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VI COMPETIÇÃO DE
ARBITRAGEM NO
AGRONEGÓCIO
CAMAGRO
Maio– Junho
2024
Sustentações Orais
23 a 24 de Maio (online)
07 e 08 de Junho (presencial)
Organização
Câmara de Arbitragem e Mediação do Agronegócio
CAMAGRO
SUMÁRIO
Documento Página
Requerimento de Arbitragem 5
Anexo Requerente #1 17
Anexo Requerente #2 18
Anexo Requerente #3 19
Anexo Requerente #4 42
Anexo Requerente #5 43
Anexo Requerente #6 47
Anexo Requerente #7 50
Anexo Requerente #8 52
Anexo Requerente #9 55
Anexo Requerida #1 82
Letícia Parker
OAB 22112018
Rua dos Encantos, s/n
Porto Seguro, Matopiba
Brasil
leticia@parker.com
20 de Março de 2023
Por e-mail e via postal
A cláusula compromissória firmada pelas partes prevê que a sede da arbitragem será
preferencialmente na cidade de Cuiabá, Estado do Pantanal, e que o processo será julgado por
Tribunal Arbitral composto por três membros.
Por último, a COBOS Bioenergia Ltda. indica que o sr. Fernando Junqueira para atuar como
árbitro no presente processo arbitral.
Att.,
Letícia Parker
5
I. SÍNTESE FÁTICA
1
Anexo 1
6
2
Anexo 2
3
Anexo 3
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10. No entanto, desde o segundo semestre de 2021, iniciou-se uma crise no abastecimento de
grãos no Estado do Pantanal, causada por uma severa estiagem.4 Em que pese a Requerente tenha
conseguido fontes alternativas de milho dentado e milho doce, os problemas hídricos da região
conduziram à indisponibilidade do milho pantanesco nas quantidades e qualidades necessárias para
a realização dos testes de performance na data prevista no cronograma contratual.
11. Diante dessas circunstâncias, a Requerente informou à Requerida que poderia importar o
milho híbrido do cultivar “BRS diamantino”, com composição lignocelulósica semelhante ao do
grão do milho pantanesco, visando a possibilitar testes da produção de E2G, até que normalizado o
abastecimento no Estado do Pantanal.5 Ocorre que a Requerida se recusou a realizar os testes de
performance com subtipo de milho não previsto contratualmente, sem, contudo, propor qualquer
alternativa para contornar o problema de indisponibilidade do milho pantanesco.
12. A Requerente, então, procurou o Dispute Board em janeiro de 2022, a fim de discutir a
viabilidade de utilização do milho “BRS diamantino” como substituto ao milho pantanesco nos
testes de performance, deixando clara a sua preocupação com o resultado do comissionamento. A
Requerida, por sua vez, insistiu que não se vincularia aos resultados dos testes de performance
enquanto a Requerente não cumprisse sua obrigação de entregar o insumo.
4
Anexo 4
5
Anexo 5
8
13. O Dispute Board, após análise dos laudos técnicos apresentados pelas Partes, recomendou a
continuidade dos testes de performance com a utilização do milho “BRS diamantino”, diante da
necessidade de avaliar a tecnologia de processamento da biomassa lignocelulósica e da preocupação
mútua com atrasos ao cronograma da obra. Também recomendou que as métricas de performance
do Manual de Comissionamento (Anexo III do Contrato) fossem adequadas às características do
milho substituto, de modo a resguardar a autenticidade do resultado dos testes.6
16. A Requerida aduziu que os parâmetros contratuais e os desvios aceitáveis deveriam ser
ajustados ao insumo substituto, em conformidade com a anterior decisão do Dispute Board, o que
justificaria o resultado "não satisfatório" dos testes. A Requerente, por sua vez, expressou sua
preocupação quanto à eficiência da tecnologia de processamento implementada na Usina Alvorada
e requereu a realização de testes suplementares para examinar a performance da produção do E2G.
17. As Partes, então, em conjunto, acionaram o Dispute Board em fevereiro de 2022 para
solucionar a controvérsia a respeito da interpretação dos testes. Conforme o relatório, o Comitê
concluiu que “os testes de performance obtiveram resultados com desvio admissível, em virtude do
maior grau de incerteza gerado pela utilização do milho do cultivar BRS diamantino”, mas
entendeu ser indevida a pretensão da COBOS de realizar testes suplementares.8
6
Anexo 6
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Anexo 7
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Anexo 8
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18. Diante disso, as Partes prosseguiram com a execução do programa contratual, ocorrendo a
entrega parcial da obra e, assim, o início da fase de operação assistida. Ao longo desta nova etapa,
houve o gradual aperfeiçoamento da performance geral da usina, porém não se observou qualquer
melhora quanto à produção de E2G, cujo rendimento permaneceu estagnado.
19. Quando dos testes finais de performance, realizados no fim da fase de operação assistida,
verificou-se que a produção de etanol com o milho “BRS diamantino” apresentou resultados
inferiores aos índices contratuais, quando analisado isoladamente o E2G. Sabendo que esse
problema poderia inviabilizar a futura operação comercial com o milho pantanesco, a COBOS
informou que não aceitaria a entrega definitiva da obra enquanto não fosse demonstrado que a
tecnologia contratada atendia integralmente aos fins contratuais e operacionais.
21. No entanto, o Dispute Board decidiu contrariamente aos interesses da COBOS, por
entender que o objeto contratual foi satisfeito, e, quanto ao milho pantanesco, que a não entrega do
insumo pela contratante atrairia a incidência da Cláusula 14.5.1. Assim, o Comitê rejeitou o pedido
de suspensão do contrato e, mesmo sem que a Penfolds tenha apresentado pedido contraposto,
reconheceu o encerramento do programa contratual por aceitação tácita da obra9.
23. Poucos meses depois, a Usina Alvorada passou a produzir etanol a partir do milho
pantanesco. Todavia, apesar de utilizar o insumo dentro das especificações contratadas, o etanol
9
Anexo 9
10
Anexo 10
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24. Soma-se, ainda, o fato da Requerida ter omitido informações de que possuía tecnologia
mais avançada do que a implementada na Usina Alvorada, em violação à previsão de uso da melhor
tecnologia disponível, conforme preceituado na Cláusula 6.1.c do Contrato12.
26. Diante desse novo contexto, a Requerente, em fevereiro de 2023, notificou a Requerida por
sua inadimplência, em razão do etanol produzido não corresponder às exigências contratuais e não
se adequar às suas finalidades comerciais. Ao fim, requereu esclarecimentos quanto à obra que
estaria realizando na destilaria da Pinotage, pois a instalação de tecnologia similar em
empreendimento concorrente violaria a cláusula de non-compete13.
27. Em resposta, a Penfolds tão somente afirmou: "conforme manifestação do DB, a execução do
contrato ocorreu de forma integral e, diante disso, não há que se falar em inadimplemento contratual
ou desrespeito a qualquer garantia ou cláusula prevista no Contrato". Assim, diante da
impossibilidade de resolução amigável do conflito, a Requerente aciona a cláusula compromissória
do pacto para instaurar a presente arbitragem.
28. O Tribunal Arbitral a ser constituído possuirá plena competência para julgar o presente
litígio, conforme estabelecido na cláusula de resolução de conflitos, que dispõe expressamente a
respeito da escolha das Partes pela arbitragem como método de resolução de quaisquer
controvérsias oriundas do referido Contrato.
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Anexo 11
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Anexo 12
13
Anexo 13
11
29. Destarte, a Requerente pleiteia a instauração de arbitragem para que seja responsabilizada e
condenada a Requerida, em decorrência (II.A) do inadimplemento contratual da Requerida
quanto à sua obrigação de resultado e, também, (II.B) da violação da cláusula de non-compete.
32. Os relatórios dos testes conduzidos pela Requerente revelam que, mesmo após a
regularização da matéria-prima utilizada, a performance da produção de etanol com o milho
pantanesco permanece insatisfatória.
33. Observa-se que os parâmetros de “octanagem” e “poder calorífico inferior” estão abaixo dos
níveis ótimos de performance, o que, por si só, ensejaria a condenação da Requerida ao pagamento
do Buy Down previsto na Cláusula 10.5 do Contrato. Ainda pior, os quesitos “rendimento” e
“intensidade de carbono” apresentaram resultados inferiores aos níveis mínimos de
performance, tornando, na prática, a operação economicamente inviável.
14
O gráfico apresenta os valores em caráter percentual, sendo o máximo (100%) o nível ótimo. O parâmetro
“intensidade de carbono” foi representado como “nota de eficiência energético-ambiental”, a partir da
comparação dos números do bioetanol com o combustível substituto de origem fóssil, em conformidade
com a Resolução nº 758/2018 da ANP.
12
35. Assim, as escusas fornecidas pela Requerida durante o comissionamento da obra - relativas
à margem de erro pelo uso do milho substituto - não correspondem à realidade, pois os testes
posteriores com o próprio milho pantanesco atestam que o problema está, de fato, na central de
processamento de biomassa lignocelulósica instalada na Usina Alvorada. Em outras palavras, os
resultados negativos não podem ser justificados pela utilização do milho de subtipo diverso.
36. Por isso, havendo evidências de que a Penfolds entregou a obra em desconformidade com os
parâmetros de performance estipulados no Manual de Comissionamento, configura-se a violação
da garantia de performance prevista na Cláusula X.
37. Além disso, a garantia de performance deve ser conjugada com a leitura da Cláusula 6.1.a.
do Contrato, na qual a Requerida declarou e garantiu assumir “[...] total responsabilidade pela
adequação do design e do resultado da obra às finalidades do Contrato”. Isto é, a empreiteira
assegurou que o desempenho da Usina Alvorada, no momento de entrega da obra, estaria
adequado às finalidades comerciais declaradas pela Requerente (“fitness-for-purpose”).
38. Nesse sentido, desde o início das tratativas entre as Partes, a Requerente deixou claro o seu
objetivo ao contratar a tecnologia de processamento dos resíduos lignocelulósicos: ser capaz de
produzir etanol a partir do milho pantanesco com alto nível de eficiência econômica e
13
“D. Além da utilização dos subtipos de milho mais comuns, como doce e dentado, a
Contratante deseja produzir etanol também a partir da subespécie Zea mays palude
(“milho pantanesco”), em razão da sua disponibilidade na região de Rio Verde/PN e
da proximidade da Usina com fornecedores dessa variedade de milho.”
39. Porém, a empreitada falhou ao atingir esse objetivo, pois o desempenho da Usina não
atende aos níveis mínimos de performance, o que, repita-se, significa que a operação com o milho
pantanesco está economicamente inviável. Por isso, tanto pelo descumprimento das métricas
previstas no Manual de Comissionamento quanto pela inadequação do resultado aos objetivos
contratuais externalizados pela COBOS, evidencia-se a violação da garantia de performance.
40. Pelo exposto, a Requerente pede (i) a abertura do cure period (Cláusula 10.2) para que a
Requerida execute, às suas expensas, as adaptações necessárias à Usina Alvorada, ou (ii) a rejeição
parcial da obra (Cláusula 14.4.1), com a consequente condenação da Requerida à devolução do
valor recebido, acrescido de multa indenizatória (Cláusula 18.2.b). Em ambos os casos, pugna-se
pela aplicação da multa moratória por violação de declaração e garantia (Cláusula 18.2.d).
41. Mesmo que, eventualmente, o Tribunal Arbitral considere que os novos testes com o milho
pantanesco não demonstram a violação da garantia de performance da Cláusula X, não há dúvidas
que a garantia de durabilidade da Cláusula XI foi violada pela Requerida.
42. Nos termos da Cláusula 11.1, a Penfolds garantiu que a Usina Alvorada funcionaria dentro
dos níveis de performance pactuados pelo período de 18 (dezoito) meses após a entrega da obra,
seguindo a Curva de Durabilidade prevista no Manual de Comissionamento.
44. Isso posto, em que pese o prazo de garantia de durabilidade ainda esteja vigente, os
documentos anexos revelam a inferioridade do desempenho atual da usina em comparação com o
desempenho esperado. Por isso, a COBOS pugna, subsidiariamente, pela condenação da Penfolds
ao pagamento da multa prevista na Cláusula 11.2, no valor de 10% do Preço Global do Contrato,
pela violação à garantia de durabilidade.
46. Nos termos das Cláusulas 21.1 e 21.1.2. do Contrato, a Penfolds não poderia se envolver
comercialmente, prestar serviços ou participar, direta ou indiretamente, de atividade concorrente
com os negócios da COBOS, em um raio de 100 km (cem quilômetros) da Usina Alvorada, pela
duração das obras e até 1 (um) ano após a assinatura do Termo de Entrega.
48. Por isso, resta evidente a violação à cláusula de non compete, pois (i) a mencionada relação
comercial se iniciou durante o período de quarentena da Cláusula 21.1, (ii) o empreendimento
concorrente está inserida no limite territorial da Cláusula 21.1.2, (iii) a destilaria do Grupo
Pinotage utilizará a mesma rede de distribuição de matéria-prima da Usina Alvorada, o que
prejudicará o acesso da COBOS a insumos, especialmente o milho pantanesco.
50. Em outras palavras, a relação comercial entre o Penfolds e o Grupo Pinotage demonstra
violação tanto ao compromisso de não concorrência (Cláusula 21.1) quanto à garantia, prestada
pela contratada, de que toda a tecnologia implementada seria a melhor disponível (Cláusula 6.1.c).
51. Desse modo, deve a Requerida ser condenada ao pagamento da multa indenizatória
prevista na Cláusula 21.3, no valor de 10% do Preço Global, assim como da multa moratória
prevista na Cláusula 18.2.d, no valor de 2% do Preço Global.
Letícia Parker
OAB 22112018
AGRO NEWS
ANEXO #1 REQUERENTE 17
AGRO ROCKS
SUMÁRIO
CONSIDERANDO QUE:
D. Além da utilização dos subtipos de milho mais comuns, como doce e dentado, a
Contratante deseja produzir etanol também a partir da subespécie Zea mays palude
(“milho pantanesco”), em razão da sua disponibilidade na região de Rio Verde/PN e da
proximidade da Usina com fornecedores dessa variedade de milho.
21
(omissis)
2.1 Nos termos deste Contrato, fazem parte do escopo da obra (“Escopo da Obra”) todos
e quaisquer serviços necessários à execução da reforma da Usina, que engloba:
2.3 Este Contrato será executado em regime de EPC (Engineering, Procurement and
Construction), a preço global.
2.4 Integram e completam o presente Contrato, para todos os fins de direito, obrigando
as partes em todos os seus termos, todos os anexos a ele apensados.
22
3.3. Não obstante o quanto disposto nos itens acima, a alteração do projeto ou da
execução da obra não será considerada como Mudança de Escopo e não resultará em
qualquer ajuste do Preço Global, quando for imputável exclusivamente à Contratada.
f) Responder pela boa qualidade e pelos resultados esperados dos serviços, bem
como pela solidez das obras.
(omissis)
9.1. A Contratada responderá pela solidez e segurança dos serviços executados por ela
própria ou por suas subcontratadas, ficando obrigada a reparar ou refazer, a sua custa e
dentro de prazo compatível acordado entre as partes, todos os defeitos, erros, falhas,
omissões e quaisquer irregularidades comprovadamente de sua responsabilidade que
venham a ser verificados no decurso de prazo de 5 (cinco) anos, contados da data de
emissão do Termo de Recebimento Definitivo (adequar), conforme previsto no Código
Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/2002).
26
10.4. Caso os testes finais atinjam patamar de desempenho inferior aos Níveis Mínimos
de Performance, restará configurado o inadimplemento total da garantia de
performance, hipótese na qual a Contratante poderá rejeitar a entrega da obra, nos
termos da Cláusula XIV, e a Contratada estará sujeita às penalidades da Cláusula 18.2.
10.5. Caso os testes finais atinjam patamar de desempenho entre os Níveis Mínimos e
Níveis Ótimos de Performance, restará configurado o inadimplemento parcial da
garantia de performance, hipótese na qual a Contratada estará sujeita ao pagamento de
multa indenizatória(“Buy Down”), entre 5% (cinco por cento) e 10% (dez por cento) do
Preço Global, proporcional à redução de performance.
27
11.1. Pelo período de 18 (dezoito) meses, contados da data da Aceitação Final da Obra, a
Contratada garante a durabilidade do desempenho da Usina, em conformidade com a
garantia de performance prevista na Cláusula X deste instrumento e com o decréscimo
de desempenho descrito pela Curva de Durabilidade do Manual de Cronograma.
12.1 Este Contrato vigerá por prazo determinado, conforme o Cronograma, contado a
partir da data de sua assinatura até a conclusão integral do Escopo da Obra e
modificações necessárias à sua perfeita execução.
13.2. O comissionamento será subdividido nas seguintes etapas, que serão realizadas
sucessivamente conforme o Cronograma e objetivos descritos a seguir:
13.4. Até 30 (trinta) dias antes da conclusão provável da fase de montagem, a Contratada
deverá notificar a Contratante da intenção de submeter a obra ao testes de
performance.
14.2. A emissão do Termo de Aceitação Provisória será o marco inicial para Fase de
Operação Assistida, que consistirá no acompanhamento feito por equipe especializada
da Contratada à instrução de profissionais da Contratante quanto ao detalhamento dos
procedimento gerais e específicos, à execução de atividades operacionais e à execução
de atividades de manutenção corretiva e preventiva.
14.4.1 Os itens do Escopo da Obra previstos na Cláusula 2.1 poderão ser individualmente
rejeitados pela Contratante (“Rejeição Parcial”), hipótese na qual a Contratada deverá
devolver proporcionalmente os valores recebidos a título de pagamento pela
implementação do respectivo item, em conformidade com o Termo de Pagamento.
14.4.2. Na hipótese de todos os itens do Escopo da Obra previstos na Cláusula 2.1 serem
rejeitados pela Contratante (“Rejeição Total”), o Contrato será resolvido, incidindo as
disposições da Cláusula XVII e as penalidades da Cláusula XVIII.
14.5. Caso seja constatado que foram cumpridos todos os requisitos contratuais e
técnicos previstos neste instrumento e nos documentos anexos, a Contratante não pode
se negar a emitir o Termo de Aceitação Provisória ou o Termo de Aceitação Final, sob
pena de aceitação tácita dos testes e da entrega da obra (“Aceitação Tácita”).
15.2 A Contratada poderá suspender a execução das Obras nas seguintes hipóteses:
a) falta de pagamento, sem justa causa, de parcela do valor devido pela Contratante.
15.2.1 A suspensão dos trabalhos fora das hipóteses permissivas desta Cláusula obriga a
Contratada ao pagamento das perdas e danos resultantes, na forma do art. 624 do
Código Civil Brasileiro.
15.3 Em quaisquer das hipóteses listadas nesta Cláusula, a suspensão do Contrato não
poderá ser superior ao período ininterrupto de 06 (seis) meses ou ao período agregado
de 12 (doze) meses.
17.1 O Contrato poderá ser definitivamente resolvido, de pleno direito, por acordo
comum entre as Partes ou, pela parte inocente, nas seguintes hipóteses:
a) qualquer uma das partes, sem motivo justo, causar atraso no Cronograma por
período superior a 30 (trinta) dias consecutivos ou a 180 (cento e oitenta) dias
agregados;
b) qualquer uma das partes requerer recuperação judicial ou tiver decretada a sua
falência, ou tornar-se insolvente, ou entrar em liquidação judicial ou
extrajudicial;
17.3. O Contrato poderá ser definitivamente resolvido, de pleno direito, pela Contratada,
se a Contratante atrasar o pagamento das faturas nele previstas, sem que haja justa
razão para isso, por período superior a 30 (trinta) dias.
18.1. A inadimplência de qualquer das Partes será caracterizada pelo não cumprimento
de suas obrigações previstas no presente Contrato, bem como pela inveracidade ou não
atendimento às declarações e garantias prestadas neste instrumento.
a. Multa indenizatória no valor de 10% (dez por cento) do Preço Global, em caso de
rejeição total, nos termos da Cláusula XX, ou de resolução do Contrato por culpa
da Contratada, nos termos da Cláusula XVI;
b. Multa indenizatória no valor de 10% (dez por cento) do preço equivalente à parte
rejeitada da obra, em caso de rejeição parcial, nos termos da Cláusula XIV;
c. Multa moratória semanal de 0,2% (dois décimos de por cento) do Preço Global,
limitada a 5% (cinco por cento) do Preço Global, em caso de atraso injustificado
de obra, por sua responsabilidade;
a. Multa moratória semanal de 0,2% (dois décimos de por cento) do Preço Global,
limitada a 5% (cinco por cento) do Preço Global, em caso de atraso injustificado
de obra, por sua responsabilidade;
18.4. Em qualquer das hipóteses previstas neste instrumento, o valor agregado das
penalidades, indenizatórias e moratórias, aplicadas sobre a Parte inadimplente será
limitado a 20% (vinte por cento) do Preço Global.
(omissis)
CLÁUSULA XX - SEGUROS
(omissis)
21.1. Durante o período de execução das obras e pelo período de 1 (um) ano após a
assinatura do Termo de Entrega, a Contratada não poderá se envolver comercialmente,
prestar serviços ou participar, direta ou indiretamente, de atividade concorrente com os
negócios da Contratante, seja por meio de parcerias, joint ventures, ou qualquer outra
forma que possa criar um conflito de interesses com as atividades da Contratante.
34
21.1.1. Não obstante o quanto disposto no item acima, não constituirá violação ao
compromisso de exclusividade e não concorrência: (i) atividade de qualquer natureza
não englobada pelo Escopo da Obra; (ii) prestação de serviço de consultoria.
21.3. A violação de qualquer dos termos de não concorrência previstos nesta cláusula
ensejará o pagamento de multa indenizatória no valor de 10% (dez por cento) do Preço
Global atualizado, sem prejuízo de outras medidas legais cabíveis.
(omissis)
(omissis)
24.1. Este Contrato e os direitos das Partes nos termos deste Contrato serão regidos,
interpretados e executados de acordo com as Leis da República Federativa do Brasil.
24.3.1 O tribunal arbitral será composto por 3 (três) árbitros, dos quais 1 (um) será
nomeado pela(s) requerente(s), e 1 (um) pela(s) requerida(s). O presidente do tribunal
arbitral será escolhido em conjunto pelos 2 (dois) coárbitros no prazo fixado pela
CAMAGRO. Caso quaisquer das partes da arbitragem não nomeiem seus respectivos
árbitros, ou caso os coárbitros nomeados pelas partes da arbitragem não nomeiem o
presidente do tribunal arbitral nos termos do Regulamento, as nomeações faltantes
serão feitas pela CAMAGRO, na forma do Regulamento.
25.4. Cessão: Salvo se expressamente disposto no presente Contrato, nem este Contrato
nem os direitos ou obrigações nele previstos poderão ser cedidos por qualquer uma das
Partes sem o consentimento prévio por escrito da outra Parte, exceto com relação à
Compradora, que poderá ceder as obrigações ora contratadas livremente para qualquer
uma de suas Afiliadas. Qualquer tentativa de cessão executada em desacordo com o
disposto acima será nula e sem valor, e não terá qualquer validade ou efeito.
37
(omissis)
(omissis)
(omissis)
Testemunha 1
(omissis)
Testemunha 2
38
ANEXOS:
1. Objeto
2. Conceitos e Definições
(omissis)
(omissis)
4. Competências
(omissis)
5. Cronograma de Atividades
(omissis)
(omissis)
(omissis)
(omissis)
(omissis)
(omissis)
40
(omissis)
Por essa razão, solicitamos o envio dos insumos necessários para a produção de
etanol, conforme disposição da Cláusula 13.5 do Contrato, para o início dos testes de
performance.
Cordialmente,
José Gimenez
CEO da Penfolds Technology S.A
44
No entanto, desde fevereiro de 2022, uma grave crise climática assola os produtores
rurais da região do Pantanal e, por conta disso, não será possível fornecer o milho
pantanesco. A fim de buscar celeridade e dar seguimento às obras, será oferecido um
milho substituto com características bastante similares às acordadas.
Atenciosamente,
Pedro Gago
COBOS Bioenergia Ltda.
45
De tal maneira, lamentamos informar que torna-se impossível e inviável para nós
testarmos a obra com milho diferente do previsto no Contrato.
Cordialmente,
José Gimenez
CEO da Penfolds Technology S.A
46
Atenciosamente,
Pedro Gago
COBOS Bioenergia Ltda.
47
Trata-se de recomendação emitida pelo Comitê de Resolução de Disputas administrada pela Câmara
de Arbitragem e Mediação do Agronegócio - CAMAGRO, a partir de requerimento formulado pela
COBOS Bioenergia LTDA.
1. QUALIFICAÇÃO:
COBOS Bioenergia LTDA, sociedade empresária, inscrita no CNPJ sob o nº (omissis), na qualidade
de contratante e por outro lado;
Penfolds Technology S.A., sociedade empresária, inscrita no CNPJ sob o nº (omissis), na qualidade
de contratada;
(omissis)
O Dispute Board atuará em conformidade com a Cláusula 24.2 do Contrato e com as disposições do
Contrato do Comitê, que aludem às orientações, procedimentos e regras de resolução de disputas pelo
Dispute Board.
4. DO REQUERIMENTO:
(omissis)
6.1. GERAL
(omissis)
A COBOS Bioenergia alega que problemas hídricos na região ocasionaram uma crise geral de
abastecimento, levando à indisponibilidade do milho pantanesco e, em razão disso, pede autorização
para entregar milho híbrido do cultivar “BRS diamantino”. Segundo a COBOS Bioenergia Ltda, o
referido milho substituto possui características similares ao milho pantanesco quanto à composição de
material lignocelulósico em seu grão.
A Penfolds Technology S.A. afirma que a COBOS Bioenergia Ltda está inadimplente quanto à
obrigação de fornecimento dos insumos e demais matérias-primas para a etapa de comissionamento
da obra, prevista na Cláusula 13.5 do Contrato. Afirmou que, por esse motivo, não se vincularia aos
resultados dos testes de performance enquanto a Requerente não entregasse o insumo correto.
7. CONCLUSÕES:
(i) (omissis)
(ii) (omissis)
49
(iv) Assim, por imposição contratual, a Penfolds Technology deve utilizar da melhor tecnologia
disponível para a adequação de suas ferramentas e instrumentos para produção de etanol dentro das
especificações contratuais referentes ao milho pantanesco.
(v) Em contrapartida, para resguardar a confiabilidade dos resultados dos testes, as métricas de
performance devem ser ajustadas às características do milho “BRS diamantino”, conforme
comprove-se necessário em análise laboratorial. Além disso, os custos decorrentes da adaptação dos
testes de performance devem ser arcados pela Contratante.
(vi) (omissis)
(vi) (omissis)
Recomenda-se, a par das considerações anteriores, bem como, pela convergência das pretensões das
Partes, o prosseguimento dos testes de performance com o emprego do milho “BRS diamantino”, em
substituição ao milho pantanesco, atualmente indisponível.
ATA DE REUNIÃO
COBOS Bioenergia Ltda. | Penfolds Technology S.A.
11/02/2022
No dia 11 (onze) do mês de fevereiro do ano de 2022 (dois mil e vinte e dois), às 13:04h
(treze horas e quatro minutos, horário de Brasília), reuniram-se em teleconferência
via plataforma Zoom os representantes da COBOS Bioenergia Ltda. e Penfolds
Technology S.A. A reunião teve duração aproximada de 3 (três) horas, e deu-se por
encerrada às 16:21h (dezesseis horas e vinte e um minutos).
2. DOS PRESENTES
(omissis)
3. PAUTA
Com todos os participantes presentes, foi lida a pauta de reunião. A pauta previa a
discussão e negociação dos seguintes tópicos:
4. DA DISCUSSÃO
(omissis)
5. CONCLUSÕES
(i) (omissis);
(iv) Que o milho “BRS diamantino” será entregue nos seguintes padrões de
qualidade e quantidade: (omissis);
Trata-se de decisão emitida pelo Comitê de Resolução de Disputas administrada pela Câmara de
Arbitragem e Mediação do Agronegócio - CAMAGRO, a partir de requerimento formulado, em
conjunto, por COBOS Bioenergia LTDA e Penfolds Technology S.A.
1. QUALIFICAÇÃO:
COBOS Bioenergia LTDA, sociedade empresária, inscrita no CNPJ sob o nº [omissis], na qualidade
de contratante e por outro lado;
Penfolds Technology S.A., sociedade empresária, inscrita no CNPJ sob o nº [omissis], na qualidade
de contratada;
(omissis)
O Dispute Board atuará em conformidade com a Cláusula 24.2 do Contrato e com as disposições do
Contrato do Comitê, que aludem às orientações, procedimentos e regras do procedimento de resolução
de disputas pelo Dispute Board.
4. DO REQUERIMENTO:
As empresas COBOS Bioenergia LTDA e Penfolds Technology S.A, na data de 11/02/2022, através
de consulta formal, submeteram à apreciação do Comitê de Resolução de Disputas questões
envolvendo a interpretação dos resultados dos testes de performance iniciais, realizados com o milho
híbrido do cultivar “BRS diamantino”.
(omissis)
(omissis)
53
6.1. GERAL
(omissis)
A Penfolds Technology S.A. alega que os resultados obtidos nos testes de performance devem ser
interpretados como satisfatórios e, por consequência, devem conduzir ao avanço da obra para a Fase
de Operação Assistida. Além disso, quanto à performance do E2G produzido a partir do milho,
sustentou que não há previsão contratual ou regulamentação específica sobre a matéria, o que impede
a sua avaliação no comissionamento da obra.
Fundamentado em laudo técnico apresentado por sua equipe de engenharia, sustenta que os níveis
mínimos de performance, previsto no Manual de Comissionamento, foram proporcionalmente
ajustados ao milho supletivo utilizado (“BRS diamantino”), em conformidade com a anterior decisão
deste Comitê. Além disso, defendeu que o desvio dos resultados dos testes de performance, quando
comparados aos standards contratuais, justificava-se pelo milho “BRS diamantino” ser “elemento
estranho” àquele previsto contratualmente.
[…]
A COBOS Bioenergia LTDA alega que os testes de performance apresentaram resultados inferiores
aos standards contratuais, e que as diferenças entre o milho pantanesco e o milho “BRS diamantino”
seriam insuficientes para explicar o desvio dos resultados obtidos, em especial por conta da
semelhança na composição de material fibroso dos milhos.
Em virtude da similitude dos insumos, sustentou a necessidade de testes suplementares para verificar
especificamente a performance do E2G, isolando, assim, a produção de etanol a partir da biomassa
lignocelulósica do milho “BRS diamantino”. No mais, suscitou que a não comprovação da obtenção
de níveis mínimos de performance quanto ao E2G seria empecilho à aceitação parcial da obra.
[…]
7. CONCLUSÕES:
(i) (omissis)
54
(iii) O standard suscitado pela empresa COBOS Bioenergia Ltda, relativo ao aproveitamento do
material lignocelulósico do milho “BRS diamantino” e à performance específica da produção etanol
de milho de segunda geração, não está previsto no Contrato, sendo, por isso, inexigível o seu
cumprimento pela Penfolds Technology S.A;
(iii) No estrito limite dos poderes concedidos ao Comitê de Resolução de Disputas pelas Partes, não
cabe a este impor a revisão contratual ou, no caso específico, impor à contratada o cumprimento de
métrica de performance não prevista anteriormente no Contrato;
(iv) (omissis)
Reputam-se adequadas as adaptações feitas pela Penfolds Technology S.A. às métricas contratuais e,
assim, os testes de performance obtiveram resultados com desvio admissível, em virtude do maior
grau de incerteza gerado pela utilização do milho do cultivar BRS diamantino. Por isso, determina-se
a transição da obra à Fase de Operação Assistida.
Trata-se de decisão emitida pelo Comitê de Resolução de Disputas administrada pela Câmara de
Arbitragem e Mediação do Agronegócio - CAMAGRO, a partir de requerimento formulado pela
COBOS Bioenergia LTDA.
1. QUALIFICAÇÃO:
COBOS Bioenergia LTDA, sociedade empresária, inscrita no CNPJ sob o nº (omissis), na qualidade
de contratante e por outro lado;
Penfolds Technology S.A., sociedade empresária, inscrita no CNPJ sob o nº (omissis), na qualidade
de contratada;
(omissis)
O Dispute Board atuará em conformidade com a Cláusula 24.2 do Contrato e com as disposições do
Contrato do Comitê, que aludem às orientações, procedimentos e regras do procedimento de resolução
de disputas pelo Dispute Board.
4. DO REQUERIMENTO:
[...]
(omissis)
(omissis)
56
6.1. GERAL
(omissis)
A COBOS Bioenergia LTDA alega que a obra da Usina Alvorada deve ser suspensa até a
regularização do fornecimento de milho pantanesco, para que então, se proceda à realização dos testes
finais de performance. Aproveitou a oportunidade para ressaltar que o abastecimento do milho no
município de Rio Verde/PN, e região, estaria normalizado com brevidade.
Ainda, a COBOS Bioenergia LTDA sustenta que a aceitação da obra não pode ocorrer até que seja
atestado o cumprimento da obrigação de performance quanto à produção de etanol de segunda
geração (E2G), tendo em vista que a viabilidade econômica da operação com o milho pantanesco
dependerá do bom desempenho da produção de E2G,
[...]
A Penfolds Technology S.A., alega o cumprimento pleno da garantia de performance. Argumenta que
alcançou os níveis ótimos de performance, em conformidade com as métricas estabelecidas no
Manual de Comissionamento e com as adaptações validadas pelo Comitê de Resolução de Disputas
no “Relatório do Dispute Board n°2”.
Ainda, a Penfolds Technology S.A. fundamentou que, por conta do mecanismo de aceitação tácita
previsto na Cláusula 14.5 do Contrato, a COBOS Bioenergia LTDA não poderá, sem justo motivo,
recusar a Aceitação Final obra, o que igualmente incluiu a aceitação definitiva da performance da
Usina quanto ao milho pantanesco, por força da Cláusula 14.5.1.
[...]
7. CONCLUSÕES:
(i) (omissis)
(ii) (omissis)
Bioenergia LTDA, realizado na parte final da Fase de Operação Assistida, foge às hipóteses de
suspensão acordadas pelas Partes;
(iv) (omissis)
(v) (omissis)
(vi) A Penfolds Technology S.A. comprovou que os testes finais de performance atingiram os níveis
ótimos estabelecidos no Manual de Comissionamento - ajustados em conformidade com a decisão
emanada por este Comitê no “Relatório do Dispute Board n°2” -, não havendo qualquer indício de
vício, defeito ou omissão passível de reparo na Usina Alvorada.
(vii) Como também decidido por este Comitê no “Relatório do Dispute Board n°2”, é indevida a
pretensão da COBOS Bioenergia LTDA de condicionar a aceitação da obra ao atingimento de
parâmetros de desempenho não previstos no Manual de Comissionamento.
(viii) (omissis)
(ix) Transcorrido o prazo de 15 (quinze) dias, previsto na Cláusula 14.3 do Contrato, para que a
COBOS Bioenergia LTDA emita o Termo de Aceitação Final e não havendo justo motivo para a
rejeição da obra ou para a abertura do cure period, operou-se a Aceitação Tácita da entrega da obra,
conforme estabelecido na Cláusula 14.5 do Contrato;
(x) Igualmente, operou-se a Aceitação Tácita dos serviços voltados à produção de etanol de milho
pantanesco, pois o não fornecimento do insumo configurou violação, pela Contratante, da Cláusula
5.1.c e, assim, atraiu a incidência da Cláusula 14.5.1 do Contrato.
[...]
Não havendo vício, defeito ou omissão na obra imputáveis à Penfolds Technology S.A. e tendo os
testes atingido os Níveis Ótimos de Performance do Manual de Comissionamento, a empresa
contratante tinha a obrigação de emitir o Termo de Aceitação Final. Transcorrido o prazo de 15
(quinze) dias para tanto, este Comitê certifica definitivamente a fiel execução dos serviços, inclusive
quanto aos serviços direcionados à utilização do milho pantanesco como matéria-prima para a
58
produção de etanol, face à incidência do mecanismo de Aceitação Tácita previsto nos itens 14.5 e
14.5.1 da Cláusula XIV do Contrato.
COBOS Bioenergia Ltda (“COBOS” ou “Requerente”), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda (CNPJ/MF) sob o n° [omissis], com sede
no município de Sinop, Estado do Pantanal, vem por meio do seu representante legal, nos termos do Art.
22° do Regulamento de Arbitragem da Câmara de Arbitragem e Mediação do Agronegócio
(“CAMAGRO”), apresentar a presente:
1.Trata-se de aviso de insatisfação contra a terceira decisão proferida, no dia 21/09/2022, pelo Comitê de
Resolução de Disputas (Dispute Board ou Comitê) administrada pela Câmara de Arbitragem e Mediação do
Agronegócio - CAMAGRO.
2. O Comitê emitiu decisão desfavorável ao pedido da COBOS Bioenergia, ora Manifestante, de suspensão
das obras até a regularização do fornecimento do milho pantanesco, bem como negou, mais uma vez, a
realização de testes que avaliassem o desempenho da produção de etanol de segunda geração (E2G). Não
suficiente, o Comitê ainda declarou a certificação da execução dos serviços com milho pantanesco por
suposta “aceitação tácita”, dando por entregue definitivamente a obra da Usina Alvorada.
3. No entanto, devido à sua importância para a futura produção do etanol derivado do milho pantanesco, a
efetividade da produção de E2G é essencial para o cumprimento do propósito do contrato, especialmente
quanto ao seu rendimento. O milho pantanesco é caracterizado pela alta concentração de material
lignocelulósico e necessita de melhoria no processamento dos resíduos para atingir a performance adequada.
4. Por esse motivo a COBOS Bioenergia discorda da decisão do Dispute Board e reitera seu posicionamento
quanto à impossibilidade do encerramento da obra, enquanto a Penfolds Technology S.A. não comprovar o
perfeito funcionamento de todas as instalações da Usina.
60
Nª de Testes 3
Parâmetros e Normas de Verificado de acordo o Anexo III do Contrato de EPC firmado entre a COBOS
Referência Bioenergia Ltda e a Penfolds Technology S.A., assim como a NBR ISO 14065/2015,
em atendimento aos requisitos da Resolução ANP nº 758/2018.
1. APRESENTAÇÃO
A Equipe de Auditoria e Controle de Qualidade (“Equipe”) da COBOS Bioenergia Ltda foi instruída
para realizar a verificação do status atual de desempenho e da produção eficiente de biocombustíveis do
empreendimento Usina Alvorada (“Usina”), localizado no endereço acima qualificado.
Tendo em vista que a COBOS Bioenergia Ltda adota política interna de produção eficiente de
biocombustíveis em consonância com a Política Nacional de Biocombustíveis da Lei nº 13.576/2017,
utilizou-se, em complemento às métricas contratuais, as normas instituídas na NBR ISO 14065/2015 pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a ferramenta RenovaCalc (v.7) e os demais diretrizes da
Resolução nº 758/2018 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), para o
cálculo da eficiência energético-ambiental e da intensidade de carbono do etanol1.
1
Nota de Aviso: A realização de auditoria interna pela Equipe da COBOS Bioenergia Ltda não tem por objetivo a
validação da nota de eficiência energética-ambiental para fins de certificação, o que, segundo a Resolução nº 758/2018
da ANP, deverá ser realizada por auditoria independente por firma inspetora.
61
Assim, o presente relatório visa apresentar dados comparativos do desempenho real da Usina em
relação aos parâmetros de performance previstos no Anexo III do Contrato com a Penfolds Technology S.A.
e, em menor grau de importância, apresentar a Nota de Eficiência Energético-Ambiental (NEEA) do etanol
hidratado produzido a partir do milho pantanesco (Zea mays palude).
(omissis)
3. METODOLOGIA
(omissis)
4. PLANO DE AMOSTRAGEM
(omissis)
Na auditoria da produção de bioetanol a partir do milho da subespécie pantanesca (Zea mays palude),
a Equipe verificou, em todos os três testes realizados na Usina, que o desempenho da operação está inferior
aos níveis esperados, com desvio negativos nos parâmetros de “volume de produção”, “octanagem” e “poder
calorífico inferior”, além de desvio positivo no parâmetro “intensidade de carbono”2.
Segue, abaixo, tabela comparativa entre o nível real de desempenho verificado na Usina auditada,
obtido a partir da média entre os três testes, e os níveis ótimos e mínimos previstos no Contrato de EPC
firmado com a Penfolds Technology S.A:
2
Cumpre ressaltar que, por tratar-se de um parâmetro de contrapeso, o desvio positivo da “intensidade de carbono”
representa um resultado negativo para a performance da Usina, pois demonstra que a eficiência energético-ambiental
do etanol de milho pantanesco está menor do que o esperado.
62
Representando os referidos dados em relação percentual, tratando o nível ótimo como o valor
máximo do gráfico (100%), obteve-se o gráfico abaixo. Para melhor visualização dos dados relativos ao
parâmetro “intensidade de carbono”, este foi representado pela NEEA da fase industrial, a partir da
comparação entre os números obtidos com o bioetanol e a intensidade de carbono padrão do combustível
substituto de origem fóssil (87,4 g CO2eq./MJ), conforme a Resolução nº 758/2018 da ANP.
6. CONCLUSÕES
A partir dos dados coletados nesta auditoria, é possível concluir que a operação de sintetização de
bioetanol da Usina, quando utilizado o milho pantanesco como matéria-prima, não está atendendo aos
parâmetros técnicos de performance estabelecidos no documento-referência (Anexo III do Contrato),
mesmo levando em consideração a esperada redução no desempenho.
Também, o etanol hidratado de milho pantanesco da rota E1G2G está em desconformidade com as
metas de descarbonização da Política de Eficiência Energético-Ambiental da COBOS Bioenergia Ltda, tendo
em vista que a empresa estabeleceu, para 2023, a meta de todos os seus biocombustíveis atingirem fator de
emissão de CBIO ≥ 1 x 10-3 tCO2eq/l. Nesse quesito, é importante destacar que seria possível atingir a
referida meta, caso os parâmetros do Contrato de EPC relativos à performance da operação com o milho
pantanesco tivessem sido integralmente satisfeitos.
ASSINATURA DO
ENGENHEIRO TÉCNICO
ANEXO #12 REQUERENTE
AGRO NEWS
64
Aguardamos uma resposta detalhada sobre essas questões para que possamos
resolver esses problemas de maneira amigável e em conformidade com os termos
contratuais estabelecidos.
Atenciosamente,
Pedro Gago
COBOS Bioenergia Ltda.
66
Cordialmente,
José Gimenez
CEO da Penfolds Technology S.A
67
CONFIDENCIAL
Por e-mail e via postal
20/03/2023
Prezados,
7. A cláusula compromissória prevê que as disputas serão resolvidas por Arbitragem sob o
regulamento da CAMAGRO (“as regras”).
8. Convido a atenção das partes à tabela de custas arbitrais da CAMAGRO disponibilizada no site
www.camagro.com.br.
9. A cláusula compromissória prevê um tribunal arbitral composto por três membros. Cada parte terá
o direito de realizar sua escolha de árbitro, enquanto o árbitro presidente será apontado pela
CAMAGRO. No Requerimento de Arbitragem, a Requerente definiu Fernando Junqueira como
sua escolha de árbitro, a quem iremos entrar em contato no devido momento em busca da resposta
acerca da sua indicação.
10. Caso qualquer uma das partes possua objeção quanto à atuação de qualquer árbitro no presente
procedimento, possuirá o prazo de 20 (vinte) dias, a contar da data da sua nomeação, para proceder
com eventual pedido de impugnação, conforme o art. 6.1 do Regulamento. O pedido de
impugnação será encaminhado à Diretoria para deliberação e eventual decisão.
11. Conforme o art. 3.4 do Regulamento da CAMAGRO, a parte requerida tem um prazo de 30
(trinta) dias, a partir da notificação realizada pela Secretaria da CAMAGRO, para apresentar uma
Resposta ao Requerimento de Arbitragem. A não observância do prazo estabelecido preclui a parte
requerida da possibilidade de levantar pedidos de reconvenção.
12. A CAMAGRO se reserva o direito de, após a conclusão do presente procedimento arbitral, destruir
todos os documentos submetidos durante o curso da arbitragem. Salvo na hipótese de uma das
partes solicitar, por escrito, a devolução dos documentos apresentados. Nesse caso, o custo da
devolução de tais documentos será adimplido pela parte que solicitou sua devolução.
13. A CAMAGRO se disponibiliza inteiramente para sanar toda e qualquer questão, oriunda de
qualquer uma das partes.
14. Esperamos a resposta das partes em relação às questões elencadas acima.
Atenciosamente,
Paulo Hobbs
Secretaria CAMAGRO
70
Catarina Suckling
OAB 16112020
Rua das Flores, s/n
Porto Alegre, São Paulo
Brasil
catarina@suckling.com
05 de Abril de 2023
Venho, por meio deste, indicar que representarei a Requerida, Penfolds Technology S.A., no Processo
Arbitral epigrafado.
A Requerida concorda em se comunicar com a CAMAGRO por e-mail e via postal. Neste caso, o
e-mail a ser utilizado é o catarina@suckling.com.br, enquanto o endereço para envio postal é: Rua
das Flores, s/n, Porto Alegre, Estado de São Paulo, Brasil. A parte requerida indica a sra. Paula
Mendonça Costa como árbitra, de sorte que seu currículo segue em anexo.
71
Solicito, por gentileza, que sejam tomadas as ações necessárias para a confirmação da investidura da
árbitra.
Atenciosamente,
Catarina Suckling.
Anexos:
Resposta ao Requerimento de Arbitragem
Anexo 1 - Entrevista
Procuração advocatícia (não reproduzido)
CV Paula Mendonça Costa (não reproduzido)
1
Anexo #1
73
5. Contudo, antes do início dos testes de performance da usina, a Requerente alegou que
problemas hídricos na região e a consequente crise no abastecimento de grãos
impediram a aquisição do milho pantanesco, ou seja, deixou de fornecer o material
basilar para o perfeito comissionamento da obra.
6. Para além disso, a Requerente insistiu no uso do milho “BRS diamantino” enquanto
substituto do milho pantanesco, em desconformidade com os parâmetros
contratualmente previstos. A Requerida, em diversas oportunidades, questionou essa
substituição, pois o emprego de matéria-prima com características diferentes
impediria a obtenção de resultados concretos e a identificação de eventuais
irregularidades na instalação da tecnologia.
7. Esse tema foi objeto de avaliação pelo Dispute Board (“DB”), que, em seu relatório,
concluiu: "[...] faz-se necessária a substituição do tipo de milho para viabilizar a
continuidade da obra com o devido comissionamento da tecnologia contratada, o que
poderá ser alcançado, sem prejuízo ao Cronograma ou aos trabalhos da contratada, a
partir da utilização do milho híbrido do cultivar “BRS diamantino”. Também, o comitê
determinou que a COBOS deveria arcar com os custos de adaptação dos testes.
10. Com esse impasse, as Partes acionaram conjuntamente o Dispute Board, tendo o
Comitê reconhecido que a performance da Usina Alvorada atendia aos níveis
mínimos, o que autorizava a transição da obra para a próxima etapa. Para além disso,
o DB entendeu, corretamente, pela impertinência dos novos testes e parâmetros
exigidos pela COBOS, pois o Contrato não previu standards de desempenho
específicos para a produção de E2G.
11. Essa decisão não foi impugnada e então os contratantes passaram para a última etapa
do cronograma contratual, a Fase de Operação Assistida.
13. Em outras palavras, os testes de performance realizados com base nas métricas de
qualidades adaptadas, conforme Recomendação do Dispute Board, demonstraram que
a tecnologia instalada pela Requerida estava operando corretamente, levando, assim,
à conclusão do programa contratual.
14. Em setembro de 2022, após os testes finais de performance, houve, mais uma vez,
infundada resistência da COBOS quanto aos resultados obtidos. Inclusive, a
contratante pediu a suspensão do Contrato até o fim da crise de abastecimento de
milho na região de Rio Verde e, ainda, ameaçou não emitir o Termo de Aceitação Final
enquanto a Penfolds não comprovasse o atingimento das métricas adicionais de
performance, previamente negadas pelo DB.
15. Esse conflito foi levado pela Requerente à apreciação do Comitê, que concluiu que
todos os testes de performance realizados foram bem-sucedidos em alcançar os
75
18. A COBOS, por sua vez, insatisfeita com a situação, ingressou com o pedido de
instauração de procedimento arbitral em face da Penfolds.
21. Nesse sentido, é importante destacar que a força vinculativa das decisões proferidas
por Dispute Boards é essencial para a eficácia do instituto. Além disso, os
contratantes aceitaram submeter suas divergências a essa entidade de forma
voluntária e consciente, de modo que a submissão às conclusões do comitê
justifica-se, sobretudo, pelo respeito à liberdade contratual das partes.
22. Pelo exposto, o Tribunal Arbitral deve inadmitir a pretensão da Requerente quanto à
reforma das Recomendações/Decisões do Dispute Board, respeitando-se, assim, toda
e qualquer conclusão emanada pelo Comitê de Disputas.
DO MÉRITO
23. Os pedidos apresentados pela Requerente devem ser julgados improcedentes, afinal:
(II) a Requerida não pode ser responsabilizada pelos supostos vícios da obra, diante
do inadimplemento contratual da Requerente quanto à sua obrigação de fornecer os
insumos para os testes de performance.
24. Além disso, (III) a cláusula de non-compete foi respeitada, uma vez que a Pinotage
Bourbons Ltda não se configura como concorrente da COBOS e, como o serviço
realizado pela Penfolds no outro empreendimento foge ao Escopo da Obra da Usina
Alvorada, incide a exceção da não competição prevista na Cláusula 21.1.1.
28. Como mencionado acima, os testes específicos com o milho pantanesco apenas não
foram realizados pela falha da COBOS em entregar o insumo, em violação às Cláusulas
5.1.c e 13.5 do Contrato. Por isso, foram corretas as decisões do Comitê, no sentido de
que (a) os testes realizados, a pedido da Requerente, com o milho “BRS diamantino”
atingiram níveis satisfatórios de performance e, (b) quanto aos testes específicos com
o milho pantanesco, operou-se o mecanismo de aceitação tácita previsto na Cláusula
14.5.1 do Contrato.
29. Dessa forma, nova testagem da Usina, após a entrega da obra, não é capaz de
configurar o inadimplemento da garantia de performance, especialmente porque
houve a aceitação, mesmo que tácita, dessa garantia, o que não comporta retratação
posterior pela contratante. Na melhor das hipóteses para a COBOS, os novos testes
poderiam impactar na garantia de durabilidade prevista na Cláusula XI, mas o que, no
presente caso, também não ocorreu (ver abaixo, II.B).
31. Por isso, ao revés do alegado pela Requerente, o Tribunal não deve interpretar que o
cumprimento da garantia de performance da Cláusula 10.1 está vinculado ao
cumprimento da declaração de fitness-for-purpose da Cláusula 6.1.c.
32. No caso deste Tribunal Arbitral entender que a Contratada descumpriu a sua
obrigação de performance, deve-se reconhecer a exceção do contrato não cumprido,
pois houve inadimplemento da Requerente quanto ao seu dever de entregar o milho
pantanesco na etapa de comissionamento, o que impactou diretamente na capacidade
da Requerida em executar o programa contratual.
78
36. Por essa razão, ou a COBOS deve assumir os riscos decorrentes do seu pedido de
substituição do milho pantanesco pelo milho “BRS diamantino”, ou, considerando a
dinâmica obrigacional originalmente acordada, a COBOS descumpriu a Cláusula 13.5.
e, consequentemente, não pode imputar à Penfolds a violação da obrigação de
performance ou das garantias contratuais.
37. A Requerente alega que a relação comercial estabelecida entre a Penfolds e o “Grupo
Pinotage” representa violação da cláusula de non-compete, uma vez que esta seria
concorrente da COBOS, especialmente quanto à aquisição de insumos.
39. A Requerente suscita que a Requerida prestou serviços para o “Grupo Pinotage”, que
atua no setor sucroenergético e, assim, seria sua concorrente.
40. No entanto, esse argumento não deve ser acolhido pelo Tribunal Arbitral, pois a
Penfolds possui relação comercial com a Pinotage Bourbons Ltda., empresa que,
embora faça parte do grupo econômico “Pinotage”, não atua no mercado de
biocombustíveis. Na realidade, como a própria notícia da “AgroNews” destaca, o
empreendimento trata-se de destilaria de uísque e, portanto, não possui qualquer
relação com as atividades da Usina Alvorada.
41. Por isso, a mera utilização do mesmo insumo, qual seja, o milho pantanesco, não é
suficiente para atrair a incidência do compromisso de não concorrência, tendo em
vista que a Cláusula 21.1 veda a participação da Requerida em “atividade concorrente
com os negócios da Contrante”.
43. Assim, como as atividades desenvolvidas pela Pinotage Bourbons Ltda não se
qualificam como concorrentes dos negócios da Requerente, não há que se falar em
violação à cláusula de exclusividade e não concorrência.
45. Isso posto, a atividade realizada pela Penfolds na destilaria da Pinotage diverge
fundamentalmente do design da obra contratada pela COBOS. Primeiro, como as
empresas exercem atividades distintas (ver acima, III.A), os projetos de reforma de
uma usina de produção de etanol e de uma destilaria de produção de bebidas
alcóolicas, por óbvio, possuem diferentes escopos e objetivos.
(b) por sua vez, a Pinotage contratou outra tecnologia de pré-tratamento do milho,
cujo desenvolvimento apenas foi concluído pela Penfolds após o fim da Fase de
Montagem da reforma da Usina Alvorada;
47. Em outras palavras, sendo necessário adaptar o design da Usina Alvorada para a
inserção da nova tecnologia, isso significa, por consequência lógica, que o novo
método de pré-tratamento contratado pela Pinotage foge do “Escopo da Obra”
contratado pela COBOS, o que atrai a incidência da Cláusula 21.1.1 do Contrato.
81
48. Por isso, não houve violação ao compromisso de non-compete e, tampouco, houve
violação à declaração/garantia prestada na Cláusula 6.1.c, pois a tecnologia instalada
na Usina Alvorada foi a mais adequada à época de contratação e a nova tecnologia não
está englobada pelo escopo original da obra.
VII. PEDIDOS
Catarina Suckling
OAB 16112020
ANEXO #1 REQUERIDA
82
O Bate-Papo
A indústria de apps de
Em uma entrevista exclusiva concedida à nossa repórter, o CEO da mensagens continua
Penfolds Technology S.A, Sr. Pedro Gago, compartilhou insights crescendo
sobre os feitos recentes da empresa e seus planos futuros.
Destaque da empresa, o
Quando questionado sobre as perspectivas de futuras inovações, o
fundador e CEO Pedro
Sr. Gago revelou os ambiciosos planos da Penfolds. Ele afirmou que, Gago
como uma empresa focada em inovações tecnológicas, estão
constantemente pesquisando e aprimorando suas patentes. O CEO
compartilhou previsões otimistas para grandes projetos de Anotem nas suas
desenvolvimento de tecnologias que prometem impactar agendas: eventos do MTN
significativamente a produção de etanol no futuro próximo. neste mês
Uma Mensagem do
Diretor-Executivo da Penfolds
CONFIDENCIAL
Por e-mail e via postal
06 de Abril de 2023
Prezados,
Atenciosamente,
Paulo Hobbs
Secretaria CAMAGRO
85
VS.
18/04/2023
Sinop, Pantanal
3. Ou seja, houve um fato superveniente de extrema relevância não analisado pelo DB, o que
justifica tanto a admissibilidade do requerimento de instauração da presente arbitragem, mesmo
que tardio, de forma excepcional, quanto autoriza este Tribunal Arbitral a apreciar o conflito em
questão à luz das novas provas.
4. Ademais, não se pode olvidar que, em janeiro de 2023, quando a Requerente acionou o
comitê externalizando a sua preocupação, diante dos resultados insatisfatórios dos testes com o
milho “BRS diamantino”, sobre o cumprimento da obrigação de performance com o milho
pantanesco e a consequente inviabilidade operacional do insumo, o DB descartou as ponderações
da parte e decretou o encerramento do programa contratual por aceitação tácita da obra.
10. Assim, ainda que a Requerente tenha entregado milho com características diferentes das
especificações contratuais, esse fato apenas poderia excepcionar o descumprimento da obrigação da
Requerida quanto aos próprios testes de performance, mas de forma alguma poderia eximir a
responsabilidade da construtora quanto ao resultado final da obra e, no mesmo sentido, não
configura hipótese de exclusão ou perda das garantias contratuais.
do concorrente não estão englobadas pelo Escopo da Obra, para afastar a infração do dever de
exclusividade e não concorrência ao estabelecer relações comerciais com a Pinotage.
13. No entanto, deve-se considerar que (i) a utilização do milho pantanesco é um aspecto em
comum entre as duas empresas, que, em ambos os casos, depende da tecnologia de processamento
do material lignocelulósico do insumo; e (ii) a Requerente deixou clara a sua intenção de contratar
a melhor tecnologia disponível no mercado, de modo que era dever da Requerida projetar/adaptar
o design da obra à técnica que melhor satisfizesse as finalidades da Contratante.
14. Na Cláusula II do Contrato, que dispõe sobre do Escopo da Obra, o item 2.1.d prevê:
“readaptação da atual central de geração de energia elétrica para se tornar uma central de
processamento do material lignocelulósico de milho”. Isso significa que quaisquer atividades
relacionadas ao processamento do material lignocelulósico do milho, dentre as quais encontra-se a
fase de pré-tratamento, fazem parte do objeto contratual estipulado entre as partes.
15. Assim, como mesmo esclarecido pela Requerida na Resposta ao Requerimento, seu acordo
com a Pinotage envolveu a implementação de uma nova tecnologia de pré-tratamento de milho
pantanesco, que, frisa-se, estava disponível antes do fim das obras na Usina Alvorada. Ou seja, a
parte admitiu que aperfeiçoou a técnica vendida à Requerente ainda durante a execução do
Contrato, melhoramento este que poderia resolver o defeito de performance da Usina, mas, ao
invés de adaptar o design da obra, optou por negociá-lo com uma concorrente da COBOS.
16. Portanto, diante desses fatos, não pode a Penfolds descumprir a sua obrigação de alterar o
projeto da obra para a melhor tecnologia, conforme garantia prestada no item 6.1.d do Contrato, e,
depois, argumentar que a melhor tecnologia disponível não faz parte do projeto da obra para afastar
a violação do compromisso de non-compete.
89
III. CONCLUSÃO
Letícia Parker
OAB 22112018
90
CONFIDENCIAL
Por e-mail e via postal
02 de Maio de 2023
Prezados,
Fernando Junqueira
Rua Space Vitória, 2301 Bahia
Brasil
Para constituírem o presente Tribunal Arbitral, que será presidido por Maria Cristina Coelho.
2. Segue, anexo, uma cópia do termo de compromisso, o currículo dos árbitros e seus testemunhos de
independência, imparcialidade e disponibilidade.
3. Reitero às partes que, de acordo com o art. 12.7.1, deve ocorrer o adimplemento da taxa de administração
e dos honorários dos árbitros dentro do período de 30 dias - a partir da elaboração do Termo de Arbitragem
com a estipulação do valor do procedimento - conforme estipulado pela Secretaria da CAMAGRO. Caso
não haja tal observância poderá haver a suspensão do procedimento arbitral, possibilitando a retomada após
a efetivação do referido pagamento.
Atenciosamente,
Paulo Hobbs
Secretaria CAMAGRO
Anexos:
Termo de compromisso (não reproduzido)
CV Tribunal Arbitral (não reproduzido)
Testemunhos independência, imparcialidade e disponibilidade Tribunal Arbitral (não reproduzido)
cc.
Maria Cristina Coelho, apenas via e-mail
Fernando Junqueira, apenas via e-mail
Paula Mendonça Costa, apenas via e–mail
92
CONFIDENCIAL
Por e-mail e via postal
31 de Maio de 2023
Prezados,
A Secretaria da CAMAGRO agradece às partes e aos membros do Tribunal por sua cooperação
ao longo da conferência de ontem (30/05/2023).
Segue em anexo o Termo de Arbitragem elaborado com base no que foi discutido durante a
reunião.
Atenciosamente,
Paulo Hobbs
Secretaria
CAMAGRO
Anexos:
Termo de Arbitragem
93
TERMO DE ARBITRAGEM
31 de maio de 2023
Requerente:
1.1 COBOS BIOENERGIA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro Nacional de
Pessoas Jurídicas sob o n° (omissis), sediada na Rua Tomas Bombadil, s/n, Bairro da Macieira, Sinop,
Estado do Pantanal, doravante denominada “Requerente”;
Requerida:
1.2 PENFOLDS TECHNOLOGY S.A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro Nacional
de Pessoas Jurídicas sob o n° (omissis), sediada na Av. Brigadeiro Faria Lima s/n, Bairro Itaim Bibi, São
Paulo, Estado de São Paulo, doravante denominada “Requerida”;
II.PROCURADORES
e-mail: leticia@parker.com
2.2 A Requerida é representada, nesta Arbitragem, pelos advogados integrantes do escritório advocatício
Suckling Advocacia Empresarial, com endereço profissional na Rua das Flores, s/n, Porto Alegre, São
Paulo, Brasil.
e-mail: catarina@suckling.com
III.CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA
(omissis)
IV.TRIBUNAL ARBITRAL:
4.1.1 Paula Mendonça Costa, brasileira, advogada, portadora do RG (omissis) e inscrita no CPF sob
o nº (omissis), com endereço profissional (omissis), indicado pela Requerente;
4.1.2 Fernando Junqueira, brasileiro, advogado, portador do RG (omissis) e inscrito no CPF sob o nº
(omissis), com endereço profissional (omissis), indicado pela Requerida;
4.1.3 Maria Cristina Coelho, brasileira, advogada, portadora do RG (omissis) e inscrita no CPF sob
o nº (omissis), com endereço profissional (omissis), Presidente do Tribunal Arbitral, indicado de comum
acordo pelos co-árbitros.
4.2. Os árbitros ora indicados declaram expressamente que, para todos os efeitos, e nos termos da
legislação e do Regulamento encontram-se desimpedidos para exercerem a função de árbitro neste
procedimento arbitral, de acordo com as suas respectivas declarações de não impedimento e
esclarecimentos adicionais prestados.
4.3. As Partes estão de acordo que o Tribunal Arbitral foi adequado e validamente nomeado e, por meio
deste, confirmam que não possuem qualquer contestação, objeção ou oposição em relação a seus membros
e às respectivas declarações de independência, em relação às Partes e ao litígio. Do mesmo modo, as Partes
95
estão de acordo que o presente procedimento arbitral foi adequado e validamente instaurado, não havendo
qualquer objeção quanto ao seu prosseguimento, ressalvada o pedido de suspensão do processo formulado
pela Requerida.
4.4. Assim, por este Termo de Arbitragem, ratifica-se, para todos os efeitos legais, a formação do
Tribunal Arbitral, composto pelos Árbitros qualificados acima, ao qual competirá conduzir o Procedimento
Arbitral e decidir as questões nele submetidas.
5.1 A presente Arbitragem tem como objeto o litígio oriundo do Contrato de Empreitada na modalidade
EPC (Engineering, Procurement and Construction) firmado entre as Partes em 01 de abril de 2019, no qual
a Requerida foi contratada pela a Requerente para realizar a reforma da Usina Alvorada, com a adaptação
do empreendimento ao modelo flex de produção de etanol, implementação do sistema digital de controle
distribuído (“Sistema Maestro”), construção de uma nova central de autoprodução de energia elétrica,
readaptação da antiga central de geração de energia elétrica para se tornar uma central de processamento do
material lignocelulósico de milho e, por fim, a implementação de equipamentos destinados à redução da
emissão de poluentes.
5.2 Nenhuma das Partes, ao celebrar este Termo, subscreve ou aceita o resumo ou os pedidos formulados
pela outra parte, conforme descrição a seguir.
A Requerente solicita ao Tribunal Arbitral que: (a) reconheça a violação da garantia de performance e (i)
declare a abertura do cure period previsto na Cláusula 10.2., determinando que a Requerida, às suas
expensas, retifique a performance da Usina Alvorada, (ii) ou condene a Requerida à devolução do valor
referente ao Item “d” do Escopo da Obra, acrescida de multa indenizatória de 10%, totalizando
R$165.000.000,000 (cento e sessenta e cinco milhões de reais).(b) subsidiariamente, condene a Requerida
ao pagamento da multa da Cláusula 11.2., no valor de R$61.500.000,00 (sessenta e um milhões e
quinhentos mil reais), pela infração da garantia de durabilidade; (c) condene a Requerida ao pagamento da
multa indenizatória da Cláusula 21.3, no valor de R$61.500.000,00 (sessenta e um milhões e quinhentos
mil reais), pela infração referente ao compromisso de non-compete previsto na Cláusula 21.1. (d) condene
a Requerida ao pagamento da multa moratória prevista na Cláusula 18.2.d, no valor de R$24.600.000,00
(vinte e quatro milhões e seiscentos mil reais), pela violação da cláusula de declarações e garantias quanto
96
A Requerida solicita ao Tribunal Arbitral que: (a) reconheça o caráter final e vinculante da decisão do
Dispute Board, de modo o Tribunal não deve modificar a conclusão do DB ou, de outro modo, reapreciar a
controvérsia a respeito do cumprimento da garantia de performance e da aceitação da entrega da obra, pela
Requerente; (b) julgue improcedente o pedido da Requerente relativo às penalidades por inadimplemento da
garantia de performance, pois os testes realizados na etapa de comissionamento da obra obtiveram resultados
positivos - em conformidade com o Anexo III do Contrato e com as modificações sugeridas pelo Dispute
Board - e pela aceitação tácita da garantia de performance quanto ao milho pantanesco; (c) reconheça a
exceção de contrato não cumprido, de modo que a Requerida não pode ser responsabilizada pelo alegado
inadimplemento da obrigação de resultado e/ou das garantias contratuais, diante do anterior
descumprimento, pela Requerente, da Cláusula 13.5 do Contrato; (d) reconheça que não houve violação da
cláusula de non-compete, visto que a Pinotage Bourbons Ltda não se configura como empresa concorrente
da COBOS, e, de todo modo, como os escopos das obras realizadas pela Requerida em ambos
empreendimentos são diferentes, o que atrai a incidência da exceção prevista na Cláusula 21.1.1 do Contrato;
Em suas próximas submissões e nas sustentações orais, as Partes deverão discorrer acerca dos seguintes
pontos controvertidos:
a) A decisão emanada pelo Dispute Board no relatório n°03 obsta o Tribunal Arbitral de apreciar a
controvérsia a respeito do inadimplemento da garantia de performance?
b) A Requerida deve ser responsabilizada pela violação da sua obrigação de resultado em conformidade
com as Cláusulas 6.1.a, 10.1 e/ou 11.1 do Contrato?
6.1 A Arbitragem será conduzida no idioma Português (Brasil), sendo, nesse idioma, redigidas as
manifestações e requerimentos das Partes, as ordens processuais e eventuais manifestações dos árbitros,
partes, testemunhas e congêneres.
6.2 As partes elegem a cidade de Cuiabá, como sede da Arbitragem, conforme previsto na cláusula
compromissória.
6.3 As audiências iniciais ocorrerão de maneira remota entre os dias 23 a 25 de maio de 2024, enquanto as
últimas audiências ocorrerão presencialmente, caso o Tribunal Arbitral entenda como apropriado nos dias
07 e 08 de junho de 2024.
VII. DO CALENDÁRIO
7.1 As partes terão até o dia 09 de fevereiro de 2024 para solicitar esclarecimentos à Secretaria da
CAMAGRO, via e-mail competicao@camagro.com.br;
7.2 As partes devem entregar as alegações escritas até o dia 12 de abril de 2024.
8.1 A presente Arbitragem será julgada conforme a legislação brasileira vigente, não estando os árbitros
autorizados a decidir por equidade.
9.1 A Arbitragem será regida pelo Regulamento, bem como pelo Código de Ética da CAMAGRO e, na
omissão destes, pelas normas da Lei nº 9.307/96.
X.PRODUÇÃO DE PROVAS
10.1.1. As Partes acordam em instaurar a fase de instrução probatória anteriormente à apresentação das
alegações iniciais;
10.2. As cópias dos documentos terão a mesma força probante das vias originais, salvo impugnação
reconhecida pelo Tribunal Arbitral.
10.3. Todos os documentos deverão ser listados pelas Partes ao final das manifestações e cada documento
deverá ser acompanhado de breve descrição sobre o seu teor.
10.4. Quando se fizer necessária a referência a um documento, tanto as Partes quanto o Tribunal Arbitral
deverão indicar seu número e a manifestação à qual foi acostado.
10.5. O Tribunal Arbitral indicará perito responsável pela condução da perícia técnica para a audiência de
instrução probatória com prazo de impugnação das Partes de 30 (trinta) dias;
(omissis)
XI.VALOR DA DISPUTA
11.1 A Requerente estimou o valor global de seus pleitos em R$251.100.000,00 (duzentos e cinquenta e
um milhões e cem mil reais), montante em que fixa-se o valor histórico do litígio. A qualquer tempo no
curso da presente Arbitragem, e com fundamento nos documentos e alegações apresentadas pelas
Partes, o valor da causa poderá ser reajustado pelo Tribunal Arbitral e/ou pela CAMAGRO.
12.1 O valor integral da taxa de administração é R$139.220,00 (cento e trinta e nove mil e duzentos e
vinte reais), considerando o valor da disputa.
11.2 Cada parte fica responsável por adimplir 50% (cinquenta por cento) da referida quantia:
R$69.610,00 (sessenta e nove mil e seiscentos e dez reais).
11.3 Cada árbitro deverá receber o pagamento de R$195.275,00 (cento e noventa e cinco mil e duzentos e
setenta e cinco reais ). Ao presidente do tribunal, devido ao exercício de tal função, incorrerá acréscimo
de 15% nesse montante,
99
VS.
08/06/2023
Porto Seguro, Matopiba
4. Ademais, soma-se o fato da Requerida, pouco tempo após a entrega da obra, ter anunciado
publicamente o desenvolvimento de nova e aprimorada técnica de processamento dos resíduos
lignocelulósicos do milho, levando à conclusão de que a epecista não implementou a melhor
tecnologia na Usina Alvorada, violando a Cláusula 6.1.c do Contrato.
6. Isso não apenas representa uma violação da cláusula de non-compete, como também
prejudica a viabilidade econômico-financeira da operação da Requerente, tendo em vista que o
menor preço do milho pantanesco, quando comparado com outras subespécies do insumo, foi um
dos principais motivadores para a contratação da tecnologia da Requerida.
b. Prova testemunhal - oitiva dos experts e/ou membros de suas equipes técnicas
responsáveis pela elaboração dos laudos que serão apresentados pelas Partes, assim
como eventuais outros técnicos especialistas sobre os temas controvertidos.
8. Assim, requer que seja designada audiência de instrução para a produção da prova
testemunhal acima especificada e, desde já, pugna-se pela adoção do procedimento de acareação
técnica (hot-tubbing) para a oitiva dos expert witnesses indicados pelas Partes.
9. Diante do que foi exposto, a Requerente pede que o Tribunal Arbitral defira a produção
das provas indicadas no presente petitório e designe audiência de instrução. Também, requer seja
concedido prazo não inferior a 60 (sessenta) dias para a apresentação dos laudos de engenharia e de
natureza econômico-contábil sobre os temas supramencionados, assim como prazo razoável para
que as Partes nomeiem as testemunhas técnicas que pretendem serem ouvidas na audiência.
Letícia Parker
OAB 22112018
102
VS.
09/06/2023
São Paulo São Paulo
A Requerida, Penfolds Technology S.A., vem, por intermédio da sua advogada, em atenção
ao quanto disposto no Cronograma Processual, especificar as provas que pretende produzir
neste processo arbitral.
I. DELIMITAÇÃO DA CONTROVÉRSIA
4. Ainda que se entenda pelo descumprimento da obrigação de resultado, a Requerida não deve
sofrer as penalidades contratuais suscitadas pela Requerente, diante da incidência da exceptio
non adimpleti contractus, conforme o art. 476 do Código Civil Brasileiro.
8. Em conformidade com o Item 10.5 do Termo de Arbitragem, pugna-se que o Tribunal Arbitral
indique o perito responsável pela condução da perícia técnica e conceda prazo comum para
que as partes impugnem a indicação do perito ou, não havendo impedimento ou suspeição,
apresentem seus respectivos assistentes técnicos.
9. Após a apresentação do Laudo Pericial, a Requerida requer seja concedido prazo razoável
para que as partes apresentem os laudos técnicos dos seus especialistas (item “b”), bem como
seja designada audiência para a produção da prova testemunhal (item “c”).
Catarina Suckling
OAB 16112020
105
Processo nº 21/2023/CAMAGRO
RELATÓRIO
ORDEM PROCEDIMENTAL
29 de junho de 2023
PROCEDIMENTO ARBITRAL
CAMAGRO/Nº 21/2023
TERMO DE REFERÊNCIA
29 de junho de 2023
Requerente:
1.1 COBOS BIOENERGIA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro Nacional
de Pessoas Jurídicas sob o nº [omissis], sediada na Rua Tomas Bombadil, s/n, Bairro da Macieira,
Sinop, Estado do Pantanal, doravante denominada “Requerente”.
Requerida:
1.2. PENFOLDS TECHNOLOGY S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro
Nacional de Pessoas Jurídicas sob o nº [omissis], sediada na Av. Brigadeiro Faria Lima s/n, Bairro
Itaim Bibi, São Paulo, Estado de São Paulo, doravante denominada de “Requerida”;
2.1. Acordam as Partes em delimitar os pontos controversos fáticos que serão objeto da produção de
prova na presente etapa do procedimento arbitral, como sendo:
3.1. Serão objeto de Perícia Técnica de Engenharia os itens 2.1.a e 2.1.b, a ser realizada por perito
técnico de indicação do Tribunal Arbitral, conforme o Item 10.5 do Termo de Arbitragem, sob as
condições de imparcialidade e de aceitação das Partes.
3.1.1. Gregório Rosa Filho, brasileiro, engenheiro civil, CREA 2408020504/PN portador do
RG (omissis) e inscrito no CPF sob o nº (omissis), com endereço profissional em (omissis);
3.3. O perito ora indicado declara expressamente que, para todos os efeitos, e nos termos da legislação
e do Regulamento, encontra-se desimpedido para exercer a função de perito técnico neste
procedimento arbitral, de acordo com suas respectivas declarações de não impedimento e
esclarecimentos adicionais prestados. As Partes estão de acordo em relação à adequação e à validade
da nomeação do perito ora indicado e, por meio deste, confirmam que não possuem qualquer
contestação, objeção ou oposição em relação ao exercício de suas funções.
3.4. O acompanhamento da Perícia Técnica será feito pelos Assistentes Técnicos das Partes, sob
condição de aceitação da Contraparte. As Partes indicam, dentro destes termos:
111
3.8 As Partes, através de seus assistentes técnicos, devem disponibilizar os documentos necessários
para a adequada análise técnico-pericial no prazo de 05 (cinco) dias a partir de sua solicitação. Em
caso de recusa ou omissão da Parte em fornecer essas informações ao perito designado, a controvérsia
será submetida ao Tribunal Arbitral.
3.9. A Requerente se compromete a disponibilizar a Usina Alvorada para ser objeto de vistoria in loco
pelo perito acompanhado de sua equipe profissional e dos assistentes técnicos indicados pelas Partes.
4.1. Serão objeto de pareceres técnicos unilaterais todos os pontos controversos do item 2.1., não se
excluindo os itens objeto da Perícia Técnica de Engenharia descrita no item III, a serem realizados por
testemunhas técnicas indicadas pelas partes (experts).
4.1.1. Não serão realizados novos testes ou análises pelos experts quanto às questões que
foram objeto de testes e/ou análises pelo perito indicado pelo Tribunal Arbitral.
4.2. No prazo de 10 (dez) dias, contados da disponibilização do Laudo Pericial descrito no item III ou,
havendo apresentação de quesitos adicionais em conformidade com o item 3.6, contados a partir da
elucidação das dúvidas pelo perito, as Partes deverão encaminhar ao Tribunal Arbitral a indicação e
completa qualificação dos seus respectivos experts, incluindo a revelação de eventuais causas que
obstem a imparcialidade ou objetividade da sua atuação.
4.2.1. Não obstante a indicação unilateral pelas Partes, os experts deverão atuar com
imparcialidade e objetividade, de modo que suas manifestações, escritas ou orais, deverão ser
direcionadas à fiel elucidação das questões técnicas que forem objeto, não podendo o expert
deliberadamente favorecer ou prejudicar qualquer das Partes;
4.3. No prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados a partir da confirmação de sua nomeação, o expert
deverá produzir e encaminhar às Partes e ao Tribunal Arbitral o seu parecer, contendo a sua opinião
técnica e fundamentada a respeito dos tópicos sobre o qual foi nomeado para analisar, que será
disponibilizado pelas Partes aos seus respectivos experts. No prazo sucessivo de 10 (dez) dias, caso
entenda necessário, o expert terá a oportunidade de aditar, complementar ou corrigir o seu parecer
com base na opinião fornecida pelo(s) outro(s) expert(s) em seus pareceres.
4.4. Todos os experts que produziram pareceres técnicos nesta Arbitragem deverão ser ouvidos na
audiência de instrução delimitada no item V. Na hipótese de ausência injustificada do expert na
audiência, o Tribunal Arbitral deverá desconsiderar o parecer apresentado.
113
V. DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO
5.1. Fica designada a audiência para o dia 13 de novembro de 2023, com vistas à produção de provas
e de sustentação oral a partir da inquirição do perito técnico, dos experts descritos no item IV e das
demais testemunhas indicadas pelas Partes.
5.2. As Partes devem, em até 15 (quinze) dias antes da data da audiência, realizar o envio dos
seguintes documentos:
5.3. Toda a comunicação deve ser devidamente encaminhada à Secretaria da CAMAGRO, ao Tribunal
Arbitral, à respectiva Contraparte, através dos endereços eletrônicos já devidamente qualificados nos
autos processuais.
(omissis)
ASSINATURAS
(omissis)
(omissis)
114
Tribunal Arbitral
Drª. Maria Cristina Coelho
Dr. Fernando Junqueira
Drª. Paula Mendonça Costa
_______________________________________________________________________
SUMÁRIO
1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES…………………….………………………………………………….3
1.1. Objeto……………………………………………..……………………………………….………………………………………3
1.2. Síntese da Controvérsia.……………..…………………………………………………………………………………3
1.3. Objeto da Perícia..……………………………………………………………..……………………………………………6
1.4. Assistentes Técnicos…………...…………………………………………………………………………………………7
2. SERVIÇOS CONTRATADOS…………….…………………………………….……………………………….7
2.1. Usina Alvorada - Características Gerais ……..…..………………………..……………..…………………6
2.2. Escopo Contratado……………………………………………...……….…………………………………………………8
2.3. Evolução Contratual…………….…………………………………………………………….…………………………10
3. METODOLOGIA DO TRABALHO….……………….………………………………………………..……12
4. VISTORIA IN LOCO..………….…………………….……………………………………………………..……14
5. ANÁLISE DOCUMENTAL…………...…………….……………………………………………………..……20
5.1. Características da Tecnologia Contratada.………………..………...……………………………………20
5.2. Estudo de Viabilidade Técnico-Econômica…………..………………………………………………..…24
5.3. Testes Operacionais Durante a Execução da Obra…………....…………..…………….…………28
5.3.1. Testes de Operabilidade…………….…….……………………………………………………………28
5.3.2. Testes de Performance…....………………………….…………………………………………………30
5.3.3. Teste Final……………………...……………………………………………….……………………………….43
5.4. Testes Operacionais Após a Entrega da Obra..……………………....…………………….…………48
5.4. Testes Laboratoriais Suplementares……………....…………..………….……………..……….…………55
6. CONCLUSÕES………………………………..……………………………………………..….…………..……..……59
7. RESPOSTA AOS QUESITOS……………..……....………………………………..………………….…..……64
7.1. Quesitos da Requerente……………………..……………………………..…………...…….……...….…………64
7.2. Quesitos da Requerida…………………….……………………………………....……...…….……...……………67
8. ENCERRAMENTO……………………...…………….…………………….………..…………….……..…..…….70
1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
(omissis)
(omissis)
2. SERVIÇOS CONTRATADOS
(omissis)
3. METODOLOGIA DO TRABALHO
(omissis)
4. VISTORIA IN LOCO
(omissis)
5. ANÁLISE DOCUMENTAL
(omissis)
6. CONCLUSÕES
1
Os estudos preliminares de viabilidade técnica e econômica da produção de etanol a partir do milho
do subtipo zea mays palude revelaram que seria necessário produzir ao menos 280 litros de etanol
por tonelada de matéria-prima para que a operação fosse financeiramente viável, sendo estes
compostos por cerca de 60% de E1G e 40% de E2G. Assim, o volume de produção do E2G deveria
alcançar o nível mínimo de, aproximadamente, 112L por tonelada de milho.
Assim, cotejando tais dados, conclui-se que a deficiência da Usina Alvorada quanto à
capacidade produtiva de E2G pode ser extraída através da reanálise dos testes da fase de
comissionamento, uma vez que o déficit percentual do rendimento de etanol obtido da
biomassa lignocelulósica do milho “BRS diamantino” foi igual ao déficit verificado com o
milho pantanesco (levando em conta a margem de erro aceitável de ±3%). .
Ocorre que esse problema não pôde ser constatado apenas a partir da análise dos
critérios de desempenho previstos no Contrato de EPC, uma vez que não houve previsão de
níveis de performance específicos para as diferentes gerações de etanol. Por consequência,
a significativa melhor capacidade de produção de E1G do milho “BRS diamantino” eclipsou
a performance negativa da produção de E2G.
2
Cumpre, neste quesito, anotar que o Perito não observou qualquer marca visível ou indício de
desgaste prejudicial nos equipamentos vistoriados.
(omissis)
(omissis)
8. ENCERRAMENTO
(omissis)
Pela previsão do Item 5.2 do Termo de Referência, apresentam-se os documentos a serem fornecidos
pela parte Requerente ao Tribunal:
Atenciosamente,
Por meio deste, a Requerida apresenta os documentos relacionados à audiência técnica perante o
Tribunal Arbitral, conforme detalhado a seguir: (a) Parecer Técnico elaborado por Profissional de
Engenharia Civil, (b) Parecer Técnico elaborado por Profissional de Engenharia Química, (c) Resumo
dos testemunhos a serem colhidos em audiência, (d) Demais documentos relevantes.
Adicionalmente, foram definidas as seguintes testemunhas técnicas que serão apresentadas para a
audiência:
1. Dr. Günther Hermann, brasileiro, engenheiro civil, portador do RG (omissis) e inscrito no CPF
sob o nº (omissis), com endereço profissional (omissis)
2. Dr. Hélio Sekito - brasileiro, engenheiro químico, portador do RG (omissis) e inscrito no CPF sob
o nº (omissis), com endereço profissional (omissis)
Atenciosamente,
Valentina Guimarães
Suckling Advocacia Empresarial
123
DRA. MARIA CRISTINA COELHO: “Os experts declaram que possuem pleno
conhecimento acerca do objeto da presente audiência, incluindo: métodos
técnicos e químicos de produção de etanol e os níveis de performance
possíveis de serem alcançados em uma usina de biocombustíveis?”
(omissis)
DR. HÉLIO SEKITO: “Sim, o laudo pericial é bem claro nessa questão. Foi
identificado, depois do término das obras, que o problema é, de fato, na
produção de etanol de 2ª geração.”
125
DRA. MINERVA CASABLANCA: “Diante disso, Dr. Sekito, qual seria a sua
sugestão para corrigir essa situação e otimizar a produção de E2G na Usina
Alvorada?”
DR. HÉLIO SEKITO: “Com base nas análises do laudo, parece que a otimização
do processo de sintetização de E2G é crucial. Isso poderia envolver a revisão
da tecnologia atualmente empregada, a consideração de novos métodos de
processamento e, possivelmente, a integração de inovações que aumentem a
eficiência do sistema. Além disso, seria necessário avaliar a infraestrutura
da usina para garantir que suporta as mudanças propostas.”
DRA. MINERVA CASABLANCA: “Mesmo assim, houve uma estagnação dos resultados
dos testes durante a fase de comissionamento. Mais especificamente, depois do
alcance das métricas mínimas, a produção de etanol de 2ª geração não teve
grandes melhoras dos números.”
126
DRA. MINERVA CASABLANCA: “Mas, Doutor, note que não só houve a identificação
desse problema, mas também a substituição de equipamento da Penfolds foi
deliberadamente mais voltada para a melhora da produção do etanol de 1ª
geração, ao invés de correção do problema. Veja, no relatório técnico
elaborado pela própria Penfolds, o engenheiro reconhece que existe um
problema.”
DR. HÉLIO SEKITO: “Bem, realmente, o defeito que foi identificado poderia
resultar numa redução significativa na performance da usina.”
DRA. MARIA CRISTINA COELHO: “O Dr. Gregório Rosa Filho poderia tecer sua
opinião sobre o assunto?”
DR. GREGÓRIO ROSA FILHO: “Concordo com a opinião dos experts. Pela leitura
rápida do documento, me parece que o baixo teor de sacarificação explica,
inclusive numericamente, o problema que constatei na produção de E2G com os
milhos BRS diamantino e pantanesco”
(omissis)
DR. HÉLIO SEKITO: “Entendo seu ponto de vista, e concordo que a abordagem
técnica proposta parece promissora. Como especialista na área, acredito que
essa seja uma alternativa que merece consideração. A técnica à qual a senhora
se refere é a mesma presente na tecnologia desenvolvida recentemente pela
Penfolds, correto?”
característica. Talvez fosse uma mudança boa para o milho BRS diamantino, mas
não me parece adequada para o milho pantanesco.”
(omissis)
DRA. MINERVA CASABLANCA: “O senhor não acha que isso poderia ter sido feito
mais cedo? Como o senhor agora sabe, a empresa identificou esse problema
durante a fase de comissionamento”
(omissis)
DR. HÉLIO SEKITO: “Sem dúvida. Diante da situação, não apenas vejo
viabilidade, mas considero que essa seria uma solução altamente vantajosa.”
REQUERIMENTOS FINAIS:
PARTES CIENTES.
130
Prezada,
Conforme requerido pelo Tribunal Arbitral e de acordo com a Cláusula X do Contrato, segue a relação
de documentos da COBOS a serem objeto de análise no procedimento de hot-tubbing, devidamente
anexados neste e-mail.
Se for de interesse comum, nos disponibilizamos a marcar uma reunião em teleconferência para a
definição de um cronograma para a condução da oitiva, que delimite a ordem de pontos a serem
discutidos e a direção ao Tribunal Arbitral. Quaisquer dúvidas relativas aos documentos enviados
podem ser direcionados a este mesmo endereço de e-mail, ou podem ser objeto de reunião também.
Atenciosamente,
Prezada,
Comunico, por meio deste, o recebimento dos documentos encaminhados pela parte Requerente.
Igualmente, encaminho a relação dos documentos da parte Requerida para apreciação durante o
procedimento de hot-tubbing, juntamente com seus respectivos anexos.
Nesse sentido, a Dra. Catarina manifestou interesse na definição de um cronograma para a instrução
probatória, e pediu para comunicar que entrará em contato com a Dra. Letícia Parker em breve para o
alinhamento de horários a fim de encontrar uma data viável para todos os envolvidos.
Atenciosamente,
Valentina Guimarães
Suckling Advocacia Empresarial
133
DATA: 22/04/2022
1. QUALIFICAÇÃO DO TÉCNICO
(omissis)
2. OBJETIVOS
(omissis)
3. PROCEDIMENTO E METODOLOGIA
(omissis)
4. RELATÓRIO FOTOGRÁFICO
(omissis)
‘
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Diante da análise dos dados encontrados por este engenheiro em avaliações próprias,
observou-se que o substrato do milho “BRS diamantino” resultante da etapa de hidrólise enzimática
apresentou 63% do rendimento teórico de açúcares, ou seja, aproximadamente 25% inferior ao teor de
sacarificação esperado (84%), com base nos testes laboratoriais.
Testes adicionais são necessários, contudo, quando analisadas através de medidas de difração
de raios-X, realizadas em difratômetro com tubo de cobalto (Î = 1,79Å), utilizando voltagem de 40kV,
corrente de 30mA, medidas realizadas no intervalo 5°<2θ<40° com varredura em etapas de 2º e
velocidade de varredura de 1°C/min, as amostras de celulose apresentaram elevado índice de
cristalinidade (70%-74%), o que não mostrou melhora com diferenças nos testes.
134
Por esse motivo, para solucionar a recente estagnação do desempenho observada nos últimos
testes de performance da Usina Alvorada, recomendo o envio de lote do milho “BRS diamantino” aos
laboratórios da Penfolds em São Paulo ou Cuiabá, para que testes adicionais sejam realizados com o
intuito de identificar como o referido milho reage a outros métodos de pré-tratamento, em especial,
por conta dos resultados promissores dos testes com a irradiação ultrassônica.
VS.
21/11/2023
Cuiabá/Pantanal
A Requerida, Penfolds Technology S.A., vem, por intermédio da sua advogada, apresentar
pedido de nulidade da prova oral coletada na audiência do dia 13 de novembro de 2023, o
que o faz com os fundamentos fático-jurídicos que passa a expor a seguir.
2. Após o Perito indicado pelo Tribunal Arbitral disponibilizar o Laudo Pericial, as Partes
encaminharam os pareceres técnicos produzidos por seus respectivos experts e, em
sequência, foi designada audiência para a produção da prova oral requerida pelas Partes.
“C. Caso a performance da Usina Alvorada esteja abaixo dos níveis contratados,
quais adaptações serão necessárias para retificar a deficiência no desempenho?
5. Nesse viés, cumpre ressaltar que o parecer técnico produzido pela Dr.ª Casablanca analisou o
resultado do Laudo Pericial e os dados obtidos em testes laboratoriais a respeito de técnicas
de pré-tratamento da biomassa lignocelulósica do milho pantanesco para sua conclusão a
respeito do quesito listados. Em suas palavras:
pela Penfolds Technology S.A.. motivo pelo qual as adaptações sugeridas revelam-se
adequadas e possíveis.”
7. Por isso, o Dr. Hélio Sekito, engenheiro-consultor independente, foi instruído para discorrer
especificamente quanto ao tema delimitado no Termo de Referência, bem como sobre as
questões levantadas pelo parecer da Dr.ª Casablanca.
8. Isso posto, na audiência de instrução, o Dr. Sekito apresentou diversos fundamentos para
refutar o parecer da Dr.ª Casablanca quanto à viabilidade da implementação do sistema de
pré-processamento sugerido pela expert, em especial, porque seria necessário reformar a
estrutura da usina para acomodar o equipamento de “irradiação ultrassônica”.
9. Ocorre que, no momento da acareação técnica entre os experts, a Dr.ª Casablanca questionou
o Dr. Sekito: “o senhor acredita que as adaptações executadas pela Penfolds durante o
comissionamento foram adequadas para corrigir os problemas da obra?”, isto é, questão não
relacionada com o objeto dos pareceres em debate.
10. Não suficiente, a Dr.ª Minerva Casablanca surpreendeu o Dr. Helio Sekito com a apresentação
de um relatório que não constava nos autos processuais e que não havia sido indicado por
qualquer uma das Partes na relação de documentos a serem analisados na audiência, ou seja,
tratava-se de uma informação nova para o expert.
12. Após breve deliberação, o Tribunal Arbitral determinou a continuidade da audiência, com o
registro da impugnação em ata para posterior decisão definitiva pelos árbitros.
13. Sucede que a Drª Casablanca conduziu a discussão de forma argumentativa a respeito da
responsabilidade da Requerida, enquanto empreiteira, de adaptar a tecnologia instalada às
necessidades comerciais da Requerente. Ao final, o Dr. Sekito, influenciado pelo elemento
138
14. O Tribunal Arbitral deve determinar a nulidade dos testemunhos da Dr.ª Minerva Casablanca
e do Dr. Helio Sekito, face aos vícios verificados no procedimento de hot tubbing, notadamente
por conta (i) da violação ao Termo de Referência; (ii) da utilização de documento não contido
nos autos como elemento surpresa; e (iii) da atuação argumentativa e parcial da Dr.ª
Casablanca em favor da Requerente.
15. Em primeiro lugar, tendo as partes acordado, no Termo de Referência, a delimitação precisa
das matérias que seriam objeto de produção probatória, qualquer prova produzida em
desconformidade com essa convenção deve ser declarada nula e, consequentemente,
desconsiderada pelo Tribunal Arbitral.
16. Nesse sentido, o debate entre os experts deveria se limitar ao conteúdo dos itens 2.1.c e 2.1.d
do Termo de Referência, repita-se, sob pena de nulidade da prova oral. Ocorre que, no
momento de acareação técnica, por influência da Dr.ª Casablanca, os experts engajaram em
discussão a respeito de temáticas alheias à pauta convencionada.
17. Por esse exato motivo, o Relatório Técnico suscitado pela Dr.ª Casablanca também não possui
correlação com os temas previstos no Termo de Referência, uma vez que a questão relativa às
adaptações passadas, feitas pela Penfolds na Usina Alvorada, não foi delimitada enquanto
objeto de produção probatória, devendo, assim, ser desconsiderado.
18. Ademais, ainda que, hipoteticamente, fosse admissível, o referido documento não fazia parte
do acervo processual no momento de oitiva dos experts, sendo claro que a Dr.ª Casablanca
utilizou a pergunta (“o senhor acredita que as adaptações executadas pela Penfolds durante o
comissionamento foram adequadas para corrigir os problemas da obra?”) como subterfúgio
para, logo em seguida, utilizar o relatório como elemento surpresa.
19. Por fim, a Drª Minerva Casablanca descumpriu o seu dever de imparcialidade e objetividade,
ao enveredar a discussão técnica para questões não previstas no Termo de Referência,
visando ao favorecimento da Requerente.
20. Conforme o item 4.2.1 do Termo de Referência e, no mesmo sentido, o art. 4º do Protocol for
the Use Party-Appointed Expert Witnesses in International Arbitration da Chartered Institute of
139
Arbitrators (“CIArb”), a testemunha técnica, mesmo que indicada por uma das partes, deve
manter sua imparcialidade e objetividade durante todo o procedimento.
Termo de Referência
4.2.1. Não obstante a indicação unilateral pelas Partes, os experts deverão atuar
com imparcialidade e objetividade, de modo que suas manifestações, escritas
ou orais, deverão ser direcionadas à fiel elucidação das questões técnicas que
forem objeto, não podendo o expert deliberadamente favorecer ou prejudicar
qualquer das Partes;
22. Por tais motivos, o Tribunal Arbitral deve desconsiderar a referida prova oral colhida pelo
procedimento de hot tubbing, uma vez que a Dr.ª Casablanca atuou sem imparcialidade e
objetividade, nulidade que contaminou, também, o testemunho do Dr. Sekito.
23. Em conclusão, a Requerida, Penfolds Technology S.A., pede que o Tribunal Arbitral
reconheça e declare a nulidade da prova oral produzida, diante das evidentes violações
procedimentais no momento do hot tubbing.
Catarina Suckling
OAB 16112020
140
VS.
08/12/2023
Porto Seguro, Matopiba
alega que a expert da Requerente, Dra. Minerva Casablanca, (i) violou o escopo previsto pelo
Termo de Referência, (ii) utilizou documento supostamente ausente nos autos como elemento
surpresa e (iii) atuou de forma argumentativa e parcial.
3. Cumpre esclarecer que, no Termo de Arbitragem, o item 5.5.b define como ponto
controvertido a responsabilização da Requerida pelo descumprimento da sua obrigação de
resultado, em conformidade com as Cláusulas 6.1.a, 10.1 e/ou 11.1 do Contrato. Ou seja,
qualquer informação relativa a esse tema é de suma importância para o julgamento final de
mérito por este Tribunal Arbitral.
4. Assim, em que pese não constar no Termo de Referência, o conteúdo do relatório, acerca
da viabilidade e melhor adequação da nova tecnologia de processamento de milho pantanesco à
Usina Alvorada, comprova que a Requerida violou o seu compromisso de adequar o design da
obra à melhor tecnologia disponível, capaz de solucionar o resultado insatisfatório da produção
de etanol de segunda geração (E2G) e satisfazer as finalidades contratuais da Requerente.
5. Ademais, não se pode olvidar que o suposto “elemento surpresa” trata-se, na verdade, de
um relatório produzido e encaminhado à Requerente pela própria Penfolds, de modo que não
cabe à parte alegar desconhecimento do conteúdo de um documento de sua autoria, tampouco
arguir a nulidade do procedimento em virtude da sua falha na preparação do seu expert.
performance do E2G. Aliás, o fato de o assunto tratado no referido documento não fazer parte
do Termo de Referência se deve exclusivamente à omissão da Requerida sobre tal informação.
7. Por esses motivos, a Dra. Casablanca atuou de maneira escorreita durante a acareação
técnica do Dr. Sekito, uma vez que, pautada nos documentos disponibilizados pelas partes,
questionou o expert acerca de um ponto que, a priori, demonstrava-se controvertido.
10. Ou seja, o questionamento da Dra. Casablanca visava a tão somente esclarecer os pontos
de vista discordantes entre os experts, conforme disposição do item B5.2 das Diretrizes
Específicas do Protocol for the Use Party-Appointed Expert Witnesses in International
Arbitration da Chartered Institute of Arbitrators (“CIArb”):
11. Ocorre que, diante da falha da Requerida, que não instruiu corretamente o Dr. Sekito
com todos os documentos que encaminhou à Requerente, o expert não tinha conhecimento de
tais informações acerca das alterações realizadas na Usina. A par do conteúdo do relatório, o Dr.
Sekito mudou o posicionamento adotado inicialmente, defendendo que medida mais adequada
seria, à época do comissionamento, a instalação da nova tecnologia desenvolvida pela Penfolds.
12. Todos esses fatos demonstram que, por motivações exclusivamente econômicas, e não
técnicas, a Requerida optou por aprimorar as métricas de produção e qualidade do E1G, sem
143
realizar os devidos ajustes na Usina Alvorada para que os níveis de E2G fossem atingidos.
Inclusive, a preocupação da Requerente com a produção de E2G e seus níveis de performance já
havia sido manifestada anteriormente ao Dispute Board. Ou seja, a falha nas adaptações estariam
relacionadas a um fator econômico e aqui, ressalta-se, totalmente omitido para a COBOS.
13. Isto posto, mesmo que este Tribunal Arbitral entenda que o tema do relatório não tenha
sido expressamente especificado no Termo de Referência enquanto objeto de produção
probatória, não se pode ignorar que a análise do seu conteúdo impacta diretamente na
conclusão a respeito do inadimplemento da garantia de performance pela Requerida, de
maneira que não devem os testemunhos dos experts ser declarados nulos.
Diante do que foi exposto, a Requerente pede que o Tribunal Arbitral indefira o pedido da
Requerida quanto à declaração de nulidade dos testemunhos da Dra. Minerva Casablanca e do
Dr. Hélio Sekito colhidos no procedimento de hot-tubbing.
Letícia Parker
OAB 22112018
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ORDEM PROCEDIMENTAL
22 de Dezembro de 2023
PROCEDIMENTO ARBITRAL
CAMAGRO/Nº 21/2023