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Caso
estudo de
caso
Os Profetas e o Culto
[...] o culto a Iahweh na monarquia era altamente variado. Era prestado nos santuários oficiais
de Jerusalém, Betel e Dã, nos santuários do período antigo separados por veneráveis tradições
e em muitos pequenos santuários locais. Revestia-se de muitas formas. Era um culto de Estado,
oficial, que celebrava não apenas os eventos cultuais comuns, mas também eventos especiais
da vida de Estado, tais como a investidura de um rei (cf. Sl 2, 72, 101, 110), ou as orações, ação
de graças ou lamentações que acompanhavam a guerra. [...] Era um assunto que dizia respeito a
toda população, como por ocasião de um dia de lamentação ou de arrependimento proclama-
do num tempo de angústia (cf. Jr. 36.9). Era o ato cultual dos habitantes de uma aldeia, quando
julgavam que necessitavam oferecer um sacrifício. [...] Era uma festa de um clã ou família. [...] ou
o ato de uma única pessoa que desejava oferecer suas petições ou ação de graças perante Deus
ou obter um oráculo…
O culto servia para cultivar a comunhão entre Iahweh e Israel como povo de Iahweh. [...] Podemos
resumir dizendo que o culto tinha a intenção de promover o reconhecimento da soberania de
Deus e fortalecer e aprofundar a comunhão com Deus.
Pensava-se que o Templo era uma cópia terrena do palácio celestial de Iahweh e sua sede oficial
como “rei”, como uma porção da terra sobre a qual ele reinava e que tinha concedido a Israel, e
como o santuário de Estado oficial para todo Israel e, mais tarde, para Judá, no qual Iahweh ha-
bitava, porque ali, no culto, ele manifestava a sua presença... No curso do tempo, o Templo deu a
Jerusalém o prestígio de ser residência e a cidade de Deus, o lugar do culto e a cidade do Templo
(FOHRER, 2006, p. 259-260)1 .
1
FOHRER, Georg. História da Religião de Israel. São Paulo: Academia Cristã, 2006, p. 259-260.
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O templo, onde se realizava o culto, era frequentemente o lugar utilizado pelos profetas para
proferir suas mensagens. No caso de Amós era principalmente lugar de denúncia da corrup-
ção que tinha no culto sua sacralização. Conforme o profeta, o ritual não substitui a prática
da justiça, ao contrário, ele somente possui validade em um contexto de justiça e juízo.
Os profetas denunciavam o culto dissociado dos outros ensinos da lei que conduziam a
uma vida correta, tanto em relação a Deus como em relação ao próximo. O culto sem a vi-
vência da justiça era idolatria, porque não se referia ao Deus verdadeiro. O ritual sozinho não
possui sentido para Deus. Ele somente cumpre seu papel quando é a manifestação celebra-
tiva do seu povo em reconhecimento às suas obras no mundo, e obras de justiça. O culto
em um ambiente de egoísmo e corrupção é meio de manipulação das pessoas e de abor-
recimento de Deus, e não sua alegria.
Enquanto o profeta Amós denunciou o culto de Israel (Reino do Norte), o profeta Isaías fez
essa acusação em relação ao culto de Judá (Reino do Sul). Ele proclamou que Deus estava
cansado das ofertas, das festas e das celebrações que realizavam a ele. O culto que lhe de-
dicavam não provinha de um conhecimento de Deus. Para Deus, o culto é santo quando
oferecido por um povo santo e não o contrário. O que Deus ordena ao povo é que deixe de
ser mau e passe a ser bom. Deixe de ser corrupto e passe a ser justo. Se Israel assim o fizer e
quando o fizer, Deus será verdadeiramente adorado, não somente por Israel, mas por todos
os povos que testemunham essas obras.
O quadro descrito pelos profetas parece anunciar muito mais os tempos finais, em que
haverá o culto perfeito a Deus, marcado pela paz e justiça entre os homens, fruto do co-
nhecimento de Deus e da imensa alegria que ele produz no coração humano. Também é
ao culto dentro do contexto e da realidade histórica nossa. O culto do povo de Deus é sua
principal maneira de se manifestar como tal no mundo, é sua epifania.
Ageu, profeta do retorno do exílio babilônico, também pronunciou acerca do templo.
Para ele, a existência do templo era sinal da presença e bênção de Deus no meio do povo.
Certamente há um conteúdo escatológico na mensagem histórica de Ageu. O povo que
voltou do exílio deveria reconstruir o templo, mas protelava essa missão. As razões eram di-
versas. Parece, no entanto, que a principal delas era o fato de se ocuparem com suas próprias
moradias e não com a moradia de Deus. O profeta denunciou isso e proclama juízo sobre
esse comportamento. Ao mesmo tempo faz a chamada ao povo para se ocupar da “Casa do
Senhor”. Há também um conteúdo messiânico, pois o templo era sinal da presença de Deus.
Deus presente era sinal de cumprimento de suas promessas.
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Mestrado em Teologia e Práxis pela FAJE - Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (2008), Mestrado em Missiologia
pela FTSA (2001), Especialização em História e Cultura Afro-brasileira e Indígena (em conclusão) e graduada em Teologia.
Professora de Teologia Sistemática, Teologia Latino-americana e História e Cultura Afro-brasileira e Indígena.