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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO CARLOS PIRES DE CARVALHO, liberado nos autos em 05/08/2020 às 21:17 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0004501-94.2011.8.06.0122 e código 7027C99.
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E ELEI TORAI S

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA
COMARCA DE MAURITI – ESTADO DO CEARÁ

REQUERIMENTO DE JUNTADA DAS RAZÕES DO RECURSO EM


SENTIDO ESTRITO AOS AUTOS
PROCESSO NO 4501-94.2011
AÇÃO: PENAL: ART. 121 – CÓDIGO PENAL BRASILEIRO
AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RÉU: FRANCISCO AURELIANO ALVES DE QUEIROZ
MAURITI – CEARÁ

FRANCISCO AURELIANO ALVES DE


QUEIROZ, já qualificado nos autos do Processo em epígrafe, por
intermédio de seu Advogado legalmente constituído que a esta
subscreve, vem ante à respeitável presença de Vossa Excelência
apresentar as RAZÕES AO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
interposto, solicitando, por oportuno, sua juntada aos autos, bem como
após o trâmite processual cabível a remessa do processado ao
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ para fins de
apreciação da peça recursal apresentada.
São Termos em que
P. Deferimento.
Mauriti, 15 de março de 2.021.

FRANCISCO NARDELI MACEDO CAMPOS


Advogado – OAB-CE 17015
CONDOMÍ NI O JARDI NS BURI TI
BAI RRO BELA VI STA
63210- 000 – MAURI TI – CEARÁ
FONES: ( 88) 9 9920 7879 E ( 88) 9 9825 3752( WATSAPP)
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EXCELENTÍSSIMOS SENHORES DESEMBARGADORES MEMBROS
DE UMA DAS CÂMARAS CRIMINAIS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DO ESTADO DO CEARÁ

RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO


PROCESSO NO 4501-94.2011
AÇÃO: PENAL: ART. 121 – CÓDIGO PENAL BRASILEIRO
AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RÉU: FRANCISCO AURELIANO ALVES DE QUEIROZ
MAURITI – CEARÁ

FRANCISCO AURELIANO ALVES DE


QUEIROZ, já qualificado nos autos do Processo em epígrafe, por
intermédio de seu DEFENSOR DATIVO que a esta subscreve, vem
ante à respeitável presença de Vossa Excelência, em sede de RECURSO
EM SENTIDO ESTRITO, expor e requerer o seguinte:
O Recorrente foi denunciado pelo Ministério
Público como incurso nas penas do Art. 121, parágrafo 2º, Incisos II e
III do Código Penal, tendo como vítima TIAGO OLIVEIRA DA SILVA,
uma vez que teria, mediante uso de arma branca ceifado a vida da
vítima, no Bairro Populares, nesta cidade, em 4.1.2011.
O feito teve regular tramitação, tendo o
Magistrado pronunciado o recorrente nos termos da denúncia.

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BAI RRO BELA VI STA
63210- 000 – MAURI TI – CEARÁ
FONES: ( 88) 9 9920 7879 E ( 88) 9 9825 3752( WATSAPP)
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Irresignado com o decisum monocrático
exarado nos autos, aforou o RECURSO EM SENTIDO ESTRITO cujas
razões são aduzidas nos seguintes termos:
Analisando-se com acuidade as provas
carreadas para os autos, tem-se que o crime elencado na peça
vestibular deve ser desclassificado para o disposto no Art. 121 do
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO.
Ficou confirmado pela instrução processual que
FRANCISCO AURELIANO ALVES DE QUEIROZ, “Aurélio de Cidão”,
discutira com TIAGO OLIVEIRA DA SILVA, o qual danificara uma
moto de propriedade do acusado, os ânimos se acirraram, resultando no
crime analisado nos autos.
Entende a defesa a inexistência da
qualificadora do motivo fútil.
A doutrina e a Jurisprudência informaram que
o motivo fútil se constitui uma situação que existindo não justifica a
prática de um crime, seria um motivo desproporcional, desarrazoado
para justificar a prática de um crime.
No caso dos autos, o recorrente é uma pessoa
desprovida de recursos, que milita na agricultura, sendo lógico dizer
que sua motocicleta é o único bem de que dispunha, a qual em sendo
danificada representa um fato de suma importância, uma vez que
dificilmente teria condições financeiras para sanar o dano o sofrido em
seu veículo.
Embora de um modo geral a amassadura de um
tanque de uma moto seja de sem importância para a média dos
brasileiros, o mesmo não ocorre com a população de baixa renda, onde
muitas vezes uma pessoa de sem recursos trabalha uma vida todinha
apenas para adquirir um veículo motocicleta.
A motocicleta era utilizada pelo acusado como
meio de vida, uma vez que fazia pequenas viagens, pagas, com o referido
veículo.
Desta forma, tem-se, Srs. Juízes de Segundo
Grau, que o motivo não pode ser considerado fútil, uma vez que o veículo
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automotor do acusado tinha uma importância fundamental para ele, em
face do dispêndio de tempo para adquirir o veículo, bem como pelo fato
de o utiliza como meio de vida.
Ademais tem entendido os Tribunais que a
existência de discussão entre acusado e vítima antes da prática
delituosa por si só exclui a futilidade do elenco de circunstâncias
qualificadoras.
Eis o posicionamento de nossos tribunais:
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ TJ-
PR - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO:
RSE 15864605 PR 1586460-5 (ACÓRDÃO)
DECISÃO: ACORDAM os Desembargadores
integrantes da PRIMEIRA CÂMARA
CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DO PARANÁ, por unanimidade de
votos, em dar provimento ao recurso para
afastar a qualificadora do motivo fútil,
pronunciando-se o réu nos termos do
art. 121, caput, c/c o art. 14, inc. II,
ambos do Código Penal. EMENTA: RECURSO
EM SENTIDO ESTRITO. PRONÚNCIA.
TENTATIVA DE HOMICÍDIO
QUALIFICADO POR MOTIVO FÚTIL. MOTE
DESCRITO NA PEÇA EXORDIAL QUE NÃO
SE APRESENTA FÚTIL OU FRÍVOLO.
AUSÊNCIA DE CORRELAÇÃO ENTRE A
DESCRIÇÃO DA DENÚNCIA ADITADA E A
MOTIVAÇÃO DA DECISÃO DE
PRONÚNCIA. AINDA, EXISTÊNCIA DE
PRÉVIA DISCUSSÃO ENTRE RÉU E
VÍTIMA. AFASTAMENTO DA
QUALIFICADORA. RECURSO PROVIDO.

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Inexistiu, do ponto-de-vista da defesa, a
futilidade no evento criminoso onde restou sem vida TIAGO OLIVEIRA
DA SILVA.
Por outro da simples leitura da Sentença de
Pronúncia, tem-se que o Magistrado Sentenciante não demonstrou como
chegou a conclusão, amparado nas provas constantes dos autos, por que
manteve a qualificadora da crueldade, haja vista que dizer que tal
qualificadora deve ser mantida em face do número de lesões não
encontra fulcro na legislação, nem na doutrina e jurisprudência pátria.
Impõe-se, portanto, a exclusão da qualificadora
do motivo cruel.
Por último, convém esclarecer que ao arbitrar
honorários advocatícios ao Defensor Dativo, o Magistrado
simplesmente desprezou o trabalho do Advogado nomeado, uma vez que
nomeado para apresentar Alegações Finais nos autos, lhe foi arbitrada
a quantia de R$ 500,00 pela prestação do serviço, valor ínfimo pelo
trabalho desempenhado.
Impõe-se, Srs. Desembargadores, a majoração
do valor arbitrado a título de honorários devidos ao Defensor Dativo
em face das Alegações Finais apresentadas, uma vez que a quantia
arbitrada é irrisória trazendo desprestígio ao exercício da profissão.
ISTO POSTO
Requer que Vossas Excelências
DESCLASSIFIQUEM o delito de que trata a denúncia para o disposto
no Art. 121, caput do Código Penal Brasileiro, submetendo o réu
FRANCISCO AURELIANO ALVES DE QUEIROZ ao Tribunal dos
Homens Livres ocasião em que demonstrará sua versão para os fatos
analisados nos autos, devendo ser declarado ABSOLVIDO pelo
Conselho de Sentença.
Requer que Vossas Excelências majorem o valor
arbitrado a título de honorários ao defensor dativo, uma vez que o valor
constante da sentença é irrisório para o exercício do trabalho de um
operador do direito.

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Requer que Vossa Excelência, nos termos do
Art. 22, parágrafo 1º da Lei NO 8.906, de 6 de julho de 1.994, arbitre
em favor do subscritor honorários advocatícios em face da atuação
recursal.
São Termos em que
P. Deferimento.
Mauriti, 15 de março de 2.021.

FRANCISCO NARDELI MACEDO CAMPOS


Defensor Dativo - Advogado – OAB-CE 17015

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FONES: ( 88) 9 9920 7879 E ( 88) 9 9825 3752( WATSAPP)
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Promotoria de Justiça de Mauriti

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE


MAURITI/CE,

Processo nº 0004501-94.2011.8.06.0122
Nº MP 08.2021.00046666-0
Recorrente: Francisco Aureliano Alves de Queiroz
Recorrido: Ministério Público do Ceará
VÍTIMA: TIAGO OLIVEIRA DA SILVA

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ, através de seu


representante legal, em exercício na Promotoria de Justiça da Comarca de Mauriti/CE, in
fine assinado, no uso de suas atribuições legais, com o devido e merecido respeito que V.
Exa. detém, vem apresentar CONTRA-RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO
ESTRITO interposto por FRANCISCO AURELIANO ALVES DE QUEIROZ, já
devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, em razão dos fatos e
fundamentos adiante aduzidos, requerendo o seu devido processamento.

Mauriti, 26 de maio de 2021.

Leonardo Marinho de Carvalho Chaves


Promotor de Justiça (Respondendo)

Promotoria de Justiça de Mauriti


Rua Cap. Miguel Dantas, 1000, Fórum Desembargador Aurino Augus, Centro, Mauriti-CE - CEP 63210-000
Telefone: (88) 3552-1431, E-mail: prom.mauriti@mpce.mp.br
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Promotoria de Justiça de Mauriti

EGRÉGIA CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO


DO CEARÁ,

CONTRA-RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Processo nº 0004501-94.2011.8.06.0122
Nº MP 08.2021.00046666-0
Recorrente: Francisco Aureliano Alves de Queiroz
Recorrido: Ministério Público do Ceará
VÍTIMA: TIAGO OLIVEIRA DA SILVA
Infração: Art. 121, § 2º, II e IV do Código Penal

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ,


COLENDA CÂMARA CRIMINAL,

I – DO RELATÓRIO

Em Contrarrazões de Recurso em Sentido Estrito, no processo-crime que a


Justiça Pública move contra FRANCISCO AURELIANO ALVES DE QUEIROZ,
pronunciado no incurso das penas do Art. 121, § 2º, incisos II e IV do CP, através da
decisão de fls. 220/224, destes autos:
Conforme se depreende dos autos, que no dia 04/01/2011, por volta das
02h00min, em um terreno baldio, bairro bela vista, em Mauriti/CE, o réu, com
manifesta intenção homicida, utilizando-se de uma faca, matou a vítima TIAGO
OLIVEIRA DA SILVA, com 12 (doze) perfurações em região torácica, acarretando

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fls. 260

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os ferimentos descritos no Laudo Pericial Cadavérico de fls. 31/32, motivo da morte


da vítima.
Colheu-se das provas dos autos que o acusado agiu por motivo fútil, posto
que a vítima e o acusado teriam discutido em momento anterior ao crime. Ademais,
demostrando que o acusado agiu por meio cruel, causando sofrimento desnecessário,
pois desferiu 12 (doze) golpes de faca em região do tórax e costas da vítima
Em juízo, a defesa do acusado arguiu insuficiência de provas e absolvição
sumária.
Inquérito Policial, acostado aos autos às fl. 05/38
Recebimento da denúncia em data de 16/12/2011, às fl 64.
Reposta escrita à acusação fls. 75/80.
Alegações Finais da acusação às fl. 193/195
Alegações Finais da defesa às fl.215/218.
Sentença de pronúncia às fls. 220/224
Irresignado, o recorrente, tal como seu advogado, intimados, apresentou
razões, aonde pugna pela exclusão das qualificadoras e desclassificar o delito para
homicídio simples.
Desde já, devemos salientar que o raciocínio do recorrente não encontra razão
na prova produzida nos autos. A existência material do fato atribuído ao acusado restou
sobejamente provada em face do já mencionado Laudo Pericial Cadavérico de fl. 31/32 e
demais elementos probatório, sendo despiciendas outras ponderações neste aspecto.
A autoria, necessária para a demonstração do nexo causal, também é certa e
segura, pois foi confessada pelo réu e confirmada pelo depoimento das testemunhas e
informantes.
É inconteste a configuração da qualificadora do motivo fútil, posto que as
testemunhas ouvidas em juízo afirmaram que a vítima e o acusado teriam discutido em
momento anterior ao crime, em razão de TIAGO OLIVEIRA DA SILVA ter amassado o
tanque da motocicleta do acusado. Frisa-se ainda que, segundo provas colhidas nos autos,
vítima e acusado eram amigos e mantinham bom relacionamento, inclusive de saírem

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fls. 261

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para beber juntos.


Do mesmo modo, não há dúvidas de o acusado utilizou-se de meio cruel, pois
restou evidenciado pela violência e o número de golpes de faca desferidos e espalhados
por tudo corpo, sendo 12 (doze) perfurações em tórax e costas, tal como se observa do
exame corpo de delito cadavérico de fls. 31/32.
A sentença de pronúncia está devidamente fundamentada nos indícios
produzidos nos autos. Diante disso, cabe manter a pronúncia, a fim de ser o réu
submetido a julgamento por seus pares, não sendo possível cogitar da almejada exclusão
de qualificadoras e reconhecimento imediato da legítima defesa, como pretende a douta
defesa no recurso, posto que sufragaria a competência do Júri Popular, além do que nesta
fase incide o brocardo in dubio pro societate.
Neste sentido: "A eventual dúvida nesta fase se resolve pela admissibilidade
da acusação, que se contenta com mera suspeita e não exige juízo de certeza, sendo
inaplicável nesta fase processual o princípio do "in dúbio pro reo"" (RT 741/670).
Vê-se, à saciedade, que o acusado violou preceitos proibitivos da
legislação penal, sendo de rigor a sua submissão ao jugo popular.
Diante do expendido, espera este Representante do Ministério Público,
conhecendo essa Alta Corte do presente recurso, venha negar-lhe provimento, por
ser o mesmo improcedente à míngua de amparo legal, confirmando essa Egrégia
Câmara Criminal a sentença prolatada pelo insigne Juiz “a quo”, uma vez que fulcrada
no bom Direito.

Confia Deferimento.
Mauriti, 26 de maio de 2021.

Leonardo Marinho de Carvalho Chaves


Promotor de Justiça (Respondendo)

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fls. 268

28ª Procuradoria de Justiça


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Recurso em Sentido Estrito nº 0004501-94.2011.8.06.0122

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3ª CÂMARA CRIMINAL
Processo nº 0004501-94.2011.8.06.0122 – Recurso em Sentido Estrito
Vara de Origem: Vara Única da Comarca de Mauriti
Recorrente: Francisco Aureliano Alves de Queiroz
Recorrido: Ministério Público do Estado do Ceará
Relator: Des. Henrique Jorge Holanda Silveira

EMENTA: PRONÚNCIA. HOMICÍDIO QUALIFICADO (ART. 121, §2º,


II E III, DO CPB). 1) PLEITO REQUERENDO O AFASTAMENTO
DAS QUALIFICADORAS. IMPOSSIBILIDADE. PELO TEOR DOS
DEPOIMENTOS TESTEMUNHAIS E LAUDO CADAVÉRICO HÁ
INDÍCIOS QUE O RÉU TENHA MATADO A VÍTIMA AGINDO COM
MOTIVO FÚTIL E POR MEIO CRUEL (EXECUÇÃO POR MEIO DE 12
FACADAS). PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO
SOCIETATE (ART. 413 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL); 2) DO
PEDIDO DE MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS DE DEFENSOR
DATIVO. QUESTÃO MERAMENTE PATRIMONIAL. INTERESSES
PARTICULARES DISPONÍVEIS. DESNECESSIDADE DA
INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PARECER PELO
CONHECIMENTO E IMPROVIMENTO DO RECURSO, QUANTO
AO PLEITO DE AFASTAMENTO DAS QUALIFICADORAS, E
PELA DESNECESSIDADE DE INTERVENÇÃO DO PARQUET
QUANTO AO PLEITO DE MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIO.

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará,


Colenda Câmara Criminal,

I RELATÓRIO

Tem-se, em análise, autos de Recurso em Sentido Estrito interposto por


Francisco Aureliano Alves de Queiroz, vulgo "AURÉLIO DE CIDÃO", contra a decisão
proferida pelo juízo da Vara Única da Comarca de Mauriti, radicada às fls. 220/224, que o
pronunciou como incurso, em tese, no art. 121, §2°, II e III, do CPB.

Foi apresentada denúncia, nos seguintes termos (fls. 02/04):

28ª Procuradoria de Justiça


Rua Assunção, 1100, José Bonifácio, Fortaleza-CE - CEP 60050-011
Nº MP: 08.2021.00172817-4
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FRANCISCO OSIETE CAVALCANTE FILHO e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/07/2021 às 14:12 , sob o número TJCE21012762742.
fls. 269

28ª Procuradoria de Justiça


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Recurso em Sentido Estrito nº 0004501-94.2011.8.06.0122

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"Noticiam os inclusos autos de Inquérito Policial que no dia 04/01/2011,
aproximadamente as 2h, no bairro da Bela Vista, em um terreno baldio localizado
nas proximidades da Rua 04, Comarca de Mauriti, o agente supra apontado,
FRANCISCO AURELIANO ALVES DE QUEIROZ "AURÉLIO DE CIDÃO",
com manifesta intenção homicida, utilizando-se objeto pérfuro-cortante (faca),
efetuou golpes contra TIAGO OLIVEIRA DA SILVA, atingido a região torácica,
provocando-lhe, em conseqüência, os graves ferimentos que foram a causa
suficiente de sua morte.
Apurou-se que no dia em questão populares que residem nas proximidades
do local do crime ouviram um barulho estranho, logo após, algumas pessoas
saíram de suas residências e encontraram a vítima, quase sem vida, ferida com
vários golpes de faca, de acordo com a perícia 12 (doze) ações penetrantes com o
instrumento, que até o presente momento não foi apreendido.
Conforme as investigações, a vítima, na noite do crime, saiu com o acusado,
como fazia costumeiramente, e houve uma discussão que fez com que esta
amassasse o tanque da moto do denunciado, o que o irritou e foi o motivo pelo
qual desferiu os vários golpes de faca, que foram suficientes para consumação do
resultado morte.
Muito embora o acusado tenha negado a prática delituosa, as provas são
robustas contra este, primeiramente, logo após o cometimento do delito o acusado
foi a residência de Marcelo da Silva, próximo ao local do crime, altamente
nervoso dizendo que havia acabado de brigar com alguém por ter amassado o
tanque de sua motocicleta e o chamou para beberem, mas o depoente não aceitou.
Após o fato, o acusado tomou rumo ignorado por um longo período de
tempo, não atendendo sequer as notificações da autoridade policial, até ser preso
preventivamente, momento em que confirmou perante 02 policiais militares que
realmente praticou o crime e o motivo teria sido a discussão em torno do dano ao
tanque da motocicleta. Apenas depois de sua prisão, já na presença de seu
advogado, o acusado trouxe aos autos a versão de negativa de autoria.
A qualificadora do motivo fútil resta devidamente configurada devido ao fato
de a morte ter como causa unicamente o fato de a vítima ter danificado o tanque
da motocicleta do acusado, restando patente a desproporção entre os bens
jurídicos de lado o patrimônio e do outro a vida humana.
A materialidade delitiva acha-se devidamente caracterizada pelo laudo
cadavérico de fl.27/28.
A autoria mostra-se-nos indubitavelmente evidenciada pelas circunstâncias
acima relatadas. Vale destacar que o réu confessou a prática do crime na
presença de policiais militares."

Percorrida toda a formação probatória, o réu Francisco Aureliano Alves de


Queiroz foi pronunciado pelo delito capitulado no art. 121, §2º, II e III, do CPB. (fls.
220/224).

A Defesa manejou recurso contra o decreto de pronúncia, com razões às fls.

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fls. 270

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Recurso em Sentido Estrito nº 0004501-94.2011.8.06.0122

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250/255, onde pleiteou o afastamento das qualificadoras e a majoração dos honorários de
defensor dativo.

Chamado às Contrarrazões, o órgão ministerial de origem se manifestou pela


total preservação da decisão (fls. 259/261).

Ausente o juízo de retratação do magistrado de primeiro grau.

Em seguida, aportaram os autos nesta Procuradoria-Geral de Justiça para


emissão de Parecer.

É o relatório. Segue a manifestação.

II FUNDAMENTAÇÃO

Inicialmente, chamo atenção para o fato de que o magistrado não realizou o


juízo de retração do presente Recurso em Sentido estrito, limitando-se a remeter os autos ao
Tribunal.

Todavia, esclareço que há jurisprudência desta Corte de Justiça Alencarina, no


sentido de que a ausência de tal juízo de retratação seria mera irregularidade:

PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO EM FACE


DA DECISÃO DE PRONÚNCIA DO RÉU. HOMICÍDIO QUALIFICADO (ART.
121, INC. I, III e IV, CP). PLEITO DE AFASTAMENTO DAS
QUALIFICADORAS. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PROVA DO
DESCABIMENTO MANIFESTO DAS CIRCUNSTÂNCIAS QUALIFICADORAS
IMPUTADAS AO RÉU. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 03 DO TJCE.
COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL POPULAR DO JÚRI. AUSÊNCIA DE JUÍZO
DE RETRATAÇÃO, ART. 589 DO CPP. MERA IRREGULARIDADE.
NULIDADE. ANÁLISE EX OFFICIO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA
DECISÃO DE PRONÚNCIA QUANTO À INCIDÊNCIA DAS
QUALIFICADORAS. OFENSA AO ART. 93, IX, DA CF E ART. 413, §1º, DO
CPP. NULIDADE PARCIAL DA DECISÃO DE PRONÚNCIA. Recurso conhecido
e desprovido, porém reconhecida ex officio nulidade parcial da decisão

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fls. 271

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Recurso em Sentido Estrito nº 0004501-94.2011.8.06.0122

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pronunciatória no que pertine à ausência de fundamentação acerca das
circunstâncias qualificadoras do delito, devendo os autos retornarem ao juízo de
origem para reforma da referida decisão. 1. O recorrente limita-se a requerer o
afastamento das qualificadoras capituladas no art. 121, § 2º, I, III e IV, do CP.
Sabe-se que para o acolhimento deste pleito é imperioso prova cabal e
convincente da sua desvinculação com o fato considerado criminoso. Nesta fase, a
dúvida soluciona-se a favor da sociedade, não em favor do réu como pretende o
recorrente. Incide, portanto, a súmula nº 03 deste eg. Tribunal de Justiça, in
verbis: "As circunstâncias qualificadoras constantes da peça acusatória somente
serão excluídas da pronúncia quando manifestamente improcedentes, em face do
princípio do in dubio pro societate". 2. Em relação ao despacho do Juízo de
primeiro grau nos termos do art. 589 do CPP, observa-se da análise dos autos a
sua ausência. No entanto, majoritário é o entendimento de que se trata de mera
irregularidade, não acarretando nulidade processual, em virtude do princípio
pas de nullité san grief. 3. Na decisão de pronúncia é necessário que sejam
apontadas concretamente, ainda que de forma resumida, as circunstâncias que
justificam a qualificação do crime, devendo constar fundamentação mínima que
forneça subsídio ao decisum, sob pena de ofensa ao art. 93, IX, da Constituição
Federal e art. 413, §1º do Código de Processo Penal. 4. Assim sendo, impertinente
é a pretensão recursal formulada de afastamento das qualificadoras. No entanto,
ex officio, é medida que se impõe o reconhecimento da nulidade parcial na
decisão de pronúncia do réu no que diz respeito à ausência de fundamentação da
aplicação das qualificadoras imputadas ao acusado. 5. Recurso em Sentido
Estrito conhecido, porém, DESPROVIDO. Ex officio, diante da ausência de
fundamentação, ainda que sucinta, no decisum vergastado acerca das
qualificadoras do delito, declara-se nula parcialmente a decisão de pronúncia –
constante às fls. 149/152, no que pertine à ausência de fundamentação acerca da
aplicação/cabimento das qualificadoras do delito, devendo os autos retornarem
ao juízo de origem para reforma da referida decisão neste ponto. -
0000146-72.2018.8.06.0000 - Classe/Assunto: Recurso em Sentido Estrito /
Homicídio Qualificado - Relator(a): SÉRGIO LUIZ ARRUDA PARENTE -

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fls. 272

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Recurso em Sentido Estrito nº 0004501-94.2011.8.06.0122

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Comarca: Crato - Órgão julgador: 2ª Câmara Criminal - Data do julgamento:
20/03/2019 - Data de publicação: 21/03/2019 (realces nossos)

PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.


HOMICÍDIO QUALIFICADO. AUSÊNCIA DE JUÍZO DE RETRATAÇÃO.
MERA IRREGULARIDADE. 01. Cumpre ressaltar que, conforme noticiado pela
Procuradoria Geral de Justiça, o magistrado de piso à fl. 815, manifestou-se
apenas ordenando a remessa dos autos a este Tribunal de Justiça, não se
pronunciando acerca de seu juízo de retratação. 02. Entretanto, nos termos da
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não configura hipótese de
nulidade, mas apenas mera irregularidade, a decisão do juízo de 1º grau que
recebe recurso em sentido estrito e se limita apenas a determinar a remessa dos
autos à instância ad quem, nada mencionando, em juízo de retratação, acerca
da reforma ou manutenção da decisão. 03. Ressalto ainda que a ausência de
manifestação ministerial sobre o mérito do presente recurso não obsta seu
julgamento, notadamente porque tal manifestação foi devidamente oportunizada,
ocasião em que o parquet limitou-se a opinar sobre o já superado juízo de
retratação. Ademais, tenho que a ausência de exame do mérito não causará
prejuízo nenhum à parte e saliento que, querendo, pode o representante do
Ministério Público manifestar-se na sessão de julgamento. (...) 07. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. - 0002239-87.2000.8.06.0113 - Classe/Assunto:
Recurso em Sentido Estrito / Homicídio Qualificado - Relator(a): MÁRIO
PARENTE TEÓFILO NETO - Comarca: Jucás - Órgão julgador: 1ª Câmara
Criminal - Data do julgamento: 25/09/2018 - Data de publicação: 25/09/2018
(realces nossos)

Sendo assim, seguiremos para a análise do recurso.

Observado que o recurso é cabível à espécie e atende aos seus pressupostos de


admissibilidade e tempestividade, tendo o Recorrente legitimidade e interesse para recorrer,
impõe-se, pois, o conhecimento do presente Recurso em Sentido Estrito.

Do exame percuciente dos autos, bem assim a partir das informações contidas
nas razões e contrarrazões recursais, chega-se à conclusão lógica que o recurso não merece
provimento.

1) DO PEDIDO DE AFASTAMENTO DAS QUALIFICADORAS

Como cediço, a decisão de pronúncia limita-se a um juízo de admissibilidade


da acusação, sendo bastante a verificação de indícios suficientes de autoria e materialidade do

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fls. 273

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Recurso em Sentido Estrito nº 0004501-94.2011.8.06.0122

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fato, devendo o magistrado evitar o aprofundamento na perquirição da prova até então
produzida, para preservar, por conseguinte, a imparcialidade dos jurados na formação do
veredicto.

Vigora nessa fase processual, assim, o Princípio do in dubio pro societate em


detrimento do Princípio do in dubio pro reo, cabendo tão somente ao Tribunal do Júri a
averiguação mais abalizada do quadro probatório, a fim de dirimir eventuais dúvidas
existentes acerca do elemento subjetivo do delito, posto que é ele o juiz natural para o
julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

No mesmo pensar é o escólio do jurista Guilherme de Souza Nucci, in Manual


de Processo Penal e Execução Penal, 8ª edição, editora RT, fl. 742, nos ensina que:
"(...) os requisitos para pronúncia demanda-se a prova da existência do fato
descrito como crime e indícios suficientes de autoria ou participação. A existência
do fato criminoso é a materialidade, ou seja a certeza de que ocorreu uma
infração penal, em tese. Atinge-se essa certeza, no contexto dos delitos contra a
vida, como regra, através do laudo pericial, demonstrando a ocorrência da morte
(homicídio, aborto, infanticídio, participação em suicídio) (...)".

Transcreve-se, ainda, doutrina de Eugênio Pacelli de Oliveira:


"Não se pode perder de vista que a competência para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida é do Tribunal do Júri, conforme exigência e garantia
constitucional. Por isso, só excepcionalmente é que tal competência poderá ser
afastada. Na fase de pronúncia, o que se faz é unicamente o encaminhamento
regular do processo ao órgão jurisdicional competente, pela inexistência das
hipóteses de absolvição sumária e de desclassificação". (Curso de Processo
Penal. 15. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 715)

Corroborando o posicionamento expendido, segue jurisprudência do Superior


Tribunal de Justiça e desse Tribunal de Justiça do Estado do Ceará:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. PRONÚNCIA. INDÍCIOS DE AUTORIA E PROVA DA
MATERIALIDADE. RECONHECIMENTO. IN DUBIO PRO SOCIETATE. I - O
procedimento de julgamento dos crimes dolosos contra a vida possui regramento
próprio e as suas peculiaridades não autorizam que o juiz, ao decidir pela
submissão ou não do réu ao Tribunal popular, ultrapasse os limites impostos
pelo art. 413, § 1º, do Código de Processo Penal. Havendo indícios de autoria e

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fls. 274

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prova da materialidade delitiva, resta justificada a decisão de pronunciar o réu,
em observância ao princípio in dubio pro societate, que vige nesta fase
(precedentes). Agravo regimental desprovido. (STJ. AgRg no AREsp
683.784/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
06/12/2016, DJe 14/12/2016) (realces nossos)

PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. ART. 121,


§2º, I, DO CÓDIGO PENAL. SENTENÇA DE PRONÚNCIA. 1. PLEITO DE
DESPRONÚNCIA. TESE DE AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA OU
PARTICIPAÇÃO DELITIVAS. DESCABIMENTO. INDICAÇÃO DE
INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA. JUÍZO MERITÓRIO QUE DEVE
SER EXERCIDO PELO CONSELHO DE SENTENÇA. IN DUBIO PRO
SOCIETATE. 2. PLEITO SUBSIDIÁRIO DE DECOTE DA QUALIFICADORA
DA TORPEZA. IMPROCEDÊNCIA. QUESTÃO CONTROVERTIDA. SÚMULA Nº
03, DO TJ/CE. 3. PLEITO DE DESENTRANHAMENTO DOS TERMOS DE
DEPOIMENTOS PRESTADOS NA FASE INQUISITORIAL. ALEGAÇÃO DE
NECESSIDADE DE RATIFICAÇÃO EM JUÍZO. DESCABIMENTO.
ELEMENTOS PASSÍVEIS DE ANÁLISE EM SEDE DE JUÍZO DE
ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO. Recurso conhecido e desprovido. 1. Não
merece guarida a pretensão de reforma da decisão de pronúncia sob a alegação
de ausência ou insuficiência de indícios de autoria, uma vez que, até o presente
momento, mostra-se o conjunto probatório deveras apto a instaurar, pelo menos,
fundada suspeita de que tenha o réu praticado o crime em comento,
notadamente em face da convergência entre os depoimentos prestados nas fases
inquisitorial e processual. 2. Juízo diverso só seria possível se o Magistrado a
quo se encontrasse diante de um conjunto probatório nítido, claro e desprovido
de controvérsias. Mínima que seja a hesitação a respeito das provas, impõe-se a
pronúncia, para que a causa seja submetida ao júri, juiz natural dos crimes
dolosos contra a vida por mandamento constitucional. 3. Trata-se da incidência
do brocardo in dubio pro societate, prevalecente na fase de pronúncia, momento
processual em que cabe ao magistrado perquirir tão somente a materialidade do
delito e a existência de indícios suficientes de sua autoria, não proferindo um
juízo meritório, mas apenas declarando a admissibilidade da acusação. 4.
(omissis). 6. Recurso conhecido e desprovido. (TJ-CE. Recurso em Sentido Estrito
de nº 1028812-93.2000.8.06.0001. Relator (a): FRANCISCA ADELINEIDE
VIANA; Comarca: Fortaleza; Órgão julgador: 4ª Vara do Juri; Data do
julgamento: 24/07/2019; Data de registro: 24/07/2019) (realces nossos)

No caso concreto, a Defesa do Recorrente pugna pelo afastamento das


qualificadoras do motivo fútil e do meio cruel.

Porém, através do exame dos autos, verificamos que estão presentes os indícios
das referidas qualificadoras. Veja-se:

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fls. 275

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Depoimento prestado em sede policial pela testemunha Marcelo da Silva (fls.
220/224):

"que na madrugada do crime, acordou com o acusado batendo na porta de sua


casa e visivelmente nervoso, afirmando que teria feito uma besteira e brigado com
uma pessoa que teria amassado o tanque de sua moto; que o réu ainda o chamou
para beber, mas decidiu não ir; que ao sair de casa para tentar acalmá-lo o
mesmo subiu em sua moto e saiu do local; que ainda naquele dia tomou
conhecimento da morte da vítima, ligando o fato ao episódio que lhe foi narrado
pelo denunciado."

Depoimento prestado em sede policial pela testemunha Marcos Antônio de


Oliveira (fls. 222):

"afirmou que a mesma era amigo do acusado e que ambos costumavam sair sair
juntos, inclusive na noite do crime e na qual lembra que o réu chegou na frente de
sua casa e passou a acelerar intensamente sua moto em sinal de que chamava a
vítima; que a vítima era pessoa envolvida com drogas e estava dando trabalho à
sua mãe no Estado de São Paulo, razão pela qual veio morar nesta cidade; que
ouviu comentários de que acusado e vítima, naquele noite, teriam discutido em
frente ao "Bar de Valdeci" e que lá a vítima teria amassado o tanque da moto do
denunciado, bem como de que, após o crime, uma pessoa teria ido deixar um
bilhete contendo ameaças a uma namorada da vítima; que nesse bilhete
constavam informações de que "o mesmo lhe aconteceria", referindo-se à morte
de TIAGO."

Por sua vez, conforme ressaltou o juiz a quo, os policiais militares George
Aubert dos Santos Freitas e José Cícero Gonçalves afirmaram que o réu, por ocasião de sua
prisão, confessou a autoria delitiva e admitiu que o motivo do crime seria porque a vítima
teria amassado o tanque de sua moto (motivo fútil), fato este ocorrido no momento em que
ambos ingeriam bebida alcoólica.

Ademais, como destacou o magistrado, o réu desferiu 12 facadas na vítima,

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fls. 276

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sendo 07 em seu tórax (Laudo Pericial de fls. 33/34), o que demonstra indícios de morte por
meio cruel.

A Defesa sustenta que o réu teria poucas condições financeiras e que o fato de a
vítima ter amassado o tambor da motocicleta lhe causara grande prejuízo, em face dos seus
parcos recursos, o que afastaria a futilidade. Argumenta, ainda, que o número de lesões na
vítima não justificaria a inclusão da qualificadora por meio cruel.

Todavia, não se pode no presente momento afastar as qualificadoras do motivo


fútil (amassado em tambor de motocicleta) e meio cruel (desferimento de 12 facadas),
atribuídas ao réu, haja vista que há indícios de suas presenças, devendo esse pleito ser
submetido ao júri que é o juiz natural da causa.

Além disso, para que seja excluída qualificadora é necessário que não haja
prova de sua existência. Resta destacar, ainda, que, havendo dúvidas sobre a existência da
qualificadora, a mesma deve ser submetida ao plenário do júri, não devendo ser excluída no
presente momento, uma vez que deve prevalecer o Princípio do in dubio pro societate.

De toda sorte, na fase em que estacionou o andamento processante, há de


prevalecer o interesse maior da sociedade sobre o particular, significando dizer que, se de fato
há alguma dúvida ou questionamento acerca da existência ou não das qualificadoras cobradas
à responsabilidade do Recorrente, citadas dúvidas ou qualquer outro tipo de questionamento
pode e deve ser levado ao talante do Júri, sede constitucionalmente competente e adequada
para a devida apreciação daquela matéria.

Nesse sentido apresentamos a doutrina de Júlio Fabbrini Mirabete:

"(...) Convencido da existência do crime e de haver indícios da autoria, o juiz deve


proferir a sentença de pronúncia. Essa sentença, e não mero despacho, por ser
mero juízo de admissibilidade da acusação, com o objetivo de submeter o acusado
ao julgamento pelo júri, tem natureza processual, não produzindo 'res judicata',
mas preclusão 'pro judicato', podendo o Tribunal do Júri decidir contra aquilo
que ficou assentado na Denúncia. (...)" (In Código de Processo Penal

28ª Procuradoria de Justiça


Rua Assunção, 1100, José Bonifácio, Fortaleza-CE - CEP 60050-011
Nº MP: 08.2021.00172817-4
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FRANCISCO OSIETE CAVALCANTE FILHO e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/07/2021 às 14:12 , sob o número TJCE21012762742.
fls. 277

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Recurso em Sentido Estrito nº 0004501-94.2011.8.06.0122

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0004501-94.2011.8.06.0122 e código 2028965.
Interpretado, 7.ª ed., p. 915).

No mesmo caminhar é a Súmula nº 03 do TJCE: "As circunstâncias


qualificadoras constantes da peça acusatória somente serão excluídas da pronúncia quando
manifestamente improcedentes, em face do princípio in dubio pro societate."

Portanto, deve ser mantida a decisão de pronúncia, em todos os seus termos.

2) DO PEDIDO DE MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS DE DEFENSOR


DATIVO

A Defesa apresenta inconformismo pleiteando a majoração do valor arbitrado a


título de honorários advocatícios a ser custeado pelo Estado do Ceará em benefício de
defensor dativo.

A intervenção do Ministério Público se impõe quando, conforme o


entendimento de seu membro, estiver presente, no caso concreto, interesse jurídico passível de
tutela, nos termos do art. 127 da Constituição Federal, c/c o art. 178 do novo Código de
Processo Civil:
Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias,
intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na
Constituição Federal e nos processos que envolvam:
I - interesse público ou social;
II - interesse de incapaz;
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.

A Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625/93), em seu art.


26, inciso VIII, dispõe que o Ministério Público, no exercício de suas funções, poderá:
"manifestar-se em qualquer fase dos processos, acolhendo solicitação do juiz, da parte ou
por sua iniciativa, quando entender existente interesse em causa que justifique a
intervenção."

O art. 43, inciso V, da citada Lei Orgânica prevê, à luz do princípio

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fls. 278

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Recurso em Sentido Estrito nº 0004501-94.2011.8.06.0122

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constitucional da independência funcional, que o membro do Ministério Público poderá
intervir em qualquer ato judicial, desde que entenda conveniente a sua participação. A
legitimidade de definir o que é o interesse público decorre do Princípio da independência
funcional estatuído no art. 127, §1º, da Carta Maior.

Como se percebe, o caso em foco é limitado às partes, não se excedendo além


delas, o que significa que não atinge os interesses da sociedade.

Sobre o tema, observe-se o posicionamento jurisprudencial e doutrinário:

EMBARGOS À EXECUÇÃO DE SENTENÇA. REMESSA OFICIAL. NÃO


OCORRÊNCIA. INTERVENÇÃO DO MP. DESNECESSIDADE. AGRAVO
RETIDO. TEMPESTIVIDADE DA AÇÃO. VALOR CONTROVERTIDO.
INEXISTÊNCIA. 1. Não é de se conhecer da remessa oficial, pois não ocorrente
qualquer das hipóteses previstas no artigo 475 do Código de Processo Civil. 2.
Desnecessária a intervenção do Ministério Público em execução de sentença
referente a honorários advocatícios, verba pertencente ao advogado e não à
massa falida, nos termos do art. 23 da Lei nº 8.906/94.3. Considerado o princípio
da especialidade, aplicável à espécie o art. 130 da Lei nº 8.213/91, o qual dispõe
que na execução contra o INSS o prazo a que se refere o art. 730 do CPC é de
trinta dias. Tempestividade dos embargos.4. Em atenção à coisa julgada, descabe
o pagamento dos valores exequendos, relativos a honorários advocatícios, pois
inexistente valor controvertido, não incluído no débito fiscal qualquer parcela de
juros de mora posteriores à quebra, ressalvada a exigibilidade das custas
processuais.(TRF-4 - APELREEX: 286 RS 2004.71.12.000286-1, Relator:
ÁLVARO EDUARDO JUNQUEIRA, Data de Julgamento: 30/09/2009,
PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: D.E. 13/10/2009) (realces nossos)

TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURIDADE


SOCIAL. PIS. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL.
REQUISITOS PARA O DEFERIMENTO DO BENEFÍCIO. Não é obrigatória a
intervenção do Ministério Público nas ações em que a controvérsia envolva
somente interesses patrimoniais da Fazenda Pública, que não se confundem
com interesse público, consoante entendimento pacificado no STJ. Enquadrando-
se a contribuição para o PIS como contribuição para a Seguridade Social,
conforme entendimento pacificado no STF, é ela alcançada pela imunidade
prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88. O reconhecimento do benefício depende
do preenchimento simultâneo dos requisitos previstos no artigo 55 da Lei nº
8.212/91, extirpada dos preceitos inseridos pela Lei nº 9.732/98 e que foram
suspensos pelo STF, mas com as alterações dadas pelo art. 5º da Lei nº 9.429/96,
art. 1º da Lei nº 9.528/97 e art. 3º da MP nº 2.187/2001. (TRF 04ª R.; APELRE

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fls. 279

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Recurso em Sentido Estrito nº 0004501-94.2011.8.06.0122

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2007.71.07.006486-5; RS; Primeira Turma; Rel. Des. Fed. Álvaro Eduardo
Junqueira; Julg. 05/10/2011; DEJF 13/10/2011; Pág. 62) (realces nossos)

"(...) o interesse público que justifica a atuação do Ministério Público, zelador dos
interesses sociais e individuais indisponíveis (CF, art. 127), deve decorrer de um
interesse que, embora não seja propriamente indisponível, tenha tal abrangência
ou repercussão social, que sua defesa coletiva seja conveniente à sociedade como
um todo (expressão social do interesse)" (MAZZILLI, Hugo Nigro. Processo Civil
e Interesse Público: o processo como instrumento de defesa social. Org. Carlos
Alberto de Sales. São Paulo, RT e APMP, 2003, p. 162)

Com efeito, ao Parquet é incumbido a defesa da ordem jurídica, do regime


democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis; logo, é imprescindível sua
atuação nas causas que envolvam tais matérias, o que não se assemelha com o caso dos autos,
vez que se trata de questão meramente patrimonial e as partes dispõem de procuradores aptos
a primar pela defesa de seus interesses particulares disponíveis.

Sendo assim, o pleito de majoração de honorários não carece de intervenção do


Ministério Público.

III CONCLUSÃO

Ex positis, manifesta-se o Ministério Público de segunda instância pelo


conhecimento e improvimento do recurso quanto ao pleito de afastamento das
qualificadoras, e pela desnecessidade de intervenção ministerial quanto ao pedido
referente aos honorários advocatícios.

É o Parecer.

Fortaleza, 15 de julho de 2021.

Francisco Osiete Cavalcante Filho


Procurador de Justiça - em respondênica
28ª Procuradoria de Justiça

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fls. 284

ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR HENRIQUE JORGE HOLANDA SILVEIRA

Processo: 0004501-94.2011.8.06.0122 - Recurso em Sentido Estrito


Recorrente: Francisco Aureliano Alves de Queiroz
Recorrido: Ministério Público do Estado do Ceará

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Custos Legis: Ministério Público Estadual

EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO.


EXISTÊNCIA DE INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA E MATERIALIDADE.
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE. EXAME DOS FATOS E
JULGAMENTO PELO TRIBUNAL DO JÚRI. AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA
PREVISTA NO ART. 121, § 2º, III, DO CP (MEIO CRUEL), COM A CONSEQUENTE
MANUTENÇÃO, APENAS, DA QUALIFICADORA PREVISTA NO ART. 121, § 2º, II,
DO CP (MOTIVO FÚTIL). ELEVAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA FIXADA EM
FAVOR DO ADVOGADO DATIVO FRANCISCO NARDELI MACEDO CAMPOS
(OAB/CE 17.015). RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Conforme asseverou o Magistrado de 1º Grau, “com base nessas informações e
por representação do Delegado de Policial Civil local, foi decretada a prisão
preventiva do acusado, por ocasião de seu cumprimento, na versão dos Policiais
Militares George Aubert dos Santos Freitas e José Cícero Gonçalves, tendo
chegado a confessar a autoridade da morte da vítima, afirmando, também, que
assim teria agido em razão da mesma ter amassado o tanque de sua moto, fato
ocorrido em momento no qual os dois ingeriam bebida alcoólica. Afirmaram esses
policiais, também, que o acusado já era conhecido e temido na sociedade local, já
que traficante de drogas, inclusive com envolvimento em outros ilícitos na cidade,
levando-o à condição de pessoa temida na sociedade local” (fls. 222).
2. Com efeito, os elementos constantes dos autos corroboram os termos da decisão
de pronúncia (fls. 220/224), a qual apresenta adequada fundamentação, nos moldes
do que prescreve o art. 93, IX, da Constituição Federal, tendo já decidido o STJ que,
“na sentença de pronúncia, o dever de fundamentação do magistrado deve ser
cumprido dentro de limites estreitos, com linguagem comedida, sob pena de
influenciar os jurados. As teses de defesa e elementos de prova devem ser
fls. 285

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sopesadas pelo Conselho de Sentença, por expressa previsão constitucional, sendo


atribuídas, ao juiz presidente, apenas a direção e a condução de todo o
procedimento, bem como a lavratura da sentença final” (STJ, REsp 1723140/SP,

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Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª Turma, julgamento em 23.06.2020, DJe 01.09.2020).
3. Ademais, consoante já decidiu o STJ, “nos termos da jurisprudência desta Corte,
encerrando, a sentença de pronúncia, conteúdo meramente declaratório e não juízo
de certeza, esta pode ser fundamentada em elementos produzidos na fase
inquisitorial” (STJ, HC 495360/SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª Turma,
julgamento em 04.04.2019, DJe 16.04.2019).
4. Nesse contexto, considerando a existência de indícios suficientes de autoria e
materialidade (laudo cadavérico de fls. 33/35), afigura-se acertada a decisão de
pronúncia, a qual foi proferida em sintonia com o disposto no art. 413, § 1º, do CPP.
5. Acrescento, ainda, que se aplica, nesta fase processual, o princípio in dubio pro
societate, competindo ao Tribunal do Júri realizar aprofundada análise das provas e
examinar o mérito propriamente dito.
6. Passo a examinar as qualificadoras. O Recorrente foi denunciado (fls. 02/04)
como incurso nas sanções do art. 121, § 2º, II, do CP, havendo sido pronunciado
(fls. 220/224) pela prática do delito tipificado no art. 121, § 2º, II e III, do CP. A
qualificadora do meio cruel, prevista no art. 121, § 2º, III, do CP, além de não haver
sido apontada na exordial acusatória, não consta do laudo cadavérico de fls. 33/35
(o subscritor do laudo cadavérico, respondendo aos quesitos, afastou,
expressamente, a presença da qualificadora do meio cruel) nem tampouco pode ser
extraída da narrativa contida na delação, circunstância que impede a ocorrência de
emendatio libelli, sendo de rigor, portanto, o afastamento da qualificadora prevista
no art. 121, § 2º, III, do CP (meio cruel). Por outro lado, a qualificadora do motivo
fútil, prevista no art. 121, § 2º, II, do CP, deve ser mantida, vez que não é
manifestamente improcedente e não está totalmente dissociada do acervo
probatório constante dos autos, havendo o Juiz a quo asseverado, acertadamente,
que, “referente à qualificadora da motivação fútil, seu indícios decorrente do fato de
fls. 286

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que a vítima, por ocasião de uma discussão anterior entre eles travada, de causa e
circunstâncias ainda não esclarecidas, teria amassado (e não inutilizado) o tanque
da moto do agressor. Nesse ponto, relevante mencionar, que acusado e vítima, pela

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prova colhida nos autos, eram amigos e tinham bom relacionamento, inclusive com
suspeitas de que juntos já estivessem atuando no tráfico de drogas na cidade, por
ocasião daquela discussão inicial, inclusive, estando a beber juntos, situação que
torna ainda mais reprovável a ação homicida, praticada, consigne-se, em razão de
causa banal, considerando, em especial a amizade existente entre os protagonistas
e pouca gravide do suposto dano material provocado ao agressor e sequer impediu
do uso normal de seu veículo” (fls. 222/223), de modo que a qualificadora do motivo
fútil, prevista no art. 121, § 2º, II, do CP, não pode ser excluída da pronúncia, sob
pena de se invadir a competência do Tribunal do Júri, ajustando-se à espécie a
Súmula 3 do TJCE (“As circunstâncias qualificadoras constantes da peça acusatória
somente serão excluídas da pronúncia quando manifestamente improcedentes, em
face do princípio in dubio pro societate”). Dessa forma, deve ser mantida, apenas, a
qualificadora prevista no art. 121, § 2º, II, do CP (motivo fútil).
7. Passo a analisar o pedido de elevação dos honorários advocatícios fixados, pelo
Magistrado de 1º Grau, em favor do advogado dativo Francisco Nardeli Macedo
Campos (OAB/CE 17.015). O montante fixado pelo Juiz a quo (R$ 500,00) não
remunera adequadamente o trabalho desenvolvido pelo advogado dativo Francisco
Nardeli Macedo Campos (OAB/CE 17.015), o qual foi nomeado às fls. 214. O
advogado dativo Francisco Nardeli Macedo Campos (OAB/CE 17.015) apresentou
alegações finais (fls. 215/218) e interpôs o presente recurso (fls. 250/255), de
maneira que a verba honorária deve ser fixada em R$ 4.000,00 (quatro mil reais),
quantum que corresponde a, aproximadamente, 29,8 (vinte e nove vírgula oito)
UAD´s, considerando que cada UAD (unidade advocatícia) para a tabela de
honorários da OAB/CE equivale, atualmente, a R$ 134,14 (cento e trinta e quatro
reais e catorze centavos), quantia razoável e compatível com o trabalho
desempenhado pelo advogado dativo Francisco Nardeli Macedo Campos (OAB/CE
fls. 287

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17.015).
8. Recurso em Sentido Estrito conhecido e parcialmente provido.

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ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda a 3ª Câmara Criminal
do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará em dar parcial provimento ao Recurso
em Sentido Estrito, nos termos do voto do Relator.

Fortaleza, 05 de outubro de 2021

DESEMBARGADOR HENRIQUE JORGE HOLANDA SILVEIRA


Relator
fls. 288

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RELATÓRIO

Cogita-se de Recurso em Sentido Estrito manejado por Francisco

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Aureliano Alves de Queiroz, adversando a decisão que o pronunciou pela prática do
crime tipificado no art. 121, § 2º, II e III, do CP c/c o art. 1º da Lei 8.072/1990.

Em suas razões recursais (fls. 250/255), o Recorrente aduz, em


sinopse, que as qualificadoras devem ser afastadas e que os honorários
advocatícios, fixados em favor do advogado dativo Francisco Nardeli Macedo
Campos (OAB/CE 17.015), devem ser elevados, pugnando, enfim, pelo provimento
do recurso.

Em contrarrazões (fls. 258/261), o Ministério Público requer a


manutenção do decisum atacado.

Em parecer de fls. 269/279, a Procuradoria-Geral de Justiça opinou


pelo improvimento do recurso “quanto ao pleito de afastamento das qualificadoras, e
pela desnecessidade de intervenção ministerial quanto ao pedido referente aos
honorários advocatícios” (fls. 279).

É o relatório, no essencial.
fls. 289

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VOTO

Narra a denúncia (fls. 02/04) que, “no dia 04/01/2011,

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aproximadamente as 2h, no bairro da Bela Vista, em um terreno baldio localizado
nas proximidades da Rua 04, Comarca de Mauriti, o agente supra-apontado,
FRANCISCO AURELIANO ALVES DE QUEIROZ ‘AURÉLIO DE CIDÃO’, com
manifesta intenção homicida, utilizando-se objeto perfurocortante (faca), efetuou
golpes contra TIAGO OLIVEIRA DA SILVA, atingido a região torácica, provocando-
lhe, em consequência, os graves ferimentos que foram a causa suficiente de sua
morte. Apurou-se que no dia em questão populares que residem nas proximidades
do local do crime ouviram um barulho estranho, logo após, algumas pessoas saíram
de suas residências e encontraram a vítima, quase sem vida, ferida com vários
golpes de faca, de acordo com a perícia 12 (doze) ações penetrantes com o
instrumento, que até o presente momento não foi apreendido. Conforme as
investigações, a vítima, na noite do crime, saiu com o acusado, como fazia
costumeiramente, e houve uma discussão que fez com que esta amassasse o
tanque da moto do denunciado, o que o irritou e foi o motivo pelo qual desferiu os
vários golpes de faca, que foram suficientes para consumação do resultado morte.
Muito embora o acusado tenha negado a prática delituosa, as provas são robustas
contra este, primeiramente, logo após o cometimento do delito o acusado foi a
residência de Marcelo da Silva, próximo ao local do crime, altamente nervoso
dizendo que havia acabado de brigar com alguém por ter amassado o tanque de
sua motocicleta e o chamou para beberem, mas o depoente não aceitou. Após o
fato, o acusado tomou rumo ignorado por um longo período de tempo, não
atendendo sequer as notificações da autoridade policial, até ser preso
preventivamente, momento em que confirmou perante 02 policiais militares que
realmente praticou o crime e o motivo teria sido a discussão em torno do dano ao
tanque da motocicleta. Apenas depois de sua prisão, já na presença de seu
advogado, o acusado trouxe aos autos a versão de negativa de autoria. A
fls. 290

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qualificadora do motivo fútil resta devidamente configurada devido ao fato de a


morte ter como causa unicamente o fato de a vítima ter danificado o tanque da
motocicleta do acusado, restando patente a desproporção entre os bens jurídicos de

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lado o patrimônio e do outro a vida humana. A materialidade delitiva acha-se
devidamente caracterizada pelo laudo cadavérico de fl.27/28. A autoria mostra-se-
nos indubitavelmente evidenciada pelas circunstâncias acima relatadas. Vale
destacar que o réu confessou a prática do crime na presença de policiais militares”
(fls. 02/03).

A decisão vergastada (fls. 220/224) pronunciou o Recorrente pela


prática do delito previsto no art. 121, § 2º, II e III, do CP c/c o art. 1º da Lei
8.072/1990.

O Recorrente alega que as qualificadoras devem ser afastadas.

Razão não lhe assiste.

Na delegacia de polícia (fls. 18), Marcelo da Silva afirmou que, na


madrugada do crime, acordou com o acusado batendo na porta de sua casa,
visivelmente nervoso, afirmando que teria feito uma besteira e brigado com uma
pessoa que teria amassado o tanque de sua motocicleta, que o réu ainda o chamou
para beber, mas decidiu não ir, que, ao sair de casa para tentar acalmá-lo, o
acusado subiu em sua motocicleta e saiu do local e que, ainda naquele dia, tomou
conhecimento da morte da vítima, ligando o fato ao episódio que lhe foi narrado pelo
réu.

Na delegacia de polícia (fls. 24), Marco Antônio de Oliveira disse


que o falecido era amigo do acusado e que ambos costumavam sair juntos, inclusive
na noite do crime lembra que o réu chegou na frente de sua casa e passou a
fls. 291

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acelerar intensamente a sua motocicleta em sinal de que chamava a vítima, que a


vítima era pessoa envolvida com drogas e estava dando trabalho à sua mãe no
Estado de São Paulo, razão pela qual veio morar nesta cidade, que ouviu

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comentários no sentido de que o acusado e a vítima, naquela noite, teriam discutido
em frente ao Bar do Valdeci e que lá a vítima teria amassado o tanque da
motocicleta do réu, bem como de que, após o crime, uma pessoa teria ido deixar um
bilhete contendo ameaças a uma namorada da vítima, que, nesse bilhete, havia
informações de que “o mesmo lhe aconteceria”, referindo-se à morte de Tiago
Oliveira da Silva.

Conforme asseverou o Magistrado de 1º Grau, “com base nessas


informações e por representação do Delegado de Policial Civil local, foi decretada a
prisão preventiva do acusado, por ocasião de seu cumprimento, na versão dos
Policiais Militares George Aubert dos Santos Freitas e José Cícero Gonçalves, tendo
chegado a confessar a autoridade da morte da vítima, afirmando, também, que
assim teria agido em razão da mesma ter amassado o tanque de sua moto, fato
ocorrido em momento no qual os dois ingeriam bebida alcoólica. Afirmaram esses
policiais, também, que o acusado já era conhecido e temido na sociedade local, já
que traficante de drogas, inclusive com envolvimento em outros ilícitos na cidade,
levando-o à condição de pessoa temida na sociedade local” (fls. 222).

Com efeito, os elementos constantes dos autos corroboram os


termos da decisão de pronúncia (fls. 220/224), a qual apresenta adequada
fundamentação, nos moldes do que prescreve o art. 93, IX, da Constituição Federal,
tendo já decidido o STJ que, “na sentença de pronúncia, o dever de fundamentação
do magistrado deve ser cumprido dentro de limites estreitos, com linguagem
comedida, sob pena de influenciar os jurados. As teses de defesa e elementos de
prova devem ser sopesadas pelo Conselho de Sentença, por expressa previsão
constitucional, sendo atribuídas, ao juiz presidente, apenas a direção e a condução
fls. 292

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de todo o procedimento, bem como a lavratura da sentença final” (STJ, REsp


1723140/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª Turma, julgamento em 23.06.2020, DJe
01.09.2020).

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por HENRIQUE JORGE HOLANDA SILVEIRA, liberado nos autos em 05/10/2021 às 11:45 .
Ademais, consoante já decidiu o STJ, “nos termos da jurisprudência
desta Corte, encerrando, a sentença de pronúncia, conteúdo meramente
declaratório e não juízo de certeza, esta pode ser fundamentada em elementos
produzidos na fase inquisitorial” (STJ, HC 495360/SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
5ª Turma, julgamento em 04.04.2019, DJe 16.04.2019).

Acerca do assunto, colaciono os seguintes julgados:

[…] 1. Não é necessário que o magistrado, por ocasião da decisão de


pronúncia, demonstre de forma cabal a autoria do delito, como para a
formação de um juízo condenatório, mas apenas que exponha a
existência de indícios mínimos, inclusive aqueles colhidos em fase
policial. 2. “É entendimento pacífico neste Superior Tribunal de
Justiça que a prova realizada em sede policial é apta a autorizar a
pronúncia, desde que, a partir da sua análise, seja possível se colher
indícios suficientes de autoria. Cumpre registrar que a pronúncia não
exige plena prova da autoria, sendo suficiente os indícios de que
nessa fase podem ser fundados em provas produzidas tão somente
no inquérito policial” (AgRg no AREsp 1256930/RS, Rel. Ministro
RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 17/05/2018, DJe
23/05/2018) […] (STJ, RHC 134672/RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, 5ª Turma, julgamento em 13.10.2020, DJe 20.10.2020)

[…] 3. A jurisprudência consolidada no STJ afirma que “é possível


admitir a pronúncia do acusado com base em indícios derivados do
inquérito policial, sem que isso represente afronta ao art. 155 do
CPP” (HC n. 402.042/RS, Rel. Ministro Felix Fischer, 5ª T., DJe
30/10/2017). […] (STJ, AgRg no AREsp 1609833/RS, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, 6ª Turma, julgamento em 06.10.2020, DJe 16.10.2020)

[…] 1. Nos termos do que dispõe o art. 155 do Código de Processo


Penal, o julgador formará a sua convicção pela livre apreciação da
prova colhida em contraditório judicial, não podendo basear sua
decisão somente nos elementos extraídos da investigação. 2. Regra
que deve ser aplicada com reservas no tocante à decisão de
fls. 293

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pronúncia, pois tal manifestação judicial configura simples juízo de


admissibilidade da acusação, afigurando-se como a solução mais
adequada reservar ao Tribunal do Júri o exame dos elementos
probatórios para, se for o caso, proferir um juízo seguro acerca da

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prática do indicado crime doloso contra a vida, uma vez que as
dúvidas, nessa fase processual, resolvem-se contra o réu e a favor da
sociedade, conforme o mandamento contido no art. 413 do Código
Processual Penal. 3. A jurisprudência desta Corte Superior admite
que os indícios de autoria imprescindíveis à pronúncia defluam dos
elementos de prova colhidos durante a fase inquisitorial. […] (STJ,
AgRg nos EDcl no AREsp 1613816/MT, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma,
julgamento em 09.06.2020, DJe 17.06.2020)

Nesse contexto, considerando a existência de indícios suficientes de


autoria e materialidade (laudo cadavérico de fls. 33/35), afigura-se acertada a
decisão de pronúncia, a qual foi proferida em sintonia com o disposto no art. 413, §
1º, do CPP, in verbis:

Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se


convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes
de autoria ou de participação.
§ 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou
de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar
incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as
causas de aumento de pena.

Acrescento, ainda, que se aplica, nesta fase processual, o princípio


in dubio pro societate, competindo ao Tribunal do Júri realizar aprofundada análise
das provas e examinar o mérito propriamente dito.

Sobre o tema, trago à baila os seguintes arestos:

[…] 1. A pronúncia encerra simples juízo de admissibilidade da


acusação, exigindo o ordenamento jurídico somente o exame da
ocorrência do crime e de indícios de sua autoria, não se demandando
aqueles requisitos de certeza necessários à prolação da sentença
condenatória, sendo que as dúvidas, nessa fase processual,
resolvem-se pro societate. […] (STJ, AgRg no AREsp 1745667/DF, Rel.
fls. 294

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Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma, julgamento em 01.12.2020,


DJe 07.12.2020)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.

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HOMICÍDIO QUALIFICADO. ART. 121, §2º, INCISOS I E IV DO CPB.
PLEITO DE DESPRONÚNCIA. IMPOSSIBILIDADE. MERO JUÍZO DE
ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO. INDICAÇÃO DA MATERIALIDADE
DO FATO E DE INDÍCIOS SUFICIENTES DE PARTICIPAÇÃO DELITIVA.
AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO INEQUÍVOCA DE INOCÊNCIA DOS
ACUSADOS. IN DUBIO PRO SOCIETATE. RECURSO EM SENTIDO
ESTRITO CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO DE PRONÚNCIA
MANTIDA. 1- Conforme disposição expressa do art. 413 do CPP,
encerrada a primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, “o
juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes da
autoria ou de participação”, determinando dessa forma, o julgamento
do acusado pelo Conselho de Sentença. 2- Desta feita, na fase de
pronúncia julga-se apenas a admissibilidade da acusação, sem
qualquer avaliação de mérito da demanda, sendo desnecessário o
juízo de certeza imprescindível à condenação, importando, apenas,
que o juiz se convença da existência do crime e de indícios de
autoria, prevalecendo sempre, nesta fase, o princípio do in dubio pro
societate. 3- A materialidade do delito restou demonstrada através do
Laudo cadavérico acostado às fls. 53-58, que atesta que a morte da vítima
se deu por lesão vascular provocada por projétil único de arma de fogo
bem como considerando os demais elementos contidos nos autos. 4- Os
indícios de autoria, por seu turno, restaram suficientemente demonstrados
através dos depoimentos das testemunhas, o que autoriza o
encaminhamento dos recorrentes a julgamento pelo Tribunal Popular do
Júri. A prova judicial corroborou os elementos colhidos durante a fase
inquisitorial, que apontavam os recorrentes como possíveis autores do
delito. 5 - Ademais, caberá ao Conselho de Sentença o exame mais
aprofundado das provas e dos debates onde se buscará a verdade
diante das teses conflitantes apresentadas pela defesa e acusação,
tendo soberania para decidir acerca do mérito causa. 6- Nesse
contexto, a pronúncia somente deverá ser modificada quando, do
arcabouço probatório, ficar demonstrada, de forma incontestável, a
presença de motivos suficientes, o que não é o caso dos autos, não
havendo que se falar, por conseguinte, em despronúncia. 7- Recurso
em Sentido Estrito conhecido e improvido. (TJCE, Recurso em Sentido
Estrito 0193739-73.2012.8.06.0001, Rel. Des. Henrique Jorge Holanda
Silveira, 3ª Câmara Criminal, julgamento em 23.06.2020)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.


TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO. MOTIVO TORPE.
PRONÚNCIA. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. PROVA DA
MATERIALIDADE. INDÍCIOS DE AUTORIA. LEGÍTIMA DEFESA.
fls. 295

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AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA.


INVIABILIDADE. “IN DUBIO PRO SOCIETATE”. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. 1 – Trata-se de Recurso em Sentido
Estrito interposto em face da decisão que pronunciou o recorrente nas

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tenazes do art. 121, § 2º, I do Código Penal. 2 – Na fase da pronúncia,
em que as dúvidas se resolvem em favor da sociedade, vislumbrando-
se indícios de autoria e constatada a materialidade do delito de
homicídio qualificado, confirma-se o ato de admissibilidade da
acusação, possibilitando-se aos jurados decidir soberanamente a
respeito das versões apresentadas pelas partes. 3 – Para que haja a
absolvição sumária em razão da legítima defesa, é imprescindível que
esta esteja seguramente delineada. Precedentes deste TJ-CE. 4 – Não
havendo comprovação estreme de dúvidas sobre a ocorrência da
legítima defesa, deve tal questão ser submetida ao Tribunal do Júri,
órgão constitucionalmente competente para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida. Precedentes do TJ-CE. 5 – Recurso conhecido e
desprovido. Decisão de pronúncia mantida. (TJCE, Recurso em Sentido
Estrito 0480358-90.2010.8.06.0001, Rel. Des. José Tarcílio Souza da
Silva, 3ª Câmara Criminal, julgamento em 23.06.2020)

PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.


HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA. LEGÍTIMA DEFESA NÃO
COMPROVADA NESTE MOMENTO. INDÍCIOS DA PRESENÇA DAS
QUALIFICADORAS RECONHECIDAS. NECESSIDADE DE
APRECIAÇÃO DO CASO PELO TRIBUNAL DO JÚRI. 1. Para o decreto
da pronúncia, nos termos do artigo 413, caput e §1º, do Código de
Processo Penal, basta que o juiz se convença da existência do crime
e de indícios de autoria, prevalecendo sempre, nesta fase, o princípio
do in dubio pro societate. 2. Adentrando ao mérito do recurso, no que
tange ao pleito de legítima defesa, entendo que não se constata,
neste momento, qualquer circunstância isenta de dúvida que exclua a
antijuridicidade do delito, considerando a presença de indícios que
demonstram que pode não ter existido injusta agressão iniciada pela
vítima (já que há um relato no sentido de que o réu já chegou no local
atirando contra o ofendido) ou de que, ainda que tenha havido, esta
já se encontrava cessada no momento dos disparos, pois o acusado,
supostamente, teria ido até sua casa se armar antes de cometer o
crime. 3. Ultrapassado este ponto, sobre as qualificadoras reconhecidas
na pronúncia, tem-se que o motivo fútil é aquele de somenos importância,
que indica desproporção entre ação e reação. Assim, uma vez que há
relato, mais especificamente extraído do depoimento de Simara Rocha,
que indica que houve discussão entre réu e vítima (que culminou em vias
de fato) e que o motivo da querela foi o fato de que o ofendido pediu
dinheiro emprestado para o acusado e este disse que não tinha, entendo
que a análise da configuração (ou não) da citada qualificadora deve ser
submetida ao Conselho de Sentença, que concluirá se houve futilidade no
mote ensejador do delito. 4. No que tange ao recurso que impossibilitou a
fls. 296

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defesa da vítima, extrai-se que o laudo cadavérico de págs. 26/28 aponta


que foram efetuados pelo menos sete disparos contra o ofendido, inclusive
pelas costas, razão pela qual também há indícios de que o crime pode ter
sido cometido mediante surpresa. 5. Desta feita, uma vez que só é

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possível realizar, neste momento, o decote das qualificadoras quando elas
se mostrarem totalmente improcedentes e divorciadas dos elementos
colhidos (o que não é o caso dos autos), medida que se impõe é o
desacolhimento do pleito recursal, para que o mérito da demanda e a
configuração ou não das qualificadoras sejam analisados pelo Conselho
de Sentença, já que nesta fase do procedimento do júri vigora o princípio
in dubio pro societate. Aplicação da Súmula nº 03 do TJCE. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO (TJCE, Recurso em Sentido Estrito
0460420-75.2011.8.06.0001, Rel. Des. Mário Parente Teófilo Neto, 1ª
Câmara Criminal, julgamento em 16.06.2020)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO CRIME EM SENTIDO


ESTRITO INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO.
DESCLASSIFICAÇÃO DO DELITO PELO JUÍZO A QUO. INDÍCIOS DE
MATERIALIDADE E AUTORIA. IN DUBIO PRO SOCIETATE.
PRONÚNCIA. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. EXAME MERITÓRIO.
ATRIBUIÇÃO CONSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DO JÚRI. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. 1. A sentença de pronúncia é de cunho
declaratório, e encerra mero juízo de admissibilidade, não
comportando exame aprofundado de provas ou juízo meritório. Este
caberá exclusivamente ao Tribunal do Júri, por atribuição que
decorre do texto constitucional. Em havendo indícios de autoria e
comprovação de materialidade, não se pode afastar o caso do crivo
do Conselho de Sentença. 2. A desclassificação somente é possível
quando não restarem dúvidas acerca da tipificação do delito. 3. Havendo
controvérsia acerca das circunstâncias em que o crime foi cometido, a fim
de se esclarecer se trata de crime de lesão corporal ou homicídio
qualificado, compete ao Tribunal do Júri, juízo natural dos crimes dolosos
contra a vida, o encargo de julgar os réus pronunciados, acatando ou não
a tese da acusação. 4. Recurso conhecido e provido. (TJCE, Recurso em
Sentido Estrito 0000151-65.2016.8.06.0000, Rel. Des. Francisco Martônio
Pontes de Vasconcelos, 2ª Câmara Criminal, julgamento em 25.07.2018)

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO (ART.


121, § 2º, IV, CPB). COMPÓSITO DE PROVA AUTORIZA A SUBMISSÃO
DO RÉU A JULGAMENTO PELO TRIBUNAL POPULAR. DECOTE DA
QUALIFICADORA DO USO DE RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA
DA VÍTIMA. DESCABIMENTO. EXCLUSÃO DE QUALIFICADORA QUE
SÓ É POSSÍVEL QUANDO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE.
PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. PRONÚNCIA
INTEGRALMENTE MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
O compósito de prova autoriza a submissão do réu a julgamento pelo
fls. 297

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Tribunal popular nos exatos termos admitidos na decisão de


pronúncia. As qualificadoras só podem ser excluídas da decisão de
pronúncia quando manifestamente improcedentes, descabidas e sem
qualquer apoio no processo. Quando houver possibilidade – mínima

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que seja – de sua incidência, a circunstância qualificadora deverá ser
submetida ao Conselho de Sentença (Súmula nº 3, TJCE). Inexiste
ofensa ao princípio da presunção de inocência quando da aplicação
do princípio do in dubio pro societate na sentença de pronuncia,
porquanto este tem por objetivo a garantia da competência
constitucional do Tribunal do Júri, sendo tal entendimento há muito
sedimentado na jurisprudência pátria. Pronúncia mantida na íntegra.
Recurso conhecido e improvido. (TJCE, Recurso em Sentido Estrito
0108273-53.2008.8.06.0001, Rel. Desa. Lígia Andrade de Alencar
Magalhães, 1ª Câmara Criminal, julgamento em 24.07.2018)

PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.


HOMICÍDIO QUALIFICADO. SENTENÇA DE PRONÚNCIA. 1. PLEITO DE
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA OU DESPRONÚNCIA. AUSÊNCIA OU
INSUFICIÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA. DESCABIMENTO.
INDICAÇÃO DE INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA. TESE
DEFENSIVA QUE NÃO SE MOSTRA SUFICIENTE A ENSEJAR A
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA OU DESPRONÚNCIA. JUÍZO VALORATIVO
SOBRE OS ELEMENTOS PROBATÓRIOS QUE DEVE SER EXERCIDO
PELO CONSELHO DE SENTENÇA. IN DUBIO PRO SOCIETATE. 2.
PRETENSÃO DE EXCLUSÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS
QUALIFICADORAS. ALEGADA CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
DESCABIMENTO. ADEQUADA DELIMITAÇÃO NA DECISÃO DE
PRONÚNCIA DAS CIRSCUNSTÂNCIAS QUE QUALIFICAM O DELITO.
CONTEXTO PROBATÓRIO IDÔNEO A OFERECER SUPORTE À
PRONÚNCIA. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI. Recurso
conhecido e desprovido. (TJCE, Recurso em Sentido Estrito 0135508-
92.2008.8.06.0001, Rel. Desa. Francisca Adelineide Viana, 2ª Câmara
Criminal, julgamento em 18.07.2018)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.


TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO. SENTENÇA DE
PRONÚNCIA. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. PLEITO DE
DESPRONÚNCIA POR AUSÊNCIA DE PROVAS E INDÍCIOS
SUFICIENTES DE AUTORIA. IMPOSSIBILIDADE. COMPROVADA A
MATERIALIDADE E PRESENTES INDÍCIOS SUFICIENTES DE
AUTORIA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE.
COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. 1. A sentença de pronúncia é de cunho declaratório, e
encerra mero juízo de admissibilidade, não comportando exame
aprofundado de provas ou juízo meritório. 2. Na hipótese,
comprovada a materialidade do crime e havendo indícios mínimos
quanto a autoria, a pronúncia é cabível, prevalecendo, nesse
fls. 298

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momento processual, o principio do in dubio pro societate, devendo


o recorrente ser submetido à julgamento pelo Tribunal Popular do
Júri. 3. Recurso conhecido e desprovido. (TJCE, Recurso em Sentido
Estrito 0031518-41.2015.8.06.0001, Rel. Des. Francisco Carneiro Lima, 1ª

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Câmara Criminal, julgamento em 17.07.2018)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.


HOMICÍDIO QUALIFICADO. SENTENÇA DE PRONÚNCIA. PEDIDO DE
EXCLUSÃO DE QUALIFICADORA. NÃO CABIMENTO. SÚMULA Nº 03,
TJ/CE. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. O réu foi pronunciado pela suposta
prática do crime previsto no art. 121, § 2º, inc. III (meio cruel), do Código
Penal. 2. Havendo prova da materialidade delitiva e indícios
suficientes de autoria, remete-se o acusado a julgamento pelo júri
que é o órgão constitucional e soberanamente legitimado para
valorar os crimes contra a vida. 3. O juízo exercido na pronúncia é de
admissibilidade e não de condenação. Por intermédio dela são
remetidos os casos à apreciação do Tribunal do Júri, a quem,
constitucionalmente, foi concedido o poder de julgá-los. Isto porque,
na sessão plenária o exame das provas é mais aprofundado, os
debates buscam a verdade diante dos argumentos conflitantes
apresentados pela defesa e acusação, devendo o colegiado leigo,
com a soberania que lhe atribui a Constituição, decidir o destino do
acriminado. 4. Não pode o magistrado singular, ao proferir sentença
de pronúncia, excluir qualificadora inserta na denúncia, sendo o
Tribunal do Júri, então órgão soberano, competente para tal ato, a
não ser quando seja a mesma manifestamente improcedente. 5.
Incidência do enunciado nº 03 da súmula da jurisprudência deste eg.
Tribunal de Justiça: “As circunstâncias qualificadoras constantes da
peça acusatória somente serão excluídas da pronúncia quando
manifestamente improcedentes, em face do princípio in dubio pro
societate.” 6. Recurso conhecido e improvido. (TJCE, Recurso em
Sentido Estrito 0001352-73.2010.8.06.0139, Rel. Dr. Antônio Pádua Silva
(Juiz convocado), 3ª Câmara Criminal, julgamento em 17.07.2018)

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. art. 121,


§ 2º, IV, do CPB. SENTENÇA DE PRONÚNCIA. MATERIALIDADE E
INDICIOS SUFICIENTES DE AUTORIA. QUALIFICADORA. EXCLUSÃO.
IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO TRIBUNAL
DO JÚRI. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. Não merece reproche a
decisão de pronúncia que a partir do exame da prova dos autos
verificou a existência da materialidade do crime e suficientes indícios
de autoria, cabendo ao Tribunal do Júri a incumbência de valorar as
provas e decidir sobre a procedência ou não das imputações que
pesam contra o recorrente, sob pena de indevida usurpação da
competência constitucionalmente assegurada ao Tribunal do Júri
para julgar os crimes contra a vida. 2. Apenas é possível a
fls. 299

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impronúncia do réu quando claramente demonstrada a inexistência


do delito ou quando ausente qualquer indício de autoria delitiva. 3.
Recurso conhecido e não provido. (TJCE, Recurso em Sentido Estrito
0020493-26.2018.8.06.0001, Rel. Desa. Maria Edna Martins, 1ª Câmara

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Criminal, julgamento em 03.07.2018)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.


PRONÚNCIA. HOMICÍDIO TRIPLAMENTE QUALIFICADO. MOTIVO
TORPE. MEIO CRUEL. MEIO QUE IMPOSSIBILITOU A DEFESA DA
VÍTIMA. NULIDADE DA SENTENÇA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DAS
QUALIFICADORAS. IMPROCEDÊNCIA. DECISÃO SUCINTA, PORÉM
MOTIVADA. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. PROVA DA
MATERIALIDADE. INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA. PEDIDO DE
DESPRONÚNCIA. IMPOSSIBILIDADE. “IN DUBIO PRO SOCIETATE”.
ATRIBUIÇÃO CONSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DO JÚRI. AUSÊNCIA
DE PROVAS DE QUE AS QUALIFICADORAS SEJAM
MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTES. SÚMULA 03 DO TJ-CE.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1 – Trata-se de Recurso em
Sentido Estrito interposto em face da decisão que pronunciou o recorrente
em razão da possível prática de homicídio triplamente qualificado. 2 – Na
fase da pronúncia, em que as dúvidas se resolvem em favor da sociedade,
vislumbrando-se indícios de autoria e constatada a materialidade do delito
de homicídio e crimes conexos, confirma-se o ato de admissibilidade da
acusação, possibilitando-se aos jurados decidir soberanamente a respeito
das versões apresentadas pelas partes. 3 – Na hipótese, as qualificadoras
do motivo torpe, do meio cruel e do uso de recurso que impossibilitou a
defesa do ofendido foram motivadas na decisão de pronúncia, embora de
maneira sucinta. 4 – Nos termos da Súmula nº 03 do TJ-CE, “as
circunstâncias qualificadoras constantes da peça acusatória somente
serão excluídas da pronúncia quando manifestamente
improcedentes, em face do princípio in dubio pro societate”. 5 – No
caso, as qualificadoras não são manifestamente improcedentes,
devendo ser apreciadas pelo Tribunal do Júri. 6 – Recurso conhecido e
desprovido. Decisão de pronúncia mantida. (TJCE, Recurso em Sentido
Estrito 0089207-24.2007.8.06.0001, Rel. Des. José Tarcílio Souza da
Silva, 3ª Câmara Criminal, julgamento em 03.07.2018)

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. PENAL E PROCESSUAL PENAL.


ART. 121, § 2º, II, C/C O ART. 14, II, DO CÓDIGO PENAL. SENTENÇA
DE PRONÚNCIA. 1. PRETENSÃO DE DESPRONÚNCIA OU DE
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. TESE DE CONFIGURAÇÃO DA
EXCLUDENTE DE ILICITUDE DE LEGITIMA DEFESA.
DESCABIMENTO. EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS SUFICIENTES PARA
A PRONÚNCIA. IN DUBIO PRO SOCIETATE. COMPETÊNCIA DO
TRIBUNAL DO JÚRI. 2. PEDIDO DE EXCLUSÃO DAS
QUALIFICADORAS. IMPROCEDÊNCIA. LASTRO INDICIÁRIO
SUFICIENTE À ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO. SÚMULA Nº 03,
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR HENRIQUE JORGE HOLANDA SILVEIRA

DO TJ/CE. Recurso conhecido e desprovido. 1. Impossível acolher-se o


pedido de despronúncia ou de absolvição sumária, fundado na tese
de excludente de ilicitude pela legitima defesa, pois que o conjunto
probatório mostra-se apto a oferecer lastro à decisão vergastada,

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mormente em existindo dúvida com relação á moderação dos meios
utilizados, já que a vítima foi atingida na região torácica direita, por
um tiro à queima roupa que lhe transfixara o corpo, saindo na região
lombar direita. 2. Com efeito, a sentença de pronúncia baseia-se em
juízo de suspeita, não de certeza, e, tendo sido esse devidamente
realizado pela Magistrada a quo, eventuais dúvidas resolvem-se em
prol da sociedade, por aplicação do princípio in dubio pro societate,
devendo ser dirimidas mediante análise pelo Tribunal do Júri, juízo
natural para julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
Precedentes. 3. No que concerne ao pedido de exclusão das
qualificadoras, cumpre salientar que tais circunstâncias só poderão
ser afastadas na sentença de pronúncia quando forem
manifestamente improcedentes, o que não é o caso daquela prevista
no art. 121, § 2º, II, do Código Penal, já que o arcabouço probatória,
notadamente os depoimentos testemunhais, apontam que o motivo
do entrevero entre o réu e a vítima seriam ciúmes da então
companheira daquele. 4. Conforme entendimento sedimentado na
Súmula nº 03, desta Corte de Justiça: “As circunstâncias
qualificadoras constantes da peça acusatória somente serão
excluídas da pronúncia quando manifestamente improcedentes, em
face do princípio do brocardo “in dubio pro societate”. 5. Recurso
conhecido e desprovido. (TJCE, Recurso em Sentido Estrito
1006339-16.2000.8.06.0001, Rel. Desa. Francisca Adelineide Viana, 2ª
Câmara Criminal, julgamento em 13.06.2018)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO.


PRONÚNCIA. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. PLEITO DE
IMPRONÚNCIA. ALEGAÇÃO DE EXCLUDENTE DE ILICITUDE. PEDIDO
DE DESQUALIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PRESENTES INDÍCIOS
DE AUTORIA E MATERIALIDADE. AUSENTE PROVA CABAL DE
INCIDÊNCIA DA EXCLUDENTE DE ILICITUDE. PRESENTES INDÍCIOS
DE INCIDÊNCIA DA QUALIFICADORA. IN DUBIO PRO SOCIETATE.
SENTENÇA DE PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO. 1. Sentença de pronúncia não se baseia em juízo de
certeza, mas sim de suspeita. Na hipótese de dúvida, o julgador deve
proferir sentença de pronúncia em desfavor do acusado, à luz do
princípio in dubio pro societate. 2. Ademais, sentença de pronúncia
tem o mero intuito de encerrar conteúdo declaratório, proclamando
juízo de admissibilidade e viabilizando julgamento pelo Tribunal do
Júri, competente para realizar análise aprofundada do conjunto
probatório e adentrar em questões meritórias. 3. Para a procedência
do pedido de absolvição sumária com base na excludente de ilicitude
de legítima defesa, em sede de sentença de pronúncia, exige-se
fls. 301

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GABINETE DESEMBARGADOR HENRIQUE JORGE HOLANDA SILVEIRA

procedência manifesta da incidência da excludente, de forma clara e


incontroversa nos autos, sem que haja um mínimo de dúvida de que
o réu teria de fato agido para defender a si ou a outrem, e sem
incorrer em excesso. Cabe ao Conselho de Sentença analisar de

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forma aprofundada a incidência de excludentes de ilicitude. 4. Para a
procedência do pedido de desqualificação, ou seja, retirada das
qualificadoras, exige-se improcedência manifesta da incidência. Cabe
ao Conselho de Sentença, portanto, analisar de forma aprofundada a
incidência das circunstâncias qualificadoras. 5. Recurso conhecido e
improvido. (TJCE, Recurso em Sentido Estrito
0017808-09.2013.8.06.0070, Rel. Des. Francisco Lincoln Araújo e Silva, 3ª
Câmara Criminal, julgamento em 12.06.2018)

PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO.


RÉUS PRONUNCIADOS POR TENTATIVA DE HOMICÍDIO
DUPLAMENTE QUALIFICADO (ART. 121, § 2º, INCISOS II E IV, C/C O
ART. 14, INCISO II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL). RECURSO DE
ANTÔNIO CRISTIANO RODRIGUES GOMES. PRETENSÃO DE
DESPRONÚNCIA POR INSUFICIÊNCIA DE PROVA DA AUTORIA.
IMPOSSIBILIDADE. MERO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DA
ACUSAÇÃO FUNDADO NA EXISTÊNCIA DO CRIME E EM
CONCRETOS INDÍCIOS DE AUTORIA. DEPOIMENTO DA VÍTIMA E DE
UMA TESTEMUNHA OCULAR. RECURSO DE FRANCISCO EDGLEISON
DA SILVA FREITAS. ALEGAÇÃO DE LEGÍTIMA DEFESA. AUSÊNCIA
DE PROVA ESTREME DE DÚVIDA. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA.
IMPOSSIBILIDADE. PRESENÇA DE TESES CONFLITANTES NOS
AUTOS. NECESSIDADE DE APRECIAÇÃO PELO TRIBUNAL DO JÚRI.
INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE. SUBMISSÃO
DAS TESES DEFENSIVAS AO TRIBUNAL POPULAR DO JÚRI.
PRONÚNCIA MANTIDA. RECURSOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.
1-Na fase de pronúncia, julga-se apenas a admissibilidade da
acusação, sem qualquer avaliação de mérito, sendo desnecessário o
juízo de certeza imprescindível à condenação. Com efeito, basta que
o juiz se convença da existência do crime e de indícios de autoria,
prevalecendo sempre, nesta fase, o princípio in dubio pro societate.
2- A jurisprudência tem admitido que os indícios de autoria
imprescindíveis à pronúncia defluam, também, dos elementos de
prova colhidos durante a fase inquisitorial, notadamente se os
mesmos harmonizam-se com o conjunto probatório apresentado em
juízo. Precedentes do STJ e desta Corte. 3- A ausência de indícios
suficientes da autoria do crime, para ensejar a despronúncia,
necessita ser inequívoca, o que não ocorre na hipótese, na medida
em que existem elementos em sentido contrário colhidos durante o
inquérito e na instrução processual, como se observa dos
depoimentos acostados aos autos. Ademais, a materialidade também
se encontra demonstrada através do laudo de exame de corpo de
delito. Destarte, não merece guarida a pretensão do recorrente Antônio
fls. 302

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GABINETE DESEMBARGADOR HENRIQUE JORGE HOLANDA SILVEIRA

Cristiano Rodrigues Gomes, de reforma da decisão de pronúncia, só


sendo possível juízo diverso diante de um conjunto probatório nítido, claro
e desprovido de controvérsias, o que não se observa nos autos. 4- A
absolvição sumária só se justifica quando comprovada, estreme de

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dúvidas, a alegada legítima defesa, impondo-se, em caso contrário, o
encaminhamento do caso a julgamento pelos jurados. Na presente
hipótese, as provas constantes nos autos não são seguras a
demonstrar, prima facie, que, no momento em que desferiu dois tiros
na vítima, acertando-lhe o braço esquerdo, o réu teria atuado em
legítima defesa. 5- Mínima que seja a hesitação a respeito das provas,
incide o princípio in dubio pro societate, impondo-se a pronúncia,
para que a causa seja submetida ao conselho de sentença, juiz
natural dos crimes dolosos contra a vida por expresso mandamento
constitucional. 6- Recursos conhecidos e desprovidos. (TJCE, Recurso
em Sentido Estrito 0012853-09.2015.8.06.0055, Rel. Des. Francisco
Carneiro Lima, 1ª Câmara Criminal, julgamento em 24.04.2018)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.


HOMICÍDIO QUALIFICADO. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI.
PRONÚNCIA. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO.
PRETENSÃO DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. TESE DE LEGÍTIMA
DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PROVA IRREFUTÁVEL
DA OCORRÊNCIA DA EXCLUDENTE DE ILICITUDE. EXCLUSÃO DAS
QUALIFICADORAS. DESCABIMENTO. MANIFESTA IMPROCEDÊNCIA
NÃO VERIFICADA. DÚVIDAS A SEREM DIRIMIDAS PELO CONSELHO
DE SENTENÇA. PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO
SOCIETATE. RECURSO NÃO PROVIDO. PRONÚNCIA MANTIDA. 1.O
cerne da questão devolvida a esta instância revisora, cinge-se em
averiguar a possibilidade (ou não) de absolvição sumária do recorrente,
pronunciado como incurso no art. 121, § 2º, incs. I e IV, do CP, em razão
de haver agido amparado na excludente de ilicitude da legítima defesa, ou
de se excluir as respectivas qualificadoras do delito, por manifesta
improcedência. 2.Como é de conhecimento, nos processos de
competência do Tribunal do júri, cabe à Corte Popular, juiz natural
dos crimes dolosos contra a vida e soberana em seus veredictos,
apreciar os fatos (CF, art. 5.º, XXXVIII, “c”), e, somente em situações
excepcionais, cabalmente comprovadas nos autos, de maneira que
não restem quaisquer dúvidas, poderá o juiz de direito,
monocraticamente, absolver sumariamente o réu, em função de
causa de isenção de pena ou de excludente de crime (art. 415, inc. IV,
do CPP). 3.No que tange as qualificadoras, é cediço que somente
podem ser excluídas, quando manifestamente improcedentes e
descabidas, sem qualquer amparo no acervo probatório, sob pena de
se invadir a competência do Tribunal do Júri. Súmula 33 do TJCE.
4.No caso concreto, havendo nos autos elementos de convicção
suficientes que demonstram a materialidade do fato e os indícios de
autoria, inexistindo, porém, prova, estreme de dúvida, de haver o
fls. 303

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recorrente agido em legítima defesa, bem como sem motivo torpe e


nem utilizado meio que dificultou a defesa da vítima, impõe-se a
manutenção da pronúncia como proferida, na medida em que
prevalece, nesta fase processual, o princípio in dubio pro societate,

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para que a tese de excludente da ilicitude e a incidência, ou não, das
qualificadoras, sejam analisadas pelo Tribunal Popular do Júri.
5.Recurso conhecido e desprovido. Decisão de pronúncia ratificada.
(TJCE, Recurso em Sentido Estrito 0000048-71.2008.8.06.0151, Rel. Des.
José Tarcílio Souza da Silva, 3ª Câmara Criminal, julgamento em
27.02.2018)

Passo a examinar as qualificadoras.

O Recorrente foi denunciado (fls. 02/04) como incurso nas sanções


do art. 121, § 2º, II, do CP, havendo sido pronunciado (fls. 220/224) pela prática do
delito tipificado no art. 121, § 2º, II e III, do CP.

A qualificadora do meio cruel, prevista no art. 121, § 2º, III, do CP,


além de não haver sido apontada na exordial acusatória, não consta do laudo
cadavérico de fls. 33/35 (o subscritor do laudo cadavérico, respondendo aos
quesitos, afastou, expressamente, a presença da qualificadora do meio cruel) nem
tampouco pode ser extraída da narrativa contida na delação, circunstância que
impede a ocorrência de emendatio libelli, sendo de rigor, portanto, o afastamento da
qualificadora prevista no art. 121, § 2º, III, do CP (meio cruel).

Por outro lado, a qualificadora do motivo fútil, prevista no art. 121, §


2º, II, do CP, deve ser mantida, vez que não é manifestamente improcedente e não
está totalmente dissociada do acervo probatório constante dos autos, havendo o
Juiz a quo asseverado, acertadamente, que, “referente à qualificadora da motivação
fútil, seu indícios decorrente do fato de que a vítima, por ocasião de uma discussão
anterior entre eles travada, de causa e circunstâncias ainda não esclarecidas, teria
amassado (e não inutilizado) o tanque da moto do agressor. Nesse ponto, relevante
mencionar, que acusado e vítima, pela prova colhida nos autos, eram amigos e
fls. 304

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tinham bom relacionamento, inclusive com suspeitas de que juntos já estivessem


atuando no tráfico de drogas na cidade, por ocasião daquela discussão inicial,
inclusive, estando a beber juntos, situação que torna ainda mais reprovável a ação

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homicida, praticada, consigne-se, em razão de causa banal, considerando, em
especial a amizade existente entre os protagonistas e pouca gravide do suposto
dano material provocado ao agressor e sequer impediu do uso normal de seu
veículo” (fls. 222/223), de modo que a qualificadora do motivo fútil, prevista no art.
121, § 2º, II, do CP, não pode ser excluída da pronúncia, sob pena de se invadir a
competência do Tribunal do Júri, ajustando-se à espécie a Súmula 3 do TJCE (“As
circunstâncias qualificadoras constantes da peça acusatória somente serão
excluídas da pronúncia quando manifestamente improcedentes, em face do
princípio in dubio pro societate”).

A respeito da matéria, trago a lume os seguintes julgados:

[…] 1. Em respeito ao princípio do juiz natural, somente é cabível a


exclusão das qualificadoras na decisão de pronúncia quando
manifestamente descabidas, porquanto a decisão acerca da sua
caracterização ou não deve ficar a cargo do Conselho de Sentença.
[…] (STJ, AgRg no AREsp 1609922/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma,
julgamento em 10.03.2020, DJe 28.04.2020)

[…] 3. Somente é cabível a exclusão das qualificadoras, na decisão de


pronúncia, quando manifestamente improcedentes, pois cabe ao
Tribunal do Júri, diante dos fatos narrados na denúncia e colhidos
durante a instrução probatória, a emissão de juízo de valor acerca da
conduta praticada pelo réu. […] (STJ, AgRg no AREsp 1420950/PB, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, julgamento em 18.02.2020, DJe
21.02.2020)

[…] 1. Em respeito ao princípio do juiz natural, somente é cabível a


exclusão das qualificadoras na decisão de pronúncia quando
manifestamente descabidas, porquanto a decisão acerca da sua
caracterização ou não deve ficar a cargo do Conselho de Sentença.
[…] (STJ, AgRg no AREsp 1603497/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma,
julgamento em 06.02.2020, DJe 19.02.2020)
fls. 305

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[…] 4. A exclusão das qualificadoras na fase de pronúncia somente é


possível quando manifestamente improcedentes, pois a decisão
acerca de sua caracterização deve ficar a cargo do Conselho de
Sentença. […] (STJ, REsp 1739704/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma,

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julgamento em 18.09.2018, DJe 26.09.2018)

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO


QUALIFICADO. PRONÚNCIA. MOTIVO FÚTIL. CIÚMES. MANIFESTA
IMPROCEDÊNCIA NÃO VERIFICADA NA HIPÓTESE. SUBMISSÃO DA
MATÉRIA AO TRIBUNAL DO JÚRI. […] 2. Com efeito, a qualificadora
do motivo fútil foi indevidamente decotada da sentença de pronúncia,
pois o Tribunal de origem não demonstrou sua manifesta
improcedência. Para justificar a exclusão da majorante, foi realizado
indevido juízo de valor, com interpretação que cabia exclusivamente
ao Tribunal do Júri. […] (STJ, AgRg no REsp 1743740/MG, Rel. Min.
Antonio Saldanha Palheiro, 6ª Turma, julgamento em 04.09.2018, DJe
13.09.2018)

[…] 2. A exclusão da qualificadora constante na denúncia - meio cruel


- somente pode ocorrer quando manifestamente improcedente, sob
pena de usurpação da competência do Tribunal do Júri, juiz natural
para julgar os crimes dolosos contra a vida. Precedentes. […] (STJ,
HC 456093/PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma,
julgamento em 23.08.2018, DJe 29.08.2018)

[…] 6. Este Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que


somente é cabível a exclusão de qualificadoras da pronúncia quando
manifestamente improcedentes ou descabidas, assim garantindo-se a
constitucional competência do Tribunal do Júri. […] (STJ, AgRg nos
EDcl no REsp 1711927/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma,
julgamento em 07.08.2018, DJe 15.08.2018)

[…] II - A exclusão de qualificadoras constantes na pronúncia


somente pode ocorrer quando manifestamente improcedente, sob
pena de usurpação da competência do Tribunal do Júri, juiz natural
para julgar os crimes dolosos contra a vida. […] (STJ, AgRg no REsp
1295740/PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma,
julgamento em 20.08.2015, DJe 28.08.2015)

[…] 1. Na pronúncia, somente podem ser excluídas as qualificadoras


manifestamente improcedentes. […] (STJ, AgRg no REsp 1125372/RS,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, julgamento em 09.08.2011, DJe
29.08.2011)

Dessa forma, deve ser mantida, apenas, a qualificadora prevista no


fls. 306

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art. 121, § 2º, II, do CP (motivo fútil).

Passo a analisar o pedido de elevação dos honorários advocatícios

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fixados, pelo Magistrado de 1º Grau, em favor do advogado dativo Francisco Nardeli
Macedo Campos (OAB/CE 17.015).

O montante fixado pelo Juiz a quo (R$ 500,00) não remunera


adequadamente o trabalho desenvolvido pelo advogado dativo Francisco Nardeli
Macedo Campos (OAB/CE 17.015), o qual foi nomeado às fls. 214.

O advogado dativo Francisco Nardeli Macedo Campos (OAB/CE


17.015) apresentou alegações finais (fls. 215/218) e interpôs o presente recurso (fls.
250/255), de maneira que a verba honorária deve ser fixada em R$ 4.000,00 (quatro
mil reais), quantum que corresponde a, aproximadamente, 29,8 (vinte e nove vírgula
oito) UAD´s, considerando que cada UAD (unidade advocatícia) para a tabela de
honorários da OAB/CE equivale, atualmente, a R$ 134,14 (cento e trinta e quatro
reais e catorze centavos), quantia razoável e compatível com o trabalho
desempenhado pelo advogado dativo Francisco Nardeli Macedo Campos (OAB/CE
17.015).

Diante do exposto, conheço do Recurso em Sentido Estrito


interposto, dando-lhe parcial provimento para afastar a qualificadora prevista no art.
121, § 2º, III, do CP (meio cruel), com a consequente manutenção, apenas, da
qualificadora prevista no art. 121, § 2º, II, do CP (motivo fútil), e para fixar os
honorários advocatícios do advogado dativo Francisco Nardeli Macedo Campos
(OAB/CE 17.015), o qual foi nomeado às fls. 214, em R$ 4.000,00 (quatro mil reais),
importância a ser paga pelo Estado do Ceará, mantendo, no mais, a decisão
combatida.
É como voto.

Relator
Fortaleza, 05 de outubro de 2021
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Des. Henrique Jorge Holanda Silveira


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