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Auto da Barca do Inferno

- FID. A estoutra barca me vou.


- Hou da barca! Para onde is?
- Ah, barqueiros! Não me ouvis?
5 Respondei-me! Houlá! Hou!...
- (Par Deos, aviado1 estou!
- Cant'a isto é já pior...
- Que giricocins2, salvanor3!
Cuidam cá que são eu grou4?)
-
10 ANJO Que quereis?
- FID. Que me digais,
- pois parti tão sem aviso5,
- se a barca do Paraíso
- é esta em que navegais.
15 ANJO Esta é; que demandais?
- FID. Que me leixeis embarcar.
- Sou fidalgo de solar6,
é bem que me recolhais.
-
- ANJO Não se embarca tirania
20 neste batel divinal.
- FID. Não sei porque haveis por mal
- que entre a minha senhoria...
- ANJO Pera vossa fantesia7
- mui estreita é esta barca.
25 FID. Pera senhor de tal marca
nom há aqui mais cortesia?
-
- Venha a prancha e atavio8!
- Levai-me desta ribeira!
- ANJO Não vindes vós de maneira
30 pera entrar neste navio.
- Essoutro vai mais vazio:
- a cadeira entrará
- e o rabo caberá
- e todo vosso senhorio.
35 Vós ireis lá mais espaçoso,
- com fumosa senhoria,
- cuidando na tirania
- do pobre povo queixoso;
- e porque, de generoso9,
40 desprezastes os pequenos,
- achar-vos-eis tanto menos
quanto mais fostes fumoso10.

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3. Refere como reage o Anjo à primeira pergunta do Fidalgo (verso 2).
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4. Assinala com X, nos itens 7.1 e 7.3, a opção que completa cada afirmação, de acordo com
o texto.

7.1 No verso “Ah, barqueiros! Não me ouvis?” (verso 3), o recurso gramatical que sinaliza
que o Fidalgo chama os passageiros da barca é
(A) o vocativo.
(B) a exclamação.
(C) a interjeição.
(D) a negação.

7.2 A modalidade presente em “Respondei-me!” (verso 4) aponta para a intenção de


(A) fazer um pedido.
(B) dar uma ordem.
(C) fazer uma apreciação.
(D) apresentar um facto real.

7.3 As palavras “giricocins” (verso 7), “salvanor” (verso 7) e “grou” (verso 8) constituem
exemplos de
(A) neologismos.
(B) sinónimos.
(C) arcaísmos
(D) interjeições.

5. Refere, por palavras tuas, os três argumentos do Fidalgo para tentar convencer o Anjo a
deixá-lo entrar na barca.
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6. “Pera senhor de tal marca / nom há aqui mais cortesia?” (versos 24-25)
Como seria, em vida, a atitude do Fidalgo para com os seus criados com base na forma
como se dirige ao Anjo? O que explicaria esta atitude?
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7. Assinala com X, nos itens 10.1 e 10.2, a opção que completa cada afirmação, de acordo
com o texto.
10.1 O Fidalgo afirma “Não sei porque haveis por mal / que entre a minha senhoria...”
(versos 20-21).
Os tempos verbais sublinhados na afirmação são
(A) o presente do indicativo para os dois casos.
(B) o presente do modo conjuntivo para os dois casos.
(C) o presente do modo indicativo e o presente do modo conjuntivo, respetivamente.
(D) o presente do modo conjuntivo e o presente do modo indicativo, respetivamente.

10.2 Na afirmação “Pera vossa fantesia / mui estreita é esta barca” (versos 22-23) usa-se uma
(A) comparação.
(B) metáfora.
(C) enumeração.
(D) personificação.

8. A atitude do Anjo relativamente ao Fidalgo evolui ao longo da cena. Por que razão se deu
essa mudança?
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9. Assinala com X, nos itens 12.1 e 12.2, a opção que completa cada afirmação, de acordo
com o texto.
12.1 “Essoutro vai mais vazio: / a cadeira entrará / e o rabo caberá / e todo vosso
senhorio.” (versos 30-33)
A referência aos adereços que o Fidalgo transporta aponta para
(A) as virtudes que o poderão salvar.
(B) os elementos que não deve colocar na barca do Diabo.
(C) os elementos que ele deve deixar em terra.
(D) os pecados que o condenarão.

12.2 No final da sua intervenção (versos 34-41), o Anjo acusa o Fidalgo de


(A) não reconhecer a generosidade do povo.
(B) falta de generosidade para com o povo.
(C) ocupar demasiado espaço no palácio.
(D) fazer muito fumo, prejudicando o povo.
10. Assim que morreu, o Fidalgo encontrou-se frente ao Diabo.
Com base no teu conhecimento da obra, refere as intenções do Fidalgo quando chegou ao
cais e explica qual é a intenção de crítica social associada à cena.
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11. “Quem tudo quer tudo perde.”


Será que vale tudo para alcançarmos os nossos objetivos?
Escreve um texto de opinião bem estruturado, em que defendas o teu ponto de vista
sobre a questão apresentada.

O teu texto, com um mínimo de 160 palavras e um máximo de 200, deve ter em conta os
seguintes aspetos:
- contextualização do assunto e indicação do teu ponto de vista;
- apresentação de dois argumentos/duas razões que justifiquem o teu ponto de vista e
respetivos exemplos;
- uma conclusão adequada à tua posição inicial.

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FIM

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