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“MAESTRO” - BIOENERGY AND LOW-CARBON

VI COMPETIÇÃO DE
ARBITRAGEM NO
AGRONEGÓCIO
CAMAGRO

Maio– Junho
2024

Sustentações Orais
23 a 24 de Maio (online)
07 e 08 de Junho (presencial)

Organização
Câmara de Arbitragem e Mediação do Agronegócio
CAMAGRO
SUMÁRIO

Documento Página

Carta Letícia Parker 4

Requerimento de Arbitragem 5

Anexo Requerente #1 17

Anexo Requerente #2 18

Anexo Requerente #3 19

Anexo Requerente #4 42

Anexo Requerente #5 43

Anexo Requerente #6 47

Anexo Requerente #7 50

Anexo Requerente #8 52

Anexo Requerente #9 55

Anexo Requerente #10 59

Anexo Requerente #11 60

Anexo Requerente #12 64

Anexo Requerente #13 65

Carta - Secretaria CAMAGRO (Recebimento do Requerimento) 67

Carta Catarina Suckling 70

Resposta ao Requerimento de Arbitragem 72

Anexo Requerida #1 82

Carta - Secretaria CAMAGRO (Recebimento da Resposta ao


84
Requerimento)

Réplica a Resposta da Requerida 85

Carta - Secretaria CAMAGRO (Constituição do Tribunal Arbitral) 90

Carta - Secretaria CAMAGRO (Comunicado Termo de Arbitragem) 92


Termo de Arbitragem 93

Provas a Produzir da Requerente 99

Provas a Produzir da Requerida 102

Decisão do Tribunal Arbitral 105

Termo de Referência 108

Laudo Pericial 114


E-mails sobre o envio de documentos para a audiência 121

Ata de Audiência 123

Impugnação à Audiência 135

Resposta a Impugnação à Audiência 140

Ordem Procedimental 144


4

Letícia Parker
OAB 22112018
Rua dos Encantos, s/n
Porto Seguro, Matopiba
Brasil
leticia@parker.com

20 de Março de 2023
Por e-mail e via postal

Câmara de Mediação e Arbitragem do Agronegócio - CAMAGRO

Caro Sr. Paulo Hobbs,

Venho, através deste e-mail, submeter o Requerimento de Arbitragem em nome da COBOS


Bioenergia Ltda., onde se encontram todas as informações essenciais, conforme o art 3° do
Regulamento de Arbitragem da Câmara. Ademais, segue em anexo cópia da procuração [omissis]
com autorização para representação processual da COBOS Bioenergia Ltda.

A COBOS Bioenergia Ltda. busca o reconhecimento do inadimplemento contratual por parte da


requerida, Penfolds Technology S.A., e a abertura do período de cure period previsto no Contrato
de Empreitada Global, que segue também em anexo.

A cláusula compromissória firmada pelas partes prevê que a sede da arbitragem será
preferencialmente na cidade de Cuiabá, Estado do Pantanal, e que o processo será julgado por
Tribunal Arbitral composto por três membros.

Por último, a COBOS Bioenergia Ltda. indica que o sr. Fernando Junqueira para atuar como
árbitro no presente processo arbitral.

Att.,
Letícia Parker
5

CÂMARA DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO

COBOS Bioenergia Ltda (“COBOS” ou “Requerente”), pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda (CNPJ/MF) sob o n°
(omissis), com sede no município de Sinop, Estado do Pantanal, representada por sua advogada,
Letícia Parker, vem, nos termos do Art. 3° do Regulamento de Arbitragem da Câmara de
Arbitragem e Mediação do Agronegócio (“CAMAGRO”), apresentar

REQUERIMENTO DE INSTAURAÇÃO DE ARBITRAGEM

em face de Penfolds Technology S.A. (“Penfolds” ou “Requerida”), pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda (CNPJ/MF)
sob o n° (omissis), com sede no município de Cuiabá, Estado do Pantanal.

I. SÍNTESE FÁTICA

1. A Requerente, COBOS Bioenergia Ltda (“COBOS”), é uma sociedade empresária com


sede no município de Sinop, Pantanal, que atua como produtora de etanol originado,
majoritariamente, da cana de açúcar. A COBOS é referência na adoção de práticas ESG e possui
reconhecimento internacional na produção de "energia limpa", notadamente por suas políticas de
produção eficiente de biocombustíveis e redução da intensidade de carbono.

2. A Requerida, Penfolds Technology S.A. (“Penfolds”), é uma empresa de engenharia


agroindustrial com atuação no ramo de processamento de produtos agrícolas. Nos últimos anos, a
Requerida ganhou destaque pelo desenvolvimento de tecnologias destinadas à melhoria da
performance de usinas flex de etanol, em especial, através do seu Sistema Digital de Controle
Distribuído (“SDCD” ou “Sistema Maestro”) e de novas técnicas de produção de etanol de
resíduos lignocelulósicos do milho (palha, sabugo, bagaço, dentre outros)1.

1
Anexo 1
6

3. No segundo semestre de 2018, a Requerente, interessada no reconhecido destaque nacional


da Requerida no setor bioenergético, deu início às tratativas para a remodelagem de sua usina
localizada no município de Rio Verde/PN, a Usina Alvorada.2 A obra permitiria a produção de
etanol de milho simultaneamente à produção já existente de etanol de cana-de-açúcar, mantendo o
alto padrão de eficiência energético-ambiental.

4. Em dezembro de 2018, as Partes assinaram um Memorandum of Understanding, no qual a


Requerente especificou que um dos seus principais objetivos era utilizar como matéria-prima, além
dos subtipos de milho normalmente utilizados para a produção de etanol, o milho pantanesco (Zea
mays palude), subespécie abundante na região de Rio Verde, porém com maior concentração de
material lignocelulósico em seu grão.

5. Entre os meses de janeiro e fevereiro de 2019, a Requerida conduziu na Usina Alvorada os


testes de viabilidade técnico-econômica e, no mês de setembro, apresentou o projeto oficial de obra.
Cumpre destacar que, nos referidos testes, constatou-se que a viabilidade econômica da operação
com o milho pantanesco, considerando a projeção do preço do insumo, dependeria do rendimento
de ao menos 280 litros de etanol por tonelada de milho e, portanto, seria necessário obter cerca de
112 litros (40% do total) de etanol de segunda geração (E2G).

6. Em abril de 2019, as Partes assinaram o Contrato de Engineering, Procurement and


Construction (“Contrato”).3 Em síntese, o Contrato teve como objeto (i) implementação do
Sistema Maestro, destinado à centralização e automação da operação industrial; (ii) construção de
nova central de geração de energia elétrica; (iii) adaptação da Usina Alvorada ao modelo flex de
produção de etanol; (iv) a readaptação da atual central de geração de energia elétrica para se tornar
uma central de processamento do material lignocelulósico de milho; (v) a implementação de novos
equipamentos e técnicas destinados à redução da emissão de poluentes.

7. Quanto às fases da obra, o Contrato previu que os trabalhos seriam iniciados


imediatamente e encerrados em fevereiro de 2023, subdividindo-se em 3 (três) fases de execução,
seguidas de posterior período de garantia.

2
Anexo 2
3
Anexo 3
7

8. Abaixo, segue linha do tempo contendo, de forma simplificada, as fases da obra e os


principais marcos contratuais:

9. Em dezembro de 2021, a Requerida noticiou o resultado positivo dos testes


eletromecânicos e dos testes de confiabilidade, bem como informou à Requerente a proximidade da
conclusão da etapa de montagem, motivo pelo qual pretendia iniciar os testes de performance.

10. No entanto, desde o segundo semestre de 2021, iniciou-se uma crise no abastecimento de
grãos no Estado do Pantanal, causada por uma severa estiagem.4 Em que pese a Requerente tenha
conseguido fontes alternativas de milho dentado e milho doce, os problemas hídricos da região
conduziram à indisponibilidade do milho pantanesco nas quantidades e qualidades necessárias para
a realização dos testes de performance na data prevista no cronograma contratual.

11. Diante dessas circunstâncias, a Requerente informou à Requerida que poderia importar o
milho híbrido do cultivar “BRS diamantino”, com composição lignocelulósica semelhante ao do
grão do milho pantanesco, visando a possibilitar testes da produção de E2G, até que normalizado o
abastecimento no Estado do Pantanal.5 Ocorre que a Requerida se recusou a realizar os testes de
performance com subtipo de milho não previsto contratualmente, sem, contudo, propor qualquer
alternativa para contornar o problema de indisponibilidade do milho pantanesco.

12. A Requerente, então, procurou o Dispute Board em janeiro de 2022, a fim de discutir a
viabilidade de utilização do milho “BRS diamantino” como substituto ao milho pantanesco nos
testes de performance, deixando clara a sua preocupação com o resultado do comissionamento. A
Requerida, por sua vez, insistiu que não se vincularia aos resultados dos testes de performance
enquanto a Requerente não cumprisse sua obrigação de entregar o insumo.

4
Anexo 4
5
Anexo 5
8

13. O Dispute Board, após análise dos laudos técnicos apresentados pelas Partes, recomendou a
continuidade dos testes de performance com a utilização do milho “BRS diamantino”, diante da
necessidade de avaliar a tecnologia de processamento da biomassa lignocelulósica e da preocupação
mútua com atrasos ao cronograma da obra. Também recomendou que as métricas de performance
do Manual de Comissionamento (Anexo III do Contrato) fossem adequadas às características do
milho substituto, de modo a resguardar a autenticidade do resultado dos testes.6

14. Logo em sequência, as Partes reuniram-se para debater os termos da Recomendação do


Comitê de Disputas.7 Na oportunidade, decidiu-se, dentre outras coisas: (i) os parâmetros de
quantidade e qualidade do milho “BRS diamantino”, a ser adquirido pela COBOS; (ii) a
manutenção do cronograma da obra e (iii) o pagamento de R$500.000,00 (quinhentos mil reais)
adicionais, em favor da Penfolds, para cobrir os custos de adaptação dos testes.

15. Com a continuidade da obra, os primeiros testes de performance atingiram os níveis


mínimos quando utilizados, como matéria-prima, a cana-de-açúcar, o milho dentado e o milho
doce, mas não com o milho “BRS diamantino”, especificamente, nos parâmetros “rendimento” e
“intensidade de carbono”, previstos no Manual de Comissionamento.

16. A Requerida aduziu que os parâmetros contratuais e os desvios aceitáveis deveriam ser
ajustados ao insumo substituto, em conformidade com a anterior decisão do Dispute Board, o que
justificaria o resultado "não satisfatório" dos testes. A Requerente, por sua vez, expressou sua
preocupação quanto à eficiência da tecnologia de processamento implementada na Usina Alvorada
e requereu a realização de testes suplementares para examinar a performance da produção do E2G.

17. As Partes, então, em conjunto, acionaram o Dispute Board em fevereiro de 2022 para
solucionar a controvérsia a respeito da interpretação dos testes. Conforme o relatório, o Comitê
concluiu que “os testes de performance obtiveram resultados com desvio admissível, em virtude do
maior grau de incerteza gerado pela utilização do milho do cultivar BRS diamantino”, mas
entendeu ser indevida a pretensão da COBOS de realizar testes suplementares.8

6
Anexo 6
7
Anexo 7
8
Anexo 8
9

18. Diante disso, as Partes prosseguiram com a execução do programa contratual, ocorrendo a
entrega parcial da obra e, assim, o início da fase de operação assistida. Ao longo desta nova etapa,
houve o gradual aperfeiçoamento da performance geral da usina, porém não se observou qualquer
melhora quanto à produção de E2G, cujo rendimento permaneceu estagnado.

19. Quando dos testes finais de performance, realizados no fim da fase de operação assistida,
verificou-se que a produção de etanol com o milho “BRS diamantino” apresentou resultados
inferiores aos índices contratuais, quando analisado isoladamente o E2G. Sabendo que esse
problema poderia inviabilizar a futura operação comercial com o milho pantanesco, a COBOS
informou que não aceitaria a entrega definitiva da obra enquanto não fosse demonstrado que a
tecnologia contratada atendia integralmente aos fins contratuais e operacionais.

20. Em setembro de 2022, a Requerente acionou o Dispute Board, argumentando que a


aceitação final apenas seria concedida quando restasse inequívoco o adimplemento da obrigação de
performance e, por isso, requereu a suspensão do contrato até o fim da crise de indisponibilidade de
grãos no Pantanal. Informou, ainda, que o abastecimento de milho da região estaria normalizado
em breve, o que permitiria a entrega do milho pantanesco ainda no primeiro semestre de 2023.

21. No entanto, o Dispute Board decidiu contrariamente aos interesses da COBOS, por
entender que o objeto contratual foi satisfeito, e, quanto ao milho pantanesco, que a não entrega do
insumo pela contratante atrairia a incidência da Cláusula 14.5.1. Assim, o Comitê rejeitou o pedido
de suspensão do contrato e, mesmo sem que a Penfolds tenha apresentado pedido contraposto,
reconheceu o encerramento do programa contratual por aceitação tácita da obra9.

22. A Requerente, então, apresentou Aviso de Insatisfação10 ao Relatório nº 03 emitido pelo


Dispute Board, reforçando a sua preocupação relativa ao desempenho da produção do E2G com o
milho pantanesco e manifestando-se contra o encerramento da obra enquanto a Requerida não
comprovasse o perfeito funcionamento de todas as instalações da Usina.

23. Poucos meses depois, a Usina Alvorada passou a produzir etanol a partir do milho
pantanesco. Todavia, apesar de utilizar o insumo dentro das especificações contratadas, o etanol

9
Anexo 9
10
Anexo 10
10

produzido continuou abaixo dos standards de performance contratualmente estabelecidos.11 Toda


essa nova situação foi devidamente comprovada (a partir de laudos, relatórios e documentos) e
encaminhada para a Requerida, que, por sua vez, respondeu de forma evasiva.

24. Soma-se, ainda, o fato da Requerida ter omitido informações de que possuía tecnologia
mais avançada do que a implementada na Usina Alvorada, em violação à previsão de uso da melhor
tecnologia disponível, conforme preceituado na Cláusula 6.1.c do Contrato12.

25. Não suficiente, essa nova e aprimorada tecnologia de pré-tratamento do material


lignocelulósico do milho pantanesco foi instalada pela Penfolds em destilaria do Grupo Pinotage,
também localizada no município de Rio Verde/PN, o que, inclusive, causou um notável aumento
da cotação do milho pantanesco no mercado futuro.

26. Diante desse novo contexto, a Requerente, em fevereiro de 2023, notificou a Requerida por
sua inadimplência, em razão do etanol produzido não corresponder às exigências contratuais e não
se adequar às suas finalidades comerciais. Ao fim, requereu esclarecimentos quanto à obra que
estaria realizando na destilaria da Pinotage, pois a instalação de tecnologia similar em
empreendimento concorrente violaria a cláusula de non-compete13.

27. Em resposta, a Penfolds tão somente afirmou: "conforme manifestação do DB, a execução do
contrato ocorreu de forma integral e, diante disso, não há que se falar em inadimplemento contratual
ou desrespeito a qualquer garantia ou cláusula prevista no Contrato". Assim, diante da
impossibilidade de resolução amigável do conflito, a Requerente aciona a cláusula compromissória
do pacto para instaurar a presente arbitragem.

II. AVALIAÇÃO LEGAL

28. O Tribunal Arbitral a ser constituído possuirá plena competência para julgar o presente
litígio, conforme estabelecido na cláusula de resolução de conflitos, que dispõe expressamente a
respeito da escolha das Partes pela arbitragem como método de resolução de quaisquer
controvérsias oriundas do referido Contrato.

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Anexo 11
12
Anexo 12
13
Anexo 13
11

29. Destarte, a Requerente pleiteia a instauração de arbitragem para que seja responsabilizada e
condenada a Requerida, em decorrência (II.A) do inadimplemento contratual da Requerida
quanto à sua obrigação de resultado e, também, (II.B) da violação da cláusula de non-compete.

II.A. DO INADIMPLEMENTO CONTRATUAL DA REQUERIDA

30. A Requerente pleiteia (II.A.1) a condenação da Requerida às penalidades por violação da


garantia de performance prevista na Cláusula 10.1 c/c a declaração da Cláusula 6.1.a do Contrato,
em razão do resultado final da obra não atender aos níveis contratuais de performance ou às
finalidades comerciais da Requerente. Subsidiariamente, pugna-se (II.A.2) pela condenação da
contratada ao pagamento de multa por violação da garantia de durabilidade.

II.A.1. DA VIOLAÇÃO DA GARANTIA DE PERFORMANCE

31. A Requerida inadimpliu a garantia de performance pois, como demonstram as provas


técnicas anexadas ao presente Requerimento, o desempenho da Usina Alvorada não atende às
finalidades comerciais e operacionais, consubstanciadas no Contrato firmado entre as Partes.

32. Os relatórios dos testes conduzidos pela Requerente revelam que, mesmo após a
regularização da matéria-prima utilizada, a performance da produção de etanol com o milho
pantanesco permanece insatisfatória.

33. Observa-se que os parâmetros de “octanagem” e “poder calorífico inferior” estão abaixo dos
níveis ótimos de performance, o que, por si só, ensejaria a condenação da Requerida ao pagamento
do Buy Down previsto na Cláusula 10.5 do Contrato. Ainda pior, os quesitos “rendimento” e
“intensidade de carbono” apresentaram resultados inferiores aos níveis mínimos de
performance, tornando, na prática, a operação economicamente inviável.

34. Veja-se o gráfico ilustrativo dos resultados obtidos14:

14
O gráfico apresenta os valores em caráter percentual, sendo o máximo (100%) o nível ótimo. O parâmetro
“intensidade de carbono” foi representado como “nota de eficiência energético-ambiental”, a partir da
comparação dos números do bioetanol com o combustível substituto de origem fóssil, em conformidade
com a Resolução nº 758/2018 da ANP.
12

35. Assim, as escusas fornecidas pela Requerida durante o comissionamento da obra - relativas
à margem de erro pelo uso do milho substituto - não correspondem à realidade, pois os testes
posteriores com o próprio milho pantanesco atestam que o problema está, de fato, na central de
processamento de biomassa lignocelulósica instalada na Usina Alvorada. Em outras palavras, os
resultados negativos não podem ser justificados pela utilização do milho de subtipo diverso.

36. Por isso, havendo evidências de que a Penfolds entregou a obra em desconformidade com os
parâmetros de performance estipulados no Manual de Comissionamento, configura-se a violação
da garantia de performance prevista na Cláusula X.

37. Além disso, a garantia de performance deve ser conjugada com a leitura da Cláusula 6.1.a.
do Contrato, na qual a Requerida declarou e garantiu assumir “[...] total responsabilidade pela
adequação do design e do resultado da obra às finalidades do Contrato”. Isto é, a empreiteira
assegurou que o desempenho da Usina Alvorada, no momento de entrega da obra, estaria
adequado às finalidades comerciais declaradas pela Requerente (“fitness-for-purpose”).

38. Nesse sentido, desde o início das tratativas entre as Partes, a Requerente deixou claro o seu
objetivo ao contratar a tecnologia de processamento dos resíduos lignocelulósicos: ser capaz de
produzir etanol a partir do milho pantanesco com alto nível de eficiência econômica e
13

energético-ambiental. A posterior assinatura do Contrato apenas ratificou as intenções


anteriormente externalizadas, como verifica-se no item “d” do Preâmbulo:

“D. Além da utilização dos subtipos de milho mais comuns, como doce e dentado, a
Contratante deseja produzir etanol também a partir da subespécie Zea mays palude
(“milho pantanesco”), em razão da sua disponibilidade na região de Rio Verde/PN e
da proximidade da Usina com fornecedores dessa variedade de milho.”

39. Porém, a empreitada falhou ao atingir esse objetivo, pois o desempenho da Usina não
atende aos níveis mínimos de performance, o que, repita-se, significa que a operação com o milho
pantanesco está economicamente inviável. Por isso, tanto pelo descumprimento das métricas
previstas no Manual de Comissionamento quanto pela inadequação do resultado aos objetivos
contratuais externalizados pela COBOS, evidencia-se a violação da garantia de performance.

40. Pelo exposto, a Requerente pede (i) a abertura do cure period (Cláusula 10.2) para que a
Requerida execute, às suas expensas, as adaptações necessárias à Usina Alvorada, ou (ii) a rejeição
parcial da obra (Cláusula 14.4.1), com a consequente condenação da Requerida à devolução do
valor recebido, acrescido de multa indenizatória (Cláusula 18.2.b). Em ambos os casos, pugna-se
pela aplicação da multa moratória por violação de declaração e garantia (Cláusula 18.2.d).

II.A.2. DA VIOLAÇÃO DA GARANTIA DE DURABILIDADE

41. Mesmo que, eventualmente, o Tribunal Arbitral considere que os novos testes com o milho
pantanesco não demonstram a violação da garantia de performance da Cláusula X, não há dúvidas
que a garantia de durabilidade da Cláusula XI foi violada pela Requerida.

42. Nos termos da Cláusula 11.1, a Penfolds garantiu que a Usina Alvorada funcionaria dentro
dos níveis de performance pactuados pelo período de 18 (dezoito) meses após a entrega da obra,
seguindo a Curva de Durabilidade prevista no Manual de Comissionamento.

11.1. Pelo período de 18 (dezoito) meses, contados da data da Aceitação Final da


Obra, a Contratada garante a durabilidade do desempenho da Usina, em
conformidade com a garantia de performance prevista na Cláusula X deste
instrumento e com o decréscimo de desempenho descrito pela Curva de
Durabilidade do Manual de Cronograma.
14

43. Conforme delineado no Relatório de Desempenho conduzido pelo engenheiro químico,


Dr. Bruce Oldman (Anexo 11), mesmo ajustando os resultados dos testes à Curva de Durabilidade,
o desempenho da Usina Alvorada ainda está abaixo dos níveis projetados quanto aos quatro
quesitos de performance anteriormente mencionados.

Parâmetro Nível Real Nível Ótimo Desvio Nível Mínimo Desvio

Volume de Produção (l/t) 267,5 343 -22,0% 291 -8,1%

Intensidade de Carbono 52,4 40,8 +28,4% 46 +13,8%


(g CO2eq./MJ)

Poder Calorífico (Kcal/kg) 6.510,35 6.716,08 -3,1% 6277,04 +3,7%

Octanagem (RON) 117 118,5 -1,3% 106,8 +9,5%

44. Isso posto, em que pese o prazo de garantia de durabilidade ainda esteja vigente, os
documentos anexos revelam a inferioridade do desempenho atual da usina em comparação com o
desempenho esperado. Por isso, a COBOS pugna, subsidiariamente, pela condenação da Penfolds
ao pagamento da multa prevista na Cláusula 11.2, no valor de 10% do Preço Global do Contrato,
pela violação à garantia de durabilidade.

II.B. DA VIOLAÇÃO DA CLÁUSULA DE NON-COMPETE

45. A Requerida violou o compromisso de non-compete previsto contratualmente ao iniciar


relação comercial com ao Grupo Pinotage, que, por conta dos serviços prestados pela Requerida,
passou a competir com a Requerente por acesso ao milho pantanesco.

46. Nos termos das Cláusulas 21.1 e 21.1.2. do Contrato, a Penfolds não poderia se envolver
comercialmente, prestar serviços ou participar, direta ou indiretamente, de atividade concorrente
com os negócios da COBOS, em um raio de 100 km (cem quilômetros) da Usina Alvorada, pela
duração das obras e até 1 (um) ano após a assinatura do Termo de Entrega.

47. Conforme revelam as notícias veiculadas na Revista "AgroNews", a Penfolds está


participando da construção de destilaria, localizada a cerca de 83 km da Usina Alvorada,
pertencente ao Grupo Pinotage, grupo econômico controlar de uma série de empresas que atuam
no setor sucroenergético.
15

48. Por isso, resta evidente a violação à cláusula de non compete, pois (i) a mencionada relação
comercial se iniciou durante o período de quarentena da Cláusula 21.1, (ii) o empreendimento
concorrente está inserida no limite territorial da Cláusula 21.1.2, (iii) a destilaria do Grupo
Pinotage utilizará a mesma rede de distribuição de matéria-prima da Usina Alvorada, o que
prejudicará o acesso da COBOS a insumos, especialmente o milho pantanesco.

49. Não suficiente, segundo informações divulgadas publicamente, a Penfolds estaria


implementando, na destilaria do Grupo Pinotage, sua “nova tecnologia de processamento do milho
pantanesco, especialmente desenvolvida para aproveitar todas as partes da planta”. Assim, a toda
evidência, a Requerida detinha tecnologia de processamento de material lignocelulósico mais
avançada, potencialmente capaz de corrigir a performance insatisfatória da Usina Alvorada.

50. Em outras palavras, a relação comercial entre o Penfolds e o Grupo Pinotage demonstra
violação tanto ao compromisso de não concorrência (Cláusula 21.1) quanto à garantia, prestada
pela contratada, de que toda a tecnologia implementada seria a melhor disponível (Cláusula 6.1.c).

51. Desse modo, deve a Requerida ser condenada ao pagamento da multa indenizatória
prevista na Cláusula 21.3, no valor de 10% do Preço Global, assim como da multa moratória
prevista na Cláusula 18.2.d, no valor de 2% do Preço Global.

III. DOS PEDIDOS

Pelos fundamentos de fato e de direito apresentados acima, a Requerente, respeitosamente, pede


que o Tribunal Arbitral:

A. Reconheça a violação da garantia de performance e (i) declare a abertura do cure period


previsto na Cláusula 10.2., determinando que a Requerida, às suas expensas, retifique a
performance da Usina Alvorada, (ii) ou condene a Requerida à devolução do valor
referente ao Item “d” do Escopo da Obra, acrescida de multa indenizatória de 10%,
totalizando R$165.000.000,000 (cento e sessenta e cinco milhões de reais).

B. Subsidiariamente, condene a Requerida ao pagamento da multa da Cláusula 11.2., no valor


de R$61.500.000,00 (sessenta e um milhões e quinhentos mil reais), pela infração da
garantia de durabilidade.
16

C. Condene a Requerida ao pagamento da multa indenizatória da Cláusula 21.3, no valor de


R$61.500.000,00 (sessenta e um milhões e quinhentos mil reais), pela infração referente ao
compromisso de non-compete previsto na Cláusula 21.1.

D. Condene a Requerida ao pagamento da multa moratória prevista na Cláusula 18.2.d, no


valor de R$24.600.000,00 (vinte e quatro milhões e seiscentos mil reais), pela violação da
cláusula de declarações e garantias quanto ao fitness-for-purpose (Cláusula 6.1.a) e quanto à
implementação da melhor tecnologia disponível (Cláusula 6.1.c).

Nestes termos, pede deferimento.

17 de março de 2023, Sinop/PN

Letícia Parker
OAB 22112018
AGRO NEWS
ANEXO #1 REQUERENTE 17

O FUTURO DOS BIOCOMBUSTÍVEIS: INTELIGÊNCIA


ARTIFICIAL NA PRODUÇÃO DE ETANOL
O mercado de biocombustíveis anuncia um novo marco para o etanol brasileiro - um
sistema integrado de produção bioenergética através de IAs.

O “boom” do etanol de milho no Estado do eficiência energética na produção do


Pantanal trouxe desafios ambientais biocombustível de forma dinâmica.
preocupantes, incluindo emissões de gases
poluentes e desmatamento. Contudo, uma A introdução desta tecnologia de ponta na
solução inovadora emerge como um divisor de região do Pantanal representa um marco
águas na busca pelo equilíbrio entre produção crucial na busca por uma produção de etanol
e sustentabilidade. mais sustentável. A Penfolds Technology não
apenas atende às demandas do setor, mas
A empresa Penfolds Technology, renomada também sinaliza um avanço significativo na
especialista em tecnologias agroindustriais, conciliação entre desenvolvimento econômico
divulgou o lançamento do Sistema Maestro e preservação ambiental.
4.0, que promete reduzir em até 70% a pegada
de carbono do etanol de milho.

A nova tecnologia opera com base em um


avançado Sistema Digital de Controle
Distribuído (SDCD), permitindo que os dados
provenientes da produção de etanol sejam
utilizados para otimizar o processo produtivo
através da Inteligência Artificial.

Os dados coletados em tempo real serão


processados para que haja aprimoramento da

Por Juliana Morais - Agro News


AGRO NEWS
EDIÇÃO N° VI 12/08/2018 - 17h38 - Atualizado há 2 horas.
ANEXO #2 REQUERENTE
18

AGRO ROCKS

BRAZILIAN ETHANOL PRODUCER ‘COBOS


BIOENERGIA’ TO START “FLEX” PRODUCTION
Ethanol plant ‘Usina Alvorada’ will be the newest addition in the market of “flex” production, marking a new
breakthrough in reducing the carbon footprint in corn bioethanol.

This Thursday (19), one of the biggest


producer of ethanol in Brazil, ‘COBOS
Bioenergia’, announced the
implementation of “flex” technology
in its largest ethanol plant, ‘Usina
Alvorada’, executed in a partnership
with Penfolds Technology.

The plant was inaugurated in 2009


Penfolds Technology, a former startup
and has been one of the country’s
specialist in agroindustrial engineering, is the
main ethanol plants. While it used company responsible for implementing the
only sugar cane as raw material for technology that will make the “flex”
production until now, the company production possible. The company has been
aims to insert itself in the rising growing in Brazil for the construction of flex
brazilian corn bioethanol market. An ethanol plants after receiving the “AgroTech
increase of 125% in productivity is Awards” prize for 3 consecutive years (2017 to
expected. 2019) for the development of “clean energy”
technologies.
“We’re optimistic about this. Corn ethanol has
been steadily growing in our country, and the
development of new technologies will allow us The extension and reformulation works on the
to process bioethanol of higher quality. We ethanol plant are estimated to last until 2023.
strive to value the agricultural production of
corn in the state of Pantanal, and we aim to
use this species to make high performance PAGE 5
ethanol while also being ecofriendly.”
José Gimenez, CEO of COBOS Bioenergia MAY/2019 AGRO ROCKS
19

SUMÁRIO

CLÁUSULA I - DEFINIÇÃO E INTERPRETAÇÃO-------------------------------------- 3


CLÁUSULA II - ESCOPO DA OBRA-------------------------------------------------- 3
CLÁUSULA III - MUDANÇA DE ESCOPO-------------------------------------------- 4
CLÁUSULA IV- OBRIGAÇÕES DA CONTRATADA------------------------------------- 4
CLÁUSULA V- OBRIGAÇÕES DA CONTRATANTE------------------------------------ 5
CLÁUSULA VI- DECLARAÇÕES E GARANTIAS--------------------------------------- 5
CLÁUSULA VII - SUBCONTRATAÇÃO DE SERVIÇO-----------------------------------7
CLÁUSULA VIII - PREÇO GLOBAL E PAGAMENTOS---------------------------------- 7
CLÁUSULA IX - GARANTIA DE SOLIDEZ E SEGURANÇA------------------------------7
CLÁUSULA X - GARANTIA DE PERFORMANCE-------------------------------------- 8
CLÁUSULA XI - GARANTIA DE DURABILIDADE-------------------------------------- 9
CLÁUSULA XII- VIGÊNCIA E PRAZO PARA EXECUÇÃO DO OBJETO DO CONTRATO--- 9
CLÁUSULA XIII - COMISSIONAMENTO E TESTES----------------------------------- 9
CLÁUSULA XIV - ACEITAÇÃO PROVISÓRIA E FINAL---------------------------------10
CLÁUSULA XV- SUSPENSÃO DAS OBRAS-------------------------------------------12
CLÁUSULA XVI - EXTINÇÃO DO CONTRATO--------------------------------------- 13
CLÁUSULA XVII - RESOLUÇÃO DO CONTRATO------------------------------------ 13
CLÁUSULA XVIII - DAS PENALIDADES--------------------------------------------- 14
CLÁUSULA XIX- CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR--------------------------------- 15
CLÁUSULA XX - SEGUROS-------------------------------------------------------- 15
CLÁUSULA XXI - EXCLUSIVIDADE E NÃO CONCORRÊNCIA (NON-COMPETE)--------15
CLÁUSULA XXII - CONFIDENCIALIDADE-------------------------------------------16
CLAUSULA XXXIII - ANTICORRUPÇÃO---------------------------------------------16
CLÁUSULA XXIV - PREVENÇÃO, RESOLUÇÃO DE DISPUTAS E LEI APLICÁVEL--------16
CLÁUSULA XXV - DISPOSIÇÕES GERAIS------------------------------------------- 17
CLÁUSULA XXVI - DISPOSIÇÕES FINAIS------------------------------------------- 18
ANEXOS:------------------------------------------------------------------------ 20
20

CONTRATO DE ENGINEERING, PROCUREMENT AND CONSTRUCTION

O presente Contrato de Engineering, Procurement and Construction (“Contrato”),


produz efeitos a partir da sua assinatura e vincula as seguintes partes: COBOS
BIOENERGIA LTDA. (“COBOS” ou "Contratante"), inscrita no CNPJ/MF sob o nº
[omissis], com sede no município de Sinop, Estado do Pantanal; PENFOLDS
TECHNOLOGY S.A. (“PENFOLDS” ou "Contratada"), inscrita no CNPJ/MF sob o nº
[omissis], com sede na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo.

A Contratante e a Contratada, vinculadas pelo Contrato, serão doravante denominadas


conjuntamente de "Partes" e, individualmente, de "Parte";

CONSIDERANDO QUE:

A. A Contratante é proprietária e administradora da Usina Alvorada (“Usina”),


estabelecimento industrial localizado no município de Rio Verde/PN, projetada para
produção exclusiva de etanol de cana-de-açúcar.

B. A Contratada é uma empresa de engenharia agroindustrial que se destaca pelo


desenvolvimento de tecnologias destinadas ao aperfeiçoamento da produção de etanol,
em especial, a partir da automação do processo produtivo através do seu Sistema Digital
de Controle Distribuído, denominado “Sistema Maestro - Bioenergy and Low Carbon”.

C. A Contratante deseja adaptar a Usina ao modelo flex, para introduzir a utilização


alternativa de milho como insumo para a produção de etanol de primeira e de segunda
geração, com alto nível de eficiência energética-ambiental.

D. Além da utilização dos subtipos de milho mais comuns, como doce e dentado, a
Contratante deseja produzir etanol também a partir da subespécie Zea mays palude
(“milho pantanesco”), em razão da sua disponibilidade na região de Rio Verde/PN e da
proximidade da Usina com fornecedores dessa variedade de milho.
21

E. A melhor tecnologia utilizada também deverá aumentar a eficiência energética da Usina


como um todo e reduzir a emissão de gases-estufa, em conformidade com a política de
produção eficiente de biocombustíveis empregada pela Contratante.

F. Os testes que avaliaram a viabilidade técnico-econômica da obra apontaram resultados


positivos, no sentido da plena possibilidade de implementação da melhor tecnologia na
Usina, nos moldes convencionados pelas Partes nas cláusulas deste Contrato.

CLÁUSULA I - DEFINIÇÃO E INTERPRETAÇÃO

(omissis)

CLÁUSULA II - ESCOPO DA OBRA

2.1 Nos termos deste Contrato, fazem parte do escopo da obra (“Escopo da Obra”) todos
e quaisquer serviços necessários à execução da reforma da Usina, que engloba:

a) Implementação de sistema digital de controle distribuído (“Sistema Maestro”),


destinado à centralização e automação da operação industrial;

b) A adaptação da Usina ao modelo flex de produção de etanol;

c) Construção de nova central de geração de energia elétrica;

d) A readaptação da atual central de geração de energia elétrica para se tornar uma


central de processamento do material lignocelulósico de milho;

e) Implementação de novos equipamentos e técnicas destinados à redução da


emissão de poluentes.

2.2 O Escopo da Obra será interpretado e executado consoante as especificações


contratuais, memoriais descritivos, projetos, critérios de medição e demais
documentos relacionados em anexo, com o fornecimento de mão de obra,
equipamentos de construção e materiais necessários à plena execução dos serviços.

2.3 Este Contrato será executado em regime de EPC (Engineering, Procurement and
Construction), a preço global.

2.4 Integram e completam o presente Contrato, para todos os fins de direito, obrigando
as partes em todos os seus termos, todos os anexos a ele apensados.
22

CLÁUSULA III - MUDANÇA DE ESCOPO

3.1. A Contratante poderá requerer que a Contratada realize modificações ou alterações


no projeto ou na execução do projeto da obra (“Mudança de Escopo”), em até 12 (doze)
meses da Assinatura do Contrato.

3.1.1. Após a Contratante informar sua intenção à Contratada sobre a mudança de


escopo, a Contratada deverá apresentar proposta orçamentária sobre as referidas
mudanças que poderá envolver custos adicionais ou alteração do Cronograma.

3.1.2. Caso implique em mudança significativa do projeto, a Contratada poderá recusar o


pedido de Mudança de Escopo, sem que isso configure inadimplemento de suas
obrigações. Será considerada significativa a mudança do projeto que fuja do escopo do
obra, implique alteração de valores em percentual superior a 10% (dez por cento) do
Preço Global ou dilação do Cronograma em prazo superior a 06 (seis) meses.

3.2. Após o período de 12 (doze) meses da Assinatura do Contrato, qualquer Mudança de


Escopo será realizada em comum acordo entre as Partes mediante Termo Aditivo, que
deverá conter o objeto da Mudança de Escopo, bem como eventuais alterações no Preço
Global ou no Cronograma.

3.3. Não obstante o quanto disposto nos itens acima, a alteração do projeto ou da
execução da obra não será considerada como Mudança de Escopo e não resultará em
qualquer ajuste do Preço Global, quando for imputável exclusivamente à Contratada.

CLÁUSULA IV- OBRIGAÇÕES DA CONTRATADA

4.1 São obrigações da Contratada:

a) Sujeita aos termos e condições deste Contrato, realizar o projeto, a engenharia e


as obras necessárias à implementação do Escopo da Obra, e observar, cumprir,
respeitar e executar todas as suas obrigações nele estabelecidas.

b) Cumprir todas as Leis e as Licenças Aplicáveis no cumprimento de suas


obrigações nos termos deste Contrato.

c) Realizar a avaliação e a análise da infraestrutura atual da Usina.


23

d) Executar as obras e modificações necessárias à implementação do Escopo da


Obra em conformidade com as especificações, orientações e condições previstas
(i) no Contrato e (ii) no Cronograma, (iii) no Projeto Arquitetônico, (iv) no Projeto
de Engenharia, e (v) nos demais Anexos contratuais.

e) Transportar os materiais, ferramentas e equipamentos necessários à execução


dos trabalhos.

f) Responder pela boa qualidade e pelos resultados esperados dos serviços, bem
como pela solidez das obras.

g) Realizar testes de comissionamento e treinamento dos funcionários da Usina.

CLÁUSULA V- OBRIGAÇÕES DA CONTRATANTE

5.1 São obrigações da Contratante:

a) Sujeita aos termos e condições deste Contrato, assumir, cumprir e executar


todas as suas obrigações nele estabelecidas.

b) Pagar pontualmente a Contratada pelos serviços executados, conforme marcos


temporais estabelecidos no Termo de Pagamento.

c) Fornecer toda matéria-prima necessária para a realização dos testes na fase de


comissionamento, dentro das especificações qualitativas e quantitativas do
Manual de Comissionamento, e nas datas estipuladas no Cronograma.

d) Comunicar à Contratada acerca de qualquer fato relevante referente à execução


das Obras.

e) Proporcionar todas as facilidades necessárias à boa execução dos serviços,


permitindo o livre acesso às instalações quando solicitado pela Contratada.

f) Assegurar todas as devidas licenças e autorizações ambientais necessárias para a


execução das Obras.

CLÁUSULA VI- DECLARAÇÕES E GARANTIAS

6.1 A Contratada declara e garante à Contratante que:


24

a) Possui todas as condições necessárias à execução da reforma da Usina em


consonância com o Escopo da Obra e com os demais objetivos elencados no
presente instrumento, assumindo total responsabilidade pela adequação do
design e do resultado da obra às finalidades do Contrato;

b) Possui boa situação econômico-financeira, estando plenamente apta a arcar com


os custos necessários para o cumprimento de suas obrigações;

c) Toda a tecnologia implementada é a melhor e mais avançada do setor de usinas


sucroalcooleiras, capaz de produzir etanol de milho de primeira e de segunda
geração com alto grau de rendimento e eficiência energético-ambiental;

d) Os equipamentos e as técnicas utilizadas reduzirão a demanda eletroenergética e


a emissão de gases poluentes da Usina, em conformidade com a política de
produção eficiente de biocombustíveis empregada pela Contratante.

e) O preço global contratado contempla todos os custos, diretos e indiretos,


necessários à perfeita execução dos trabalhos e modificações necessárias à
implementação do Escopo da Obra;

f) As informações fornecidas nas Propostas, Calendários, Relatórios Técnicos e


outros Anexos apensados ao presente Contrato são verdadeiras e precisas em
todos os aspectos;

g) O desempenho da Usina, no momento de conclusão das obras, satisfará os


parâmetros de performance estabelecidos no Manual de Comissionamento;

h) A Construção, reforma, materiais e a mão de obra estarão de acordo com os


requisitos especificados neste Contrato e com os Padrões e Boas-Práticas da
Indústria (“Good Industry Practice”).

i) Todos os materiais fornecidos e utilizados pela Contratada serão da melhor


qualidade, obedecendo às especificações técnicas e as normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas.

j) A fiscalização da execução de sua competência e responsabilidade exclusiva,


exercida por profissional previamente designado ou profissionais por ela
credenciados com plenos poderes para fiscalizar e acompanhar os serviços.
25

k) No momento da celebração deste instrumento, não possui qualquer contrato em


vigor ou compromisso futuro que viole os termos da Cláusula XXI;

6.2 A Contratante declara e garante à Contratada que:

a) A Usina Alvorada é empreendimento de sua propriedade exclusiva, possuindo


total e irrestrita autonomia para conceder à Contratada o acesso à obra e a
autorização para realizar as modificações necessárias no local;

b) Possui boa situação econômico-financeira, estando plenamente apta ao


cumprimento de sua obrigação de pagamento;

c) Fornecerá apenas matéria-prima de qualidade, em conformidade com os padrões


técnicos e especificações acordados neste Contrato. A matéria-prima deverá
atender a todos os parâmetros de qualidade necessários para a eficiência dos
processos da Usina.

CLÁUSULA VII - SUBCONTRATAÇÃO DE SERVIÇO

(omissis)

CLÁUSULA VIII - PREÇO GLOBAL E PAGAMENTOS

8.1 Em remuneração pelos serviços prestados, a Contratante pagará à Contratada a


importância total bruta de R$ 615.000.000,00 (seiscentos e quinze milhões de reais)
("Preço Global"), que inclui todos os custos e despesas, diretos e indiretos, para a
execução dos trabalhos e satisfação do escopo da obra.

CLÁUSULA IX - GARANTIA DE SOLIDEZ E SEGURANÇA

9.1. A Contratada responderá pela solidez e segurança dos serviços executados por ela
própria ou por suas subcontratadas, ficando obrigada a reparar ou refazer, a sua custa e
dentro de prazo compatível acordado entre as partes, todos os defeitos, erros, falhas,
omissões e quaisquer irregularidades comprovadamente de sua responsabilidade que
venham a ser verificados no decurso de prazo de 5 (cinco) anos, contados da data de
emissão do Termo de Recebimento Definitivo (adequar), conforme previsto no Código
Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/2002).
26

9.2. Durante a vigência da garantia, a Contratada se compromete a corrigir, às próprias


expensas, quaisquer vícios de solidez ou segurança que porventura surjam na Usina.

9.3. A garantia prevista nesta Cláusula não abrange os equipamentos e partes


consumíveis, tampouco defeitos resultantes de desgaste natural; situação de caso
fortuito ou força maior, nos termos da Cláusula XIX deste instrumento; operação
incorreta, falta de manutenção ou, de outra forma, manejo dos equipamentos em
desconformidade com o Manual de Uso constante no Anexo V.

CLÁUSULA X - GARANTIA DE PERFORMANCE

10.1. A Contratada garante que a obra será entregue à Contratante em conformidade


com os parâmetros de desempenho estabelecidos no Manual de Cronograma e com as
regras de comissionamento e testagem estipulados na Cláusula XII deste instrumento.

10.2. Não atingidos os Níveis Ótimo de Performance garantidos quando da realização


dos testes finais, é assegurada à Contratada prazo adicional (“cure period”) para a
realização dos ajustes e/ou reparos na obra, limitado a 90 (noventa) dias da data-limite
da Aceitação Final e a quantidade de 3 (três) tentativas.

10.3. A Contratada não será considerada inadimplente quanto à garantia de


performance, caso, encerrado o cure period, ateste-se que a Usina atingiu os Níveis
Ótimos de Performance estabelecidos no Manual de Comissionamento.

10.4. Caso os testes finais atinjam patamar de desempenho inferior aos Níveis Mínimos
de Performance, restará configurado o inadimplemento total da garantia de
performance, hipótese na qual a Contratante poderá rejeitar a entrega da obra, nos
termos da Cláusula XIV, e a Contratada estará sujeita às penalidades da Cláusula 18.2.

10.5. Caso os testes finais atinjam patamar de desempenho entre os Níveis Mínimos e
Níveis Ótimos de Performance, restará configurado o inadimplemento parcial da
garantia de performance, hipótese na qual a Contratada estará sujeita ao pagamento de
multa indenizatória(“Buy Down”), entre 5% (cinco por cento) e 10% (dez por cento) do
Preço Global, proporcional à redução de performance.
27

CLÁUSULA XI - GARANTIA DE DURABILIDADE

11.1. Pelo período de 18 (dezoito) meses, contados da data da Aceitação Final da Obra, a
Contratada garante a durabilidade do desempenho da Usina, em conformidade com a
garantia de performance prevista na Cláusula X deste instrumento e com o decréscimo
de desempenho descrito pela Curva de Durabilidade do Manual de Cronograma.

11.2. Na hipótese de descumprimento do item anterior, a Contratada estará sujeita ao


pagamento de multa indenizatória entre 5% (cinco por cento) e 10% (dez por cento) do
Preço Global, em favor da Contratante, proporcional à diferença entre o nível de
performance obtido e o nível de performance projetado.

CLÁUSULA XII- VIGÊNCIA E PRAZO PARA EXECUÇÃO DO OBJETO DO CONTRATO

12.1 Este Contrato vigerá por prazo determinado, conforme o Cronograma, contado a
partir da data de sua assinatura até a conclusão integral do Escopo da Obra e
modificações necessárias à sua perfeita execução.

12.2 A Contratada deverá realizar os serviços contratados dentro dos prazos


determinados no Cronograma, sendo de sua responsabilidade a comunicação prévia de
eventual impossibilidade de cumprimento, o que, no entanto, não afasta a
responsabilidade da Contratada por eventual atraso de obra.

CLÁUSULA XIII - COMISSIONAMENTO E TESTES

13.1. A Contratada será responsável pelo comissionamento da obra em observância ao


Manual de Comissionamento, às instruções do Engenheiro Responsável apontado pela
Contratante e aos requisitos técnicos aplicáveis, visando assegurar que os materiais e
equipamentos instalados na Usina estão em perfeito estado de funcionamento.

13.2. O comissionamento será subdividido nas seguintes etapas, que serão realizadas
sucessivamente conforme o Cronograma e objetivos descritos a seguir:

a) Testes eletromecânicos: esta fase terá por objetivo atestar a eficácia


eletromecânica dos maquinários após a montagem final;

b) Testes de operabilidade: esta fase terá por objetivo atestar a capacidade e


viabilidade dos maquinários de operarem com segurança;
28

c) Testes de confiabilidade: esta fase terá por objetivo atestar a capacidade e


viabilidade dos maquinários de operarem com segurança por períodos
prolongados e contínuos;

d) Testes de performance: esta fase terá por objetivo atestar a capacidade e


viabilidade dos maquinários de operarem em conformidade com os padrões de
performance ajustados neste contrato e no Manual de Comissionamento.

13.3. A Contratada se compromete a utilizar mão-de-obra especializada e capaz para a


operação e testagem da tecnologia da Usina, além de instruir diretamente a equipe da
Contratante durante os testes, a fim de viabilizar a operação independente da Usina
após a entrega definitiva da obra.

13.4. Até 30 (trinta) dias antes da conclusão provável da fase de montagem, a Contratada
deverá notificar a Contratante da intenção de submeter a obra ao testes de
performance.

13.5. A Contratante se compromete a adquirir e fornecer todos os insumos e materiais


consumíveis necessários para o comissionamento da obra, dentro das especificações de
quantidade e qualidade descritas no Manual de Comissionamento, e nas datas
estipuladas no Cronograma.

CLÁUSULA XIV - ACEITAÇÃO PROVISÓRIA E FINAL

14.1 Após a conclusão da Fase de Montagem, a Contratada deverá comunicar


formalmente à Contratante para, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, proceder com a
fiscalização da Obra e, não sendo constatado vício, defeito ou omissão, certificar a fiel
execução dos serviços, mediante a emissão de Termo de Aceitação Provisória.

14.1.1. Se forem constatados vícios, defeitos ou omissões imputáveis exclusivamente à


Contratada, ou caso os testes iniciais de performance não atinjam os Níveis Mínimos de
Performance do Manual de Comissionamento, a Contratante deverá comunicá-los
formalmente à Contratada, e esta, a seu custo, sanará as irregularidades apontadas,
refazendo, total ou parcialmente, conforme o caso, os itens julgados insatisfatórios;
29

14.1.2. Uma vez executadas todas as necessárias correções e ficando constatada a


perfeita execução dos serviços, a Contratada solicitará à Contratante a emissão do
Termo de Aceitação Provisória, no prazo máximo de 15 (quinze) dias.

14.2. A emissão do Termo de Aceitação Provisória será o marco inicial para Fase de
Operação Assistida, que consistirá no acompanhamento feito por equipe especializada
da Contratada à instrução de profissionais da Contratante quanto ao detalhamento dos
procedimento gerais e específicos, à execução de atividades operacionais e à execução
de atividades de manutenção corretiva e preventiva.

14.2.1. Durante o período de acompanhamento da Fase de Operação Assistida, a


Contratada, às suas expensas e mediante comunicação escrita da Contratante,
executará a correção e os reparos de defeitos ou omissões que venham a ser verificados
nos serviços, excetuando os decorrentes de mau uso ou de má conservação.

14.3. Após a conclusão da Fase de Operação Assistida, a Contratada deverá comunicar


formalmente a Contratante para, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, proceder com a
fiscalização da Obra e, não sendo constatado vício, defeito ou omissão, bem como sendo
aferido que os testes finais de performance atingiram os Níveis Ótimos de Performance
do Manual de Comissionamento, certificar definitivamente a fiel execução dos serviços,
mediante a emissão de Termo de Aceitação Final.

14.3.1. Se forem constatados vícios, defeitos ou omissões imputáveis exclusivamente à


Contratada, ou caso os testes finais de performance não atinjam os Níveis Ótimos de
Performance do Manual de Comissionamento, a Contratante deverá comunicá-los à
Contratada, dando abertura do cure period previsto nas Cláusulas 10.2 e 10.3.

14.3.2. Uma vez executadas todas as necessárias correções e ficando constatada a


perfeita execução dos serviços, a Contratada solicitará à Contratante a emissão do
Termo de Aceitação Final, no prazo máximo de 15 (quinze) dias.

14.4. Finalizado o cure period, caso inspeções, exames ou testes revelem


desconformidades quanto aos padrões mínimos ajustados no Manual de
Comissionamento, a Contratante se reserva ao direito de rejeitar, total ou parcialmente,
a entrega da obra, enviando informativo à contraparte com a justificativa da rejeição.
30

14.4.1 Os itens do Escopo da Obra previstos na Cláusula 2.1 poderão ser individualmente
rejeitados pela Contratante (“Rejeição Parcial”), hipótese na qual a Contratada deverá
devolver proporcionalmente os valores recebidos a título de pagamento pela
implementação do respectivo item, em conformidade com o Termo de Pagamento.

14.4.2. Na hipótese de todos os itens do Escopo da Obra previstos na Cláusula 2.1 serem
rejeitados pela Contratante (“Rejeição Total”), o Contrato será resolvido, incidindo as
disposições da Cláusula XVII e as penalidades da Cláusula XVIII.

14.5. Caso seja constatado que foram cumpridos todos os requisitos contratuais e
técnicos previstos neste instrumento e nos documentos anexos, a Contratante não pode
se negar a emitir o Termo de Aceitação Provisória ou o Termo de Aceitação Final, sob
pena de aceitação tácita dos testes e da entrega da obra (“Aceitação Tácita”).

14.5.1. Também será configurada a Aceitação Tácita na hipótese da Contratante obstar,


sem justa causa, a realização dos testes de performance, incluindo, mas não se
limitando, à recusa injustificada da Contratante de disponibilizar a Usina para a
condução dos testes de performance e/ou adaptações, bem como violação a qualquer
das obrigações previstas na Cláusulas 5.1.

CLÁUSULA XV- SUSPENSÃO DAS OBRAS

15.1 Até a Aceitação Provisória, a Contratante poderá ordenar a suspensão, parcial ou


total, da execução das Obras a qualquer momento, com ou sem justa causa.

15.1.1 Na hipótese de a Contratante ordenar a suspensão total das Obras, a Contratada


deverá pausar todas as atividades, com exceção daquelas necessárias à manutenção das
instalações, até que a Contratante ordene a retomada das atividades.

15.1.2 A Contratante arcará com todos os custos e eventuais perdas decorrentes da


suspensão por ela ordenada.

15.2 A Contratada poderá suspender a execução das Obras nas seguintes hipóteses:

a) falta de pagamento, sem justa causa, de parcela do valor devido pela Contratante.

b) na hipótese de caso fortuito e força maior, na forma da Cláusula XIX.


31

15.2.1 A suspensão dos trabalhos fora das hipóteses permissivas desta Cláusula obriga a
Contratada ao pagamento das perdas e danos resultantes, na forma do art. 624 do
Código Civil Brasileiro.

15.3 Em quaisquer das hipóteses listadas nesta Cláusula, a suspensão do Contrato não
poderá ser superior ao período ininterrupto de 06 (seis) meses ou ao período agregado
de 12 (doze) meses.

15.3.1 O descumprimento desta Cláusula ensejará direito de resolução do Contrato pela


Parte inocente, na forma da Cláusula XVII.

CLÁUSULA XVI - EXTINÇÃO DO CONTRATO

16.1 Este Contrato extinguir-se-á mediante a assinatura do Termo de Aceitação Final,


nos termos da Cláusula XIV, ou nas hipóteses de resolução contratual, elencadas na
Cláusula XVII.

CLÁUSULA XVII - RESOLUÇÃO DO CONTRATO

17.1 O Contrato poderá ser definitivamente resolvido, de pleno direito, por acordo
comum entre as Partes ou, pela parte inocente, nas seguintes hipóteses:

a) qualquer uma das partes, sem motivo justo, causar atraso no Cronograma por
período superior a 30 (trinta) dias consecutivos ou a 180 (cento e oitenta) dias
agregados;

b) qualquer uma das partes requerer recuperação judicial ou tiver decretada a sua
falência, ou tornar-se insolvente, ou entrar em liquidação judicial ou
extrajudicial;

17.2. O Contrato poderá ser definitivamente resolvido, de pleno direito, pela


Contratante, nas seguintes hipóteses:

a) a Contratante rejeitar totalmente a obra, nos termos da Cláusula 14.4.2;


b) a Contratada, comprovadamente, não for diligente na execução dos serviços, ou
infringir reiteradamente as cláusulas do presente contrato, inclusive quanto ao
seu dever de comunicação com a Contratante;
32

c) a Contratada, antes da Aceitação Final da obra, incidir em multas cujo valor


acumulado excedam 10% (dez por cento) do Preço Global;

17.3. O Contrato poderá ser definitivamente resolvido, de pleno direito, pela Contratada,
se a Contratante atrasar o pagamento das faturas nele previstas, sem que haja justa
razão para isso, por período superior a 30 (trinta) dias.

17.4. A parte prejudicada deverá comunicar formalmente à parte inadimplente o seu


inadimplemento, devendo esta corrigir seu inadimplemento dentro de 15 (quinze) dias
contados da data do recebimento da comunicação. Caso o inadimplemento não seja
sanado neste prazo, a parte prejudicada poderá rescindir o presente contrato, nas
hipóteses acima previstas.

CLÁUSULA XVIII - DAS PENALIDADES

18.1. A inadimplência de qualquer das Partes será caracterizada pelo não cumprimento
de suas obrigações previstas no presente Contrato, bem como pela inveracidade ou não
atendimento às declarações e garantias prestadas neste instrumento.

18.2. Configurada sua inadimplência, a Contratada estará sujeita ao pagamento de:

a. Multa indenizatória no valor de 10% (dez por cento) do Preço Global, em caso de
rejeição total, nos termos da Cláusula XX, ou de resolução do Contrato por culpa
da Contratada, nos termos da Cláusula XVI;

b. Multa indenizatória no valor de 10% (dez por cento) do preço equivalente à parte
rejeitada da obra, em caso de rejeição parcial, nos termos da Cláusula XIV;

c. Multa moratória semanal de 0,2% (dois décimos de por cento) do Preço Global,
limitada a 5% (cinco por cento) do Preço Global, em caso de atraso injustificado
de obra, por sua responsabilidade;

d. Multa moratória no valor de 2% (dois por cento) do Preço Global, em caso de


descumprimento de declaração ou garantia prestada na Cláusula 6.1;

e. Multa moratória no valor de 5% (cinco por cento) do Preço Global, acrescida de


indenização por eventuais prejuízos materiais, diretos e indiretos, sofridos pela
33

Contratante em decorrência do defeito ou vício na obra, em caso de violação da


garantia de solidez e segurança prestada na Cláusula IX;

18.3. Configurado sua inadimplência, a Contratante estará sujeita ao pagamento de:

a. Multa moratória semanal de 0,2% (dois décimos de por cento) do Preço Global,
limitada a 5% (cinco por cento) do Preço Global, em caso de atraso injustificado
de obra, por sua responsabilidade;

b. Multa moratória no valor de 2% (dois por cento) do Preço Global, em caso de


atraso no pagamento dos serviços executados, conforme marcos temporais
estabelecidos no Cronograma;

18.4. Em qualquer das hipóteses previstas neste instrumento, o valor agregado das
penalidades, indenizatórias e moratórias, aplicadas sobre a Parte inadimplente será
limitado a 20% (vinte por cento) do Preço Global.

18.5. A Parte inadimplente estará automaticamente constituída em mora para o


pagamento das penalidades descritas, acrescidas de juros de mora 1% (um por cento) e
corrigidas pelo IGPM-FGV, independentemente de notificação extrajudicial ou
interpelação judicial, nos termos do art. 397, caput, do Código Civil.

CLÁUSULA XIX- CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR

(omissis)

CLÁUSULA XX - SEGUROS

(omissis)

CLÁUSULA XXI - EXCLUSIVIDADE E NÃO CONCORRÊNCIA (NON-COMPETE)

21.1. Durante o período de execução das obras e pelo período de 1 (um) ano após a
assinatura do Termo de Entrega, a Contratada não poderá se envolver comercialmente,
prestar serviços ou participar, direta ou indiretamente, de atividade concorrente com os
negócios da Contratante, seja por meio de parcerias, joint ventures, ou qualquer outra
forma que possa criar um conflito de interesses com as atividades da Contratante.
34

21.1.1. Não obstante o quanto disposto no item acima, não constituirá violação ao
compromisso de exclusividade e não concorrência: (i) atividade de qualquer natureza
não englobada pelo Escopo da Obra; (ii) prestação de serviço de consultoria.

21.1.2 A abrangência territorial das obrigações de exclusividade e não concorrência será


limitada ao raio de 100 km (cem quilômetros) da Usina.

21.2. A Contratada declara, sob pena de responsabilidade contratual e legal, que, no


momento da celebração deste contrato, não possui qualquer contrato em vigor ou
compromisso futuro que viole os termos desta cláusula de exclusividade.

21.3. A violação de qualquer dos termos de não concorrência previstos nesta cláusula
ensejará o pagamento de multa indenizatória no valor de 10% (dez por cento) do Preço
Global atualizado, sem prejuízo de outras medidas legais cabíveis.

CLÁUSULA XXII - CONFIDENCIALIDADE

(omissis)

CLAUSULA XXXIII - ANTICORRUPÇÃO

(omissis)

CLÁUSULA XXIV - PREVENÇÃO, RESOLUÇÃO DE DISPUTAS E LEI APLICÁVEL

24.1. Este Contrato e os direitos das Partes nos termos deste Contrato serão regidos,
interpretados e executados de acordo com as Leis da República Federativa do Brasil.

24.2. As Partes concordam com o estabelecimento, durante a vigência deste Contrato,


de um Comitê de Prevenção e Resolução de Disputas (“Comitê” ou “Dispute Board”), nos
termos constantes no Regulamento de Comitê de Resolução de Disputas da CAMAGRO
- Câmara de Arbitragem e Mediação do Agronegócio (“CAMAGRO”), a fim de solucionar
quaisquer divergências, dúvidas ou conflitos surgidos relativos a este Contrato.

24.3. Todas as controvérsias oriundas ou relacionadas ao Contrato poderão ser


resolvidas por arbitragem, a ser administrada pela CAMAGRO, nos termos do seu
Regulamento de Arbitragem e da Lei nº 9.307/96.
35

24.3.1 O tribunal arbitral será composto por 3 (três) árbitros, dos quais 1 (um) será
nomeado pela(s) requerente(s), e 1 (um) pela(s) requerida(s). O presidente do tribunal
arbitral será escolhido em conjunto pelos 2 (dois) coárbitros no prazo fixado pela
CAMAGRO. Caso quaisquer das partes da arbitragem não nomeiem seus respectivos
árbitros, ou caso os coárbitros nomeados pelas partes da arbitragem não nomeiem o
presidente do tribunal arbitral nos termos do Regulamento, as nomeações faltantes
serão feitas pela CAMAGRO, na forma do Regulamento.

24.3.2. A sede da arbitragem será a cidade de Cuiabá, Estado do Pantanal, Brasil. O


idioma da arbitragem será o Português, sendo permitida a produção de quaisquer
provas em inglês sem necessidade de tradução.

24.3.3. A arbitragem será de direito, aplicando-se a ela as leis da República Federativa do


Brasil, inclusive para reger todas as questões envolvendo a cláusula compromissória,
incluindo, mas não se limitando, à sua existência, eficácia, interpretação e/ou
cumprimento. Fica expressamente vedado o julgamento por equidade.

24.3.4. Antes da instituição da arbitragem, as Partes poderão pleitear medidas cautelares


ou de urgência ao Poder Judiciário. Após a instituição da arbitragem, todas as medidas
cautelares ou de urgência deverão ser pleiteadas diretamente ao tribunal arbitral, a
quem caberá manter, modificar e/ou revogar quaisquer medidas anteriormente
concedidas pelo Poder Judiciário.

24.3.5. As Partes concordam que o procedimento arbitral (incluindo, mas não se


limitando, à sua existência, à Disputa, às alegações e manifestações das partes, às
manifestações de Terceiros, provas e documentos apresentados, bem como quaisquer
decisões proferidas pelo tribunal arbitral, incluindo a sentença arbitral) será
confidencial e somente poderá ser revelado ao tribunal arbitral, às Partes, aos seus
advogados e às pessoas necessárias à boa condução e ao resultado da arbitragem.

24.3.6. As despesas do procedimento arbitral, incluindo, mas não limitadas, às custas


administrativas da CAMAGRO, e honorários dos árbitros e de peritos, quando aplicáveis,
serão arcadas por cada parte na forma do Regulamento. Quando da prolação da
sentença arbitral, o tribunal arbitral determinar o reembolso, à parte vencedora, das
despesas do procedimento arbitral, incluindo, mas não limitadas, às custas
36

administrativas da CAMAGRO, honorários dos árbitros e de peritos, pareceristas,


assistentes técnicos e honorários advocatícios contratuais razoáveis, de forma
proporcional à sucumbência. Fica expressamente vedada a condenação pelo tribunal
arbitral em honorários de sucumbência

CLÁUSULA XXV - DISPOSIÇÕES GERAIS

25.1 Notificações e Comunicações: Todas as notificações determinadas neste Contrato


deverão utilizar os endereços indicados abaixo e ser entregues por e-mail ou, caso
entregues pessoalmente, devem ser acompanhadas com cópia por e-mail. A notificação
será considerada recebida no momento de entrega ou, se o horário de recebimento de
notificação nos termos desta Cláusula não for considerado dentro do horário comercial,
o dia útil seguinte será considerado a data de recebimento.

25.1.1 A mudança de destinatário, de endereço ou de qualquer das informações acima


indicadas deve ser prontamente notificada à outra Parte, conforme aqui previsto. Se dita
comunicação deixar de ser realizada, qualquer aviso ou comunicação entregue aos
destinatários ou nos endereços indicados será considerado como tendo sido
regularmente feito e recebido.

25.2. Irrevogabilidade: Este Contrato é celebrado em caráter irrevogável e irretratável e


obriga as Partes e somente poderá ser alterado através de aditivo por escrito,
devidamente assinado por todas as Partes.

25.3. Tolerância e Renúncia: Se qualquer das Partes, em benefício da outra, tolerar,


mesmo por omissão, o descumprimento total ou parcial, das cláusulas e condições do
presente contrato, tal fato não poderá liberar, desonerar ou, de qualquer forma, afetar
ou prejudicar o direito da outra de exigir o cumprimento dessas cláusulas e condições,
que permanecerão inalteradas, sem que a tolerância importe em novação.

25.4. Cessão: Salvo se expressamente disposto no presente Contrato, nem este Contrato
nem os direitos ou obrigações nele previstos poderão ser cedidos por qualquer uma das
Partes sem o consentimento prévio por escrito da outra Parte, exceto com relação à
Compradora, que poderá ceder as obrigações ora contratadas livremente para qualquer
uma de suas Afiliadas. Qualquer tentativa de cessão executada em desacordo com o
disposto acima será nula e sem valor, e não terá qualquer validade ou efeito.
37

(omissis)

CLÁUSULA XXVI - DISPOSIÇÕES FINAIS

(omissis)

Por estarem justas e contratadas, as Partes assinam o presente Contrato em 2 (duas)


vias, na presença das necessárias testemunhas, estando este instrumento apto à
produção de todos os efeitos jurídicos.

Rio Verde, 01 de abril de 2020

COBOS Bioenergia LTDA.


Contratante

PENFOLDS Technology S.A.


Contratada

(omissis)

Testemunha 1

(omissis)

Testemunha 2
38

ANEXOS:

ANEXO I - PROPOSTA (omissis)

ANEXO II - CRONOGRAMA DA OBRA (omissis)

ANEXO III - MANUAL DE COMISSIONAMENTO

ANEXO IV - PROJETO DE ENGENHARIA (omissis)

ANEXO V - PROJETO ARQUITETÔNICO (omissis)

ANEXO VI - TERMO DE PAGAMENTO (omissis)

ANEXO VII - CRONOGRAMA CONTRATUAL (omissis)

ANEXO VIII - MANUAL DE USO (omissis)


39

ANEXO III - MANUAL DE COMISSIONAMENTO

O presente Manual de Comissionamento compõe os anexos do Contrato de Engineering,


Procurement and Construction (EPC) firmado entre COBOS Bioenergia Ltda
(“Contratante”) e Penfolds Technology S.A (“Contratada”), estabelecendo as condições
da realização dos serviços que compõem o processo de comissionamento da obra, em
conformidade com a Cláusula XIII e demais disposições do Contrato.

1. Objeto

O Manual de Comissionamento terá por objeto o estabelecimento das normas,


diretrizes, parâmetros, procedimentos e demais condições técnicas para a condução
dos serviços de comissionamento da obra de reforma da Usina Alvorada.

2. Conceitos e Definições

(omissis)

3. Normas Técnicas Aplicáveis

(omissis)

4. Competências

(omissis)

5. Cronograma de Atividades

(omissis)

6. Procedimentos Operacionais dos Testes

(omissis)

7. Critérios Técnicos dos Testes

(omissis)

7.1. Critérios para os Testes Eletromecânicos

(omissis)

7.2. Critérios para os Testes de Operabilidade

(omissis)

7.3. Critérios para os Testes de Confiabilidade

(omissis)
40

7.1 Critérios para os Testes de Performance

(omissis)

7.1.1 Critérios de Qualidade dos Insumos

Com antecedência mínima de 5 (cinco) dias da data prevista no Cronograma para a


realização dos testes de performance, a Contratante deverá fornecer à Contratada os
insumos e materiais consumíveis necessários para o comissionamento, conforme
estabelecido nas cláusulas 5.1.c. e 13.5 do Contrato.

A Contratada deverá, em até 48 (quarenta e oito) horas da entrega, certificar a


conformidade dos materiais recebidos com os critérios de qualidade. Em caso de
desconformidade qualitativa ou quantitativa, a Contratada deverá notificar o fato à
Contratante por meio de relatório detalhado.

Cana-de-Açúcar (Saccharum officinarum): (omissis)

Milho Dentado (Zea mays L. var. indentata): (omissis)

Milho Doce (Zea mays L. var. saccharata): (omissis)

Milho Pantanesco (Zea mays palude): (omissis)

7.1.2 Critérios de Qualidade e Desempenho do Etanol

Parâmetros Ótimos de Performance (Etanol Hidratado)

Insumo Massa Específica Poder Calorífico Inferior Rendimento [l/t]


[kg/m³] [Kcal/kg]

Cana-de-Açúcar 798±2,3 6853,15±100,79 55±0,83

Milho Dentado 798±2,3 6853,15±100,79 435±6,52

Milho Doce 798±2,3 6853,15±100,79 410±6,15

Milho Pantanesco 798±2,3 6853,15±100,79 350±5,25

Insumo Octanagem [RON] Ponto de Ignição [ºC] Intensidade de Carbono


[g CO2eq./MJ]

Cana-de-Açúcar 121 415±6,22 24±0,36

Milho Dentado 121 415±6,22 60±0,91

Milho Doce 121 415±6,22 60±0,91

Milho Pantanesco 121 415±6,22 40±0,60


41

Parâmetros Mínimos de Performance (Etanol Hidratado)

Insumo Massa Específica Poder Calorífico Inferior Rendimento [l/t]


[kg/m³] [Kcal/kg]

Cana-de-Açúcar 808±3 6405,15±96,07 52±0,78

Milho Dentado 808±3 6405,15±96,07 400±6,00

Milho Doce 808±3 6405,15±96,07 378±5,67

Milho Pantanesco 808±3 6405,15±96,07 297±4,45

Insumo Octanagem [RON] Ponto de Ignição [ºC] Intensidade de Carbono


[g CO2eq./MJ]

Cana-de-Açúcar 109 405±6,07 30±0,45

Milho Dentado 109 405±6,07 68±1,02

Milho Doce 109 405±6,07 68±1,02

Milho Pantanesco 109 405±6,07 47±0,70

7.1.3 Curva de Durabilidade do Desempenho

Em conformidade com a Cláusula XI do Contrato, houve previsão de decréscimo-padrão


para a durabilidade do desempenho garantido da Usina Alvorada, que seguirá a projeção
da curva abaixo:
AGRO NEWS
ANEXO #4 REQUERENTE 42

SEM CHUVAS, REGIÃO DO PANTANAL BATE


RECORDE DE SECA DA ÚLTIMA DÉCADA
O estado do Pantanal e região enfrentam, diretamente a produção de culturas
este ano, uma das piores estiagens que já essenciais, como milho, soja, feijão e
assolaram a região desde a década trigo.
passada. Dados recentes do Centro de
Monitoramento de Regime Pluviométrico Todas essas alterações
(CEMOREP) revelam que o volume de meteorológicas e fenômenos naturais
chuvas nos últimos três meses atingiu os deixam os produtores e players do
níveis mais baixos desde 2010. setor agropecuário em constante
alerta. Haverão tempos de incertezas
Especialistas apontam que esse recorde e desafios até a normalização das
de seca pode ser atribuído a uma condições climáticas.
combinação de fatores climáticos
incluindo o aquecimento do oceano
Pacífico (conhecido como o fenômeno El
Niño) e a distribuição atípica no oceano
Atlântico. Esses fenômenos climáticos têm
contribuído para prolongar a estiagem e
podem resultar na continuidade da falta de
chuvas até o próximo ano.

Além dos impactos ambientais


consequentes da seca, a região do
Pantanal é um importante polo agrícola do
país, e a falta de chuvas está afetando

AGRO NEWS Por Juliana Machado- Agro News

São Paulo, 12 de agosto de 2021


EDIÇÃO Nº VI
43

De: Penfolds Technology S.A.


Para: COBOS Bioenergia Ltda.
Envio: 28 de Dezembro de 2021, 09:56
Assunto: Envio de matéria-prima para a testagem do etanol na Usina Alvorada

Prezado sr. Pedro Gago,

Informamos que todos os testes eletromecânicos e de confiabilidade da obra foram


executados com sucesso e apresentaram resultados positivos. Similarmente, a fase de
montagem de equipamento tecnológico também está próxima de ser concluída.

Por essa razão, solicitamos o envio dos insumos necessários para a produção de
etanol, conforme disposição da Cláusula 13.5 do Contrato, para o início dos testes de
performance.

Cordialmente,

José Gimenez
CEO da Penfolds Technology S.A
44

De: COBOS Bioenergia Ltda.


Para: Penfolds Technology S.A.
Envio: 28 de Dezembro de 2021, 15:16
Assunto: RE: Envio de matéria-prima para a testagem do etanol na Usina Alvorada

Prezado sr. Gimenez,

Ficamos felizes em saber que os testes foram bem-sucedidos! Em breve, estaremos


encaminhando os lotes de cana-de-açúcar, milho dentado e milho doce.

No entanto, desde fevereiro de 2022, uma grave crise climática assola os produtores
rurais da região do Pantanal e, por conta disso, não será possível fornecer o milho
pantanesco. A fim de buscar celeridade e dar seguimento às obras, será oferecido um
milho substituto com características bastante similares às acordadas.

O substituto que propomos é o milho do cultivar BRS diamantino. Os grãos possuem


níveis percentuais similares de celulose, hemicelulose e lignina, ou seja, possuem
composições praticamente idênticas. Dessa forma, a tecnologia da E2G pode ser
testada utilizando o bagaço desse milho.

Diante disso, pedimos que o comissionamento da obra utilize, momentaneamente, o


milho substituto e a adaptação dos processos para a manutenção dos resultados da
performance do etanol, atendendo às especificações contratuais de performance e
eficiência energético-ambiental.

Atenciosamente,
Pedro Gago
COBOS Bioenergia Ltda.
45

De: Penfolds Technology S.A.


Para: COBOS Bioenergia Ltda.
Envio: 28 de Dezembro de 2021, 18:44
Assunto: RE: RE: Envio de matéria-prima para a testagem do etanol na Usina
Alvorada

Prezado sr. Pedro Gago,

A adaptação da tecnologia ao novo tipo de milho demandará a contratação de novos


profissionais e a compra de novos equipamentos para o desenvolvimento da Usina.
Ademais, a Penfolds Technology não pode se responsabilizar pelos resultados finais
quanto ao uso desse milho, visto que não foram executados testes de viabilidade com
ele como foram executados com o milho pantanesco e, portanto, as consequências a
longo prazo são imprevisíveis.

O emprego de matéria-prima com características diferentes ao previsto impediria a


obtenção de resultados concretos na fase de testes, bem como a identificação de
eventuais irregularidades na instalação da tecnologia.

De tal maneira, lamentamos informar que torna-se impossível e inviável para nós
testarmos a obra com milho diferente do previsto no Contrato.

Cordialmente,

José Gimenez
CEO da Penfolds Technology S.A
46

De: COBOS Bioenergia Ltda.


Envio: 29 de Dezembro de 2021, 12:01
Para: Penfolds Technology S.A.
Assunto: RE: RE: RE: Envio de matéria-prima para a testagem do etanol na Usina
Alvorada

Prezado sr. Gimenez,

Compreendemos o posicionamento da Penfolds, no entanto, não existe maneira pela


qual possamos fornecer o milho pantanesco no presente momento. A seca que se
instalou no Pantanal está afetando todas as culturas agrícolas, tanto em
produtividade de safra quanto na qualidade do grão, e ainda não foi encontrado
remédio para ela que possibilite o alcance do previsto contratualmente.

Reconhecemos que o milho BRS diamantino se difere do milho pantanesco em


algumas características. Entretanto, o maior desafio da produção de etanol com o
milho pantanesco se dá por sua alta taxa de fibrosidade. Esta é uma característica que
é compartilhada com o milho BRS diamantino, tornando-o um substituto viável, ao
menos durante o período da crise climática.

A solução que podemos oferecer, além da substituição do milho, seria a interrupção


do Contrato por prazo indeterminado, até que a estiagem se abrande e seja possível
fornecer milho pantanesco regularmente. No entanto, a suspensão da obra não seria
satisfatória para a COBOS, e acreditamos que não também para a Penfolds, mas seria
a única outra alternativa.

Aguardamos manifestação urgente da Penfolds para que possamos prosseguir ou


adiar o cronograma contratual.

Atenciosamente,
Pedro Gago
COBOS Bioenergia Ltda.
47

RELATÓRIO DO DISPUTE BOARD N° 01

Trata-se de recomendação emitida pelo Comitê de Resolução de Disputas administrada pela Câmara
de Arbitragem e Mediação do Agronegócio - CAMAGRO, a partir de requerimento formulado pela
COBOS Bioenergia LTDA.

1. QUALIFICAÇÃO:

COBOS Bioenergia LTDA, sociedade empresária, inscrita no CNPJ sob o nº (omissis), na qualidade
de contratante e por outro lado;

Penfolds Technology S.A., sociedade empresária, inscrita no CNPJ sob o nº (omissis), na qualidade
de contratada;

2. DOS MEMBROS DO COMITÊ:

(omissis)

3. CONSTITUIÇÃO E DIRETRIZES DO DISPUTE BOARD:

O Dispute Board atuará em conformidade com a Cláusula 24.2 do Contrato e com as disposições do
Contrato do Comitê, que aludem às orientações, procedimentos e regras de resolução de disputas pelo
Dispute Board.

4. DO REQUERIMENTO:

A contratante, COBOS Bioenergia Ltda, em 04/01/2022, apresentou formalmente Submissão de


conflito para a apreciação do Dispute Board, sustentando a viabilidade de continuação do
comissionamento da obra, com a utilização do milho híbrido do cultivar “BRS diamantino”, em
substituição ao milho pantanesco, devido à indisponibilidade do subtipo originalmente previsto no
Contrato e seus anexos.

5. FATOS BÁSICOS DA DISPUTA

(omissis)

6. FUNDAMENTOS DAS PARTES


48

6.1. GERAL

(omissis)

6.3 ALEGAÇÕES DA COBOS BIOENERGIA

A COBOS Bioenergia alega que problemas hídricos na região ocasionaram uma crise geral de
abastecimento, levando à indisponibilidade do milho pantanesco e, em razão disso, pede autorização
para entregar milho híbrido do cultivar “BRS diamantino”. Segundo a COBOS Bioenergia Ltda, o
referido milho substituto possui características similares ao milho pantanesco quanto à composição de
material lignocelulósico em seu grão.

Isso viabilizaria a manutenção do cronograma da obra e a continuidade dos testes de performance,


tendo em vista que a similitude entre os insumos possibilita a utilização do milho “BRS diamantino”
para o comissionamento da produção de E2G. Por fim, ressaltou o dever da Penfolds Technology S.A.
na adequação e aperfeiçoamento da tecnologia utilizada, o que permitiria chegar a resultados mais
satisfatórios.

6.2 ALEGAÇÕES DA PENFOLDS TECHNOLOGY

A Penfolds Technology S.A. afirma que a COBOS Bioenergia Ltda está inadimplente quanto à
obrigação de fornecimento dos insumos e demais matérias-primas para a etapa de comissionamento
da obra, prevista na Cláusula 13.5 do Contrato. Afirmou que, por esse motivo, não se vincularia aos
resultados dos testes de performance enquanto a Requerente não entregasse o insumo correto.

Adicionalmente, sustenta a inexistência de previsão contratual favorável à alteração dos standards de


qualidades e quantidade de insumos, portanto, não poderia ocorrer a substituição do milho pantanesco
por milho de variedade diversa, ainda mais, considerando que o milho “BRS diamantino” não foi
submetido, na fase pré-contratual, a estudos de viabilidade técnica pela contratada. Por isso, a
Penfolds Technology S.A. requereu a aplicação do mecanismo de aceitação tácita previsto na cláusula
14.5 do Contrato, de modo a prosseguir à Fase de Operação Assistida sem a condução de testes de
performance com o milho pantanesco ou seu substituto.

7. CONCLUSÕES:

Apreciando os temas suscitados pelas partes o Comitê entende que:

(i) (omissis)

(ii) (omissis)
49

(iii) Diante das circunstâncias fáticas apresentadas, em especial, diante da impossibilidade de


aquisição do milho pantanesco, faz-se necessária a substituição do tipo de milho para viabilizar a
continuidade da obra com o devido comissionamento da tecnologia contratada, o que poderá ser
alcançado, sem prejuízo ao Cronograma ou aos trabalhos da contratada, pela utilização do milho
híbrido do cultivar “BRS diamantino”.

(iv) Assim, por imposição contratual, a Penfolds Technology deve utilizar da melhor tecnologia
disponível para a adequação de suas ferramentas e instrumentos para produção de etanol dentro das
especificações contratuais referentes ao milho pantanesco.

(v) Em contrapartida, para resguardar a confiabilidade dos resultados dos testes, as métricas de
performance devem ser ajustadas às características do milho “BRS diamantino”, conforme
comprove-se necessário em análise laboratorial. Além disso, os custos decorrentes da adaptação dos
testes de performance devem ser arcados pela Contratante.

(vi) (omissis)

(vi) (omissis)

Recomenda-se, a par das considerações anteriores, bem como, pela convergência das pretensões das
Partes, o prosseguimento dos testes de performance com o emprego do milho “BRS diamantino”, em
substituição ao milho pantanesco, atualmente indisponível.

Cuiabá/PN, 10 de Fevereiro de 2022


50

ATA DE REUNIÃO
COBOS Bioenergia Ltda. | Penfolds Technology S.A.
11/02/2022

1. DA DATA, HORÁRIO E LOCAL

No dia 11 (onze) do mês de fevereiro do ano de 2022 (dois mil e vinte e dois), às 13:04h
(treze horas e quatro minutos, horário de Brasília), reuniram-se em teleconferência
via plataforma Zoom os representantes da COBOS Bioenergia Ltda. e Penfolds
Technology S.A. A reunião teve duração aproximada de 3 (três) horas, e deu-se por
encerrada às 16:21h (dezesseis horas e vinte e um minutos).

2. DOS PRESENTES

(omissis)

3. PAUTA

Com todos os participantes presentes, foi lida a pauta de reunião. A pauta previa a
discussão e negociação dos seguintes tópicos:

(i) Discussão sobre a aceitação da recomendação emitida pelo Dispute Board


em 10/02/2022;
(ii) Da adaptação da tecnologia em fase de instalação pela Penfolds na Usina
Alvorada para a execução dos testes com o milho “BRS diamantino” em
substituição ao milho pantanesco;
(iii) Do eventual reajuste nos prazos do Cronograma.

4. DA DISCUSSÃO

(omissis)

5. CONCLUSÕES

Após as negociações, as Partes mutuamente decidiram:


51

(i) (omissis);

(ii) Seguirão integralmente a Recomendação n° 01/22 do Dispute Board;

(iii) As partes resolvem manter os testes de comissionamento para a data


prevista no Cronograma;

(iv) Que o milho “BRS diamantino” será entregue nos seguintes padrões de
qualidade e quantidade: (omissis);

(v) A COBOS Bioenergía pagará o valor adicional de R$500.000,00 (quinhentos


mil reais) à Penfolds Technology pela realização de testes laboratoriais
preliminares e para custear as adaptações dos testes de performance;

(vi) A COBOS Bioenergia S.A se compromete a regularizar, no menor tempo


possível, a entrega do milho pantanesco na quantidade e qualidade
especificadas no contrato;

CEO - COBOS Bioenergia LTDA.

CEO - PENFOLDS Technology S.A.


52

RELATÓRIO DO DISPUTE BOARD N° 02

Trata-se de decisão emitida pelo Comitê de Resolução de Disputas administrada pela Câmara de
Arbitragem e Mediação do Agronegócio - CAMAGRO, a partir de requerimento formulado, em
conjunto, por COBOS Bioenergia LTDA e Penfolds Technology S.A.

1. QUALIFICAÇÃO:

COBOS Bioenergia LTDA, sociedade empresária, inscrita no CNPJ sob o nº [omissis], na qualidade
de contratante e por outro lado;

Penfolds Technology S.A., sociedade empresária, inscrita no CNPJ sob o nº [omissis], na qualidade
de contratada;

2. DOS MEMBROS DO COMITÊ:

(omissis)

3. CONSTITUIÇÃO E DIRETRIZES DO DISPUTE BOARD:

O Dispute Board atuará em conformidade com a Cláusula 24.2 do Contrato e com as disposições do
Contrato do Comitê, que aludem às orientações, procedimentos e regras do procedimento de resolução
de disputas pelo Dispute Board.

4. DO REQUERIMENTO:

As empresas COBOS Bioenergia LTDA e Penfolds Technology S.A, na data de 11/02/2022, através
de consulta formal, submeteram à apreciação do Comitê de Resolução de Disputas questões
envolvendo a interpretação dos resultados dos testes de performance iniciais, realizados com o milho
híbrido do cultivar “BRS diamantino”.

5. FATOS BÁSICOS DA DISPUTA

(omissis)

6. FUNDAMENTOS DAS PARTES

(omissis)
53

6.1. GERAL

(omissis)

6.2 ALEGAÇÕES DA PENFOLDS TECHNOLOGY

A Penfolds Technology S.A. alega que os resultados obtidos nos testes de performance devem ser
interpretados como satisfatórios e, por consequência, devem conduzir ao avanço da obra para a Fase
de Operação Assistida. Além disso, quanto à performance do E2G produzido a partir do milho,
sustentou que não há previsão contratual ou regulamentação específica sobre a matéria, o que impede
a sua avaliação no comissionamento da obra.

Fundamentado em laudo técnico apresentado por sua equipe de engenharia, sustenta que os níveis
mínimos de performance, previsto no Manual de Comissionamento, foram proporcionalmente
ajustados ao milho supletivo utilizado (“BRS diamantino”), em conformidade com a anterior decisão
deste Comitê. Além disso, defendeu que o desvio dos resultados dos testes de performance, quando
comparados aos standards contratuais, justificava-se pelo milho “BRS diamantino” ser “elemento
estranho” àquele previsto contratualmente.

[…]

6.3 ALEGAÇÕES DA COBOS BIOENERGIA

A COBOS Bioenergia LTDA alega que os testes de performance apresentaram resultados inferiores
aos standards contratuais, e que as diferenças entre o milho pantanesco e o milho “BRS diamantino”
seriam insuficientes para explicar o desvio dos resultados obtidos, em especial por conta da
semelhança na composição de material fibroso dos milhos.

Em virtude da similitude dos insumos, sustentou a necessidade de testes suplementares para verificar
especificamente a performance do E2G, isolando, assim, a produção de etanol a partir da biomassa
lignocelulósica do milho “BRS diamantino”. No mais, suscitou que a não comprovação da obtenção
de níveis mínimos de performance quanto ao E2G seria empecilho à aceitação parcial da obra.

[…]

7. CONCLUSÕES:

Apreciando os temas suscitados pelas partes o Comitê entende que:

(i) (omissis)
54

(ii) O Manual de Comissionamento estabeleceu, para o comissionamento da obra, níveis de


performance relativos às rotas de produção “E1G Flex” e “E1G2G”, tendo em vista que o modo de
operação da Usina Alvorada configura-se, justamente, como uma usina integrada de produção flex e
produção de

(iii) O standard suscitado pela empresa COBOS Bioenergia Ltda, relativo ao aproveitamento do
material lignocelulósico do milho “BRS diamantino” e à performance específica da produção etanol
de milho de segunda geração, não está previsto no Contrato, sendo, por isso, inexigível o seu
cumprimento pela Penfolds Technology S.A;

(iii) No estrito limite dos poderes concedidos ao Comitê de Resolução de Disputas pelas Partes, não
cabe a este impor a revisão contratual ou, no caso específico, impor à contratada o cumprimento de
métrica de performance não prevista anteriormente no Contrato;

(iv) (omissis)

Reputam-se adequadas as adaptações feitas pela Penfolds Technology S.A. às métricas contratuais e,
assim, os testes de performance obtiveram resultados com desvio admissível, em virtude do maior
grau de incerteza gerado pela utilização do milho do cultivar BRS diamantino. Por isso, determina-se
a transição da obra à Fase de Operação Assistida.

No que concerne a implementação de nova métrica capaz de aferir o desempenho da produção de


etanol de milho de segunda geração (E2G), não cabe ao Dispute Board impor obrigação ou
parâmetro não previsto contratualmente entre as Partes.

Cuiabá/PN, 21 de Fevereiro de 2022


55

RELATÓRIO DO DISPUTE BOARD N° 03

Trata-se de decisão emitida pelo Comitê de Resolução de Disputas administrada pela Câmara de
Arbitragem e Mediação do Agronegócio - CAMAGRO, a partir de requerimento formulado pela
COBOS Bioenergia LTDA.

1. QUALIFICAÇÃO:

COBOS Bioenergia LTDA, sociedade empresária, inscrita no CNPJ sob o nº (omissis), na qualidade
de contratante e por outro lado;

Penfolds Technology S.A., sociedade empresária, inscrita no CNPJ sob o nº (omissis), na qualidade
de contratada;

2. DOS MEMBROS DO COMITÊ:

(omissis)

3. CONSTITUIÇÃO E DIRETRIZES DO DISPUTE BOARD:

O Dispute Board atuará em conformidade com a Cláusula 24.2 do Contrato e com as disposições do
Contrato do Comitê, que aludem às orientações, procedimentos e regras do procedimento de resolução
de disputas pelo Dispute Board.

4. DO REQUERIMENTO:

A COBOS Bioenergia LTDA, na data de 01/09/2022, através de consulta formal, submeteu à


apreciação do Comitê de Resolução de Disputas questões relativas à necessidade de suspensão da obra
na Usina Alvorada e ao resultados dos testes de performance.

[...]

5. FATOS BÁSICOS DA DISPUTA

(omissis)

6. FUNDAMENTO DAS PARTES

(omissis)
56

6.1. GERAL

(omissis)

6.2 ALEGAÇÕES DA COBOS BIOENERGIA

A COBOS Bioenergia LTDA alega que a obra da Usina Alvorada deve ser suspensa até a
regularização do fornecimento de milho pantanesco, para que então, se proceda à realização dos testes
finais de performance. Aproveitou a oportunidade para ressaltar que o abastecimento do milho no
município de Rio Verde/PN, e região, estaria normalizado com brevidade.

Ainda, a COBOS Bioenergia LTDA sustenta que a aceitação da obra não pode ocorrer até que seja
atestado o cumprimento da obrigação de performance quanto à produção de etanol de segunda
geração (E2G), tendo em vista que a viabilidade econômica da operação com o milho pantanesco
dependerá do bom desempenho da produção de E2G,

[...]

6.3 ALEGAÇÕES DA PENFOLDS TECHNOLOGY

A Penfolds Technology S.A., alega o cumprimento pleno da garantia de performance. Argumenta que
alcançou os níveis ótimos de performance, em conformidade com as métricas estabelecidas no
Manual de Comissionamento e com as adaptações validadas pelo Comitê de Resolução de Disputas
no “Relatório do Dispute Board n°2”.

Ainda, a Penfolds Technology S.A. fundamentou que, por conta do mecanismo de aceitação tácita
previsto na Cláusula 14.5 do Contrato, a COBOS Bioenergia LTDA não poderá, sem justo motivo,
recusar a Aceitação Final obra, o que igualmente incluiu a aceitação definitiva da performance da
Usina quanto ao milho pantanesco, por força da Cláusula 14.5.1.

[...]

7. CONCLUSÕES:

Apreciando os temas suscitados pelas partes o Comitê entende que:

(i) (omissis)

(ii) (omissis)

(iii) Na Cláusula XV do Contrato, o item 15.1 prevê a possibilidade da Contratante determinar


unilateralmente a suspensão da obra até a Aceitação Provisória, de modo que o pedido da COBOS
57

Bioenergia LTDA, realizado na parte final da Fase de Operação Assistida, foge às hipóteses de
suspensão acordadas pelas Partes;

(iv) (omissis)

(v) (omissis)

(vi) A Penfolds Technology S.A. comprovou que os testes finais de performance atingiram os níveis
ótimos estabelecidos no Manual de Comissionamento - ajustados em conformidade com a decisão
emanada por este Comitê no “Relatório do Dispute Board n°2” -, não havendo qualquer indício de
vício, defeito ou omissão passível de reparo na Usina Alvorada.

(vii) Como também decidido por este Comitê no “Relatório do Dispute Board n°2”, é indevida a
pretensão da COBOS Bioenergia LTDA de condicionar a aceitação da obra ao atingimento de
parâmetros de desempenho não previstos no Manual de Comissionamento.

(viii) (omissis)

(ix) Transcorrido o prazo de 15 (quinze) dias, previsto na Cláusula 14.3 do Contrato, para que a
COBOS Bioenergia LTDA emita o Termo de Aceitação Final e não havendo justo motivo para a
rejeição da obra ou para a abertura do cure period, operou-se a Aceitação Tácita da entrega da obra,
conforme estabelecido na Cláusula 14.5 do Contrato;

(x) Igualmente, operou-se a Aceitação Tácita dos serviços voltados à produção de etanol de milho
pantanesco, pois o não fornecimento do insumo configurou violação, pela Contratante, da Cláusula
5.1.c e, assim, atraiu a incidência da Cláusula 14.5.1 do Contrato.

[...]

Em razão do exposto, reputa-se indevida a pretensão da COBOS Bioenergia LTDA de suspender a


obra até a regularização da crise regional de abastecimento de grãos. Também reputa-se inadequada
a imposição de parâmetros de performance específicos para a produção do E2G de milho, pois não
prevista contratualmente, conforme já deliberado na anterior decisão deste Comitê.

Não havendo vício, defeito ou omissão na obra imputáveis à Penfolds Technology S.A. e tendo os
testes atingido os Níveis Ótimos de Performance do Manual de Comissionamento, a empresa
contratante tinha a obrigação de emitir o Termo de Aceitação Final. Transcorrido o prazo de 15
(quinze) dias para tanto, este Comitê certifica definitivamente a fiel execução dos serviços, inclusive
quanto aos serviços direcionados à utilização do milho pantanesco como matéria-prima para a
58

produção de etanol, face à incidência do mecanismo de Aceitação Tácita previsto nos itens 14.5 e
14.5.1 da Cláusula XIV do Contrato.

Cuiabá/PN, 21 de setembro de 2022


59

Cuiabá/PN, 29 de setembro de 2022

COBOS Bioenergia Ltda (“COBOS” ou “Requerente”), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda (CNPJ/MF) sob o n° [omissis], com sede
no município de Sinop, Estado do Pantanal, vem por meio do seu representante legal, nos termos do Art.
22° do Regulamento de Arbitragem da Câmara de Arbitragem e Mediação do Agronegócio
(“CAMAGRO”), apresentar a presente:

AVISO DE INSATISFAÇÃO CONTRA DECISÃO Nº3 DO DISPUTE BOARD

1.Trata-se de aviso de insatisfação contra a terceira decisão proferida, no dia 21/09/2022, pelo Comitê de
Resolução de Disputas (Dispute Board ou Comitê) administrada pela Câmara de Arbitragem e Mediação do
Agronegócio - CAMAGRO.

2. O Comitê emitiu decisão desfavorável ao pedido da COBOS Bioenergia, ora Manifestante, de suspensão
das obras até a regularização do fornecimento do milho pantanesco, bem como negou, mais uma vez, a
realização de testes que avaliassem o desempenho da produção de etanol de segunda geração (E2G). Não
suficiente, o Comitê ainda declarou a certificação da execução dos serviços com milho pantanesco por
suposta “aceitação tácita”, dando por entregue definitivamente a obra da Usina Alvorada.

3. No entanto, devido à sua importância para a futura produção do etanol derivado do milho pantanesco, a
efetividade da produção de E2G é essencial para o cumprimento do propósito do contrato, especialmente
quanto ao seu rendimento. O milho pantanesco é caracterizado pela alta concentração de material
lignocelulósico e necessita de melhoria no processamento dos resíduos para atingir a performance adequada.

4. Por esse motivo a COBOS Bioenergia discorda da decisão do Dispute Board e reitera seu posicionamento
quanto à impossibilidade do encerramento da obra, enquanto a Penfolds Technology S.A. não comprovar o
perfeito funcionamento de todas as instalações da Usina.
60

RELATÓRIO DE DESEMPENHO E PRODUÇÃO EFICIENTE DE BIOCOMBUSTÍVEL

Endereço PN-242, Km 40, Município de Rio Verde, Estado do Pantanal

Nª de Testes 3

Data dos testes 09 de janeiro de 2023, 16 de janeiro de 2023, 23 de janeiro de 2023

Engenheiro responsável Bruce Oldman

Parâmetros e Normas de Verificado de acordo o Anexo III do Contrato de EPC firmado entre a COBOS
Referência Bioenergia Ltda e a Penfolds Technology S.A., assim como a NBR ISO 14065/2015,
em atendimento aos requisitos da Resolução ANP nº 758/2018.

Versão RenovaCalc V.7 de 22/12/2020

Escopo do Relatório Etanol hidratado de milho pantanesco

1. APRESENTAÇÃO

A Equipe de Auditoria e Controle de Qualidade (“Equipe”) da COBOS Bioenergia Ltda foi instruída
para realizar a verificação do status atual de desempenho e da produção eficiente de biocombustíveis do
empreendimento Usina Alvorada (“Usina”), localizado no endereço acima qualificado.

Os parâmetros técnicos de desempenho da Usina Alvorada foram estabelecidos contratualmente no


anexo contratual nº III do Contrato de Engineering, Procurement and Construction (“Contrato”), firmado
entre a COBOS Bioenergya Ltda e a empreiteira Penfold Technology S.A. Como será analisado abaixo, o
Anexo III do Contrato estabeleceu: (a) os níveis ótimos de performance, (b) os níveis mínimos de
performance e (c) a curva de durabilidade do desempenho esperado.

Tendo em vista que a COBOS Bioenergia Ltda adota política interna de produção eficiente de
biocombustíveis em consonância com a Política Nacional de Biocombustíveis da Lei nº 13.576/2017,
utilizou-se, em complemento às métricas contratuais, as normas instituídas na NBR ISO 14065/2015 pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a ferramenta RenovaCalc (v.7) e os demais diretrizes da
Resolução nº 758/2018 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), para o
cálculo da eficiência energético-ambiental e da intensidade de carbono do etanol1.

1
Nota de Aviso: A realização de auditoria interna pela Equipe da COBOS Bioenergia Ltda não tem por objetivo a
validação da nota de eficiência energética-ambiental para fins de certificação, o que, segundo a Resolução nº 758/2018
da ANP, deverá ser realizada por auditoria independente por firma inspetora.
61

Assim, o presente relatório visa apresentar dados comparativos do desempenho real da Usina em
relação aos parâmetros de performance previstos no Anexo III do Contrato com a Penfolds Technology S.A.
e, em menor grau de importância, apresentar a Nota de Eficiência Energético-Ambiental (NEEA) do etanol
hidratado produzido a partir do milho pantanesco (Zea mays palude).

2. QUALIFICAÇÃO DA EQUIPE DE AUDITORIA

(omissis)

3. METODOLOGIA

(omissis)

4. PLANO DE AMOSTRAGEM

(omissis)

5. RESULTADOS E DADOS OBTIDOS

Na auditoria da produção de bioetanol a partir do milho da subespécie pantanesca (Zea mays palude),
a Equipe verificou, em todos os três testes realizados na Usina, que o desempenho da operação está inferior
aos níveis esperados, com desvio negativos nos parâmetros de “volume de produção”, “octanagem” e “poder
calorífico inferior”, além de desvio positivo no parâmetro “intensidade de carbono”2.

Segue, abaixo, tabela comparativa entre o nível real de desempenho verificado na Usina auditada,
obtido a partir da média entre os três testes, e os níveis ótimos e mínimos previstos no Contrato de EPC
firmado com a Penfolds Technology S.A:

Parâmetro Nível Real Nível Ótimo Desvio Nível Mínimo Desvio

Volume de Produção (l/t) 267,5 350 -23,5% 297 -9,9%

Intensidade de Carbono 52,4 40 +31% 47 +11,4%


(g CO2eq./MJ)

Poder Calorífico (Kcal/kg) 6.510,35 6853,15 -5,0% 6405,15 +1,6%

Octanagem (RON) 117 121 -3,3% 109 +7,3%

2
Cumpre ressaltar que, por tratar-se de um parâmetro de contrapeso, o desvio positivo da “intensidade de carbono”
representa um resultado negativo para a performance da Usina, pois demonstra que a eficiência energético-ambiental
do etanol de milho pantanesco está menor do que o esperado.
62

Representando os referidos dados em relação percentual, tratando o nível ótimo como o valor
máximo do gráfico (100%), obteve-se o gráfico abaixo. Para melhor visualização dos dados relativos ao
parâmetro “intensidade de carbono”, este foi representado pela NEEA da fase industrial, a partir da
comparação entre os números obtidos com o bioetanol e a intensidade de carbono padrão do combustível
substituto de origem fóssil (87,4 g CO2eq./MJ), conforme a Resolução nº 758/2018 da ANP.

Ademais, considerando a Curva de Durabilidade do Anexo III do Contrato de EPC e o decurso de


apenas 3 a 5 meses entre o Termo de Entrega da obra e os testes conduzidos nesta auditoria, o decréscimo
projetado de performance explicaria, apenas, uma variação média de 2% (dois por cento). Assim, ajustando
os resultados acima à Curva de Durabilidade, têm-se:

Parâmetro Nível Real Nível Ótimo Desvio Nível Mínimo Desvio

Volume de Produção (l/t) 267,5 343 -22,0% 291 -8,1%

Intensidade de Carbono 52,4 40,8 +28,4% 46 +13,8%


(g CO2eq./MJ)

Poder Calorífico (Kcal/kg) 6.510,35 6.716,08 -3,1% 6277,04 +3,7%

Octanagem (RON) 117 118,5 -1,3% 106,8 +9,5%


63

Quanto ao cálculo da Nota de Eficiência Energético-Ambiental, avaliada em consonância com as


diretrizes da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e obtida a partir da inserção dos dados
relevantes na ferramenta da RenovaCalc v.7, obteve-se:

Produto Auditado Etanol Hidratado

Rota de Produção E1G2G

Fração Elegível de Biocombustível 98%

Nota de Eficiência Energético Ambiental 35 g CO2eq/MJ

Fator de Emissão de CBIO 0,805212 x 10-3 tCO2eq/l

6. CONCLUSÕES

A partir dos dados coletados nesta auditoria, é possível concluir que a operação de sintetização de
bioetanol da Usina, quando utilizado o milho pantanesco como matéria-prima, não está atendendo aos
parâmetros técnicos de performance estabelecidos no documento-referência (Anexo III do Contrato),
mesmo levando em consideração a esperada redução no desempenho.

Também, o etanol hidratado de milho pantanesco da rota E1G2G está em desconformidade com as
metas de descarbonização da Política de Eficiência Energético-Ambiental da COBOS Bioenergia Ltda, tendo
em vista que a empresa estabeleceu, para 2023, a meta de todos os seus biocombustíveis atingirem fator de
emissão de CBIO ≥ 1 x 10-3 tCO2eq/l. Nesse quesito, é importante destacar que seria possível atingir a
referida meta, caso os parâmetros do Contrato de EPC relativos à performance da operação com o milho
pantanesco tivessem sido integralmente satisfeitos.

ASSINATURA DO
ENGENHEIRO TÉCNICO
ANEXO #12 REQUERENTE

AGRO NEWS
64

INOVAÇÃO NO SETOR DE BEBIDAS: DESTILARIA DE


UÍSQUE ULTRATECNOLÓGICA SERÁ CONSTRUIDA
A destilaria será equipada com a tecnologia de ponta fornecida pela Penfolds Technology,
expert na área de produção sucroalcooleira.
O Grupo Pinotage comemorou hoje a aprovação
do projeto básico de sua mais nova destilaria no
estado do Pantanal, marcando um avanço
significativo em direção a uma produção de
bebidas mais eficiente e firmando seu destaque
na indústria de destilados nacional.

A nova destilaria será localizada em Rio Verde, e


sua grande novidade será a proposta de produzir
o primeiro uísque de milho pantanesco do Brasil.
O grão é uma espécie nativa do Pantanal e parte
integrante da cultura da região, aderindo à
A tecnologia fornecida pela Penfolds Technology
tradição da empresa de produzir bebidas que
utiliza métodos de produção de última geração
valorizem as diversas culturas brasileiras.
para garantir que os recursos naturais sejam
usados de forma eficiente, e que a emissão de
poluentes seja reduzida ao mínimo. "É uma obra-
prima da engenharia, com processos altamente
eficientes e sustentáveis que minimizam o
desperdício e o impacto ambiental, além de
possibilitar que continuemos a exaltar a
produção agrícola local”, afirma o CEO da
Destilaria Pinotage.

A inauguração oficial está prevista para ocorrer


em maio de 2024, representando um
investimento maciço em pesquisa e
desenvolvimento feito pela Penfolds Technology
para tornar a produção de destilados ainda mais
versátil e eficiente.

Por Juliana Morais - Agro News


AGRO NEWS
EDIÇÃO N° VIII 07/02/2023 - 17h38 - Atualizado há 2 horas.
65

De: COBOS Bioenergia Ltda.


Para: Penfolds Technology S.A.
Envio: 21 de Fevereiro de 2023 às 14:45
Assunto: Violação contratual após entrega da Usina Alvorada

Prezado sr. Gimenez,

Solicitamos esclarecimentos sobre os pontos suscitados na recente notificação de


inadimplência enviada à sua empresa, a saber: (i) a qualidade do etanol produzido,
que não atendeu às exigências contratuais, e (ii) a preocupação com a tecnologia
utilizada na Usina da Alvorada, bem como a possível violação à cláusula de
non-compete devido à obra em andamento na Destilaria Pinotage.

Em relação a este último ponto, a instalação de tecnologia "similar" em um ponto


geográfico específico e dentro do prazo estipulado no contrato levanta preocupações
sobre possível violação contratual.

Aguardamos uma resposta detalhada sobre essas questões para que possamos
resolver esses problemas de maneira amigável e em conformidade com os termos
contratuais estabelecidos.

Atenciosamente,
Pedro Gago
COBOS Bioenergia Ltda.
66

De: Penfolds Technology S.A.


Para: COBOS Bioenergia Ltda.
Envio: 24 de Fevereiro de 2023 às 11:03
Assunto: RE: Violação contratual após entrega da Usina Alvorada

Prezado sr. Pedro Gago,

Quanto às preocupações levantadas em sua notificação de inadimplência,


gostaríamos de esclarecer que, conforme manifestação do Comitê de Resolução de
Disputas, a execução do contrato ocorreu de forma integral, atendendo ao
cronograma previsto. Reafirmamos que a Usina foi entregue em perfeita
conformidade com as exigências estabelecidas pelo Dispute Board.

Também informamos que não houve violação ao non-compete, pois a Destilaria


Pinotage contratou tecnologia diferente da contratada pela COBOS, além do fato de
que, obviamente, as empresas não competem entre si, porque sequer atuam no
mesmo mercado.

Diante disso, não há que se falar em inadimplemento contratual e/ou desrespeito às


cláusulas previstas no Contrato.

Cordialmente,

José Gimenez
CEO da Penfolds Technology S.A
67

CÂMARA DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO

CONFIDENCIAL
Por e-mail e via postal

COBOS Bioenergia Ltda.


Rua Tomas Bombadil, s/n, Sinop, Pantanal
Brasil

Penfolds Technology S.A


Av. Brigadeiro Faria Lima, s/n, São Paulo, São Paulo
Brasil

20/03/2023

Prezados,

Procedimento arbitral nº 21/2023

1. Reconheço o recebimento, por via postal e por e-mail, de 02 cópias do Requerimento de


Arbitragem datado de enviado por Letícia Parker, em nome da Requerente - COBOS Bioenergia
Ltda. Também reconheço o envio de uma cópia do referido documento à parte Requerida -
Penfolds Technology S.A.
2. Solicito a confirmação por parte da Requerida acerca da possibilidade de envio das notificações e
correspondências relacionadas a esse procedimento arbitral por e-mail e por via postal, bem como a
confirmação dos endereços por e-mail e via postal a serem utilizados.
3. Também solicito à parte requerida informações para contactar seus representantes legais, caso
venham a ser representados, incluindo endereço postal, endereço de e-mail, número de telefone e
fax.
4. O Requerimento de Arbitragem preencheu todos os requisitos previstos no Art. 3.1 do
Regulamento da CAMAGRO. No presente momento, torna-se especialmente importante o
documento intitulado “Contrato de Engineering, Procurement and Construction", firmado pelas
partes em 01/04/2019 (“Contrato”).
5. As partes e seus representantes são encorajados a notificar a CAMAGRO caso haja ciência de
qualquer questão, no presente momento ou no futuro, que possa impactar a capacidade de
qualquer uma das partes dessa arbitragem em honrar com as despesas deste procedimento.
68

6. Ao realizar o Requerimento de Arbitragem, a Requerente invoca exercício cláusula XXIV do


Contrato (“cláusula de prevenção, resolução de disputas e lei aplicável” ou “cláusula
compromissória”), que prevê:

Cláusula XXIV - PREVENÇÃO, RESOLUÇÃO DE DISPUTAS E LEI APLICÁVEL


24.1. Este Contrato e os direitos das Partes nos termos deste Contrato serão regidos, interpretados e executados de
acordo com as Leis da República Federativa do Brasil.
24.2. As Partes concordam com o estabelecimento, durante a vigência deste Contrato, de um Comitê de
Prevenção e Resolução de Disputas (“Comitê” ou “Dispute Board”), nos termos constantes no Regulamento de
Comitê de Resolução de Disputas da CAMAGRO - Câmara de Arbitragem e Mediação do Agronegócio
(“CAMAGRO”), a fim de solucionar quaisquer divergências, dúvidas ou conflitos surgidos relativos a este
Contrato.
24.3. Todas as controvérsias oriundas ou relacionadas ao Contrato poderão ser resolvidas por arbitragem, a ser
administrada pela CAMAGRO, nos termos do seu Regulamento de Arbitragem e da Lei nº 9.307/96.
24.3.1 O tribunal arbitral será composto por 3 (três) árbitros, dos quais 1 (um) será nomeado pela(s)
requerente(s), e 1 (um) pela(s) requerida(s). O presidente do tribunal arbitral será escolhido em conjunto pelos 2
(dois) coárbitros no prazo fixado pela CAMAGRO. Caso quaisquer das partes da arbitragem não nomeiem
seus respectivos árbitros, ou caso os coárbitros nomeados pelas partes da arbitragem não nomeiem o presidente do
tribunal arbitral nos termos do Regulamento, as nomeações faltantes serão feitas pela CAMAGRO, na forma
do Regulamento.
24.3.2. A sede da arbitragem será a cidade de Cuiabá, Estado do Pantanal, Brasil. O idioma da arbitragem
será o Português, sendo permitida a produção de quaisquer provas em inglês sem necessidade de tradução.
24.3.3. A arbitragem será de direito, aplicando-se a ela as leis da República Federativa do Brasil, inclusive
para reger todas as questões envolvendo a cláusula compromissória, incluindo, mas não se limitando, à sua
existência, eficácia, interpretação e/ou cumprimento. Fica expressamente vedado o julgamento por equidade.
24.3.4. Antes da instituição da arbitragem, as Partes poderão pleitear medidas cautelares ou de urgência ao
Poder Judiciário. Após a instituição da arbitragem, todas as medidas cautelares ou de urgência deverão ser
pleiteadas diretamente ao tribunal arbitral, a quem caberá manter, modificar e/ou revogar quaisquer medidas
anteriormente concedidas pelo Poder Judiciário.
24.3.5. As Partes concordam que o procedimento arbitral (incluindo, mas não se limitando, à sua existência, à
Disputa, às alegações e manifestações das partes, às manifestações de Terceiros, provas e documentos
apresentados, bem como quaisquer decisões proferidas pelo tribunal arbitral, incluindo a sentença arbitral) será
confidencial e somente poderá ser revelado ao tribunal arbitral, às Partes, aos seus advogados e às pessoas
necessárias à boa condução e ao resultado da arbitragem.
24.3.6. As despesas do procedimento arbitral, incluindo, mas não limitadas, às custas administrativas da
CAMAGRO, e honorários dos árbitros e de peritos, quando aplicáveis, serão arcadas por cada parte na forma
do Regulamento. Quando da prolação da sentença arbitral, o tribunal arbitral determinar o reembolso, à
parte vencedora, das despesas do procedimento arbitral, incluindo, mas não limitadas, às custas
administrativas da CAMAGRO, honorários dos árbitros e de peritos, pareceristas, assistentes técnicos e
honorários advocatícios contratuais razoáveis, de forma proporcional à sucumbência. Fica expressamente
vedada a condenação pelo tribunal arbitral em honorários de sucumbência
69

7. A cláusula compromissória prevê que as disputas serão resolvidas por Arbitragem sob o
regulamento da CAMAGRO (“as regras”).
8. Convido a atenção das partes à tabela de custas arbitrais da CAMAGRO disponibilizada no site
www.camagro.com.br.
9. A cláusula compromissória prevê um tribunal arbitral composto por três membros. Cada parte terá
o direito de realizar sua escolha de árbitro, enquanto o árbitro presidente será apontado pela
CAMAGRO. No Requerimento de Arbitragem, a Requerente definiu Fernando Junqueira como
sua escolha de árbitro, a quem iremos entrar em contato no devido momento em busca da resposta
acerca da sua indicação.
10. Caso qualquer uma das partes possua objeção quanto à atuação de qualquer árbitro no presente
procedimento, possuirá o prazo de 20 (vinte) dias, a contar da data da sua nomeação, para proceder
com eventual pedido de impugnação, conforme o art. 6.1 do Regulamento. O pedido de
impugnação será encaminhado à Diretoria para deliberação e eventual decisão.
11. Conforme o art. 3.4 do Regulamento da CAMAGRO, a parte requerida tem um prazo de 30
(trinta) dias, a partir da notificação realizada pela Secretaria da CAMAGRO, para apresentar uma
Resposta ao Requerimento de Arbitragem. A não observância do prazo estabelecido preclui a parte
requerida da possibilidade de levantar pedidos de reconvenção.
12. A CAMAGRO se reserva o direito de, após a conclusão do presente procedimento arbitral, destruir
todos os documentos submetidos durante o curso da arbitragem. Salvo na hipótese de uma das
partes solicitar, por escrito, a devolução dos documentos apresentados. Nesse caso, o custo da
devolução de tais documentos será adimplido pela parte que solicitou sua devolução.
13. A CAMAGRO se disponibiliza inteiramente para sanar toda e qualquer questão, oriunda de
qualquer uma das partes.
14. Esperamos a resposta das partes em relação às questões elencadas acima.

Atenciosamente,

Paulo Hobbs
Secretaria CAMAGRO
70

Catarina Suckling
OAB 16112020
Rua das Flores, s/n
Porto Alegre, São Paulo
Brasil
catarina@suckling.com

05 de Abril de 2023

Por e-mail e via postal

Sr. Paulo Hobbs

Câmara de Arbitragem e Mediação do Agronegócio - CAMAGRO


COBOS BIOENERGIA LTDA. v. PENFOLDS TECHNOLOGY S.A.
CAMAGRO /N.21/2023

Estimado Sr. Hobbs,

Venho, por meio deste, indicar que representarei a Requerida, Penfolds Technology S.A., no Processo
Arbitral epigrafado.

Informo, também, que conjuntamente com a Resposta ao Requerimento de Arbitragem, seguem em


anexo cópias dos documentos mencionados no bojo da resposta, bem como o documento de
representação da Penfolds.

A Requerida concorda em se comunicar com a CAMAGRO por e-mail e via postal. Neste caso, o
e-mail a ser utilizado é o catarina@suckling.com.br, enquanto o endereço para envio postal é: Rua
das Flores, s/n, Porto Alegre, Estado de São Paulo, Brasil. A parte requerida indica a sra. Paula
Mendonça Costa como árbitra, de sorte que seu currículo segue em anexo.
71

Solicito, por gentileza, que sejam tomadas as ações necessárias para a confirmação da investidura da
árbitra.

Atenciosamente,
Catarina Suckling.

Anexos:
Resposta ao Requerimento de Arbitragem
Anexo 1 - Entrevista
Procuração advocatícia (não reproduzido)
CV Paula Mendonça Costa (não reproduzido)

cc. Letícia Parker


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CÂMARA DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO

Ref: Processo Arbitral n° 21/2023

PENFOLDS Technology (“Penfolds” ou “Requerida”), pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda
(CNPJ/MF) sob o n° (omissis), com sede no município de Cuiabá, estado do Pantanal,
Brasil, em atenção à correspondência da Secretaria da CAMAGRO de (data), vêm, por
intermédio da sua advogada, apresentar

RESPOSTA AO REQUERIMENTO DE INSTAURAÇÃO DE ARBITRAGEM

formulado por COBOS Bioenergia (“COBOS” ou “Requerida”), já qualificada, o que o


faz com os fundamentos fático-jurídicos que passa a expor e, ao final, requerer:

DAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS

1. A Requerida, Penfolds Technology S.A. (“Penfolds”), é uma companhia de


engenharia agroindustrial com atuação no ramo de processamento de produtos
agrícolas, notavelmente, no setor de biocombustíveis. A Requerida é referência no
desenvolvimento de tecnologias destinadas ao aperfeiçoamento do processo
produtivo do etanol de milho.1

2. No último trimestre de 2018, a Requerente, COBOS Bioenergia Ltda (“COBOS”),


buscou a Requerida com o intuito de aprimorar sua usina localizada no município de
Rio Verde, estado do Pantanal (“Usina Alvorada”), que, originalmente, foi projetada
para produção exclusiva de etanol de cana-de-açúcar. A Requerente pretendia
implementar as tecnologias da Penfolds para transformá-la em uma usina flex, capaz
de sintetizar bioetanol de milho com alto grau de eficiência.

1
Anexo #1
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3. Tanto no Memorandum of Understandings quanto no Contrato de Empreitada Global


(“Contrato”) firmados entre as Partes, a Requerente se responsabilizou pelo
fornecimento dos insumos para os testes operacionais, nas quantidades e qualidades
devidamente especificadas nos respectivos documentos.

4. Nesse quesito, é importante destacar que a Requerente buscava produzir etanol a


partir da subespécie regional Zea mays palude (conhecida como milho pantanesco),
dotada de características diferentes dos tipos de milho utilizados pela Requerida em
obras anteriores. Por esse motivo, os testes antes e durante a execução da obra não
apenas serviriam como garantia à contratante, mas também como meio para melhor
adequar a tecnologia contratada às especificidades do milho pantanesco

5. Contudo, antes do início dos testes de performance da usina, a Requerente alegou que
problemas hídricos na região e a consequente crise no abastecimento de grãos
impediram a aquisição do milho pantanesco, ou seja, deixou de fornecer o material
basilar para o perfeito comissionamento da obra.

6. Para além disso, a Requerente insistiu no uso do milho “BRS diamantino” enquanto
substituto do milho pantanesco, em desconformidade com os parâmetros
contratualmente previstos. A Requerida, em diversas oportunidades, questionou essa
substituição, pois o emprego de matéria-prima com características diferentes
impediria a obtenção de resultados concretos e a identificação de eventuais
irregularidades na instalação da tecnologia.

7. Esse tema foi objeto de avaliação pelo Dispute Board (“DB”), que, em seu relatório,
concluiu: "[...] faz-se necessária a substituição do tipo de milho para viabilizar a
continuidade da obra com o devido comissionamento da tecnologia contratada, o que
poderá ser alcançado, sem prejuízo ao Cronograma ou aos trabalhos da contratada, a
partir da utilização do milho híbrido do cultivar “BRS diamantino”. Também, o comitê
determinou que a COBOS deveria arcar com os custos de adaptação dos testes.

8. No meses de janeiro de 2022 e fevereiro de 2022, a Requerida concluiu a etapa de


montagem e realizou os testes iniciais de performance, conforme a Cláusula XIII do
Contrato, oportunidade em que se verificou que as métricas mínimas de desempenho,
estabelecidas no Manual de Comissionamento, foram superadas.
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9. Mesmo tendo a Penfolds utilizado o milho substituto, requisitado pela contratante, e


alcançado os parâmetros de performance necessários para prosseguir com a entrega
parcial da obra, a COBOS novamente expressou insatisfação, alegando que seriam
necessários novos testes para avaliar “o desempenho da usina quanto ao
aproveitamento da biomassa lignocelulósica e à produção do E2G”.

10. Com esse impasse, as Partes acionaram conjuntamente o Dispute Board, tendo o
Comitê reconhecido que a performance da Usina Alvorada atendia aos níveis
mínimos, o que autorizava a transição da obra para a próxima etapa. Para além disso,
o DB entendeu, corretamente, pela impertinência dos novos testes e parâmetros
exigidos pela COBOS, pois o Contrato não previu standards de desempenho
específicos para a produção de E2G.

11. Essa decisão não foi impugnada e então os contratantes passaram para a última etapa
do cronograma contratual, a Fase de Operação Assistida.

12. Ao longo do período de 6 (seis) meses de acompanhamento, a Usina continuou


utilizando o milho “BRS diamantino”, uma vez que o abastecimento do milho
pantanesco não havia sido regularizado. Mas, ao contrário do que suscitou a
Requerente, a Usina Alvorada apresentou melhoria nos quesitos de qualidade e
desempenho com todos os insumos contratados, inclusive com o milho substituto.

13. Em outras palavras, os testes de performance realizados com base nas métricas de
qualidades adaptadas, conforme Recomendação do Dispute Board, demonstraram que
a tecnologia instalada pela Requerida estava operando corretamente, levando, assim,
à conclusão do programa contratual.

14. Em setembro de 2022, após os testes finais de performance, houve, mais uma vez,
infundada resistência da COBOS quanto aos resultados obtidos. Inclusive, a
contratante pediu a suspensão do Contrato até o fim da crise de abastecimento de
milho na região de Rio Verde e, ainda, ameaçou não emitir o Termo de Aceitação Final
enquanto a Penfolds não comprovasse o atingimento das métricas adicionais de
performance, previamente negadas pelo DB.

15. Esse conflito foi levado pela Requerente à apreciação do Comitê, que concluiu que
todos os testes de performance realizados foram bem-sucedidos em alcançar os
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parâmetros de desempenho do Manual de Comissionamento. Por isso, entendeu pela


incidência do mecanismo de aceitação tácita (Cláusula 14.5) e certificou “a fiel
execução dos serviços, inclusive quanto aos serviços direcionados à utilização do milho
pantanesco”, o que conduziu ao encerramento do programa contratual.

16. Meses depois da conclusão da obra e do período de acompanhamento, a Requerente


encaminhou e-mails à Requerida, alegando que, mesmo com o uso do milho
pantanesco, o etanol de milho produzido na Usina Alvorada não performava de
acordo com os standards previstos no Contrato, requerendo, assim, uma avaliação
técnica por parte da Penfolds.

17. Em resposta, a Requerida reiterou que adimpliu integralmente suas obrigações,


ressaltando que qualquer anormalidade nos testes foi em decorrência do
inadimplemento da Requerente, que, repita-se, não entregou o milho nas
especificações contratadas durante as diferentes etapas da execução do Contrato.

18. A COBOS, por sua vez, insatisfeita com a situação, ingressou com o pedido de
instauração de procedimento arbitral em face da Penfolds.

DAS QUESTÕES PROCEDIMENTAIS

I. DA VINCULAÇÃO À DECISÃO DO DISPUTE BOARD

19. A decisão do Dispute Board, não impugnada tempestivamente pela Requerente,


ostenta caráter vinculativo e irrevogável, de modo que o Tribunal Arbitral não pode
modificar a conclusão do Comitê quanto ao cumprimento da garantia de performance
ou quanto à aceitação da Requerente.

20. O Art. 25 do Regulamento de Dispute Board da CAMAGRO estabelece o prazo de 30


(trinta) dias, contados do Aviso de Insatisfação, para que a parte inconformada com a
decisão do Dispute Board ingresse com a arbitragem. No entanto, a Requerente (a)
somente requereu a instauração do procedimento arbitral 5 (cinco) meses depois do
Aviso de Insatisfação, e (b) não apresentou fundamentos excepcionais para que o
Tribunal Arbitral alterasse a conclusão emanada pelo Comitê.
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21. Nesse sentido, é importante destacar que a força vinculativa das decisões proferidas
por Dispute Boards é essencial para a eficácia do instituto. Além disso, os
contratantes aceitaram submeter suas divergências a essa entidade de forma
voluntária e consciente, de modo que a submissão às conclusões do comitê
justifica-se, sobretudo, pelo respeito à liberdade contratual das partes.

22. Pelo exposto, o Tribunal Arbitral deve inadmitir a pretensão da Requerente quanto à
reforma das Recomendações/Decisões do Dispute Board, respeitando-se, assim, toda
e qualquer conclusão emanada pelo Comitê de Disputas.

DO MÉRITO

23. Os pedidos apresentados pela Requerente devem ser julgados improcedentes, afinal:
(II) a Requerida não pode ser responsabilizada pelos supostos vícios da obra, diante
do inadimplemento contratual da Requerente quanto à sua obrigação de fornecer os
insumos para os testes de performance.

24. Além disso, (III) a cláusula de non-compete foi respeitada, uma vez que a Pinotage
Bourbons Ltda não se configura como concorrente da COBOS e, como o serviço
realizado pela Penfolds no outro empreendimento foge ao Escopo da Obra da Usina
Alvorada, incide a exceção da não competição prevista na Cláusula 21.1.1.

II. DO ADIMPLEMENTO CONTRATUAL

II.A. DO CUMPRIMENTO DA GARANTIA DE PERFORMANCE

25. Diferentemente do alegado pela Requerente em seu Requerimento de Arbitragem, a


Requerida executou a obra em conformidade com todas as previsões contratuais e,
como confirmado pelo DB, cumpriu a garantia de performance.

26. Na dinâmica dos contratos de EPC, o cumprimento da garantia de performance é


aferido durante a etapa de comissionamento, a partir da realização de testes, cujos
requisitos, procedimentos e níveis a serem alcançados são detalhados no contrato
e/ou anexos. Assim, a satisfação dos critérios técnicos de desempenho durante a
testagem da obra constitui materialmente o adimplemento da garantia de
performance, consubstanciado pela aceitação da obra.
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27. No caso, a Requerida conduziu a testagem da obra em consonância com as previsões


contratuais, e todos os testes que precederam a Aceitação Final alcançaram os níveis
de performance esperados, em conformidade com o Manual de Comissionamento e
com as modificações recomendadas pelo Dispute Board.

28. Como mencionado acima, os testes específicos com o milho pantanesco apenas não
foram realizados pela falha da COBOS em entregar o insumo, em violação às Cláusulas
5.1.c e 13.5 do Contrato. Por isso, foram corretas as decisões do Comitê, no sentido de
que (a) os testes realizados, a pedido da Requerente, com o milho “BRS diamantino”
atingiram níveis satisfatórios de performance e, (b) quanto aos testes específicos com
o milho pantanesco, operou-se o mecanismo de aceitação tácita previsto na Cláusula
14.5.1 do Contrato.

29. Dessa forma, nova testagem da Usina, após a entrega da obra, não é capaz de
configurar o inadimplemento da garantia de performance, especialmente porque
houve a aceitação, mesmo que tácita, dessa garantia, o que não comporta retratação
posterior pela contratante. Na melhor das hipóteses para a COBOS, os novos testes
poderiam impactar na garantia de durabilidade prevista na Cláusula XI, mas o que, no
presente caso, também não ocorreu (ver abaixo, II.B).

30. Ademais, as obrigações estipuladas na Cláusula 10.1 e na Cláusula 6.1.c não se


confundem, tanto que o Contrato prevê penalidades distintas para a violação da
garantia de performance (Cláusula 18.2a e 18.2b) e para a violação da cláusula de
declaração e garantia (Cláusula 18.2.d).

31. Por isso, ao revés do alegado pela Requerente, o Tribunal não deve interpretar que o
cumprimento da garantia de performance da Cláusula 10.1 está vinculado ao
cumprimento da declaração de fitness-for-purpose da Cláusula 6.1.c.

II.B. DA EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO

32. No caso deste Tribunal Arbitral entender que a Contratada descumpriu a sua
obrigação de performance, deve-se reconhecer a exceção do contrato não cumprido,
pois houve inadimplemento da Requerente quanto ao seu dever de entregar o milho
pantanesco na etapa de comissionamento, o que impactou diretamente na capacidade
da Requerida em executar o programa contratual.
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33. Na Cláusula 13.5 do Contrato, a Requerente assumiu a responsabilidade pelo


fornecimento dos insumos necessários para os testes de performance da usina, o que
tinha como objetivo permitir a identificação e correção de eventuais problemas que
surgissem na obra.

13.5. A Contratante se compromete a adquirir e fornecer todos os


insumos e materiais consumíveis necessários para o
comissionamento da obra, dentro das especificações de quantidade e
qualidade descritas no Manual de Comissionamento.

34. Dessa forma, a regularidade na entrega do milho originalmente contratado era


fundamental, o que, todavia, não ocorreu, visto que a Requerente entregou subespécie
de milho com características diversas ao estipulado.

35. Inclusive, a Requerida sempre foi contrária à substituição do insumo para o


comissionamento, tanto que, em seus e-mails à Requerente, alertou: “o emprego de
matéria-prima com características diferentes ao previsto impediria a obtenção de
resultados concretos na fase de testes, bem como a identificação de eventuais
irregularidades na instalação da tecnologia”.

36. Por essa razão, ou a COBOS deve assumir os riscos decorrentes do seu pedido de
substituição do milho pantanesco pelo milho “BRS diamantino”, ou, considerando a
dinâmica obrigacional originalmente acordada, a COBOS descumpriu a Cláusula 13.5.
e, consequentemente, não pode imputar à Penfolds a violação da obrigação de
performance ou das garantias contratuais.

III. DO CUMPRIMENTO DA CLÁUSULA DE NON-COMPETE

37. A Requerente alega que a relação comercial estabelecida entre a Penfolds e o “Grupo
Pinotage” representa violação da cláusula de non-compete, uma vez que esta seria
concorrente da COBOS, especialmente quanto à aquisição de insumos.

38. No entanto, (III.A) a Pinotage não se configura como competidora da Requerente,


visto que as atividades comerciais de ambas as empresas são completamente
diferentes, o que implica em mercados consumidores também diversos; e, de todo
modo, (III.B) a tecnologia implementada na destilaria não é a mesma que foi utilizada
na Usina Alvorada, isto é, os serviços prestados fogem ao Escopo da Obra contratado
pela COBOS, o que atrai a exceção da Cláusula 21.1.1 do Contrato.
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III.A A COBOS E A PINOTAGE NÃO SÃO CONCORRENTES

39. A Requerente suscita que a Requerida prestou serviços para o “Grupo Pinotage”, que
atua no setor sucroenergético e, assim, seria sua concorrente.

40. No entanto, esse argumento não deve ser acolhido pelo Tribunal Arbitral, pois a
Penfolds possui relação comercial com a Pinotage Bourbons Ltda., empresa que,
embora faça parte do grupo econômico “Pinotage”, não atua no mercado de
biocombustíveis. Na realidade, como a própria notícia da “AgroNews” destaca, o
empreendimento trata-se de destilaria de uísque e, portanto, não possui qualquer
relação com as atividades da Usina Alvorada.

41. Por isso, a mera utilização do mesmo insumo, qual seja, o milho pantanesco, não é
suficiente para atrair a incidência do compromisso de não concorrência, tendo em
vista que a Cláusula 21.1 veda a participação da Requerida em “atividade concorrente
com os negócios da Contrante”.

21.1. Durante o período de execução das obras e pelo período de 1


(um) ano após a assinatura do Termo de Entrega, a Contratada não
poderá se envolver comercialmente, prestar serviços ou participar,
direta ou indiretamente, de atividade concorrente com os negócios
da Contratante, seja por meio de parcerias, joint ventures, ou
qualquer outra forma que possa criar um conflito de interesses com
as atividades da Contratante.

42. Isso posto, a COBOS Bioenergia Ltda - produtora de biocombustíveis - e a Pinotage


Bourbons Ltda - produtora de bebidas alcóolicas - comercializam bens distintos e
direcionados a consumidores distintos. Em outras palavras, tratam-se de agentes
econômicos que atuam em mercados relevantes completamente apartados e sem
qualquer grau de intercambialidade entre seus produtos finais, o que afasta a
configuração de concorrência entre eles.

43. Assim, como as atividades desenvolvidas pela Pinotage Bourbons Ltda não se
qualificam como concorrentes dos negócios da Requerente, não há que se falar em
violação à cláusula de exclusividade e não concorrência.

III.B O SERVIÇO PRESTADO NA DESTILARIA FOGE AO ESCOPO DA OBRA


PREVISTO NA CLÁUSULA II DO CONTRATO
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44. A Cláusula XXI do Contrato condiciona a incidência da não concorrência às atividades


previstas no “Escopo da Obra". Dessa forma, se os serviços prestados ao terceiro não
coincidirem com os estipulados no Contrato, não haverá infração ao compromisso,
como se extrai do subitem 21.1.1:

21.1.1. Não obstante o quanto disposto no item acima, não


constituirá violação ao compromisso de exclusividade e não
concorrência: (i) atividade de qualquer natureza não englobada pelo
Escopo da Obra; (ii) prestação de serviço de consultoria.

45. Isso posto, a atividade realizada pela Penfolds na destilaria da Pinotage diverge
fundamentalmente do design da obra contratada pela COBOS. Primeiro, como as
empresas exercem atividades distintas (ver acima, III.A), os projetos de reforma de
uma usina de produção de etanol e de uma destilaria de produção de bebidas
alcóolicas, por óbvio, possuem diferentes escopos e objetivos.

46. Segundo, deve-se levar em consideração a diferença no “Escopo da Obra" quanto às


tecnologias contratadas pelas empresas, pois:

(a) a COBOS, por conta do seu projeto de descarbonização da etapa industrial da


produção de etanol, contratou a inserção do método de pré-tratamento biológico
do material lignocelulósico do milho, que, dentre as tecnologias disponíveis,
proporciona a menor emissão de gases de efeito estufa;

(b) por sua vez, a Pinotage contratou outra tecnologia de pré-tratamento do milho,
cujo desenvolvimento apenas foi concluído pela Penfolds após o fim da Fase de
Montagem da reforma da Usina Alvorada;

(c) a readaptação da Usina Alvorada à nova tecnologia de pré-tratamento


demandaria significativa mudança no design da obra, tendo em vista a necessidade
de alteração do maquinário e do processo produtivo, atraindo, assim, a Cláusula III
do Contrato, referente à mudança de escopo;

47. Em outras palavras, sendo necessário adaptar o design da Usina Alvorada para a
inserção da nova tecnologia, isso significa, por consequência lógica, que o novo
método de pré-tratamento contratado pela Pinotage foge do “Escopo da Obra”
contratado pela COBOS, o que atrai a incidência da Cláusula 21.1.1 do Contrato.
81

48. Por isso, não houve violação ao compromisso de non-compete e, tampouco, houve
violação à declaração/garantia prestada na Cláusula 6.1.c, pois a tecnologia instalada
na Usina Alvorada foi a mais adequada à época de contratação e a nova tecnologia não
está englobada pelo escopo original da obra.

VII. PEDIDOS

Diante das razões anteriormente aduzidas, a Requerida, respeitosamente, pugna que


o Tribunal Arbitral:

A. Reconheça o caráter final e vinculante da decisão do Dispute Board, de modo


que o Tribunal não deve modificar a conclusão do Comitê ou, de outra forma,
reapreciar a controvérsia a respeito do cumprimento da garantia de
performance e da aceitação da entrega da obra, pela Requerente;

B. No mérito, julgue improcedente o pedido da Requerente relativo às


penalidades por inadimplemento da garantia de performance e/ou da garantia
de durabilidade,;

C. Reconheça a exceção de contrato não cumprido, de modo que a Requerida não


pode ser responsabilizada pelo alegado inadimplemento da obrigação de
resultado e/ou das garantias contratuais, diante do anterior descumprimento,
pela Requerente, da Cláusula 13.5 do Contrato.

D. Reconheça que não houve violação da cláusula de non-compete, visto que a


Pinotage Bourbons Ltda não se configura como empresa concorrente da
COBOS, e, de todo modo, os escopos das obras realizadas pela Requerida em
ambos empreendimentos são diferentes, o que atrai a incidência da exceção
prevista na Cláusula 21.1.1 do Contrato;

Catarina Suckling
OAB 16112020
ANEXO #1 REQUERIDA
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O Bate-Papo

CEO da Penfolds Technology


celebra conquista de prêmio REVISTA MTN
e planeja futuro inovador Destaques da
Newsletter
Por Alice Dias

A indústria de apps de
Em uma entrevista exclusiva concedida à nossa repórter, o CEO da mensagens continua
Penfolds Technology S.A, Sr. Pedro Gago, compartilhou insights crescendo
sobre os feitos recentes da empresa e seus planos futuros.

A discussão avançou para o recente destaque da empresa ao


Perguntas de reunião da
receber o prêmio de Melhor Tecnologia Inovadora na Produção de
prefeitura, respondidas
Etanol durante o evento Master Etanol 2019. O CEO salientou que a
premiação foi uma honra significativa, atribuindo o sucesso a cada
indivíduo dedicado que contribui diariamente para manter a Penfolds
na vanguarda do mercado. Gago reforçou o compromisso da Top 10 restaurantes perto
da sede da MTN
empresa com a preservação ambiental e uma abordagem
sustentável no setor sucroalcooleiro.

Destaque da empresa, o
Quando questionado sobre as perspectivas de futuras inovações, o
fundador e CEO Pedro
Sr. Gago revelou os ambiciosos planos da Penfolds. Ele afirmou que, Gago
como uma empresa focada em inovações tecnológicas, estão
constantemente pesquisando e aprimorando suas patentes. O CEO
compartilhou previsões otimistas para grandes projetos de Anotem nas suas
desenvolvimento de tecnologias que prometem impactar agendas: eventos do MTN
significativamente a produção de etanol no futuro próximo. neste mês

Pantanal, 20 de novembro de 2019 Volume 12


ANEXO #1 REQUERIDA
83
“A premiação foi uma enorme honraria, mas não seria
possível sem os esforços de cada um que trabalha
diariamente para que a Penfolds possa sempre
oferecer o produto mais atualizado do mercado.
Somos uma grande defensora da preservação ao meio
ambiente e da constante busca por uma abordagem
sustentável ao setor sucroalcooleiro, e não abrimos
mão desses princípios”.

PEDRO GAGO, CEO DA PENFOLDS TECHNOLOGY

Podemos esperar mais inovações em


breve? Quais são os planos para o futuro?
Ao ser indagado sobre os detalhes desses projetos, Concluindo a entrevista, o Sr. Gago enfatizou que o
Gago explicou que, embora não possa revelar muitos prêmio recebido reflete o comprometimento da
detalhes no momento, os projetos visam facilitar os empresa com a melhoria e evolução contínua do
processos de produção de etanol, tornando-os mais setor sucroalcooleiro:
rápidos e eficazes, com a redução de perdas de
“Como uma empresa de inovações tecnológicas,
matéria-prima e . Ele destacou que a nova tecnologia
estamos em constante pesquisa e aprimoramento de
busca não apenas a eficiência, mas também um
nossas patentes. Temos otimistas previsões para
aumento nos lucros por meio da maior eficiência e
grandes projetos de desenvolvimento de tecnologias em
produtividade por meio do aproveitamento de todas as
um futuro próximo que, com certeza, irão gerar um
partes da matéria-prima utilizada.
grande impacto no futuro da produção de etanol”.

Uma Mensagem do
Diretor-Executivo da Penfolds

“Atualmente existem dois produtos do processamento “Estamos investindo ativamente em equipes de


de milho: o etanol de primeira geração, oriundo da engenharia e programação para atingir nossas metas
polpa do milho, e o de segunda geração, obtido por até 2024.”
meio do tratamento do bagaço do milho. A Penfolds PEDRO GAGO

busca a excelência em ambos os procedimentos. Para


isso, é essencial manter a constância em pesquisa e
aprimoramento tecnológico.”

Pantanal, 20 de novembro de 2019 Volume 12


84

CÂMARA DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO

CONFIDENCIAL
Por e-mail e via postal

COBOS Bioenergia Ltda.


Rua Tomas Bombadil, s/n
Sinop, Pantanal
Brasil
leticia@parker.com

Penfolds Technology S.A.


Av. Brigadeiro Faria Lima, s/n
São Paulo, São Paulo
Brasil
catarina@suckling.com

06 de Abril de 2023

Prezados,

Procedimento arbitral nº 21/2023

1. Reconheço o recebimento da Resposta ao Requerimento de Instauração de Arbitragem, por via postal e


por e-mail, de quatro cópias, datada de 05 de Abril de 2023, enviado por Catarina Suckling, em nome da
Requerida - Penfolds Technology S.A. Também reconheço o envio de uma cópia do referido documento à
parte requerente - COBOS Bioenergia Ltda.
2. Após análise da Resposta ao Requerimento de Instauração de Arbitragem, foi verificada a existência de
suscitação de questões procedimentais. Diante disso, solicito à parte requerente que se manifeste.

Atenciosamente,

Paulo Hobbs
Secretaria CAMAGRO
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CÂMARA DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO

COBOS BIOENERGIA LTDA


(Requerente)

VS.

PENFOLDS TECHNOLOGY S.A.


(Requerida)

Referência: Processo Arbitral nº 21/2023

18/04/2023
Sinop, Pantanal

RÉPLICA À RESPOSTA AO REQUERIMENTO DE ARBITRAGEM

COBOS Bioenergia Ltda (“Requerente”), já devidamente qualificada no processo arbitral


referenciado, vem, por intermédio de sua advogada constituída, apresentar RÉPLICA às questões
suscitadas pela Penfolds Technology S.A. (“Requerida”) em sua Resposta ao Requerimento de
Instauração de Arbitragem, nos termos que seguem.
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I. DAS QUESTÕES PROCESSUAIS SUSCITADAS PELA REQUERIDA

1. Em sua resposta ao Requerimento de Arbitragem, a Requerida suscita a inadmissibilidade


da pretensão autoral relativa ao reconhecimento da violação da garantia de performance sob os
argumentos que (i) o pedido de instauração da arbitragem foi intempestivo, tendo em vista o
transcurso de mais de 30 (trinta) dias do envio do Aviso de Insatisfação; e (ii) não foram
apresentados fundamentos excepcionais que justificam a mudança da conclusão emanada pelo
comitê no Relatório nº 03.

2. No entanto, de modo contrário à alegação da parte, a performance insuficiente do sistema


de produção do E2G com os resíduos do milho pantanesco apenas se manifestou em momento
posterior à decisão do Dispute Board, quando ocorreu a normalização do abastecimento no Estado
do Pantanal e, então, passou-se a operar a Usina Alvorada com o insumo dentro dos padrões
contratuais.

3. Ou seja, houve um fato superveniente de extrema relevância não analisado pelo DB, o que
justifica tanto a admissibilidade do requerimento de instauração da presente arbitragem, mesmo
que tardio, de forma excepcional, quanto autoriza este Tribunal Arbitral a apreciar o conflito em
questão à luz das novas provas.

4. Ademais, não se pode olvidar que, em janeiro de 2023, quando a Requerente acionou o
comitê externalizando a sua preocupação, diante dos resultados insatisfatórios dos testes com o
milho “BRS diamantino”, sobre o cumprimento da obrigação de performance com o milho
pantanesco e a consequente inviabilidade operacional do insumo, o DB descartou as ponderações
da parte e decretou o encerramento do programa contratual por aceitação tácita da obra.

5. Assim, em mais de uma ocasião, o comitê violou o escopo de atuação definido


contratualmente: (i) primeiro, quando acionou o mecanismo da Cláusula 14.5 sem pedido
contraposto da Requerida; (ii) segundo, quando reconheceu o encerramento do programa
contratual sem levar em consideração a adequação do resultado às finalidades da Contratante,
mesmo diante de manifesta suspeita de defeito na execução da obra.
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II. DAS NOVAS QUESTÕES DE MÉRITO SUSCITADAS PELA REQUERIDA

6. Em sua Resposta ao Requerimento de Arbitragem, a Requerida suscitou duas novas


questões meritórias, sendo elas: (II.A) a exceção de contrato não cumprido, enquanto fundamento
para afastar a sua responsabilidade pela performance ruim da Usina Alvorada, (II.B) a incidência da
exceção do non-compete previsto na Cláusula 21.1.1 do Contrato.

II.A. DA EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO

7. A Requerida invocou a exceção de contrato não cumprido, alegando que a não-entrega do


milho pantanesco nas especificações contratuais durante a fase de testagem configurou o
inadimplemento contratual da Requerente e, por isso, a construtora não poderia ser
responsabilizada pelo defeito na execução da obra conduzida na Usina Alvorada.

8. Contudo, demonstra-se indevida a aplicação da exceptio non adimpleti contractus, diante da


inexistência de sinalagma entre a obrigação da Requerente (entrega de insumo para testes) e a
obrigação inadimplida pela Requerida (obrigação de performance).

9. Em outras palavras, a Requerida não pode justificar o desempenho na desconformidade do


milho fornecido para os testes de desempenho, pois o cumprimento da sua obrigação não guarda
dependência genética ou funcional com a obrigação da Requerente.

10. Assim, ainda que a Requerente tenha entregado milho com características diferentes das
especificações contratuais, esse fato apenas poderia excepcionar o descumprimento da obrigação da
Requerida quanto aos próprios testes de performance, mas de forma alguma poderia eximir a
responsabilidade da construtora quanto ao resultado final da obra e, no mesmo sentido, não
configura hipótese de exclusão ou perda das garantias contratuais.

II.B. EXCEÇÃO DA CLÁUSULA 21.1.1 DO CONTRATO

11. A Requerida suscitou a incidência da Cláusula 21.1.1 do Contrato, que excepciona a


violação do compromisso de non-compete quando as atividades prestadas pela Contratada em favor
88

do concorrente não estão englobadas pelo Escopo da Obra, para afastar a infração do dever de
exclusividade e não concorrência ao estabelecer relações comerciais com a Pinotage.

12. De acordo com a Contratada, a atividade realizada na destilaria da Pinotage “diverge


fundamentalmente” do design da obra contratado pela COBOS, em razão da diferença entre as
atividades exercidas e da técnica contratada por cada uma.

13. No entanto, deve-se considerar que (i) a utilização do milho pantanesco é um aspecto em
comum entre as duas empresas, que, em ambos os casos, depende da tecnologia de processamento
do material lignocelulósico do insumo; e (ii) a Requerente deixou clara a sua intenção de contratar
a melhor tecnologia disponível no mercado, de modo que era dever da Requerida projetar/adaptar
o design da obra à técnica que melhor satisfizesse as finalidades da Contratante.

14. Na Cláusula II do Contrato, que dispõe sobre do Escopo da Obra, o item 2.1.d prevê:
“readaptação da atual central de geração de energia elétrica para se tornar uma central de
processamento do material lignocelulósico de milho”. Isso significa que quaisquer atividades
relacionadas ao processamento do material lignocelulósico do milho, dentre as quais encontra-se a
fase de pré-tratamento, fazem parte do objeto contratual estipulado entre as partes.

15. Assim, como mesmo esclarecido pela Requerida na Resposta ao Requerimento, seu acordo
com a Pinotage envolveu a implementação de uma nova tecnologia de pré-tratamento de milho
pantanesco, que, frisa-se, estava disponível antes do fim das obras na Usina Alvorada. Ou seja, a
parte admitiu que aperfeiçoou a técnica vendida à Requerente ainda durante a execução do
Contrato, melhoramento este que poderia resolver o defeito de performance da Usina, mas, ao
invés de adaptar o design da obra, optou por negociá-lo com uma concorrente da COBOS.

16. Portanto, diante desses fatos, não pode a Penfolds descumprir a sua obrigação de alterar o
projeto da obra para a melhor tecnologia, conforme garantia prestada no item 6.1.d do Contrato, e,
depois, argumentar que a melhor tecnologia disponível não faz parte do projeto da obra para afastar
a violação do compromisso de non-compete.
89

III. CONCLUSÃO

17. Pelos fundamentos de fato e de direito apresentados acima, a Requerente,


respeitosamente, pede que o Tribunal Arbitral:

A. Rejeite a alegação de vinculação à decisão do Dispute Board e aprecie a


controvérsia acerca do descumprimento da garantia de performance;
B. Rejeite a alegação de exceção de contrato não cumprido;
C. Rejeite a alegação de incidência da Cláusula 21.1.1 do Contrato.

18. Ao fim, a Requerente reitera todos os termos e pedidos anteriores.

18 de abril de 2023, Sinop/PN

Letícia Parker
OAB 22112018
90

CÂMARA DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO

CONFIDENCIAL
Por e-mail e via postal

COBOS Bioenergia Ltda.


Av. Manoel Gomes, s/n Cuiabá, Pantanal
Brasil
leticia@parker.com

Penfolds Technology S.A.


Av. Brigadeiro Faria Lima, s/n, São Paulo, São Paulo
Brasil
catarina@suckling.com

02 de Maio de 2023

Prezados,

Procedimento arbitral nº 21/2023

1. Notifica-se às partes que, conforme o art. 5º do Regulamento da CAMAGRO, a Secretaria da


CAMAGRO apontou:

Maria Cristina Coelho


Avenida Faria Lima, 9874 São Paulo
Brasil

Fernando Junqueira
Rua Space Vitória, 2301 Bahia
Brasil

Paula Mendonça Costa


Rua Pedro Brás, 3129 São Paulo
Brasil
91

Para constituírem o presente Tribunal Arbitral, que será presidido por Maria Cristina Coelho.

2. Segue, anexo, uma cópia do termo de compromisso, o currículo dos árbitros e seus testemunhos de
independência, imparcialidade e disponibilidade.

3. Reitero às partes que, de acordo com o art. 12.7.1, deve ocorrer o adimplemento da taxa de administração
e dos honorários dos árbitros dentro do período de 30 dias - a partir da elaboração do Termo de Arbitragem
com a estipulação do valor do procedimento - conforme estipulado pela Secretaria da CAMAGRO. Caso
não haja tal observância poderá haver a suspensão do procedimento arbitral, possibilitando a retomada após
a efetivação do referido pagamento.

Atenciosamente,
Paulo Hobbs

Secretaria CAMAGRO

Anexos:
Termo de compromisso (não reproduzido)
CV Tribunal Arbitral (não reproduzido)
Testemunhos independência, imparcialidade e disponibilidade Tribunal Arbitral (não reproduzido)

cc.
Maria Cristina Coelho, apenas via e-mail
Fernando Junqueira, apenas via e-mail
Paula Mendonça Costa, apenas via e–mail
92

CÂMARA DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO

CONFIDENCIAL
Por e-mail e via postal

COBOS Bioenergia Ltda.


Av. Manoel Gomes, s/n Cuiabá, Pantanal
Brasil
leticia@parker.com

Penfolds Technology S.A


Av. Brigadeiro Faria Lima, s/n São Paulo
Brasil
catarina@suckling.com

31 de Maio de 2023

Procedimento arbitral nº 21/2023

Prezados,

A Secretaria da CAMAGRO agradece às partes e aos membros do Tribunal por sua cooperação
ao longo da conferência de ontem (30/05/2023).

Segue em anexo o Termo de Arbitragem elaborado com base no que foi discutido durante a
reunião.

Atenciosamente,

Paulo Hobbs
Secretaria
CAMAGRO

Anexos:
Termo de Arbitragem
93

TERMO DE ARBITRAGEM

31 de maio de 2023

Processo Arbitral nº 21/2023/CAMAGRO

As Partes, adiante identificadas, resolvem celebrar o presente Termo de Arbitragem (“Termo”)


relacionado ao Processo Arbitral acima identificado (“Arbitragem”), em cumprimento ao disposto no
art. 7º do Regulamento de Arbitragem da CAMAGRO vigente na data de assinatura deste documento,
que se regerá pelas regras e condições adiante estabelecidas.

I.IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES:

Requerente:

1.1 COBOS BIOENERGIA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro Nacional de
Pessoas Jurídicas sob o n° (omissis), sediada na Rua Tomas Bombadil, s/n, Bairro da Macieira, Sinop,
Estado do Pantanal, doravante denominada “Requerente”;

Requerida:

1.2 PENFOLDS TECHNOLOGY S.A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro Nacional
de Pessoas Jurídicas sob o n° (omissis), sediada na Av. Brigadeiro Faria Lima s/n, Bairro Itaim Bibi, São
Paulo, Estado de São Paulo, doravante denominada “Requerida”;

1.3. Requerente e Requerida, em conjunto, serão doravante designados como “Partes”.

II.PROCURADORES

2.1 A Requerente é representada, nesta Arbitragem, pelos advogados integrantes do escritório


advocatício Parker Advogados Associados, com endereço profissional na Rua dos Encantos, s/n, Porto
Seguro, Matopiba, Brasil.
94

2.1.1 Dra. Letícia Parker (OAB/BA nº 22112018)

e-mail: leticia@parker.com

2.2 A Requerida é representada, nesta Arbitragem, pelos advogados integrantes do escritório advocatício
Suckling Advocacia Empresarial, com endereço profissional na Rua das Flores, s/n, Porto Alegre, São
Paulo, Brasil.

2.2.1 Dra. Catarina Suckling (OAB/BA nº 16112020)

e-mail: catarina@suckling.com

III.CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA

(omissis)

IV.TRIBUNAL ARBITRAL:

4.1 O Tribunal Arbitral será constituído por:

4.1.1 Paula Mendonça Costa, brasileira, advogada, portadora do RG (omissis) e inscrita no CPF sob
o nº (omissis), com endereço profissional (omissis), indicado pela Requerente;

4.1.2 Fernando Junqueira, brasileiro, advogado, portador do RG (omissis) e inscrito no CPF sob o nº
(omissis), com endereço profissional (omissis), indicado pela Requerida;

4.1.3 Maria Cristina Coelho, brasileira, advogada, portadora do RG (omissis) e inscrita no CPF sob
o nº (omissis), com endereço profissional (omissis), Presidente do Tribunal Arbitral, indicado de comum
acordo pelos co-árbitros.

4.2. Os árbitros ora indicados declaram expressamente que, para todos os efeitos, e nos termos da
legislação e do Regulamento encontram-se desimpedidos para exercerem a função de árbitro neste
procedimento arbitral, de acordo com as suas respectivas declarações de não impedimento e
esclarecimentos adicionais prestados.

4.3. As Partes estão de acordo que o Tribunal Arbitral foi adequado e validamente nomeado e, por meio
deste, confirmam que não possuem qualquer contestação, objeção ou oposição em relação a seus membros
e às respectivas declarações de independência, em relação às Partes e ao litígio. Do mesmo modo, as Partes
95

estão de acordo que o presente procedimento arbitral foi adequado e validamente instaurado, não havendo
qualquer objeção quanto ao seu prosseguimento, ressalvada o pedido de suspensão do processo formulado
pela Requerida.

4.4. Assim, por este Termo de Arbitragem, ratifica-se, para todos os efeitos legais, a formação do
Tribunal Arbitral, composto pelos Árbitros qualificados acima, ao qual competirá conduzir o Procedimento
Arbitral e decidir as questões nele submetidas.

V.DO OBJETO DO LITÍGIO

5.1 A presente Arbitragem tem como objeto o litígio oriundo do Contrato de Empreitada na modalidade
EPC (Engineering, Procurement and Construction) firmado entre as Partes em 01 de abril de 2019, no qual
a Requerida foi contratada pela a Requerente para realizar a reforma da Usina Alvorada, com a adaptação
do empreendimento ao modelo flex de produção de etanol, implementação do sistema digital de controle
distribuído (“Sistema Maestro”), construção de uma nova central de autoprodução de energia elétrica,
readaptação da antiga central de geração de energia elétrica para se tornar uma central de processamento do
material lignocelulósico de milho e, por fim, a implementação de equipamentos destinados à redução da
emissão de poluentes.

5.2 Nenhuma das Partes, ao celebrar este Termo, subscreve ou aceita o resumo ou os pedidos formulados
pela outra parte, conforme descrição a seguir.

5.3 PLEITOS DA REQUERENTE

A Requerente solicita ao Tribunal Arbitral que: (a) reconheça a violação da garantia de performance e (i)
declare a abertura do cure period previsto na Cláusula 10.2., determinando que a Requerida, às suas
expensas, retifique a performance da Usina Alvorada, (ii) ou condene a Requerida à devolução do valor
referente ao Item “d” do Escopo da Obra, acrescida de multa indenizatória de 10%, totalizando
R$165.000.000,000 (cento e sessenta e cinco milhões de reais).(b) subsidiariamente, condene a Requerida
ao pagamento da multa da Cláusula 11.2., no valor de R$61.500.000,00 (sessenta e um milhões e
quinhentos mil reais), pela infração da garantia de durabilidade; (c) condene a Requerida ao pagamento da
multa indenizatória da Cláusula 21.3, no valor de R$61.500.000,00 (sessenta e um milhões e quinhentos
mil reais), pela infração referente ao compromisso de non-compete previsto na Cláusula 21.1. (d) condene
a Requerida ao pagamento da multa moratória prevista na Cláusula 18.2.d, no valor de R$24.600.000,00
(vinte e quatro milhões e seiscentos mil reais), pela violação da cláusula de declarações e garantias quanto
96

ao fitness-for-purpose (Cláusula 6.1.a) e quanto à implementação da melhor tecnologia disponível


(Cláusula 6.1.c).

5.4 PLEITOS DA REQUERIDA

A Requerida solicita ao Tribunal Arbitral que: (a) reconheça o caráter final e vinculante da decisão do
Dispute Board, de modo o Tribunal não deve modificar a conclusão do DB ou, de outro modo, reapreciar a
controvérsia a respeito do cumprimento da garantia de performance e da aceitação da entrega da obra, pela
Requerente; (b) julgue improcedente o pedido da Requerente relativo às penalidades por inadimplemento da
garantia de performance, pois os testes realizados na etapa de comissionamento da obra obtiveram resultados
positivos - em conformidade com o Anexo III do Contrato e com as modificações sugeridas pelo Dispute
Board - e pela aceitação tácita da garantia de performance quanto ao milho pantanesco; (c) reconheça a
exceção de contrato não cumprido, de modo que a Requerida não pode ser responsabilizada pelo alegado
inadimplemento da obrigação de resultado e/ou das garantias contratuais, diante do anterior
descumprimento, pela Requerente, da Cláusula 13.5 do Contrato; (d) reconheça que não houve violação da
cláusula de non-compete, visto que a Pinotage Bourbons Ltda não se configura como empresa concorrente
da COBOS, e, de todo modo, como os escopos das obras realizadas pela Requerida em ambos
empreendimentos são diferentes, o que atrai a incidência da exceção prevista na Cláusula 21.1.1 do Contrato;

5.5 DELIMITAÇÃO DA DISPUTA

Em suas próximas submissões e nas sustentações orais, as Partes deverão discorrer acerca dos seguintes
pontos controvertidos:

a) A decisão emanada pelo Dispute Board no relatório n°03 obsta o Tribunal Arbitral de apreciar a
controvérsia a respeito do inadimplemento da garantia de performance?

b) A Requerida deve ser responsabilizada pela violação da sua obrigação de resultado em conformidade
com as Cláusulas 6.1.a, 10.1 e/ou 11.1 do Contrato?

c) A relação comercial entre a Requerida e a Pinotage Bourbons Ltda viola o compromisso de


exclusividade e não concorrência da Cláusula 21.1 e/ou a Cláusula 6.1.c do do Contrato ?
97

VI.IDIOMA E LOCAL DA ARBITRAGEM

6.1 A Arbitragem será conduzida no idioma Português (Brasil), sendo, nesse idioma, redigidas as
manifestações e requerimentos das Partes, as ordens processuais e eventuais manifestações dos árbitros,
partes, testemunhas e congêneres.

6.2 As partes elegem a cidade de Cuiabá, como sede da Arbitragem, conforme previsto na cláusula
compromissória.

6.3 As audiências iniciais ocorrerão de maneira remota entre os dias 23 a 25 de maio de 2024, enquanto as
últimas audiências ocorrerão presencialmente, caso o Tribunal Arbitral entenda como apropriado nos dias
07 e 08 de junho de 2024.

6.3 O local de assinatura da sentença arbitral será a cidade de Cuiabá/PN, Brasil;

VII. DO CALENDÁRIO

7.1 As partes terão até o dia 09 de fevereiro de 2024 para solicitar esclarecimentos à Secretaria da
CAMAGRO, via e-mail competicao@camagro.com.br;

7.2 As partes devem entregar as alegações escritas até o dia 12 de abril de 2024.

7.3 As sustentações orais serão realizadas entre os dias 07 e 08 de junho de 2024.

VIII. DIREITO APLICÁVEL

8.1 A presente Arbitragem será julgada conforme a legislação brasileira vigente, não estando os árbitros
autorizados a decidir por equidade.

IX. REGRAS DE PROCEDIMENTO

9.1 A Arbitragem será regida pelo Regulamento, bem como pelo Código de Ética da CAMAGRO e, na
omissão destes, pelas normas da Lei nº 9.307/96.

X.PRODUÇÃO DE PROVAS

10.1. As Partes convencionam, com fundamento no artigo 9.5 do Regulamento de Arbitragem da


CAMAGRO que terão prazo comum de 10 (dez) dias para indicação das provas que pretendem produzir,
delegando a apresentação de alegações iniciais escritas na data prevista no item 7.2 deste Termo de
Arbitragem.
98

10.1.1. As Partes acordam em instaurar a fase de instrução probatória anteriormente à apresentação das
alegações iniciais;

10.2. As cópias dos documentos terão a mesma força probante das vias originais, salvo impugnação
reconhecida pelo Tribunal Arbitral.

10.3. Todos os documentos deverão ser listados pelas Partes ao final das manifestações e cada documento
deverá ser acompanhado de breve descrição sobre o seu teor.

10.4. Quando se fizer necessária a referência a um documento, tanto as Partes quanto o Tribunal Arbitral
deverão indicar seu número e a manifestação à qual foi acostado.

10.5. O Tribunal Arbitral indicará perito responsável pela condução da perícia técnica para a audiência de
instrução probatória com prazo de impugnação das Partes de 30 (trinta) dias;

(omissis)

XI.VALOR DA DISPUTA

11.1 A Requerente estimou o valor global de seus pleitos em R$251.100.000,00 (duzentos e cinquenta e
um milhões e cem mil reais), montante em que fixa-se o valor histórico do litígio. A qualquer tempo no
curso da presente Arbitragem, e com fundamento nos documentos e alegações apresentadas pelas
Partes, o valor da causa poderá ser reajustado pelo Tribunal Arbitral e/ou pela CAMAGRO.

XII. DAS CUSTAS DA ARBITRAGEM

12.1 O valor integral da taxa de administração é R$139.220,00 (cento e trinta e nove mil e duzentos e
vinte reais), considerando o valor da disputa.

11.2 Cada parte fica responsável por adimplir 50% (cinquenta por cento) da referida quantia:
R$69.610,00 (sessenta e nove mil e seiscentos e dez reais).

11.3 Cada árbitro deverá receber o pagamento de R$195.275,00 (cento e noventa e cinco mil e duzentos e
setenta e cinco reais ). Ao presidente do tribunal, devido ao exercício de tal função, incorrerá acréscimo
de 15% nesse montante,
99

CÂMARA DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO

COBOS BIOENERGIA LTDA


(Requerente)

VS.

PENFOLDS TECHNOLOGY S.A.


(Requerida)

Referência: Processo Arbitral nº 21/2023

08/06/2023
Porto Seguro, Matopiba

ESPECIFICAÇÃO DE PROVAS DA REQUERENTE

A COBOS Bioenergia Ltda. (“COBOS” ou “Requerente”), já devidamente qualificada no


processo arbitral referenciado, vem, em conformidade com o art. 9.5.a do Regulamento de
Arbitragem da CAMAGRO e com o cronograma processual acordado no Termo de Arbitragem,
especificar as provas que pretende produzir, nos termos que seguem.

I. DAS PROVAS PRETENDIDAS PELA REQUERENTE

1. Como sedimentado no Item 5.5 do Termo de Arbitragem, o mérito da presente demanda


tem como pontos controversos (i) a configuração de inadimplemento contratual da Requerida,
100

diante do desempenho insatisfatório da Usina Alvorada quanto à produção de etanol a partir do


milho pantanesco, e (ii) a violação da cláusula de non-compete, uma vez que a Requerida, antes de
findo o prazo de quarentena, iniciou relação comercial com a Pinotage Bourbons Ltda., empresa
que compete com a COBOS por insumos.

2. No que tange ao primeiro tópico, a Requerente comprovou, através dos documentos


acostados ao Requerimento de Arbitragem, que a produção de etanol na Usina Alvorada está em
desconformidade com as métricas contratuais quando utilizado o milho pantanesco como
matéria-prima principal.

3. Isso porque, mesmo após a regularização do insumo, os testes de performance obtiveram


resultados inferiores aos standards contratuais, significando que, efetivamente, o desempenho
negativo da Usina Alvorada é de inteira responsabilidade da empresa construtora.

4. Ademais, soma-se o fato da Requerida, pouco tempo após a entrega da obra, ter anunciado
publicamente o desenvolvimento de nova e aprimorada técnica de processamento dos resíduos
lignocelulósicos do milho, levando à conclusão de que a epecista não implementou a melhor
tecnologia na Usina Alvorada, violando a Cláusula 6.1.c do Contrato.

5. Ainda pior, a Requerida utilizou essa nova tecnologia em destilaria de propriedade da


companhia Pinotage Bourbons Ltda., fazendo com que essa empresa passasse a competir com a
Requerente pela aquisição do milho pantanesco, o que inclusive, resultou num notável aumento no
preço de mercado desse insumo na Praça de Rio Verde/PN.

6. Isso não apenas representa uma violação da cláusula de non-compete, como também
prejudica a viabilidade econômico-financeira da operação da Requerente, tendo em vista que o
menor preço do milho pantanesco, quando comparado com outras subespécies do insumo, foi um
dos principais motivadores para a contratação da tecnologia da Requerida.

7. Diante desse cenário e considerando todo o arcabouço documental já produzido nesse


procedimento, mostra-se adequada a realização das seguintes provas adicionais:
101

a. Laudos técnicos de experts - para elucidar os temas técnicos controversos, como


(i) a desconformidade da performance da Usina Alvorada com as métricas
contratuais quanto à produção de etanol de milho pantanesco, (ii) quais
adaptações precisam ser feitas na usina para que a operação satisfaça as métricas
contratuais de performance, (iii) se a nova tecnologia desenvolvida pela Penfolds se
adequaria melhor à Usina Alvorada, (iv) os impactos do defeito da obra e do
aumento da concorrência por insumos na viabilidade econômica da produção de
etanol de milho pantanesco.

b. Prova testemunhal - oitiva dos experts e/ou membros de suas equipes técnicas
responsáveis pela elaboração dos laudos que serão apresentados pelas Partes, assim
como eventuais outros técnicos especialistas sobre os temas controvertidos.

c. Prova documental - por fim, a Requerente pleiteia que o Tribunal Arbitral


autorize a juntada de novos documentos até o fim da instrução processual.

8. Assim, requer que seja designada audiência de instrução para a produção da prova
testemunhal acima especificada e, desde já, pugna-se pela adoção do procedimento de acareação
técnica (hot-tubbing) para a oitiva dos expert witnesses indicados pelas Partes.

II. CONCLUSÃO E PEDIDOS

9. Diante do que foi exposto, a Requerente pede que o Tribunal Arbitral defira a produção
das provas indicadas no presente petitório e designe audiência de instrução. Também, requer seja
concedido prazo não inferior a 60 (sessenta) dias para a apresentação dos laudos de engenharia e de
natureza econômico-contábil sobre os temas supramencionados, assim como prazo razoável para
que as Partes nomeiem as testemunhas técnicas que pretendem serem ouvidas na audiência.

Letícia Parker
OAB 22112018
102

CÂMARA DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO


(CAMAGRO)

COBOS BIOENERGIA LTDA


(Requerente)

VS.

PENFOLDS TECHNOLOGY S.A.


(Requerida)

Referência: Processo Arbitral nº 21/2023

09/06/2023
São Paulo São Paulo

ESPECIFICAÇÃO DE PROVAS DA REQUERIDA

A Requerida, Penfolds Technology S.A., vem, por intermédio da sua advogada, em atenção
ao quanto disposto no Cronograma Processual, especificar as provas que pretende produzir
neste processo arbitral.

I. DELIMITAÇÃO DA CONTROVÉRSIA

1. Conforme o Termo de Arbitragem, o presente procedimento versa, (a) preliminarmente,


sobre a vinculação à decisão do Dispute Board não impugnada pela Requerente no prazo
previsto no art. 25 do Regulamento da CAMAGRO; (b) sobre o alegado inadimplemento da
garantia de performance do Contrato; e (c) sobre se a relação comercial entre a Penfolds e a
Pinotage Bourbons Ltda. configura violação à cláusula de non-compete.

2. Em primeiro lugar, como a questão procedimental relativa à vinculação ao relatório


não-impugnado do Dispute Board se trata de controvérsia estritamente jurídica,
demonstra-se desnecessária a dilação probatória quanto ao tema.
103

3. Quanto ao mérito da disputa, a prova documental demonstra que a Requerente descumpriu


sua obrigação contratual de fornecer os insumos necessários para os testes de desempenho,
uma vez que deixou de entregar o milho pantanesco e, em seu lugar, entregou grão de
variedade diversa (milho “BRS diamantino”). Por isso, a Requerida executou o programa
contratual e conduziu os testes de performance com os insumos que foram efetivamente
disponibilizados, tendo alcançado os níveis esperados de desempenho em todos eles.

4. Ainda que se entenda pelo descumprimento da obrigação de resultado, a Requerida não deve
sofrer as penalidades contratuais suscitadas pela Requerente, diante da incidência da exceptio
non adimpleti contractus, conforme o art. 476 do Código Civil Brasileiro.

5. Em outras palavras, o fato de a Requerente insistir na continuidade dos testes de


desempenho com insumo de subespécie diferente da prevista no Contrato fez com que,
efetivamente, a usina fosse adaptada ao milho “BRS diamantino”. Assim, a Requerida não pode
ser responsabilizada por eventual desempenho inferior da produção de etanol, se, agora, a
Requerente busca utilizar matéria-prima que, por culpa da própria contratante, não foi
submetida a testes durante a etapa de comissionamento.

6. Além disso, quanto ao alegado descumprimento da cláusula de non-compete, tampouco


assiste razão à parte Requerente. Dentre os motivos apresentados, destaca-se que a
tecnologia de processamento do milho pantanesco implementada na destilaria da Pinotage
Bourbons Ltda é diferente da tecnologia contratada pela Requerente, de modo que a
divergência entre os escopos das obras atrai a incidência da Cláusula 21.1.1.

II. DAS PROVAS QUE PRETENDE PRODUZIR

7. Diante desse contexto, pugna-se pela produção das seguintes provas:

a. Perícia técnica, para averiguar a veracidade das alegações da Requerente a


respeito do desempenho da Usina Alvorada, em especial, se a produção de
etanol de milho está ou não atingindo os standards contratados e, em caso
negativo, para a identificação da origem do defeito.

b. Apresentação de laudos técnicos, elaborados por especialistas técnicos de


indicação das partes, sobre: (b.1) o prejuízo causado pela irregularidade dos
insumos fornecidos pela Requerente durante as fases de construção e de
comissionamento da obra; e (b.2) a adequação da tecnologia instalada na
Usina Alvorada aos objetivos contratuais.
104

c. Prova testemunhal em audiência, a partir da oitiva do perito que conduziu a


perícia técnica, dos assistentes técnicos que acompanharam a realização da
perícia e dos especialistas responsáveis pela elaboração dos laudos que serão
apresentados pelas partes.

d. Prova documental que venha a se mostrar necessária até a conclusão da fase


de dilação probatória.

8. Em conformidade com o Item 10.5 do Termo de Arbitragem, pugna-se que o Tribunal Arbitral
indique o perito responsável pela condução da perícia técnica e conceda prazo comum para
que as partes impugnem a indicação do perito ou, não havendo impedimento ou suspeição,
apresentem seus respectivos assistentes técnicos.

9. Após a apresentação do Laudo Pericial, a Requerida requer seja concedido prazo razoável
para que as partes apresentem os laudos técnicos dos seus especialistas (item “b”), bem como
seja designada audiência para a produção da prova testemunhal (item “c”).

III. CONCLUSÃO E PEDIDOS

10. Em conclusão, a Requerida, Penfolds Technology S.A., reitera o pedido preliminar de


vinculação à decisão emanada pelo Dispute Board e, quanto à instrução probatória, pede o
deferimento da produção de todas as provas requeridas, bem como outras que, porventura,
vislumbrem-se necessárias no decorrer do procedimento.

Catarina Suckling
OAB 16112020
105

CÂMARA DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO


17 de junho de 2023

Processo nº 21/2023/CAMAGRO

No processo arbitral de número em epígrafe, em que figuram como partes as


sociedades empresárias COBOS Bioenergia S.A. (“Requerente”) e Penfolds
Technology S.A. (“Requerida”), previamente qualificadas, os árbitros
instituídos para a constituição do Tribunal Arbitral vêm proferir decisão
colegiada acerca das manifestações de especificação de provas apresentadas
pelas partes em conformidade com o cronograma processual.

RELATÓRIO

1. No dia 08 de junho de 2023, a Requerente apresentou manifestação de


especificação das provas que pretende produzir. Na ocasião, a Requerente
pediu pela produção de (a) laudos técnicos de expert witnesses a respeito de
questões técnicas relevantes à demanda; (b) pela prova testemunhal - oitiva
dos experts - em audiência e (c) prova documental, qual seja, a juntada de
novos documentos aos autos processuais.

2. Também, a Requerente pleiteou a adoção do procedimento de acareação


técnica ou hot tubbing para a produção da prova testemunhal e requereu a
concessão de prazo de ao menos 60 (sessenta) dias para a apresentação dos
laudos técnicos dos experts.

3. No dia 09 de junho de 2023, a Requerida apresentou a sua manifestação


de especificação das provas. Similarmente, postulou pela apresentação de
laudos técnicos, produção de prova oral e documental. Adicionalmente,
requereu a realização de perícia técnica, com o intuito de “averiguar a
veracidade das alegações da Requerente a respeito do desempenho da Usina
Alvorada, em especial, se a produção de etanol de milho está ou não
atingindo os standards contratados e, em caso negativo, para a
identificação da origem do defeito”.

4. Ao final, a Requerida pediu ao Tribunal Arbitral a indicação do perito


responsável pela perícia e posterior prazo para a impugnação do perito e/ou
apresentação de assistentes técnicos.
106

5. Concedida oportunidade mútua às partes para contestarem os pedidos de


produção de provas da contraparte, transcorreu in albis o prazo.

PRONUNCIAMENTO DO TRIBUNAL ARBITRAL

6. Conforme relatado acima, tanto Requerente quanto a Requerida


postularam pela produção de prova documental suplementar, prova testemunhal e
pela apresentação de laudos técnicos por experts de indicação das partes, ao
passo que apenas a Requerida requereu a produção de prova pericial por perito
indicado pelo Tribunal.

7. Também, cumpre destacar duas distinções de menor importância entre as


manifestações: (a) a Requerente pleiteou a adoção do procedimento de
acareação técnica ou hot tubbing para a oitiva das testemunhas técnicas, e
(b) a Requerente requereu a abertura de prazo imediato, não inferior a 60
(sessenta), para a apresentação dos laudos, enquanto a Requerida - por ter
pedido a realização de perícia - requereu que o referido prazo fosse aberto
após a disponibilização do Laudo Pericial.

8. Isso posto, o Tribunal Arbitral passa, assim, a examinar a pertinência


das provas requeridas, o que faz à luz das manifestações apresentadas nos
autos.

9. O Tribunal Arbitral examinou as alegações da Requerente e da Requerida


e entendeu pertinente o deferimento da produção das provas pleiteadas, quais
sejam, a produção de prova documental suplementar até o encerramento da fase
de dilação probatória, a prova oral em audiência, a apresentação de laudos
técnicos unilaterais e a realização de perícia técnica por perito indicado
pelos árbitros.

10. Quanto às apontadas divergências, os pedidos formulados pelas partes,


embora não idênticos, são compatíveis entre si. Por esse motivo e diante da
ausência de impugnação por qualquer das partes, o Tribunal Arbitral reputa
prudente designar audiência virtual para o dia 29 de junho de 2023, com o
intuito de alcançar acordo comum a respeito da condução da produção
probatória.

11. Desse modo, em prol da eficiência, o Tribunal Arbitral considera


adequado conceder prazo de 8 (oito) dias para que as partes manifestem
desinteresse na audiência supra ou pedido de remarcação. Transcorrido in
albis o prazo, o silêncio da(s) parte(s) configurará aceitação tácita.
107

12. Havendo consenso quanto à forma de condução da produção das provas, o


acordo será lavrado em termo, que passará a vincular o procedimento. Na
hipótese de não realização da audiência por discordância de uma das partes ou
na hipótese das partes não chegarem ao consenso, o Tribunal Arbitral
deliberará impositivamente a respeito das questões acima descritas.

13. A presente decisão é assinada unicamente pelo Presidente do Tribunal


Arbitral, com a anuência dos coárbitros.

MARIA CRISTINA COELHO


108

ORDEM PROCEDIMENTAL

29 de junho de 2023

PROCEDIMENTO ARBITRAL

COBOS BIOENERGIA v. PENFOLDS TECHNOLOGY.

CAMAGRO/Nº 21/2023

No dia 29 de junho de 2023, o Tribunal Arbitral, as Partes e a Secretaria da CAMAGRO


realizaram audiência virtual, via teleconferência, com o objetivo de delimitar de comum acordo
a forma de condução da instrução probatória do processo arbitral n. 21/2023 da Câmara de
Arbitragem e Mediação do Agronegócio - CAMAGRO.

Os membros presentes chegaram ao consenso, e as questões acordadas foram materializadas no


Termo de Referência, em anexo.

MARIA CRISTINA COELHO


109

TERMO DE REFERÊNCIA
29 de junho de 2023

Processo Arbitral nº 21/2023/CAMAGRO

As Partes, adiante identificadas, resolvem celebrar o presente Termo de Referência relacionado ao


Processo Arbitral acima identificado (“Arbitragem”), em complemento e em consonância com o
quanto disposto no Termo de Arbitragem celebrado no dia 31 de maio de 2023, que se regerá pelas
regras e condições adiante estabelecidas.

I. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES

Requerente:

1.1 COBOS BIOENERGIA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro Nacional
de Pessoas Jurídicas sob o nº [omissis], sediada na Rua Tomas Bombadil, s/n, Bairro da Macieira,
Sinop, Estado do Pantanal, doravante denominada “Requerente”.

Requerida:

1.2. PENFOLDS TECHNOLOGY S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro
Nacional de Pessoas Jurídicas sob o nº [omissis], sediada na Av. Brigadeiro Faria Lima s/n, Bairro
Itaim Bibi, São Paulo, Estado de São Paulo, doravante denominada de “Requerida”;

1.3. Requerente e Requerida, em conjunto, serão doravante designados como “Partes”.


110

II. DA DELIMITAÇÃO DOS PONTOS CONTROVERSOS OBJETOS DE PROVA

2.1. Acordam as Partes em delimitar os pontos controversos fáticos que serão objeto da produção de
prova na presente etapa do procedimento arbitral, como sendo:

a. O desempenho da Usina Alvorada está em conformidade com os níveis de performance


estabelecidos no Manual de Comissionamento? Se não, o problema no desempenho era
existente e constatável à época da entrega final da obra?
b. Os equipamentos instalados na Usina Alvorada apresentam sinais de má utilização e/ou danos
ocasionados por culpa da parte Requerente?
c. Caso a performance da Usina Alvorada esteja abaixo dos níveis contratados, quais adaptações
serão necessárias para retificar a deficiência no desempenho?
d. A nova tecnologia de processamento do milho pantanesco desenvolvida pela Penfolds seria
mais adequada aos propósitos do Contrato? Se sim, há viabilidade técnica para a
implementação da nova tecnologia na Usina Alvorada?

III. DA PERÍCIA TÉCNICA

3.1. Serão objeto de Perícia Técnica de Engenharia os itens 2.1.a e 2.1.b, a ser realizada por perito
técnico de indicação do Tribunal Arbitral, conforme o Item 10.5 do Termo de Arbitragem, sob as
condições de imparcialidade e de aceitação das Partes.

3.2. Nestes termos, o Tribunal Arbitral indica como perito:

3.1.1. Gregório Rosa Filho, brasileiro, engenheiro civil, CREA 2408020504/PN portador do
RG (omissis) e inscrito no CPF sob o nº (omissis), com endereço profissional em (omissis);

3.3. O perito ora indicado declara expressamente que, para todos os efeitos, e nos termos da legislação
e do Regulamento, encontra-se desimpedido para exercer a função de perito técnico neste
procedimento arbitral, de acordo com suas respectivas declarações de não impedimento e
esclarecimentos adicionais prestados. As Partes estão de acordo em relação à adequação e à validade
da nomeação do perito ora indicado e, por meio deste, confirmam que não possuem qualquer
contestação, objeção ou oposição em relação ao exercício de suas funções.

3.4. O acompanhamento da Perícia Técnica será feito pelos Assistentes Técnicos das Partes, sob
condição de aceitação da Contraparte. As Partes indicam, dentro destes termos:
111

3.4.1. Jasmin M. Tokicho, brasileira, engenheira civil, portadora do RG (omissis) e inscrita no


CPF sob o nº (omissis), com endereço profissional (omissis), indicada pela Requerente.

3.4.2. Bruce Oldman, brasileiro, engenheiro químico, portador do RG (omissis) e inscrito no


CPF sob o nº (omissis), com endereço profissional (omissis), indicado pela Requerente.

3.4.3. Günther Hermann, brasileiro, engenheiro civil, portador do RG (omissis) e inscrito no


CPF sob o nº (omissis), com endereço profissional (omissis) indicado pela Requerida.

3.4.4. Bartolomeu L. von Traumaus, brasileiro, engenheiro químico, portador do RG (omissis)


e inscrito no CPF sob o nº (omissis), com endereço profissional (omissis), indicado pela
Requerida.

3.5. Quesitos das partes (omissis)

3.6. As Partes se reservam no direito de realizar o envio de quaisquer quesitos adicionais e


esclarecimentos que possam se mostrar necessários ao Laudo Pericial dentro do prazo de 15 (quinze)
dias após o recebimento do referido documento. O perito possuirá, em conseguinte, o prazo de 30
(trinta) dias para o envio de elucidação das dúvidas.

3.7. Especificações técnicas (omissis)

3.8 As Partes, através de seus assistentes técnicos, devem disponibilizar os documentos necessários
para a adequada análise técnico-pericial no prazo de 05 (cinco) dias a partir de sua solicitação. Em
caso de recusa ou omissão da Parte em fornecer essas informações ao perito designado, a controvérsia
será submetida ao Tribunal Arbitral.

3.9. A Requerente se compromete a disponibilizar a Usina Alvorada para ser objeto de vistoria in loco
pelo perito acompanhado de sua equipe profissional e dos assistentes técnicos indicados pelas Partes.

3.10. As custas de contratação e produção de provas decorrentes do presente documento serão


rateadas igualmente entre as Partes.
112

IV. DAS TESTEMUNHAS TÉCNICAS

4.1. Serão objeto de pareceres técnicos unilaterais todos os pontos controversos do item 2.1., não se
excluindo os itens objeto da Perícia Técnica de Engenharia descrita no item III, a serem realizados por
testemunhas técnicas indicadas pelas partes (experts).

4.1.1. Não serão realizados novos testes ou análises pelos experts quanto às questões que
foram objeto de testes e/ou análises pelo perito indicado pelo Tribunal Arbitral.

4.2. No prazo de 10 (dez) dias, contados da disponibilização do Laudo Pericial descrito no item III ou,
havendo apresentação de quesitos adicionais em conformidade com o item 3.6, contados a partir da
elucidação das dúvidas pelo perito, as Partes deverão encaminhar ao Tribunal Arbitral a indicação e
completa qualificação dos seus respectivos experts, incluindo a revelação de eventuais causas que
obstem a imparcialidade ou objetividade da sua atuação.

4.2.1. Não obstante a indicação unilateral pelas Partes, os experts deverão atuar com
imparcialidade e objetividade, de modo que suas manifestações, escritas ou orais, deverão ser
direcionadas à fiel elucidação das questões técnicas que forem objeto, não podendo o expert
deliberadamente favorecer ou prejudicar qualquer das Partes;

4.2.2. Havendo causa de impedimento, suspeição, conflito de interesse ou qualquer outro


justo motivo que obste a atuação imparcial e objetiva do expert na Arbitragem, a Parte
interessada terá o prazo de 5 (cinco) dias, contados da indicação da testemunha técnica, para
apresentar impugnação.

4.3. No prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados a partir da confirmação de sua nomeação, o expert
deverá produzir e encaminhar às Partes e ao Tribunal Arbitral o seu parecer, contendo a sua opinião
técnica e fundamentada a respeito dos tópicos sobre o qual foi nomeado para analisar, que será
disponibilizado pelas Partes aos seus respectivos experts. No prazo sucessivo de 10 (dez) dias, caso
entenda necessário, o expert terá a oportunidade de aditar, complementar ou corrigir o seu parecer
com base na opinião fornecida pelo(s) outro(s) expert(s) em seus pareceres.

4.4. Todos os experts que produziram pareceres técnicos nesta Arbitragem deverão ser ouvidos na
audiência de instrução delimitada no item V. Na hipótese de ausência injustificada do expert na
audiência, o Tribunal Arbitral deverá desconsiderar o parecer apresentado.
113

V. DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO

5.1. Fica designada a audiência para o dia 13 de novembro de 2023, com vistas à produção de provas
e de sustentação oral a partir da inquirição do perito técnico, dos experts descritos no item IV e das
demais testemunhas indicadas pelas Partes.

5.2. As Partes devem, em até 15 (quinze) dias antes da data da audiência, realizar o envio dos
seguintes documentos:

a. Relação de todos os documentos a serem analisados na audiência;


b. Qualificação das testemunhas a serem ouvidas durante a audiência técnica, respeitando o
limite de 5 (cinco) testemunhas, incluindo os experts do item IV, por Parte;
c. Descrição precisa do conteúdo que se visa produzir durante a audiência técnica;

5.3. Toda a comunicação deve ser devidamente encaminhada à Secretaria da CAMAGRO, ao Tribunal
Arbitral, à respectiva Contraparte, através dos endereços eletrônicos já devidamente qualificados nos
autos processuais.

VI. DISPOSIÇÕES GERAIS

6.1. As partes concordam que subsidiariamente ao presente Termo de Referência, o procedimento de


audiência será regido pelas Diretrizes e Protocolos do Chartered Institute of Arbitrators (CIArb).

(omissis)

ASSINATURAS

(omissis)

(omissis)
114

CÂMARA DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO


(CAMAGRO)
Processo Arbitral nº 21/2023/CAMAGRO

Requerente: COBOS Bioenergia Ltda.

Requerida: Penfolds Technology S.A.

Tribunal Arbitral
Drª. Maria Cristina Coelho
Dr. Fernando Junqueira
Drª. Paula Mendonça Costa

_______________________________________________________________________

LAUDO PERICIAL DE ENGENHARIA


_______________________________________________________________________
L-343-2401

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115

SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES…………………….………………………………………………….3
1.1. Objeto……………………………………………..……………………………………….………………………………………3
1.2. Síntese da Controvérsia.……………..…………………………………………………………………………………3
1.3. Objeto da Perícia..……………………………………………………………..……………………………………………6
1.4. Assistentes Técnicos…………...…………………………………………………………………………………………7
2. SERVIÇOS CONTRATADOS…………….…………………………………….……………………………….7
2.1. Usina Alvorada - Características Gerais ……..…..………………………..……………..…………………6
2.2. Escopo Contratado……………………………………………...……….…………………………………………………8
2.3. Evolução Contratual…………….…………………………………………………………….…………………………10
3. METODOLOGIA DO TRABALHO….……………….………………………………………………..……12
4. VISTORIA IN LOCO..………….…………………….……………………………………………………..……14
5. ANÁLISE DOCUMENTAL…………...…………….……………………………………………………..……20
5.1. Características da Tecnologia Contratada.………………..………...……………………………………20
5.2. Estudo de Viabilidade Técnico-Econômica…………..………………………………………………..…24
5.3. Testes Operacionais Durante a Execução da Obra…………....…………..…………….…………28
5.3.1. Testes de Operabilidade…………….…….……………………………………………………………28
5.3.2. Testes de Performance…....………………………….…………………………………………………30
5.3.3. Teste Final……………………...……………………………………………….……………………………….43
5.4. Testes Operacionais Após a Entrega da Obra..……………………....…………………….…………48
5.4. Testes Laboratoriais Suplementares……………....…………..………….……………..……….…………55
6. CONCLUSÕES………………………………..……………………………………………..….…………..……..……59
7. RESPOSTA AOS QUESITOS……………..……....………………………………..………………….…..……64
7.1. Quesitos da Requerente……………………..……………………………..…………...…….……...….…………64
7.2. Quesitos da Requerida…………………….……………………………………....……...…….……...……………67
8. ENCERRAMENTO……………………...…………….…………………….………..…………….……..…..…….70

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116

1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

1.1. Objeto do Contrato

Obra de reforma da “Usina Alvorada”, localizada no Município de Rio Verde/PN, para a


implementação de modelo flex de produção de etanol, de central de processamento de
material lignocelulósico de milho e de Sistema Digital de Controle Distribuído (SDCD).

1.2. Síntese da Controvérsia

(omissis)

1.3. Objeto da Perícia

Análise do desempenho da produção de etanol na Usina Alvorada, com vistas à


identificação de eventuais defeitos ou insuficiências operacionais, em comparação com os
níveis de performance identificados no Anexo III do Contrato. O escopo dos trabalhos, em
consonância com o Termo de Referência, abrange os seguintes aspectos:

(omissis)

1.4 Assistentes Técnicos

As partes designaram para exercer a função de Assistente Técnico os seguintes


profissionais: COBOS Bioenergia Ltda, Engenheira Civil Jasmin M. Tokicho, Engenheiro
Químico Bruce Oldman; Penfolds Technology S.A., Engenheiro Civil Günther Hermann
Engenheiro Químico Bartolomeu L. von Traumaus

2. SERVIÇOS CONTRATADOS

(omissis)

3. METODOLOGIA DO TRABALHO

(omissis)

4. VISTORIA IN LOCO

(omissis)

5. ANÁLISE DOCUMENTAL

(omissis)

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117

6. CONCLUSÕES

A partir da análise dos fatores discorridos no capítulo precedente e em consonância


com o que foi estabelecido no Termo de Referência, será sintetizada, a seguir, a análise dos
elementos técnicos verificados a respeito dos temas controversos.

6.1. Performance da Produção de Etanol de Cana-de-Açúcar

De início, ressalta-se que o objeto contratual não englobou a execução de serviços


especificamente direcionados à produção de etanol de cana-de-açúcar. No entanto, houve
previsão de melhoramento da performance geral quanto à eficiência eletroenergética e
emissão de poluentes, o que, portanto, inclui a produção de etanol de cana-de-açúcar.

Não se verificou qualquer prejuízo para a produtividade da fabricação de etanol de


cana-de-açúcar em decorrência da implementação do modelo flex. Nesse sentido, os
quesitos “rendimento” e “poder calorífico inferior” se mantiveram nos mesmos níveis
encontrados nos testes pré-contratuais de viabilidade. Também, a adoção de novas técnicas
de aproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar revelaram melhoria dos quesitos
“intensidade de carbono” (-27,2%).

Isso posto, o acompanhamento e a apuração dos resultados dos testes operacionais


conduzidos no empreendimento revelaram que a produção de cana-de-açúcar está em
conformidade com os parâmetros de performance estipulados no Contrato de EPC.

6.2. Performance da Produção de Etanol de Milho

O objeto do Contrato de EPC em análise englobou a implementação do modelo flex


na Usina Alvorada, que antes utilizava exclusivamente a cana-de-açúcar, bem como a
instalação de tecnologia de processamento de material lignocelulósico do milho, cujo
funcionamento foi analisado acima (item 5.1). Assim, o instrumento contratual previu
parâmetros de performance distintos para os subtipos de milho cujo uso a Contratante,
COBOS Bioenergia Ltda, pretendia utilizar em suas operações.

6.2.1. Performance do Milho Dentado

O acompanhamento e a apuração dos resultados dos testes operacionais conduzidos


no empreendimento revelaram que a produção de etanol de milho, quando utilizado o
subtipo milho dentado (Zea mays L. var. indentata), está em conformidade com os
parâmetros de performance descritos no Contrato de EPC.

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118

Analisando a prova documental fornecida pelas partes, os testes finais da fase de


comissionamento obtiveram resultados positivos para essa matéria-prima, com destaque
para os quesitos “poder calorífico” (+4%) e “intensidade de carbono” (-2,5%). Assim, a usina
obteve performance satisfatória, o que, como a mim informado pelos assistentes técnicos
da COBOS Bioenergia Ltda, é influenciado pela não-dependência do E2G para a viabilidade
econômica da utilização do milho dentado, opinião da qual compartilho.

6.2.2. Performance do Milho Doce

O acompanhamento e a apuração dos resultados dos testes operacionais conduzidos


no empreendimento revelaram que a produção de etanol de milho, quando utilizado o
subtipo milho doce (Zea mays L. var. saccharata), está em conformidade com os
parâmetros de performance descritos no Contrato de EPC.

Analisando a prova documental fornecida pelas partes, os testes realizados durante a


fase de comissionamento do Contrato de EPC revelaram que, após atingir os parâmetros
mínimos, houve relativa estagnação dos níveis de performance com relação ao milho doce,
mas que fora corrigido pela equipe da Penfolds Technology S.A.

6.2.3. Performance do Milho Pantanesco

O acompanhamento e a apuração dos resultados dos testes operacionais conduzidos


no empreendimento revelaram que a produção de etanol de milho, quando utilizado a
subespécie milho pantanesco (Zea mays palude), está em desconformidade com os
parâmetros de “rendimento”, “intensidade de carbono” e “poder calorífico inferior”,
enquanto os quesitos “ponto de ignição”, “octanagem” e “massa específica” estão em
conformidade com os níveis contratados.

Ademais, os quesitos “rendimento” e “intensidade de carbono” estavam abaixo dos


níveis mínimos de performance do Contrato de EPC, apresentando, respectivamente, desvio
negativo de 6,8% e desvio positivo de 13,5%, com margem de erro de ±0,5%. Analisando
isoladamente a produção de E1G e de E2G, verificou-se que a deficiência decorre,
majoritariamente, da baixa eficiência na sintetização de E2G, cuja produtividade está,
proporcionalmente1, 17% menor do que os níveis mínimos de “rendimento”.

1
Os estudos preliminares de viabilidade técnica e econômica da produção de etanol a partir do milho
do subtipo zea mays palude revelaram que seria necessário produzir ao menos 280 litros de etanol
por tonelada de matéria-prima para que a operação fosse financeiramente viável, sendo estes
compostos por cerca de 60% de E1G e 40% de E2G. Assim, o volume de produção do E2G deveria
alcançar o nível mínimo de, aproximadamente, 112L por tonelada de milho.

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119

Mesmo levando em conta a curva decrescente de performance prevista na cláusula de


garantia de durabilidade c/c o Anexo 1 do Contrato de EPC e eventuais desgastes ocultos
decorrentes do uso2, a proximidade temporal entre a entrega da obra e os testes
conduzidos nesta Perícia Técnica impede o reconhecimento de tais fatores como
significativos para a obtenção do resultado acima descrito.

Na prova documental fornecida pela COBOS Bioenergia Ltda, verifica-se que a


deficiência na performance está presente na Usina Alvorada há pelo menos 4 (quatro)
meses, uma vez que os testes operacionais realizados em outubro de 2023 relataram
desempenho extremamente similar ao observado por este Perito. Houve, na realidade,
ligeira melhora no quesito “rendimento” (+3,1%) e “octanagem” (+4%), diante de adaptação
técnica realizada pelos engenheiros da COBOS Bioenergia Ltda, mas que também gerou
ligeira piora no quesito “intensidade de carbono” (+1,9%).

No mesmo sentido, os resultados dos testes de performance durante a execução da


obra revelam, igualmente, a presença do problema em questão desde a fase de
comissionamento. Realizando uma análise retrospectiva dos testes de desempenho que
utilizaram como matéria-prima o milho híbrido do subtipo “BRS diamantino”, observa-se
que a produção de E2G obteve desvio negativo entre 16,3% e 20,8%, em comparação com
os níveis mínimos esperados. Em contrapartida, a produção E1G foi cerca de 42% maior
com o milho “BRS diamantino” do que, nesta perícia, verificou-se com o milho pantanesco.

Assim, cotejando tais dados, conclui-se que a deficiência da Usina Alvorada quanto à
capacidade produtiva de E2G pode ser extraída através da reanálise dos testes da fase de
comissionamento, uma vez que o déficit percentual do rendimento de etanol obtido da
biomassa lignocelulósica do milho “BRS diamantino” foi igual ao déficit verificado com o
milho pantanesco (levando em conta a margem de erro aceitável de ±3%). .

Ocorre que esse problema não pôde ser constatado apenas a partir da análise dos
critérios de desempenho previstos no Contrato de EPC, uma vez que não houve previsão de
níveis de performance específicos para as diferentes gerações de etanol. Por consequência,
a significativa melhor capacidade de produção de E1G do milho “BRS diamantino” eclipsou
a performance negativa da produção de E2G.

2
Cumpre, neste quesito, anotar que o Perito não observou qualquer marca visível ou indício de
desgaste prejudicial nos equipamentos vistoriados.

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120

7. RESPOSTA AOS QUESITOS DAS PARTES

7.1. Quesitos da Requerente

(omissis)

7.2. Quesitos da Requerida

(omissis)

8. ENCERRAMENTO
(omissis)

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121

De: Maria Fernanda Cavalcanti (Parker Advogados Associados)


Para: Secretaria da Câmara de Arbitragem e Mediação do Agronegócio CAMAGRO
Envio: 06 de outubro de 2023, 12:29
Assunto: Documentos da Audiência de Oitiva de Testemunhas

Prezado Tribunal Arbitral,

Pela previsão do Item 5.2 do Termo de Referência, apresentam-se os documentos a serem fornecidos
pela parte Requerente ao Tribunal:

1. Parecer Técnico de Engenharia Civil (PTEC)


2. Parecer Técnico de Engenharia Química (PTEQ)
3. Resumo do conteúdo da Prova Testemunhal
4. Os outros documentos a serem analisados na audiência

No que tange à qualificação das testemunhas-técnicas a serem ouvidas na audiência de oitiva, os


seguintes são indicados:

Jasmin M. Tokicho, brasileira, engenheira civil, portadora do RG (omissis) e inscrita no CPF


sob o nº (omissis), com endereço profissional (omissis);
Minerva Casablanca, brasileira, engenheira química, portadora do RG (omissis) e inscrita no
CPF sob o nº (omissis), com endereço profissional (omissis);

Atenciosamente,

Maria Fernanda Cavalcanti


Parker Advogados Associados
122

De: Valentina Guimarães (Suckling Advocacia Empresarial)


Para: Secretaria da Câmara de Arbitragem e Mediação do Agronegócio CAMAGRO
Envio: 09 de outubro de 2023, 14:07
Assunto: Envio dos documentos para a audiência pericial

À Secretaria da Câmara de Arbitragem e Mediação do Agronegócio,

Por meio deste, a Requerida apresenta os documentos relacionados à audiência técnica perante o
Tribunal Arbitral, conforme detalhado a seguir: (a) Parecer Técnico elaborado por Profissional de
Engenharia Civil, (b) Parecer Técnico elaborado por Profissional de Engenharia Química, (c) Resumo
dos testemunhos a serem colhidos em audiência, (d) Demais documentos relevantes.

Adicionalmente, foram definidas as seguintes testemunhas técnicas que serão apresentadas para a
audiência:

1. Dr. Günther Hermann, brasileiro, engenheiro civil, portador do RG (omissis) e inscrito no CPF
sob o nº (omissis), com endereço profissional (omissis)

2. ​Dr. Hélio Sekito - brasileiro, engenheiro químico, portador do RG (omissis) e inscrito no CPF sob
o nº (omissis), com endereço profissional (omissis)

Atenciosamente,

Valentina Guimarães
Suckling Advocacia Empresarial
123

ATA DE AUDIÊNCIA DE OITIVA DE TESTEMUNHAS

Processo Arbitral nº 21/2023/CAMAGRO

Em 13 de novembro de 2023, na sala 12, sob a presidência da Exma. Sra.


Árbitra MARIA CRISTINA COELHO, realizou-se audiência relativa ao Processo
Arbitral de n° 21/2023/CAMAGRO. Às 10:54, aberta a audiência, iniciou-se
procedimento de produção de provas através do método de hot-tubbing, de
acordo com as diretrizes do Termo de Referência estabelecido na Ordem
Procedimental nº 1.

I. IDENTIFICAÇÃO DAS TESTEMUNHAS TÉCNICAS

1. Presentes as engenheiras indicadas pela COBOS Bioenergia Ltda., a Dra.


MINERVA CASABLANCA e a Drª JASMIM M. TOKICHO;

2. Presentes os engenheiros indicados pela Penfolds Technology S.A.,, o Dr.


HÉLIO SEKITO e o DR GÜNTER HERMANN;

3. Presente o engenheiro civil eleito pelo Tribunal Arbitral como perito


técnico da presente arbitragem, Dr. GREGÓRIO ROSA FILHO.

II. PONTOS CONTROVERSOS OBJETOS DE PROVA

4. De início, foi dada a palavra aos engenheiros técnicos presentes para o


início do procedimento de produção de provas acerca dos seguintes pontos
controversos:

a) O desempenho da Usina Alvorada está em conformidade com os níveis de


performance estabelecidos no Manual de Comissionamento? Se não, o
problema no desempenho era existente e constatável à época da entrega
final da obra?

b) Os equipamentos instalados na Usina Alvorada apresentam sinais de má


utilização e/ou danos ocasionados por culpa da parte Requerente?
124

c) Caso a performance da Usina Alvorada esteja abaixo dos níveis


contratados, quais adaptações serão necessárias para retificar a
deficiência no desempenho?

d) A nova tecnologia de processamento do milho pantanesco desenvolvida


pela Penfolds seria mais adequada aos propósitos do Contrato? Se sim,
há viabilidade técnica para a implementação da nova tecnologia na
Usina Alvorada?

II. TRANSCRIÇÃO DA AUDIÊNCIA

DRA. MARIA CRISTINA COELHO: “Os experts declaram que possuem pleno
conhecimento acerca do objeto da presente audiência, incluindo: métodos
técnicos e químicos de produção de etanol e os níveis de performance
possíveis de serem alcançados em uma usina de biocombustíveis?”

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Quanto ao objeto da presente audiência, declaro


que tenho experiência em obras de engenharia de biocombustíveis, incluindo
usinas de produção de etanol.”

DR. HÉLIO SEKITO: “Tenho conhecimento da estrutura da Usina, incluindo todas


as técnicas químicas das fases de produção de etanol.”

DRA MARIA CRISTINA COELHO: “Isto declarado, inicio a audiência técnica. A


palavra inicialmente é da Dra. Minerva Casablanca, para a sua apresentação
técnica por 10 (dez) minutos. Após, concedo a palavra ao Dr. Hélio Sekito,
para a sua apresentação, por igual tempo.”

(omissis)

DRA. MARIA CRISTINA COELHO: “Finalizada a primeira etapa, os experts


poderão, agora, discutir acerca da temática objeto desta audiência.”

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Muito obrigada pela palavra, senhora Presidente.


Dr. Sekito, observando o laudo do perito Gregório Rosa Filho, existe um
problema específico com a produção de etanol de 2ª geração na Usina Alvorada,
correto?”

DR. HÉLIO SEKITO: “Sim, o laudo pericial é bem claro nessa questão. Foi
identificado, depois do término das obras, que o problema é, de fato, na
produção de etanol de 2ª geração.”
125

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Diante disso, Dr. Sekito, qual seria a sua
sugestão para corrigir essa situação e otimizar a produção de E2G na Usina
Alvorada?”

DR. HÉLIO SEKITO: “Considerando a situação atual, seria recomendável uma


revisão abrangente dos critérios de desempenho, incluindo especificações mais
detalhadas para as diferentes gerações de etanol. Além disso, é importante
implementar medidas corretivas imediatas para melhorar a eficiência na
produção de E2G, seja por meio de ajustes nos processos ou adoção de novas
tecnologias.”

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Excelente. Considerando sua expertise na área,


quais seriam, em sua visão, as adaptações mais promissoras e factíveis para
corrigir essas deficiências na produção de E2G?”

DR. HÉLIO SEKITO: “Com base nas análises do laudo, parece que a otimização
do processo de sintetização de E2G é crucial. Isso poderia envolver a revisão
da tecnologia atualmente empregada, a consideração de novos métodos de
processamento e, possivelmente, a integração de inovações que aumentem a
eficiência do sistema. Além disso, seria necessário avaliar a infraestrutura
da usina para garantir que suporta as mudanças propostas.”

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Certo. Nesse sentido, o senhor acredita que as


adaptações executadas pela Penfolds durante o comissionamento foram adequadas
para corrigir os problemas da obra? Ao meu ver, as melhorias deveriam ter
sido mais específicas à correção do E2G.”

[Houve impugnação da Requerida quanto à pergunta da Drª Minerva Casablanca,


pois o questionamento foge aos temas delimitados no Termo de Referência]

[Tribunal Arbitral, após deliberação interna, ordena o registro da


impugnação em ata e o prosseguimento da audiência]

DR. HÉLIO SEKITO: “Olha, em minha opinião técnica e levando em conta os


relatórios de testes da época, acredito que as atitudes tomadas pela Penfolds
foram corretas, diante das informações que ela tinha no momento. Tanto que,
de acordo com os Documentos nº (omissis), os níveis de performance previstos
no contrato foram alcançados.”

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Mesmo assim, houve uma estagnação dos resultados
dos testes durante a fase de comissionamento. Mais especificamente, depois do
alcance das métricas mínimas, a produção de etanol de 2ª geração não teve
grandes melhoras dos números.”
126

DR. HÉLIO SEKITO: “Doutora, durante a fase de comissionamento, o insumo


fornecido pela COBOS foi diferente do previsto. Ao meu ver, a Penfolds fez
tudo que era possível para a adaptação da tecnologia e melhora dos
resultados, mas havia especificidades que não poderiam ser corrigidas ou
identificadas apenas utilizando o milho substituto. Dessa forma, não teria
como corrigir algo que sequer a Penfolds poderia prever.”

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Mas, Doutor, note que não só houve a identificação
desse problema, mas também a substituição de equipamento da Penfolds foi
deliberadamente mais voltada para a melhora da produção do etanol de 1ª
geração, ao invés de correção do problema. Veja, no relatório técnico
elaborado pela própria Penfolds, o engenheiro reconhece que existe um
problema.”

DR. HÉLIO SEKITO: “Olha, peço maiores esclarecimentos quanto a essa


informação. Não sei a qual documento a senhora se refere.”

[Houve impugnação da Requerida quanto ao documento levantado, pois o


mencionado relatório não está na relação de documentos]

[Tribunal Arbitral, após deliberação interna, ordena o registro da


impugnação em ata e o prosseguimento da audiência]

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Então, Dr. Sekito, conforme o documento que o


senhor agora tem em mãos, a Penfolds identificou que o substrato resultante
do processamento dos resíduos do milho estava com baixo teor de
sacarificação, o que com certeza foi uma das causas para o problema na
produção do etanol de segunda geração. Esse documento muda a sua
perspectiva?”

DR. HÉLIO SEKITO: “Bem, realmente, o defeito que foi identificado poderia
resultar numa redução significativa na performance da usina.”

DRA. FERNANDO JUNQUEIRA: “Drª Presidente, se me permite uma pergunta. Drª


Casablanca e o Dr. Sekito, os doutores poderiam explicar ao Tribunal, em
termos mais simples, qual foi o problema identificado nesse relatório e por
que ele poderia prejudicar a performance da Usina Alvorada?”

DR. HÉLIO SEKITO: “Bem, em termos simples, o processamento da biomassa


lignocelulósica tem o objetivo de obter açúcares fermentáveis desse material,
que normalmente não pode ser fermentado e transformado em etanol, E2G. O teor
de sacarificação é a medida do quanto as etapas de processamento conseguiram
127

transformar o material lignocelulósico em açúcares fermentáveis. Por isso, se


esse teor estiver baixo, o rendimento do E2G também vai estar prejudicado.”

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Exatamente. Acontece que, no relatório que


mencionei há pouco, o engenheiro da Penfolds identificou, durante a fase de
operação assistida da obra, que o teor de sacarificação estava 25% menor do
que o esperado. Ou seja, na prática, a tecnologia de processamento instalada
não atingiu os níveis projetados pelos testes laboratoriais, possivelmente
por uma questão de escalabilidade. Isso certamente explicaria o problema do
E2G, tanto que o engenheiro da Penfolds recomendou alterar o método de
pré-tratamento para, abro aspas, “solucionar a recente estagnação do
desempenho observada nos últimos testes de performance da Usina Alvorada”.”

DRA. MARIA CRISTINA COELHO: “O Dr. Gregório Rosa Filho poderia tecer sua
opinião sobre o assunto?”

DR. GREGÓRIO ROSA FILHO: “Concordo com a opinião dos experts. Pela leitura
rápida do documento, me parece que o baixo teor de sacarificação explica,
inclusive numericamente, o problema que constatei na produção de E2G com os
milhos BRS diamantino e pantanesco”

(omissis)

DRA .MINERVA CASABLANCA: “Acredito que a solução mais adequada seria a


adoção de um sistema de pré-tratamento em duas etapas: método de tratamento
alcalino por irradiação ultrassônica e, em seguida, o tratamento biológico.
Essa nova adaptação poderia solucionar de maneira significativa os problemas
presentes na Usina”.

DR. HÉLIO SEKITO: “Entendo seu ponto de vista, e concordo que a abordagem
técnica proposta parece promissora. Como especialista na área, acredito que
essa seja uma alternativa que merece consideração. A técnica à qual a senhora
se refere é a mesma presente na tecnologia desenvolvida recentemente pela
Penfolds, correto?”

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Exatamente. Não só os testes pré-contratuais


mostram a viabilidade, mas o próprio relatório técnico mostra isso.
Inclusive, como o senhor pode ver, a equipe de engenharia da Penfolds
identificou o problema e avaliou a possibilidade de instalar a nova
tecnologia, mas a ideia foi descartada pelo custo dessa readaptação.”

DR. HÉLIO SEKITO: “Sim, compreendo as considerações econômicas. No entanto,


a eficácia da solução proposta poderia compensar os custos adicionais e é uma
128

abordagem que poderia trazer benefícios significativos. Um fator importante a


ser analisado é o fato de que, como a senhora pode ver no projeto da obra, a
tecnologia de pré-tratamento da Penfolds foi instalada na antiga ala de
autoprodução energética. Com isso, não haveria espaço para adicionar mais
nenhum maquinário ali. Ou seja, para adicionar essa fase na produção de
etanol, a obra teria que ser praticamente toda refeita.”

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Compreendo a limitação de espaço mencionada. O que


só demonstra ainda mais a tese de que, já que a Penfolds identificou o
problema antes, as atitudes que ela tomou para correção da obra deveriam ter
sido mais voltadas para o E2G, e ainda mais cedo do que foram executadas.
Acredito que, diante da relevância da questão, poderíamos explorar
alternativas de otimização do espaço e ajustes nas instalações para
viabilizar essa implementação.”

DR. HÉLIO SEKITO: “Concordo plenamente. A produtividade do E2G seria mais


viável nesse caso e deveria ter sido uma prioridade desde o início. Vemos
agora que as medidas corretivas adequadas são cruciais para garantir o
sucesso futuro do projeto.”

DRA. MARIA CRISTINA COELHO: “Doutores, poderiam explicar ao Tribunal qual ou


quais foram as alterações realizadas pela Penfolds para corrigir o problema?”

[Houve impugnação da Requerida quanto à pergunta da Árbitra Presidente,


pois o questionamento foge aos temas delimitados no Termo de Referência]

[Tribunal Arbitral, após deliberação interna, ordena o registro da


impugnação em ata e o prosseguimento da audiência]

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Quando houve a estagnação do resultado dos testes


de performance, o que aconteceu nos primeiros meses da fase de operação
assistida, a Penfolds buscou corrigir o problema através da implementação de
novo maquinário de moagem e separação dos grãos”

DR. HÉLIO SEKITO: “Diga-se de passagem, essa solução obteve o resultado


pretendido, pois o rendimento do etanol de milho melhorou imediatamente após
a substituição do sistema de moagem”.

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Sim, realmente melhorou. Contudo, como


identificado no Laudo Pericial do Dr. Gregório Rosa Filho, a boa capacidade
de produção de E1G do milho BRS diamantino ofuscou o desempenho ruim da
produção de E2G, e a alteração feita pela Penfolds apenas exacerbou essa
129

característica. Talvez fosse uma mudança boa para o milho BRS diamantino, mas
não me parece adequada para o milho pantanesco.”

(omissis)

DRA. MINERVA CASABLANCA: “O senhor não acha que isso poderia ter sido feito
mais cedo? Como o senhor agora sabe, a empresa identificou esse problema
durante a fase de comissionamento”

DR. HÉLIO SEKITO: “Se a empresa identificou esse defeito durante o


comissionamento, medidas corretivas poderiam ter sido implementadas naquele
momento. A instalação da nova tecnologia teria evitado muitos dos desafios
que enfrentamos agora.”

(omissis)

DRA. MINERVA CASABLANCA: “Concordamos, então, que haveria uma viabilidade


mais que razoável na instalação de uma nova tecnologia, Doutor?”

DR. HÉLIO SEKITO: “Sem dúvida. Diante da situação, não apenas vejo
viabilidade, mas considero que essa seria uma solução altamente vantajosa.”

DRA. MARIA CRISTINA COELHO: “Satisfeita a discussão sobre os pontos técnicos


controvertidos, declaro encerrada a audiência, fazendo constar, ao final da
ata, os requerimentos finais das Partes, bem como as diligências a serem
adotadas.”

REQUERIMENTOS FINAIS:

A Requerida, Penfolds Technology S.A, por intermédio de seus patronos,


impugnou os questionamentos feitos pelo Drª Minerva Casablanca, bem como a
credibilidade da testemunha técnica por ausência de imparcialidade e
objetividade. Adicionalmente, pugnou pela concessão do prazo de 10 (dez) dias
para apresentar, por escrito, suas razões para a impugnação.

A Requerente, COBOS Bioenergia Ltda, pediu o indeferimento da impugnação da


parte Requerida, bem como requereu a concessão de igual e sucessivo prazo
para apresentar, por escrito, sua resposta à impugnação da Requerida.

O Tribunal Arbitral concedeu o prazo de 10 (dez) dias para que a Requerida,


Penfolds Technology S.A., apresente sua impugnação e posteriormente, deve a
Requerente manifestar-se a respeito.

PARTES CIENTES.
130

MARIA CRISTINA COELHO

Presidente do Tribunal Arbitral

Ata redigida por Elsa Lima, Secretária de Audiência.


131

De: Maria Fernanda Cavalcanti (Parker Advogados Associados)


Para: Valentina Guimarães (Suckling Advocacia Empresarial)
Envio: 06 de outubro de 2023, 09:27
Assunto: Documentos da Audiência Pericial

Prezada,

Conforme requerido pelo Tribunal Arbitral e de acordo com a Cláusula X do Contrato, segue a relação
de documentos da COBOS a serem objeto de análise no procedimento de hot-tubbing, devidamente
anexados neste e-mail.

1. Parecer Técnico de Engenharia Civil (PTEC)


2. Parecer Técnico de Engenharia Química (PTEQ)
3. Resumo do conteúdo da Prova Testemunhal
4. Os outros documentos a serem analisados na audiência

Se for de interesse comum, nos disponibilizamos a marcar uma reunião em teleconferência para a
definição de um cronograma para a condução da oitiva, que delimite a ordem de pontos a serem
discutidos e a direção ao Tribunal Arbitral. Quaisquer dúvidas relativas aos documentos enviados
podem ser direcionados a este mesmo endereço de e-mail, ou podem ser objeto de reunião também.

Atenciosamente,

Maria Fernanda Cavalcanti


Parker Advogados Associados
132

De: Valentina Guimarães (Suckling Advocacia Empresarial)


Para: Maria Fernanda Cavalcanti (Parker Advogados Associados)
Envio: 09 de outubro de 2023, 15:05
Assunto: RE: Documentos da Audiência Pericial

Prezada,

Comunico, por meio deste, o recebimento dos documentos encaminhados pela parte Requerente.
Igualmente, encaminho a relação dos documentos da parte Requerida para apreciação durante o
procedimento de hot-tubbing, juntamente com seus respectivos anexos.

A. Parecer Técnico elaborado por Profissional de Engenharia Civil,


B. Parecer Técnico elaborado por Profissional de Engenharia Química,
C. Resumo dos testemunhos a serem colhidos em audiência,
D. Outros documentos relevantes para a audiência.

Nesse sentido, a Dra. Catarina manifestou interesse na definição de um cronograma para a instrução
probatória, e pediu para comunicar que entrará em contato com a Dra. Letícia Parker em breve para o
alinhamento de horários a fim de encontrar uma data viável para todos os envolvidos.

Permanecemos, também, à disposição para eventuais esclarecimentos ou providências que se fizerem


necessárias.

Atenciosamente,
Valentina Guimarães
Suckling Advocacia Empresarial
133

RELATÓRIO INTERNO DE OBRA

LOCAL: Usina Alvorada | PN-242, Km 40, Município de Rio Verde

OBJETO: Reforma da usina para a implementação do modelo flex de produção de etanol e


instalação de central de processamento de biomassa lignocelulósica de milho.

EMPRESA: COBOS Bioenergia LTDA

VALOR DO CONTRATO: R$615.000.000,00

DATA: 22/04/2022

FISCAL TÉCNICO: Enzo Capparelli de Andrade

1. QUALIFICAÇÃO DO TÉCNICO
(omissis)

2. OBJETIVOS
(omissis)

3. PROCEDIMENTO E METODOLOGIA
(omissis)

4. RELATÓRIO FOTOGRÁFICO
(omissis)

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Diante da análise dos dados encontrados por este engenheiro em avaliações próprias,
observou-se que o substrato do milho “BRS diamantino” resultante da etapa de hidrólise enzimática
apresentou 63% do rendimento teórico de açúcares, ou seja, aproximadamente 25% inferior ao teor de
sacarificação esperado (84%), com base nos testes laboratoriais.

Testes adicionais são necessários, contudo, quando analisadas através de medidas de difração
de raios-X, realizadas em difratômetro com tubo de cobalto (Î = 1,79Å), utilizando voltagem de 40kV,
corrente de 30mA, medidas realizadas no intervalo 5°<2θ<40° com varredura em etapas de 2º e
velocidade de varredura de 1°C/min, as amostras de celulose apresentaram elevado índice de
cristalinidade (70%-74%), o que não mostrou melhora com diferenças nos testes.
134

Mesmo quando implementada variações na concentração e/ou no tempo de exposição na


etapa de pré-tratamento biológico com Pleurotus ostreatus, não se verificou alteração da forma
polimórfica da celulose ou do índice de cristalinidade. Este resultado indica a provável reorganização
das cadeias de celulose nas regiões não cristalinas, ocorrência de despolimerização terminal e/ou
hidrólise de ligações β-glicosídicas nas moléculas que faziam parte das regiões desordenadas,
aumentando a proporção de regiões cristalinas em relação a regiões descritalinizadas.

A baixa efetividade do pré-tratamento em alterar as propriedades físicas do material


lignocelulósico muito provavelmente está prejudicando a etapa posterior de hidrólise enzimática, o
que explicaria o menor teor de açúcares fermentáveis do substrato resultante. Assim, o problema no
método de pré-tratamento empregado pode estar desencadeando outros problemas subsequentes, com
o potencial de prejudicar toda a cadeia produtiva do etanol de segunda geração.

Por esse motivo, para solucionar a recente estagnação do desempenho observada nos últimos
testes de performance da Usina Alvorada, recomendo o envio de lote do milho “BRS diamantino” aos
laboratórios da Penfolds em São Paulo ou Cuiabá, para que testes adicionais sejam realizados com o
intuito de identificar como o referido milho reage a outros métodos de pré-tratamento, em especial,
por conta dos resultados promissores dos testes com a irradiação ultrassônica.

Rio Verde/PN, XX de XXXX de 2022


135

CÂMARA DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO


(CAMAGRO)

COBOS BIOENERGIA LTDA


(Requerente)

VS.

PENFOLDS TECHNOLOGY S.A.


(Requerida)

Referência: Processo Arbitral nº 21/2023

21/11/2023
Cuiabá/Pantanal

PEDIDO DE NULIDADE DE PROVA ORAL

A Requerida, Penfolds Technology S.A., vem, por intermédio da sua advogada, apresentar
pedido de nulidade da prova oral coletada na audiência do dia 13 de novembro de 2023, o
que o faz com os fundamentos fático-jurídicos que passa a expor a seguir.

I. DOS FUNDAMENTOS FÁTICOS

1. Na audiência do dia 13 de novembro de 2023, incentivadas pelo Tribunal Arbitral a definir


consensualmente a condução da produção probatória do processo arbitral, as Partes
assinaram o Termo de Referência. Neste documento, delimitou-se, dentre outras questões
relevantes, os pontos que seriam objeto de prova pericial e aqueles que seriam objeto de
laudos técnicos complementares por experts de indicação das partes.
136

2. Após o Perito indicado pelo Tribunal Arbitral disponibilizar o Laudo Pericial, as Partes
encaminharam os pareceres técnicos produzidos por seus respectivos experts e, em
sequência, foi designada audiência para a produção da prova oral requerida pelas Partes.

3. Em consonância com o Item 5.2 do Termo de Referência, a Requerida encaminhou à


Secretaria da CAMAGRO e à Requerente, através de e-mails, (a) a relação de documentos
relevantes, (b) a qualificação das testemunhas técnicas a serem ouvidas e (c) a síntese do
conteúdo da prova oral pretendida na audiência.

4. Especificamente quanto ao problema em questão, a Requerida indicou como testemunha


técnica o Dr. Hélio Sekito, enquanto a Requerente Dra.ª Minerva Casablanca, para tratarem a
respeito do itens 2.1.c. e 2.1.d do Termo de Referência, quais sejam:

“C. Caso a performance da Usina Alvorada esteja abaixo dos níveis contratados,
quais adaptações serão necessárias para retificar a deficiência no desempenho?

D. A nova tecnologia de processamento do milho pantanesco desenvolvida pela


Penfolds seria mais adequada aos propósitos do Contrato? Se sim, há viabilidade
técnica para a implementação da nova tecnologia na Usina Alvorada?”

5. Nesse viés, cumpre ressaltar que o parecer técnico produzido pela Dr.ª Casablanca analisou o
resultado do Laudo Pericial e os dados obtidos em testes laboratoriais a respeito de técnicas
de pré-tratamento da biomassa lignocelulósica do milho pantanesco para sua conclusão a
respeito do quesito listados. Em suas palavras:

“Dentre os processos analisados, o pré-tratamento a partir do tratamento alcalino com


hidróxido de sódio (NaOH) assistido pela irradiação ultrassônica combinado com o
subsequente tratamento biológico, obteve as melhores taxas de deslignificação e redução
da cristalinidade da celulose, alcançando 92% (±1,5%) do rendimento teórico de glicose,
o que representa um incremento de até 31% em comparação com o uso exclusivo do
pré-tratamento biológico, atualmente utilizado na Usina Alvorada.

Por isso, conclui-se que a implementação do sistema de pré-tratamento em duas etapas é


capaz de melhorar significativamente a performance da produção de etanol de milho
pantanesco na Usina Alvorada. Isso porque a maior concentração de açúcares
fermentáveis decorrente desse método de pré-tratamento elevaria o rendimento
volumétrico de etanol aos níveis contratuais e reduziria o consumo de combustível.

Conforme detalhado no relatório anexo, a instalação do maquinário necessário para


acomodar o pré-tratamento por irradiação ultrassônica demonstra-se compatível com
os testes pré-contratuais de viabilidade técnica e com o Projeto de Engenharia elaborado
137

pela Penfolds Technology S.A.. motivo pelo qual as adaptações sugeridas revelam-se
adequadas e possíveis.”

6. No mesmo sentido, a síntese do conteúdo do testemunho da Dr.ª Casablanca, encaminhado


em antecipação à audiência de instrução, descreveu que a Requerente pretendia “[...]
comprovar a viabilidade das adaptações que deverão feitas na Usina Alvorada pela Penfolds
Technology S.A., na hipótese de deferimento da abertura do cure period”.

7. Por isso, o Dr. Hélio Sekito, engenheiro-consultor independente, foi instruído para discorrer
especificamente quanto ao tema delimitado no Termo de Referência, bem como sobre as
questões levantadas pelo parecer da Dr.ª Casablanca.

8. Isso posto, na audiência de instrução, o Dr. Sekito apresentou diversos fundamentos para
refutar o parecer da Dr.ª Casablanca quanto à viabilidade da implementação do sistema de
pré-processamento sugerido pela expert, em especial, porque seria necessário reformar a
estrutura da usina para acomodar o equipamento de “irradiação ultrassônica”.

9. Ocorre que, no momento da acareação técnica entre os experts, a Dr.ª Casablanca questionou
o Dr. Sekito: “o senhor acredita que as adaptações executadas pela Penfolds durante o
comissionamento foram adequadas para corrigir os problemas da obra?”, isto é, questão não
relacionada com o objeto dos pareceres em debate.

10. Não suficiente, a Dr.ª Minerva Casablanca surpreendeu o Dr. Helio Sekito com a apresentação
de um relatório que não constava nos autos processuais e que não havia sido indicado por
qualquer uma das Partes na relação de documentos a serem analisados na audiência, ou seja,
tratava-se de uma informação nova para o expert.

11. Impugnada a apresentação do documento, a Requerente justificou que “o relatório técnico


mencionado pela Drª. Casablanca foi encaminhado à Requerente pela Requerida, no seu e-mail
que precedeu esta audiência”. Contudo, o conteúdo do relatório foge ao escopo de produção
probatória definido no Termo de Referência, sendo evidente que foi anexado por mero
engano ao e-mail enviado à parte requerente.

12. Após breve deliberação, o Tribunal Arbitral determinou a continuidade da audiência, com o
registro da impugnação em ata para posterior decisão definitiva pelos árbitros.

13. Sucede que a Drª Casablanca conduziu a discussão de forma argumentativa a respeito da
responsabilidade da Requerida, enquanto empreiteira, de adaptar a tecnologia instalada às
necessidades comerciais da Requerente. Ao final, o Dr. Sekito, influenciado pelo elemento
138

surpresa do documento apresentado e pelas perguntas tendenciosas da expert, foi induzido a


concordar com a Dr.ª Casablanca a respeito de questões que não lhe cabiam discorrer.

II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

14. O Tribunal Arbitral deve determinar a nulidade dos testemunhos da Dr.ª Minerva Casablanca
e do Dr. Helio Sekito, face aos vícios verificados no procedimento de hot tubbing, notadamente
por conta (i) da violação ao Termo de Referência; (ii) da utilização de documento não contido
nos autos como elemento surpresa; e (iii) da atuação argumentativa e parcial da Dr.ª
Casablanca em favor da Requerente.

15. Em primeiro lugar, tendo as partes acordado, no Termo de Referência, a delimitação precisa
das matérias que seriam objeto de produção probatória, qualquer prova produzida em
desconformidade com essa convenção deve ser declarada nula e, consequentemente,
desconsiderada pelo Tribunal Arbitral.

16. Nesse sentido, o debate entre os experts deveria se limitar ao conteúdo dos itens 2.1.c e 2.1.d
do Termo de Referência, repita-se, sob pena de nulidade da prova oral. Ocorre que, no
momento de acareação técnica, por influência da Dr.ª Casablanca, os experts engajaram em
discussão a respeito de temáticas alheias à pauta convencionada.

17. Por esse exato motivo, o Relatório Técnico suscitado pela Dr.ª Casablanca também não possui
correlação com os temas previstos no Termo de Referência, uma vez que a questão relativa às
adaptações passadas, feitas pela Penfolds na Usina Alvorada, não foi delimitada enquanto
objeto de produção probatória, devendo, assim, ser desconsiderado.

18. Ademais, ainda que, hipoteticamente, fosse admissível, o referido documento não fazia parte
do acervo processual no momento de oitiva dos experts, sendo claro que a Dr.ª Casablanca
utilizou a pergunta (“o senhor acredita que as adaptações executadas pela Penfolds durante o
comissionamento foram adequadas para corrigir os problemas da obra?”) como subterfúgio
para, logo em seguida, utilizar o relatório como elemento surpresa.

19. Por fim, a Drª Minerva Casablanca descumpriu o seu dever de imparcialidade e objetividade,
ao enveredar a discussão técnica para questões não previstas no Termo de Referência,
visando ao favorecimento da Requerente.

20. Conforme o item 4.2.1 do Termo de Referência e, no mesmo sentido, o art. 4º do Protocol for
the Use Party-Appointed Expert Witnesses in International Arbitration da Chartered Institute of
139

Arbitrators (“CIArb”), a testemunha técnica, mesmo que indicada por uma das partes, deve
manter sua imparcialidade e objetividade durante todo o procedimento.

Termo de Referência
4.2.1. Não obstante a indicação unilateral pelas Partes, os experts deverão atuar
com imparcialidade e objetividade, de modo que suas manifestações, escritas
ou orais, deverão ser direcionadas à fiel elucidação das questões técnicas que
forem objeto, não podendo o expert deliberadamente favorecer ou prejudicar
qualquer das Partes;

Protocol for the Use Party-Appointed Expert Witnesses in International


Arbitration
4.1 An expert’s opinion shall be impartial and objective.
4.2 Payment by the appointing Party of the expert’s reasonable professional
fees for the work done in giving such evidence shall not, of itself, vitiate the
expert’s impartiality.
4.3 An expert’s duty, in giving evidence in the Arbitration, is to assist the
Arbitral Tribunal to decide the issue or issues in respect of which expert
evidence is adduced.

21. Ao conduzir a discussão de forma argumentativa, a expert da Requerente aproveitou-se do


elemento surpresa do documento apresentado para levar o Dr. Sekito a concordar com sua
tese e se manifestar sobre questões que não eram objeto de discussão.

22. Por tais motivos, o Tribunal Arbitral deve desconsiderar a referida prova oral colhida pelo
procedimento de hot tubbing, uma vez que a Dr.ª Casablanca atuou sem imparcialidade e
objetividade, nulidade que contaminou, também, o testemunho do Dr. Sekito.

III. CONCLUSÃO E PEDIDOS

23. Em conclusão, a Requerida, Penfolds Technology S.A., pede que o Tribunal Arbitral
reconheça e declare a nulidade da prova oral produzida, diante das evidentes violações
procedimentais no momento do hot tubbing.

Catarina Suckling
OAB 16112020
140

CÂMARA DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO


(CAMAGRO)

COBOS BIOENERGIA LTDA


(Requerente)

VS.

PENFOLDS TECHNOLOGY S.A.


(Requerida)

Referência: Processo Arbitral nº 21/2023

08/12/2023
Porto Seguro, Matopiba

RESPOSTA AO PEDIDO DE NULIDADE DE AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO

A COBOS Bioenergia Ltda. (“COBOS” ou “Requerente”), já devidamente qualificada no


processo arbitral referenciado, vem, por intermédio da sua advogada, apresentar sua resposta ao
pedido da Requerida de nulidade da Audiência de Instrução, nos termos que seguem.

I. DOS FUNDAMENTOS FÁTICOS E JURÍDICOS

1. A Penfolds Technology S.A. (“Penfolds” ou “Requerida”) apresentou pedido de


declaração de nulidade da Audiência de Instrução realizada no dia 13 de novembro de 2023,
fundamentado em suposta violação ao procedimento de hot tubbing. Em suma, a Requerida
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alega que a expert da Requerente, Dra. Minerva Casablanca, (i) violou o escopo previsto pelo
Termo de Referência, (ii) utilizou documento supostamente ausente nos autos como elemento
surpresa e (iii) atuou de forma argumentativa e parcial.

2. No entanto, de modo contrário à alegação da parte, a oitiva das testemunhas seguiu o


devido rito procedimental, uma vez que (i) o conteúdo discutido tangencia a disputa delimitada
no Termo de Arbitragem, revelando-se imprescindível à melhor apreciação deste Tribunal; (ii) o
documento utilizado trata-se de relatório elaborado e enviado pela própria Requerida à
Requerente, de modo que não cabe à parte alegar desconhecimento sobre o seu teor; e (iii) a
Dra. Casablanca agiu de maneira imparcial e objetiva, baseando o seu testemunho no acervo
probatório disponibilizado pelas partes acerca da controvérsia debatida.

3. Cumpre esclarecer que, no Termo de Arbitragem, o item 5.5.b define como ponto
controvertido a responsabilização da Requerida pelo descumprimento da sua obrigação de
resultado, em conformidade com as Cláusulas 6.1.a, 10.1 e/ou 11.1 do Contrato. Ou seja,
qualquer informação relativa a esse tema é de suma importância para o julgamento final de
mérito por este Tribunal Arbitral.

4. Assim, em que pese não constar no Termo de Referência, o conteúdo do relatório, acerca
da viabilidade e melhor adequação da nova tecnologia de processamento de milho pantanesco à
Usina Alvorada, comprova que a Requerida violou o seu compromisso de adequar o design da
obra à melhor tecnologia disponível, capaz de solucionar o resultado insatisfatório da produção
de etanol de segunda geração (E2G) e satisfazer as finalidades contratuais da Requerente.

5. Ademais, não se pode olvidar que o suposto “elemento surpresa” trata-se, na verdade, de
um relatório produzido e encaminhado à Requerente pela própria Penfolds, de modo que não
cabe à parte alegar desconhecimento do conteúdo de um documento de sua autoria, tampouco
arguir a nulidade do procedimento em virtude da sua falha na preparação do seu expert.

6. Portanto, diante da importância do teor do relatório ao deslinde da causa sub judice,


desconsiderá-lo seria beneficiar a Requerida, que, desde a execução do Contrato, ocultou dados
relevantes sobre a realização das obras acerca da possibilidade de correção, à época, da
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performance do E2G. Aliás, o fato de o assunto tratado no referido documento não fazer parte
do Termo de Referência se deve exclusivamente à omissão da Requerida sobre tal informação.

7. Por esses motivos, a Dra. Casablanca atuou de maneira escorreita durante a acareação
técnica do Dr. Sekito, uma vez que, pautada nos documentos disponibilizados pelas partes,
questionou o expert acerca de um ponto que, a priori, demonstrava-se controvertido.

8. Inicialmente, o Dr. Sekito defendia a inviabilidade da implementação do sistema de


pré-processamento sugerido pela expert, especialmente quanto à reforma da estrutura da usina
para acomodar o equipamento de irradiação ultrassônica, no caso de abertura do “cure period”.

9. Entretanto, o relatório encaminhado pela Requerida comprovava que, deliberadamente,


foram realizadas adaptações na obra de forma inadequada aos propósitos contratuais e negociais
da Requerente. Foi constatado que, durante a fase de operação assistida, a produção de etanol de
segunda geração foi preterida em favor do etanol de primeira geração (E1G).

10. Ou seja, o questionamento da Dra. Casablanca visava a tão somente esclarecer os pontos
de vista discordantes entre os experts, conforme disposição do item B5.2 das Diretrizes
Específicas do Protocol for the Use Party-Appointed Expert Witnesses in International
Arbitration da Chartered Institute of Arbitrators (“CIArb”):

As testemunhas devem fazer perguntas umas às outras, a fim de esclarecer seus


respectivos pontos de vista sobre esse ponto, para determinar as bases em que
eles discordam dos pontos de vista uns dos outros e para testar os pontos fortes
e fracos relativos a esses pontos de vista.

11. Ocorre que, diante da falha da Requerida, que não instruiu corretamente o Dr. Sekito
com todos os documentos que encaminhou à Requerente, o expert não tinha conhecimento de
tais informações acerca das alterações realizadas na Usina. A par do conteúdo do relatório, o Dr.
Sekito mudou o posicionamento adotado inicialmente, defendendo que medida mais adequada
seria, à época do comissionamento, a instalação da nova tecnologia desenvolvida pela Penfolds.

12. Todos esses fatos demonstram que, por motivações exclusivamente econômicas, e não
técnicas, a Requerida optou por aprimorar as métricas de produção e qualidade do E1G, sem
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realizar os devidos ajustes na Usina Alvorada para que os níveis de E2G fossem atingidos.
Inclusive, a preocupação da Requerente com a produção de E2G e seus níveis de performance já
havia sido manifestada anteriormente ao Dispute Board. Ou seja, a falha nas adaptações estariam
relacionadas a um fator econômico e aqui, ressalta-se, totalmente omitido para a COBOS.

13. Isto posto, mesmo que este Tribunal Arbitral entenda que o tema do relatório não tenha
sido expressamente especificado no Termo de Referência enquanto objeto de produção
probatória, não se pode ignorar que a análise do seu conteúdo impacta diretamente na
conclusão a respeito do inadimplemento da garantia de performance pela Requerida, de
maneira que não devem os testemunhos dos experts ser declarados nulos.

II. CONCLUSÃO E PEDIDOS

Diante do que foi exposto, a Requerente pede que o Tribunal Arbitral indefira o pedido da
Requerida quanto à declaração de nulidade dos testemunhos da Dra. Minerva Casablanca e do
Dr. Hélio Sekito colhidos no procedimento de hot-tubbing.

Letícia Parker
OAB 22112018
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ORDEM PROCEDIMENTAL

22 de Dezembro de 2023

PROCEDIMENTO ARBITRAL

COBOS BIOENERGIA v. PENFOLDS TECHNOLOGY.

CAMAGRO/Nº 21/2023

O presente documento é a materialização do que foi discutido em reunião, realizada no dia 22 de


Dezembro de 2023 via teleconferência, entre o Tribunal Arbitral, as Partes e a Secretaria da
CAMAGRO, com o objetivo de ouvir as Partes em relação à impugnação apresentada pela
Requerida, devidamente respondida pela Requerente, acerca da audiência realizada em 13 de
novembro de 2023.

Após deliberação, acrescentou-se à apreciação do Tribunal Arbitral a validade e aproveitamento


das provas processuais resultantes de instrução probatória conduzida no dia 13/11/2023, ficando
assim definidas as questões:

a) A decisão emanada pelo Dispute Board no relatório n° 03 obsta o Tribunal Arbitral de


apreciar a controvérsia a respeito do inadimplemento da garantia de performance?
b) A Requerida deve ser responsabilizada pela violação da sua obrigação de resultado em
conformidade com as Cláusulas 6.1.a, 10.1 e/ou 11.1 do Contrato?
c) A Requerida violou o compromisso de exclusividade e não concorrência da Cláusula 21.1 do
Contrato ao prestar serviços à Destilaria Pinotage?
d) As provas produzidas na audiência de hot-tubbing, resultantes da discussão entre os experts e
da apresentação do documento enviado pela Penfolds Technology e suscitado pela Dr.ª
Minerva Casablanca, são válidas para o presente procedimento arbitral?

MARIA CRISTINA COELHO

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