós sabe. Mas, amigo, você precisa ser forte
pela sua mãe, ok? Você é o homem da casa agora. Mamãe vai precisar da
sua ajuda. Especialmente quando seu irmãozinho ou irmãzinha nascer.

A menção de seu irmão aliviou um pouco da raiva de seu rosto triste.


Seus olhos lacrimejantes se iluminaram por um momento.

— Eu vou ajudá-la. Eu irei. — Ele se endireitou. — Eu sou o irmão mais


velho.

Eu sorri, mas era difícil pra caralho fazer os músculos do meu rosto
funcionarem.

— Esse é o meu menino. — Eu baguncei seu cabelo e dei um soco nele.


— Você tem que ficar forte por sua mãe.

Ele se levantou e foi até sua mãe, subindo e jogando os braços em volta
do pescoço dela.

Cherry o segurou contra ela enquanto outro soluço arrasou seu corpo.
— Vai ficar tudo bem, querido.

— Eu vou te ajudar, mamãe. Eu irei. Eu prometo.

A porta da frente se abriu e Ashlee entrou correndo. Ainda vestida de


pijama e roupão, ela foi direto para sua irmã e sobrinho, e jogou os braços
em volta deles, segurando-os com força enquanto soluçava.

Buckman ficou para trás na porta.


— A família de Cherry está vindo do Tennessee, — disse ele. Ele
brincava com o chapéu nas mãos. — Filho, vou precisar que você desça até
a delegacia para prestar depoimento.

Eu balancei a cabeça. — Eu te encontro lá embaixo.

Depois que ele saiu, sentei-me com Cherry e Ashlee, mas precisava sair
de lá. A dor estava se aproximando de mim e senti uma inquietação para
fazer alguma coisa. Quando tive certeza de que Cherry estava calma, me
despedi e, sentindo-me oco, caminhei para a luz do sol da manhã e subi na
minha moto.

Isaac estava morto.

Mas não foi porque Deus precisava dele de volta.

Ele estava morto porque alguém o havia assassinado.

E eu ia descobrir quem era e mandá-los para o túmulo.


Indy

Eu fiz o policial me deixar na casa da minha mãe. Ela estava esperando


na pequena varanda da frente, e assim que subi os degraus, nos abraçamos.
Quando nos separamos, ela colocou as mãos em cada lado do meu rosto. —
Você está bem?

Eu balancei a cabeça, mas meu queixo tremeu e meus olhos se encheram


de lágrimas.

— Aconteceu tão rápido. . . — Minhas palavras pararam, presas na


minha garganta apertada.

— E Cade? Ele está bem? — Lembrei-me do olhar de agonia no rosto de


Cade enquanto carregavam o corpo de Isaac na ambulância. Eu balancei
minha cabeça. — Ele está devastado.

— Bull ligou para Ronnie e contou a ela o que aconteceu.

Muitos telefones tocariam esta manhã com a notícia. A essa altura, todo
o clube e suas famílias já saberiam.

— Abby. . . — Eu sussurrei, de repente ciente de que ela teria ouvido.


Alarmada, olhei para minha mãe. — Eu tenho que ir até ela.
— Eu posso levá-la, — disse ela.

Corri, listando freneticamente as coisas na minha cabeça que eu


precisava para sair pela porta. Chaves. Bolsa. Telefone.

Droga, onde estava meu telefone?

— Indy, — minha mãe disse calmamente.

Mas eu a ignorei. Eu tinha que encontrar meu telefone. Verifiquei na


cozinha, na sala de jantar, no...

— Indy! — A voz da minha mãe me parou. Olhei para ela, frenética


porque não consegui encontrar meu telefone e tive que chegar rapidamente
ao de Abby.

— O que?

Ela gesticulou para minhas roupas. — Você não acha que deveria trocar
de roupa primeiro?

Olhei para minha camisa. Estava coberto de respingos de sangue.

Sangue de Isaac.

Eu olhei para ele, minhas mãos tremendo enquanto eu puxava o tecido


manchado e o segurava na minha frente. Foi quando notei o sangue seco
nas minhas mãos e nos meus braços.

Sangue de Isaac.

A percepção se infiltrou em mim.

Meu rosto enrugou.


Isaac estava morto.

Corri para o banheiro e enfiei as mãos sob a torneira aberta, esfregando


furiosamente meus dedos e pulsos. A água ensanguentada encheu a bacia e
escorreu pelo ralo em um redemoinho cor de ferrugem. Peguei mais
sabonete e ensaboei na minha pele, lavando até a água sair limpa. Fechei a
torneira e comecei a secar as mãos, mas parei quando vi meu reflexo no
espelho. Eu me endireitei e olhei entorpecida. O sangue de Isaac estava
salpicado em meu rosto como sardas vermelhas brilhantes.

Senti a mão de mamãe no meu ombro.

— Você precisa respirar, menina, — disse ela suavemente. Ela me virou


e me entregou uma toalha. — Tome um banho. Recomponha-se. E então
você estará pronta para ajudar Abby.

Mamãe estava certa. Eu precisava me recompor antes de vê-la. Abby


precisava que eu fosse forte. Calma. Concentrada. Tudo o que eu não
estava agora.

De repente, dominada pelo amor e gratidão por minha mãe, joguei


meus braços ao redor dela e a abracei com força, absorvendo o conforto de
seus carinhos suaves de mãe para cima e para baixo nas minhas costas.

— Você está bem, — ela disse tranquilizadoramente para mim quando


nos separamos.

Eu exalei profundamente e balancei a cabeça, cada grama de mim


pesada com a dormência do assassinato de Isaac.
Quando mamãe saiu, fechei a porta e me despi. Entrando no chuveiro,
deixei a água morna lavar o sangue de Isaac da minha pele. Lavei meu
cabelo e esfreguei minha pele com a bucha de chuveiro que encontrei
pendurada na torneira, e esfreguei sob minhas unhas. Uma vez limpa, me
sequei e coloquei algumas roupas limpas, sentindo-me grata por minhas
roupas ainda estarem aqui e não na casa nova. A nova casa. Deveríamos
nos mudar neste fim de semana.

Sentei-me na beirada da banheira e respirei fundo em alguma tentativa


de acalmar o caos.

E então comecei a chorar.

Duro.

Minhas mãos tremiam e meu peito cedeu com o peso da minha dor
quando os eventos das últimas duas horas me alcançaram. Isaac estava
morto. E ele morreu bem na minha frente.

Eu deixei minha cabeça cair em minhas mãos e solucei, tentando


desesperadamente forçar as imagens de seus últimos momentos para fora
da minha mente.

Sua luta para respirar.

Sua luta pela vida.

Seu medo.

A maneira como sua mão encharcada de sangue me alcançou, puxando


minha camisa, implorando para ajudá-lo.
O chicote da bala quando atingiu sua testa.

Afundei no chão e enterrei meu rosto em meu braço, meu corpo


devastado pela dor.

Eu o amava.

Minha vida inteira.

E agora meu amigo se foi.

Eu solucei mais forte e deixei minha dor tomar conta até que eu não
consegui mais chorar. Até que minha autopreservação finalmente apareceu
e eu consegui acalmar meus nervos e acalmar meu coração.

Respirei fundo e limpei as lágrimas dos meus olhos. E quando tive


certeza de que conseguiria segurá-lo, levantei-me e fui até a bacia e joguei
água no meu rosto manchado de lágrimas.

Eu tinha que me segurar por Abby.

E Cade.

Isso iria devastá-lo.

Vestida, me senti mais calma. Mais estável. Composta. Forte o suficiente


para ver Abby. Desci as escadas e minha mãe estava me esperando na
cozinha.

— Você parece melhor, — disse ela. Ela veio e ficou na minha frente, me
pegando pelos braços. — Você tem isso, ok.
Mamãe nos levou até a casa de Abby. Levamos vinte minutos e eu mal
esperei o carro parar antes de correr pela garagem de Abby até a porta da
frente. Eu nem bati, eu a atravessei. Abby estava na mesa de jantar, uma
xícara de café intocada na frente dela. Quando ela me viu, seu rosto se
contorceu e ela começou a chorar, seu corpo inteiro tremendo de dor. Fui
até ela e passei meus braços ao redor dela, deixando-a chorar
incontrolavelmente em meu ombro. E mesmo não querendo, comecei a
chorar com ela.

— Você estava com ele? — ela perguntou, se afastando, seus olhos azuis
gelados vermelhos de tanto chorar.

Eu balancei a cabeça. — Nós estávamos voltando do Head Quarters.


Alguém ateou fogo nele. Fomos lá conferir. No caminho de volta . . . — Eu
tive que fazer uma pausa para recuperar o fôlego enquanto as memórias
flutuavam e faziam meu coração doer. — . . . aconteceu tão rápido.

Abby começou a chorar novamente.

— Eu quero vê-lo, — ela soluçou.

Ronnie e mamãe trocaram olhares preocupados.

— Isso não é uma boa ideia, — eu disse gentilmente.

— Eu não me importo, eu quero vê-lo.

Pensei na bala na testa de Isaac.

— Querida, ele não vai se parecer com ele, — eu disse, minha voz
trêmula. — Ele foi baleado na cabeça.
O rosto de Abby desmoronou em agonia. Ela lutou para respirar e
exalou lentamente, tentando recuperar a compostura, mas falhou quando
pensou no que eu estava dizendo a ela. Ela correu as mãos trêmulas para
cima e para baixo em suas coxas para tentar estabilizá-las.

— Ele se foi, Abby. E vê-lo assim. . . Só vai te incomodar mais.

— Eu não me importo, — disse ela com os dentes cerrados.

— Tem certeza que é uma boa ideia, baby? — Rony perguntou.

Abby se levantou tão rápido que sua cadeira quase tombou.

— Crescemos em um útero juntos por trinta e sete semanas. Viemos a


este mundo juntos. Por trinta anos ele tem sido meu melhor amigo. Não
apenas meu gêmeo. Nós conversamos todos os dias e contamos tudo um ao
outro. — Seu rosto desmoronou novamente quando outra pontada de dor
percorreu seu coração, porque naquele momento ela percebeu que nunca
mais ouviria a voz de seu irmão. Ela se virou para olhar para mim. — Você
vai me levar?

Eu pensei sobre isso, e então assenti. Eu sabia como era perder um


irmão. Eu sabia como era o grande buraco em seu coração e entendia a
importância do que ela queria fazer. Ela nunca compartilharia outro
momento com ele, a menos que ela fizesse isso.

— Bom, — disse ela com uma calma recém-descoberta. — Vou pegar


minha jaqueta e depois vou ver meu irmão.
Cade

O ar gelado do necrotério fez os cabelos da minha nuca se arrepiarem.


Era como se o cheiro sutil da morte perdurasse em cada respiração que
você dava, lembrando que o frio mantinha o fedor à distância, e que lá no
calor o cheiro seria muito pior.

Eu estava esperando por Indy e Abby lá dentro quando eles chegaram.


Indy me viu e rapidamente veio até mim, envolvendo os braços em volta
da minha cintura e pressionando o rosto no meu peito. O calor familiar de
seu abraço e o cheiro dela foram uma pausa bem-vinda da dor tortuosa em
meu coração. O cheiro dela. Seu toque. Isso me trouxe o único alívio que
senti desde esta manhã e fechei os olhos, pressionando meus lábios em seu
cabelo e saboreando o conforto, mesmo sabendo que seria breve.

— O que você está fazendo aqui? — ela sussurrou.

— Mamãe ligou. . . Você está louca? Trazendo Abby aqui? — Eu


sussurrei de volta.

— Estou bem aqui, você sabe, — disse Abby.

Ela veio até mim e caiu em meus braços.


— Desculpe, Abs, — eu respirei, segurando-a com força.

— Não fique com raiva de Indy. Eu estava vindo aqui com ou sem ela.
— Ela olhou para mim. — Eu preciso dizer adeus.

Eu balancei a cabeça. Ela era uma adulta. Ela sabia o que precisava fazer
e eu não ia tentar impedi-la.

Camila, a assistente do necrotério, nos cumprimentou e depois nos


levou para os fundos, onde os corpos foram mantidos antes de serem
transferidos para a funerária.

— Isaac não foi autopsiado, — ela explicou. — Dr. Sumstad fará isso
amanhã. Enquanto isso, cuidamos bem dele.

A dor subiu do meu núcleo e eu respirei fundo enquanto a seguimos


para a sala fria. Enquanto esperávamos que ela nos mostrasse Isaac, os
dedos de Indy se enrolaram nos meus.

— Pronta? — perguntou Camila. Quando assentimos, ela abriu a gaveta


de aço inoxidável e puxou o lençol que cobria o corpo de Isaac.

Um suspiro estrangulado veio de Abby, e uma dor tão cruel como


qualquer coisa que eu já tinha conhecido apertou meu peito.

Isaac estava a cor pálida da morte. Ele havia sido lavado de todo o
sangue e massa encefálica, e seu cabelo pendia em mechas frias e úmidas
de seu rosto, escondendo a cratera na parte de trás de sua cabeça, onde a
bala havia saído. Seus olhos estavam apenas semicerrados, e eu fui
derrubado pela falta de vida leitosa deles enquanto eles olhavam para nós,
cegos e vazios. Sua boca estava fechada, seus lábios pálidos, e logo acima
do nariz, bem entre os olhos, estava o buraco de bala escurecido em forma
de estrela.

— Não, — Abby soluçou.

Seus joelhos ficaram fracos e eu a puxei para mim para impedi-la de


desmaiar. Mas eu não tinha palavras para confortá-la. Minha garganta
estava fria e apertada, estrangulada pela dor. Eu a senti vacilar em meus
braços, seu corpo arruinado pela dor enquanto ela soluçava em meu peito.

— Não, — ela gritou novamente, balançando a cabeça.

Ela se afastou de mim, e eu assisti com uma cara de pedra enquanto ela
se aproximava de seu irmão e pegava sua mão fria na dela. Seu queixo
tremeu enquanto ela tentava afastar as lágrimas. No começo, ela apenas
abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu.

Ela exalou profundamente, lágrimas derramando de seus olhos a cada


piscar.

— Eu só queria que você soubesse que eu não queria mais ninguém


como meu gêmeo, Isaac. Você foi o melhor irmão mais velho que uma
garota poderia esperar. Mesmo se você fosse apenas noventa segundos
mais velho. — Seu rosto se contorceu quando uma onda de dor a dominou,
mas ela respirou fundo para se equilibrar e lambeu os lábios para firmar o
queixo trêmulo. — Está bem. Estaremos bem. Então você vai em paz, está
me ouvindo? E quando chegar a hora, nos veremos novamente.

Eu mal conseguia conter minhas lágrimas. Eles esfaquearam meus olhos


e meu rosto estava rígido com a dor de segurá-los. Olhei para Indy e ela
estava chorando, lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto observava Abby
se despedir de seu irmão gêmeo.

Não consegui mais olhar. Eu tive que sair de lá.

Eu precisava respirar.
Cade

Choveu no dia em que enterramos Isaac. O trovão retumbou em um céu


tempestuoso. Andamos na habitual procissão de motocicletas pelas ruas de
Destiny, as luzes de nossas motos cortando a escuridão de um dia frio de
outono. Eu estava atrás de Bull, meu coração pesado de dor e meu rosto tão
rígido de tristeza que nem senti as primeiras gotas de chuva quando
começaram a cair. acabei de montar.

Quando chegamos à igreja, Indy me esperou na base da escada. Ela


tinha vindo com Lady, minha irmã Chastity e minha mãe. Ela pegou minha
mão na dela e eu mal a segurei quando olhei através do estacionamento e
vi Cherry e o pequeno Braxton vindo em nossa direção. Oh Cristo. O rosto
de Braxton estava amassado de tristeza e ele parecia tão perdido e confuso
que me rasgou por dentro.

Soltei a mão de Indy e fui até eles, pegando Braxton e abraçando-o com
força. Cherry começou a soluçar contra o ombro da minha mãe, o que
despertou Braxton.

— Ei, — eu resmunguei. — Está tudo bem, amigo. Te peguei.


Tentei devolvê-lo a Cherry, mas o carinha não me soltou. Ele enrolou os
braços mais apertados em volta do meu pescoço e enterrou o rosto no meu
ombro. Cherry olhou suplicante para mim. Ela queria que eu o segurasse,
então eu assenti e o levei comigo. Eu seria forte por ele. Para Isaac. Para
mim. Mas quando entrei pela porta e vi o caixão de Isaac no final do
corredor, vacilei e, pela primeira vez na vida, meus joelhos estavam fracos.
A dor me atravessou, colidindo com uma dor tão violenta que fiquei
momentaneamente incapaz de me mover. Levou Braxton enterrando o
rosto no meu pescoço para me mover. De alguma forma, encontrei meu
lugar no banco. De alguma forma eu consegui terminar o culto sem
quebrar. Eu apenas me concentrei no caixão e deixei minha raiva tomar
conta.

Vingança. Eu estaria mentindo se a palavra não tivesse frequentado


muito o estabelecimento do meu cérebro nos últimos dias. Mas desta vez
parecia uma epifania. Vermelho sangue e sustentado pela emoção mais
destrutiva de todas: raiva. Eu descobriria quem fez isso com meu primo e
tiraria deles o que eles tiraram de Isaac.

Olhei para frente. Minha cabeça cheia de lembranças. Meu coração


cheio de dor. Meu corpo inteiro consumido por uma necessidade
esmagadora de vingança. E em algum lugar naquela igreja, durante o culto
para meu primo morto, minha dor se transformou em uma obsessão
fervilhante e implacável por vingança.

Dire Straits “Brothers In Arms” tocou enquanto eu ajudava Maverick,


Caleb, Bull, Vader e Abby a carregar o caixão de Isaac para o carro
funerário. O vento chicoteou em torno de nossas pernas e meu maldito
coração quebrou quando eles baixaram meu primo no chão. Era demais
para suportar. Cheio de agonia, eu me afastei, incapaz de ver o corte de
Isaac desaparecer no chão com seu caixão. Subi na minha moto e liguei o
motor, partindo para a tempestade.
Indy

Cade havia mudado. Ele ficou frio de ódio. Desanimado com tristeza.
Silenciosamente fervendo de raiva.

Esperava que melhorasse com o tempo. Mas eu tinha visto o olhar em


seu rosto hoje no funeral. Eu tinha visto a escuridão fria e dura em seus
olhos e os músculos tensos quando ele cerrou a mandíbula. Ele foi
consumido pela raiva. Dominado pela mágoa. Louco com qualquer
escuridão que estava tomando controle dele.

Quando ele foi embora, eu o deixei ir. Fui ao velório na sede do clube e
passei as quatro horas seguintes me mantendo ocupada servindo comida e
limpando pratos e copos de papel. Eu estava limpando o pátio quando a
mãe de Isaac, Peggy, me encurralou. Ela estava fumando e tomando goles
raivosos de vinho de um copo de plástico, seguidos de tragadas raivosas
em seu cigarro. Eu não a via há vinte anos. Ela abandonou Griffin pouco
tempo depois que ele foi para uma cadeira de rodas.
— Bem, bem, bem, se não é a pequena Indigo Parrish. Você não cresceu
para ser alguma coisa? — ela disse, seus olhos maquiados rolando sobre
mim com algo próximo ao ressentimento.

— Peggy, — Eu respondi com um aceno de cabeça. Eu nunca tinha


gostado da mãe de Isaac. Ela era alta e descarada, e ela tinha uma língua
afiada.

— Ouvi dizer que você saiu da cidade, — ela disse, seu tom acusatório e
desafiador.

Quando pensei em Peggy Calley, lembrei automaticamente da memória


dela e Garrett Calley fazendo sexo na máquina de lavar enquanto seu
marido, Ronnie, e outros membros do clube estavam do lado de fora
fazendo um churrasco. Eu tinha entrado para beber água. Ouvindo uma
risadinha e algumas vozes abafadas no corredor, minha curiosidade de oito
anos me venceu e eu me esgueirei pelo corredor e espiei pela porta de ripas
da lavanderia. Peggy estava sentada na máquina de lavar e Garrett Calley
estava de pé entre suas pernas separadas, seu jeans em torno de seus
tornozelos enquanto ele a fodia.

— Voltei para o funeral do meu pai, — respondi, lembrando-me de que


este era o funeral do filho dela e eu provavelmente deveria ser um pouco
mais tolerante com ela do que ela merecia.

— E você ficou?

Eu me ocupei pegando o lixo deixado na mesa da churrasqueira e


colocando no saco de lixo na minha mão. — Parece assim.
Eu a ouvi zombar e olhei para cima. Peggy Calley devia ter cinquenta e
poucos anos, mas parecia uma mulher na casa dos sessenta. A vida de
motociclista e qualquer fossa em que ela havia caído depois de abandonar
sua família haviam cobrado seu preço.

Mas ela tinha acabado de perder seu filho, e meu coração sentia por ela.
Todos nós tínhamos um ao outro. O clube. Eu e o Cade. Enquanto ela não
tinha nada e ninguém.

— Sinto muito por Isaac, — eu disse, aquela pontada familiar de dor


torcendo no meu peito.

Olhos frios pararam em mim. — Sim, bem, não posso dizer que estou
surpresa. Você vive pela espada, você morre pela espada. Não é isso que
eles dizem? — Ela deu uma tragada pesada no cigarro e soprou a fumaça
na minha direção. — Eu sempre disse a ele que nada de bom viria dele se
juntar a esse clube estúpido. Disse-lhe para ficar longe do estilo de vida. Eu
disse: ‘Isaac, veja o que aquele clube fez com seu pai. Veja o que fez ao seu
tio Garrett. Não vai adiantar nada de você se tornar um King. — Ela
zombou e tragou o cigarro novamente. — É claro que ele não me ouviu.
Maldito estúpido. Assim como seu maldito pai.

Peggy abandonou sua família quando Isaac e Abby tinham nove anos.
Ela desapareceu por anos. Ninguém sabia onde ela estava ou o que estava
fazendo, ou com quem estava. Aniversários iam e vinham sem nenhuma
palavra dela. Nenhum cartão. Nenhum telefonema. Nenhuma carta.
Marcos foram perdidos. Isaac poderia ser perdoado por não ouvir sua mãe
quando ela finalmente apareceu todos aqueles anos depois.
— Ouvi dizer que você deixou a cidade. Terminou com Cade depois
que ele te traiu. Decolou e se tornou uma médica chique, — disse ela. — Eu
pensei, bom para ela. Ela saiu. Ela escapou. Ela partiu um coração de
Calley. — Seus olhos brilharam com prazer patético com a ideia. Então, eles
se estreitaram e ela deu um passo em minha direção, balançando a cabeça
com descrença crítica. — Ainda assim, porra, você está aqui, uma médica
chique pegando lixo em um funeral de motoqueiro.

Larguei o saco de lixo a seus pés e me endireitei. — Você tem algo que
quer me dizer, Peggy?

Ela zombou e chupou seu cigarro novamente.

— Só que é uma pena. Uma beleza como você, sendo sugada por um
Calley. Ele já traiu você uma vez antes, Indy. Marque minhas palavras,
aquele garoto vai trair você de novo.

— Isso foi há muito tempo, quando éramos apenas crianças. Cade não é
assim.

Ela zombou. — Não se engane, mocinha. São todos assim. Cada um


deles.

Concentrei-me na pequena cicatriz sob o olho direito - foi cortesia de


Ronnie Calley. Eu não era o único que tinha visto Peggy e Garrett na
máquina de lavar naquele dia.

— Acho que vamos ficar bem, — eu disse.

Ela riu e apagou o cigarro. — Não dá certo para as mulheres do MC.


Olhe para sua mãe. Olha Ronnie. Cherry. Deu certo para elas?
— Você saiu. — Dei um passo para mais perto e a olhei de cima a baixo.
— Deu certo para você?

Pela primeira vez, Peggy ficou sem palavras.

Eu não via mais sentido em ficar por aqui.

— Como eu disse, sinto muito por Isaac, — eu disse.

Quando comecei a andar, ela gritou. — É apenas uma questão de


tempo, Indy. Ele vai quebrar seu coração. Aqueles garotos Calley sempre
fazem isso.

Eu não parei. Continuei andando e desapareci dentro de onde continuei


a limpar. Peggy Calley era uma mulher rancorosa, ressentida e egoísta. Eu
não ia deixar suas palavras me atingirem, mesmo que fossem o eco dos
meus próprios pensamentos apenas algumas semanas atrás.

— Você está bem?

Eu me virei com a voz. Chance Calley estava sentado em um sofá no


canto da sala, dedilhando um violão. Vê-lo trouxe uma onda repentina de
lágrimas aos meus olhos.

— Chance!

Ele se levantou e me puxou para um grande abraço. Eu segurei firme.


De repente, dominada pelas emoções do dia, e porque revê-lo depois de
todos esses anos foi tão bom.

Deixando-o ir, não pude deixar de sorrir. Eu sempre adorei Chance.


Crescendo eu sempre imaginei que ele seria uma estrela do rock porque ele
estava permanentemente ligado a seu violão. No ensino médio, ele poderia
ter qualquer garota que quisesse. Boa aparência. Carismático. Um
guitarrista talentoso. Ele surpreendeu a todos quando se alistou na
Marinha logo após a formatura.

— Eu estarei tão bem quando eu tiver que estar, eu acho, — eu


respondi. Nós sentamos. — Como você está?

Os anos fizeram pouco para diminuir sua boa aparência, mas ele
parecia endurecido - um pouco desgastado nas bordas. Eu sabia que ser
um SEAL da Marinha significava que ele era durão e destemido. Mas eu
realmente não sabia o que isso envolvia. Só que ele viu um pouco de ação
no exterior.

Ele ergueu um copo de licor da mesa ao lado dele. — Pergunte-me


depois de mais alguns destes. — Ele tentou sorrir, mas sua tentativa foi
fraca.

Do outro lado da sala, Chastity Calley estava sentada com sua mãe e
vovó Sybil. Aos dezenove anos, ela era uma beleza selvagem. Fios de
cabelo preto de corvo caíram ao redor de um rosto branco de porcelana que
era pálido em sua beleza, e caiu sobre seus ombros até sua cintura esbelta.
Seus grandes olhos, o mesmo azul brilhante e resplandecente de seus
irmãos e mãe, eram amendoados e com franjas de cílios longos e escuros.
No funeral, ela chorou no ombro de Caleb. Isaac tinha sido mais como um
irmão do que seu primo.

Voltei-me para Chance. — Você chegou ao funeral?


Eu não o vi na igreja ou no cemitério. Mas se ele tivesse chegado tarde,
eu poderia ter perdido ele.

— Todo mundo estava saindo quando eu cheguei. Peguei quatro voos


diferentes para chegar aqui e nenhum deles saiu a tempo. Perdi o serviço,
mas tenho que me despedir. Fiquei com Caleb e Bull. Prestei meus
respeitos. — Ele tomou um gole de sua bebida, que cheirava a uísque. —
Eu vi Cade partir. Você já ouviu falar dele?

Eu balancei minha cabeça. — Ele precisa de tempo.

— Sim, ele faz. Ele não é como você e eu.

— O que você quer dizer?

— Você é uma médica de trauma agora, certo? — Quando eu assenti,


ele largou o violão. — Nós dois encaramos a morte todos os dias. Nós a
vemos pegar aqueles ao nosso redor, indiscriminadamente. Ele ensina a
você uma boa apreciação de quão frágil a vida realmente é, mas, ao mesmo
tempo, quase o anestesia.

— Ainda dói quando acontece com alguém que você ama.

Ele tomou um gole de sua bebida novamente. — Certo. Mas acho que
enfrentar a morte no dia a dia torna você um pouco mais estoico.

— Foi isso que você fez no exterior? Enfrentar a morte.

Ele esvaziou o copo e o colocou de volta na mesa ao lado dele. — Todo


santo dia.
Eu pensei por um momento. — Quem você acha que fez isso? Quero
dizer, você acha que foi aleatório? Ou alguém queria Isaac morto?

— Eu não sei. Cade disse que estava brincando com H. Fez um acordo
desonesto. Algo assim irritaria algumas pessoas. Talvez seja uma
mensagem para os Kings manterem nossas patas longe do comércio de
heroína. — Ele pegou seu violão novamente e começou a dedilhá-lo
baixinho. — Quem quer que fosse, eles esperaram o tiro perfeito e atiraram.
Ele sabia que Isaac estaria onde estava; ou isso, ou ele o seguiu. E então ele
esperou. Com muita paciência.

— O que te faz dizer isso?

Seus olhos dispararam para os meus. — Porque é isso que um atirador


de elite faz.

— Você acha que quem matou Isaac é ex-militar?

— Pode ser. É difícil dizer. Ele é muito bom e fez uma cena que era para
drama e uma segunda para terminar o trabalho. Ou ele errou o primeiro
tiro e correu para conseguir o segundo.

— Sua intuição?

Seus olhos encontraram os meus. — Minha intuição é que aconteceu


exatamente como o assassino de Isaac queria.

Fiquei no velório um pouco mais, mas quando começou a ficar bem


bagunçado, caminhei para casa na chuva e torci para que, onde quer que
ele estivesse, Cade estivesse bem.
Cheguei em casa, encharcada de chuva, e resolvi tomar um banho. Eu
me despi no banheiro e entrei em um fluxo de água deliciosamente quente.
Eu ensaboei meu corpo, ensaboei meu cabelo com xampu e depois
condicionador, e deixei o calor do chuveiro lavar a tensão e a dor.
Lentamente, meus músculos começaram a relaxar e eu suspirei.

Hoje foi de partir o coração. O funeral de Isaac contrastava fortemente


com o do meu pai. Jackie Parrish viveu muito mais tempo, enquanto Isaac
ainda era jovem e forte, com uma esposa grávida e um filho pequeno que
foi deixado para trás. Mas ele se foi. E eu me esforcei para entender o
porquê.

Quando abri os olhos, a porta do banheiro se abriu e Cade entrou, o


rosto e o cabelo encharcados de chuva.

Eu o vi puxar a camisa sobre a cabeça, tirar as botas e o resto das


roupas. Quando ele estava completamente nu, ele entrou no chuveiro, e
sem uma palavra, me pegou em seus braços e pressionou sua boca na
minha. Meu corpo imediatamente respondeu e eu me derreti contra ele,
buscando conforto e prazer em seu corpo duro enquanto ele me mandava
para trás até que minhas costas estivessem contra a parede molhada de
azulejos. Suas grandes mãos se moveram para o meu rosto enquanto sua
boca se movia ferozmente sobre a minha até que seu beijo me deixou sem
fôlego.

Mas seu beijo se esvaiu quando sua emoção o ultrapassou. Olhei para
seu rosto atormentado. Dor e tristeza eram como sombras em seus olhos.
Seu rosto estava rígido e eu podia sentir seu desgosto irradiando dele com
cada batida de seu coração. Ele baixou a testa para a minha.

— Eu não sei como fazer isso, — disse ele, sua voz profunda e forte,
mas ao mesmo tempo, dolorida e com o coração partido.

— Vai ficar tudo bem, — eu sussurrei.

Ele respirou fundo, seus olhos encapuzados fixos nos meus. — Eu não
sei o que eu faria se eu perdesse você. . . — Sua voz falhou e seus polegares
encontraram a pele lisa do meu lábio inferior, seus olhos intensamente
focados nele. Eu só tinha visto Cade chorar uma vez. Quando ele tinha
dezoito anos e ele viajou até Seattle para me implorar para voltar para ele
depois que terminamos. Caso contrário, ele era ferozmente estoico. Mas
agora, de pé no vapor, ele mal estava no controle.

— Não vou a lugar nenhum, — respondi.

Sua angústia era profunda. Eu o vi apertar os olhos e senti a lenta


expiração da respiração quando ele os abriu novamente. Gotas de água
caíram em riachos por seu lindo rosto e pingaram em seus lábios
entreabertos.

Suas sobrancelhas se juntaram.

— Dói, — ele sussurrou.

Eu balancei a cabeça. — Eu sei.

Ele tentou me beijar, mas seus lábios tremeram contra os meus e ele se
afastou. Ele bateu as palmas das mãos contra a parede de azulejos e levou
um momento. A água derramou sobre sua cabeça e pelas costas largas e
musculosas. Seu rosto enrugou e ele lentamente caiu de joelhos, enterrando
o rosto no meu estômago. Seus dedos pressionaram profundamente em
meus quadris. Quando eu o senti tremer, eu sabia que ele tinha cedido em
sua mágoa e ele estava chorando. Corri minha mão pelas mechas molhadas
de seu cabelo, acalmando-o enquanto ele chorava por Isaac.

Dei-lhe um momento e, em seguida, deslizei para o chão ao lado dele,


envolvendo meus braços em torno dele e segurando-o enquanto ele tremia
com a dor e a dor de ter que enterrar seu melhor amigo.
Cade

Eu estava determinado a descobrir por que Isaac morreu.

Eu ia olhar debaixo de cada pedra para descobrir quem era o


responsável.

A primeira pessoa na minha lista era um bandido implacável chamado


Saber. Ele era o presidente dos Knights, e se a morte de Isaac tinha algo a
ver com eles e seu comércio de heroína, então eu iria descobrir, de uma
forma ou de outra.

E eles pagariam.

Era uma vez, eu me sentiria apreensivo em entrar no território dos


Knights. Agora eu não dava a mínima. Eu estava tão cheio de raiva e a
necessidade ofuscante de vingança, todo o resto parecia tão sem
importância.

Subi na minha moto e parei em frente ao clube. Quando dois prospectos


entraram na minha frente quando fui para a porta da frente, dei-lhes um
olhar de advertência. Não foda comigo. Eu estava lá para falar com o Saber,
e não iria embora até conseguir o que queria.
— Você tem algumas bolas aparecendo aqui com essa porra de corte,
menino bonito, — disse um prospecto com uma enorme atitude hostil e
cabelo como um membro de uma boy band enquanto se inclinava em
direção ao meu rosto. Eu não me movi. Dez pontos para o garoto por tentar
ser intimidador, mas ele precisava trabalhar nisso. Ele era uma piada.

— Boa tentativa, garoto. Mas ou você se afasta e me leva ao seu


presidente, ou eu vou te mostrar exatamente o quanto estou comprometido
em passar por você agora. E eu não vou mentir para você, vai te machucar
muito mais do que vai me machucar. Mas não se engane, de uma forma ou
de outra, estou entrando naquele clube e conversando com seu presidente.
Me compreende . . . menino bonito?

— Vou buscar o Sabre, — disse o outro prospecto, abrindo rapidamente


a porta.

Eu não esperei por um convite. Passei pelo NSYNC e entrei na sede do


clube. Estava mal iluminado e se abria para um bar aberto bem na porta da
frente. Três Knights em cortes estavam sentados no bar e se viraram
quando entrei, enquanto o Cavaleiro atrás do bar continuava secando o
copo na mão. Do outro lado da sala, perto da jukebox, uma garota com
roupas mal vestidas se enrolou em um cara esquelético com cabelo oleoso e
penugem facial. Eles estavam bêbados e se beijando entre rir e tropeçar na
pista de dança.

Assim que meu corte se tornou óbvio para todos, a vibração na sala caiu
e o ar ficou tenso com a tensão.
— Que porra você pensa que está fazendo aqui? — Um Knight rosnou
quando veio para mim. Ele tinha a minha idade, com cabelos desgrenhados
e um remendo no corte que me dizia que ele era a SIA deles.

— Eu quero falar com Saber e eu quero falar com ele agora, — eu exigi.

— Isso está certo? — A SIA olhou para os outros na sala e riu. — O


menino bonito com as covinhas quer falar com Saber. . . agora. — Ele riu e
os outros seguiram o exemplo. Mas eu não disse nada, ele poderia zombar
de mim o quanto quisesse. Eu não dei a mínima. Eu apenas olhei para ele,
minhas emoções lentamente fervendo sob um olhar sombrio.

Ele deu um passo em minha direção e agarrou meu antebraço, nos


puxando juntos. — E o que diabos faz você pensar que isso vai acontecer?

Olhei para sua mão em mim, e então levantei meus olhos para queimar
diretamente nos dele. Minhas palavras eram lentas, meu tom baixo e
perigoso. — Pegue. Suas malditas mãos. Fora de mim.

Ele não se moveu imediatamente. Estávamos travados em batalha e eu


podia ver que ele estava avaliando o quanto eu era uma ameaça para ele.
Lentamente, seu aperto afrouxou.

— Você tem coragem de entrar aqui, King.

Eu o vi soltar meu braço, então me inclinei para mais perto. — Você


coloca suas mãos em mim novamente e eu vou quebrar cada um de seus
malditos dedos. Você me entende? Cada. Um. Deles.

SIA riu, mas era tudo bravata. Seus olhos o traíram. Ele mexeu os dedos
na frente do meu rosto e tentou rir. — Oooooooooh, cara assustador.
Eu não disse nada. Mas o olhar que eu dei a ele falou muito. Eu o
derrubaria sem nenhuma porra de hesitação se ele entrasse no meu
caminho novamente.

— Se importa se eu interromper, ou isso é uma dança particular? —


veio uma voz divertida do bar.

Era Saber.

— Se importa em me dizer por que você abriu caminho para o meu


clube? A última vez que vi, esta era uma zona livre de Kings. — Ele me deu
sua lendária cara de pôquer. Ele era conhecido por manter a mesma
expressão em todas as situações. Feliz, mesma expressão. Irritado, mesma
expressão. Te esfaqueando no peito com uma baioneta, mesma expressão.
Isso o tornou ilegível, e no mundo MC, isso era perigoso.

— Eu quero saber quem matou Isaac, — eu disse.

Ele ergueu as sobrancelhas. — Isaac?

— Não finja que não sabe do que estou falando. Quem matou meu
primo?

— Você quer dizer aquele tiroteio fora da cidade na semana passada?


Aquele era seu primo?

— Corte a besteira, Saber, você sabe que era. Diga-me, foi vingança?

Ele enfiou um palito entre os lábios. — Agora, por que diabos haveria
necessidade de vingança?

— É isso que estou pedindo.


Ele estendeu os braços ao seu lado. — Está tudo bem, irmão.

Um barulho do outro lado da sala nos interrompeu. Nós dois nos


viramos para olhar. O motociclista bêbado ao lado da jukebox empurrou
sua garota para longe dele e a chamou de prostituta. Nós assistimos
quando ele a jogou no chão e ficou em cima dela.

A raiva rasgou através de mim. — Você vai cuidar dessa besteira?

Saber deu de ombros. Ele não deu a mínima. — Não. Eu acabei por
aqui.

Ele se virou e começou a se afastar.

O motoqueiro bêbado puxou a garota do chão e a esmagou na lateral do


rosto com o punho, fazendo-a tropeçar contra a parede. Eu estava ao seu
lado em um instante, bem a tempo de impedi-lo de infligir um segundo
golpe.

Agarrando-o pelo colarinho, eu o empurrei contra a parede.

— Cada parte de mim quer que você tente isso de novo. Só para ter o
prazer de impedi-lo. — Minha voz estava perigosamente baixa e não tive
dúvidas de que o olhar em meus olhos o deixou saber que não havia
espaço para negociação aqui. — Você quer bater em mulheres, então você
precisa passar por mim primeiro. Entendeu?

Fúria e frustração subiram através de mim.

— Cai fora de mim, — ele cuspiu.

— Você gosta de machucar as mulheres?


— Foda-se.

Eu bati sua cabeça contra a parede. Minha raiva era uma porra de um
trem de carga e era bom ter alguém em quem liberar minha fúria. — Você é
um verdadeiro idiota, sabia disso? Um pedaço de merda realmente fodido.
— Agarrei seu colarinho com mais força e cheguei bem perto de seu rosto.
— Eu vejo você bater em uma mulher de novo, inferno, se eu ouvir sobre
você machucar uma mulher, eu vou te encontrar e quebrar sua maldita
cara. Você me entende?

Eu soltei meu aperto sobre ele e o deixei cair de pé.

Você pensaria que ele iria embora. Você pensaria que ele perceberia que
ele se safou razoavelmente sem dor e que ir embora era o melhor para ele.
Mas ele não o fez. Em vez disso, ele deu um golpe em mim e isso me
atingiu bem na sobrancelha, abrindo a pele e enviando sangue escorrendo
no canto do meu olho.

O fodido tinha apertado meu último botão.

E agora eu teria que machucá-lo.

Foram necessários três Knights para me tirar de cima dele. Então dois
deles me seguraram enquanto um grande homem chamado Hogg se
preparava para dar alguns socos em mim. Mas ele foi parado pela voz
rouca de Saber na porta, ordenando que ele recuasse.

— Basta, — ele ordenou.

Relutantemente, os bandidos me soltaram.

Mas eu já estava vendo vermelho. Maldito sangue vermelho. Então,


assim que eu estava livre, eu peguei a arma que eu tinha enfiado na parte
de trás do meu jeans e, em um segundo, eu estava apontando para eles.

— Qualquer um de vocês idiotas venha até mim de novo e eu vou te


matar, — eu avisei. E eu quis dizer isso. Cansei de ser o cara legal.

Porra feito.

Todos os três Knights deram um passo para trás. O espancador caiu em


uma bagunça sangrenta no chão gemeu enquanto recuperava lentamente a
consciência. Saber olhou para mim da porta. Ao contrário dos outros
homens, sua linguagem corporal era relaxada, sem ameaças, porque o fato
de eu ter uma arma apontada para eles em seu clube era mais
desrespeitoso para ele do que uma ameaça real.

— Você pode querer pensar sobre o que está fazendo, Cade, — ele
avisou. — Tal demonstração de desrespeito pode ser muito prejudicial.

— Você diz a esses capangas para manter as mãos para si mesmos e eu


saio daqui. — Eu dei a ele um olhar aguçado. — Com todos os meus
dentes.
Ele pensou por um momento e então acenou para Hogg e seus dois
ajudantes, antes de voltar seu olhar para mim. Ele cruzou os braços
grandes sobre o peito. Ao longo de seu antebraço, entre a colagem de
tatuagens, havia três cruzes grossas e pretas. Rumores diziam que
representavam as três vidas que ele havia tirado.

— Estamos em paz, meu amigo. Mas se você entrar no meu clube e


apontar uma arma para qualquer um dos meus irmãos novamente, você
não sairá daqui inteiro. Minha casa não é su casa. Você entendeu?

Nós nos encaramos por um momento, suas palavras pairando entre nós.
Olhei para a garota tremendo no chão.

— Ela vem comigo, — eu disse.

Saber pensou por um momento, seus olhos escuros e ameaçadores. —


Vocês dois vão embora agora.

Caminhei até a garota e a puxei pelo cotovelo, depois virando as costas


para meus rivais, saí do clube e fui para o sol do meio-dia.
Indy

Não sei o que esperava quando Cade voltou. Mas ele entrando com
uma garota quebrada de um clube rival não era.

Eu estava na sede do clube quando a porta se abriu e Cade entrou com a


garota, Joker e Vader atrás dele.

— O que está acontecendo? — Eu perguntei enquanto ele caminhava


em minha direção. Olhei além dele para a garota. Seu rosto parecia que ela
tinha passado algumas rodadas com uma parede de tijolos.

— Ela precisa de atenção médica, — disse Cade sem olhar para mim.
Ele deu a volta no bar e enfiou a mão no balde de gelo embutido no balcão.
Eu poderia ler Cade como um livro. Ele estava com raiva de tudo e de
todos, e ele não iria se incomodar em esconder isso.

Cruzei os braços e não me mexi. — Eu posso ver isso.

— Bom. Então que tal você ver para consertá-la.

Eu permaneci enraizada no local. Uma sobrancelha subiu. — Vou


precisar de um pouco mais de informação do que isso, — eu disse sem
rodeios.
Só agora Cade olhou para mim. Seus olhos geralmente brilhantes eram
escuros e frios. — Ela está com o lábio quebrado. Um olho roxo... Jesus
Cristo, Indy, não sou eu que tenho um diploma de médico.

Ele tirou a mão do balde de gelo e a envolveu em uma toalha molhada.


Mas antes que eles desaparecessem sob o tecido, notei alguns nós dos
dedos muito machucados. Ele estava em uma briga. Não com a garota
misteriosa – Cade nunca tocaria uma mulher com raiva – não, se eu fosse
adivinhar, eu diria que ele tem aqueles dedos inchados dando a alguém
um gosto de seu próprio remédio.

Tudo bem. Desdobrei meus braços. Porque ele obviamente ajudou a


salvar essa garota do que quer que tenha acontecido com ela, eu estava
preparada para deixar isso pra lá. Por agora.

Olhei para ela. Ela estava tremendo. Não porque ela estava com frio,
mas porque ela estava quebrada. E muito possivelmente bêbada. O rímel
escorria em grandes listras pretas pelas bochechas e ela não olhava para
mim. Ela simplesmente envolveu seus braços ao redor de si mesma e olhou
para o chão.

Eu ofereci uma mão gentil em seu ombro. — Vamos, querida. Vamos te


limpar.

Ela olhou para mim com olhos nervosos. Então eles mudaram para
Cade, pedindo permissão. Mas ele estava ocupado abrindo a tampa de
uma cerveja, sua boca fixa, sua mandíbula apertada.

— Vamos, — eu disse a ela. — Eu vou te arrumar.


Cade encontrou meus olhos e eu combinei sua frieza com a frente ártica
mais fria que uma mulher de sangue quente poderia usar. A garrafa de
cerveja parou em seus lábios quando passamos, e meus olhos não deixaram
os dele até desaparecermos da sala.

— Você é realmente uma médica? — a garota perguntou quando


comecei a trabalhar em seu rosto com creme antisséptico e um cotonete.

— Sim.

— Mesmo?

— O que? — Eu perguntei. — Eu não pareço uma médica?

Ela deu de ombros. — É apenas, bem… este é o último lugar que eu


esperaria encontrar uma mulher como você.

Às vezes eu ainda me sentia da mesma maneira.

— Aquele homem... Cade. Você é a old lady dele?

— Não, — eu respondi. Mas quando eu pensei sobre isso, isso não era
bem verdade. Eu era sua old lady. Nós apenas não tínhamos falado muito
sobre nós para ninguém. Porque antes que percebêssemos, a realidade de
uma vida de MC apontou uma arma para nós e disparou. Isaac estava
morto. Se eu era a velha senhora de Cade ou não parecia irrelevante. Sem
importância. Mas agora que pensei nisso... sim, eu era a velha senhora de
Cade.

— Você sabe, os Knights não tiveram nada a ver com a morte daquele
cara, — disse a garota, completamente do nada.
— Oh sim? Como você sabe disso?

Ela hesitou e então se inclinou para mais perto de mim como se


estivesse prestes a revelar um grande segredo. — Eles não sabem, mas ouvi
Saber e Hogg falando sobre isso outro dia. Hogg perguntou a Saber se eles
estavam envolvidos e Saber disse que não. Aparentemente, eles têm um
grande carregamento de heroína vindo de um novo fornecedor e agora não
era hora de começar qualquer tipo de briga com um clube rival. Ele disse
que eles precisavam manter a mira em seu novo fornecedor e não
precisavam da distração.

Uma vez que ela começou, ela simplesmente não conseguia parar. Ela
era como uma represa de segredos, todos eles saindo de sua boca.
Ouvindo-a continuar, pensei no MC dizendo: uma velhinha desprezada
pode derrubar um clube. E pelos sons disso, o canhão solto na minha frente
estava indo naquela direção. Ela sabia das coisas, ela disse. E ela ia fazer
Clutch pagar por bater nela.

— Saber e o clube estão envolvidos no comércio local de heroína. Ele


sabia sobre o envolvimento daquele cara morto com um negócio de
heroína, mas com o grande carregamento chegando, ele não iria fazer nada.
Hogg perguntou se ele sabia quem o matou. Foram os Southern Sons ou a
Satan’s Tribe e, novamente, Saber disse a ele que não. Os Knights são
fortemente aliados da Tribe e ele confirmou isso com seu presidente.

Coloquei um band-aid sobre o corte limpo. — Pronto, — eu ofereci a ela


um sorriso tranquilizador. — Não vai cicatrizar.

A garota olhou para mim através de seus cílios. — Obrigada.


— Posso chamar alguém para vir buscá-la? — Eu perguntei.

Ela sorriu. — Achei que poderia ficar um pouco. Aquele cara lá fora
com seu old man. Aquele que se parece com o vocalista do Faith No More,
ele está solteiro?

Ela estava falando sobre Vader.

Eu balancei minha cabeça. Essa garota não ia aprender. Ela precisava


pegar um ônibus e voltar rapidamente para Iowa.

Mas então, como eu poderia dizer isso quando eu estava apenas me


aprofundando.
Indy

Dois dias depois, depois de terminar um turno diurno no hospital,


dirigi direto para casa com a cabeça cheia de planos para uma noite
romântica. Sexo não existia entre nós no momento, e eu o queria de volta.
Eu sabia que Cade estava sofrendo, mas ele estava além de preocupado.
Ele estava obcecado, e eu ia trazê-lo de volta para mim. Para nós.

A casa estava vazia quando entrei. Não que eu esperasse que Cade
estivesse em casa. Ele não chegaria até a hora do jantar, o que me deu
tempo de sobra para mergulhar meus músculos doloridos em um banho de
espuma quente e relaxar com uma taça de vinho em preparação para os
eventos planejados da noite. Na minha gaveta de cima da nossa cômoda
compartilhada havia uma roupa novinha em folha da Victoria Secret de
cetim branco e a renda mais macia que eu já senti. Era sexy. Indulgente.
Um convite que era ao mesmo tempo descarado e carnal – o ala perfeito
para ajudar a trazer meu homem de volta para mim.

Depois de mergulhar na água luxuosamente perfumada por uma boa


parte de uma hora, lavei meu cabelo e passei a bucha na minha pele para
uma bondade sedosa e suave, então saí e enrolei uma grande toalha de
pelúcia em volta de mim. Eu era grande em hidratante e tinha uma
tonelada de frascos diferentes que eu usava regularmente. A escolha desta
noite foi um frasco de loção inebriantemente excitante que cheirava doce e
escuro, com notas de romã e sândalo. Era sexy. Sedutor. E eu sabia que isso
deixaria Cade selvagem enquanto cobria minha carne com seus beijos
quentes. Sorrindo para mim mesma, esfreguei a loção perfumada por todo
o meu corpo nu, as borboletas se soltando no meu estômago quando pensei
em Cade inalando o cheiro da minha pele enquanto ele rastejava por todo o
meu comprimento.

Deslizando para a lingerie, eu nunca me senti mais sexy na minha vida.


Calcinha de renda hipster e um sutiã combinando, eu nunca tinha possuído
algo tão luxuoso, tão descaradamente feito para aumentar a pressão arterial
e o pênis. E eu me senti animado apenas puxando-o e amarrando-o.

Quando as seis horas chegaram e se foram, verifiquei meu telefone, mas


não havia nenhuma mensagem de Cade.

O mesmo com as sete horas.

Às sete e meia, sentei-me na cama do nosso quarto iluminado pela lua e


senti a dor se espalhar pelo meu peito. Ele não sabia que eu estava
esperando por ele aqui no escuro, lavada, hidratada e usando lingerie no
valor de duzentos dólares. Mas ainda doeu.

Eu o desejava tão profundamente que doía. Meu sangue zumbiu através


de mim e eu me deitei nos travesseiros e olhei para o luar que entrava pela
janela. Meu corpo estava apertado. Eu estava tão pronta para Cade voltar
para casa e fazer amor comigo que mal podia suportar.
Enquanto pensava no meu grande e forte homem montanhoso, deixei
meus dedos descerem até a superfície plana do meu estômago e sobre as
curvas suaves dos meus quadris. Mal se tocando, eles voaram sobre a
pequena tira de cetim entre as minhas pernas e desceram pela frente das
minhas coxas, enviando pequenos arrepios através de mim. Meus mamilos
endureceram e uma pulsação surgiu entre minhas coxas.

Eu não tinha planejado isso, deitada no escuro, trazendo alívio para o


desejo implacável em meu corpo, mas me senti tão tensa, tão tensa com a
necessidade. Minha mão voltou para minha calcinha e meu corpo se
encolheu quando as pontas dos meus dedos delicadamente roçaram o
cetim macio. Como sussurros gentis contra a minha carne, meus dedos
desceram de volta para as minhas coxas e subiram novamente,
provocativamente chegando perto da pequena tira de tecido novamente,
mas depois se afastando. Quando eu lentamente os trouxe de volta e
estreitei sua área de foco para permanecer ao redor do meu clitóris, meu
corpo se iluminou. Apertei mais forte e fui recompensado com uma
deliciosa pulsação de prazer e gemi, pensando em Cade. Eu o imaginei em
pé na minha frente, gloriosamente nu com todos os seus músculos duros à
mostra.

Na minha cabeça, seu pau estava em sua mão e ele estava andando em
minha direção, seu rosto corado com necessidade primitiva, seus olhos
dilatados com luxúria. Quando ele se aproximou de mim foi quase
predatório, como se eu fosse sua presa e ele fosse me devorar, e eu me
contorci contra meus dedos com antecipação. Quando ele me alcançou, eu
me inclinei para ele e corri meus dedos sobre seu peito grosso e para baixo
em seus abdominais ondulantes, traçando a curva profunda de seu V
musculoso até alcançar seu pau grande e inchado.

Mordi meu lábio inferior quando uma onda de prazer fez os músculos
entre minhas coxas doerem e apertarem com luxúria. Mergulhei meu dedo
e puxei-o novamente, girando a maciez sobre meu broto inchado de
nervos. A tensão estava aumentando. Ascendente. Enrolando-me tão
apertado que eu estava pronto para estourar.

Na minha fantasia eu estava de joelhos, embalando o lindo pau do meu


homem em minhas mãos e deslizando minha língua sobre a cabeça lisa,
provocando-o com meus lábios e minha língua, e lambendo o pré-sêmen
branco perolado que brilhava em sua pele. Quando eu fechei minha boca
sobre ele e tomei seu comprimento em minha garganta, seu gemido
retumbou através de mim, seus suspiros de prazer me excitando. Sim, baby,
foda meu pau com sua linda boca. É isso, anjo. Você vai me fazer gozar tão forte.

Os músculos entre as minhas pernas latejavam enquanto eu continuava


a brincar com a protuberância inchada do meu clitóris, aumentando a
tensão. Eu queria Cade dentro de mim, desesperadamente. Eu queria que
ele me esticasse, me penetrasse e me fodesse com força. Eu queria que ele
me virasse e me batesse por trás. Eu queria que ele batesse em mim, duro e
áspero, então eu senti cada centímetro dele quase dolorosamente me
atingindo em meu útero. Eu queria que ele me dominasse, me dominasse,
me fodesse até o ponto em que eu não aguentasse mais e gritei seu nome
quando cheguei ao clímax. E então eu queria que ele fizesse amor comigo,
dolorosamente lento, cada impulso em meu corpo proposital e deliberado,
cada movimento de seus quadris forte e controlado.

Meu corpo reagiu com o pensamento e meus dedos deslizaram com


mais força sobre meu clitóris, pressionando mais fundo, esfregando mais
rápido até que tudo que eu estava ciente era o pulso crescente e a onda de
luxúria bombeando através de mim até o meu núcleo. Eu provoquei mais
forte, minha temperatura subindo, meus dedos dos pés ancorados na cama,
minha boceta ficando mais escorregadia, mais sensível e dolorosamente
pronta para gozar. Mordi o lábio novamente e gemi, minha respiração
ficando mais difícil, minhas bochechas corando quando a tensão finalmente
explodiu como uma explosão de estrelas e eu atingi o clímax. O êxtase
disparou através de mim e minha cabeça caiu para trás enquanto eu gemia
no quarto ao luar, minha boceta pulsando violentamente contra minha
palma, minha espinha arqueando de prazer.

Quando eu desci do meu alto, comecei a rir. Meu corpo parecia tão vivo.
Tão pronto para o meu homem. Senti-me corada e drogada pela minha
euforia, e queria mais.

Fazia semanas. Mas esta noite tudo ia mudar. Esta noite, quando ele
chegasse em casa, eu o traria de volta para mim. Traga-o de volta ao
presente e faça-o me ver. Toque me. Sinta-me.

Quando recuperei o fôlego e minha pele começou a esfriar, meu telefone


acendeu com uma mensagem. Eu o alcancei.
Cade: Não espere acordada. Vou me atrasar. Desculpe, querida x

Minha felicidade caiu para a boca do meu estômago. Arrepios se


espalharam pela minha pele e eu senti um formigamento na base da minha
espinha. A euforia do meu orgasmo desapareceu. A lacuna foi
aumentando. Quando as lágrimas queimaram em meus olhos, joguei meu
telefone sobre a cama e desci. Atravessando o tapete macio do nosso novo
quarto, vesti um roupão de seda e desci. Na cozinha, peguei a garrafa de
vinho, abri-a e parei no balcão enquanto bebia um gole decente.

Olhei ao redor da cozinha branca brilhante e bebi em outro.

Cade tinha me dado esta linda casa.

Mas ele nunca esteve nela.


Indy

Fazia três semanas desde que Cade tinha feito amor comigo.

Algo havia mudado nele e o transformou em pedra.

A princípio, deixei passar. Ele precisava de tempo para lidar com suas
emoções e colocar seus pensamentos em ordem. Eu entendi isso. Mas agora
. . . agora as coisas estavam ficando ridículas. Na maioria das noites ele
ficava acordado sem mim, treinando em sua academia ou sentado no deck
sob as estrelas, lutando com os demônios em sua mente. Nas noites em que
íamos para a cama juntos, ele me abraçava com seus grandes braços e me
segurava contra seu corpo forte e quente. Mas nunca iria a lugar nenhum.

Eu queria dar a ele o espaço. Ele precisava acertar as coisas em sua


cabeça e a última coisa que ele precisava era que eu fosse pegajosa. Mas
bastava. Tinha durado muito tempo e, em vez de melhorar, estava
piorando. A distância entre nós estava aumentando e eu estava começando
a me perguntar se algum dia encontraríamos o caminho de volta um para o
outro.
Rolando de lado eu me enrolei nele e procurei o conforto de seu corpo
quente ao lado do meu. Eu inalei o calor e o cheiro de sua pele e deslizei
minhas mãos por suas costas musculosas e pelos quadris para descansar
em seu estômago quente. Eu o senti se mexer. Senti nossos corpos
começarem a responder instintivamente e começarem a se mover um
contra o outro. Deslizei minha mão para sua boxer e Cade exalou quando
comecei a esfregar e acariciá-lo através do tecido. Seus lábios se separaram
e um gemido escapou dele. A luxúria se acumulou entre minhas coxas.
Esta foi a maior resposta que tive dele em semanas e eu estava desesperada
para que a seca acabasse. Encorajada, eu deslizei minha mão por baixo de
seu short e senti por ele, provocando-o com dedos gentis antes de envolver
minha mão ao redor dele. Ele gemeu enquanto eu o acariciava, seu pau
pulsando contra minha palma enquanto eu fazia as coisas com ele que eu
sabia que ele gostava.

Com um silvo de respiração, ele rolou em minha direção, levantando-se


com seus grandes braços e colocando-se entre as minhas pernas e eu
imediatamente senti o cume duro de seu pau pressionando em mim. Ele
me beijou forte, quente e desesperado, sua língua me penetrando enquanto
seu corpo se movia com urgência contra o meu. Era como se uma simples
punheta tivesse aberto um buraco na parede ao redor de seu coração e
nossos beijos estivessem derrubando a parede.

Mas depois parou. Tão repentinamente quanto começou. Ele olhou para
mim, sua respiração irregular, seu pau ainda duro e pressionando contra
mim, seus lindos lábios entreabertos enquanto ele lutava para recuperar o
fôlego. Suas sobrancelhas se juntaram e eu senti sua respiração deixá-lo
enquanto ele perdia qualquer guerra que estava acontecendo dentro dele.
Ele deixou cair sua testa na minha, e eu sabia que nosso amor não iria
acontecer.

— Sinto muito, — ele sussurrou.

Quando ele desviou o olhar eu virei seu rosto de volta para mim para
que eu pudesse olhá-lo nos olhos.

— Está tudo bem, — eu o assegurei.

Meu corpo queimava por ele, e quando ele rolou para longe de mim
arrepios fizeram cócegas na minha pele. Ele saiu da nossa cama e
desapareceu no banheiro. Dez minutos depois, ele saiu vestido.

— Onde você está indo? — Eu perguntei.

— Não consigo dormir. Vou dar uma volta.

Eu não lutei com ele. Não havia sentido. Isso só o afastaria ainda mais.
Ele precisava de tempo para enfrentar os demônios dentro dele.

Quando o ouvi sair, me enrolei no travesseiro e lutei contra as lágrimas,


me perguntando quando meu homem voltaria para mim.
Cade

Eu não sabia para onde estava indo. Eu só precisava sair e dirigir.


Vagueie pelas ruas. Às vezes parecia que as paredes estavam se fechando e
isso me assustava porque eu não sabia em quem estava me transformando.
Tudo o que eu sabia era uma necessidade persistente de descobrir quem
havia matado Isaac.

Eu me senti mal por Indy. Ela estava estendendo a mão para mim, mas
eu simplesmente não conseguia voltar. E isso me fez sentir ainda pior do
que eu já estava. Ela era minha rainha e eu a adorava, e não havia um
pingo de mim que não quisesse fazer amor com ela. Mas uma nuvem negra
desceu sobre minha alma e eu achei cada vez mais difícil bloquear a raiva e
a dor para dar a ela tudo de mim.

Frustrado, fui parar no Playground – o apelido local para uma parte da


cidade onde as prostitutas vendiam seus serviços para os clientes que
paravam no meio-fio e perguntavam quanto. Era uma parte movimentada
de Destiny. Aqui o ar estava pesado com hormônios, maconha e desespero.
O sexo estava prontamente disponível. Tudo o que você gostou. Trabalhos
manuais. Golpes. Tradicional. Anal. Sexo com brinquedos. Dois. Trio.
Qualquer um que você quisesse. Pelo preço certo, você conseguiu o que
queria no Playground. Era o lugar perfeito para encontrar sexo sem
compromisso, sem falsas promessas e sem expectativas.

Parei no meio-fio onde duas mulheres estavam ao lado de um poste de


luz e baixei a janela.

— Ei, querido, você está procurando alguma companhia? — A ruiva em


um minúsculo short preto e um top de sutiã brilhante perguntou. Sua
amiga com uma cabeça de cachos loiros virou as costas para nós enquanto
acendia um cigarro. A ruiva piscou. — Não há necessidade de você se
sentir sozinho esta noite, baby. Eu posso fazer você se sentir muito bem.

Eu me inclinei para frente. — E a sua amiga? Ela está disponível


também?

A loira se virou. Ela soprou um funil de fumaça de cigarro enquanto me


avaliava. — Você quer um de três vias baby, isso vai te custar.

— Quantos? — Eu perguntei.

— Trezentos, — respondeu a ruiva.

— Certo. Sem problemas.

A loira, que parecia um pouco mais esperta e menos performática do


que a ruiva, ergueu uma sobrancelha para mim. — Você me mostra o
dinheiro, querido, e você tem um acordo.

Eu tinha o dobro disso na minha carteira. Peguei seis notas de cinquenta


dólares e mostrei a elas.
— Bem, garotão, vamos festejar, — disse a loira, deixando cair o cigarro
na calçada e esmagando-o com o salto de uma bota de cano alto.

A ruiva abriu a porta dos fundos enquanto a loira corria para o lado do
passageiro.

— Pronto? — Eu perguntei pra eles.

A loira se aconchegou no meu braço. — Sim, querido, vamos fazer isso.

— Você é de verdade? — a garota loira perguntou quando eu parei na


frente da lanchonete. O nome dela era Nancy. A ruiva era Rosie. — Você
realmente quer nos comprar um café? — Ela ergueu uma sobrancelha
desconfiada em minha direção. — Ou é o código ‘compre seu café’ para
algum fetiche esquisito que você tem?

— Ouçam, senhoras, — eu disse, desligando o motor e virando para


elas. — Por mais adoráveis que sejam, não quero fazer sexo com você. Eu
quero conversar. Isso é tudo.

Antes que eu pudesse impedi-la, Nancy deslizou a mão sobre minha


virilha.

— Oh, querido, não parece que você só quer conversar.

Eu não era difícil. Mas ela conseguiu uma boa sensação do meu pau.
Eu gentilmente removi sua mão.

— Café e comida. Que tal isso?

Ambas pensaram nisso.

— Ainda recebemos o dinheiro, certo? — perguntou Rosie.

— Sim.

— Os trezentos completos? — Nancy me deu um olhar desconfiado.

— Os trezentos completos, sim.

Ambos deram de ombros.

— Claro, baby. É o seu dinheiro, — Rosie disse enquanto descia do


carro.

Nancy esperou e então se inclinou, sussurrando em meu ouvido: — Se


você mudar de ideia, eu vou te foder de graça.

Depois de separar a mão da minha virilha, novamente, nós três


entramos no restaurante. Rosie e Nancy pediram torta e café, enquanto eu
fiquei com meu café preto.

— Então, qual é o seu problema, baby? Por que um gostoso como você
pega garotas na rua e as leva para tomar café e torta no meio da noite? —
Rosie perguntou, cavando sua torta de maçã. Toda vez que ela se movia, as
pulseiras em seus braços tilintavam e raspavam no tampo de plástico da
mesa.
— Sim. Parece que você tem muito a seu favor. Por que você está aqui
no meio da noite pagando duas prostitutas para tomar café com você? —
Nancy pegou uma grande colherada de torta de nozes e a devorou com
seus lábios vermelhos perfeitos.

Eu mexi meu café. — Meu primo foi assassinado.

Ambas as garotas pararam frias.

— Assassinado? — Rosie falou muito devagar.

— Por quem? — Nancy perguntou, com a boca cheia de torta.

— Eu não sei. Mas pretendo descobrir.

— E como nos encaixamos nisso? — Nancy perguntou desconfiada.

A ideia surgiu-me enquanto conduzia. A rua. Era uma rede gigantesca


de idas e vindas. As pessoas falavam. As pessoas sabiam das coisas. Era
uma fonte de informação que eu ainda não tinha acessado, mas eu ia
começar com esses dois.

— Vocês duas parecem ser senhoras espertas. Você sabe o que está
acontecendo em cada sombra desta cidade.

— Não significa que sabemos quem matou seu primo, — disse Nancy.

— Não. Mas as pessoas falam. E vocês senhoras estão no . . . negócios de


pessoas.

— Qual era o nome do seu primo, querido? — perguntou Rosie.


Eu tinha a sensação de que Nancy era naturalmente cautelosa e
defensiva, mas Rosie podia farejar autenticidade quando estava sentada à
sua frente.

— Isaac, — eu disse. Doeu dizer o nome dele. — Isaac Calley.

— O motoqueiro? Ele era um Kings of Mayhem, não era? — Perguntou


Rosie.

Eu balancei a cabeça.

— Isso significa que você é um King? — Nancy perguntou, seus olhos se


iluminando.

Novamente, eu assenti.

Nancy recostou-se e brincou com sua torta. — Eu não sei, cara, quero
dizer, eu não quero me envolver em algum confronto de motoqueiros.

— Você diz isso como se soubesse que outro clube estava envolvido, —
eu disse.

Ela deixou cair a colher na mesa. — Eu não sei de nada e vou negar
qualquer coisa...

— Ah, cale a boca, Nancy, — Rosie disse. — Pare de ser tão dramática.
Ele só está nos perguntando se ouvimos alguma coisa. — Rosie se
aproximou como se fosse me contar um segredo. — Ela é jovem e um
pouco dramática às vezes.
— Você sabe que eu estou sentada bem aqui, certo? — Nancy disse,
pegando sua colher e cutucando sua torta novamente. — E que eu posso
ouvir você.

Rosie não perdeu o ritmo. — Viu?

Eu não pude deixar de sorrir. Rosie era bem-humorada. Em algum


lugar em seus trinta e tantos anos, sua maquiagem pesada a fazia parecer
uma década mais velha. Enquanto Nancy, que não podia ter mais de vinte
e um anos, tinha um ar de desconfiança ao seu redor.

— Isso significa que você vai me ajudar? — Eu perguntei.

— Claro, querido, — Rosie respondeu. — O que você precisar.

Olhei para Nancy que pensou por um momento e depois revirou os


olhos. — Tudo bem. O que você precisa que façamos?

— Basta manter seus olhos e ouvidos no chão. Se você souber de


alguma coisa sobre o assassinato de Isaac, ligue para mim. Escrevi o
número do meu celular em dois guardanapos de papel. — Nada mesmo.
Eu não me importo com o quão sem sentido isso parece para você, se é
sobre a morte de Isaac, então você me liga, ok?

Ambos assentiram. Rosie enfiou o guardanapo entre dois seios enormes.

Levantei-me e coloquei os trezentos dólares, mais o suficiente para café,


torta e uma gorjeta na mesa. — Obrigado. Eu sei que não era isso que você
esperava. Eu agradeço.

Rosie pegou o dinheiro e começou a dividi-lo.


— Oh, querido, não é a coisa mais estranha que me pediram para fazer
esta noite. — Ela piscou para mim. — Mas certamente foi o mais delicioso.
Indy

Quase duas semanas para o dia do funeral de Isaac, outra nuvem escura
desceu sobre o Kings of Mayhem MC.

Eu estava no pronto-socorro quando a ligação chegou. Um homem de


quarenta e cinco anos. Traumatismo craniano e intoxicação por monóxido
de carbono. Encontrado sem resposta. Ressuscitado. Pulso fraco.

Quando o colocaram na maca, tive um vislumbre do corte do Kings of


Mayhem e meu coração foi para a garganta. O Dr. Burdett, nosso chefe de
trauma, aceitou o caso, mas eu os segui até a Trauma Baia dois, um
pressentimento terrível subindo pela minha espinha. Cautelosamente, me
aproximei deles, sem saber quem estava na maca, sem saber como a vida
estava prestes a mudar.

Os alarmes soaram e a enfermaria de traumas ganhou vida com uma


urgência organizada enquanto o Dr. Burdett e sua equipe de emergência
trabalhavam para manter o paciente vivo. Quando ele parou, ouvi o giro
do desfibrilador enquanto carregava, seguido pelos três bipes para
sinalizar que estava pronto.
O Dr. Burdett ergueu os remos. — Limpo?

Ele colocou as pás no peito do paciente e deu-lhes suco. Quando o corpo


sobre a mesa estremeceu, foi quando o vi. Tex. Seus olhos estavam
fechados. Sua boca relaxa. Seu rosto vermelho. Outra corrente de
eletricidade atravessou seu corpo, e ele sacudiu, seu corpo arqueando para
cima e apertando, antes de cair imóvel na maca novamente.

Nenhuma coisa. O monitor cardíaco continuou a mostrar uma linha


plana.

— Vamos novamente. Carregue para duzentos, — ordenou o Dr.


Burdett.

Mais uma vez, ele aplicou os remos no peito de Tex e enviou outra
carga de eletricidade para seu coração.

Mais uma vez, Tex sacudiu e depois parou.

Ainda nada

— Ok, vamos chamar este, — disse Burdett.

— Não! — Eu disse, dando um passo à frente.

Burdett e sua equipe olharam para mim.

— Eu o conheço, — eu disse.

Uma das enfermeiras falou. — Ele foi encontrado sem resposta. Ele está
batendo o caminho todo até aqui, Dra. Parrish. A chance de ele ter alguma
atividade cerebral restante é mínima, na melhor das hipóteses.
Burdett olhou para mim por mais um momento, depois voltou-se para
sua equipe.

— Carregue. Vamos tentar de novo.

Novamente, o desfibrilador carregou e apitou. Mais uma vez, Burdett


enviou outra corrente elétrica através de Tex e em seu coração. Mais uma
vez, eu o vi sacudir, flexionar e depois cair imóvel na maca.

Fechei meus olhos. A enfermeira estava certa. As chances de Tex ter


qualquer atividade cerebral eram improváveis.

— Estou chamando, — disse Burdett, tirando as luvas. — Hora da


morte 14h37.

Senti-me enraizado no local. Congelado por outra morte de um King na


minha frente. Burdett acenou para mim enquanto passava e desaparecia do
quarto. Antes que eu percebesse, eu estava sozinha com Tex. Em um
minuto a sala estava cheia de atividade tentando mantê-lo vivo, no minuto
seguinte, todas as máquinas foram desconectadas e o quarto foi esvaziado.
Tex estava morto. Quando recuperei o controle dos meus pés, aproximei-
me dele lentamente. Ele parecia pacífico – morto – mas pacífico. O sangue
manchava o travesseiro de um ferimento na nuca e sua pele estava
vermelha. Fora isso, ele não mostrou outros sinais de trauma.

— Desculpe, Tex. — Eu o conhecia a maior parte da minha vida.


Quando eu tinha sete anos, ele era um prospecto no clube e brincava
comigo e Bolt na casa da árvore quando precisávamos de babá. Uma vez,
quando eu tinha nove anos, ele me pegou na escola em sua moto e, quando
viu Joey Mattell me provocando, apontou para ele e deu a ele um olhar tão
sombrio que Joey Mattell nunca mais me provocou. E quando tirei minhas
amígdalas, ele me visitou no hospital e me deu sorvete.

Agora, ele estava morto.

Minha cabeça levantou.

Cade.

Como ele iria encarar isso tão cedo após a morte de Isaac?

Ele foi tão torturado por seus demônios que isso poderia muito bem
empurrá-lo para o limite.

Peguei meu celular, mas fui interrompida por uma enfermeira.

— Indy, é melhor você vir rápido. Acho que alguns amigos seus estão
aqui e o Dr. Burdett está prestes a entregar a notificação da morte.

— Oh, porra, — eu sussurrei.

Corri pelo pronto-socorro e empurrei as portas da sala de espera, mas


parei quando vi Dahlia, Ronnie, Bull, Caleb e Cade todos parados do outro
lado da sala. Dr. Burdett se aproximou deles, e antes mesmo que ele falasse
Dahlia começou a balançar a cabeça. Eu assisti, impotente, enquanto ela
desabou nos braços de Ronnie e começou a chorar. Os olhos de Cade
alcançaram os meus e estavam escuros. Suas mãos em punhos ao seu lado.
Seu rosto endureceu com a emoção. Ao lado dele, Caleb exalou
profundamente e passou as mãos pelo cabelo, enquanto Bull continha suas
emoções por trás de seus óculos escuros. Eu estava congelada no local, o
sangue girando em meus ouvidos, enquanto a enormidade da situação
subia pela minha espinha.

A morte de Tex logo depois de Isaac ia devastar todos no clube.

Lentamente, comecei a andar, sentindo meus pés pesados enquanto


cruzava o piso de linóleo até onde meus amigos, minha família, se reuniam
em torno de Dahlia.

— Sinto muito, Dahlia, — eu disse tristemente.

Cade veio até mim e pressionou seus lábios na minha testa.

— Você está bem, anjo? — ele perguntou, sua voz áspera.

Eu balancei a cabeça e suas grandes mãos acariciaram minha nuca.

— Eles tentaram salvá-lo, — eu disse. — Mas era tarde demais.

— Se ao menos eu tivesse chegado em casa mais cedo, — Dahlia


soluçou. — Se ao menos eu não tivesse parado para pegar as malditas
compras!

Olhei para Cade. Sua mandíbula estava apertada, suas sobrancelhas


desenhadas. A notícia estava começando a fazer efeito e eu estava
preocupado com ele. Isso ia atingi-lo com força tão rápido após a morte de
Isaac.

Dois dias depois, o médico legista considerou a morte de Tex um


acidente.

Depois de ligar o carro na garagem, ele o deixou ligado enquanto corria


de volta para dentro para pegar alguma coisa. No caminho de volta para o
carro, ele escorregou e bateu a cabeça, nocauteando. Infelizmente, ele
também caiu no controle remoto da porta da garagem, fechando-a.
Inconsciente e incapaz de escapar dos gases de escape que rapidamente
encheram a pequena garagem, Tex morreu de envenenamento por
monóxido de carbono.

Mas eu poderia dizer pelo olhar no rosto de Cade que ele não acreditou.

Ele não acreditou em tudo.


Cade

Igreja era um assunto sombrio. As três cadeiras vazias à mesa eram um


lembrete grave da perda que sofremos nos últimos meses. Às vezes eu me
perguntava se o maldito clube estava amaldiçoado. Tanta coisa tinha dado
errado ultimamente.

Mais uma vez, capítulos de todo o país desceram em nossa pequena


cidade para o funeral. Fazia quase oito anos que não tínhamos um funeral
no clube, mas estávamos prestes a ter nosso terceiro em três meses.

E eu não conseguia afastar a sensação de que não tínhamos visto o


último da má sorte.

Eu me senti impotente. Jackie tinha morrido de causas naturais. Mas


Isaac, ele havia sido assassinado, e a necessidade de descobrir por que
estava me deixando distraído. Agora Tex estava morto e eu não conseguia
afastar a sensação de que não foi um acidente.

Cheirava a jogo sujo.


Antes de Bull encerrar a igreja, ele se levantou e deixou um remendo na
mesa na minha frente. Bordadas em letras brancas sobre couro preto
estavam as palavras Vice-Presidente.

A votação foi feita dias antes, antes da morte de Tex, e a votação para
mim foi unânime. Eu era agora o vice-presidente do capítulo original de
Kings of Mayhem.

A sala explodiu em aplausos.

Bull colocou a mão no meu ombro. — Vamos comemorar depois de


enterrar Tex.

Nós o enterramos no dia seguinte. Ele foi sepultado em um jazigo


familiar em um cemitério ao norte de Humphrey. Nós o enterramos em
uma manhã quente de outono. Houve a habitual procissão de motos
serpenteando pela estrada com bandeiras de capítulos voando na brisa
fresca do Mississippi. Houve o serviço e as lágrimas, e o desgosto e tudo o
que acontece com a perda de um filho, um pai, um marido e um amigo.

Enquanto observava seu corte desaparecer no chão, passei meu braço


em volta da cintura de Indy, buscando conforto no calor de seu corpo.
Quando éramos crianças, Tex costumava me trazer carros Matchbox
quando tomava conta de mim e dos meus irmãos. Ele me ensinou a jogar
pôquer. Ele me deu cervejas nos churrascos do clube quando minha mãe
não estava olhando. Ele aguentou um show de Britney Spears porque Indy
amava Britney e eu amava os peitos de Britney. Ele estava lá quando voltei
de Seattle sem minha garota e se certificou de que eu estava bem quando
meu desgosto ficou demais para o meu triste coração adolescente.
Agora estávamos colocando ele na porra do chão.

Meus dedos se contraíram. Raiva e tristeza subiram pela minha espinha


e foi crescendo em força. Eu ia descobrir quem fez isso.

E eu ia matá-los.
Indy

Na noite do incidente da lingerie, Cade chegou tarde, e quando ele foi


para a cama eu fingi que ainda estava dormindo porque não estava pronta
para falar com ele. Eu estava ferido. Sozinho. E eu não estava pronta para
pressioná-lo a se abrir para mim. Eu sabia o que era perder alguém que
você amava – isso fodeu com sua cabeça de maneiras que você nunca
poderia imaginar – e eu não queria afastá-lo enquanto tentava puxá-lo para
mim.

Mas ele estava escondendo algo de mim, e eu queria saber o que era.

Dois dias depois do funeral de Tex, eu estava em frente a ele na cozinha


de nossa nova casa, observando-o beber sua xícara de café, e fiquei tentada
a perguntar a ele sobre isso. Mas percebi que a probabilidade de ele me
dizer era zero ou nenhuma.

Então, quando ele saiu, dizendo que tinha coisas para fazer e só voltaria
tarde, e quando ele pegou o carro e não a moto, decidi segui-lo.

Agora eu estava no meu carro na frente de uma lanchonete a meio


caminho entre Destiny e Humphrey, observando Cade escoltar duas
mulheres para dentro. Eles se sentaram em uma cabine de janela com vista
para o estacionamento. Eu os vi pedir, vi a garçonete trazer café, vi as duas
mulheres acenderem um cigarro e Cade começar a falar. Depois de um
tempo, a garçonete trouxe dois pratos de torta e, enquanto estava lá, voltou
a encher o café de Cade. A conversa parecia fácil. Não houve pausas
constrangedoras. Nada de silêncios desconfortáveis. Cade conhecia essas
mulheres e, pelo jeito, essa situação era familiar para ele.

Saindo do meu carro, atravessei o estacionamento. Quando entrei no


restaurante e parei no degrau, um pequeno sino acima da porta alertou a
todos da minha presença. Cade sentou-se com as mulheres duas mesas
abaixo e todos os três olharam para cima. Se ele ficou surpreso com a
minha chegada, então não demonstrou. Ele permaneceu completamente
impassível.

Endireitando meus ombros, caminhei até eles e me sentei calmamente,


cruzando minhas mãos na minha frente sobre a mesa. Imediatamente, a
mulher loira arregalou os olhos fortemente maquiados e zombou de mim.

— Hum, olá? Esta mesa está ocupada, — disse ela. — Você não pode
simplesmente...

Eu a calei com um olhar.

— Está tudo bem, Nancy. Este é o Indy. — Os olhos de Cade não


deixaram os meus enquanto ele falava. — Minha old lady.

Eu levantei uma sobrancelha para ele.

E ele levantou um de volta.


— Você é a old lady dele? — Nancy ofegou. Ela olhou para Cade. —
Você é casado?

— Tão bom quanto, — ele respondeu, seus olhos permanecendo colados


aos meus.

— Acho que devemos ir, — disse a ruiva sentada ao meu lado. Ela se
levantou, as pulseiras em seus braços tilintando enquanto ela apagava o
cigarro e pegava sua bolsa.

— Não há necessidade, — eu disse, sem tirar os olhos de Cade. — Você


deveria se sentar.

Com o canto do olho, notei que as duas mulheres trocaram um olhar


antes que a ruiva lentamente se abaixasse.

— Então, — eu disse, levantando uma sobrancelha e inclinando minha


cabeça para o lado. — O que uma garota precisa fazer para tomar uma
xícara de café por aqui?
Cade

Não sei se alguma vez a amei tanto quanto naquele momento. Vê-la
entrar na lanchonete e sentar-se calmamente à mesa. Vendo como ela não
tinha confundido isso com nada além do que era. Ela sabia que algo estava
acontecendo, mas ela não estava tirando nenhuma conclusão. Não que eu a
culparia se ela o fizesse. Especialmente com o nosso passado. Mas ela não.
Minha rainha era ferozmente leal e agora parecia, ferozmente confiante.

Um sorriso puxou meus lábios enquanto observava Rosie e Nancy. Eles


pareciam ansiosos. Confuso. Nancy parecia desconfiada, enquanto Rosie
mordia o lábio inferior e apertava os olhos enquanto examinava a situação.

Comemos torta mais uma vez desde a primeira noite em que nos
conhecemos, e novamente esta tarde. A segunda vez que nos encontramos
foi por causa de um encontro que Rosie teve com um cliente que gostava
de conversar enquanto ele se masturbava sobre seus seios enormes. — Os
homens são mais vulneráveis quando estão gozando, — explicou ela. — Você
ficaria surpreso com os segredos que eles revelam com um fluxo de ejaculação. —
Aparentemente, o locutor era um membro da Tribe do Satã, uma gangue
rival que fugiu de Gulfport. Ele atirou fora de sua boca enquanto ele atirou
esperma em seus seios. Ele disse que o presidente deles – um homem
gigante chamado Balthazar – havia organizado o ataque a Isaac.

Armado com essa informação, Bull foi mais fundo. Sondou mais. Bolas
torcidas. Descobri que o John era um aspirante a membro do clube que
andava pela sede do clube como um fedor, ocasionalmente fazendo bicos
para o clube, mas nunca sendo atraído para o santuário interno. Não havia
verdade no que ele disse; ele inventou a história para soar como um cara
durão. Era tudo parte de sua fantasia fodida.

Hoje eu tinha pedido para encontrar Nancy e Rosie porque estava


convencido de que a morte de Tex não foi um acidente e queria saber qual
era a palavra na rua.

Até agora não havia nada, eles disseram. Sem rumores. Nenhuma
fofoca. Nenhuma palavra.

Elas estavam prestes a sair quando Indy apareceu e se sentou. E não


pude deixar de sorrir quando meus dois companheiros muito espertos
foram derrubados por um olhar afiado da minha rainha.

Divertida, eu assisti enquanto Indy ouvia Rosie e Nancy explicando


nosso acordo. Elas me deram informações e eu lhes dei torta. Era isso.
Nada mais. Indy estava calma. Mas eu poderia dizer que ela estava com
raiva de mim, porque eu a conhecia. Eu sabia o jeito que ela mordia o lábio
inferior quando tentava acalmar seus pensamentos. Sabia como ela
levantava uma sobrancelha quando estava apenas controlando seu
temperamento.
Eu nem tinha certeza do que ela estava dizendo, eu estava muito
ocupado observando-a, observando o jeito que ela falava com eles,
observando o jeito que eles a tratavam quando sabiam que ela não era uma
velha louca que não ia chover fogo do inferno e enxofre sobre elas por se
encontrarem com seu old man.

Porque era isso que eu era. Eu era o old man dela.

E ela era minha old lady.


Indy

As senhoras foram embora, deixando eu e Cade sozinhos. Sentamos um


de frente para o outro, uma eletricidade de palavras não ditas carregando o
ar entre nós.

Esperei que ele falasse.

E ele esperou que eu falasse.

— Ok, deixe-me tê-lo, — ele finalmente disse.

— O que você quer que eu diga?

— Você está com raiva, — disse ele.

Eu balancei a cabeça, mas falei com calma. — Sim.

— Eu não toquei naquelas garotas.

— Eu sei.

Sua sobrancelha subiu.

Suspirei. — Estou com raiva porque você me excluiu. Nós deveríamos


estar juntos, mas você está se afastando de mim.
— Não há nada para contar.

Mais uma vez, minha sobrancelha disparou. — Você está se


encontrando secretamente com prostitutas. Acho que isso é notícia.

— Por nenhuma outra razão além de descobrir o que diabos está


acontecendo.

Não havia necessidade de refazer seus motivos para se encontrar com


Rosie e Nancy. Eles tinham sido muito diretos no que estavam fazendo por
Cade. Ele precisava que eles fossem seus olhos e ouvidos na rua. Ele
comprou torta para eles.

— Não é só isso, — eu disse, meu coração batendo em meus ouvidos. —


Há uma lacuna entre nós e está aumentando a cada dia.

Ele ergueu as sobrancelhas. — Que lacuna...?

— Não finja que não sabe do que estou falando. — O fogo em meus
olhos encontrou a escuridão nos dele. — Eu tive que me foder na outra
noite porque você não estava lá para fazer isso. Você nunca está lá para
fazer isso.

— Jesus Cristo, Indy. — Ele balançou a cabeça e sentou-se na cabine.

Olhei ao redor da sala. Com exceção de uma mãe e seus dois filhos na
extremidade da lanchonete, e um madeireiro solitário cuidando de uma
xícara de café a algumas mesas de distância, a lanchonete estava quieta.

— É a verdade, — eu disse.

Ele balançou sua cabeça. — Não estamos fazendo isso aqui.


— Tudo bem. — Eu levantei-me. — Faremos em casa.

Ele se levantou também e jogou algumas notas de vinte na mesa.

Quando me afastei, ele me parou, gentilmente colocando a mão no meu


pulso. Seus olhos suavizaram. — Eu te amo, você sabe disso, certo?

— Não é disso que se trata, — eu disse, me afastando de seu toque. —


Vejo você em casa.

Ele me seguiu para casa em seu carro, e estava atrás de mim quando
subi os degraus da nossa porta da frente. E quando entrei na cozinha, ele
estava bem ali, atrás de mim. Eu estava de um lado da ilha e ele do outro.
Duas xícaras de café que sobraram de mais cedo ainda estavam na bancada
entre nós.

— Você me culpa por não salvar Isaac? — Eu perguntei, a ideia de


repente me ocorrendo. — É isso? Você me culpa por ele ter morrido?

Não que Isaac pudesse ter sido salvo. Mesmo que seus ferimentos
tivessem acontecido em um pronto-socorro totalmente equipado, ele ainda
teria morrido.

— Não! — ele disse.

— E Tex? Você também me culpa pela morte dele? — eu rebati.

— O que? Não!

— Mesmo não sendo eu quem trabalhou nele. Suponho que foi minha
maldita culpa que ele ligou o carro antes de correr para dentro para pegar
alguma coisa. Minha culpa ele escorregou e se nocauteou...
— Pare com isso! — ele disse sombriamente.

— Minha culpa, ele caiu no controle remoto da porta da garagem e


fechou, prendendo-o dentro com toda aquela fumaça do carro...

— Pare!

— Bem, não foi minha culpa. Assim como não foi sua culpa Isaac ter
sido morto a tiros...

— Eu disse pare! — ele gritou, batendo a xícara de café na bancada e


jogando-a no chão.

Ele estava com raiva.

Mas eu também estava.

Então eu bati na outra xícara de café e a fiz voar também.

— Você não pode fazer isso! — Eu gritei com ele. — Você não pode me
culpar por Isaac.

— Culpar você? Eu não te culpo. Eu me culpo! — ele rugiu, apontando


para seu peito largo. — É minha culpa que ele morreu. É minha culpa ele
estar lá. Se eu não tivesse ligado para ele naquela noite, ele ainda estaria
dormindo em sua cama.

— Isaac foi morto porque estava fodendo com o comércio de heroína.

— Não! Ele foi morto porque eu estava chateado com ele e queria foder
com ele tirando-o da cama às 2 da manhã. Maverick estava de plantão
comigo. Ele não!
Ele caiu para a frente, as palmas das mãos batendo contra a superfície
plana da bancada.

— Não foi sua culpa, — eu disse com uma voz trêmula.

Ele fechou os olhos e esperou que a dor passasse. Eu podia ver que sua
culpa tinha tirado o melhor dele. Apodreceu dentro dele. Ele o estava
mastigando há semanas, apodrecendo sua natureza habitual e
descontraída.

— Ele não estaria lá se eu não tivesse ligado para ele, — ele murmurou.

— Se eles não o pegassem então, eles o pegariam outra vez.

Ele olhou para cima, com o rosto dolorido e meu peito pesado de
emoção quando vi o tormento queimando como fogo em seus olhos
agonizantes.

— Isaac morreu por minha causa, — ele sussurrou.

— Pare, — eu disse. — Você sabe que isso não é verdade.

Seu punho bateu na bancada, veias tão tensas quanto cordas enrolando
em torno de seu antebraço largo.

— É isso aí, Indy. — Sua garganta trabalhou enquanto ele engolia. —


Isso é.

Ele virou as costas e começou a se afastar.

— Isso é? — Eu chamei por ele. — É por isso que você não está por
perto? Ou você simplesmente não me quer mais?
Cade virou para me encarar. — Que porra isso significa?

— Você não me tocou em semanas. E a única vez que começamos a


fazer amor, você se afasta de mim e se esconde no banheiro.

Ele arqueou as sobrancelhas e sua mandíbula apertada.

— Estou fodido, em todos os sentidos, — disse ele sombriamente.

Eu balancei minha cabeça. Ele não conseguiu se livrar disso tão fácil.

— Pare de me afastar, — eu implorei.

— Eu não sou, — ele disse rispidamente.

— Se você não me quer...

— Não quero você? — Ele caminhou de volta para mim e agarrou meus
braços. — Você é a razão pela qual eu respiro!

— Então por que você não me deixa entrar? — Chorei.

— Porque eu estou apavorado pra caralho! — ele gritou.

Ele me soltou e deu um passo para trás, atordoado por sua própria
admissão. Seus olhos estavam selvagens, seu peito arfando, sua boca
molhada enquanto ele arrastava a língua sobre os lábios.

— De mim? — Eu perguntei. — De nós?

A emoção brilhava em seus olhos. Seu pulso batia contra sua garganta.
Enquanto ele passava a mão pelo cabelo, ele respirou fundo para acalmar
seus nervos. A energia ricocheteou nele.
— Perder Isaac partiu meu coração, — disse ele, a agonia em sua voz
tão evidente quanto a dor em seu rosto. — Mas perder você acabaria
comigo. Você entende isso? Isso me mataria.

Estendi a mão e alisei meus dedos em seu lindo rosto. Sua admissão
lentamente temperou nossa briga.

— Eu não vou a lugar nenhum, — eu disse.

— Nem o Isaac. Agora ele está morto. — Seu rosto se suavizou e, por
um breve momento, ele parecia aflito e... atormentado. Ele se virou, seus
ombros largos quase bloqueando a luz da janela.

— Eu sinto falta dele, — disse ele com a voz rouca.

Ficamos de frente um para o outro, apenas alguns metros nos


separando, mas a distância parecia muito maior.

— Por favor, não me afaste, — eu implorei suavemente. Lágrimas


queimaram em meus olhos. — Eu te amo muito. — Envolvi meus braços
em volta da minha cintura e deixei a primeira lágrima cair. — Porque eu
não suportaria perder você pela segunda vez.
Cade

Afastei-me da janela e olhei para minha rainha com os braços em volta


da cintura, e a vergonha rolou através de mim. Em minha dor e culpa pela
morte de Isaac, eu a abandonei porque estava tão distraído com meu desejo
de vingança e minha própria auto-aversão e culpa. Eu a tinha excluído. Eu
a tinha machucado. Eu não a tocava há semanas, e agora ela achava que eu
não a queria mais. E por que ela não pensaria isso? É o que qualquer um
pensaria.

Porra, eu era um idiota.

Eu estava girando fora de controle.

Ela era a coisa mais importante do mundo para mim e eu a torturava


toda vez que me afastava dela. Com cada beijo perdido. Com cada noite
perdida em nossa cama.

Minha raiva diminuiu e eu fui até ela. Fechei o espaço entre nós, e
quando ela se virou, eu a virei de costas para mim e levantei seu queixo
para que ela não tivesse escolha a não ser olhar para mim.
— Não há nada mais importante neste mundo para mim do que você,
— eu disse suavemente.

Lágrimas deslizaram por suas bochechas e eu gentilmente as limpei


com meus polegares, sentindo meu próprio coração quebrar com sua dor.
Inclinei minha cabeça para beijar seu rosto úmido. Ela exalou
profundamente e eu senti seu corpo amolecer contra o meu.

— Você é um idiota, — ela sussurrou.

Segurei seu rosto em minhas mãos e pressionei meus lábios nos dela,
abrindo sua boca com minha língua e assumindo o comando de seus
lábios. Ela derreteu contra mim, mas eu podia sentir sua raiva e a dor em
seu beijo e eu me odiava pela dor que estava causando a ela. Palavras não
iriam consertar isso. Eu ia mostrar a ela o que eu sentia por ela.

Limpei uma mecha de cabelo de seu rosto e olhei em seus grandes olhos
castanhos.

— Desculpe por ter te excluído. — Eu embalei seu rosto em minhas


mãos e beijei o canto de sua boca. — Sinto muito por te machucar. — Eu
beijei o outro canto. — Eu poderia viver um milhão de anos e nunca
merecer você. — Deslizei minha língua entre seus lábios provocativamente
e senti meu desejo por ela tomar dentro de mim. — Mas eu te amo tanto
que dói. — Enfiei minha língua e a senti derreter em mim. Ela gemeu
contra minha boca e meu corpo se enfureceu com a necessidade. Meu pau
endureceu enquanto meus dedos se enroscavam em seu cabelo e eu a beijei
com força até ela ficar sem fôlego.
Quando me afastei, levantei a mão dela aos meus lábios e os escovei
contra a faixa de prata e turquesa em seu dedo anelar. Era o anel que eu
tinha colocado lá ao fazer amor com ela em seu retorno de Seattle.

— Isso deve ser permanente, — eu disse.

Ela olhou para mim e piscou para afastar as lágrimas. — Nem pense em
me pedir em casamento depois que você me fez chorar.

Um sorriso puxou o canto da minha boca. Porra, ela era fofa.

Eu a amava pra caralho.

Eu a puxei para o meu peito e a segurei com força, arrastando o cheiro


dela profundamente em mim. — E depois do orgasmo que eu te der?

Ela olhou para mim e levantou uma sobrancelha. — Você não...

Beijei as palavras de seus lábios e depois me afastei, dando-lhe um olhar


sombrio. — Ainda não. Mas eu vou.

A chama acendeu e eu a levantei, meu pau latejando enquanto ela


envolvia suas lindas e longas pernas ao meu redor, e eu a carreguei para o
nosso quarto. E quando chegamos ao ponto em que minha culpa pela
morte de Isaac geralmente tomava conta e amortecia meu desejo com
culpa, eu a afastei até que tudo o que me consumia era meu desejo por ela.
Tomei meu tempo e tirei suas roupas, uma peça de cada vez, substituindo-
as por beijos, até que ela ficou nua. Ela gemeu inquieta sob meu toque, seus
dedos pressionando minha nuca enquanto eu me movia para baixo, minha
língua conduzindo uma trilha úmida por seu corpo quente até que eu a
enterrei em sua boceta lisa e perfeita. Suas mãos se arrastaram pelo meu
cabelo e levantaram minha cabeça. Enterrado entre suas coxas, não tive
escolha a não ser olhar para ela.

— Nem pense em parar, — ela respirou.

Eu levantei uma sobrancelha para ela. — Oh, baby, eu não tenho


intenção de parar.

Com uma lambida em sua carne escorregadia, mandei sua cabeça de


volta para o travesseiro e um gemido poderoso saiu de seus lábios. Suas
mãos puxaram meu cabelo e seus quadris subiram para encontrar cada
lambida enquanto eu a fodia com minha língua. E quando eu a fiz gozar,
suas coxas me prenderam em seu calor enquanto ela apertava e se
contorcia em êxtase, seus dedos das mãos e dos pés se enrolando nos
lençóis.

Eu me levantei entre suas pernas e aliviei seu corpo, cobrindo-a com


meu calor.

— Veja, — eu rosnei, desesperada para estar dentro dela. — Sem parar.

Eu a beijei então. Insensato com a necessidade. Selvagem com excitação.


E porque eu não podia esperar mais um minuto para tê-la, eu empurrei
profundamente nela, até o cabo, meu pau latejando com a sensação de seu
corpo apertando ao meu redor.

— Eu vou fazer você gozar até que você me implore para parar, — eu
avisei, levando meus quadris nos dela e me libertando das correntes de
culpa que eu tinha acorrentado a mim por semanas.
Ela arqueou as costas com o prazer e cravou as unhas em meus ombros,
seu corpo se contorcendo avidamente por mim. Eu empurrei nela de novo
e de novo, minha boca devorando os gemidos que escapavam de seus
lábios. Meu corpo aqueceu com luxúria e eu estava bêbado com a sensação
de sua boceta apertada me agarrando, ordenhando-me, lambendo meu
comprimento. Eu agarrei seus pulsos e a prendi debaixo de mim,
balançando duro nela, me perdendo na felicidade de trazê-la para um
orgasmo após o outro. Beijei sua mandíbula, seu pescoço, o ponto macio
logo abaixo de sua orelha, e a senti tremer debaixo de mim. Meu corpo a
cobriu, movendo-se contra ela, moendo dentro dela, minha boca e língua
fodendo sua boca enquanto eu dirigia em seu corpo, uma e outra vez, até
que a tensão estourou e eu gozei com tanta força que me cegou. Por um
momento, eu estava suspenso em nada além de uma luz branca eufórica,
onde tudo, exceto meu êxtase, havia desaparecido. O mundo. Tempo.
Tudo. Simplesmente desapareceu enquanto eu flutuava em uma luz etérea
e feliz. Eu desabei contra ela com um gemido e afundei no colchão, meu
corpo drenado, minha mente delirando. Eu a puxei para mim e a beijei
novamente, desta vez devagar e vagarosamente, minha cabeça nebulosa e
vaga depois de um orgasmo tão poderoso.

O calor de seu corpo me envolveu e meus olhos ficaram pesados. Ao


meu lado, senti minha rainha relaxar e sua respiração desacelerar.
Emaranhados um no outro, dormimos e, pela primeira vez em semanas,
senti meu corpo inteiro relaxar e minha mente ficar quieta. Não sei quanto
tempo dormimos, mas ainda estava claro quando acordamos e começamos
a fazer amor novamente. Perdemos tempo um no outro. Nenhum de nós
está interessado em sair da sala. Nós fodemos. Fizemos amor. Nós
conversamos e nos beijamos e fodemos um pouco mais até que nossos
corpos estavam encharcados de suor e escorregadios do nosso amor.

Quando meu telefone começou a tocar, eu ignorei. Eu só queria uma


tarde onde nada além de Indy existisse. Sem dor. Sem mágoa. Nenhum
psicopata querendo me destruir e meus irmãos. Apenas eu e minha garota
perdidos em nossa própria bolha de prazer.

Mas assim que meu telefone parou de tocar, ele começou de novo.

Mais uma vez, ignorei. Porque Indy estava deslizando pelo meu corpo,
levando uma trilha de beijos do meu peito até o meu estômago, sua língua
deslizando sobre as protuberâncias do meu abdômen enquanto ela fazia
seu caminho em direção ao meu pau. E me chame de louco, mas nenhuma
porra de telefonema iria interromper o que ia acontecer a seguir.
Felizmente, meu telefone parou assim que ela envolveu seus lábios
perfeitos e cheios ao redor da cabeça do meu pau e foda-se – eu amei o jeito
que ela deu a cabeça. Nada, ninguém, comparado a ela.

Quando meu telefone começou de novo, foi fácil ignorar porque meu
corpo inteiro estava vivo com a sensação enquanto o amor da minha vida
me fodia habilmente com sua boca.

Uma maldita bomba poderia ter explodido naquele momento e eu não


poderia me importar menos.

Exceto que Indy se importava. Ela arrancou a boca do meu pau prestes
a gozar e franziu a testa para o meu celular tocando.
— Acho melhor você responder a isso — disse ela.

— E eu acho melhor você terminar o que estava fazendo, baby, a menos


que você queira dar ao seu homem um caso sério de bolas azuis.

Quando meu telefone parou, ela parou para olhar para ele, depois
satisfeita que não ia tocar novamente, retomou o que estava fazendo, o que
estava me deixando louco com seus lábios, língua e sua boca quente.

Quando meu prazer aumentou, levantei meus quadris para encontrar a


tortura de sua boca e ela me chupou profundamente, levando-me direto ao
máximo. Indy não tinha um reflexo de vômito, o que significava que ela
podia pegar todos os dez centímetros sem pestanejar, e caramba, foi bom
me levar para sua boca e para o fundo de sua garganta.

Quando meu telefone tocou novamente, ela arrancou sua boca de mim
em frustração e estendeu a mão para ele.

— Não! — Eu respirei desesperadamente. Eu estava prestes a vir. Mas


Indy me ignorou e me entregou meu celular. Era Touro.

— É melhor que isso seja importante pra caralho, — eu bati no telefone.

— Leve sua bunda para o Irish agora, — veio sua resposta abrupta.

— Vai ter que esperar.

— Você vem aqui agora. Alguém atirou na cabeça de Irish.


Cade

Irish estava morto. Seus miolos se espalharam pela parede em que ele
estava encostado.

— Que porra aconteceu? — Perguntei a Buckman.

— Isso significaria alguma coisa se eu dissesse que você não poderia


estar aqui? — ele perguntou enquanto nos observava entrar na cena do
crime.

O olhar que dei a ele disse que não, não importaria.

Queríamos respostas e não iríamos embora.

Ele suspirou. — Suicídio. Pela cena.

Bull e eu compartilhamos um olhar de dúvida. Concedido, Irish


segurava uma arma na mão, mas poderia facilmente ter sido colocada lá
depois que alguém atirou nele.

Isso não fazia sentido. Irish não era suicida.

— Ah, pelo amor de Deus! — veio uma voz feminina familiar. Bull e eu
olhamos para cima a tempo de ver a xerife Pamela entrar. Ela era a xerife
baseada em Humphrey. Ela deu a Buckman um olhar severo. — Por que
você não convida toda a maldita cidade para a cena do crime?

— O que você está fazendo aqui? — perguntou Buckman.

— Você sabe que os Campos de Melancia são considerados Terra de


Ninguém, — disse Pamela.

Ela estava certa. A casa de Irish ficava em uma parte da cidade logo
após os campos de melancia conhecidos como Terra de Ninguém. A área
foi objeto de grande disputa entre as duas cidades de Destiny e Humphrey
desde o final de 1800. Como as cidades estavam localizadas em condados
diferentes, isso também significava que a Terra de Ninguém estava sob as
jurisdições dos departamentos do xerife de ambos os condados. Eu tinha
ouvido histórias de xerifes jogando cara ou coroa para ver quem assumiria
uma investigação.

— Chegamos primeiro, Pamela. Fomos os primeiros em cena, então...

A xerife Pamela não deu a Buckman a chance de terminar. Em vez


disso, ela olhou para nós. — Vocês, rapazes, sabem que não devem rastejar
em torno de uma cena de crime. Agora você vai embora daqui.

Duas noites atrás, ela estava de joelhos na frente de Bull. Nenhum dos
dois admitia o que estava acontecendo entre eles, e era divertido vê-los
fingir que não se conheciam quando estavam em público. O caso foi uma
mancha na reputação de ambos. No início, tinha sido um caso de uma
noite. Mas aquele caso de uma noite estava acontecendo há semanas. Bull
simplesmente sorriu para ela, um daqueles sorrisos secretos cheios de
promessas sobre o que ele faria com ela mais tarde, antes de me levar para
fora.

Era irônico ver Bull sendo chicoteado pela polícia.

— O que diabos aconteceu? — Eu perguntei a ele.

— Freebird e Irish tiveram um desentendimento na sede do clube


ontem à noite. Eles saíram separadamente, mas nenhum deles apareceu
esta tarde. — Ele acenou com a cabeça para o prospecto que estava
encostada em uma árvore, fumando um cigarro e parecendo um pouco
grisalha. — O prospecto o encontrou cerca de meia hora atrás. Freebird
ainda está desaparecido.

— Você acha que Freebird fez isso?

— As coisas não andam bem com eles desde Jacksonville.

— Eu sei. Freebird não foi capaz de deixá-lo ir... mas fazer isso? — Olhei
para o corpo caído e ensanguentado de Irish.

Freebird finalmente perdeu a cabeça com o que aconteceu na Flórida?

Bull me deu um tapa no ombro. — Encontre Freebird. Eu quero saber o


que diabos aconteceu depois que eles deixaram o clube ontem à noite, e por
que ele esteve ausente o dia todo.

Dei uma última olhada em Irish.

Era uma pergunta que eu queria que eu mesma respondesse.


Cade

As consequências da morte de Irish e o desaparecimento de Freebird


foram enormes. Logo após a morte de Tex e o assassinato de Isaac apenas
algumas semanas antes, o clube ficou cambaleando. Nós investigamos. Nós
sondamos. Fizemos contato com algumas das pessoas mais obscuras que
conhecíamos, mas apareciam de mãos vazias todas as vezes. Ou éramos o
MC mais azarado do país, ou alguém tinha uma vingança contra os Kings
of Mayhem.

A tensão estava acabando dentro de mim, ganhando velocidade a cada


morte. Tentei treinar fora de mim indo à academia todos os dias,
castigando meu corpo até que estivesse exausto e fatigado. E quando isso
não funcionou, eu me joguei no meu trabalho, pensando erroneamente que
se eu tivesse o controle de tudo ao meu redor, então eu teria o controle da
minha raiva crescente. Meus dias eram longos. Exigente. E eu ansiaria pelo
final do dia quando eu pudesse puxar minha rainha em meus braços e
adorar seu corpo com cada centímetro do meu.

Mas mesmo o conforto dos beijos doces e corpo sexy de Indy não
conseguia manter a tensão sob controle para sempre. Ele continuou
crescendo e crescendo, enrolando-se como uma mola bem enrolada dentro
de mim.

Quando o funeral de Irish aconteceu, eu estava tão entorpecido por


todas as mortes e perdas, eu era perigoso e sabia disso. O funeral foi outra
reunião de capítulos. Outro funeral de MC onde um corte foi abaixado no
chão, e outro irmão foi homenageado com uma celebração de volta ao
clube no verdadeiro estilo Kings of Mayhem. Mas havia uma corrente de
desconfiança. Uma entidade sinistra fervendo logo abaixo da superfície.
Alguns acreditavam que a morte de Tex foi um acidente e que o Irish havia
cometido suicídio. Mas eles eram a minoria. A desconfiança pairava como
uma espessa camada de fumaça sobre o nosso clube. Bebi meu uísque, mas
não o suficiente para me entorpecer. Após o quarto ou quinto tiro, eu
estava acabado. Eu precisava de paz. Eu precisava estar nos braços da
minha mulher.

Indy nos levou para nossa casa. E no meu humor negro, eu só queria
fechar o mundo e segurar Indy perto de mim, e beber o cheiro dela para
acalmar minha mente. Não havia paz fora de seu abraço e eu estava tão
cansado.

Era fim de tarde. Apenas alguns outros carros estavam na estrada.


Minha cabeça estava latejando. Eu precisava dormir. Semanas de tormento
me alcançaram e minha mente estava escura.

Minha primeira percepção do caminhão batido foi quando ele passou


rugindo por nós. Eu assisti distraidamente enquanto ele fechava o espaço
entre ele e o carro na frente, o motorista da picape atrás como um louco. Ele
chamou minha atenção quando começou a cutucar o para-choque. Ele
tinha toda a minha atenção quando ele bateu e quase mandou o carro
voando para fora da estrada.

Sentei-me direito.

— Que diabos! — Indy disse, observando o incidente se desenrolar na


nossa frente.

— Devagar, — eu disse.

— Ele vai tirar aquele carro da estrada, — Indy engasgou.

Eu coloquei meu braço para fora. — Espere, querida.

Ela diminuiu a velocidade para colocar espaço entre nós e os dois carros
na frente.

Com uma terceira batida no para-choque, o carro perdeu o controle e


saiu da estrada. Em vez de decolar, a caminhonete parou ao lado dele e um
caipira com um machado desceu. Ouvi o motorista do carro gritando
enquanto o caipira maluco descia o machado no para-brisa dela.

— Encoste, — eu disse a Indy.

Ela não discutiu e parou.

— Tranque as portas e chame uma ambulância, — eu disse. Porque


quando eu terminar com ele, ele vai precisar. Senti a tensão em mim
estalar. Eu sabia que a bomba em mim estava prestes a detonar e me senti
impotente para detê-la.
A motorista do carro estava gritando por socorro enquanto o homem
selvagem com o machado continuava a quebrar suas janelas e seu carro,
gritando com ela sobre interrompê-lo no trânsito. Ele ia matá-la, disse ele.
Ele ia fodê-la, ele gritou, enquanto jogava seu machado no carro dela, uma
e outra vez. Ela estava aterrorizada e chorando, implorando para que ele
parasse, segurando as mãos na frente do rosto enquanto o vidro flutuava
ao redor dela como confete.

Corri em direção a eles, e quando o caipira maluco me viu chegando, ele


casualmente virou as costas e começou a se afastar. Continuei atrás dele.
Quando ele jogou o machado na traseira de seu caminhão e abriu a porta
do motorista para entrar, eu o puxei para trás, mandando-o para o chão.
Ele ficou de pé balançando, mas eu bati meu punho em seu rosto e
imediatamente o tornei inútil. O segundo golpe abriu seu nariz. O terceiro
quebrou. Então não consegui parar. A tensão firmemente enrolada estalou
dentro de mim e eu continuei a bater nele com meu punho, minha raiva
rugindo de mim com todo o meu medo e frustração. Com todo o meu ódio
e minha dor. Toda a minha agonia. Ele explodiu para fora de mim como
um míssil. E eu dirigi isso em seu rosto uma e outra vez.

Eu estava apenas vagamente ciente de Indy dizendo meu nome e


gritando para eu parar.

Lentamente, minha visão de túnel se ampliou e o mundo ao meu redor


apareceu novamente. O caipira tinha ficado mole em meus braços, seu
rosto uma bagunça sangrenta e polpuda. Quando o soltei, ele caiu contra
sua caminhonete e gemeu.
Olhei para Indy. Mas ela não precisava dizer nada. O olhar em seus
olhos falou muito. Eu tinha perdido o controle.

Quando a polícia e a ambulância chegaram, o delegado entrevistou o


motorista e outras testemunhas, enquanto os paramédicos cuidavam do
caipira.

— Ele salvou minha vida, — ouvi a motorista dizer ao policial.

— Eu vi, — disse outra testemunha. — Acho que ele a teria matado se


aquele homem não interferisse.

Eu os vi carregar o caipira na parte de trás da ambulância. Ele ia ficar


bem. Mas um pouco mais no rosto e ele não teria sido.

— Você vem atrás de outra mulher de novo e eu vou terminar o que


comecei, — eu disse a ele antes que eles fechassem as portas.

— Isso é o suficiente para você, — disse o policial, me arrastando para


longe. — Você vai precisar me dar uma declaração.

Antes que eu pudesse responder, a motorista veio até mim e me


abraçou. Cristo, ela tinha apenas dezenove anos. Provavelmente uma
universitária.

— Obrigada! Você salvou minha vida, — ela disse, jogando os braços


em volta do meu pescoço e me abraçando novamente. Quando ela se virou
para o policial, ela começou a chorar. — Se ele não tivesse vindo e o
parado, acho que aquele psicopata teria me matado.
— Vou levá-lo ao hospital para ver sua mão, — disse Indy ao policial.
— Você pode nos encontrar lá.

Eu olhei para ela. — Não preciso ir ao hospital.

Mas dando uma olhada na minha mão e julgando pela dor que estava
começando a queimar meus dedos, eu provavelmente tinha quebrado
alguma coisa.

O policial olhou para mim por baixo da aba do chapéu. — Bom. Eu vou
pegar a declaração de você lá.

Nada foi quebrado. Em mim, de qualquer maneira. O psicopata com o


machado não teve tanta sorte. Ele sofreu vários ossos quebrados e uma
concussão, e Indy disse que estava sendo internado. A polícia já o havia
acusado ao lado de sua cama depois que uma testemunha apresentou
algumas imagens que eles fizeram do ataque em seu celular.

Eu, eu não estava sendo cobrado.

Mas eu deveria estar. Eu tinha perdido o controle.

Eu sabia.

E pior, Indy sabia e tinha testemunhado.


Ela não disse nada, mas eu sabia que isso pesava em sua mente.

Ela estava quieta enquanto caminhávamos pelo corredor do hospital,


levando para fora, e eu queria falar com ela sobre isso quando estivéssemos
sozinhos. Mas pouco antes de entrarmos pela porta, alguém chamou meu
nome.

— Sr. Calley!

Indy e eu nos viramos. O Dr. Sumstad, o médico legista do condado,


aproximou-se de nós do outro lado do corredor.

— Aqueles relatórios de toxicologia voltaram para seu amigo, achei que


você gostaria de saber antes que eu entregasse minhas descobertas às
autoridades competentes, — disse ele enquanto caminhava em nossa
direção.

A doação para o fundo de escoteiros de Sumstad deixou-o saber que


sim, os Kings gostariam de saber antes que alguém mais colocasse as mãos
nas descobertas.

Ele os entregou para mim, mas eu não tinha ideia do que diabos estava
olhando, então dei os papéis para Indy. Seus olhos percorreram o relatório.

— O que você encontrou, Dr. Z? — Eu perguntei.

— Além de níveis significativos de THC, nicotina e álcool, nenhuma


outra droga foi encontrada em seu sistema. Se ele estava tomando
remédios para depressão, como ISRSs ou TCAs, então ele não os tomava há
dias. — Ele acenou para o arquivo nas mãos de Indy. — O que eu achei
particularmente interessante, porém, foi que o nível de álcool no sangue do
Sr. O'Connor era 0,455.

— Jesus! — Exclamou Indy.

— Seus níveis eram quatro vezes o limite legal de direção, — disse


Sumstad.

— Significado? — Eu perguntei.

— O que significa que Irish estava bêbado demais para ficar acordado,
quanto mais tomar a decisão de colocar uma arma na boca e puxar o
gatilho, — disse Indy.

— Exatamente, — concordou Sumstad. — Além disso, seu tronco


cerebral foi cortado pela bala. Mas o relatório da polícia disse que ele
estava segurando a arma na mão quando foi encontrado.

Eu não sabia o que isso significava, então olhei para Indy.

— No momento em que o tronco cerebral foi cortado, tornou-se uma


impossibilidade anatômica para ele manter o controle sobre a arma.

— Precisamente. Então, com base nisso, estou citando a causa da morte


como homicídio.
Indy

Deitamos em nossa cama no escuro, a única luz no quarto vinha do


poste mais adiante na estrada. Estávamos acordados, mas parados.
Deitados juntos, mas não se tocando. Dizendo tanto, mas sem dizer uma
palavra. A emoção zumbiu ao nosso redor. Tomamos banho e nos
trocamos, eu de camiseta e shorts de cama, e Cade em um par de calças de
moletom penduradas em seus quadris, seu peito largo nu. Deitamos de
lado, um de frente para o outro. Nossas cabeças afundaram em
travesseiros. Cade estava calmo, mas a vergonha nublou suas belas feições.

— Eu assustei você, — ele sussurrou, sua garganta trabalhando


enquanto ele engolia. — Eu vi em seus olhos.

O tormento estava claro em seu rosto, e meu coração doeu ao vê-lo.

— Você não me assustou, — eu sussurrei de volta. — Mas você estava


fora de controle.

Seus olhos não deixaram os meus. Eles eram escuros e azuis, e cheios de
turbulência.
— Não sei se teria parado. A dor . . . a raiva . . . não aguentei mais, —
disse ele e pude ouvir a angústia em cada palavra.

— Mas você fez.

— Só porque você me parou. — Suas sobrancelhas franziram. — Eu não


sei o que eu teria feito se você não tivesse.

— Você teria parado, — eu o assegurei.

— Você acha mesmo?

Eu balancei a cabeça suavemente. — Mas eu não vivo minha vida com e


se. Eu acho que se você está preocupado, então você deve falar com
alguém.

Ele riu baixinho. — Falou como uma verdadeira médica.

— Aconselhamento é para motociclistas grandes e ruins também, — eu


provoquei suavemente com um erguer brincalhão de uma sobrancelha.

Foi quando Cade se abriu para mim e me contou sobre ver um


psicólogo depois que eu saí para a faculdade. Como seu conselheiro, um
cara sinceramente legal chamado Donnie, o ajudou a lidar com suas
emoções por meio de aconselhamento e diário. Eu o deixei falar sem
interrupção, e tudo derramou dele. Sobre o desespero que ele sentiu depois
do nosso rompimento e sua incapacidade de lidar com a perda do nosso
relacionamento. Como ele lutou com a morte de seu pai menos de um ano
depois. E então com a morte de Donnie em um acidente de carro não muito
tempo depois.
Peguei sua mão enfaixada e levei as pontas dos dedos aos meus lábios.

— Eu tenho você, — eu disse suavemente, dando um beijo neles. — E


eu nunca vou deixar você ir.

Seus olhos percorreram meu rosto, absorvendo o que eu disse e


procurando sinais de que eu falava sério. Ele estendeu a mão e ternamente
empurrou meu cabelo do meu rosto, colocando-o atrás da minha orelha.

— Você quer se casar comigo? — ele perguntou baixinho.

Eu balancei a cabeça suavemente.

— Sim, — eu sussurrei.

Seu sorriso era terno, mal aparecendo em seu rosto, mas registrando
brilhantemente em seus lindos olhos. — Não quero esperar. Eu quero que
você seja minha esposa o mais rápido possível.

Eu enrolei meus dedos ao redor dos dele. — E eu quero ser sua esposa
mais do que qualquer coisa no mundo inteiro.

Ele uniu nossos antebraços e os segurou em seu peito, e eu pude sentir a


batida suave de seu coração. Quando ele inclinou a cabeça e beijou o topo
da minha mão, fui consumida pelo amor por ele.

— Você quer um grande casamento branco? — ele perguntou.

Eu balancei minha cabeça. — Não. Eu só quero me casar com você. Eu


não me importo como fazemos isso.

E era verdade. Eu não era o tipo de garota de casamento branco. Eu


nunca fantasiei sobre um casamento. Porque eu já tinha quando tinha nove
anos, quando casei com meu melhor amigo no quintal, na frente do meu
irmão Bolt.

Eu sorri e pressionei minha testa na dele. — Além disso, já tivemos


nosso grande casamento quando tínhamos nove anos, lembra?

Ele riu baixinho, quase um sussurro, mas seu sorriso era caloroso. — Eu
te amo tanto, Indy. Por favor, não desista de mim.

Suas palavras me mataram. Estendi a mão e segurei seu queixo com a


minha mão, e beijei seus lindos lábios. Ele era um grande homem.
Fisicamente poderoso e amplo. Ele era alto e intimidador, forte e protetor
em todos os sentidos. Mas naquele momento, ele precisava de mim. Ele
precisava saber que eu estava ao lado dele em tudo, não importa o quê. E
me matou saber que ele precisava dessa garantia. Porque ele tinha. Não
importa o que aconteceu. Eu me levantaria como sua rainha e ficaria ao
lado do meu rei. — Eu nunca irei desistir de você . . . de nós. Eu tenho você,
querida. O que você precisar de mim. Tudo o que eu posso fazer. O que eu
puder te dar. É seu.

Senti sua respiração deixá-lo. Sentiu seu corpo relaxar.

Não fizemos amor. Nós apenas nos abraçamos, unidos pela emoção na
sala. Ele me puxou em seus braços e me segurou contra o calor de seu
peito, seus dedos subindo e descendo meus braços em sussurros felizes. E
fiz um voto silencioso a este homem. Estar sempre orgulhosamente ao seu
lado em todas as tempestades e amá-lo com cada batida do meu coração
dolorido e abundante.
Cade

A festa para comemorar meu voto como vice-presidente foi realizada


uma semana depois e foi enorme. Alguns motociclistas de capítulos
visitantes demoraram para a festa na sede do clube. Bull foi inflexível que a
celebração fosse em frente porque precisávamos de algo bom para nos unir,
em vez de uma porra de um funeral.

A vibração era boa. Todos estavam prontos para comemorar. Ser feliz.
Para deixar a dor para trás e se divertir. Uma banda ao vivo tocou.
Pedimos que os fornecedores trouxessem um assado no espeto com batatas
assadas e todos os acompanhamentos. Bourbon fluiu. Tequila foi baleada.
A erva foi explodida. Coca-Cola foi acumulada e apreciada.

Mas para mim, eu fiquei longe de tudo.

Indy também.

Porque depois que Bull fez o anúncio e me empossou formalmente


como vice-presidente, e quando ele me pediu para fazer um discurso,
mudei o curso da noite.
— Estamos todos aqui para comemorar por me tornar o vice-presidente
deste clube, — eu disse ao microfone, e a sala retumbou com aplausos. —
Mas essa não é a única coisa que eu quero que você me ajude a comemorar
esta noite.

Olhei para Indy. Ela estava de pé com Abby e Mirabella, linda em um


vestido branco curto com um decote profundo e uma gargantilha de
margaridas em volta de seu pescoço branco leitoso. Ela estava
deslumbrante e meu coração transbordou de amor por ela. Em uma sala
cheia de couro e licor, renda e fumaça, ela era um anjo. Eu ofereci minha
mão para ela e ela subiu no pequeno palco para se juntar a mim.

— Porque esta noite, vou fazer desta linda mulher minha esposa.

A sala vibrou de surpresa, e os aplausos que se seguiram sacudiram as


paredes.

Um celebrante de casamento da cidade se juntou a nós no palco. E


enquanto estávamos lá na frente de todos os nossos amigos e familiares,
olhei para a mulher que significava mais para mim do que o ar em meus
pulmões, e uma calma pacífica tomou conta de mim. Eu poderia suportar
qualquer coisa se ela estivesse ao meu lado. E quando coloquei o colar de
coroa feito sob medida que ganhei para ela quando tinha dezessete anos,
em seu pescoço e fiz dela minha esposa, foi o momento mais singular e
feliz da minha vida. Indy era minha. Tudo minha. Finalmente. Peguei seu
lindo rosto em minhas mãos e a beijei, e a sala explodiu em comemoração.
Mas todos eles desapareceram e ficaram fora de foco enquanto eu
continuava a beijar minha esposa, perdido no momento de finalmente me
tornar seu rei.

— Eu te amo tanto, — eu sussurrei contra seus lábios. Senti seu sorriso e


me puxar para mais perto, sua relutância em terminar nosso beijo tão forte
quanto o meu.

Depois, comemoramos com nossa família e amigos, e as festividades


continuaram noite adentro. Foi a primeira vez em meses que conseguimos
esquecer, só por uma vez, e ninguém estava pronto para isso acabar. Nós
dançamos. Nós bebemos. Nós comemos. Nós rimos. Havia uma sensação
de liberdade em poder deixar ir e esquecer. Alguns dos meus irmãos do
clube comemoraram um pouco demais, e no final da noite ficou mais
selvagem. Mais alto. Mais louco.

Mas eu estava tão perdido em minha rainha que nunca saí do lado dela.
E como Paula Cole

“Feelin' Love” tocou na jukebox e eu a segurei em meus braços, olhei


para ela, ansiando por estar dentro dela.

— Hora de ir para a cama, Sra. Calley? — Inclinei minha cabeça e me


aninhei em sua garganta, arrastando minha língua até sua orelha. Eu
terminei de esperar.

Ela estremeceu sob a carícia dos meus lábios contra sua pele e um
gemido suave deixou seus lábios entreabertos. — Por favor, — ela respirou.

Chegamos em casa, e eu a peguei em meus braços e a levei até a porta


porque parecia a coisa certa a fazer, e a carreguei direto pelas escadas até o
nosso quarto, onde não perdi tempo tirando suas roupas de seu corpo.
Caímos na cama, nos beijando furiosamente, nenhum de nós querendo
esperar mais um momento. Eu me movi entre suas coxas, onde ela estava
escorregadia e macia, e um tremor a percorreu enquanto eu a empurrava.
Ela engasgou e se apertou ao meu redor, gemendo meu nome enquanto eu
lentamente me afastava, apenas para empurrar de volta com mais força.
Sua cabeça caiu para trás e seus dedos pressionaram meus ombros. Eu
dirigi dentro dela, uma e outra vez, meu pau sentindo tão fodidamente
duro que era quase doloroso. E eu me perdi nos barulhos que ela fazia, nos
gemidos e gemidos, nos pedidos suaves e torturados por mais.

Eu estava fazendo amor com Indy e ela era minha esposa.

Minha esposa.

Comecei a gozar, e meu gemido foi longo e prolongado, retirado de


mim por um orgasmo que era tão poderoso quanto eufórico. Agarrei os
lençóis debaixo dela e enterrei meu rosto em seu pescoço quente e
escorregadio, oprimido pelo prazer enquanto eu jorrava quente em minha
esposa.

Quando nossa respiração acalmou, eu rolei de costas e a puxei em meus


braços, beijando sua testa. Eram 5 da manhã, e lá fora uma luz pálida
estava surgindo sobre a linha das árvores enquanto o amanhecer
lentamente começava a surgir sobre a cidade. Era o início de um novo dia.

E para nós, foi o início de nossa nova vida juntos, finalmente, como
marido e mulher.
Indy

Duas semanas depois de nos casarmos, eu estava terminando um turno


diurno no hospital quando uma das enfermeiras me disse que Mirabella
estava na sala de espera perguntando por mim.

Depois que terminei com um rapaz de 25 anos que conseguiu quebrar


um dos ossos mais difíceis de quebrar em sua mão fazendo algum ato
sexual estranho que até Tito levantava as sobrancelhas, uma enfermeira
levou Mirabella para o cubículo onde eu estava. digitando minhas notas.
Eu a cumprimentei com um abraço caloroso.

— Que surpresa maravilhosa, — eu disse. — Mas estou antecipando


que esta não é uma visita social.

Mirabella sorriu. — Eu acho que estou grávida.

— Você faz? Isso é maravilhoso.

— Estou me sentindo um pouco estranha há algumas semanas. E minha


menstruação está atrasada.

— É uma boa indicação. — Eu sorri. Jacob e Mirabella fariam lindos


bebês. — Bem, vamos descobrir, não é?
Enquanto Mirabella visitava o banheiro com um frasco de amostra,
verifiquei meu telefone. Cade tinha me enviado uma mensagem.

Eu vou te levar para jantar.

Sorri quando enviei um de volta.

Preciso me trocar primeiro? Estou com roupas de trabalho.

Ele me mandou uma mensagem de volta imediatamente.

O visual de médica sexy me excita. Eu vou tirá-los de você mais tarde.


Vejo você em breve.

Mirabella reapareceu e me entregou sua amostra de urina.

— Estou tentando não criar esperanças, — disse ela, sentando-se. —


Mas mal posso esperar para dar um bebê a Jacob.

— Você está tentando? — Eu perguntei enquanto eu estava no banco do


cubículo e testei sua urina.
Ela assentiu. — Queremos uma grande família. Eu sou filha única e
Jacob cresceu em um orfanato. Ele nunca conheceu seus pais e nunca ficou
em um lugar tempo suficiente para realmente sentir que pertencia a algum
lugar. — Ela riu, uma risada bonita, mas nervosa. — Ouça-me agindo como
uma tola tagarela. Estou nervosa, eu acho.

Eu levantei o teste de gravidez e sorri.

— É positivo? — Mirabella perguntou, calmamente.

— Sim. É positivo.

— Estou grávida?

Eu balancei a cabeça e ela se levantou e veio em minha direção, e me


puxou para um grande abraço. — Obrigada!

Eu ri. — Eu juro, não tive nada a ver com isso.

— Estou tão feliz, — disse ela, seu rosto brilhando de alegria.

— Eu gostaria de fazer um ultra-som rápido, ver o quão avançada você


está.

Mirabella concordou, e dez minutos depois a imagem granulada em


preto e cinza de seu bebê apareceu na máquina de ultrassom. Rolei o
transponder sobre sua barriga lisa para que eu pudesse ver seu útero de
diferentes ângulos.

— Na verdade, você está bem adiantada, — eu disse, clicando em um


botão para gravar a imagem. — Você está com quase quatorze semanas.
— Quatorze semanas! — Ela riu. — Acho que estava tão envolvida com
os preparativos do casamento que não percebi o quanto minha
menstruação estava atrasada. E eu realmente comecei a me sentir diferente
nas últimas semanas. Eu tive algumas manchas algumas semanas atrás.
Achei que era um período de luz. Isso é normal?

— É bem comum. Você sentiu alguma dor?

Ela balançou a cabeça. — Muito menor. Isso significa que há algo errado
com meu bebê?

— Tudo parece muito bom, — eu a assegurei. Movi o transponder ao


redor de sua barriga, pressionando-o mais fundo logo abaixo da linha do
biquíni. — Você quer saber o sexo?

Ela pareceu surpresa. — Você pode dizer isso cedo?

— Sim. E você, pequenininha, parece muito feliz em avisá-lo.

Seu lindo rosto se abriu em um sorriso. — Sim. Por favor. Eu quero


poder dizer a Jacob se ele vai ter um menino ou uma menina.

— Algum de vocês tem uma preferência?

— Não. Nós só queremos nosso bebê. Um pequeno humano composto


por nós dois.

— Bem, você pode dizer a Jacob que ele vai conhecer sua filha em cerca
de seis meses.

— Uma garota? — Sussurrou Mirabella.

— Sim. Você está grávida de uma menina.


Depois de limpar a barriga e se vestir, Mirabella me puxou para outro
grande abraço. — Estou tão feliz. Obrigada.

— Acho que você está morrendo de vontade de contar a Jacob?

— Ele me deixou aqui. Eu disse a ele que tinha uma situação feminina e
precisava de seu conselho, assim ele não faria muitas perguntas. Você só
precisa mencionar a palavra menstruação ou tampão ao redor dele e ele
fica verde.

— Bem, eu terminei aqui, então eu vou sair com você. — Entreguei-lhe


alguns panfletos sobre gravidez. — Dê-me alguns minutos para sair e eu
vou pegar minha bolsa, ok?

Cinco minutos depois, saímos para o sol da tarde.

— Como você vai contar a ele? — Eu perguntei, aproveitando o


zumbido da felicidade de Mirabella.

Ela enlaçou seu braço no meu. — Vou levá-lo para casa e fazer amor
com ele. Então vou sentar com ele e dizer com muita calma que nossa vida
está prestes a mudar. — Seu sorriso era brilhante e seu cabelo glorioso
brilhava na luz dourada nebulosa do crepúsculo. — Estou tão feliz, Indy.
Eu nem tenho palavras.

— Tenho certeza de que Jacob vai se sentir exatamente da mesma


maneira, — eu disse.

— Falando no diabo, — Mirabella disse, acenando para Jacob e Cade


que estavam andando pela estrada juntos. Ela acenou para o marido que
sorriu de volta para ela. — Ele nem percebe que sua vida está prestes a
virar de cabeça para baixo.

Foi nesse momento que tudo mudou. O momento em que tudo


desacelerou e aconteceu em um borrão.

Ouvi o som da bala quando ela atravessou o ar e atingiu a testa de


Mirabella. Eu vi seus olhos se arregalarem e depois ficarem vagos quando
seu corpo ficou mole. Eu a agarrei para impedi-la de cair, mas o peso de
seu corpo sem vida nos arrastou para a calçada. Senti o baque do
pavimento abaixo de mim e o raspar da minha pele contra o concreto.
Olhei para cima e vi Cade e Jacob pararem na calçada, e então, de repente,
correram em nossa direção, o rosto de Jacob se contorcendo de terror
enquanto ele saltava pela rua. Quando ele chegou até nós, ele caiu de
joelhos e agarrou sua esposa, chorando enquanto tentava pegar seu crânio
do concreto e juntar sua cabeça novamente.

Cade tentou me proteger do atirador invisível. Ele arrancou a arma da


parte de trás do jeans, examinando os prédios que se elevavam acima de
nós. Era como se tudo estivesse acontecendo em um vácuo onde não havia
som. Tudo foi desacelerado e silenciado. Sangue rodopiava em meus
ouvidos e meu cérebro girava, tentando entender o que tinha acabado de
acontecer na cena silenciosa que se desenrolava diante de mim. Então, de
repente, o som voltou e Jacob estava gritando, e gritando, sua mágoa se
derramando na calçada como o sangue do crânio aberto de sua esposa
morta.
As pessoas corriam em nossa direção de todas as direções, e Cade
enfiou a arma de volta em seu jeans. Ele se agachou, o rosto pálido, os
olhos brilhantes.

— Você está machucada? Indy, você foi baleada?

Olhei para ele, atordoada e confusa, e balancei a cabeça. Senti o gosto


metálico familiar de sangue em meus lábios, mas sabia que não era meu.

De repente, havia tantas pessoas. Muitos. Mas eu me senti atordoada


demais para me mexer. Jacob puxou Mirabella de mim e a embalou em
seus braços. Ele acariciou o rosto dela enquanto chorava, e apertou seu
corpo imóvel contra o peito. Seus olhos estavam entreabertos e sem brilho,
olhando sem ver um mundo que explodiu em caos. Com um soluço, Jacob
a puxou mais apertado para ele, e seu braço deslizou livre e caiu mole no
concreto.

Mirabella estava morta.

Cade me puxou em seus braços, e mesmo em meu estupor eu sabia que


era para que ele pudesse me proteger de mais balas.

Uma sirene interrompeu a confusão. Eu levantei minhas mãos


trêmulas para o meu rosto, elas estavam cobertas com o sangue de
Mirabella e tudo que eu podia fazer era olhar para elas enquanto eu
lentamente descia em choque. Cade me abraçou forte. — Está tudo bem, —
disse ele. Mas ele estava errado. Não estava tudo bem.

Alguém tinha acabado de matar Mirabella e seu bebê ainda não


nascido.
Cade

Naquela noite, uma melancolia desceu sobre o clube.

A morte de Mirabella abalou a todos nós. Bull convocou um bloqueio


no momento em que soube do tiroteio, e todos imediatamente associados
ao clube foram ordenados à sede do clube. Para a noite, pelo menos.
Membros do clube. Esposas. Amigas. Crianças.

Segurança extra foi chamada para proteger o clube.

Enquanto as old ladys e outros membros da família se reuniam na sede


do clube, Bull chamou a igreja. Todos os membros do OC, além de algumas
cartas ainda remanescentes do funeral de Irish na cidade, estavam
presentes. Exceto Jacob. Quando a polícia tentou remover o corpo sem vida
de Mirabella de seus braços, ele realmente perdeu a cabeça. Ele lutou
contra eles com seus punhos, sua força e, finalmente, sua Glock. Foram
necessários três policiais para derrubá-lo e um paramédico para sedá-lo.
Agora ele estava dormindo em St. Gabriel's.

Porra.

Alguns centímetros.
É com isso que eu lutei mais do que qualquer coisa. E eu me senti um
verdadeiro idiota. Mas alguns centímetros à esquerda e teria sido Indy
morto naquela calçada e eu dormindo sob sedação no hospital. O
pensamento me deixou doente. Bati meu punho contra a mesa e o som
reverberou pela sala. A conversa parou.

— Estamos sob ataque, — eu disse, meus dentes cerrados e narinas


dilatadas. — Por qualquer motivo. Alguém está querendo prejudicar o
clube. Isaac. Irish. Agora Mirabela. E Tex também. Não há como a morte
dele ter sido um maldito acidente.

— Buckman disse que o FBI agora está envolvido, — disse Bull, e a sala
retumbou com a resposta de 23 Kings e suas opiniões sobre a aplicação da
lei.

— Muito rápido deles se envolverem, — disse Vader.

— Eles estão dizendo que as mortes de Isaac e Mirabella são


assassinatos em série. — Bull virou a cabeça na minha direção, mas estava
de óculos, então não pude ver se ele estava olhando para mim. — Eles vão
investigar Irish e Tex.

— Então, nós apenas esperamos puxando nossos paus até que eles
façam alguma coisa? — Cool Head perguntou.

— Tenho certeza de que a aplicação da lei estará por toda parte nos
assassinatos de três motociclistas e uma old lady, — Griffin acrescentou
sarcasticamente. Desde a morte de Isaac, ele parecia ter envelhecido mais
dez anos. — Quero justiça para o meu filho. Para Irish, Tex e Mirabella.
— E você vai conseguir, — disse Bull calmamente. — Encontraremos
nossa própria justiça. Mas primeiro precisamos juntar essa merda.
Descubra quem tem o motivo.

— E quanto ao Freebird? — disse Elias. — Existe uma chance de ele


estar envolvido?

— Vou fingir que você não disse isso, — disse Maverick, dando a Elias
um olhar assassino. Ele e Freebird eram íntimos. — Freebird é um irmão.

— Mas ele também está desaparecido, — disse Joker, ignorando o olhar


de ira de Maverick. — Você não pode contestar isso.

— E ele é ex-militar, — acrescentou Elias.

— Metade do maldito clube são ex-militares. — As narinas de Maverick


se dilataram. — Freebrid não é responsável por nada disso.

— Então onde ele está? — perguntou o Joker.

Maverick se levantou. — Idiota!

Joker se levantou e a situação ficou fora de controle porque as tensões


eram altas.

— O suficiente! — Bull exigiu de sua cadeira na cabeceira da mesa. —


Sente-se, porra. Vocês dois. — Ele tirou os óculos escuros e seus olhos azuis
brilhantes se estreitaram contra a luz. — Cade está certo. Alguém tem uma
treta com este clube. Agora, em vez de estufar nossos peitos e deixar nossas
emoções tomarem conta de nós, vamos resolver essa porra!
Indy

Eu estava em choque. Devastada. Eu tinha visto pessoas morrerem na


minha frente muitas vezes, mas ver Mirabella morrer me deixou sem
fôlego.

Enquanto Cade ia para a igreja, eu ia para o telhado. Estava fora dos


limites, mas eu precisava do espaço porque estávamos duas horas em
confinamento e as paredes já estavam se fechando sobre mim. Eu precisava
escapar das outras mulheres e encontrar algum conforto na solidão.

Sentei-me em uma velha espreguiçadeira e olhei para um céu sem


estrelas. A lua cheia era brilhante demais para as estrelas e banhava a noite
com uma luz branca brilhante. Afundei de volta na cadeira e acendi o
baseado que tinha marcado com a perspectiva. Fechei os olhos e deixei
minhas emoções subirem à superfície. Hoje eu assisti uma bela jovem, que
estava grávida de seu primeiro bebê, ser assassinada por um mal invisível
para destruir o clube.

— Indy?

Abri os olhos e virei a cabeça. Era Elias. Ele parecia apologético.


— Sinto muito, mas você não pode estar aqui, senhora.

Eu não disse nada, mas ofereci a ele meu baseado aceso. Ele balançou
sua cabeça. — Não Senhora.

Dei de ombros e dei uma tragada, arrastando a fumaça perfumada para


o fundo dos meus pulmões. — O que quer que faça seu barco flutuar, — eu
disse, lentamente exalando o funil de fumaça. — Mas pelo amor de Deus,
pare de me chamar de senhora.

Elias parecia desconfortável. Eu gostei dele. Ele tinha olhos gentis e ele
sempre foi muito gentil.

— Lamento destruir sua solidão, Indy. Mas você realmente não pode
estar aqui. Cade não ficará satisfeito se descobrir. Igreja acabou. Ele estará
procurando por você.

A necessidade de Cade de me proteger só iria aumentar depois disso.


Eu teria sorte se pudesse ir a qualquer lugar sem uma escolta armada
novamente. Eu tinha visto a expressão em seu rosto e o medo em seus
olhos quando demos nossas declarações à polícia. Apenas alguns
centímetros e teria sido eu morto e frio na laje do médico legista. Esse fato
pairou silenciosamente entre nós durante a volta de carro para casa, e eu
sabia que o medo de Cade tinha levado um empurrão forte em
aterrorizado.

Eu rolei minha cabeça para encará-lo.

— Você já perdeu alguém, Elias? — Eu perguntei.

Ele pensou por um momento, hesitou, e então assentiu. — Sim, eu fiz.


Dei outra tragada no baseado. — Quer me contar sobre isso?

Ele deu de ombros um pouco. — Nada realmente para contar. Minha


irmã morreu alguns anos atrás. Depois minha mãe e meu padrasto.

Eu soltei a fumaça. — Isso dói.

Ele assentiu.

— Perdi meu irmão quando tinha doze anos. Então meu pai. Agora
Isaac. Tex. Irish. Mirabella. . . — Eu deixei minha frase escapar. A fumaça
estava começando a fazer efeito e eu estava me sentindo mais calmo.
Entorpecido.

— O que me incomoda é que existem tantos idiotas por aí que apenas


flutuam pela vida com toda a sua sacanagem e nada acontece com eles.
Eles apenas flutuam fazendo quaisquer atos medonhos que eles querem. E
nada acontece com eles. Fechei meus olhos contra a imagem de Mirabella
sendo baleada e caindo em meus braços. — Mas então você tem um anjo
como Mirabella... — As palavras engasgaram na minha garganta. A
emoção subiu de dentro de mim e se alojou em minha traqueia.

Elias olhou ao nosso redor e então se agachou ao meu lado. Eu lhe


ofereci o baseado novamente, e desta vez ele aceitou.

— Ouvi dizer que você estava com ela quando aconteceu, — disse ele,
dando uma tragada e segurando antes de soltá-lo em uma nuvem de
fumaça doce.

Eu exalei profundamente e balancei a cabeça, meu corpo inundado de


tristeza. — Sim.
— Ela disse alguma coisa? — ele perguntou suavemente, entregando o
baseado de volta para mim.

Eu balancei minha cabeça. — Aconteceu muito rápido. Estávamos


apenas andando e então. . . a bala foi direto entre seus olhos. Matou-a
imediatamente.

Elias exalou profundamente, e eu pude ver pelo olhar em seu rosto que
ele foi afetado por isso.

— Jacob vai levar isso a sério, — disse ele. — Mas faremos tudo o que
pudermos por ele, Indy. E você.

Eu ainda podia ouvir os gritos de Jacob enquanto ele tentava juntar a


cabeça de sua esposa novamente. Uma onda de tristeza se espalhou pela
minha pele, e soltei um profundo suspiro de mágoa.

— Obrigada, Elias. Você é um cara bom.

— Obrigado. — Ele sorriu e me deu uma piscadela. — Mas eu não


estarei se seu old man te encontrar aqui em cima. Como posso convencê-la
a voltar para dentro?

— Está tudo bem, Elias. — A voz com um tom afiado veio de trás de
nós e nós dois nos viramos para olhar. Era Cad. Ele chegou ao telhado sem
ser ouvido. — Ela não vai te ouvir. Eu tenho isso.

Elias se levantou e me deu uma piscadela. — Fique segura, ok, Indy.

Depois que ele saiu, Cade puxou um caixote até onde eu estava sentada
e se sentou.
— Eu sei que você não gosta que lhe digam o que fazer, mas, Indy,
estamos confinados…

— Quer um pouco? — Eu o interrompi, oferecendo-lhe meu baseado.


Eu não precisava do discurso de segurança. Eu precisava ficar dormente.

Ele balançou sua cabeça. — Eu não posso protegê-la se você fizer coisas
assim.

— Vir para o telhado para um baseado?

— Não sabemos quem está fazendo isso, Indy. Quem eles são. Onde
eles estão. Você não pode estar aqui, exposta.

— Não podemos deixar de viver nossas vidas.

— Não. Mas podemos tomar precauções. — Seu rosto suavizou. —


Baby, trabalhe comigo aqui. Você é minha preocupação número um. Se
alguma coisa acontecer com você...

— Entendo. Eu sinto muito. — Peguei sua mão e a apertei, exalando


profundamente enquanto lutava contra minhas lágrimas. Eu caí de volta na
cadeira. — Ela estava grávida.

Os olhos de Cade se arregalaram, apenas por um momento, então se


estabeleceram quando a percepção se instalou. Sua mandíbula se apertou.
— Jesus Cristo, — ele rosnou, passando a mão pelo cabelo. — Jacob sabe?

Eu balancei minha cabeça e, finalmente, minhas lágrimas se soltaram e


escorreram pelo meu rosto. Eu não queria pensar em Jacob descobrindo.
Isso o mataria.
Cade me pegou e me segurou contra seu grande peito, e eu chorei em
seus braços enquanto ele me acalmava com ternura. Chorei por Mirabella e
seu bebê ainda não nascido, e por Isaac e Tex, e pelo Irish também. E
continuei chorando até meus olhos ficarem em carne viva e meu peito doer
de exaustão e tristeza.

Quando ele teve certeza de que minhas lágrimas haviam parado, as


pontas de seus dedos encontraram meu queixo e o ergueram. — Você está
segura. Eu prometo. Porque farei tudo o que estiver ao meu alcance para
mantê-la segura.

Meu queixo estremeceu. Imagens do corpo sem vida de Mirabella em


meus braços eram difíceis de excluir. — Como?

— Quem está fazendo isso não é um deus mágico. Ele é humano. Isso
significa que ele é falho. Ele vai errar. E quando o fizer, estarei lá para fazê-
lo pagar.
Cade

— Você precisa tirar uma folga do trabalho, — eu disse a Indy enquanto


ela estava no espelho escovando o cabelo. Observei enquanto ela o puxava
para trás em um rabo de cavalo e o prendia com um elástico de cabelo.

Ela ergueu a sobrancelha para mim.

— Você está brincando comigo, certo?

— Não. — Eu me movi para ficar atrás dela e olhei para ela no espelho.
— Estamos no meio de um bloqueio.

— E eu tenho um emprego. Um trabalho que acabei de começar. Eu não


posso tirar um tempo.

— Então se demita.

Ela pegou sua jaqueta e a vestiu. — Sim, isso não vai acontecer.

— Eu não posso protegê-la no hospital.

— Ainda bem que o hospital está cheio de segurança. — Sentou-se na


ponta da cama e calçou as botas de cano alto, inclinando-se para fechá-las.
Quando ela se sentou, ela sorriu para mim e tudo que eu conseguia pensar
era em como ela era bonita. Se alguma coisa aconteceu com ela. . . — Vou
levar uma escolta de e para o hospital. Ninguém vai me pegar enquanto
estou no trabalho. Com ou sem bloqueio, a vida tem que continuar.

Ela se levantou e veio até mim, envolvendo os braços em volta do meu


pescoço. Ela sorriu sedutoramente quando estendeu a mão e trouxe seus
lábios aos meus. Seu beijo foi lento e provocante.

— Eu tenho algumas horas antes do meu turno começar, — disse ela,


me deixando duro enquanto arrastava a língua ao longo do meu queixo.

Cristo, essa mulher era minha fraqueza.

Ela também era uma distração bem-vinda do tumulto que acontecia lá


dentro.

Eu a beijei ferozmente e a apertei contra mim. Fazer amor com ela


sempre foi um alívio bem-vindo da gravidade da nossa situação. Por um
pequeno intervalo de tempo, eu poderia me perder no êxtase de seu toque
e na magia de seu corpo. Eu a levei de costas para a cama, tirando sua
jaqueta e desabotoando sua camisa de seda. Quando sua mão encontrou a
frente da minha calça jeans e começou a esfregar sobre o cume duro do
meu pau, um gemido profundo me deixou.

— Você não vai fazer o que eu peço, não é? — Eu perguntei contra seus
lábios quando começamos a lutar para tirar nossas roupas.

— Sem chance, — ela respondeu.

Nossas bocas se separaram o suficiente para eu puxar minha camiseta


sobre minha cabeça e para Indy remover sua camisa. A visão de seus seios
cheios e cremosos envoltos em seu sutiã rendado me deixou dolorosamente
duro, e quando ela o removeu e os deixou cair livremente, isso me levou ao
limite. Eu a puxei de volta para mim e tomei um mamilo duro em minha
boca, chupando-o com meus lábios e provocando-o com minha língua. Ela
gemeu e passou as mãos pelo meu cabelo, sua respiração acelerada.

Quando meu telefone tocou, eu ignorei.

Mas quando ele começou a tocar novamente, eu rosnei e o alcancei.

Era a perspectiva. E ele estava vigiando Jacob, então eu respondi.

— Temos uma situação, — disse ele. — Jacob se deu alta.

O prospecto estava empoleirado do lado de fora do quarto de Jacob


desde que ele foi admitido.

— Por favor, me diga que você ainda está de olho nele, — eu disse,
ajustando a frente do meu jeans.

— Ele enfiou uma arma na minha cara. Disse-me para me foder ou ele
atiraria em mim entre os malditos olhos. Então não. Eu não estou de olho
nele.

Porra. Não queríamos que Jacob ficasse sozinho porque não sabíamos
do que ele era capaz de fazer. — O que aconteceu?

— Ele foi para a funerária. Ele ficou lá dentro por cerca de dez minutos
e depois saiu furioso. — Ele fez uma pausa e acrescentou: — Ele estava
carregando uma bolsa.
— Uma bolsa? — Uma percepção repentina subiu pela minha espinha.
Pertences de Mirabella. — Ok, estou nisso.

Eu desliguei. Eu tive que ir até a casa de Jacob.

— O que está errado? — Indy perguntou, já abotoando sua camisa de


seda.

— Jacob. Ele recebeu alta e visitou a funerária. Ele saiu com a bolsa de
Mirabella.

— Oh, inferno, — Indy sussurrou. Ela colocou o braço no meu. — A


ultrassonografia dela estava na bolsa.

— Jesus Cristo! — Peguei as chaves do meu carro na penteadeira. Jacob


ia encontrar o ultra-som, se já não o tivesse feito, e perder a cabeça.

— Eu vou com você, — disse Indy.

Eu aprendi um tempo atrás a não lutar com Indy. Eu chegaria lá mais


cedo se não o fizesse.

Vinte minutos depois, paramos na garagem de Jacob. As cortinas


estavam fechadas e a porta da frente estava fechada. Não houve resposta
quando bati, mas pude sentir o cheiro de fumaça de cigarro vindo de
dentro da casa. Quando tentei a porta, ela se abriu. Jacob estava sentado em
uma cadeira na sala de estar, um quinto de Jack Daniel descansando entre
suas pernas. Sem olhar para nós, ele tomou um gole.

— Você sabia? — Sua voz profunda quebrou o silêncio. Ele olhou para
frente, um cigarro queimando entre seus dedos.
— Sabia o que? — Eu perguntei.

Ele ergueu o pedaço de papel na mão e olhou para Indy.

— Encontrei na bolsa dela, — disse ele.

Peguei o papel dele. Era o ultra-som. Atrás de mim, Indy exalou


profundamente.

— É verdade? — Jacob perguntou, desviando o olhar enquanto tomava


outro gole da garrafa de licor. — Ela estava grávida?

Indy deu um passo à frente. — Jacob, eu sinto muito...

— É verdade? — Ele perdeu a cabeça.

Indy fez uma pausa e então assentiu. — Sim. Ela estava grávida.

A dor tomou conta do rosto de Jacob. Ele fechou os olhos como se


quisesse se preparar contra a agonia, seus dedos agarrando os braços da
cadeira.

— Diz que ela estava com quatorze semanas. Isso significa que ela sabia
qual era o sexo?

— Sim, — sussurrou Indy. — Ela sabia.

Mais vida parecia drenar de seu rosto.

— Foi meu filho ou minha filha que foi assassinado com ela? — ele
perguntou.
Indy olhou para mim, mas depois voltou-se para Jacob. Minha garota
era forte. Ela poderia lidar com isso. — Era uma menina, — ela disse
calmamente.

Os olhos de Jacob se fecharam e seu queixo tremeu com algo próximo a


tortura e raiva. Ele tomou outro gole de uísque e sua fachada finalmente
rachou sob o peso de sua dor, e ele desabou. Peguei o cigarro dele e o
esmaguei no cinzeiro, depois o peguei pelo braço.

— Vamos, irmão, vou te levar para casa.

Ele me sacudiu.

— Vou ficar aqui! — ele disse bruscamente. E eu poderia dizer pela


escuridão em seus olhos que ele quis dizer isso. — Eu não quero sair. Eu
posso sentir o cheiro dela aqui. Eu posso senti-la. — Ele caiu de volta na
cadeira e seu rosto enrugou novamente. — Lá fora ela se foi. Mas aqui, em
nossa casa, ela está em todos os lugares.

— Então eu vou ficar com você, — eu disse.

Ele tomou outro gole da garrafa. — Eu não preciso de uma babá.

— Não, você não precisa. Mas vou ficar aqui para ajudá-lo a terminar
esta garrafa. — Eu peguei dele e bebi um bocado. O uísque desceu pela
minha garganta e se espalhou pelo meu peito. Olhei para Indy e ela
assentiu.

— Eu vou passar por aqui amanhã e buscá-lo, — disse ela.


— Não. Deixe o carro aqui. Vou pedir a Vader e Maverick para buscá-la
e acompanhá-la para o trabalho. — Indy não iria a lugar nenhum sozinha.
— E eu quero que você fique no clube esta noite, ok?

Por um momento, ela parecia que ia protestar, mas não o fez. Em vez
disso, ela assentiu e então caminhou até Jacob e se agachou.

— Ela tinha acabado de descobrir e ia te contar naquela noite. Ela queria


chamá-la de Hope. Porque foi o que você deu a ela desde o momento em
que ela o conheceu. Esperança.

Lágrimas escorriam pelo rosto de Jacob, mas ele não disse nada. Não
havia nada que ele pudesse dizer.

Não havia nada que alguém pudesse dizer.


Indy

Mirabella foi enterrada em uma manhã de outono sem nuvens em


novembro. Enquanto o funeral de Isaac foi sombrio e dramático com um
céu tempestuoso, Mirabella foi enterrada no belo calor do sol do
Mississippi. Seu caixão fechado estava envolto em um mar de magnólias e
íris, suas flores favoritas, e no centro do arranjo havia um pequeno
envelope endereçado a Mirabella e Hope. Foi uma despedida final de um
marido de luto e futuro pai.

Jacob estava inconsolável. Era como se a luz tivesse se apagado dele.

Finalmente sóbrio pela primeira vez desde o assassinato de sua esposa,


ele não foi capaz de lidar com sua dor e, a certa altura, seus joelhos se
dobraram e Cade e Caleb tiveram que segurá-lo. Ele ficou devastado.
Quebrado. Destruído.

Depois, quando todos foram para o velório na sede do clube, Jacob


sentou-se imóvel em sua cadeira ao lado de seu túmulo, olhando com olhos
cegos para seu caixão enquanto as lágrimas escorriam por suas bochechas.
Cade, Caleb e eu ficamos para trás. Eu estava eviscerada. Meu peito
cheio de dor. Mas não estava nem no reino da dor de Jacob.

Subitamente levantando-se, Jacob caminhou em direção ao caixão de


sua esposa, seus olhos atordoados e desfocados, seu rosto frouxo de
desânimo, seus braços pendurados imóveis ao seu lado. Entrelacei meus
dedos na mão grande de Cade e nos entreolhamos, preocupados. Então,
tão repentinamente quanto ele se levantou, Jacob caiu de joelhos e caiu
para trás, seu peito largo exposto ao céu quando um rugido primitivo
arrancou de seu núcleo para quebrar a quietude da tarde.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu o observava se


desenrolar na nossa frente, sua dor exposta, seu corpo rígido e rígido com a
angústia emergindo dele. As veias saltavam como cordas em seu pescoço e
testa enquanto seu rugido ficava rouco e áspero, e a energia finalmente se
esvaiu. Ele caiu de quatro e baixou a cabeça, seu corpo arruinado pelos
soluços que o consumiam.

Caleb e Cade foram até ele. Cade se ajoelhou.

— Deixe-nos cuidar de você, irmão, — eu o ouvi dizer.

Caleb e Cade o colocaram em um carro esperando. Ele não tinha ido de


moto para o funeral. Ele não andava de moto desde o dia em que Mirabella
morreu, e provavelmente era uma coisa boa porque ele não estava em
condições de dirigir um veículo. Cade abriu a porta para mim e eu deslizei
para o banco de trás ao lado de Jacob, enrolando minha mão na dele e
segurando-a com força durante o passeio até o velório.
Os pais de Mirabella organizaram a celebração de sua vida na casa de
Jacob e Mirabella, e o quintal estava cheio de amigos e familiares, bebendo
e celebrando a bela jovem que todos amávamos e prezamos. Em todos os
lugares que você olhava havia flores e fotografias de uma Mirabella
sorridente, e toda vez que eu olhava para seu rosto sorridente, eu não
conseguia acreditar que ela tinha ido embora.

Incapaz de lidar com a multidão, Jacob pegou uma garrafa cheia de


bourbon e voltou para a casa, desaparecendo em seu quarto com uma
batida da porta. Ele havia recusado qualquer medicação para sua dor.
Agora ele ia medicar com licor.

— O que nós fazemos? — Perguntei a Cade.

— Nós o deixamos sofrer do jeito que ele quer, — disse ele.

Passei a hora seguinte conversando com a família de Mirabella e sua


irmã Cora. Conversei com estranhos, tomei vinho com Ronnie e minha mãe
e algumas das outras velhinhas, e ajudei a tirar os pratos da mesa de
piquenique quando o sol começou a se pôr e as pessoas começaram a se
dispersar. Quando o crepúsculo se transformou em noite, entrei e caminhei
direto para Cade, de repente percebendo que não o tinha visto na última
hora.

— Desculpe, baby, eu estive com Jacob, — disse ele.

— Ele está bem?


Ele balançou sua cabeça. — Não. Ele está longe de estar bem. Bull e
Maverick o levaram de volta ao clube. Não queremos que ele fique
sozinho.

Ele se aproximou de mim e passou suas grandes mãos pelos meus


braços. Ele parecia exausto, mas ainda muito fisicamente poderoso e forte.
Ele inclinou a cabeça e me beijou, pressionando os lábios no meu ouvido.

— Vamos sair daqui. Eu preciso te abraçar, — ele sussurrou


asperamente. — Eu preciso de você em meus braços.

Eu balancei a cabeça e passei meus braços ao redor de sua cintura


grossa, encontrando conforto na batida suave de seu coração. — Leve-me
para casa, — murmurei.

Ele inclinou a cabeça e deu um beijo na minha testa, então me levou


para fora da porta.
Cade

— Você precisa sair. Você precisa fazer as malas e voltar para Seattle.

Foi dois dias depois do funeral de Mirabella e fiquei abalado. Assistir


Jacob enterrar sua esposa foi como assistir ao meu pior pesadelo.

Indy olhou para mim como se eu fosse louco. — Eu não estou indo a
lugar nenhum.

Mas eu a ignorei. — Você ainda tem seu apartamento, certo?

— Sim, eu possuo. Mas estou pensando em alugar. Ah, e isso mesmo. . .


eu não vou embora.

— Indy, eu não estou pedindo. — Eu sabia que ela não iria embora sem
lutar. Mas eu estava pronto para ter certeza de que ela ouviria. Fazia sete
dias desde o assassinato de Mirabella e não estávamos mais perto de
encontrar seu assassino.

Isso significava que estávamos todos em risco.

Jacob estava uma bagunça. Inconsolável. Seu mundo tinha sido


arrancado debaixo dele e ele estava devastado. Na outra noite, depois do
funeral, eu o encontrei deitado no escuro na cama que ele costumava
dividir com sua esposa. Conquistado pela dor. Agarrando o roupão de
seda de sua esposa morta. Suas palavras se desconectaram. Sua voz
estranhamente calma, mas plana e robótica. Sua Glock sentada no criado-
mudo ao lado dele – a segurança desligada.

Nós o mudamos para o clube no dia seguinte.

— Estou lhe dizendo, você tem que sair da cidade até resolvermos o que
diabos está acontecendo, — eu disse. Cristo. Eu provavelmente pensaria
em comer minha arma também, se perdesse Indy. — Não é seguro.

Indy desceu da cama, vestindo nada além de uma regata apertada e


calcinha minúscula. E apesar da minha ansiedade, apesar do meu medo
por sua segurança, a visão de sua quase nudez ainda deixou meu pau duro
como uma rocha.

— Eu não vou sair, e é isso. — Ela olhou para mim com aqueles olhos
castanhos escuros e tocou minha bochecha com ternura. — Estamos juntos
agora. E isso significa que estamos juntos em tudo.

Tentei ignorar o quão duro ela estava me deixando. Isso era sério e eu
não ia deixá-la me influenciar me dando aqueles grandes olhos castanhos.
Mas ela era minha kriptonita. A única coisa que poderia me deixar de
joelhos e me fazer perder a cabeça.

— Você pode morrer, Indy. Você entende isso? Alguém está querendo
machucar os Kings. Três de nós já estão mortos. Olha Mirabella. Não quero
que você seja pega no fogo cruzado.
Ela me encarou com olhos ferozmente determinados. — Eu não estou
indo a lugar nenhum. Você me ouve? — Então sua expressão suavizou e
ela me alcançou pela fivela do meu cinto. — Agora, por favor, pare de falar
tanta besteira e venha foder sua mulher?

Ela puxou a blusa sobre a cabeça, revelando seu corpo nu perfeito.


Deliberadamente tentando me distrair. — Ou você precisa de um pouco
mais de convencimento?

Ela passou a mão pela frente do meu jeans.

Meu pau não precisava de muito mais convincente do que isso. Eu a


puxei para mim e a beijei com força.

— Eu não quero mais ouvir falar sobre perigo ou eu ir embora,


entendeu? — ela sussurrou contra meus lábios.

Ela me puxou para a cama e o movimento me colocou bem no início de


onde eu queria estar. Com alguns pequenos ajustes, eu a empurrei e
instantaneamente minha mente foi para outro lugar. Seu corpo. Essa
garota. Foi fácil para mim me perder nela. E enquanto eu fazia amor com
ela, a loucura do que estava acontecendo ao nosso redor simplesmente
desapareceu e eu me perdi em amá-la, beijá-la, levá-la ao clímax, uma,
duas, três vezes, até não aguentar mais. e eu gozei dentro dela com uma
onda de prazer ofuscante.

Mas quando o brilho quente do meu orgasmo desapareceu, a fria


realidade da situação começou a se infiltrar novamente. Indy era minha
fraqueza. Eu não poderia ficar sem ela. Se eu a deixasse, eu sabia que não
seria capaz de ficar longe. Ela só precisaria olhar para mim com aqueles
olhos grandes e lindos dela e eu voltaria correndo para ela. Ela era meu
vício. Meu tudo. Eu precisava dela perto, mas isso colocou um alvo enorme
em suas costas. Se alguém estivesse tentando derrubar The Kings - se
alguém me quisesse morto - Indy poderia se machucar. E o pensamento de
ela se machucar me fez sentir louco.

Foi então que percebi que estava preso. Eu não podia sair. Mas eu
poderia ter certeza de que ela o fizesse.

Eu odiava o que eu ia fazer. E isso iria partir meu coração. Mas


precisava ser feito porque era o menor dos dois males.

De qualquer forma, eu ia perder Indy.

Mas pelo menos assim ela estaria segura.

Eu tinha lutado com a ideia por dias, mas sempre voltava à mesma
conclusão. Eu tinha que deixar Indy o mais longe possível dessa merda de
clube e desse pesadelo. Isso significaria o fim para nós e ela nunca me
perdoaria, mas ela estaria viva. Quando pensei melhor sobre isso, pensei
em Mirabella morta nos braços de Jacob, seu cérebro escorrendo do
ferimento de bala em sua cabeça, e era tudo que eu precisava para me
convencer de que isso era uma boa ideia.
Sandy era o cúmplice perfeito.

Ela piscou seu sorriso perverso de menina má para mim e fechou a


porta do meu quarto atrás dela. Ela estava em uma regata muito apertada e
o menor par de shorts jeans que eu já vi.

— Você está pronto, baby? — ela perguntou, desabotoando seu short e


saindo dele. Ela estava completamente nua por baixo.

Desviei os olhos, mas balancei a cabeça, meu coração já morrendo uma


morte lenta e torturante no meu peito. Indy nunca me perdoaria. E eu
estava contando com isso. Isso a machucaria, mas a machucaria muito
menos do que uma bala na cabeça.

Deslizando a blusa sobre a cabeça, Sandy subiu na cama e se ajoelhou


na minha frente, olhando para mim com olhos brilhantes, venha me foder.

— Bem, o que você está esperando, querido? — ela arrulhou.

Suspirei e comecei a tirar minha camisa.

Sem volta agora.


Indy

No final do meu turno, fiquei surpresa ao ver Maverick esperando por


mim e não Cade.

— Cade me pediu para pegar você. Disse que tem alguns negócios na
sede do clube, — explicou.

— Você não vai me deixar em casa?

— Ele disse para ter certeza que eu levasse você direto para a sede do
clube. Não queria você sozinha em casa durante o bloqueio.

Eu não sabia por que, mas um estranho formigamento surgiu na base


da minha espinha. Tentando ignorá-lo, entrei no SUV, mas quando cheguei
à sede do clube, o formigamento se transformou em mil borboletas
assustadas se agitando no meu estômago e minhas mãos começaram a
tremer. Algo não estava certo.

Cade não estava no bar. E ele também não estava na cozinha ou nas
salas de reunião, então passei pelo corredor da vitrine e fui em direção ao
quarto dele. A porta estava fechada, o que não era incomum, mas quando
me aproximei, senti uma sensação avassaladora de mau pressentimento
tomar conta de mim. Empurrando-a para o lado, empurrei a porta e parei
atordoada.

Ver a loira de mel esparramada nua na cama era como uma terapia de
choque elétrico passando pelo meu cérebro. Ela estava emaranhada entre
os lençóis — lençóis que estavam bagunçados por algum ato de amor
seriamente ativo pela aparência deles.

Naquele instante, meu coração se apagou como confete.

Era como se todo o ar tivesse saído da sala e eu não conseguisse


respirar.

Não.

Por favor não.

Os anos foram passando e de repente eu tinha dezoito anos novamente,


entrando neste mesmo quarto e encontrando o amor da minha vida na
cama com outra mulher.

Mas desta vez ele não estava na cama com ela.

Desta vez ele estava entrando no quarto vindo do banheiro pequeno,


recém-saído do banho e prendendo uma toalha em volta da cintura.

Quando ele olhou para cima e me viu, ele fez uma pausa. Sua linda boca
se abriu, mas depois fechou novamente. Ele nem ia tentar negar. E por que
ele iria? Era bastante óbvio o que tinha acontecido nesta sala.

— Não. — Foi a única palavra que meu cérebro encharcado de dor


conseguiu formar.
Cade nem me ofereceu nada. Ele apenas olhou para mim, levantando os
braços ligeiramente antes de deixá-los cair ao seu lado.

Uma bomba de agonia detonou dentro de mim, me explodindo. Mil


promessas quebradas correram para mim, os estilhaços torcendo minhas
entranhas em uma espiral apertada até que queimaram com a dor de sua
traição e eu não conseguia mais respirar. Eu avancei em direção a ele e lhe
dei um tapa tão forte no rosto que sua cabeça virou para o lado e minha
mão doeu. Ele não se moveu. Não lutou comigo. Então, eu o esbofeteei
novamente. E novamente ele não se moveu. Sua mandíbula apertou e
vacilou, e seus dentes cerrados com a dor. Mas mesmo assim ele não disse
nada.

— O que? — Eu gritei com ele. — Você vai ficar aí parado e me ver


quebrar?

Eu esmaguei meu punho em seu peito.

— Por que? Por que? — Chorei. E eu bati no peito dele novamente.


Perguntando a ele por um bom motivo. Perguntando-lhe quem era. Porque
meu coração partido estava me implorando para descobrir por que ele
tinha feito isso conosco. Ela precisava de um bom motivo para que pudesse
pelo menos processá-lo enquanto lentamente se recompunha.

Mas então minha agonia me dominou e a dor fria na minha garganta


tornou impossível para mim falar mais.

Eu não aguentei. Eu não poderia estar na mesma sala que ele e ela. Eu
não sabia como sobreviveria à traição dele, mas sabia que sobreviver
começava fora desta sala. Então eu dei um passo para trás, lágrimas
escorrendo pelo meu rosto, e olhei para ele. Eu queria gravar seu rosto em
minha memória, porque quando eu me afastasse dele, seria para sempre.

E então eu fugi.

Só então ele reagiu. Senti a onda de energia atrás de mim, ouvi-o


chamar meu nome enquanto corria pelos corredores do clube, mas não
parei, continuei correndo, cegamente, até que corri direto para o peito largo
de Caleb.

— Ei, uau! — ele disse, agarrando meus braços. — O que está errado?

— Me deixar ir! — Eu gritei com ele. E agindo por instinto, eu bati meu
pé em sua bota para que ele me deixasse ir, porque ninguém iria me
impedir de fugir do clube.

— Calma! — Ele veio atrás de mim, mas eu não dei ouvidos, continuei
correndo, empurrando as portas e irrompendo na luz do sol da tarde.

Eu sabia que o carro de Cade teria as chaves nele, então corri direto para
ele e entrei. Assim como pensei, as chaves estavam no para-sol. Eles caíram
na minha mão e eu os empurrei na ignição, e então atirei para fora do
complexo do MC, errando por pouco Cade e Caleb enquanto eles corriam
para fora do clube bem a tempo de me ver fugir.

Na rua, eu não me saí muito diferente. Depois de quase colidir com um


poste de luz porque estava cega pelas minhas lágrimas e enlouquecida
pelas minhas emoções, parei. Eu precisava organizar meus pensamentos.
Eu tinha acabado de cometer assalto e roubo de carro. Mas foda-se. Eu
tinha acabado de pegar meu marido mentiroso e traidor na cama com outra
mulher.

Um tornado rodou em minha mente e eu não conseguia parar meu


cérebro de remoer entrar e ver a linda loira em sua cama. Agarrei o volante
e fechei os olhos com a dor. Conversas aleatórias e memórias correram para
mim. Ele lutou tanto por mim. Ele me tinha em cada respiração, em cada
batida de seu coração, em cada pensamento. Ontem à noite ele tinha feito
amor comigo com ternura e amor, gemendo em meu pescoço sobre o
quanto ele me amava.

Sério, não fazia o menor sentido.

— Eu estou tão apaixonado por você.

Ele me perseguiu com ambição feroz apenas alguns meses atrás,


quando voltei para o funeral de meu pai. Ele me amava como nenhum
homem poderia amar uma mulher a menos que a adorasse com cada
batida de seu coração. Como ele poderia simplesmente jogá-lo fora tão fácil
como ele fez? só não entendi.

— Eu sou todo seu. Tudo de mim. Para todo sempre.

Ele realmente disse isso...

Brinquei com o pingente de coroa no pescoço. Eu era sua rainha. Ele era
meu rei.

Por que ele poderia simplesmente jogá-lo fora?

Ele saberia que eu iria pegá-lo... deixá-lo...


Eu olhei para cima.

Foda. Me.

Minha respiração se acalmou e eu exalei com raiva. Minhas mãos


apertaram o volante com mais força até que eu estava com os nós dos
dedos brancos.

Fui engada.
Cade

Levou cada grama do meu ser para não reagir. Meu coração já estava
partido, mas enquanto eu a observava queimar de dor na minha frente, ele
se partiu novamente. Eu desejava tomá-la em meus braços, beijar suas
lágrimas, juntar seu coração partido e juntá-lo novamente. Para dizer a ela
que não era verdade. Para dizer a ela que eu a amava, e apenas ela. Que eu
não queria ou precisava de outra mulher. Nunca. Mas para mantê-la
segura, tive que partir meu coração e depois partir o dela.

Mas então ela saiu da sede do clube e do complexo antes que eu


pudesse impedi-la, e meu plano começou a desmoronar. Isso a colocou em
perigo, que era exatamente o que eu estava tentando protegê-la. Sem um
detalhe de segurança. Sem mim ou o clube para protegê-la. Ela estava em
perigo. Saí do complexo na minha moto. Ela me odiava e não me queria
perto dela, mas eu tinha que ter certeza de que ela estava segura enquanto
ela estava me deixando. não precisei ir muito longe. A algumas ruas de
distância, ela foi parada na beira da estrada e pude vê-la sentada no banco
do motorista, as mãos segurando o volante, os olhos bem fechados. Parei
na frente dela. Ela me viu e saiu, e invadiu a calçada em minha direção, seu
rosto tenso com determinação feroz. Quando ela me alcançou, ela se lançou
em mim e me empurrou no peito.

— Você não colocou uma mão naquela garota! — ela gritou. E então ela
me empurrou no peito novamente. Difícil. — Seu idiota. Você armou para
mim!

Eu não sabia se deveria rir ou chorar. O alívio que passou por mim foi
inebriante.

— Pare de ser um idiota! — ela gritou, me empurrando novamente. —


Eu sei por que você fez isso. Você acha que está me protegendo. Você está
preocupado que algo vai acontecer comigo. Então você me faz acreditar
que fez algo imperdoável, então eu vou embora. Entendo.

— Indy...

— Pare! — Suas mãos em punhos ao seu lado. — Esta é a minha escolha.


Você não entende? Você está preocupado comigo. Mas estou tão
preocupada com você. Pare de me tratar como se eu fosse tão frágil. Eu não
sou frágil! Eu sou sua rainha. Deixe-me ficar ao lado do meu rei.

— Eu preciso que você esteja segura, — eu disse, desesperadamente.

Ela balançou a cabeça. — Você não pode fazer isso, Cade. Você não
pode decidir o que eu preciso e depois agir sem a minha opinião.

Corri minhas mãos pelo comprimento de seus braços. — Eu preciso que


você esteja seguro. Se alguma coisa aconteceu com você...

— Nada vai acontecer comigo, — ela gritou.


Eu deixei ela ir. — Você não sabe disso. não posso arriscar. Você precisa
voltar para Seattle. Alguém quer nos destruir, e até que o clube resolva
isso, estamos todos em perigo.

— Então estamos todos em perigo juntos, Cade. Eu não vou embora. —


Ela me olhou nos olhos, seus olhos castanhos ferozes. — Diga-me que estou
errada. Diga-me que você transou com ela e eu vou embora.

Eu poderia mentir.

Eu poderia dizer a ela que eu transei com Sandy. Mas naquele


momento, eu sabia que era uma batalha perdida.

— Eu não toquei nela. Mas, Indy...

— Shhhhh... — Ela se aproximou e colocou um dedo em meus lábios.


Então ela me beijou e meu corpo enfraqueceu contra o toque de sua boca
na minha.

— Volte para o clube, — eu respirei, segurando-a firmemente contra


mim.

Ela olhou para mim e, lentamente, assentiu.


Cade

O plano era fazer com que ela me deixasse. Para levá-la o mais longe
possível daqui. Mas foda-se meu plano. Foda-se empurrando-a para longe.
Foda-se tudo. Quando eu pensava que ela tinha ido embora para sempre, e
sabendo que ela me odiava, era uma tortura.

Pura tortura do caralho.

Então tranquei a porta e passei o dia na cama com minha garota.


Segurando ela. Amando ela. Fazendo-a gozar uma e outra vez, porque
Deus sabe que eu estava tão viciado nela que simplesmente não conseguia
parar de fazer amor com ela.

Quando as batidas bateram na minha porta, a interrupção não poderia


ter sido mais mal cronometrada. Assim que a tensão tensa na minha
barriga se desenrolou e liberou uma euforia explosiva através do meu
corpo e do meu pau, uma batida violenta sacudiu a porta do meu quarto.

Esperando o prazer retroceder, eu rosnei e desabei contra Indy.

— Vá embora! — eu lati.
Mas a porta vibrou com outra rodada de batidas.

— Saia daqui, irmão, — Caleb chamou do outro lado da parede.

Indy se contorceu debaixo de mim e agarrou o lençol para cobrir sua


nudez. Relutantemente, saí da cama e coloquei minha cueca, abrindo a
porta e ficando cara a cara com o rosto angustiado do meu irmão.

— O que?

— Eles encontraram um corpo perto da caixa d'água. — Os olhos de


Caleb estavam escuros, inquietos. — Pode ser Freebird.

Eu não precisava dizer nada. Indy viria comigo se eu gostasse ou não.

— Você acha que é Freebird? — ela perguntou enquanto nos dirigíamos


em direção à caixa d'água em seu novo SUV.

— Há uma boa chance. Buckman disse que o corpo estava lá há algum


tempo, então identificá-lo pela visão não era uma opção. Mas eles podiam
ver que era um homem adulto com cabelos longos e escuros.

Depois que Caleb me contou sobre a descoberta do corpo, liguei para


Buckman. Pagamos dinheiro para que pudéssemos fazer esse tipo de
telefonema. E porque o dinheiro passou da mesa para o escritório do
legista sob o disfarce de doações generosas, isso significava que, quando
chegássemos à cena do crime, Zachariah Sumstad não nos rejeitaria. Desde
que respeitemos as regras de contaminação da cena do crime, é claro.

A torre de água Destiny ficava na periferia da cidade, na junção de dois


campos de melancia conhecidos como Terra de Ninguém. Até onde a vista
alcançava, a bela paisagem se estendia, os campos verde-escuros
contrastavam com o azul vibrante do céu. Costumava ser um ponto de
encontro popular para os adolescentes locais, eles vinham aqui para subir
na torre e beber suas cervejas e fumar seus baseados. A vista de cima era
incrível. Ele passou pelas fronteiras de Destiny e saiu em direção às
margens de Humphrey. Mas depois que uma menina caiu para a morte
alguns anos antes, o acesso pelas escadas foi bloqueado.

Quando chegamos, Buckman nos cumprimentou. Por cima do ombro, vi


técnicos forenses vestidos com macacões azuis escuros rastejando sobre a
cena do crime. Era uma tarde quente e o ar estava maduro, e obviamente
estava chegando a Buckman porque ele tinha um lenço sobre o nariz.

Quando Bull e Caleb chegaram, eles se juntaram a nós.

— Quem encontrou o corpo? — perguntou Touro.

— Um funcionário do condado realizando uma verificação mensal da


torre de água. Disse que sentiu o cheiro assim que saiu da van.

O cheiro era violento e, depois de alguns minutos se mexendo, Indy


correu para vomitar.

— É o Freebird? — Eu perguntei, virando-me para observar Indy


enquanto eu falava.

— Não saberemos até a autópsia.

— Algum sinal visível de trauma? — Eu me virei para olhar para ele.


— Sumstad disse que a cabeça sofreu muitos danos à vida selvagem. —
Mesmo com o lenço cobrindo metade de seu rosto, eu poderia dizer que ele
estava fazendo uma careta. — Ele acha que eles foram atraídos pelo sangue
e tecido.

— Alguma ideia de quanto tempo o corpo está aqui? — perguntou


Touro.

— É apenas um palpite preliminar, — disse Sumstad. Ele estava saindo


da vala, caminhando em nossa direção. — Mas a julgar pela taxa de
decomposição, eu diria que ele está aqui há duas semanas.

Irish estava morto há duas semanas.

— Você acha que ele veio aqui e cometeu suicídio pulando da caixa
d'água? — perguntou Bull.

— Certamente foi feito para parecer assim, — disse Sumstad.

— Feito para parecer assim? — Olhei para Indy. Ela estava vomitando
novamente.

— A colocação do corpo. O traumatismo craniano. Ele espelha uma


queda. Mas ele não se jogou daquela torre. Ele foi espancado até a morte.

— Tem certeza disso? — perguntou Buckman.

— Tão sério quanto um ataque cardíaco, xerife. — Sumstad olhou para


o corpo na vala. Estava inchado e preto. — Não foi um acidente ou
suicídio. Foi homicídio.

Caminhei até onde Indy estava encostado no carro.


— Você está bem, anjo? — Eu perguntei, esfregando suavemente as
costas dela.

Ela exalou profundamente, mas assentiu. — Estou bem. É apenas . . .


quente.

Eu coloquei meu braço em volta dela. — Venha, vou te levar para casa.

Ela fez uma pausa. — É Freebird?

Eu balancei minha cabeça. — Ainda não sabemos.

Ela abriu a boca para dizer algo, mas em vez de dizer qualquer coisa, ela
correu para o lado do carro e vomitou.

— É isso, vou te levar para casa.

— Não, eu estou bem. — Ela olhou para os restos na vala. — É o cheiro.


E o fato de nós dois sabermos que é Freebird deitado ali.

Envolvi meus braços ao redor dela e a puxei contra meu peito, meus
dedos acariciando seus ombros.

Ela estava certa.

Não tive dúvidas de que era Freebird. Ele foi espancado e deixado lá
para apodrecer no sol quente do Mississippi.

Assim como o Irish, isso não foi suicídio. Foi assassinato.

Beijei o topo da cabeça de Indy e tentei lutar contra a verdadeira


sensação de pânico, sabendo que Freebird não seria o último a ser
eliminado.
Indy

Na manhã seguinte, encontrei-me com a viúva de Tex, Dahlia, na


instalação Miller Self-Storage, perto da cidade. Eu tinha prometido a ela
que a ajudaria a limpar o galpão de armazenamento de Tex. Felizmente, eu
estava me sentindo melhor do que nos últimos dias. As longas horas de
trabalho, combinadas com as longas noites na cama com Cade, estavam
cobrando seu preço e eu estava propenso a crises de fadiga e náusea.

Peguei uma das picapes comunitárias do clube para que pudéssemos


facilmente levar as coisas para a casa de Dahlia ou para o depósito de lixo.
Cade havia nomeado Tully e o prospecto para me seguir durante o dia e,
embora eu não gostasse, entendi e aceitei a necessidade de proteção. Não
foi tão ruim - dois grandes motoqueiros seriam úteis quando se tratasse de
tirar as coisas grandes do galpão de armazenamento.

Tex era um acumulador e Dahlia não suportava isso. Era por isso que
ele tinha um galpão de armazenamento. Ela não queria encher sua casa
com todas as coisas que ele queria manter. Isso incluía coisas como peças
de moto antigas, lembranças de sua juventude, como suas velhas camisas
de futebol e capacetes, malas cheias de roupas velhas e papéis pessoais. Ele
até tinha três grandes caixas de potes aleatórios.

Olhei para Dália. — Potes?

Ela riu. — O tolo louco adorava colecionar potes.

— Mesmo?

Ela assentiu e jogou a pilha de revistas em seus braços na parte de trás


da picape. Uma vez ao meu lado, ela escolheu alguns dos frascos da caixa.
— Potes de café. Potes de gelatina. Potes estranhos, de aparência estranha.
O que você disser. Ele tinha uma ereção por potes. — Seus olhos se
encheram de tristeza. — Ele era um estranho. Mas ele era meu estranho.

Meu coração doeu por ela. Dahlia era forte. Mas ela estava sofrendo
como uma louca.

— Você quer mantê-los? — Eu perguntei.

Ela pensou por um momento e depois jogou os potes de volta na caixa.


Ouviu-se o som de vidro se quebrando, então, sem dizer uma palavra, ela
pegou uma das caixas e a jogou na traseira da picape. Ela se virou para
mim, apertando os olhos ao sol.

— Querida, se vou seguir em frente sem Tex, preciso começar de novo


agora. Não adianta levar mais bagagem comigo.

E com isso, ela voltou para o galpão de armazenamento.

Joguei as duas outras caixas de potes na picape e então comecei a abrir


uma caixa menor que estava cuidadosamente guardada sob uma velha
mesa. Dentro havia um monte de álbuns de fotos e o que parecia ser algum
tipo de álbum de recortes.

Eu sabia que Dahlia iria querer ficar com as fotografias. Ou, pelo menos,
olhe através deles primeiro. Então, abri o álbum de recortes e perdi os
próximos dez minutos na história do clube.

O álbum de recortes era velho, empoeirado, suas páginas amarelas, as


fotografias e recortes de jornais velhos todos com orelhas e amassados.
Havia recortes que datavam de trinta anos atrás, quando Tex se juntou ao
clube. Havia artigos sobre passeios de angariação de fundos e churrascos
de caridade, artigos sobre a repressão aos motoclubes na área durante o
reinado do prefeito mais durão de Destiny nos anos 80. Havia anúncios de
casamento, até mesmo um sobre o casamento dos meus pais e, claro, vários
recortes sobre o tiroteio na West Destiny High School.

Mas o artigo que realmente chamou minha atenção foi um que quase
perdi. Ele estava preso em alguma cola velha de foto na capa de página de
plástico e tinha dobrado. Abri com cuidado para não rasgá-lo e comecei a
ler.

“Garota pula para a morte da torre de água”

A polícia de Destiny está investigando a morte de Talia Bennett, de dezoito


anos, que foi encontrada morta na base de uma torre de água no subúrbio de
Clayton. Acredita-se que Talia escorregou e caiu da torre nas primeiras horas desta
manhã e foi morta instantaneamente. Embora não houvesse testemunhas da morte,
os convidados de uma festa no clube próximo do The Kings of Mayhem Motorcycle
Club, dizem que Talia estava bebendo e socializando na festa antes de sua morte.

A polícia segue com suas investigações.

Havia uma foto de Talia. Ela parecia muito jovem. Muito jovem para
estar em uma festa de MC, bebendo e socializando.

Estudei a foto por um momento. Havia algo familiar em seu sorriso,


mas não consegui identificar.

— Ei, Dahlia.

— Sim, querida?

Levantei-me e levei o álbum de recortes para ela. — Você sabe algo


sobre isso?

Ela deu uma olhada no artigo, mas balançou a cabeça. — Isso deve ter
sido antes de mim. Pobre menina. — Ela apontou para a data. — Tex e eu
não nos conhecemos até o ano seguinte.

— E Tex nunca mencionou isso?

Ela pensou por um momento, mas depois balançou a cabeça


novamente. — Se foi, não me lembro.

Eu balancei a cabeça. — Eu também nunca ouvi nada sobre isso.

— Tex provavelmente não a conhecia ou o que aconteceu.


Eu concordei. Não era estranho que Tex tivesse guardado aquele artigo,
afinal, parecia que ele tinha guardado tudo relacionado ao clube que tinha
aparecido no jornal.

— Você queria manter o álbum de recortes? — Eu perguntei.

— Dê isso ao clube. Pode ser uma boa coisa para adicionar à vitrine.

A vitrine era onde eles exibiam memorabilia do clube, como o capacete


e dogtags de Hutch Calley, estilos de corte antigos e uma exibição
impressionante de fotos históricas do clube.

Enfiei o álbum de recortes no espaço atrás do banco do motorista da


caminhonete, depois comecei a ajudar Dahlia a organizar o resto das coisas
de Tex. Foi uma tarefa que nos manteve ocupados até a hora do jantar, e eu
estava certo, quando se tratava de carregar peças de motocicletas antigas e
algumas das caixas mais pesadas, ter dois motoqueiros muito grandes por
perto veio a calhar.

Mas por mais ocupados que estivéssemos, por mais distraído que eu
estivesse, não havia como esquecer a jovem que morreu de uma morte
triste e trágica na base da caixa d'água. E a suspeita sorrateira de que os
Kings sabiam algo sobre isso.

Algo mexeu dentro de mim. Algo que não entendi. Algo que me dizia
que eu precisava descobrir o que aconteceu com a garota no fundo da caixa
d'água.
— Quem era Talia Bennett?

Eu tinha acabado de entrar na casa e encontrei Cade se barbeando sobre


a penteadeira do banheiro.

Ele olhou para mim através do espelho na parede, parando enquanto


procurava a informação em sua memória. Então ele balançou a cabeça e
voltou a se barbear. — Quem é quem?

— Tália Bennett. — Abri o álbum de recortes para mostrar a ele o antigo


recorte de notícias e apontei para a foto granulada de Talia. — Essa garota
aqui.

— Uau, o que é isso que você tem?

— É um álbum de recortes que Tex manteve com todas as notícias sobre


o clube.

— Legal. Eu não me importaria de dar uma olhada nisso.

— Você está evitando a pergunta? — Eu o olhei desconfiada.

Mas ele simplesmente me deu um olhar desdenhoso e casualmente


continuou se barbeando.
Cade

Talia Bennett.

Jesus Cristo.

Tomei um banho mais longo do que o normal, na esperança de lavar a


culpa familiar que senti quando Indy me mostrou o artigo. Eu agi
indiferente, evitei suas perguntas e a distraí. Mas eu conhecia Talia Bennett.
E eu sabia o que aconteceu com ela.

Eu não queria mentir para Indy. E eu não faria. Mas eu queria pensar
sobre o que eu ia dizer e isso significava lembrar de uma época realmente
fodida da minha vida. Uma época que eu não gostava de revisitar porque
foi logo depois que Indy me deixou e eu buscava cada vez mais conforto no
clube. E bebendo.

E mulheres.

Vinte anos — jovem, burro e cheio de porra.

Como eu disse, foi um momento muito fodido da minha vida quando


minha cabeça não estava parafusada direito.
Mas Indy estava esperando por mim quando saí do chuveiro, sentada
na cadeira ao lado da minha mesa com as pernas cruzadas e os braços
cruzados. Ela inclinou a cabeça para o lado e ergueu a sobrancelha. Seus
olhos rolaram pelo meu corpo, parando na toalha em volta dos meus
quadris, e então se dirigiram para o norte novamente até que se fixaram
nos meus.

— Coloque algumas roupas, Cade. Você e eu precisamos conversar.

Até o fim eu ia tentar evitar o inevitável. — O que está acontecendo?

— É exatamente isso que estou tentando descobrir. — Ela me deu outra


sobrancelha levantada. — Então que tal você colocar suas roupas e então
você pode me dizer quem diabos é Talia Bennett e por que você está
mentindo para mim sobre conhecê-la.

Porra.

— Foi pouco mais de um ano depois que você partiu, — eu comecei. —


O clube estava em festa. Não consigo nem lembrar para quê. Mas era
enorme. Tália estava lá. Ela era uma groupie de MC que tinha uma queda
por Isaac. Eu não prestei atenção a ela. Eu a vi com Isaac algumas vezes,
mas não pensei em nada. Isaac me disse que não era sério. Que eles
estavam apenas se divertindo.
— Diz que ela era uma estudante na West Destiny High, — eu disse. —
Não me lembro de ter visto ela.

— Aparentemente, ela e sua família se mudaram para Destiny depois


que nos formamos. Então ela nunca esteve na escola conosco.

— Mas ela conhecia Isaac.

— Ele a conheceu no Greasy King, onde ela trabalhava depois da escola


fritando hambúrgueres ou algo assim.

O Greasy King era uma hamburgueria popular entre Destiny e


Humphrey. Foi um pouco áspero. Não é o tipo de lugar que você queria
que sua filha de dezoito anos virasse hambúrgueres por moedas.

— Ela ficou fixada em Isaac, — continuei. — Mas ele não estava


realmente a fim dela. Ele deu em cima dela algumas vezes, mas ele não
estava interessado em nada a longo prazo. Então, quando eu o vi bêbado e
beijando ela, eu o confrontei sobre isso. Perguntei se ele achava que era
uma boa ideia.

Limpei minha garganta. Eu me lembrava muito bem da noite. O álcool


me deixou mal-humorada porque a dor de perder Indy da minha festa
bêbada e cheia de drogas ainda estava fresca em minha mente.

— Ele me disse que era um último golpe para a estrada. Brincou como
ela era boa em dar boquetes. Eu disse que ele estava brincando com fogo,
mas ele não quis ouvir. Ele me disse para recuar, e eu percebi que ele
estava certo. Quero dizer, quem era eu para dar conselhos sobre mulheres?
Eu tinha acabado de perder a minha por causa do meu pau. Então, por que
ele deveria me ouvir? — Suspirei e balancei a cabeça, odiando as memórias
que se infiltravam em meu cérebro. — Eu era jovem e não confiava nos
meus instintos. Mas eu deveria, porque algo me disse que isso não ia
acabar bem.

— O que aconteceu? — perguntou Indy.

— Era muito tarde. A festa tinha acabado. Isaac e eu estávamos no bar


com Tex e Irish bebendo mais algumas cervejas e falando merda. Talia saiu
de Deus sabe onde, vestindo nada além de sutiã e calcinha. Estávamos
muito bêbados e chapados, e Isaac começou a falar sobre como ela era boa
na cama, e como ela era boa em dar boquetes...

Indy respirou fundo e fechou os olhos. Ela sabia onde eu queria chegar
com essa história.

— Acho que Isaac queria se exibir um pouco. Então ele a encorajou a


mostrar a todos. Um por um.

— Oh, Cristo, Cade. — Indy beliscou a ponta do nariz e balançou a


cabeça. — Por favor, me diga que você não...

— Eu não, — acrescentei rapidamente. E era a verdade. — Mas os


outros, sim.

— Você não?

— Eu disse a Isaac que não era uma boa ideia. E eu disse a Talia que ela
deveria ir embora. Pegar um táxi e ficar o mais longe possível do clube.
Mas sabe o que ela disse? Ela me olhou nos olhos e disse: ‘Eu quero fazer
isso, Cade. Afinal, não é isso que uma boa old lady faz?’
Eu odiava a memória. E eu não entendi. Por que uma garota iria querer
um velho que a compartilhasse?

— Eu disse a ela: 'Isaac não vai levar uma old lady tão cedo', mas ela me
disse que estava se certificando de que ele a tornaria sua old lady. Eu disse
a ela que estava chamando um táxi.

Os anos foram passando e eu era aquele garoto de vinte anos parado na


frente de Talia Bennett seminua.

— Você deveria ir para casa, garotinha.

— E a menos que você queira que eu chupe seu pau, Cade, você deveria ir para
a cama.

— Eu não posso fazer você sair, mas se você ficar, você estará cometendo um
grande erro.

Foi a última coisa que eu disse a ela.

— O que aconteceu? — Indy perguntou, me trazendo de volta ao


presente.

— Eles não apenas tiveram seus paus chupado. Todos eles a foderam.
Isaac, Irish, Tex também. — Eu balancei minha cabeça. — Ou assim Isaac
me disse mais tarde. Eu não fiquei.

O rosto de Indy ficou branco. — Isaac, Irish, Tex. . . — Seus olhos se


arregalaram com uma percepção repentina.

Levei um momento antes de me atingir como um trem de carga.


Eu estava tão preocupado em contar a Indy sobre a história de Talia
Bennett que perdi completamente a conexão.

Primeiro, Isaac foi assassinado.

Então Tex.

E depois Irish.

Havia uma conexão entre suas mortes e a morte de Talia quase dez anos
atrás?

Ou estávamos nos agarrando a palhas aqui e isso foi mera coincidência?

Como Mirabella se encaixou nisso?

E Freebird?

Olhei para Indy, ela estava muito quieta.

— Como Talia morreu? — ela perguntou.

— Eu não sei. Acordei na manhã seguinte quando os policiais bateram


na porta do clube. Disse que uma jovem havia caído da caixa d'água.
Esmaguei a lembrança de ver o lençol branco e a forma de um corpo
embaixo dele quando cavalgamos para os campos de melancia. — Houve
algumas conversas sobre se tratar de um homicídio, mas eles nunca
pegaram ninguém por isso.

— Você acha que algum dos caras teve algo a ver com isso? —
perguntou Indy. Ela estava franzindo a testa, mas fora isso, era difícil
avaliar sua reação.
— Falei com Isaac. Ele jurou que eles não tinham nada a ver com isso.
Disse que eles festejaram e ele desmaiou no sofá. A próxima coisa que ele
percebeu, os policiais estavam batendo na porta.

Eu não posso fazer você sair, mas se você ficar, você estará cometendo
um grande erro.

— Você precisa falar com Jacob, — disse Indy. Ela pegou meu celular
do criado-mudo e o estendeu para mim. — E você precisa ligar para ele
agora. Descubra como Mirabella se encaixa em tudo isso.

Mas antes que eu pudesse fazer as ligações, meu celular vibrou na


minha mão. Era Caleb.

— Você precisa descer para St. Gabriel's agora, — disse ele. — Jacob
acabou de passar por baixo de um caminhão.
Indy

O corpo humano pode suportar grandes traumas — mas não o trauma


de cair sob um caminhão de dezoito rodas.

Jacob foi declarado morto na chegada a St. Gabriel's.

Usando o acesso de minha equipe, consegui nos levar ao pronto-


socorro, onde conversamos com o chefe do trauma, um jovem muito
nervoso chamado Craig Malone.

— Ele não pode estar aqui, — disse Craig, indicando a Cade.

— Temos algumas perguntas sobre a motocicleta fatal versus um


caminhão, — eu disse. — Ele era um dos amigos de Cade.

— Eles poderiam ter sido gêmeos por tudo que eu me importo – como
eu disse, ele não pode estar de volta aqui.

Eu mordi minha língua.

— Escute, eu sei que não é protocolo tê-lo de volta aqui, e eu entendo


sua atitude em relação ao MC por causa de quem você pensa que eles são...

— Pelo contrário, ele e seus amigos são ótimos para os negócios.


Decidi ignorá-lo e adotei uma abordagem mais diplomática. Coloquei
uma mão gentil em seu braço.

— Por favor, eu só preciso saber o que aconteceu.

Ele suspirou, resignado a responder nossas perguntas. Ele olhou para


Cade e depois de volta para mim. — Os paramédicos falaram com
testemunhas oculares no local. Disse que ele apenas largou a moto e
derrapou em um caminhão que se aproximava.

Eu não pude deixar de estremecer.

— Então isso é um suicídio? — Eu perguntei.

Craig não pensou mais nisso. Ele pegou um arquivo e começou a se


afastar. — Não vejo como poderia ser outra coisa.

Ele estava certo. Seria muito difícil cronometrar esse tipo de assassinato.

Talvez desta vez fosse realmente suicídio.

Ou talvez — apenas talvez — o assassino fosse muito melhor do que


pensávamos.
Cade

Ainda em estado de choque por causa de Jacob, Bull e eu fomos até a


Fazenda Parchman, a Penitenciária Estadual do Mississippi, para visitar
Churchill. Fiquei um pouco surpreso que ele concordou em falar conosco.
Mas, novamente, a prisão pode ser um lugar chato pra caralho.

Churchill era um filho da puta assustador. Mas não era seu tamanho
que intimidava porque ele era relativamente baixo e pequeno, e eu me
elevava sobre ele em altura e largura. E não era a maneira como ele falava
que era intimidante, porque ele falava baixo e tinha uma cadência quase
lenta e sonolenta em sua voz. Também não era a maneira como ele se
portava, porque seus maneirismos eram calmos e parados, quase
despretensiosos e zen.

Não. O que era assustador em Churchill — o presidente do Southern


Sons MC — eram seus olhos negros como carvão. Eles estavam frios. Morto
frio. Como o olhar vazio de um grande tubarão branco.

Quando Bull e eu nos sentamos do outro lado do vidro dele, ele fixou
aqueles olhos demoníacos em nós e eu senti aquele olhar até os meus ossos.
Arrepiante filho da puta. Bull tirou os óculos escuros e foi como um
maldito confronto entre as crianças de olhos esquisitos. Churchill com seus
olhos negros satânicos, e Bull com seus olhos azuis brilhantes e
sobrenaturais. Foi uma disputa silenciosa entre os dois presidentes de
motoclubes rivais para ver quem conseguia intimidar o outro.

Eu. Eu não tinha tempo para me preocupar com nada além de descobrir
se Churchill tinha alguma informação sobre o ataque aos Kings of
Mayhem. E se eu tivesse que quebrar o vidro entre nós e arrancar a
informação de sua garganta, então eu estava preparado para fazê-lo.

— Vamos cortar com isso, — eu disse. — Quem tem a vendeta contra


The Kings?

Os olhos negros como carvão de Churchill se voltaram para mim. —


Vendeta?

— Quatro de nossos irmãos e uma old lady foram assassinados, — disse


Bull calmamente. — Nós achamos que você poderia saber algo sobre isso.

Churchill mal se moveu. Ele estava sentado ereto, os ombros para trás,
as mãos no colo. Ele não exalava a autoridade de um homem com um físico
grande e poderoso; ele exalava a autoridade de um psicopata.

— Verifiquem seus arredores, cavalheiros. Estou na prisão. — Ele


lentamente levantou os braços ao seu lado como um messias. — Como eu
iria saber?

— Abandone essa besteira, Churchill. Você sabe que qualquer um de


nós poderia controlar o planeta de dentro daqui, — eu disse, olhando ao
redor da área de visitantes da prisão de segurança média. — Eu não tenho
tempo para fazer sua dancinha. Então, que tal você apenas nos dar a
informação e vamos considerar isso um gesto de boa vontade dos Southern
Sons para The Kings. Como isso soa?

Um pequeno sorriso curvou-se nos pequenos lábios de Churchill. —


Cade Calley. Tão ousado quanto o seu velho. Ouvi dizer que você é o novo
vice-presidente. Seus olhos negros deslizaram para Bull. — Estou
impressionado.

Bull não se moveu enquanto falava. — Yippee-ki-yay. Pare de


desperdiçar meu tempo. Você tem todo o tempo do mundo, eu não.

— Bem, isso é verdade, eu acho. — Ele parecia imperturbável. — Mas


antes de conversarmos, que tal você me fazer um favor.

Bull não pareceu impressionado.

— Qual é o favor? — Eu perguntei.

— Eu tive alguns privilégios removidos ultimamente, — disse ele, seus


olhos brilhando como obsidiana polida. — Parece que meu companheiro
de cela teve alguns problemas e se cortou. . . barbear. — Significando que
Churchill o havia cortado. Ele se inclinou para mais perto do vidro. — Ele
não parava de falar. Então eu o fiz. Mas você não ouviu isso de mim.

Minha mandíbula se apertou. Churchill era uma ameaça.

Não, ele era um maldito psicopata.

— Vá direto ao ponto, — eu disse, minha paciência se esgotando.

— Um de seus homens está aqui dentro.


Ele estava falando sobre Zakk, um dos nossos irmãos do clube que
estava lá dentro por agressão. Ele pegou sua old lady em uma posição
comprometedora com seu chefe e, em um acesso de raiva, o espancou.

— Eu não tenho permissão para coisas. Mas eu tenho uma lista de itens
que eu gostaria. Você pode levar esses itens para ele e ele pode levá-los
para mim. — Churchill sorriu e foi como uma cobra. Viscoso.

— Itens? — perguntou Touro.

— Cigarros. Tabaco. Chocolate. Preservativos. Itens simples.

— Preservativos? — Eu levantei uma sobrancelha.

— Para o comércio, você vê. Eles são populares aqui.

Certo.

— Tudo bem, você terá esses itens até o final do dia, — disse Bull. —
Agora vá direto ao assunto, quem tem a vingança com os Kings? É algum
dos clubes rivais?

Churchill sorriu, mas estava frio.

— Não é ninguém que conhecemos. Nem os Southern Sons, nem os


Rebels. E também não são os Knights ou a Tribe. Behemoth e Saber
também lançam antenas para seus afiliados, mas não há vingança em jogo.
Pode ser melhor para você pensar nisso como pessoal. Não relacionado ao
clube. — Ele sorriu. E novamente estava frio e reptiliano. Então ele se
levantou e olhou para nós, seus olhos mortos de tubarão levantando os
pelos dos meus braços. — É engraçado, sério. Às vezes, a mesma coisa que
devemos temer está em nossa própria casa.

E com isso, ele virou as costas e foi embora.

Bull se levantou e colocou os óculos de volta. — Estou chamando uma


igreja. Agora.
Indy

Enquanto Cade estava visitando a prisão, eu estava fazendo uma


pequena investigação por conta própria. Eu estava no meu intervalo no
trabalho, deitado em uma cama de hospital enquanto um colega rolava um
transponder de ultrassom em minha barriga lisa. O nome dela era Lani e
ela era outra médica do pronto-socorro. Alguns anos mais velha do que eu,
ela tinha uma natureza calma e gentil, e um sorriso que era tão calmo
quanto atraente. Ela também era alguém em quem eu sabia que podia
confiar. Ela não era de fofoca ou julgamento.

Em uma das minhas mãos estava um teste de gravidez que eu tinha


feito no banheiro meia hora antes.

Era positivo.

E agora Lani estava fazendo um ultrassom para confirmar.

Soltei um sopro de ar não acreditando em quão ruim era o momento. A


última coisa que precisávamos era que eu estivesse grávida. Não com tudo
acontecendo. E se Cade soubesse. . . ele ficaria estúpido tentando me
proteger. Eu coloquei um braço sobre meus olhos para esconder as
lágrimas que transbordavam deles. Eu não queria que Lani os visse. Eu não
queria que ela soubesse que bagunça toda essa situação era.

— Agora, apenas relaxe, — disse ela, inclinando-se para frente e


apertando alguns dos botões da máquina de ultra-som.

— Obrigada por fazer isso, — eu disse suavemente.

— Acho que isso não foi planejado?

Eu balancei minha cabeça.

— E estou arriscando um palpite de que é um mau momento.

— Rapaz, você é boa nisso, — eu disse.

Ela sorriu. — Prática. Já vi esse olhar um zilhão de vezes.

— Isso é deprimente.

O sorriso de Lani era caloroso enquanto ela olhava para a tela de


sombras cinzentas à sua frente.

— Ouça, se todos esperássemos por um momento melhor, isso nunca


aconteceria. — Ela me deu um olhar empático. — Eu vi aquele seu homem
bonito. Vi o jeito que ele olha para você. O amor em seus olhos. Acho que
esses baby blues dele vão brilhar ainda mais quando ele descobrir que vai
ser papai.

O amor queimou através de mim quando pensei em Cade e nosso bebê,


e as lágrimas que brotaram dos meus olhos finalmente caíram pela minha
bochecha.
Nosso bebê.

Olhei para Lani. — Estou grávida?

Ela piscou e apertou outro botão na máquina de ultra-som, e de repente a batida


do coração do meu bebê encheu o pequeno cubículo.

— Isso é um grande sim, — disse ela com um sorriso.

Eu me senti tonto e exultante ao mesmo tempo, hipnotizado pelo baque rítmico


enchendo meus ouvidos.

Nosso bebê.

Mas então pensei em Mirabella e Jacob. E então Isaac, Freebird, Irish e


Tex, e meu coração afundou. Isso não poderia ter vindo em pior hora. O
clube estava sob ataque e Cade estava distraído. Ele não precisava de outra
coisa para se preocupar.

— Aqui, — disse Lani, entregando-me uma impressão do ultra-som.


Mais uma vez, meu coração deu um salto e meu ânimo se elevou quando vi
a imagem no papel. Aninhada dentro de mim, uma nova vida estava
começando a tomar forma.

Lani piscou para mim e me deu um sorriso tranquilizador. — Tenho a


sensação de que tudo vai ser perfeito. Você e aquele seu mel vão ser pais
maravilhosos.

Eu não tinha dúvidas de que Cade seria um pai incrível.

Mas agora era o momento certo para dizer a ele?


Terminei meu turno três horas depois e fui para casa, mentalmente
exausta do que deveria ou não questionar empurrando e puxando meu
cérebro.

Fazendo um banho de espuma, me despi e afundei na água morna,


respirando o cheiro inebriante de sabão enquanto tentava acalmar minha
mente de todo o caos que estava acontecendo lá dentro.

Esta noite eu contaria a Cade sobre o bebê.

Eu tinha me decidido.

Ele precisava saber.


Cade

Bull convocou uma Igreja e, quando o fez, todos deveriam comparecer,


não importa o quão curto fosse o aviso.

Quando todos se estabeleceram, ele os informou sobre nossa reunião


com Churchill e a garantia que nos deu de que não estava relacionado a
nenhum dos clubes aos quais ele e os Southern Sons eram afiliados. Mas ele
deixou de fora o aviso de Churchill sobre o assunto ser pessoal, porque
trazê-lo à tona apenas levaria a especulações selvagens. A desconfiança já
estava brilhando sob a superfície e, se saísse do controle, rachaduras se
formariam nas fileiras do clube e poderíamos nos separar lentamente.

Não podíamos permitir que irmão se voltasse contra irmão.

Mas eu sabia que, assim que a igreja terminasse, Bull voltaria sua
investigação para dentro e começaria a investigar cada King e sua família.

Perto do final da igreja, conversamos sobre o funeral de Jacob. Por causa


da investigação do FBI em torno das mortes de Mirabella, Irish e Isaac, seu
corpo não foi liberado. A Sra. Stephen estava fazendo os preparativos para
o funeral nesse meio tempo. Jacob passou a infância pulando entre lares
adotivos e não tinha outra família, além de Mirabella e o clube. Com
Mirabella fora, a Sra. Stephens estava encarregada dos arranjos. Seu caixão
já estava na loja de Picasso.

Assim que Bull chamou o fim da igreja, seu telefone tocou, e quando o
tom e o assunto da conversa se tornaram óbvios para todos na sala, todos
nós prestamos muita atenção. Finalmente Bull fechou o telefone e sorriu.

— Aquele era o Viper no Kansas. Disse que ele e o Barney conseguiram


informações de um informante. Disseram que sabiam de um safado que
alegava ter matado dois Kings no sul, incluindo uma old lady. Eles
conseguiram um endereço e fizeram uma visita a ele. — Bull fez uma
pausa, e mesmo que eu não pudesse ver através dos óculos de sol, eu
poderia dizer que ele estava olhando para seus irmãos reunidos ao redor
da mesa. — Idiota ficou todo espancado, cortesia de Viper e do B-man.
Acabou confessando tudo. Isaac. Irish. Mirabella. — Ele sorriu e deu um
soco na mesa. — Porra, confessou tudo isso.

A sala retumbou quando os homens reunidos bateram na mesa,


bateram os pés e aplaudiram. Mas, apesar da vibração comemorativa no ar,
Bull nos avisou para manter a cabeça.

— Não vamos começar a puxar o pau uns dos outros, — advertiu. —


Até sabermos se esse cara é legítimo, ainda estamos presos.

— O que você acha, Bull? Você acha que soa genuíno? perguntou Elias.

— Viper parecia confiante. Disse que sabia detalhes que só o assassino


saberia. Mas eu não vou me convencer até que eu olhe nos olhos do idiota e
pergunte a ele eu mesmo. Ele se virou para Elias, Cool Hand e Grunt. —
Vocês três dormem cedo. Partimos para o Kansas logo de cara.

Eu cerrei meus punhos. Não senti vontade de comemorar. Meu desejo


de vingança era tão forte quanto no dia em que Isaac morreu, e eu não
queria nada mais do que ficar cara a cara com o homem que o assassinou.

— Eu vou, — eu disse. Meus olhos permaneceram firmes em meus


punhos cerrados na minha frente.

— Você tem uma old lady presa, — disse Bull.

— Ela tem todo o MC protegendo-a e uma equipe de segurança que não


sai do lado dela, — respondi. E era verdade. De jeito nenhum eu iria
embora se não achasse que ela estaria segura enquanto eu estivesse fora.
Este desenvolvimento parecia genuíno. O próprio Bull dissera, o canalha
sabia de coisas que só o assassino saberia. Eu não queria foder. Eu queria
ter certeza de que nossa justiça MC fosse entregue de forma dura, rápida e
letal.

— Deixe-o ir, vou me certificar de que Indy está segura, — disse Elias.
Ele se virou para mim e me deu um aceno de cabeça. — Você vai e faz o
que tem que fazer. Cuide dos negócios para Isaac.

Eu devolvi o aceno. Isso foi resolvido. Eu partiria para o Kansas pela


manhã.

Eu queria desencadear alguma justiça familiar no homem responsável


pela morte de Isaac.

E amanhã eu planejava fazer exatamente isso.


Indy

Eu ainda estava na banheira quando Cade chegou em casa. Ouvi o


ronco de sua motocicleta, ouvi-o falar com um dos caras da equipe de
segurança que ele tinha atrás de mim, então ouvi o bater de suas botas
enquanto ele subia a escada para o segundo andar.

Quando ele me encontrou no banheiro, ele deu uma olhada em mim na


banheira e sua sobrancelha subiu, um olhar lascivo aquecendo seu rosto
enquanto seus olhos se concentravam em meus seios nus e molhados. Eu
assisti com excitação repentina quando ele removeu seu corte e levantou a
barra de sua camiseta, revelando um corpo que era puro homem. Ele tirou
as botas e eu assisti, fascinada pela ondulação e curva de seus músculos
abdominais enquanto eles flexionavam e aprofundavam com cada
movimento que ele fazia.

— Isso significa que você está se juntando a mim? — Eu perguntei, os


músculos entre minhas coxas apertando no local dele desfazendo a fivela
do cinto e tirando o jeans.

Ele me lançou um olhar aquecido. — Em grande forma, querida. — Ele


tirou sua cueca boxer, seu pau semi-ereto aparecendo. Mesmo a meio
mastro, era impressionante. E eu assisti com olhos famintos enquanto ele se
movia e mergulhava enquanto ele caminhava em minha direção.

Mais uma vez, os músculos entre minhas coxas pulsaram e pulsaram


com a necessidade de sentir aquele pau delicioso aninhado bem no fundo.

Subindo, ele derramou água pelas laterais enquanto colocava seu


grande corpo na água ensaboada. Usando sua força fenomenal, ele me
puxou para ele até que eu estava montada em seus quadris e minha buceta
muito pronta foi pressionada contra o cume duro de seu pau agora
totalmente ereto. Sem palavras, eu o peguei em minhas mãos, e estimulado
pelo gemido que saiu de seus lábios molhados, o guiei para dentro de mim,
gemendo com a deliciosa sensação de estar cheia de tanto homem.

Nosso banheiro era luxuosamente grande, o que era bom, porque meu
homem era enorme, e mesmo com tanto espaço, eu ainda tinha espaço
suficiente para encaixar meus joelhos confortavelmente em ambos os lados
dele enquanto o montava.

— Porra, baby, você é tão linda, — disse ele rudemente, passando as


mãos molhadas sobre meus seios. Ele estava respirando com dificuldade e
suas sobrancelhas estavam desenhadas com prazer enquanto eu movia
lentamente meus quadris sobre os dele, minha boceta acariciando e
apertando em torno de seu pau.

Fui impulsionada pela masculinidade feroz dele e pela ideia de que ele
havia plantado seu bebê dentro de mim. Eu arrastei meus dedos para baixo
em seu peito poderoso e sobre as protuberâncias e sulcos de seu abdômen,
fazendo-o vacilar e apertar sob meu toque. Ele sorriu e foi devastador.
Dente branco. Covinhas. Eu abaixei minha cabeça e o beijei, bebendo em
seu lindo sorriso, minha língua mergulhando profundamente em sua boca,
descaradamente desesperada e necessitada de possuir tudo dele.
Lentamente, eu balancei contra ele, e meu orgasmo começou a se
desenrolar profundamente dentro da minha barriga, e eu gemi contra seus
lábios, me afastando para me endireitar. Usando seus ombros para me
equilibrar, eu o montei mais rápido, seu pau gloriosamente duro batendo
em todos os nervos deliciosos e construindo a fome em mim. Minha cabeça
caiu para trás quando meu clímax me dominou e eu gritei, meus gemidos
ecoando pelo banheiro enquanto eu pulsava e gozava em todo o pau de
Cade.

Eu acalmei, meu corpo tremendo acima dele enquanto as últimas


sensações persistentes do meu orgasmo lentamente se dissipavam.

— Droga, baby, você está incrível quando goza, — Cade murmurou.


Senti seu pulso pulsar dentro de mim, e quando minha sensibilidade
aliviou e eu pude me mover contra ele sem sacudir e vacilar, eu lentamente
comecei a montá-lo novamente. Eu tinha tomado meu orgasmo, agora eu ia
vê-lo enquanto eu lhe dava o dele. Lambi meus lábios e ele viu minha
língua deslizar pela minha boca, sua respiração ficando mais rápida
enquanto eu rolava meus quadris lentamente sobre os dele, minha boceta o
acariciando, meus músculos internos apertando e liberando, acariciando-o,
levando-o para a loucura de gozar. Suas grandes mãos encontraram meus
quadris e assumiram o comando das minhas estocadas. Ele gemeu, suas
sobrancelhas franzidas, sua respiração ofegante enquanto ele continuava a
me moer para frente e para trás sobre ele. Ondas poderosas de prazer
rolaram através de mim, me enviando ao limite novamente, e meu segundo
orgasmo colidiu com o crescendo do seu primeiro. Nós dois gritamos,
nossos corpos trabalhando furiosamente juntos até que a tensão em nós
explodiu em chamas e gozamos em uníssono.

Eu desabei contra ele, totalmente exausta, e apreciei as batidas


estrondosas de seu coração contra minha bochecha. Ele estendeu a mão e
guiou meu rosto para o dele, e me beijou com ternura, seus lábios se
movendo vagarosamente sobre os meus, seus dedos pressionando minha
mandíbula enquanto ele me segurava contra ele.

Quando nossa respiração se nivelou e nossos batimentos cardíacos


diminuíram, eu me acomodei contra ele novamente e aproveitei a calma e o
conforto de seus dedos macios enquanto eles percorriam minhas costas
nuas.

— Eu te amo, — murmurei. Então pensei em nosso bebê e sorri contra


seu peito quente e nu.

— E eu te amo, anjo, — ele respondeu, sua voz profunda e masculina


ecoando pelo banheiro.

Eu me sentei. Era hora de deixá-lo saber que ele ia ser pai. Eu me movi e
o senti deixar meu corpo enquanto eu me movia pela banheira para me
sentar em frente a ele. A água havia esfriado, então abri a torneira até que a
água estivesse mais quente.

— Eu tenho algo para te dizer, — eu disse, as borboletas no meu


estômago voando.
— Eu também, — disse ele. E eu estava momentaneamente distraída
por ele enquanto lavava o esperma de seu pau. Ainda era difícil e
impressionante.

— O que? — Eu perguntei, surpreso.

Seu pênis desapareceu sob uma camada de bolhas de sabão.

— Estou indo para Kansas City amanhã. Partiremos de madrugada.

— Kansas City?

— Alguns Kings encontraram um viciado que se gabava de ter matado


dois Kings do Mississippi e uma old lady.

— Você acha que é verdade?

Ele colocou as mãos sobre a borda da banheira e puxou seu corpo


grande para uma posição mais ereta. — Vamos conferir. Poderia ser.
Disseram que ele conhecia muitos detalhes. Vale a pena conferir.

— E se for?

Seu rosto escureceu. — Então eu vou matá-lo.

Eu não contei a ele sobre o bebê.


Depois de ouvir sobre sua visita planejada a Kansas City, o momento
não parecia certo.

Então eu passei a noite com ele, silenciosamente segurando meu


segredo perto do meu peito, ocasionalmente sorrindo para mim mesma
quando eu pensava na pequena vida crescendo dentro de mim. Quando ele
voltasse do Kansas, eu contaria a ele.

Depois do jantar, ele me levou para nossa cama e fez amor comigo
novamente com uma ternura requintada. Ele se moveu lentamente em
mim, seu volume me cobrindo enquanto sua boca e língua me devoravam.
Ele me fez tremer de sensação e gritar de prazer, e em algum lugar no
fundo da minha mente havia um sussurro me incitando a contar a ele sobre
o bebê.

Mas eu não.

Adormecemos nos braços um do outro, nus e quentes, mas às onze


horas meu telefone tocou, nos tirando de nosso sono reparador. Era o
hospital. Dois dos médicos escalados para o trabalho ficaram com um caso
grave de gripe e eles precisavam de mim para entrar.

— Deixe-me levá-lo, — Cade pediu, sua voz rouca de sono.

— Vou chamar os seguranças. Eles podem me seguir. — Eu o beijei e ele


passou os braços em volta de mim. — Além disso, você está saindo mais
cedo. Você precisa do seu sono.

— Eu não gosto que você saia tão tarde, — disse ele.

Eu beijei sua mandíbula. — Terei segurança comigo o tempo todo.


Ele murmurou. — Eu vou ligar para eles. Quero ter certeza de que eles o
vejam dentro do hospital. A que horas termina o seu turno?

— Eles só precisam de mim até as cinco.

Enquanto eu tomava banho e me vestia, Cade organizou a equipe de


segurança.

— Eu disse a eles para se certificarem de que vão buscá-lo dentro do


hospital quando você terminar, — disse ele.

Eu rastejei em seu corpo para lhe dar um beijo de despedida.

— Não se preocupe, baby. Estou perfeitamente segura.


Cade

Eu deveria sair mais cedo, mas eu queria ver Indy antes de sair. Eu não
sabia o que ia acontecer em Kansas City e precisava saber que minha
rainha estava atrás de mim no que eu estava prestes a fazer.

Cheguei ao hospital um pouco antes do amanhecer. Laura, a


recepcionista loirinha bonitinha, me deu um sorriso enquanto eu passava
pelas portas de correr, e quando eu dei a ela um aceno de cabeça e um
sorriso, ela ficou toda tímida comigo.

— Como vai, Laura? Parece uma noite tranquila. — Olhei ao redor da


sala de espera quase vazia. — Você está se mantendo ocupada com suas
palavras-cruzadas?

Ela ergueu as palavras-cruzadas do papel e sorriu docemente. — Me


mantém honesta, — disse ela com um sorriso tímido.

Eu pisquei para ela e suas bochechas ficaram um tom de rosa.

— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou. — Achei que você já
levaria Indy para o café da manhã.
— É exatamente por isso que estou aqui, querida. Vou levar minha
garota para o café da manhã assim que ela terminar.

Laura parecia confusa. — Ela terminou uma hora ou mais atrás. Tem
sido tranquilo, então o Dr. Burdett disse a ela para sair uma hora mais
cedo.

— Tem certeza? O carro dela ainda está no estacionamento.

— Sim, tenho certeza. Ela disse adeus enquanto saía por aquelas portas.

O alarme foi um formigamento lento na base da minha espinha.

— Talvez você esteja enganada, querida. Quer verificar com alguns dos
outros funcionários do pronto-socorro? Certificar-me de que ela não foi
chamada para uma emergência ou algo assim?

— Claro, Cade. Mas, além de algumas sobrancelhas divididas de uma


briga na faculdade, não tivemos uma emergência por algumas horas, —
disse ela enquanto pegava o telefone.

Enquanto eu esperava que ela falasse com alguém ainda no pronto-


socorro, algo começou a tomar conta de mim. Se Indy tinha terminado uma
hora atrás e seu carro ainda estava no estacionamento, então algo tinha
acontecido com ela e ela estava desaparecida. Quando liguei para a equipe
de segurança para avisá-los que iria buscá-la, eles não disseram nada sobre
ela terminar mais cedo. Até onde eles sabiam, eles ainda deveriam buscá-la
às cinco.

Laura desligou o telefone. — Desculpe, Cade, mas Indy definitivamente


saiu há pouco menos de uma hora. Ninguém a viu desde que ela partiu.
O medo me invadiu.

Indy estava desaparecida.


Indy

Terminei o trabalho mais cedo. Era uma noite tranquila e, além de


alguns garotos com alguns arranhões e cortes de uma briga de bêbados do
lado de fora do The Suds Bar, não estava acontecendo muita coisa no
pronto-socorro.

Eu sabia que deveria ligar para Cade e a equipe de segurança. Mas era
pouco depois das quatro da manhã e eu sabia que ele tinha uma longa
viagem pela frente, então decidi surpreendê-lo me deitando na cama ao
lado dele e mostrando o quanto eu sentiria falta dele enquanto ele estivesse
na cama. Kansas.

Foi um erro estúpido.

Um estúpido, erro estúpido.

Caminhando para o meu carro, eu estava muito envolvido em outras


coisas para realmente perceber o que estava acontecendo ao meu redor.
Quando reconheci a doce pungência do clorofórmio, já era tarde demais.
Em segundos, eu estava mergulhado na escuridão.
Quando acordei, estava em uma cama, minhas mãos algemadas à
cabeceira da cama. Eu estava com os olhos vendados, mas era um pouco
alto demais, então se eu inclinasse minha cabeça para trás eu poderia ver
uma pequena lasca ao meu redor. Eu estava em um quarto, um quarto,
talvez, e estava quieto e escuro, a única fonte de luz era uma pequena
janela com cortina à minha esquerda.

Foi quando me atingiu. Eu tinha sido sequestrada e agora era uma


prisioneira.

Meu instinto de sobrevivência entrou em ação e comecei a lutar contra


as amarras em volta dos meus pulsos. A cama balançou e sacudiu contra a
parede enquanto eu me contorcia e puxava o colchão, puxando as cordas
que me mantinham prisioneira. Quando isso não funcionou, comecei a
gritar. Comecei a gritar pela minha maldita vida. E a do meu bebê.

Quase imediatamente, a porta se abriu e uma sombra borrada correu


em direção à cama.

— Por favor, estou grávida. . . — eu raspei.

— Eu não dou a mínima, — veio um rosnado.

Senti uma presença masculina, senti sua raiva, senti o esmagar de seus
dedos e o quebrar do meu nariz antes que a escuridão me reivindicasse
mais uma vez.

Pode ter sido minutos depois, pode ter sido horas, eu não fazia ideia de
que horas eram, a única coisa que sabia era a dor entorpecida de um nariz
quebrado e dois olhos muito inchados. Eu estava caído contra os
travesseiros, meu cérebro sacudiu e atordoado do golpe anterior no meu
rosto. Lambi meus lábios e senti o gosto metálico de sangue na minha
língua. Minha boca estava seca e minha garganta como uma lixa, e percebi
enquanto lutava para engolir que o clorofórmio não tinha apenas
queimado meus lábios, meu sequestrador tinha usado o suficiente para
queimar minha boca e minha garganta. Eu precisava de água. Eu precisava
me libertar antes que ele me matasse e meu bebê.

O pânico atravessou a nebulosidade do meu cérebro pós-anestesiado e


eu puxei as cordas novamente, de repente aterrorizado. Porque se eu não
me libertasse, eu definitivamente morreria.
Cade

Acordei todo mundo. Touro. Chance. Caleb. Inferno, eu ia acordar todo


o maldito clube porque precisávamos encontrar Indy, e precisávamos
encontrá-la agora. Porque quem estava por trás de toda essa besteira
assassina também era responsável por onde quer que ela estivesse.

Eu era uma bagunça e eu sabia disso. E eu não podia me dar ao luxo de


ser. Eu tive que manter meu juízo sobre mim por causa de Indy.

Desci o corredor do clube MC batendo nas portas dos meus irmãos,


acordando-os e puxando-os para fora da cama. Liguei para meu irmão
Chance, depois para Caleb, e depois liguei para todos os outros reis no meu
telefone, e continuei ligando até que todos atenderam.

— Você precisa manter a calma, filho. — Bull colocou uma dose de


bourbon na minha frente.

Olhei para ele e depois o joguei de volta. Ele estava certo. Eu estava em
espiral quando precisava manter a calma e pensar direito. Eu precisava
juntar as peças e descobrir quem era o responsável por essa bagunça.
— O cara com quem Viper e Barney estavam conversando. . . Eu quero
falar com ele.

— Já está nisso, — disse Bull sentado em frente à mesa da igreja. —


Viper está perseguindo enquanto falamos.

A mão de Grunt encontrou meu ombro. — Você tem o poder do clube


atrás de você, Cade. Nós vamos pegar esse idiota.

Eu servi outro bourbon e joguei de volta. Mas o álcool não me acalmou.


O calor só alimentou minha raiva lentamente fervendo. Agarrei o copo
vazio. Quando eu descobrir quem fez isso, eles vão morrer. Veias
estouraram em meus antebraços e o copo quebrou na minha mão.

— Estão todos aqui? — Bull perguntou a Grunt.

— Todo mundo, exceto Cool Hand, Joker e Elias, — ele respondeu, me


entregando um pano para enrolar na minha mão. Eu provavelmente
precisava de pontos, mas não havia tempo. E meu pânico superava em
muito qualquer dor que eu deveria estar sentindo.

Bull olhou para o relógio. — Cool Hand está provavelmente a doze


centímetros no céu com sua nova namorada sueca agora. Continue
tentando o celular dele. O tolo tem que vir algum dia.

Grunt assentiu e abriu o telefone.

— Elias disse que estava visitando uma buceta de fora da cidade ontem
à noite. Ele saiu logo após a igreja e disse que voltaria mais tarde esta
manhã. E Joker. . . ele poderia dormir com uma bomba atômica. Envie o
prospecto para buscá-lo.
Grunt grunhiu e desapareceu.

Olhei para o pano ensanguentado em volta da minha mão, o pânico me


rasgando apesar das duas doses de bourbon. Se Indy estava ferida, ou pior.
. . Eu respirei fundo, com raiva, minhas narinas dilatando enquanto eu
forçava o pior para fora da minha cabeça.

Eu não pensaria.

Eu não imaginaria uma vida sem ela porque eu ficaria louco.

Eu apertei minha mão ensanguentada em um punho, mas não senti


nada além do pânico em minhas entranhas. Eu precisava falar com o
informante que contou a Viper e Barney sobre o motociclista solitário que
se gabou para ele dos assassinatos em Destiny

O telefone de Bull tocou. Sem identificador de chamadas. Normalmente


ele não atenderia um número desconhecido, mas neste caso ele estava
pronto para abrir uma exceção.

No final da linha estava o informante com quem Viper e Barney


estavam conversando. Bull o colocou no viva-voz.

— Você pode me dar um nome? — ele perguntou.

— Ben. Beckett. Algo parecido. Mas provavelmente era algum


pseudônimo de merda. Esse cara era um verdadeiro viciado.

— Você pode nos dar uma descrição?

— Eu posso fazer um melhor do que isso. Posso te dar fotos.


Aparentemente, ele tinha fotos em seu telefone da noite em que
conheceu o esquivo motociclista.

— Envie-os para este número, imediatamente.

— Já estão a caminho.

O telefone de Bull tocou.

Por um momento, ele estudou a imagem na tela, mas depois jogou o


telefone no chão com desgosto. — Não nos diz nada. Porra nada.

Peguei o telefone da mesa. A imagem era de um cara em um bar,


sorrindo para a tela. A iluminação estava ruim e Bull estava certo,
realmente não nos mostrou nada. O cara na foto pode ou não ter nada a ver
com isso. Nós não sabíamos quem ele era, ou se ou como ele estava
envolvido. Não tínhamos nem nome.

Deslizei o telefone sobre a mesa e me sentei, enfiando a cabeça nas


mãos.

Não estávamos mais perto de encontrar Indy.

Bull se levantou e chutou uma cadeira. — Porra!

Mas eu não vacilei. Em vez disso, levantei minha cabeça com uma
percepção repentina.

— Não é ele, — eu disse, calmamente.

Touro balançou para trás. — O que você quer dizer?


Eu levantei-me. Não se tratava de algum viciado em Kansas. Isso era
sobre vingança. Quem estava fazendo isso não estava prestes a ficar
bêbado e admitir seus crimes para ninguém, muito menos falar em um bar
que era frequentado por um capítulo dos Kings of Mayhem. Ele era muito
calculista para isso.

E tive a sensação de que tinha algo a ver com a garota que caiu da caixa
d'água há tantos anos.

Tália Bennett.

— Eu preciso pegar algo de casa. Eu voltarei.

Bull tentou me impedir. — Você não deveria estar lá fora sozinho. Eu


vou com você.

— Não. — Eu me dirigi para a porta. — Eu sou provavelmente a pessoa


mais segura do clube agora. Ele tem Indy, então a última pessoa com quem
ele quer cruzar sou eu.
Indy

Eu tinha desmaiado novamente. Não tenho certeza quando, ou por quê.


Mas quando acordei, a luz da manhã deslizou para o quarto através da
pequena janela na parede oposta. Meu corpo estava rígido e meus pulsos
doíam das amarras. Eu também estava morrendo de vontade de fazer xixi.

Tentei gritar, mas minha garganta estava tão seca que mal fiz um som.
Como se fosse uma deixa, a porta do quarto se abriu e eu senti a mesma
presença masculina familiar de antes. Eu me preparei, esperando por outro
ataque.

— Eu preciso fazer xixi, — eu resmunguei, agora totalmente consciente


da minha bexiga dolorida. — E se você não quer que eu faça uma bagunça
em seus lençóis. . .

Ele não disse nada. Ele simplesmente se certificou de que minha venda
estava segura antes de se inclinar para desfazer as amarras do meu pulso.

Aproveitei o momento para tentar descobrir quem ele era. Era um


cheiro familiar? Eu reconheci?

Sim, ele tinha um cheiro familiar.


— Levante-se, — ele disse rispidamente quando eu estava livre.

Não tenho certeza se ele ia me bater de novo, eu me sentei


cautelosamente. Minha cabeça girava de dor e o sangue girava em meus
ouvidos, e eu tive que conter meu medo enquanto jogava minhas pernas
para o lado da cama. Cautelosamente, apalpei o chão com os pés.

Onde eu estava?

Um par de mãos me puxou para os meus pés e, em seguida, pousou em


meus ombros. Com um empurrão, ele me empurrou pelo quarto e por uma
porta. Colocando as mãos de volta em meus ombros, ele me empurrou ao
longo de um corredor. Eu empurrei minhas mãos na minha frente,
sentindo no ar qualquer coisa que eu pudesse encontrar. Minha respiração
estava pesada e meu pulso batia descontroladamente no meu pescoço.
Fique calmo. Fique calmo. Leve em seu entorno. Quando minhas palmas
bateram no batente da porta na minha frente, meu captor me empurrou
novamente, então eu tropecei no banheiro e caí.

Quando me levantei, ele estava bem atrás de mim.

— Não tente nada estúpido, — ele sussurrou em meu ouvido. Senti a


frieza inconfundível de uma lâmina contra minha garganta. — Ou eu posso
ter que ser criativo quando eu pegar você.

A porta se fechou e eu levei um momento para me acalmar. Quando


tive certeza de que estava sozinha, rapidamente tirei minha venda. A luz
picou meus olhos enquanto eu olhava ao meu redor. Eu estava vestida com
nada além de minha regata e uma calcinha. Minhas pernas estavam frias e
eu estava desesperado por uma bebida, mas estava mais desesperada para
escapar. Eu me virei, procurando uma janela por onde escapar, mas a única
janela na sala estava trancada.

Certo. Se a fuga não fosse uma opção, então eu precisava me armar.


Examinei a sala em busca de qualquer coisa que pudesse usar como arma.
Nada. Mas o quarto era escasso. Fui ao armário de remédios, esperando
por uma lâmina de barbear, uma tesoura — alguma coisa! Mas, além de
um sabonete, um tubo de creme antisséptico e algum tipo de bálsamo para
o corpo, não havia nada.

Fechei a porta espelhada do armário e de repente me senti


sobrecarregada com a situação. Minha cabeça caiu para minhas mãos. Eu
tinha que encontrar algo para me proteger porque essa poderia ser a única
chance que eu teria. Quem sabia o que diabos esperava por mim quando
saí desta sala?

Erguendo minha cabeça, olhei para meu reflexo esquelético na porta


espelhada manchada. A ferida no meu lábio era profunda, mas tinha
cicatrizado. O sangue das batidas que eu tinha levado ao meu nariz tinha
endurecido sob minhas narinas. Ambos os meus olhos estavam pretos e eu
já mostrava sinais de desidratação.

Abri a torneira e me abaixei para poder engolir avidamente goles de


água fria até ficar sem fôlego. Endireitando-me, limpei a água do meu
queixo e tentei acalmar meus nervos. Ergui os olhos para me olhar no
espelho.

Você tem que sair daqui.


Você tem que lutar.

Meu olhar mudou para a toalha suja pendurada na bacia e um plano


rapidamente se formou em minha mente. Agarrando-o, envolvi-o em volta do meu
braço antes de mirar na porta espelhada com o cotovelo. Eu não tinha ideia se isso
funcionaria, ou se alertaria meu capturador para o fato de que eu estava
desobedecendo a sua exigência de não tentar nada estúpido. Mas eu tinha que
tentar.

Coincidi uma tosse oportuna com um tapa com o cotovelo no espelho. A dor
subiu do meu braço até o queixo e, por um momento, vi estrelas, mas minha
recompensa foi o estalo abafado do vidro. Felizmente, ele não se quebrou em
pedaços e simplesmente rachou no ponto de contato.

Com os dedos cobertos de sangue seco, soltei um caco do espelho e o rolei na


minha mão, sentindo-o. Concedido, não era uma faca. Ou uma arma. Mas pode
significar a diferença entre eu sobreviver ou morrer.

Cuidando da minha necessidade de fazer xixi, considerei meu plano.


Assim que meu captor estivesse perto o suficiente, eu enfiaria o fragmento
direto em seu pescoço e correria para salvar minha vida. Mas eu só tinha
uma chance, então eu tinha que acertar. Eu miraria na jugular e não erraria.
Seria rápido e letal.

Quando terminei de fazer xixi, levantei-me e fui para a porta.

Eu respirei fundo. Eu não sabia o que me esperava do outro lado, mas o


que quer que fosse, eu não iria cair sem lutar.

— Ok, seu filho da puta, vamos fazer isso, — eu sussurrei.


Abri a porta lentamente, centímetro por centímetro, prendendo a
respiração enquanto esperava que ela fosse aberta pelo meu sequestrador.
Mas à medida que o patamar do segundo andar apareceu lentamente,
percebi que ele não estava lá.

Eu estava sozinha.

Fiquei ali por um momento, mal conseguindo respirar, mal


conseguindo controlar meu coração acelerado. Meus olhos varreram meus
arredores. Eu estava no patamar do segundo andar do que costumava ser
uma casa de família. Mas havia algo velho, desbotado e mal amado
naquele lugar. Faltavam quadros nas paredes e tudo parecia amarelado e
empoeirado na penumbra. Parecia solitário.

Isso é uma armadilha.

À minha direita, uma escada levava ao segundo nível.

Provavelmente direto para a porta da frente.

Esforcei-me para ouvir, tentando descobrir se meu sequestrador estava por


perto, mas a casa estava quieta e silenciosa.

Com cuidado para não fazer barulho, rastejei pelo patamar, segurando a faca
improvisada com firmeza na mão, pronta para usá-la. Dando cada passo com
cautela, eu lentamente desci as escadas, meus joelhos fracos e meu coração batendo
como se fosse sair do meu peito a qualquer segundo. Eu estava quase no final da
escada e a porta da frente estava à vista. Mais dois passos e eu poderia fazer uma
pausa para isso - para a liberdade. A porta da frente era de vidro e eu estava mais
do que disposta a entrar por ela se estivesse trancada.
Um passo.

Dois passos.

Assim que meus pés bateram nos azulejos, corri para a porta e alcancei
a maçaneta.

Foi quando o ouvi. Sua voz veio de trás de mim.

— Legal de sua parte finalmente se juntar a mim.

Eu me virei e senti meu cérebro balançar. Meus joelhos fraquejaram e


deixei cair o caco de vidro em minhas mãos.

— Você, — eu respirei com descrença.


Cade

O álbum de recortes estava na cômoda do nosso quarto. Esquecido


durante a loucura das últimas semanas. Minha suspeita de que tudo isso
começou por causa da morte de Talia Bennett voltou. Eu poderia estar
errado. As chances eram absurdas. Mas eu tinha que verificar isso e
eliminá-lo ou persegui-lo.

Peguei o álbum de recortes. A gaveta de cima onde Indy guardava a


calcinha estava ligeiramente aberta, e quando olhei para baixo para fechá-
la, algo chamou minha atenção. Escondida sob uma calcinha de renda
branca, o canto apenas visível, estava uma foto. Eu o puxei para fora e o
estudei. A imagem estava granulada, cheia de sombras cinzentas, e no
canto estava escrito Bebê Calley — 9 semanas.

A percepção me atingiu como um tsunami.

Era um ultra-som.

Indy estava grávida.


O rosnado que irrompeu de algum lugar dentro de mim era tão
primitivo quanto feroz. Naquele momento, eu estava louco de dor. Pânico.
Raiva. Medo. Tudo colidiu dentro de mim, me deixando selvagem com a
necessidade de fazer tantas coisas. Encontre Indy. Proteja ela. Segure-a e
diga que a amava por muitas razões, mas também porque ela estava tendo
meu bebê. Então eu queria matar a pessoa que estava por trás de tudo isso.
De toda a dor e tristeza. Toda a agonia. Eu fecharia minha mão em torno de
sua garganta e veria sua vida se esvair, minha vingança percebida quando
seus olhos olharam para mim enquanto sua vida terminava.

Olhei para o ultra-som e imagens de um Jacob quebrado balançaram


diante da minha mente. Dele de joelhos na frente do caixão de Mirabella,
sua cabeça inclinada para trás em agonia enquanto ele chorava por sua
esposa morta e grávida. Meu medo rugiu através de mim. Mas o guerreiro
em mim se manteve feroz contra isso. Quem matou Mirabella tinha Indy, e
eu tive que descobrir quem era.

Olhei para o ultra-som do meu bebê e senti uma proteção feroz como se
eu nunca tivesse conhecido o pulso em cada batida do meu coração. Por
um momento, fui derrubado pelo pensamento. Indy não me disse nada
sobre isso, mas eu sabia por quê. Ela não iria querer me distrair até que
minha viagem ao Kansas terminasse, e o pensamento enviou uma onda de
culpa rolando através de mim. Olhei para a data impressa no ultra-som. Foi
de ontem. Ontem à noite, quando fiz amor com minha rainha, ela sabia que
estava grávida do meu bebê. Mas eu estava tão focado na minha busca por
vingança que ela não me contou.
Gentilmente colocando o ultra-som no bolso do peito do meu corte
como se fosse um tesouro delicado, abri o álbum e folheei as páginas até
encontrar a notícia da morte de Talia Bennett.

Estudei a imagem em preto e branco de uma Talia sorridente e a


familiaridade de seu sorriso me impressionou. Minha pele arrepiou. Eu
tinha visto um sorriso como o dela recentemente. Mas onde? Frustrado,
tirei o artigo de jornal do álbum de recortes e o enfiei no bolso de trás.
Enquanto eu voltava para a sede do clube, a pergunta rolava em meu
cérebro. Então o de Churchill voltou para mim.

Às vezes, o que devemos temer está em nossa própria casa.

Foi quando clicou. Foi quando as peças lentamente começaram a se mover


juntas.

— Você levou seu tempo doce, — disse Bull quando cheguei de volta.

Eu não respondi. Passei por ele, Caleb e Maverick e atravessei a sede do clube
em direção ao longo corredor onde tínhamos nossa vitrine. Atrás do vidro havia
uma tonelada de recordações de antigos e atuais membros do clube. Examinei as
fileiras de álbuns de recortes, fotografias emolduradas e as placas de identificação e
cortes dos sete originais que agora estavam mortos, até chegar a algumas
fotografias lado a lado. Um era de um soldado, seu corpo rígido, seu rosto severo
com foco enquanto ele olhava para o escopo de seu rifle sniper. Ao lado havia uma
foto sorridente do mesmo soldado. Segurei a foto de Talia até que seus sorrisos
estivessem lado a lado.

Eles eram os mesmos.


Indy

Eu não podia acreditar em meus olhos.

O monstro que me sequestrou e me manteve amarrado a uma cama por


um dia não era um monstro. Ele era um amigo.

— Surpresa.

Elias Knight estava sentado em uma cadeira com os braços cruzados, as


pernas separadas e um olhar presunçoso no rosto.

Eu me senti atordoado.

Elias. O motociclista de boas maneiras que eu tinha gostado tanto.

Meus ombros caíram.

— Não . . . — Eu sussurrei.

Seu sorriso presunçoso cresceu. — Receio que sim, Indy.

Eu me senti arrasada.

— Por que? — Momentaneamente minha luta me deixou. Eu pensei que


eramos amigos.
Elias parecia perplexo, como se estivesse genuinamente surpreso por eu
ainda não ter resolvido tudo. — Você realmente não percebeu?

Eu balancei minha cabeça. — Não.

Tentei engolir, mas minha boca estava muito seca e minha garganta
muito ressecada. Os olhos de Elias escureceram quando focaram em mim e
seu sorriso desapareceu lentamente.

— Ela era minha irmã, — ele disse com um tom sombrio em sua voz. —
Minha irmã gêmea.

Levei um momento para perceber do que ele estava falando, e com a


percepção veio uma onda de pânico e confusão. — Tália?

Suas sobrancelhas cavaram. — Sim, Talia.

Meu cérebro faminto e desidratado lutava para processar o que estava


acontecendo. Eu balancei minha cabeça como se eu pudesse desalojar um
pouco da névoa. — Então isso foi tudo sobre vingança?

— Alguém tinha que fazê-los pagar pelo que fizeram, — disse ele, seus
olhos duros e afiados.

Eu me senti atordoado. — Mas eles não a mataram.

— Eles podem muito bem ter.

— Eles eram seus irmãos, — eu sussurrei. — Você montou ao lado deles


por seis anos. Seis anos, Elias.

— O que posso dizer, sou paciente, — disse ele com uma calma
estranha.
Mais uma vez, eu balancei minha cabeça para tentar limpar o nevoeiro.
— Por que você se juntou ao clube que você culpa pela morte de sua irmã?

— Boa pergunta. Obrigado por perguntar. — Ele se levantou e começou


a andar de um lado para o outro na minha frente. — Você vê, no começo,
eu não queria matar ninguém. Eu ia simplesmente quebrar o clube por
dentro. Ganhe a confiança deles, torne-se um confidente fiel e use qualquer
conhecimento íntimo que eu tinha para desvendar o MC centímetro por
centímetro glorioso. E meu plano estava começando a funcionar. Alguns
negócios arruinados aqui e ali, alguns telefonemas para os Knights ou para
os federais. E eu tenho que dizer, Indy, foi um prazer sentar entre eles e
sentir suas frustrações quando sua maré de azar começou. E saber que eu
fui a causa de tudo, bem, isso foi realmente poético! — Ele sorriu
novamente, claramente satisfeito consigo mesmo. Mas de repente
desapareceu e seus olhos se fixaram em mim novamente. — Mas então seu
velho morreu, e cara, eu não tinha visto nada como aquela manifestação de
tristeza em meus seis anos no clube. Foi magnífico, e aquele funeral,
diabos, sim! Isso foi alguma besteira ostensiva ali mesmo! — A escuridão
em seus olhos se concentrou em mim e ele parou de andar novamente. —
Você acha que minha irmã conseguiu isso quando morreu? Você acha que
ela foi mandada assim?

O sangue rodou em meus ouvidos e novamente eu lutei para engolir —


Eu não sei.

— Oito pessoas. Foi assim que muitas pessoas foram ao seu funeral.
Oito. E nenhum dos homens que enfiaram o pau nela apareceu. No
entanto, quando um bêbado ressequido, velho e espancador de esposa fica
sem graça, ele enche uma igreja e atrai capítulos de perto e de longe. — Ele
balançou sua cabeça. — Foi quando eu percebi, ei, nada afeta esses caras
como uma boa e velha morte no clube. E já que não consegui nenhuma
tração real com os negócios fodidos, pensei comigo mesmo, ei, por que não
criar mais mortes no clube? E assim, um novo plano evoluiu na minha
cabeça.

— Você é louco, — eu respirei.

— Não, eu só estou fodidamente chateado. — Ele me ignorou e desviou


o olhar.

Uma onda repentina de fraqueza suavizou meus membros, e no fundo


da minha mente eu estava vagamente consciente de uma dor surda
esquentando dentro de mim. Dor do período. Um novo medo passou a
residir em meu âmago. Eu precisava chegar ao hospital. Eu tinha que
manter Elias distraído enquanto elaborava um novo plano de fuga.

— Acidente do Caveman - era você? — Eu perguntei, tentando afastar a


dor em meu útero e manter meu foco em escapar.

Elias olhou para cima e sorriu. — Agora, isso foi uma decisão imediata.
Eu me deparei com ele e sua vadia de dois bits por acaso, e eu pensei
comigo mesmo, por que diabos não? Vamos ver como é fácil fazer isso.
Então, eu o acertei. Um toque doce com minha picape e eles saíram daquela
estrada como uma porra de um pinball!
Ele começou a rir alto, quase como um maníaco, mas parou quando
percebeu que eu não estava rindo junto com sua loucura.

— Mas Caveman não estava envolvido com a morte de Talia, — eu


disse. A polícia e o MC o atribuíram a um único ato de raiva na estrada.
Não é o começo de uma vingança pessoal contra o clube.

Ele encolheu os ombros. — Como eu disse, foi um impulso do


momento. Eu não decidi começar com esses bandidos de vida baixa até
depois do acidente do Caveman.

Ele fez uma pausa e mordeu o lábio inferior enquanto se lembrava do


que aconteceu a seguir. Estava claro que ele se sentia orgulhoso de si
mesmo.

— A morte de Isaac, agora isso. . . isso foi uma doce, doce vingança! —
Ele respirou fundo como se a memória lhe trouxesse muito prazer, e então
exalou lentamente, saboreando a satisfação que nublava sua mente doente.
— Aquele derramamento de tristeza e devastação foi alucinante. Era como
o pico de um clímax. O declínio de um orgasmo. Eu não poderia imaginar
o quão satisfatório seria, nem nos meus sonhos mais loucos. Eu esperava
que isso devastasse a todos, quero dizer, claramente. Mas eu não tinha
ideia do quão catastrófico seria. — Ele riu de novo, aquela mesma risada
louca de um homem instável, então suspirou, desapontado por eu não
compartilhar seu humor. — Eu tenho que admitir, porém, os outros não se
sentiram tão satisfatórios quanto Isaac. Mas, novamente, nada supera sua
primeira alta, não é? Irish. Tex. — Ele acenou para eles como se fossem
pensamentos tardios. — Não foi tão excitante.
— O que você fez com eles? — Eu perguntei. Eu tinha que mantê-lo
falando. Atrapalhe-o enquanto eu planejo meu próximo passo.

Ele sorriu nefastamente para mim, e novamente parecia satisfeito


consigo mesmo.

— Irish era fácil, tolo estúpido. Ele nunca poderia recusar um bourbon,
então eu o embebedei. Então, uma vez que ele desmaiou...

— ... você atirou nele.

Ele estalou os dedos. — Bem desse jeito.

— E Tex?

— Esperei ele chegar em casa, nocauteei e depois o coloquei na garagem


e liguei o carro. Fácil.

A polícia ainda achava que era uma morte acidental.

Mas não foi acidental. Foi assassinato.

— Agora, Freebird. . .

Meus olhos dispararam para os dele. — Por que machucá-lo quando ele
não estava envolvido com Talia?

Elias deu de ombros. — Tempo ruim. Ele me encontrou armando o


suicídio de Irish, então ele teve que ir. Ele começou a gritar comigo, me
chamando de puto assassino enquanto corria para mim. Então eu peguei a
chave de roda que Irish tinha em seu quarto para proteção e o espanquei
até a morte.
Bem desse jeito.

Minha respiração me deixou. Freebird morreu porque estava no lugar


errado na hora errada.

Lembrei-me dele deitado naquela vala, todo ensanguentado e quebrado,


seu corpo já começando a inchar. Meu coração torceu e eu balancei minha
cabeça.

Elias acenou para fora. — Dano colateral, se você quiser.

— É isso que Mirabella era?

Ele riu. — Eu sabia que matá-la acabaria com Jacob. Devagar. Ele teria
uma morte dolorosa e sofrida sem a mulher por quem estava tão
apaixonado. — Seus olhos brilharam com um brilho sinistro. — Assim
como Cade fará.

O alarme disparou em meu peito.

Pensei em Jacob ajoelhado em uma poça de sangue de Mirabella e me


perguntei como Cade lidaria com minha morte.

— Mas você matou Jacob de qualquer maneira, — eu disse, minha voz


trêmula e rouca.

— Eu não tive nada a ver com o acidente de moto de Jacob. Isso era
tudo dele. — Ele encolheu os ombros. — Pena. Eu estava gostando de vê-lo
sofrer.

A náusea borbulhou dentro de mim quando me lembrei da conversa no


terraço que tivemos na noite da morte de Mirabella. Como dividimos um
baseado e ele me perguntou sobre o momento em que Mirabella morreu.
Ele não estava perguntando como um amigo de luto, era uma pergunta
perversa de uma mente doente. Ele provavelmente tinha saído com isso.
Despertado pela devastação que se desenrolava ao seu redor, foda
psicopata.

Eu respirei pesadamente, tentando acalmar meu coração. Ele era louco.


Uma sensação avassaladora de raiva e tristeza tomou conta de mim.

— Você acha que ganhou, — eu disse, incapaz de esconder o desgosto


da minha voz. — Mas você não fez.

— Ah, eu sei que não ganhei. Porque isso implicaria que terminei, e
sinto muito, Indy, mas estou longe de terminar.

Arrepios se espalharam pela minha pele. Ele ia me matar.

— Estou grávida, — eu o lembrei.

Ele olhou para mim friamente, levantando uma sobrancelha. — E como


eu disse, eu não dou a mínima.

Eu lutei para engolir.

Eu tive que pará-lo.

E rezar para que a ajuda estivesse a caminho.


Cade

Elias.

Ele era o soldado nas fotos.

Eu os estudei novamente, sua foto sorridente contra a foto de Talia, e


minha cabeça se mexeu para entender tudo.

Ele era parente de Talia?

Eu não tinha certeza da relevância que isso tinha para o


desaparecimento de Indy, mas algo dentro de mim não conseguia deixar
passar.

Bull, Maverick e Grunt se juntaram a mim na vitrine.

— O que está acontecendo? — perguntou Touro.

— Onde está Elias? — Eu perguntei.

— Ele deveria estar visitando uma antiga namorada, mas não atendeu o
telefone. Eu disse ao prospecto para passar por sua casa depois de passar
pelo Cool Hands.
Meus olhos dispararam para Bull. — Há quanto tempo ele foi embora?

— Uma hora atrás, o que Elias tem a ver com isso?

— Eu não sei. Mas pretendo descobrir.

Como se fosse uma deixa, o telefone de Bull tocou. Era a perspectiva. Eu


assisti enquanto ele respondia, minha impaciência crescendo.

— O que ele está dizendo? — Eu rosnei.

— Ele diz que não há ninguém em casa.

— Diga a ele para entrar, — eu disse.

Bull olhou para mim interrogativamente.

— Diga a ele para quebrar a porra, — eu rebati. Com minha pele


formigando de impaciência, peguei o telefone dele. — Ouça-me, — eu disse
ao prospecto. — Eu preciso que você entre no apartamento. Porque, se eu
estiver certo, então Elias tem Indy dentro.

Quando o prospecto me questionou, eu basicamente ameacei queimar


tudo o que ele possuía se ele não arrombasse o apartamento de Elias.

Dois minutos depois, e comigo ainda na linha, o prospecto estava


dentro do apartamento de Elias.

— Hum, Cade. . .

— O que você encontrou?

— Essa e a coisa. Eu não encontrei nada. Este lugar está completamente


vazio.
— O que você quer dizer com vazio?

— Está vazio. Sem móveis. Não, nada. Quem morava aqui sumiu.

Meu rugido era primitivo. Meu medo se amplificou. A única pista que
tínhamos para onde Indy poderia estar e era um beco sem saída. O pânico
tomou conta de mim porque eu a senti cada vez mais longe.

Empurrando seu telefone de volta para a mão de Bull, tirei meu telefone
do meu jeans e encontrei o número de Davey. Ele atendeu no terceiro
toque. Ele era o membro do clube mais próximo de Elias e eu esperava que
ele soubesse de alguma coisa.

— Espere. Você acha que ele tem algo a ver com o que está acontecendo
no clube? Os assassinatos? — Perguntou Davy.

Quanto mais pensava nisso, mais me convencia de que era Elias.

— Quanto tempo você pode descer aqui?

— Já estou andando até minha moto. Estarei aí em dez.

Ele chegou em sete.

— Havia um lugar, — disse ele. — Eu pensei sobre isso no passeio até


aqui. Anos atrás, passamos por ela na saída da cidade e ele me disse que
era onde morava quando ele e sua família se mudaram para cá.

— Você acha que consegue se lembrar de onde está?

Ele franziu a testa. — Foi há um tempo agora... — Ele estalou os dedos


enquanto a memória se renovava em sua mente. — Era perto da terra de
ninguém. Perto dos campos de melancia e torre de água.
Indy

— Por que eu? — eu raspei.

Elias pareceu surpreso com a pergunta.

— Porque eu perdi meu interesse, Indy. Eu preciso da satisfação


daquela primeira morte.

Ele estava falando sobre o assassinato de Isaac.

Ele fez uma pausa e ficou muito quieto, e seus olhos assumiram um
brilho perverso quando se fixaram nos meus. — Mas eu tenho certeza que
ver o quão devastado Cade vai ficar sobre você vai superar isso.

— Cade não fez nada com ela, — eu disse, tentando desesperadamente


controlar meu medo. Eu mal conseguia respirar. — Ele tentou levá-la para
casa. Para sair antes que algo acontecesse com ela. Mas ela não iria, Elias.
Ela não iria embora.

— Bem, o bom senso não era o ponto forte da minha irmã, — ele
concordou com um tipo estranho de calma. — Bem, claramente não foi,
porque não estaríamos aqui se fosse, não é?
— Ela teve uma escolha, — eu respirei. Eu me senti tonto. Eu não tinha
comido ou bebido muita água em Deus sabe quanto tempo, então eu estava
desidratada e cansada. E na obscuridade da minha exaustão percebi um
desconforto cada vez mais forte em meu útero.

— Sim, ela teve escolha. Mas eles também, e eles escolheram tirar
vantagem dela.

— Eu sei que eles fizeram. Mas eles não a mataram, Elias. Ela decidiu
fazer tudo sozinha.

Minhas palavras o irritaram, mas ele se controlou. Seus olhos se


estreitaram em mim e suas narinas se dilataram com raiva mal contida. Ele
estava pensando e eu estava apavorada.

— Você precisa se sentar, — disse ele, de repente saindo de seus


pensamentos. Quando eu não me mexi, ele pisou em mim e me empurrou
em direção a uma cadeira encostada na parede. Ele me empurrou para
baixo e depois de pegá-lo de uma pequena mesa perto da porta da frente,
ele colocou um diário em minhas mãos.

— Vire para a última entrada dela, — ele comandou.

Fiz o que ele disse, passando pelas páginas das esperanças e sonhos
escritos à mão de Talia, até chegar à entrada final.

Olhei para Elias, que me incitou a começar. — Agora lê.

Lambi meus lábios e cheirei, sentindo o gosto metálico familiar de


sangue na parte de trás da minha garganta. Meus olhos se moveram da
faca em suas mãos para o diário em meus joelhos.
— Estou esperando, — ele cantou.

Meu coração era um selvagem no meu peito, batendo ferozmente


enquanto meu medo rasgava através de mim. Eu não queria ler o diário de
Talia porque sabia que o que quer que estivesse naquelas páginas iria
enfurecer Elias, e só Deus sabia o que ele havia planejado para mim então.
Mas eu não tive escolha.

— Querido diário, — comecei. . .

Esta noite eu morri. Esta noite Talia Bennett não existe mais. Tudo começou
quando fui ao clube e vi Isaac. . . meu doce e encantador Isaac. Meu MC cara. Meu
amante. Meu vício. Como você sabe, nós ficamos no fim de semana passado e ele
me mandou mensagens algumas vezes durante a semana, me pedindo para ir à
festa no clube. Eu estava animada porque ele estava mais atento a mim
ultimamente, mais receptivo às minhas cartas e telefonemas, mais aberto ao meu
carinho. Isso por si só me disse que seus sentimentos estavam ficando mais fortes
por mim, e se eu jogasse minhas cartas direito, e fizesse a coisa certa e o agradasse,
então ele veria que boa velhinha eu seria, e ele me faria sua menina.

Eu o amava tanto, diário.

Muito.

Mas agora meu coração está partido e minha dor está se derramando na ferida
aberta em meu peito até que eu não consigo sentir nada além de dor. Não posso
dizer essas palavras em voz alta, mas preciso tirá-las de mim para que haja provas
de que isso aconteceu. Então eu nunca vou me deixar ser enganado pelo amor
novamente.

A festa foi grande. Havia alguns capítulos de fora da cidade visitando, então os
Kings fizeram tudo. Uma banda. Música alta. Mulheres. Licor. Drogas.

Isaac estava lá bonito em seu corte, seu lindo rosto angelical à luz da fogueira.
Ele me viu e eu sorri, meu coração explodindo de felicidade porque aquele garoto é
tão bom que faz minhas entranhas estremecerem. Mas então ele se afastou de mim,
diário, deliberadamente me ignorando. Ele se afastou e desapareceu dentro do
clube. Eu me senti tola porque estava acenando para ele e ele me deu as costas e foi
embora. Olhei ao meu redor e notei duas garotas rindo em saias justas e tops
minúsculos, encostadas em uma das mesas de churrasco. Malditas vadias. Quem
eram eles para rir de mim?

Fui procurar o Isaac, quer dizer, talvez ele não tenha me visto. Afinal, por que
ele me ignoraria quando passou a semana me mandando mensagens de texto para
vir? Enquanto me movia pelas sombras e luzes da festa, consegui me convencer de
que era um mal-entendido, que ele não tinha me visto por causa das sombras no
estacionamento do complexo. Claro, ele não tinha me visto.

Encontrei-o lá dentro, rindo com os amigos, bebendo. Conversamos, mas ele


estava preocupado. Ele me deu uma bebida, mas depois desapareceu do lado de fora
e eu não o vi novamente por um longo tempo. Até então ele estava bêbado. Feliz. E
ele parecia satisfeito em me ver. Ele enganchou o braço em volta do meu pescoço e
deu um beijo na minha cabeça. Eu me derreti nele, sentindo tanto amor por ele,
querendo-o mais do que qualquer coisa no mundo.
Mais uma vez, ele me deu uma bebida e alguns tragos em um baseado.
Sentamos em um dos sofás do clube e nos beijamos. Então Irish, Jacob e Tex se
juntaram a nós. Bebemos mais um pouco e rimos muito. Eles gostam de mim. Eles
realmente gostam de mim. A certa altura, a grande mão de Isaac deslizou pela
minha perna e encontrou a ponta da minha calcinha. O gesto foi chocante, mas
emocionante. Ele deslizou os dedos sob o cetim e encontrou a maciez de mim, me
fazendo suspirar de prazer enquanto eles deslizavam para dentro de mim. Eu olhei
em volta. Irish e Tex estavam assistindo com um brilho selvagem em seus olhos,
enquanto Jacob parecia um pouco perdido enquanto tomava um gole de sua garrafa
de cerveja e se concentrava no redemoinho de seu cigarro no cinzeiro de vidro sobre
a mesa.

A princípio, eu não tinha certeza. Mas os olhos de Isaac eram suaves e ternos
quando ele se inclinou e me beijou, sua língua acariciando minha boca enquanto
seus dedos acariciavam profundamente meu corpo. Eu gemi contra seus lábios com
o brilho de prazer que cresceu entre minhas coxas.

Mas eu precisava usar o banheiro. — Deixe-me fazer xixi, — eu sussurrei.

Nós íamos fazer amor. E quando ele me pegou em seus braços para me levar
para seu quarto, eu não queria quebrar o feitiço com uma parada no banheiro.

Quando voltei do banheiro, encontrei Cade conversando com seus irmãos do


clube, dizendo-lhes para pensar duas vezes sobre o que estava acontecendo.
Quando entrei, ele parou na minha frente.

— Você não quer fazer isso, — disse ele. E isso me deixou tão louco. Quem
diabos era ele para me dizer o que eu queria ou não fazer? Então, em um estranho
momento de desafio, eu disse a ele para ir para a cama se ele não quisesse que seu
pau fosse chupado. Eu não sei porque eu disse isso. Acho que estava me exibindo, e
quando vi o quão divertido Isaac estava, levantei meu queixo para Cade e voltei
para onde ele estava sentado com Irish, Jacob e Tex. Subi no colo de Isaac e ele
passou os braços em volta de mim.

Cade olhou para Isaac. — Não seja tolo, irmão, — disse ele. Um Isaac bêbado e
chapado virou o pássaro e simplesmente deu um gole em sua garrafa de cerveja.
Cade cerrou os dentes, e eu ainda posso ver o tique-taque do músculo de sua
mandíbula quando ele se aproximou de Isaac. — Ela é uma presa. Ela não tem
nada que estar aqui. Você a coloca em um táxi e a manda embora. Então ele olhou
para Tex. Então para Jacob e Irish. Ele disse: — Ela é filha de alguém. — Então eu
disse a ele: — Preciso lembrá-lo de que tenho dezoito anos e é minha escolha estar
aqui? — Sentindo-me encorajada pelo lindo sorriso de Isaac, acrescentei: — Deixe-
me em paz, Cade. Vá para a cama. — Isaac empurrou a mão entre as minhas
pernas, seus dedos rastejando ao longo da minha coxa e sentindo a ponta da minha
calcinha. — Você ouviu a senhora, Cade. Vá para a cama.

Cade se afastou com um aceno de cabeça.

Parei de ler e olhei para Elias.

Seus olhos se estreitaram. — Continue lendo.

Tristeza brotou dentro de mim e minha voz estava trêmula enquanto eu


continuava a ler.
Agora eu gostaria que ele tivesse me enfrentado e me forçado a sair daquele
clube - me jogado para fora ou me empurrado para um táxi - qualquer coisa, exceto
ir embora e me deixar lá com aqueles abutres.

Eu lutei para falar. O que fizeram com ela?

Lembrei-me de suas palavras anteriores: Esta noite eu morri. Esta noite Talia
Bennett não existe mais.

Assim que Cade saiu, Isaac começou a me beijar. Ele sussurrou em meu ouvido,
— você tem certeza que quer ficar comigo?

Eu balancei a cabeça.

— E com meus meninos? — ele perguntou, sua respiração quente no meu


ouvido enquanto seus dedos encontravam seu caminho dentro da minha calcinha.

Olhei para os outros três motociclistas do Kings of Mayhem. Irish e Jacob eram
bonitos como Isaac. Bem construído, com braços grandes e musculosos cobertos de
tatuagens e camisetas justas sobre peitos largos. Enquanto Tex era mais velho,
talvez dez anos, com barba e cabelos compridos. Eu realmente não o achava
atraente, mas queria fazer Isaac feliz.

Quando eu balancei a cabeça, senti seus lábios se curvarem em um sorriso


contra minha mandíbula. — Essa é minha garota.

O orgulho em sua voz.

O sorriso naqueles olhos lindos.


Eu faria qualquer coisa por ele.

Porque eu era sua garota.

Parei de ler, mas não olhei para cima. Fechei os olhos com força e tentei
bloquear a imagem de Talia tentando impressionar um Isaac
desinteressado.

— Eu não quero ler mais, — eu sussurrei.

Infelizmente, não dependia de mim.

— Leia, — Elias exigiu.

Olhei para cima e as lágrimas em meus olhos finalmente se soltaram e


correram pelo meu rosto. Elias se agachou na minha frente, seus olhos
geralmente quentes agora estavam frios e raivosos enquanto ele olhava
para mim.

— Não me faça dizer de novo, — ele avisou.

Fiz o que me foi dito e olhei para o diário em minhas mãos. Corri um
dedo trêmulo pela página de palavras manuscritas, meu coração
sangrando por Talia por causa do que ela havia sofrido. Eu exalei
profundamente e comecei a ler novamente, mas minha voz tremeu
enquanto eu tentava manter meu medo sob controle.

— Começou com um beijo. Primeiro Isaac. Depois Irish. Então Jacó. Quando
eu saí do colo de Jacob para o de Tex, Isaac puxou seu pau para fora e começou a
acariciá-lo. O Irish fez o mesmo. Mas Jacob não gostava disso. Ele se levantou e
saiu da sala, murmurando algo sobre não ser sua cena. Mas Tex estava nisso. Ele
estava realmente interessado nisso.

— Mostre a eles, baby, — disse Isaac. — Mostre a eles o que você pode fazer
com sua boca.

Então eu fiz isso, diário. Para ele. Eu peguei seus paus na minha boca e deixei
eles gozarem na minha língua e na minha garganta. Deixei-os se acariciarem
novamente enquanto observavam Isaac abrir e me penetrar. Eu os deixei me foder,
um na boca enquanto outro me golpeava por trás. Eu deixei três paus violarem e
me usarem. . . para ele. Isaac Calley. Só para ele ver o quanto eu o amo e até onde
eu iria para agradá-lo.

E me senti uma rainha.

Sexy.

Alimentado por seus gemidos.

Suas palavras murmuradas e gemidos despertados como néctar doce.

Porque ele veria. Ele veria o quão bom eu seria para ele.

Mas quando acabou, Isaac não me levou para sua cama. Ele não olhou para
mim com aquele brilho familiar de afeto em seus lindos olhos. Não. Seus lindos
olhos sorridentes não sorriam mais. Eles eram frios, desinteressados... vazios. E
quando eu passei meus braços em volta de seu pescoço, ele os desenrolou e me
empurrou para longe como se eu não fosse nada. Ele queria uma dama, ele disse,
não uma vadia de clube que chupava pau para chamar atenção.
Como ele não podia ver que eu tinha feito isso por ele?

Eu implorei a ele. Supliquei para ele. Mas ele conheceu outra pessoa, disse ele.

Foi nesse momento que meu coração parou de bater.

Quando minha vontade de viver acabou.

O nome dela é Cherry.

Ela está na faculdade, mas quando ela voltar ele vai fazer dela sua namorada.

Sua garota!

A página estava amassada. Como se tivesse sido agarrado em um


momento de dor e depois alisado. Pequenos vincos se espalharam como
teias de aranha pelo papel. E eu podia ver Talia, soluçando enquanto
despejava seu desgosto naquelas páginas, e então amassando enquanto a
dor de seu coração adolescente partido a subjugava. Como se ela fosse
arrancá-lo de seu diário e estragar tudo.

Então aqui estou. Quebrada. Usada. Meu coração dói como se tivesse sido
esmagado. Eu sei o que você está pensando - ele disse que não estava interessado
em nada agora. Ele estava ocupado com o clube. Ele não tinha tempo para se
comprometer com um relacionamento. sim. Ele me disse essas coisas. me disse que
não tinha tempo. Mas ele ainda me mandou uma mensagem. Ainda me levou para
a cama dele quando o visitei. Ainda fez amor comigo. Então eu acreditei que
poderia fazê-lo mudar de ideia. Se ele me desse a chance, ele veria que me queria
como sua old lady.

Agora não sei como vou respirar depois desta noite porque minha dor é
insuportável e não consigo imaginar como vou continuar sabendo que ele não me
quer. Não sei o que é pior, sua crueldade ou o fato de que ainda o amo depois de
tudo que ele fez comigo.

Vou dar um passeio. Vou para minha caixa d'água.

Eu exalei profundamente. Foi aí que a história de Talia terminou.


Poucas horas depois ela estava morta e quebrada no fundo da caixa d'água.

Eu pressionei meus dedos em meus lábios inchados e queimados. O que


Talia suportou foi terrível, mesmo com as palavras escritas na página na
minha frente, eu não conseguia entender o que ela sentiu. E meu coração
doeu por ela. Mas também doía por Isaac, Tex, Irish e Jacob, e doía por
Freebird, que nunca saberia sobre o incidente que contribuiu para sua
morte. E para Mirabella. Linda e pura Mirabella.

Meu queixo tremeu e eu lutei contra as lágrimas.

Não era desculpa, mas Isaac era jovem – dezenove anos e estúpido – e o
menino que Talia descreveu em seu diário não era o homem que ele
cresceu para ser. Ele não merecia morrer por sua estupidez e atos de
crueldade juvenil. Todos os envolvidos eram jovens e estúpidos.

Isso era tudo uma besteira.


Olhei para Elias.

Se ele pensou que eu ia cair sem lutar, então ele tinha outra coisa vindo.
Cade

— Achei! — Eu bati em Davey. — Esta é mesmo a maldita estrada?

Estávamos na van Custom Chopper dirigindo em uma das estradas


esparsas e solitárias que levam aos campos de melancia. Na van estávamos
eu, Davey e Bull. E no carro seguinte estavam Maverick, Caleb e Grunt. No
momento em que percebi que Davey poderia ter uma ideia de onde estava
Indy, quis subir na minha moto e sair correndo atrás dela. Mas Bull tinha
me parado. Se Elias nos ouvisse chegando, ele poderia entrar em pânico e
isso poderia significar coisas ruins para Indy.

Áreas densas e arborizadas margeavam a estrada pálida e poeirenta que


percorremos, e de vez em quando passávamos por um aceiro entre as
árvores e víamos uma casa de fazenda ou uma casa antiga, mas nenhuma
delas parecia familiar a Davey. Eu estava começando a perder a cabeça.

Ele olhou para mim sombriamente. — Não sei, cara. Apenas não sei.

Às vezes, o pensamento de que estávamos muito atrasados penetrava


em minha mente e era preciso toda a minha força mental para deixá-lo de
lado. Eu não desistiria de encontrar Indy vivo. Eu perderia a cabeça se o
fizesse.

O outro pensamento era que estávamos entrando em uma armadilha.


Por esse motivo, Bull trouxe os outros. Elias era um ex-militar e era mais do
que provável que soubesse alguma coisa sobre armadilhas. Grunt também
era ex-militar e esperávamos que ele soubesse mais.

Maverick e Caleb vieram para o poder de fogo extra se precisássemos.

— Lá! — Davey apontou para um velho outdoor na beira da estrada.


Estava desbotado, a imagem desgastada e negligenciada pelo tempo, mas
dava para distinguir os rostos sorridentes de duas crianças comendo
pedaços de melancia e as palavras declarando: Juicy Watermelons Ahead.
Visite Fazendas Fassbender.

— Lembro-me de Elias apontando isso quando passamos. Disse que ele


e sua irmã costumavam sair de fininho à noite e subir no outdoor para
fumar maconha.

A esperança ardeu em meu peito. Estávamos perto. Davey estava


olhando ao redor e, a julgar pela expressão em seu rosto, as coisas pareciam
familiares.

Pensei na minha rainha e rezei para que ela ainda estivesse viva.

Estou indo atrás de você, baby. Apenas espere. Por favor, espere.
Indy

Elias se levantou e se elevou acima de mim enquanto continuava com


sua loucura.

— Você provavelmente está sentindo pena dela agora, — ele disse


enquanto começava a andar novamente. — Mas no final, Talia conseguiu
exatamente o que ela tinha vindo para ela.

Ele parou de andar e um olhar de desgosto varreu seu rosto.

— Ela era minha gêmea. Mas ela era uma puta. Você sabe por que nos
mudamos para Destiny? — Ele olhou para mim e seus olhos estavam
brilhantes de loucura. — Porque minha irmã sacana se meteu em
problemas no Alabama. Mexeu com um professor da nossa escola. Havia
fotos. Um aborto. E foi uma enorme tempestade de merda, eu vou te dizer.
Então nos mudamos para a Geórgia para um novo começo, e as coisas
estavam boas até que a história nos alcançou novamente. As fotos, elas
circularam por toda a escola, e eu vou te dizer, Indy, as crianças podem ser
idiotas. Elas eram cruéis. Brutal. Não apenas para Talia, mas para mim
também. Estávamos socialmente ostracizados. Intimidado. E ficou tão ruim
que tivemos que subir e nos mudar novamente para outra cidade em outro
estado. Não importava que eu tivesse conhecido uma garota que me visse
por outra coisa além do irmão gêmeo de Talia Bennett. Não importava que
deixá-la fosse como arrancar meu coração do meu peito. Nada importava
além de Talia, Talia, Talia! — Ele respirou fundo para se acalmar. — Então
chegamos a Destiny, e depois de um tempo parecia que finalmente
tínhamos encontrado um lugar onde poderíamos nos estabelecer. Mas
então ela teve que ir e arruiná-lo novamente. Depois do que ela fez... — Ele
passou a mão pelo cabelo. — Todo mundo saberia. Seria por toda a escola e
eu seria para sempre conhecido como o irmão da moto da cidade.
Novamente. Você pode imaginar como foi isso para um garoto de dezoito
anos? Como foi quando finalmente encontramos um lugar onde
poderíamos lançar algumas raízes. A putinha egoísta. Eu não podia deixá-
la estragar tudo. — O cuspe salpicou seus lábios. O suor se formou em suas
têmporas e escorria em riachos pelo lado de seu rosto brilhante enquanto
suas emoções o dominavam. — Por que ela conseguiu arruinar tudo
porque não conseguia se controlar?

— O que você fez com ela? — Eu perguntei.

— Eu a vi sair de casa naquela noite. Vi ela fugir em lágrimas. Então eu


fui para o quarto dela. Eu sabia que ela mantinha um diário, sabia que ela
escrevia todos os seus pensamentos e sentimentos estúpidos. Ela o havia
deixado em sua mesa, então eu o abri e comecei a ler sua última entrada.
Leia todas as coisas que ela os deixou fazer com ela. Leia todas as coisas
que eles fizeram com minha irmã. — Seu rosto se contorceu com desgosto.
— Eu sabia que estaria em toda a escola na segunda-feira de manhã. Seria
Alabama e Geórgia novamente.
— Você foi à torre de água?

— Claro que sim.

Quando ele confirmou, eu sabia o que estava por vir.

— Eu a confrontei. Perguntei a ela o que ela tinha feito. Ela me disse


para ir embora, me disse que eu não queria saber o que aconteceu. Mas eu
já sabia o que ela estava fazendo naquela fossa de um clube com aqueles
motociclistas. Sabia o que ela tinha deixado que fizessem com ela. Seria um
inferno para nós novamente. As pessoas olhavam para nós como o lixo
branco que tínhamos sido no Alabama. Por causa dela. Porque ela não
conseguia ficar de calcinha.

— Ela era uma jovem, Elias. Ela pensou que estava apaixonada.
Meninas, elas cometem erros.

— Ela era uma puta! — ele gritou e olhou para mim como um homem
no fim de sua corrente emocional, seus olhos arregalados, seu rosto corado.
— Ela os deixou fazer coisas com ela que nenhuma garota deveria deixar
um homem fazer com ela.

— . . . ela cometeu um erro, Elias. Ela não merecia morrer. Ela merecia
sua empatia, não seu julgamento.

Ele me olhou friamente.

— Ela deixou três homens fodê-la, Indy, — ele disse meu nome com
despeito. — Ela deixou que eles a profanassem. Mostrou a eles o lixo
branco que ela era. — Ele se levantou abruptamente. — E quem você acha
que teria pago por esse erro?
Arrepios percorreram minha pele enquanto eu olhava para ele
incrédula.

— Você a empurrou para fora da torre de água, — eu sussurrei.

Sua cabeça virou em minha direção. — Claro, eu a empurrei da torre de


água! O que mais eu ia fazer? Deixá-la viver para que ela pudesse
continuar fazendo isso? Deixar ela arruinar minha vida. . . De novo e de
novo e de novo e outra vez?

— Ela não merecia morrer!

— Ela teria continuado fazendo isso, você não vê? Onde quer que
fôssemos, ela largaria a calcinha para o próximo cara com uma moto e um
corte nas costas. E eu teria sido o irmão da prostituta da cidade, de novo e
de novo. Ele ficou parado por um momento. Então ele se endireitou. —
Você sabe o que eu senti quando a vi passar pela borda e cair no chão?

Quando desviei o olhar com desgosto, ele respondeu: — Alívio. Senti


uma sensação avassaladora de maldito alívio. Finalmente acabou. Eu não era
mais o irmão da moto da cidade. Eu era o irmão da garota morta. — Ele me
deu um olhar aguçado. — E eu vou te dizer uma coisa, isso te faz transar
mais vezes do que ser o irmão da vadia da cidade, isso é certo. Graças a
Deus pela simpatia do caralho! — Ele sorriu como um louco. — Porque
Deus sabe que isso me fez transar uma quantidade ridícula de vezes.

— Você é louco, — eu respirei.


Ele riu maldosamente. — Não. Eu não sou louco, Indy. Apenas farto de
seu comportamento e ter que fazer as malas e começar de novo porque
minha irmã não conseguia manter as pernas fechadas.

Seu sorriso maníaco desapareceu e ele zombou, balançando a cabeça.

— É irônico, realmente, ver que nos mudamos de qualquer maneira.


Minha mãe teve dificuldade em superar sua morte, então voltamos para
Sweetwater, Alabama. Direto de um inferno e direto para outro. Você vê,
minha mãe tem um namorado e ele era brutal. Forte. Avassalador. — Os
olhos de Elias ficaram vidrados enquanto ele se lembrava das memórias
sombrias. Ele ficou parado por um momento. Preso no passado. O músculo
em sua mandíbula tiquetaqueando enquanto sua mente o levava de volta
aos tempos terríveis que ele havia sofrido. — Ele fez coisas comigo que
simplesmente não estão certas. E você sabe o que me fez passar as noites
em que ele decidiu me brutalizar? Enquanto ele estava enfiando seu pau
em mim, eu pensava em atear fogo naquele trailer móvel fedorento que
chamávamos de casa com ele dentro. — Ele inalou profundamente para
empurrar as memórias de volta. — E foi exatamente o que eu fiz quando
ele chegou em casa bêbado uma noite e decidiu que queria me estuprar
novamente. Eu estava esperando. Antecipando cada movimento dele.
Então, incendiei aquele trailer com ele desmaiado no chão. E foi tão
libertador. Fazendo-o pagar. Fazendo-o morrer. O alívio foi uma corrida.
— Ele olhou para cima, satisfeito com o que tinha feito. — Naquele
momento, eu sabia que tinha que fazer os Kings of Mayhem pagarem. Eu
tinha que me vingar de todos que foderam minha vida.
Ele se virou e começou a virar a faca em sua mão. Bile subiu na minha
garganta. Suas revelações estavam chegando ao fim, significando que a
qualquer minuto ele tentaria me matar.

— Eles não foderam sua vida, — eu disse, delirando de medo e


desidratação. O suor escorria da minha têmpora para o meu queixo. —
Você deixou a cidade porque ela morreu. E ela morreu por sua causa.

Ele se virou para mim. — E eu a matei por causa deles.

Não fazia sentido tentar racionalizar com ele. Ele era louco. Seus
pensamentos e motivos estavam todos retorcidos em um nó gigante neste
cérebro.

— E agora? — Eu estava com medo de perguntar.

— Agora? — Elias sorriu maldosamente. — Agora, eu termino com


você.

O medo rasgou minha espinha.

— Eles vão te matar.

— Oh, eu não duvido que eles venham atrás de mim. — Seus olhos
bateram nos meus. — Mas quando eles te encontrarem, eu já terei partido.

— Você é um covarde do caralho, — eu disse enquanto ele caminhava


em minha direção. A faca em sua mão brilhava à luz da manhã. — Você diz
que isso é uma vingança pelo que eles fizeram, mas você não pode nem
mesmo confrontá-los de homem para homem. Você rastejou como um
ratinho de igreja só fazendo seu movimento quando você sabia que
ninguém estava olhando. Você não é um homem, você é um fraco.

A raiva brilhou em seu rosto, então eu sabia que minhas palavras


haviam ferido seu orgulho.

— Eu ia fazer isso indolor. Rápido. Mas agora acho que posso tomar
meu tempo com você.

Meu coração batia forte no meu peito. Eu tive que fazer uma pausa para
isso. Se eu conseguisse chegar a uma janela, poderia pular dela para a rua e
era menos provável que ele fizesse uma cena em público. Era a única
chance que me restava. Então, eu me levantei da cadeira e passei por ele,
correndo para a janela aberta do outro lado da sala.

Corri o mais rápido que pude, mas ele me agarrou e nós dois caímos no
chão. A dor atravessou meu útero e subiu pela minha espinha. Enquanto
lutávamos, ele me pegou nas costas e rapidamente me dominou. Ele forçou
minhas pernas abertas e pressionou sua pélvis na minha, alcançando entre
nós para desfazer a fivela do cinto. Ele estava duro e eu percebi que ele
provavelmente estava excitado o tempo todo.

— Agora, eu não sou um estuprador por natureza, — ele ofegou. —


Mas quando Cade encontrar você, quero que ele saiba exatamente o que
você passou.

Ele baixou o zíper e liberou sua ereção, e eu rapidamente aumentei


minha luta pela liberdade.

— Não! — Eu gritei.
É incrível a força que você pode reunir quando está lutando por sua
vida. Mas mesmo assim, eu não era páreo para o poder de Elias.

Ele foi para a minha calcinha e eu gritei com ele, mas isso só pareceu
excitá-lo mais.

— E eu estaria mentindo se dissesse que não estava ansioso para provar


a boceta apertada que deixou Cade tão fodidamente chicoteado. — Ele
tentou enfiar os dedos na minha calcinha, mas eu estava me debatendo
demais. Mais uma vez, isso só parecia alimentar sua diversão e excitação.
— Sim, eu sabia que você seria uma gritadora. Você gosta de bruto, baby. É
melhor você acreditar que é assim que você vai conseguir.

Sua boca foi para a curva do meu pescoço e sua língua deslizou pela
minha garganta até o meu ouvido.

— Vou gostar disso, — disse ele com a voz rouca, sua ereção
pressionando minha coxa. — Pensar que se Cade não tivesse se oferecido
para ir ao Kansas no meu lugar, eu iria atirar em você. Assim como
Mirabella. Mas ele saindo me deu tempo. Com você.

Foi quando eu consegui um braço livre e enfiei meus dedos em seu


olho esquerdo. E também não me segurei. Eu os cavei ali mesmo e arranjei.

Elias rosnou e rolou de cima de mim, empurrando a palma da mão até o


olho. Aproveitei e corri para trás, minha mente procurando freneticamente
por um plano de sobrevivência. Elias ficou de pé, instável, e eu trêmula me
levantei. Sem perder mais um momento, fechei o espaço entre nós e bati
meu joelho em sua virilha. Com um grito, ele caiu de joelhos, sua ereção
exposta ficando mole pela dor em suas bolas.

— Sua puta do caralho! — ele rugiu.

E porque ele era um filho da puta assassino, estuprador, enquanto ele


cuidava de suas bolas doloridas, eu o chutei na mandíbula, derrubando sua
bunda assassina no chão.

Infelizmente, não tinha mais energia e comecei a ver estrelas. E apesar


da adrenalina correndo em minhas veias, eu me senti tonta e tropecei em
meus pés. Eu caí contra a parede.

Não, não, não, não.

Eu ia desmaiar. Elias ficou de joelhos.

Mas estava tudo bem. Porque naquele momento, Cade irrompeu na sala
com sua arma apontada firmemente para Elias.
Cade

Nada poderia me preparar para o que eu veria quando chutasse a porta


da frente da indescritível casa suburbana.

Mas ver Elias de joelhos, amamentando suas bolas e uma Indy seminua
caída contra a parede, me fez ver vermelho.

Maldito sangue vermelho.

Que porra Elias tinha feito com minha rainha?

Eu levantei minha arma, pronto para colocar uma bala nele. Inferno, eu
estava pronto para descarregar toda a porra do clipe em sua cabeça, mas a
voz de Indy me parou.

— Cade, não! — ela gritou, rouca. Ela estava consciente, mas apenas por
pouco. Sua cabeça pendeu contra a parede enquanto ela olhava para mim.
— Não o mate.

Mas a raiva assassina batendo em mim era difícil de abafar. Eu tinha


que acalmá-lo, e a única maneira era fazer Elias sentir toda a dor e
sofrimento das pessoas que ele havia ferido. Isaac. Texas. Irish. Freebird.
Mirabella. Indy. Ele tinha que pagar pelo que tinha feito com eles.
— Você assassino filho da puta, — eu fervia, atravessando a sala para
ficar em cima dele.

— Se você matá-lo, estará dando a ele o que ele quer, — implorou Indy.

Elias sorriu através do delírio de dor. — Já consegui o que quero.


Fazendo os Kings pagarem. — Ele riu, atordoado, sangue escorrendo pelo
queixo de sua boca ensanguentada. — Estripando o clube como um porco.
Tirando você. . . um por um.

Minha raiva estava cegando e eu estava apenas vagamente ciente de


Bull, Maverick e Davey entrando na sala.

Pressionei o cano da minha arma contra a testa de Elias.

Mais uma vez, Indy implorou. — Não faça isso, Cade.

Elias olhou para mim, o rosto já inchado do meu pé ao rosto. O sangue


manchou seus dentes. — Se você não tivesse aparecido, Cade, eu ia
estragar tudo. Foder ela em cada buraco... — Ele estava quase rindo.

— Não dê ouvidos a ele, querido! Ele quer que você o mate. Será sua
vingança final. Você irá para a prisão. Vai arruinar sua vida.

— Ela está certa, filho, — disse Bull. Com o canto do olho, pude ver que
ele estava com Indy. Ela estava segura.

Mas Isaac, Tex, Irish, Freebird e Mirabella estavam todos mortos.

Jacob também.

Eu mexi a arma contra sua testa. — Nenhum tribunal do mundo


condenará um homem por assassinato – por matar o homem que ele pegou
estuprando sua namorada. — Meu dedo estava a um passo de puxar o
gatilho, e era apenas a voz de Indy entre mim e puxando-o. Eu não podia
suportar a ideia do que ele tinha feito com ela. À minha família e amigos.

— Ele não me estuprou, querido. Por favor, não faça isso. É o que ele
quer. Pense nisso, ele não quer ir para a prisão. Será um inferno para ele.

Pensei em Isaac morto na gaveta de aço inoxidável. Pensei em Irish com


seus miolos espalhados por toda a parede atrás dele. Pensei em Freebird
deitado inchado e preto em uma vala, e em Jacob tentando
desesperadamente colocar a cabeça de Mirabella no lugar enquanto ela
jazia morta em seus braços. Meu dedo coçou no gatilho.

— Mas ele estará vivo. E enquanto ele estiver vivo, ele tem mais do que
Isaac tem.

Elias olhou para mim, uma sugestão de sorriso em seu rosto, sangue
escorrendo de seus lábios. — Isso mesmo, Cade. Puxe o gatilho. Puxe o
gatilho, ou eu juro, um dia eu vou encontrar sua garota e vou arruiná-la...

— Cade...! — Indy chorou.

— Eu vou fodê-la. Comer a buceta dela...

Isso era tudo que eu precisava.

Meu dedo indicador apertou o gatilho e desta vez não hesitei.

— Coma isso, filho da puta….

E eu atirei nele.
Elias caiu de joelhos, uma mancha vermelha se espalhando pelo peito
do buraco de bala em seu corpo.

— Seu foda! — ele rosnou, agarrando seu peito enquanto caía de costas.

Eu pairava sobre ele, feliz por ele ainda estar consciente para que ele
ainda pudesse me ver apontando minha arma para seu coração.

— Isso é de Isaac. Ele diz foda-se.

E eu atirei nele de novo.


Cade

A espera para saber se o bebê ia ficar bem foi longa e tortuosa.


Sentimentos de alívio misturados com pânico. Indy ia ficar bem, mas havia
uma preocupação real em torno do bebê.

Sentindo-me impotente, fui com ela na parte de trás da ambulância,


segurando sua mão com força enquanto ela entrava e saía da consciência,
prometendo a ela que nunca deixaria nada acontecer com ela novamente.

Na minha cabeça, silenciosamente implorei ao meu bebê para viver.


Coloquei minha mão na barriga de Indy e desejei que nosso bebê ficasse,
prometendo a ele que eu seria o melhor pai que havia se ele apenas ficasse
por perto e me desse uma chance. Ele seria amado ferozmente, eu prometi.
Porque eu sabia que era meu filho crescendo dentro da minha esposa. Eu
sabia com o instinto de um pai que queria desesperadamente que seu bebê
nascesse.

— Quando você soube? — A voz rouca de Indy interrompeu minhas


orações.
Olhei para cima e vi que ela estava acordada, seus olhos sonolentos
focados em mim.

— Sobre o bebê?

Ela assentiu, e eu pude ver uma lágrima no canto do olho dela. Quando
ela piscou, ela se arrastou lentamente por sua bochecha.

— Encontrei o ultra-som, — eu disse.

Uma segunda lágrima seguiu a primeira.

— Eu ia te contar quando você voltasse de Kansas City. — Seu rosto se


contorceu e ela puxou os joelhos contra o peito, gemendo de dor. Ela se
abaixou e seus dedos desapareceram sob o cobertor. Quando
reapareceram, estavam encharcados de sangue.

Medo e dor giraram como um tornado dentro de mim.

— Pode ser manchas, — disse Indy para mim. Ela olhou para o
paramédico sentado ao lado dela para se tranquilizar.

— Pode ser, — respondeu o EMT com um aceno de cabeça.

Mas eu era uma porra de uma estrela do rock em ler as pessoas, e eu


podia ver que o paramédico não achava que estava detectando. O medo
enfiou uma estaca direto no meu coração. Indy estava perdendo o bebê.

— Sinto muito, anjo, — eu disse, resistindo à vontade de beijar seu


rosto. Ela estava queimada e machucada, e a fenda em seu lábio começou a
sangrar novamente. Cristo, eu me senti tão culpado pelo que aconteceu
com ela. E se nosso bebê morresse por causa disso...
— Oh, Deus, — Indy gemeu novamente e fechou os olhos quando outro
espasmo de dor tomou conta dela.

— Você não pode fazer alguma coisa? — Eu rosnei para o EMT.

— Nós demos a ela o que podemos, — disse ele, calmamente


verificando seus sinais vitais. — Em breve estaremos no hospital.

Indy apertou minha mão. — Vai ficar tudo bem, baby, — ela
murmurou.

Dei a ela o sorriso mais confiante que pude reunir. — Claro que vai, —
eu disse. Eu dei uma piscadela para ela, embora parecesse que meu mundo
estava prestes a entrar em colapso novamente. — Nosso menino é uma
mistura de você e eu. Ele é forte. Ele vai passar por isso.

— E se ele for ela? — Indy sorriu fracamente.

Passei meu polegar em sua bochecha. — Então meu coração está


perdido.
Indy

Dois dias depois, quando eu deveria ter alta do hospital, Cade apareceu
com um buquê de flores. Ele mal saiu do meu lado desde que fui
internado, só voltando para casa quando o horário de visita acabou e as
enfermeiras o expulsaram.

— Ei, linda, — disse ele, inclinando-se e beijando o topo da minha


cabeça. Ele não me beijou na boca porque meus lábios ainda estavam
cheios de hematomas e cortes.

— Mentiroso, — eu brinquei. — Eu vi meu reflexo.

Meu rosto estava uma bagunça. Dois olhos negros, um nariz quebrado.
Cortes. Contusões. Queimaduras.

A testa de Cade franziu. — Querida, sinto muito que isso tenha


acontecido com você.

Ao longo dos últimos dois dias, Cade saltou entre raiva, dor e remorso.
Quando ele descobriu que eu estava desaparecida, ele ficou louco. Ele se
sentiu sobrecarregado com o pensamento de me perder. E então, quando
ele descobriu sobre o bebê, ele ficou com medo de perder nós dois.

— Pare de se desculpar. Você salvou minha vida.

— Eu deveria tê-lo matado, — ele disse sombriamente, e pelo canto do


meu olho eu podia ver a contração de seus dedos enquanto eles se
fechavam em punhos ao seu lado.

Tivemos essa conversa algumas vezes nos últimos dois dias. Cade lutou
para não matar Elias. E eu sabia que a única razão pela qual ele não sabia
era por minha causa. Ele tinha deliberadamente apontado para longe de
seu coração. Os dois tiros foram feitos para infligir dor. Não a morte.

Estendi a mão para ele. — Eu não queria isso.

— Mas se ele sair da prisão como Travis…

— Ele matou sete pessoas e sequestrou uma oitava. Elias Knight vai
para a prisão pelo resto da vida.

Ele desviou o olhar e acenou com a cabeça, e eu pude ver o peso da


culpa em seus ombros enquanto ele pensava no último mês. Ele se culpava
por tudo que tinha acontecido — Isaac, Tex, Irish, Mirabella, Freebird, eu,
até mesmo Talia.

Mas acima de tudo, ele se culpava por me colocar bem no meio da mira
de Elias.
— Se eu não estivesse tão cego pela vingança, não teria me oferecido
para ir ao Kansas. Ele teria que ter ido e não teria tido a chance de
sequestrar você.

— Se você não tivesse se oferecido para ir, ele teria me matado. Ele me
disse isso. Se ele tivesse que sair, ele iria me matar antes de sair. Mas você
se ofereceu para ir, em vez disso. Isso deu a ele a ideia de brincar comigo,
em vez de me assassinar na hora como Mirabella. — Eu apertei sua mão. —
Você salvou minha vida, Cade.

Eu não estava acostumada com Cade parecendo nada além de forte e


confiante. Mas quando falamos sobre meu sequestro nas mãos de Elias, ele
parecia torturado.

Eu sorri para ele. — Está tudo bem agora. — Eu alisei minha mão sobre
minha barriga lisa e senti o calor do amor em meu coração quando pensei
no que o futuro reservava para nós. O sangramento havia parado e meu
médico me garantiu que a gravidez estava fora de perigo. Cade e eu
seríamos pais, e quando pensei nisso, meu coração transbordou com o
amor que sentia por ele e nosso bebê.

Por um momento, Cade não disse nada. Suas sobrancelhas estavam


franzidas e ele parecia momentaneamente perdido em seus pensamentos.

— Eu terminei, — ele finalmente disse.

Eu olhei para ele confuso. — Do que você está falando?

— Com o clube. — Ele olhou ao nosso redor. — Tudo isso.

— Você quer deixar o MC? — Eu perguntei, surpreso.


Ele olhou para mim, o azul brilhante de seus olhos aguçados com
determinação. — Eu vou consertar e podemos nos mudar. Califórnia,
talvez. Vamos comprar uma fazenda, diabos, vamos plantar uvas e fazer
vinho. Eu não dou a mínima. — Ele passou as mãos pelos meus braços. —
O que importa é que estamos juntos – você, eu e Bomb. — Cade tinha
apelidado nosso bebê, Bomb. Porque quando ele descobriu que eu estava
grávida, foi como uma bomba explodindo dentro dele, amplificando sua já
feroz necessidade de me encontrar.

— Eu sei que você nunca quis esta vida, — disse ele. — E eu tenho sido
um fodido egoísta fazendo você viver isso. Mas acabei, Indy. Faremos do
seu jeito. Vamos sair daqui, começar uma nova vida, criar Bomb e começar
a fazer mais bebês.

— E vinho, pelo que parece.

— O que você quiser, eu vou quebrar minhas costas dando a você.

Ele estava falando sério. Mas eu balancei minha cabeça.

— Baby, você não poderia durar cinco minutos fora do alcance do


Mississippi. — Eu puxei sua mão e sorri para ele gentilmente. — Não é isso
que você quer. E também não é o que eu quero.

Ele pareceu surpreso. — Não é?

— Não. Eu o deixei para trás uma vez antes, e quando voltei, percebi o
quanto o MC corria em minhas veias. Eles são nossa família. Nós
pertencemos aqui. — Esfreguei minhas mãos sobre minha barriga. — Além
disso, não quero que este perca todos esses tios e tias.
Cade sorriu e se inclinou para me beijar. Pela primeira vez em dias, ele
embalou meu rosto entre suas mãos grandes e pressionou seus lábios nos
meus, exalando profundamente enquanto sua língua entrava na minha
boca. A picada do meu lábio cortado me fez estremecer e ele se afastou.

— Sinto muito, — ele sussurrou, deixando cair sua testa na minha.

Eu sorri para ele. — Você vai parar de se desculpar e me beijar de novo?

Os olhos de Cade brilharam para mim quando ele abaixou a cabeça e


fez exatamente isso.

Fim
Sobre a Autora

Penny Dee escreve romances contemporâneos sobre rockstars, motociclistas,


jogadores de hóquei e todos os outros. Ela acredita que o amor verdadeiro nunca
funciona bem, e seus personagens percebem isso também, com um monte de drama e
muito vapor.

Ela a encontrou feliz para sempre na Austrália, onde mora com o marido, a filha e
um cachorro chamado Bindi.

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