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BNCC

Habilidades trabalhadas no capítulo Capítulo


(EF06HI11) Caracterizar o processo de for-
mação da Roma Antiga e suas configurações
sociais e políticas nos períodos monárqui-
13 Realeza,
Realeza,
república
república
e império
e império

co e republicano. símbolo do Estado. Os últimos reis romanos eram etrus-


A realeza cos e pertenciam à Dinastia dos Tarquínios. Por volta
(EF06HI13) Conceituar “império” no mundo A história romana, que atravessou muitos séculos, foi do século XI a.C., os aristocratas romanos se revolta-
antigo, com vistas à análise das diferentes dividida em três períodos: realeza (ou monarquia), re- ram contra os reis etruscos, que passaram a exercer o
pública e império. poder de forma tirânica, diminuindo o poder dos patrí-
formas de equilíbrio e desequilíbrio entre as Segundo a tradição, durante a realeza, Roma teve cios, que acabaram com a monarquia e instituíram a re-
sete reis, tendo sido Rômulo o primeiro deles. Depois, pública aristocrática.
partes envolvidas.
vieram três reis latinos e, em seguida, outros três de ori-

Reprodução
(EF06HI14) Identificar e analisar diferentes gem etrusca:

formas de contato, adaptação ou exclusão Rômulo 753 a.C. – 716 a.C.


entre populações em diferentes tempos e Numa Pompílio 716 a.C. – 673 a.C.

espaços. Túlio Hostílio 673 a.C. – 641 a.C.


Anco Márcio 641 a.C. – 616 a.C.
Tarquínio Prisco 616 a.C. – 578 a.C.
Objetivos de Sérvio Túlio 578 a.C. – 534 a.C.

aprendizagem
Detalhe da pintura Appio Claudio Cieco no Senado, de Cesare Maccari. O Senado
Romano é a mais antiga assembleia política da Roma Antiga.
Tarquínio, o Soberbo 534 a.C. – 509 a.C.

• Nesse período, constata-se que Roma foi cercada de


A república
Compreender a estrutura política muralhas, teve suas ruas calçadas e redes de esgoto cria- A monarquia deu lugar à república aristocrática. O
republicana, destacando a importân- das. O comércio e o artesanato também foram desenvol- poder, que antes era exercido por um rei, passou a ser
vidos nessa fase. exercido por dois cônsules, os quais desempenhavam
cia das assembleias, do Senado e das Roma era governada por um rei, considerado juiz su- funções administrativas e militares. Os cônsules eram
premo de todas as causas, comandante militar e sumo eleitos por uma Assembleia Centuriata.
magistraturas.

sacerdote da religião romana. Fazer as leis, portanto, não
O termo latino res significa “coisa”, e publica significa “do
Entender o processo que levou ao surgi- era um atributo real: o rei podia apenas propor leis, mas
povo”. Assim, a palavra república quer dizer “coisa do povo”.
nunca as criar livremente. Duas assembleias patrícias
mento das leis sociais que ampliaram a controlavam o poder real: a Assembleia Centuriata, ou Nem todas as pessoas participavam da vida pública da ci-
Popular, composta de todos os cidadãos em idade mili- dade nem tinham direitos políticos ou podiam escolher seu
participação dos plebeus na sociedade tar, e o Senado, formado pelos chefes patrícios. próprio governante. Os plebeus constituíam a maior parte
romana. A Assembleia Centuriata discutia as propostas da população, mas não decidiam sobre nada. Nas eleições
reais, aprovando-as ou rejeitando-as, mas não tinha o romanas, apenas os patrícios participavam como candida-
direito de criar leis. O Senado, ou Conselho dos An- tos e eleitores. Por isso, a república romana era uma aristo-
ciãos, escolhia o rei e estabelecia as leis romanas: era o cracia (do termo grego aristokratía, “poder dos melhores”).
Sugestão de
abordagem 160 História – 6o ano

É importante fazer com que os alunos ob-


servem a divisão social do poder e da participa- Anotações
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ção do povo na tomada de decisões em Roma.


Pode-se discutir acerca da formação da plebe,
que, enquanto grupo social, perpetuou-se nas
mais diversas conjunturas sociais estratifica-
das, assumindo apenas outras nomenclatu-
ras, mas com a mesma função social.
Seria oportuno destacar a importância
dos primeiros reis monárquicos, até a dis-
puta social entre patrícios e plebeus ajuda
no entendimento sobre a construção de um
dos maiores impérios da Antiguidade.

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a história do Velho Continente pelo mar
Mediterrâneo está amparada no seu lega-
Na fase republicana, ocorreram várias revoltas por
A Lei das Doze Tábuas transformou em código escrito as do histórico, nos indícios materiais e nas
parte dos plebeus. Os motivos eram variados: eles re- leis, que antes faziam parte da tradição oral. Essa mudan-
clamavam da falta de direitos políticos, da escravidão ça garantiu aos cidadãos romanos a possibilidade de aces- provas arqueológicas de séculos da passa-
sar as leis, podendo contestar alguma tentativa de aplica-
por endividamento, da inexistência de leis escritas, da
ção contrária aos seus interesses. gem humana em suas águas. Hoje, o mar

obrigatoriedade de lutarem nas guerras e da proibição
da união matrimonial entre as duas classes. Eleição dos magistrados plebeus. Em 336 a.C., ele- Mediterrâneo voltou a ser destaque com


A partir do século V, os plebeus ameaçavam fun- geu-se o primeiro cônsul plebeu.
dar uma nova cidade. À medida que Roma crescia, ne- Decreto, em 366 a.C., de uma lei que proibia a escra-
a imigração de refugiados.
cessitava-se cada vez mais dos plebeus, que, por essa vização de romanos por dívidas. É interessante problematizar os proces-
razão, tiveram alguns de seus direitos concedidos.
Entre eles: sos sociais, políticos, ideológicos e geográficos
As dominações e suas
• Escolher seu representante no Senado, chamado
de Tribuno da Plebe, que era protegido contra
consequências presentes na formação de uma cidade, como
qualquer violência e tinha poderes especiais para Os romanos dominaram toda a Península Itálica nos sécu-
base de desenvolvimento vital de um povo,
cancelar quaisquer decisões do governo que pre- los III a.C. e II a.C. (expansão interna). Roma também passou a de uma cultura e de um modelo de história.

judicassem os interesses daquela classe. anexar alguns lugares, como a Sicília, a Sardenha, o norte da
A publicação de leis escritas, como a Lei das Doze África (Cartago), a Península Ibérica e a Grécia (expansão ex- O processo de formação do Estado ro-
Tábuas (450 a.C.) e a Lei Canuleia (445 a.C.), que terna). Essas dominações trouxeram riquezas para os roma-
permitia o casamento entre patrícios e plebeus. nos, que confiscavam os bens dos povos vencidos.
mano teve como base de sustentação po-
lítica o fortalecimento das principais insti-
Mar tuições no período republicano. As assem-
o

do
tic

bleias, a magistratura e o Senado tiveram


Conquistas até 44 a.C. (morte de César)
ál

Hibérnia Norte B
Anglos Mar Conquistas até o fim do século III (máxima extensão do império)
Britânia Saxões Godos
Lombardos
Vândalos um papel fundamental na condução e cris-
Oceano Suevos Ásia
Europa Germânia
talização do poder de Roma. Enfatize isso
Atlântico Récia Citas
Reino do Bósforo Alanos
Gália Helvécia
Gália
Panônia
Dácia
Ibéria para que o aluno perceba os diversos inte-
Aquitânia Cisalpina
ia

resses em jogo.
Ilí
Mar Negro
itân

ria Dalmácia Mésia


Ma

Itália rA Armênia
Córsega dr
Hispânia
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iá Trácia Paflagônia
Roma Ponto
Macedônia
tic

Bitínia Média
o

Baleares Sardenha
Frígia Galícia Capadócia
Sugestão de
Mar
Tirreno Me
Mar Epiro Mar so
po
Egeu Lídia tâm

abordagem
Sicília Jônio Cilícia
Lícia i a Império Parto
Mauritânia Chipre Síria
Creta Babilônia
Mar Mediterrâneo
Judeia
Trip
o litân
ia Cirenaica Sugira que os alunos identifiquem simi-
África Egito
laridades na forma de organização das ci-
M

Arábia
ar
Ve
r
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dades gregas e romanas, bem como no mo-


el
ho

N
O L 0 488 km 976 km delo social que foi fruto da influência grega
S

Mapa elaborado pelos autores. sobre o Ocidente e claramente adaptado


pelo Império Romano.
História – 6o ano 161
Para complementar o estudo da fase repu-
blicana, seria interessante solicitar aos alunos
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que criem um organograma que represente
Diálogo com o ção entre essas três estruturas de poder e es- a organização das magistraturas e do Sena-

professor clareça como os patrícios e plebeus estavam


inseridos nesse processo.
do em Roma, comparando suas funções com
a organização política no Brasil, identifican-
Destaque a função política de cada estru- Comparar Roma com as “novas Romas” do relações, aplicações e estruturas de poder,
tura do período republicano, focando em sua que surgiram na posteridade é um ótimo re- além da influência na sociedade.
organização a partir das assembleias, do Se- curso para análise do militarismo adotado Assim como na Grécia Antiga, Roma apre-
nado e das magistraturas. Evidencie, princi- pelas grandes potências da Antiguidade. sentava uma relação muito estreita com seus
palmente, as obrigações políticas e sociais dos O mar Mediterrâneo sempre fez parte deuses mitológicos, atribuindo-os a muitos
cônsules, pretores, censores, questores e edis, da história da Europa, presenciando im- aspectos sociais, políticos e econômicos. Os
lembrando a importância de cada magistratu- périos se formando e decaindo, guerras, romanos, principalmente reis e senadores,
ra para a sociedade. Estabeleça uma correla- doenças, etc. A importância de estudar não costumavam tomar decisões sem con-

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sultar seus deuses. Seria interessante abor-
dar alguns desses aspectos e suas relações
diretas com os líderes romanos. Com a guerra contra Cartago, Roma deu início à expan- A sociedade
são externa, em conflitos conhecidos como Guerras Púni-
As relações entre plebeus e patrícios cas. Cartago era uma importante cidade fenícia e contro-
Em decorrência da expansão de seus domínios, Roma
viu o número de pessoas escravizadas aumentar de
e suas divergências políticas e sociais são lava a Sicília (área comercial estratégica na Península Itá-
modo considerável em seus territórios. No entanto, não
lica) e o Mar Mediterrâneo, motivo pelo qual os romanos a
existia uma cultura social da escravização. Por isso, não
temas centrais sobre Roma em seus perío- destruíram completamente. O exército cartaginês era im-
podemos oficializar que a sociedade romana era carac-
pressionante e dificultou a atuação dos romanos. As vitó-
dos monárquico e republicano. A partir des- rias de Roma não foram fáceis. Na Península Ibérica, por
terizada como escravista.
Os escravizados realizavam desde atividades no âm-
sas duas classes sociais, discuta direitos e exemplo, os romanos tiveram de lutar por 150 anos, pois
bito doméstico até construções de obras públicas nas
os habitantes daquela região resistiram muito aos inva-
deveres e como eles interferiam no coti- ruas, estradas e praças. Além disso, muitos eram respon-
sores. Com as invasões, os romanos passaram a dominar
sáveis pela educação de crianças em famílias romanas.
quase todos os territórios ao redor do Mar Mediterrâneo.
diano romano principalmente em relação Dentro desse contexto, existia também uma clas-
se específica de escravizados: os gladiadores. Estes ti-
à constituição do Senado, e, durante a fase Roma após a expansão nham por função entreter o público nos imensos an-
republicana, no Senado e na magistratura. A economia fiteatros romanos. Era comum que lutassem entre si,
ou seja, com outro gladiador, mas havia também epi-
“Grandes circundam o Mar Mediterrâneo, e é ininter- sódios em que enfrentavam animais selvagens, como
rupto o fluxo de suprimentos e bens que deles lhes pro- leões e tigres.
Sugestão de vêm. De cada terra e de cada mar os navios transpor-

abordagem tam absolutamente tudo para Roma. Tanto assim que,


se alguém quiser ver todas essas coisas, poderá viajar
o mundo inteiro ou simplesmente viver em Roma.” Foi
Contextualizando
O termo gladiador provém da espada curta usada por esse
lutador, o gladius (gládio). Os gladiadores se enfrentavam
dessa maneira que Élio Aristides descreveu e definiu a para entreter o público, e o duelo só terminava quando um
Uma forma interessante de trabalhar deles morria, ficava desarmado ou ferido sem poder com-
grandeza das trocas comerciais realizadas em Roma.
bater. Nesse momento do combate é que era determina-
como se organizavam estruturalmente as do, por quem presidia os jogos, frequentemente influencia-
Élio Aristides foi um grande e influente orador greco-roma- do pela reação dos espectadores do duelo, se o derrotado
assembleias e suas relações participativas no, autor de célebres poemas, discursos e outros trabalhos. morreria ou não. Alguns dizem que bastava levantar o po-
legar para salvar o lutador, outros dizem que era a mão fe-
com a sociedade é compará-las com as as- Antes das invasões, as principais atividades econômi- chada que deveria ser erguida.
cas praticadas pelos romanos eram a agricultura e a pe-
sembleias realizadas atualmente no Brasil. cuária. Os grandes proprietários de terras eram os patrí- Com o crescimento do número de escravizados, prin-
Mostre a estrutura de cada uma, destacando cios, e alguns plebeus eram donos de pequenas proprie- cipalmente pelas invasões de outros territórios, os ple-
dades, nas quais eles próprios trabalhavam. Com a ex- beus assalariados perderam o emprego e foram subs-
como são convocadas, o que são, o que deci- pansão, as terras ocupadas passaram a ser propriedade tituídos. Os pequenos proprietários plebeus também
do Estado. Os patrícios logo se apropriaram delas, assim foram prejudicados, pois não podiam concorrer com os
dem e se são democráticas ou participativas.
como dos escravizados prisioneiros de guerras. Isso fez grandes proprietários de terras. Surgiu também uma
Com auxílio de gravuras exibidas em slides, com que a nobreza ficasse cada vez mais rica. O comér- nova classe social romana, os chamados cavaleiros, ple-
cio cresceu bastante, pois as regiões trocavam mercado- beus que enriqueceram com o artesanato profissional.
materialize a forma de organização do sena- rias entre si, gerando grandes fortunas para algumas pes- Eles tinham esse nome porque faziam parte de um pe-
do romano, comparando-o com outras estru- soas. Nesse contexto, pode-se afirmar que, por meio do queno grupo que podia comprar um cavalo. Dessa forma,
comércio, Roma conseguiu estabelecer uma importante a sociedade romana se dividia entre uma grande parcela
turas políticas e organizativas, como o sena- ponte cultural entre o Império e outras civilizações espa- de pessoas miseráveis e uma minoria enriquecida. Como
lhadas pela Antiguidade. Dentre elas, destacam-se tro- consequência, muitos habitantes de Roma viviam insa-
do brasileiro e o parlamento inglês. Trabalhar cas com o Egito, a Macedônia, a Bretanha, a Índia, etc. tisfeitos com a nova realidade social.
a área de atuação de cada estrutura e discutir
a influência política e social que os romanos 162 História – 6o ano

tinham é de extrema importância. Além disso,


seria interessante debater com os alunos a FC_História_6A_13.indd 162 18/03/2022 16:45:00 FC_H

respeito da formação dessas estruturas polí-


lhadas por todos os continentes do mundo grande potência no Mediterrâneo Ociden-
ticas sem a devida participação das camadas
falam uma língua derivada do latim. Como tal: Cartago. Roma lutou com Cartago em
mais pobres, no caso de Roma, os plebeus.
é que esse grupo linguístico conseguiu es- três longas guerras imensas e derrotou os
Leitura tender-se tanto? A resposta está nas toma- cartagineses em todas. Dessa forma, Roma

complementar das militares da antiga cidade de Roma.


As dominações iniciais de Roma foram
herdou de Cartago seu grande império co-
mercial do Mediterrâneo ocidental.
contra as várias tribos e as colônias gregas Nesse ponto, Roma tinha se tornado a única
A Conquista romana do Mediterrâneo
da Itália, o que levou ao controle de toda a grande potência no Mediterrâneo. Não demo-
Em 500 a.C., o latim era a língua fala- península italiana, tornando Roma uma das rou muito antes de Roma começar a se expandir
da apenas na cidade de Roma e seus arre- maiores potências do Mediterrâneo. Então, na região do Mediterrâneo oriental helenística,
dores. Hoje, 700 milhões de pessoas espa- Roma dedicou a sua atenção para a outra com o controle da Grécia em 133 a.C., do Reino

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Sugestão de

Nessa época, dois irmãos, Tibério e Caio Graco, ten- uma grande reforma no exército romano: instituiu um
abordagem
taram resolver o problema agrário através de algumas re- salário para os soldados, fazendo com que a força arma-
formas. Tibério se elegeu tribuno da plebe, em 133 a.C., da deixasse de ser voluntária para ser profissional e mer- Solicite que os alunos realizem uma pes-
e formulou a Lei Agrária, dando aos lavradores empo- cenária. Mário foi derrubado do poder pelos aristocratas, quisa sobre a vida privada dos habitantes da
brecidos o direito de cultivar, por conta própria, as ter- tendo sido substituído por outro general, Sila. Este revo-
ras do Estado, para que garantissem a própria sobrevi- gou as leis populares que Mário havia criado e tornou a Roma Antiga, destacando elementos, como
vência. Mas os aristocratas não concordaram com essa república cada vez mais aristocrática, gerando uma série
medida, provocando grandes tumultos. Em um desses de insatisfações.
gastronomia, manifestações artísticas e en-
tumultos, Tibério foi morto.
Assim como a maioria das palavras do nosso vocabulá-
tretenimento, casamento, lazer, etc. A partir
Caio, o irmão de Tibério, foi eleito Tribuno da Plebe
em 123 a.C. e também tentou combater a miséria do
rio, o termo salário tem origem no latim. Ele é derivado de
salarium argentum, que significa “pagamento em sal”. Isso
dos resultados coletados, promova uma dis-
povo propondo a Lei do Trigo, ou Lei Frumentária, que
oferecia aos pobres o direito de comprar trigo por um
porque, no Império Romano, os soldados eram pagos com
sal. Naquela época, o sal era uma iguaria muito cara e podia
cussão e peça que destaquem os pontos em
preço menor. Ele também tentou pôr em prática a Lei ser trocado por alimentos, vestimentas, armas, etc.
comum e as diferenças entre a sociedade ro-
Agrária. Algum tempo depois, Caio foi morto por um es-
cravo a pedido dele próprio, por não resistir às pressões. mana e a que vivemos atualmente.
A cultura
A história humana sempre esteve inter-
A cultura romana é marcada pela influência dos con-
Política ceitos e padrões absorvidos através do contato com ou- ligada com o espaço geográfico e histórico.
A política consistiu em um dos segmentos mais notá- tros povos, principalmente os gregos. Apesar disso, é in-
veis da história de Roma. Mesmo aqueles que eram ex- correto afirmar que a cultura daquela civilização repre- O mar tem um caráter especial nessa co-
cluídos da vida pública precisavam saber lidar cotidiana- senta uma mera cópia. Pelo contrário, o mundo romano munhão, pois ele influencia a economia e a
mente com as leis, regras e até mesmo punições que os nos deixou grandiosos exemplos de seu poder inventivo
rodeavam. Viver em Roma significava estar em contato e de sua diversidade cultural. Vejamos as características política. Pensando nisso, utilize mapas que
com práticas políticas frequentemente, fosse assumindo de algumas destas práticas:
mostrem as rotas comerciais internas e ex-
a posição de quem tomava decisões e determinava con-
dutas, fosse cumprindo-as.
A parcela rica da população romana usava o poder
• Casamento
Em Roma, os casamentos seguiam a linha de acor- ternas do Império Romano, ficando a seu
dos contratuais. Geralmente, o pai da noiva escolhia o critério determinar o período histórico da
que tinha para enriquecer ainda mais. Os ricos compra-
futuro marido dela e, após selado o compromisso, cos-
vam os direitos políticos adquiridos com muito esforço
pelos plebeus, que vendiam seus votos na Assembleia
tumava-se realizar um banquete, proclamando-se ofi- expansão romana.
cialmente a união entre as duas famílias. Posteriormen-
em troca da sobrevivência, uma vez que muitos esta-
te, a esposa transferia-se para a casa do marido, sendo
vam economicamente arruinados. Os militares passa-
nesse dia acompanhada com muita solenidade e passan-
ram a interferir, cada vez mais, na política, pois os roma-
nos, com medo de possíveis revoltas nas províncias, de-
do de fato a ser considerada uma nova matrona da so-
ciedade romana.
Anotações

legaram maior poder ao exército, que passou a ter tro-
pas cada vez mais numerosas e bem armadas. Às vezes, Lazer
os generais usavam suas tropas para tomar posse de car- Os romanos estavam habituados a se divertir de inú-
gos públicos. meras formas. Além do lazer por meio de jogos, também
Dois generais, em particular, destacaram-se: Mário gostavam, de um modo geral, de acompanhar corridas
e Sila. No início do século I a.C., eles representaram a de bigas; assistir a espetáculos teatrais e lutas dos gladia-
luta entre patrícios e plebeus em Roma. Mário, perten- dores nos anfiteatros, bem como a espetáculos com ani-
cente ao partido popular, fez leis que favoreciam os ple- mais selvagens e batalhas navais. Assim como em toda
beus e foi reeleito cônsul seis vezes. Ele também realizou civilização, é muito importante observar de que forma

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Selêucida, no Oriente Médio em 63 a.C. e, fi-


nalmente, dos Ptolomeus do Egito em 30 a.C.
Após a derrota de Cleópatra VII, última mo-
narca do reino Ptolomeu no Egito, Roma pas-
sou a controlar praticamente todo o Mediter-
râneo. Dessa vez, também viu a substituição
definitiva da República Romana com o Impé-
rio Romano, quando Augusto foi proclamado
imperador de Roma.

Disponível em: http://explorethemed.com/RomeMe-


dPt.asp?c=1. Acesso em: 18/11/2021. Adaptado.

História – 6º ano 163

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Leitura
complementar os indivíduos ocupavam as cidades e os espaços de lazer, Os deuses romanos costuma-

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para identificarmos as permanências e mudanças em com- vam apresentar características an-
Casamento e a formação familiar na paração à sociedade em que vivemos. tropomórficas (forma humana),
Roma Antiga além de qualidades, defeitos e sen-

javarman/AdobeStock.com
timentos comuns a qualquer pes-
soa, como felicidade, raiva, tristeza,
A família na Roma Antiga era patriar- amor, etc., fato este que os aproxi-
mava ainda mais da população.
cal, ou seja, toda a autoridade era delega-
De modo geral, a religião era
da ao homem, ao pai. A família romana era Mosaico retratando um momento de lazer. Artefato integra a Villa Romana controlada por meio do Estado,
del Casale, sítio arqueológico que, desde 1997, faz parte do Patrimônio Mun-
tanto no que diz respeito aos cul-
uma junção de tudo aquilo que estava sob dial da Humanidade da UNESCO e fica situado na cidade de Piazza Armerina,
Sicília, Itália. tos públicos quanto à persegui-
o poder do pater famílias. O patriarca era
o primeiro do lar, sendo assim, ele desem-
• Religião
Durante toda a história do Império Romano, a religião
ção destinada àqueles que ousas-
sem seguir ou praticar outra cren- Júpiter, deus mais importante
entre os romanos — cultuado
ça. No período em que Roma era na Grécia Antiga como Zeus
foi um elemento marcante na cultura e no cotidiano de
politeísta, por exemplo, inúmeros —, era responsável por reger a
penhava todas as funções religiosas, econô- seu povo. Roma — diferentemente de boa parte das ci- vida dos humanos, juntamen-
cristãos foram repreendidos e as- te à sua esposa Juno.
vilizações da Antiguidade — passou por duas experiên-
micas e morais que fossem necessárias, os cias religiosas significativas, através da vivência do poli-
sassinados, tendo inclusive sido alvos de espetáculos pú-
blicos, diante de anfiteatros lotados.
bens materiais pertenciam somente a ele. teísmo (crença em vários deuses) e, posteriormente, com
Os cultos eram realizados em lugares públicos e pri-
a adoção do cristianismo como religião oficial do Impé-
vados. Publicamente, eram organizadas grandes festivi-
A representação familiar romana era sim- rio (monoteísmo).
dades em homenagem aos deuses, que contavam com
A religião romana foi fruto de muitas influências e uniu
bolizada pelo pai e todo poder atribuído a elementos da cultura grega, etrusca e oriental. É preciso
a realização de procissões, oferendas e sacrifícios. Já na
esfera doméstica, era muito comum a construção de san-
ele terminava somente com a sua morte. compreender que a civilização romana se apropriou e in-
tuários, visando o culto e a execução de orações.
corporou características dos povos com quem estabeleceu
Sendo o homem o senhor do lar, a mulher contato, no entanto procurou adequá-las às necessidades
de sua população. Observe tal associação entre os princi-
A mulher na sociedade
romana não tinha o papel de senhora do lar, pais deuses gregos e romanos através da tabela a seguir: romana
pois ela era considerada parte integrante do Poucos são os registros que tratam especificamente
Deus Grego Deus Romano Características
homem. A mulher casada seguia todas as Zeus Júpiter O pai dos deuses
sobre a vida da mulher em Roma. Por muito tempo elas
não chegavam nem mesmo a ser contabilizadas duran-
regras de boa conduta e tinha certa liber- Ares Marte Deus da guerra te a realização dos censos demográficos. Apesar disso,
costumam ser descritas pela grande influência que exer-
dade para conviver socialmente. Afrodite Vênus
Deusa do amor e da
ciam e pelo empenho que dedicavam ao desenvolvimen-
beleza
As uniões civis não tinham a caracte- Deméter Ceres Deusa da agricultura
to do progresso social.
Tinham por principais funções fiar e tecer, cuidar dos
rística do sagrado advinda do nascimen- Poseidon Netuno Deus dos mares filhos e coordenar a execução de trabalhos domésticos.
Gozavam de grande liberdade e autonomia, principal-
to do cristianismo, porém aconteciam res- Hermes Mercúrio Deus do comércio
mente se comparadas a outras mulheres do mundo an-
peitando alguns aspectos da tradição ro- Hera Juno Deusa do casamento tigo, como as gregas.
Dionísio Baco Deus do vinho Habitualmente eram consultadas não só sobre os as-
mana. Havia vários tipos de casamento: o suntos que diziam respeito a seus filhos, como também
Atena Minerva Deusa da sabedoria
sobre os que envolviam a família, a vida social e a política.
confarreatio, cerimônia realizada com um
pão de trigo, o farrum, essa cerimonia tinha
164 História – 6o ano
características religiosas; o coemptio, venda
simulada da mulher ao pater familias, todo
ritual acontecia em cima da teatralização da FC_História_6A_13.indd 164 18/03/2022 16:45:01 FC_H

venda. Os ritos matrimoniais aconteciam manu e o usus. O primeiro, sine manu, era o blica. Apesar de todas as modalidades, o ca-
sempre com alegria, apesar de as noivas se casamento que se dava sem a subordinação samento para os romanos era uma das ins-
casarem muito cedo, ainda meninas. As noi- da mulher à família do marido, nesse mode- tituições mais valorizadas.
vas usavam vestes brancas, colocavam um lo de casamento, a mulher tinha a permis- GUIAR, Lilian Maria Martins de. “Casamento e forma-
véu de linho muito fino de cor alaranjada, são de usufruir de seus bens sem nenhuma ção familiar na Roma Antiga “; Brasil Escola.
chamado flammeum. Depois, a jovem arru- forma de dominação. O segundo, usus, sig-
mava o cabelo e o enfeitava com uma gri- nificava que a mulher já morava com o ma-
nalda de flores. As flores, para os romanos, rido há um ano, porém, se a mulher passas-
representavam a fertilidade. se três noites consecutivas fora de casa, ou
Existiam casamentos com característi- seja, longe do marido, o casamento estaria
cas bem modernas para o período: o sine terminado. Isso foi muito comum na Repú-

164 Manual do Educador

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Diálogo com o

Intervinham em cerimônias religiosas, iam ao teatro e to- 2| De acordo com o que você estudou, quais foram as
professor
mavam parte nos banquetes solenes e nos espetáculos. principais transformações ocorridas em Roma após a sua
As mulheres pertencentes às classes altas geralmente expansão territorial? É importante que os alunos compreen-
atendiam pelo título de domina (senhora, em latim), ves-
O crescimento do comércio, o enriquecimento de alguns dam o processo do Primeiro e do Segun-
tiam-se de maneira luxuosa e se adornavam com púrpu-
ra, ouro e pérolas. Já as pertencentes às classes menos do Triunviratos, haja vista que o desenro-
plebeus, o prestígio militar e, como consequência, desi-
favorecidas levavam uma vida sem regalias ou pompas
e necessitavam trabalhar. De modo geral, desempenha-
lar dos fatos levou à implantação do Impé-
gualdades sociais.
vam as funções de costureiras, lavadeiras, parteiras, rio Romano.
curandeiras, entre outras.
3| Por que a proposta de reforma agrária de Tibério Graco O Império Romano, de grandes dimen-
Reprodução

encontrou forte resistência da elite patrícia?


sões, encontrava-se imerso em uma rede de
Porque ela propunha a divisão das terras dos patrícios.
intrigas e interesses coletivos e pessoais, o
4| O que aconteceu aos tribunos da plebe Tibério e Caio que influenciou todos os acontecimentos que,
Graco em consequência da sua luta?
posteriormente, levariam à decadência dessa
Tibério foi assassinado, e Caio pediu para que um escra-
mesma estrutura. Roma se formou em meio
vo o matasse, não suportando a pressão da elite romana. a essa grande contradição: quanto mais cres-
cia e expandia o seu território, mais seus pro-
5| As conquistas territoriais trouxeram benefícios para
Roma, bem como muitos problemas. Quais as principais blemas sociais e políticos aumentavam, tor-
dificuldades enfrentadas pelos romanos após a expan-
As mulheres romanas das classes mais altas costumavam se vestir de manei-
ra luxuosa, com tecidos de cores vivas, além de se adornarem com joias, fitas são territorial?
nando a administração cada vez mais difícil.
e diademas.

A dificuldade em administrar um território tão vasto e o É de suma importância analisar as razões


Muitas romanas se destacaram de forma isolada no pe-
ríodo de existência dessa imponente civilização. Pode-se políticas e sociais que levaram Roma a pro-
empobrecimento de plebeus, que perderam as suas ter-
citar, a exemplo disso, Agripina (mãe do imperador roma-
no Nero), autora de várias obras literárias.
mover o Édito de Milão. Quais interesses es-
ras e ficaram despossuídos e sem trabalho.
tavam por trás da tolerância religiosa que iria
História em questão A crise da república
enfraquecer a tradição da crença nos deuses
romanos e fortalecer uma tradição religiosa
A reação aristocrática de Sila e seu exagero em procu-
1| De que forma ocorreu a substituição do regime monár- rar abolir todas as conquistas plebeias ocasionariam o fim tão atípica ao pensamento da sociedade ro-
quico, em Roma, pelo republicano? da República Romana. Quando Sila morreu, Lúcio Sérgio
Catilina, um de seus aliados, tentou assumir o poder, mas mana originária? Analizar a relação entre a fra-
Os últimos reis de Roma exerceram o poder de forma ti-
a ação enérgica de um grande orador chamado Cícero pôs gilidade de um império em franca decadência
fim à empreitada.
rânica, silenciando a elite patrícia. A aristocracia, por sua
Além de toda a crise política, Roma enfrentou, nesse pe- e as diversas estratégias para se prolongar no
ríodo, uma revolta de escravos, liderada pelo gladiador Es-
vez, organizou uma revolução para substituir a monar-
pártaco, nomeada Revolta de Espártaco. Esse homem era
poder renderiam um excelente debate.
quia pela república.
História – 6o ano 165 Anotações

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História – 6º ano 165

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Sugestão de
abordagem originário da Trácia e, por ser desertor do exército romano, apenas Júlio César conseguiu sobreviver e se tornar líder
foi capturado e reduzido à escravidão. Posteriormente, foi único. Os aristocratas, contudo, não pretendiam deixar as
Proponha aos alunos a produção de um comprado por um mercador, Lêntulo Batiato, e levado para coisas como estavam, e, no dia 15 de março de 44 a.C., um
texto que narre o jogo de intrigas e os diver- a escola de gladiadores de Cápua, em Campânia (Itália). Na grupo deles assassinou César no Senado.
busca por liberdade, estima-se que Espártaco reuniu 100
sos interesses que antecederam a consoli- mil escravos para lutar, entre 73 e 71 a.C., contra o Império. Júlio César iniciou a sua carreira como tribuno, seguindo,
depois, carreira militar cheia de êxitos. Conquistou a Gália
A revolta não visava ao fim da escravidão, e sim à própria li-
dação do Império em Roma. Se a escolha berdade dos que participaram.
e grandes riquezas, bem como a admiração dos seus
soldados. Após vencer os seus inimigos na guerra civil
pela produção de uma história em quadri- A Trácia é uma região histórica do sudeste da Europa. A
de 48–45 a.C., autoproclamou-se ditador e destruiu o sis-
tema de governo republicano. As suas reformas melhora-
antiga região macedônica era habitada por populações de
nhos for viável, torna-se necessário o com- raça pelásgica. Atualmente, é dividida entre a Grécia, Tur-
ram a vida dos mais pobres e desagradaram ao Senado.
quia e Bulgária.
partilhamento do plano de aula com os pro- Mais uma vez, a desordem estava instalada. Para evi-
tar a destruição do Império, o poder foi, mais uma vez,

Reprodução
fessores de Língua Portuguesa e Artes. dividido entre três homens: Lépido (um rico romano),
Seria de grande valia que os estudantes Marco Antônio (general de César) e Otávio (sobrinho e
filho adotivo de César). Começava o II Triunvirato. Marco
realizassem uma pesquisa sobre a origem Antônio se uniu à rainha do Egito, Cleópatra, amante de
Júlio César, e pretendeu se tornar o único líder de Roma.
do cristianismo, comparando a importância Mas foi derrotado pelas forças de Otávio, na Batalha de
que a religião possuía no início e no período Actium, em 31 a.C., que se tornou o chefe de toda a Roma
e pôs fim ao século de guerra civil.
de decadência do Império Romano. A par-
Cleópatra foi a última rainha da dinastia de Ptolomeu, ge-
tir dos resultados, é possível elaborar uma neral que governou o Egito após a conquista daquele país
Detalhe da pintura de Cesare Maccari retratando o senador Cícero denuncian- pelo rei Alexandre III, da Macedônia. Era filha de Ptolomeu
linha do tempo junto à turma, evidenciando do a conspiração de Catilina ao Senado Romano. Cícero foi um impressionan-
te orador e advogado. Visto como uma das mentes mais versáteis da Roma An-
Auletes. O nome Cleópatra significa glória do pai.
tiga, é admirado pelo seu humanismo e seus trabalhos políticos e filosóficos.
a trajetória do cristianismo no mundo e dis-
As consecutivas vitórias de Espártaco e seu exército
cutindo seu alcance nos dias de hoje. incitavam que outros escravos, em todo o Império, re-
O império
belassem-se e se juntassem às suas causas. No entan- Otávio recebeu o título de Augusto (que significa “divi-
to, foram vencidos, em 71 a.C., pelo exército do general no”) e se tornou o primeiro imperador de Roma, dando iní-
Anotações Crasso, que foi escolhido pelo Senado Romano para en- cio à dinastia júlio-claudiana. No governo de Otávio Augus-
frentar a revolta. Os revoltosos foram mortos e crucifica- to, foi reestabelecida a Pax Romana, garantida pela pre-
dos ao longo da Via Ápia para servir de exemplo aos ou- sença do exército nas províncias, e a prosperidade, com
tros. A partir de então se instalou uma nova forma de go- o desenvolvimento do comércio e do artesanato. Foram
verno, denominada Triunvirato. construídas estradas, ligando vários pontos do império,
para facilitar a atividade do comércio. A administração da
Triunvirato (do latim trium, três; vir, homem) é o nome
dado a uma associação política na qual três homens divi-
cidade foi reorganizada, e as tarefas do governo ficaram a
dem o poder. Os triunviratos mais conhecidos da História cargo do imperador e dos magistrados (equivalentes aos
foram o I e II Triunviratos, que ocorreram em Roma. ministros, hoje em dia). Mas isso funcionava como uma fa-
chada, pois, na verdade, quem mandava em tudo era o im-
Três líderes populares, e grandes generais, tomaram o perador. Os ricos, chamados de honoráveis, e os plebeus
poder e o dividiram entre si: Crasso, Pompeu e Júlio César. ficaram ainda mais separados. Os escravizados continua-
Esse período ficou conhecido como I Triunvirato. Dos três, ram sendo tratados como seres inferiores.

166 História – 6o ano

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Leitura
complementar embraçar um escudo em seu lado esquer-
do e calçar sandálias de couro com pregos
O Império Romano nunca alcançaria a de ferro no solado. Como equipamentos de
glória que conquistou, não fosse a firmeza ataque, os legionários romanos usavam o
e a disciplina de seu exército. A paz roma- pilo (lança de dois metros), o gládio (espa-
na foi estabelecida e defendida por cerca de da curta com lâmina afiada dos dois lados)
144 mil soldados, espalhados por trinta le- e o punhal. Precisando ser cidadão romano
giões, cada uma contando com 4.800 perso- e ter, no mínimo, 1,74 metro de altura, os le-
nagens. Cada um desses homens usava ca- gionários se notabilizaram por sua extrema
pacete e couraça como proteção, além de disciplina e seu espírito guerreiro.

166 Manual do Educador

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humildade e da mansidão. Não tinham sido
bem essas as virtudes que guindaram Roma
Durante seu reinado, Otá- eram jogados, completamente sem defesa, em arenas e à posição de senhora do mundo. Era interes-

Reprodução
vio Augusto utilizou a política obrigados a enfrentar leões e outras feras. O cristianis-
do Pão e Circo: oferecia diver- mo era uma religião de perseguidos, pobres, pescadores sante ouvir falar de um “mistério” que prega-
são e distribuía comida para e mulheres. O martírio dos cristãos se tornou um espetá- va às pessoas, no auge de sua glória, que o su-
manter a população distraí- culo atrativo para as pessoas. No entanto, nada fazia os
da do que era realmente im- cristãos recuarem; pelo contrário: a cada dia, o número cesso mundano não poderia lhes dar a felici-
portante. Até hoje muitos go- de cristãos se multiplicava.
vernos utilizam esse tipo de
dade duradoura.

Reprodução
estratégia política para ma- Além disso, os pregadores do mistério cris-
quiar a corrupção e a má ad-
O pão sendo distribuído para a po-
ministração. Após a morte de pulação: política do Pão e Circo. tão anunciavam um destino negativo aos que
Otávio, o poder foi assumido pelos imperadores Tibério,
Calígula, Cláudio e Nero.
se recusassem a ouvir as palavras do Deus ver-
Caio Júlio César Augusto Germânico, também conhecido
dadeiro. Não convinha arriscar. É claro que os
como Caio César, ou Calígula, foi um imperador romano co-
nhecido pela sua natureza extravagante e cruel. Foi assassi-
velhos deuses romanos existiam, mas será que
nado pela guarda pretoriana, em 41, aos 28 anos.
eram fortes o suficiente para proteger seus ado-
Contextualizando radores contra o poder dessa nova divindade
Entre as formas de execução utilizadas pelos romanos, estava o lançamento
Existe uma versão famosa para o grande incêndio ocorrido de cristãos para serem devorados por leões e outras feras selvagens. Detalhe
da pintura A Última Prece dos Mártires Cristãos (1863), de Jean-Léon Gérôme.
que fora trazida à Europa, da distante Ásia? As
em Roma (64 d.C.), que põe o imperador Nero como gran-
de responsável pelo ocorrido, porém, concomitantemente, pessoas começaram a ter suas dúvidas. Vol-
é muito contestada pelos historiadores: ele teria ordenado
o incêndio com o propósito de reconstruir a cidade de acor- Leitura contextualizada tavam para ouvir novas explicações do novo
do com um projeto arquitetônico que a tornaria ainda mais
majestosa. Há também a versão, concebida por romancis-
tas cristãos, de que ele provocou o incêndio para se inspirar As mulheres na Roma cristã credo. Depois de certo tempo, começavam a
poeticamente e poder produzir um poema, como Homero
ao descrever o incêndio de Troia. Segundo algumas fontes,
se encontrar com os homens e as mulheres
Em Roma, as mulhe- submissas aos homens,
enquanto o fogo consumia a cidade, Nero contemplava o
cenário, tocando sua lira.
res não exerciam car- como forma de alcançar que pregavam as palavras de Jesus. Viram-nos
gos públicos porque não a salvação e o perdão de
Ainda no início do período imperial, começou a sur- eram consideradas cida- seus pecados. muito diferentes do sacerdote romano comum.
dãs. Para os romanos an- Eram paupérrimos; eram bondosos para com
Andrea Izzotti/AdobeStock.com

gir uma nova religião. Uma nova filosofia pregada por


Jesus Cristo, que nasceu na província romana de Belém, tigos, o principal papel
na Galileia. Jesus era considerado o Messias, enviado social das mulheres era os escravos e os animais; não buscavam rique-
pelo Deus único e que amava a todos sem distinção. Diz- cuidar da família e do lar.
Com a oficialização do
zas, mas davam tudo o que tinham.
-se também que, por intermédio dele, todos poderiam
ter acesso ao Reino de Deus e obter a salvação eterna. A cristianismo, a situação O exemplo altruísta da vida deles levou
mensagem de Cristo é de esperança para muitos segui- não se alterou muito: es-
dores. Após sua morte, na cruz, os seus apóstolos se es- perava-se que as mulhe- As mulheres romanas das classes muitos romanos a abandonarem a antiga re-
res, a quem os cristãos mais altas costumavam se vestir
palharam pelo Império Romano, conseguindo converter
consideravam respon-
de maneira luxuosa, com tecidos
de cores vivas, além de se adorna-
ligião e a unirem-se às pequenas comunida-
várias pessoas ao cristianismo.
Alguns imperadores começaram a perseguir os cris- sáveis pelo pecado origi- rem com joias, fitas e diademas.
Pintura em mosaico das ruínas de des de cristãos que se encontravam nas câma-
tãos porque estes não reconheciam a divindade romana nal, fossem obedientes e Pompeia.

nem praticavam a religião oficial do Império. Os cristãos


ras internas de casas particulares ou nos cam-
pos abertos; e, assim, os templos começaram
História – 6o ano 167 a ser abandonados.
Os anos se sucediam, e o número de cris-
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tãos continuava a aumentar. Presbíteros, ou
sacerdotes (a palavra grega original signifi-
gadores itinerantes, cada qual proclamando
Leitura ca ancião), foram eleitos para atender aos in-
o seu próprio “mistério”. A maioria dos sacer-
complementar dotes autoproclamados fazia apelo aos senti-
teresses das pequenas igrejas. O bispo era o
chefe de todas as comunidades numa deter-
dos — prometia uma régia recompensa e infi-
A ascensão do cristianismo minada província. Pedro, que seguira Paulo
nitos prazeres aos seguidores do seu deus es-
a Roma, foi o primeiro bispo de Roma. Com
[...] Quando os primeiros discípulos de pecífico. Logo, o povo nas ruas percebeu que
o tempo, seus sucessores (que eram chama-
Jesus chegaram a Roma e começaram a pre- os chamados cristãos (os seguidores do Cristo,
dos de pai ou papa) passaram a ser denomi-
gar sua nova doutrina de fraternidade uni- ou “ungidos”) usavam uma linguagem muito
nados papas. [...]
versal, ninguém se lhes opôs. As pessoas em diferente. Não pareciam se deixar impressio-
geral paravam e ouviam-nos. Roma, a capi- nar por grandes riquezas e pelos títulos de no-
LONN, Hendrik W. van. A História da humanidade. São
tal do mundo, sempre estivera cheia de pre- breza. Cantavam as belezas da pobreza, da Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 130-31. Adaptado.

História – 6º ano 167

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Naquela época, o Estado gastava demais com as di- Quando Constâncio morreu, seu filho Constantino
versões públicas, o pagamento dos funcionários e a ocupou o poder e reinou na primeira metade do sécu-
manutenção do exército e arrecadava cada vez menos. lo IV. No seu reinado, concedeu aos cristãos a liberdade
Esse desequilíbrio econômico afetou a vida política de culto, através do Édito de Milão, em 313. Outro fato
e social de Roma. Muitas dinastias se sucederam em ocorrido nesse governo foi a transferência da capital ro-
Roma: dos Flávios, dos Antoninos, dos Severos. Ficava mana para o Oriente, em 330, pois essa parte do Impé-
mais difícil a cada dia administrar um império tão gran- rio sofria menos com a crise.
de. Uma grande crise se instaurou em Roma, levando
ao fim das dominações. Todavia, sem as guerras, os ro- O Édito de Milão (313 d.C.), também conhecido como Édito
da Tolerância, declarava que o Império Romano seria neu-
manos não tinham como conseguir mais escravos para
tro em relação ao credo religioso, pondo fim à perseguição
a mão de obra, e, a partir do século III, o mundo roma- religiosa, especialmente contra os cristãos.
no entrou em colapso, pois sua manutenção do impé-
rio se tornou bastante difícil. Constantino foi seguido pelo imperador Teodósio
Após um período de governo militar, Roma sofreu (governou entre 379 e 395 d.C.), que tornou o cristia-
profundas transformações. Em 284, Diocleciano ocu- nismo a religião oficial do Império e, antes de morrer,
pou o trono e criou um governo de quatro chefes mili- dividiu o trono com seus dois filhos. Assim, surgiram o
tares, a Tetrarquia. Os governantes eram Diocleciano, Império Romano do Ocidente e o Império Romano do
Maximiano, Galério e Constâncio. Oriente.

A divisão do Império Romano


N

Europa
O L
Império Romano do Ocidente

S Império Romano do Oriente

Jutos Godos Partilha do Império em 395

Britânia Áreas germânicas


Burgúndios
Saxões
Francos Suevos Vândalos
Oceano Lutécia
Alamanos Gépidas Hérulos
Atlântico Gália Panônia Ostrogodos
Cáucaso

Ma
Milão

r
Lyon
Visigodos s
Ravena
Mar Negro

pi
Massília
Espanha

o
Itália Salona Trácia
Terragona
Roma Bizâncio (Constantinopla)
Mérida
Mésia Nicomédia Ponto

Cartago
Ásia
Mar Mediterrâneo
Jerusalém

Alexandria

África Egito

0 450 km 900 km

Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 1987.

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Alguns estudiosos acreditam que, em 476, ocorreu a b. Por que, segundo o texto, o sacrifício de um gladia-
queda do Império Romano, e a cidade de Roma foi ocu- dor perante o público reforçava as relações de domina-
pada por povos tidos como bárbaros, entre os quais ci- ção na sociedade romana?
tamos os hérulos. Esses povos, formados por pastores e
Os gladiadores eram indivíduos sem direitos, marginali-
agricultores, eram nômades. Não usavam moeda, não ti-
nham um governo organizado aos moldes de Roma nem
zados ou condenados por perturbarem a ordem pública.
conheciam a escrita. Valorizavam a atividade guerreira.
Os bárbaros buscavam terras e saqueavam vilas e cida-
Ao executá-los em público, o povo romano celebrava a
des. Cada um desses povos se apossou de uma determi-
nada região do Império Romano do Ocidente, até des-
sua superioridade e o seu direito de dominar.
truí-lo por completo.

Os romanos chamavam de bárbaros os povos que eram di-


ferentes deles, ou seja, que não falavam o latim e tinham
outras religiões, outros costumes, etc. 2| Leia com atenção:

Em 73 a.C., escravos de uma escola de gladiadores


instalada em Cápua, no sul da Península Itálica, revol-
História em questão taram-se contra Roma. Comandados por Espártaco,
os escravos fugiram pela Itália, vencendo em várias
1| Leia o texto com atenção e responda: batalhas as tropas do Império Romano.

“Os romanos apreciavam muito os jogos e os espe- Sobre o assunto, responda:


táculos violentos. No período dos festivais, os estádios
a. A revolta de Espártaco tinha por objetivo acabar com
e circos ficavam lotados de pessoas. Às vezes, dezenas
a escravidão? Explique.
de milhares se aglomeravam para assistir à luta entre
gladiadores, homem contra homem, homem contra Não, ele e os escravos lutavam por sua liberdade in-
fera. As pessoas adoravam esses espetáculos de san-
gue na arena; para algumas, eles inspiravam o despre- dividual.
zo pela morte. Mas é possível interpretar esses espetá-
culos como um ritual que reafirmava o poder e a auto-
b. Essa revolta teve sucesso? O que aconteceu com os es-
ridade do Estado romano. Os gladiadores, por exem-
cravizados revoltosos?
plo, eram indivíduos sem direitos, marginalizados ou
condenados por perturbarem a ordem pública. Ao exe- Venceram inúmeras batalhas, porém a última legião co-
cutá-los em público, o povo romano reunido celebrava
a sua superioridade e o seu direito de dominar.” mandada pelo general Crasso derrotou os revoltosos,
Adaptado de J. A. Shelton. As the Romans Did: A Sourcebook in Roman
Social History. Oxford, 1998, p. 350. que foram mortos e crucificados ao longo da Via Ápia

para servir de exemplo aos outros.


a. Quem eram os gladiadores?

Eram escravizados capturados em guerras e treinados

para os espetáculos públicos que divertiam a massa.

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Indicação de
filme 3| Escreva sobre a formação do I e do II Triunvirato em

Filme: Spartacus
Roma: História e cinema
A formação dos triunviratos em Roma teve por objetivo
Direção: Robert Dornhelm Neste capítulo aprendemos sobre os eventos que
reestabelecer a ordem e a paz e devolver a república ao marcaram a Realeza, a República e o Império Roma-
Sinopse: Em uma Roma repleta de intrigas
no. Que tal estudar História de uma forma diferente
políticas, guerras civis entre aristocratas e povo. Porém, os generais que formaram o I Triunvirato e divertida? O filme Um gladiador em apuros pode
ajudar você a compreender um pouco mais sobre
provincianos, e lutas de arena, a expansão tinham a ambição pessoal de se tornar imperadores, le- a organização social de Roma. Então, boa sessão!
do Império é vital. Para isso, vilas são des- Um gladiador em se divertir com os ami-
vando à formação do II Triunvirato, que terminou com a
truídas e mulheres, crianças e homens apri- apuros (2011) gos Mauritius e Ciccius.
coroação de Otávio como primeiro imperador de Roma. Classificação A situação muda quan-
sionados e transformados em escravos. Mas indicativa: Livre do Timo se apaixona por
Gênero: Animação; Lucille e decide impres-
para Spartacus, que aprendeu a lutar guer- aventura sioná-la... É a hora de
4| A fundação de Roma é atribuída a uma lenda que
reando contra os romanos, escapar da es- descreve a vida de dois irmãos desde seu nascimento Duração: 1h31min levar os treinos a sério
Sinopse: Durante o Im- e revelar o talento que
à chegada do primeiro rei ao poder. Comente como se
cravidão e libertar seu povo vale muito mais pério Romano, Timo é nem Timo sabia que po-
deu essa fundação.
um jovem órfão adota- deria ter.
que a honra de morrer como um gladiador. A teoria para a fundação de Roma se baseava na lenda dos ir- do pelo general Chirone

Reprodução
e criado dentro da gran-
mãos Rômulo e Remo, que teriam sido jogados no Rio Tibre e de Academia de Gladia-
Sugestão de dores de Roma. A inten-
salvos por uma loba, que os amamentou. Já crescidos, foram
leitura
ção de Chirone é trans-
formar o garoto em um
educados por um casal de pastores. Rômulo e Remo decidi- dos maiores gladiadores
do império, mas Timo
GIBBON, Edward. Declínio e queda do Im- ram fundar uma cidade, mas acabaram brigando. Rômulo, não tem a menor voca-
pério Romano. São Paulo: Companhia de ção para essa ativida-
que matou Remo, tornou-se o primeiro rei de Roma. de. Ele deseja apenas
Bolso, 2005
MCKEOWN, J. C. O livro das curiosidades
romanas: histórias inusitadas e fatos sur- História no vestibular
preendentes do maior império do mundo. 1| Analise as afirmações a seguir.
Minas Gerais: Editora Gutenberg, 2011. I. A Igreja Cristã, perseguida pelos romanos, transformou-se na instituição religiosa oficial do Império Romano a par-
VEYNE, Paul. História da Vida Privada. Vol.1. tir do século IV d.C.
II. Inspiradas na cultura grega, a mitologia, a religião e as artes romanas consagraram uma unidade que caracterizou o
São Paulo: Companhia de Bolso, 2009. mundo ocidental greco-romano.
III. Controlando um império de proporções gigantescas, os romanos criaram e mantiveram um exército forte e bem

Anotações treinado, além de uma estrutura jurídica ampla e eficiente.

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IV. A República Romana se caracterizou por um gover- a. combateu a heresia ariana, acabando com a força
no centralizado e monárquico em que os imperado- política dos bispados de Alexandria e Antioquia.
res controlavam toda a política, fechando instituições b. tornou o cristianismo a religião oficial de todo o Im-
como o Senado. pério Romano, terminando com a concepção de rei-deus.
V. A economia romana era totalmente voltada ao comér- c. acabou inteiramente com os cultos pagãos que
cio com o Oriente. A agricultura era desenvolvida nas então dominavam a vida religiosa.
províncias do Império Romano, sendo que elas produ- d. deu prosseguimento à política de Deocleciano de
ziam somente o que ele desejasse e determinasse. intenso combate à expansão do cristianismo.
e. X proclamou a liberdade do culto cristão, passan-
A alternativa que contém todas as afirmações corretas é:
do Constantino a ser o protetor da Igreja.
a. I – II – IV – V.
b. I – II – V. 4| Por volta de 2000 a.C., sob o poder dos etruscos, Roma
c. II – III – IV. se consolidou como cidade, dando início a um proces-
d. III – IV – V. so de organização política e social que tem como resul-
e. X I – II – III. tado a(o):

a. X monarquia.
2| (Ufal) Considere a ilustração.
b. república.
Yuntero/Wikimedia.org

c. império.
d. parlamentarismo.
e. república parlamentarista.

5| (Mackenzie) As Guerras Púnicas, conflitos entre Roma e


Cartago, no século II a.C., foram motivadas:

a. pela disputa pelo controle do comércio no Mar


Negro e pela posse das colônias gregas.
b. pelo controle das regiões da Trácia e Macedônia e
pelo monopólio do comércio no Mediterrâneo.
Durante muitos séculos, os antigos romanos se diverti- c. X pelo domínio da Sicília e pela disputa pelo con-
ram com a atuação dos gladiadores nos chamados espe- trole do comércio no Mar Mediterrâneo.
táculos públicos, que utilizavam diferentes tipos de arma, d. pela divisão do Império Romano entre os generais
permitidos pelas autoridades de Roma, como pode ser romanos e pela submissão de Siracusa a Cartago.
observado na ilustração. Esses gladiadores eram recru- e. pelo conflito entre o mundo romano em expan-
tados, principalmente, entre: são e o mundo bárbaro persa.

6:45:03
a. homens poderosos da plebe.
b. cidadãos da nobreza romana. 6| (PUC–PR) A importância de Otávio Augusto na Roma
c. servos dos latifúndios estatais. Antiga concentra-se principalmente no seu esforço para:
d. X escravizados das áreas dominadas.
a. solucionar a crise agrícola decorrente da falta de
e. heróis das conquistas romanas.
pequenas propriedades.
b. vencer as Guerras Púnicas, trazendo paz para a
3| (FGV) O Édito de Milão (313), no processo de desenvol- sociedade romana.
vimento histórico de Roma, reveste-se de grande signifi- c. X estruturar um império com governo centralizado,
cado, tendo em vista que: apoiado em instituições republicanas.

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d. impedir que as reformas introduzidas pelos gra- a. X a oposição à religião do Estado Romano e a nega-
cos alterassem a estrutura agrária de Roma. ção da origem divina do imperador pelos cristãos.
e. favorecer a expansão do cristianismo, concilian- b. a publicação do Édito de Milão, que impediu a
do seus princípios com a filosofia romana. legalização do Cristianismo e alimentou a repressão.
c. a formação de heresias como a do arianismo, de
7| (Uespi) A preocupação romana com as guerras e a ma-
autoria do bispo Ário, que negava a natureza divina de
nutenção do império não evitou que a religião tivesse
Cristo.
grande importância na vida cotidiana. Nas suas crenças
d. a organização dos Concílios Ecumênicos, que vi-
religiosas, os romanos:
savam promover a definição da doutrina cristã.
a. evitaram o politeísmo, seguindo os ensinamentos e. o fortalecimento do paganismo sob o imperador
do cristianismo. Teodósio, que mandou martirizar milhares de cristãos.
b. fugiram de divindades e de princípios religiosos
que lembravam a falta de ética.
c. X imitaram os gregos em muitos princípios e na acei-
Anotações
tação das divindades.
d. desprezavam os cultos familiares, considerados
supersticiosos e vazios.
e. tinham, inicialmente, uma religião ética e politeís-
ta, com rituais rígidos.

8| (Mackenzie) Leia o fragmento que segue.

“Como aquela era uma sociedade urbana, natural-


mente a crise se manifestava mais claramente nas
cidades, com lutas sociais, a contração do comércio
e do artesanato, a retração demográfica, a pressão
do banditismo e dos bárbaros. Assim, entende-se
que os mais ricos se retirassem para suas grandes
propriedades rurais (villae), onde estariam mais se-
guros e de onde poderiam obter praticamente todo
o necessário.”
Hilário Franco Junior

O fragmento de texto lido oferece-nos elementos que


permitem relacioná-lo ao período da história da Roma
Antiga denominado: FC_H

a. monarquia.
b. república.
c. Alto Império.
d. X Baixo Império.
e. crise da república.

9| (Fuvest) Várias razões explicam as perseguições sofri-


das pelos cristãos no Império Romano, entre elas:

172 História – 6o ano

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172 Manual do Educador

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BNCC
Capítulo Habilidades trabalhadas no capítulo

14 O Império Bizantino (EF06HI14) Identificar e analisar diferentes


formas de contato, adaptação ou exclusão
entre populações em diferentes tempos e
Bizâncio, antiga colônia grega
espaços.
Já vimos que o Império Romano, em sua fase final, foi dividido em duas partes: uma ocidental e outra oriental. Os
povos germânicos conseguiram destruir o Império Ocidental no século V, mas continuou existindo um enorme territó- (EF06HI16) Caracterizar e comparar as di-
rio romano, chamado de Império Bizantino.
nâmicas de abastecimento e as formas de
organização do trabalho e da vida social em
N
O L

diferentes sociedades e períodos, com des-


S
Mar
ico

do Norte
ált

B
Mar taque para relações entre senhores e servos.
(EF06HI19) Descrever e analisar os diferen-
Europa
Oceano tes papéis sociais das mulheres no mundo
Colônia

Atlântico
Lutécia

Ma
avos
antigo e nas sociedades medievais.
Esl
Lo

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nc Burgúndios m
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Milão

Mar
Ravena
Visigodos
Ilíria

Objetivos de
Córsega Trácia
Roma

Ásia
Constantinopla
Córdoba

aprendizagem
Sardenha Brindisi
Ceuta Cesareia Ásia Menor Antióquia


Cartago Atenas

África
Rodes
M ar
Mediterrâneo
Conhecer as características culturais,
Creta Chipre
be s

Trípoli
Jerusalém
Ára

políticas e socioeconômicas do Império


Cirene
Império Bizantino (século VI) Alexandria

Bizantino.

Reinos germânicos Egito
0 404 km 808 km

Observar as influências do império de


Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique Mondial. Paris: Larousse, 2003.
Justiniano durante o período bizantino.
Bizâncio foi uma cidade da Grécia Antiga, assim chamada em homenagem ao seu rei, Bizas. A cidade se tornou o cen-
tro do Império Romano do Oriente, ou Império Bizantino. A capital, Constantinopla, foi conquistada pelos turcos otoma-
nos em 1453 e hoje é a atual Istambul, maior cidade da Turquia.
• Analisar a estrutura religiosa do Impé-
rio Bizantino, além do cisma entre Oci-
Durante os mil anos de sua existência, o Império Bizantino foi uma das mais importantes estruturas políticas de seu
dente e Oriente.

tempo. Atacado por vários povos — germanos, árabes, eslavos e mesmo cristãos do Ocidente —, conseguiu resistir a
todos e soube, ao longo de seu milênio, reinventar-se e continuar resistindo. Apenas os turcos conseguiram conquistá-lo
e, ainda assim, após séculos de sítios e guerras. Toda a cultura da Europa Oriental — da Rússia, da Ucrânia, da Romênia,
Refletir sobre quais características cul-
turais o Império Bizantino deixou como
História – 6o ano 173 legado para os povos atuais.

Anotações
FC_História_6A_14.indd 173 18/03/2022 17:30:36 Diálogo com o
professor
Chegando ao fim das abordagens sobre
as civilizações que floresceram no decor-
rer da Antiguidade, é importante analisar a
consolidação e o legado deixado pelo Impé-
rio Bizantino nesse contexto e a posteriori.
Partindo disso, é igualmente relevante iden-
tificar as influências sociais, políticas e cul-
turais exercida pelos gregos e romanos na
organização dessa civilização.
45:04

História – 6º ano 173

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Leitura
complementar da Bulgária — foi profundamente influenciada pela civi- Também em contraposição ao Ocidente, onde o chefe
lização bizantina. O alfabeto das línguas eslavas, chama- da Igreja (o papa) se tornava mais poderoso, no mundo bi-
O Império Bizantino sobreviveu por mais do cirílico, é uma adaptação do alfabeto grego, e foi um zantino, a Igreja era chefiada pelo imperador e reconhecia
de 1.100 anos graças às virtudes de sua cons- monge bizantino, Cirilo, quem o criou. o poder deste. Embora isso não tenha sido garantia de re-
lações sempre tranquilas — houve muitos conflitos entre
tituição e administração. Poucos Estados o Estado e a Igreja —, ao menos, de início, não houve as
O Alto Império disputas de poder que se sucederam no Ocidente.
foram organizados de forma tão adequada à O primeiro grande imperador bizantino foi Justiniano
(330–610 d.C.)
época, visando, cuidadosamente, impedir que (527–565), chamado com razão de “o último imperador
Em 330 d.C., quando o imperador romano Constanti- romano”. Enquanto os imperadores que vieram antes e
o poder permanecesse em mãos incompeten- no decidiu fundar uma nova capital e sair de Roma, es- depois dele pouco se preocuparam com conquistas terri-
colheu a colônia grega de Bizâncio e construiu uma ci- toriais no Ocidente — o Oriente já era muito rico —, Jus-
tes. Essa organização não foi obra consciente dade, dando-lhe o nome de Constantinopla, ou Cida- tiniano inverteu essa política e realizou campanhas de
e deliberada de um único indivíduo nem de de de Constantino. conquista no território ocidental. Entre elas:

um único período. Fundamentalmente, foi


Naquela época, o Oriente estava se tornando cada vez
mais rico, devido ao intenso comércio entre a Grécia, a • Destruiu os Estados bárbaros, como o ostrogodo,


na Itália, e dos vândalos, no norte da África.
Síria, o Egito e o mundo asiático não romano: a Pérsia,
uma herança do passado romano, adaptada Retomou a marinha romana, dominando as águas
a Índia e a China. Havia, inclusive, uma importante rota


do Mediterrâneo.
continuamente e suplementada, no decorrer de caravanas que cruzava toda a Ásia e levava produtos
Estendeu o Império Bizantino, que já governava todo
entre os mundos romano e chinês. Todos os tipos de arti-
dos séculos, para atender às várias exigências. gos caros eram comerciados (de cascos de tartaruga a es-
o Mediterrâneo oriental, para importantes porções
no oeste: o norte da África (onde hoje é o litoral da
tátuas de bronze), e esse caminho ficou conhecido como
RUNCIMAN, Steven. A civilização bizantina. Rio de Ja- Argélia), o sul da Espanha e boa parte da Itália.
Rota da Seda, por causa do tecido chinês que os romanos
neiro: Jorge Zahar, 1977, p. 52. Adaptado. compravam em grande quantidade. Todo esse comércio Justiniano pretendia reconstituir a unidade romana,
terminava próximo a Constantinopla, no Mar Negro. reunindo os diversos territórios que um dia fizeram parte
A localização da nova capital também ajudava: estra- do imenso Império. Inclusive, chegou a exigir dos reis bár-
tegicamente situada entre a Europa e a Ásia, era um local baros que dominavam o Ocidente um tratamento sub-
Leitura de fácil defesa, com um porto protegido. O Oriente enfren- misso — considerava que eram ilegítimos reges (reis, em

complementar tou godos, hunos e ostrogodos, e nenhum deles conseguiu


destruir as defesas de sua capital, enquanto Roma era in-
latim) e que o único e legítimo poder imperial estava em
Constantinopla: ele próprio, Justiniano, o basileu (título
vadida várias vezes. usado pelos imperadores bizantinos).
A religião e o Estado Gradativamente, a parte oriental do Império foi cons- Assim como a religião, o Direito Romano colaborou para
truindo uma cultura própria; tornava-se cada vez mais garantir a ordem e a unidade imperial. O marco da adminis-
diferente de seus antepassados romanos. A língua lati- tração de Justiniano foi a compilação e reorganização das
[...] As principais características de Bi- na, que uniu todo o Império na Antiguidade, progressiva- leis romanas no chamado Corpus Juris Civilis. Essa obra é
zâncio foram o papel e o estilo especiais mente foi desaparecendo, dando lugar ao grego. composta de quatro partes: o Código de Justiniano; o Diges-
O Império Bizantino teve uma história bem diferente to, ou Pandectas; as Institutas; e as Novelas, ou Autênticas.
em relação à cristandade. O Império se tor- se comparada ao ocidental romano. Enquanto este era Ao morrer, Justiniano deixou um império significati-
invadido pelas tribos germânicas, desaparecendo para vamente maior do que o que tinha encontrado, mas isso
nara parte da engrenagem de salvação da dar lugar aos vários Estados bárbaros, o Oriente mante- teve um preço: segundo os cronistas da época, o tesou-
humanidade, e isso se refletia em todas as ve-se bastante estável. Formou-se uma monarquia ab- ro real foi reduzido ao “último grau de pobreza”, enfra-
soluta, à maneira oriental, com uma administração for- quecendo a administração central. Como consequência,
suas realizações. temente centralizada, que recolhia impostos e agrega- a principal defesa de Bizâncio contra os invasores exter-
va soldados. nos, o exército, sem recursos, entrou em declínio.
Justiniano usou o cristianismo e os ho-
mens da Igreja como um ramo da diploma-
174 História – 6o ano
cia, servindo de padrinho de batismo para
os filhos de príncipes bárbaros e mandan-
do missionários para converter outros. Du- FC_História_6A_14.indd 174 18/03/2022 17:30:37 FC_H

rante o seu reinado, os ricos e a riqueza de te, fingiam que nada mudara. Os seus impe- muitos aspectos, diferente da cristandade
Constantinopla e de outras partes do Im- radores continuaram até o fim a se chamar católica que dominaria a Europa Ociden-
pério ajudaram a impressionar os vizinhos. de Augusti. A essência religiosa não mudou: tal. Nenhum clérigo ortodoxo tinha auto-
O maior monumento de Bizâncio ainda é a permaneceu cristã, e isso de um modo espe- ridade compatível com a do papa romano.
basílica que Justiniano mandou construir: cial, dentro da tradição chamada ortodoxa. Por exemplo: o patriarca de Constantinopla,
a Igreja da Santa Sabedoria ou de Santa Dessa tradição, derivam não apenas as igre- reconhecido líder da Igreja Oriental desde
Sofia; durante séculos, a maior construção jas atuais da Grécia e de Chipre, mas tam- o século VII, era, na verdade, indicado pelo
do cristianismo [...]. bém da Rússia, da Bulgária e de algumas imperador e, em contrapartida, dava a bên-
Embora o Império Oriental tenha dura- outras terras eslavas. ção da Igreja à coroação imperial.
do tanto tempo e sofrido tantas mudanças, Em resumo, a ortodoxia — como foi cha- ROBERTS, J. M. O livro de ouro da História do mundo.
as pessoas que nele viviam, frequentemen- mada durante um certo tempo — foi, em Rio de Janeiro: Editora Ediouro, 2001.

174 Manual do Educador

ME_FC_História_6A_04.indd 174 24/03/2022 12:37:18


Anotações
Os inimigos do Estado oriental souberam se aprovei- No que diz respeito à economia bizantina, pode-se afirmar
tar dessas fraquezas e passaram a invadi-lo, eram eles: que ela tinha por principal característica a completa submis-
os hunos, temíveis guerreiros da Ásia Central, que as- são ao poder do Estado. O comércio tinha grande relevân-
solaram a Europa; os lombardos, que conquistaram o cia, sendo a atividade mais lucrativa, sobretudo pelo fato de
norte da Itália dos bizantinos; os persas, que atacaram Constantinopla dispor de uma vida urbana agitada e uma po-
sua fronteira oriental (a antiga Mesopotâmia); e os esla- sição geográfica significativamente estratégica entre a Ásia
vos, atacando sua fronteira norte. e a Europa. A variedade dos produtos era imensa e ia desde
perfumes de luxo a peças em porcelana, que despertavam
Os mais temidos de todos os povos bárbaros, os hunos eram grande interesse nas classes europeias mais abastadas. Havia
um povo de raça amarela originário do centro asiático. São simultaneamente o desenvolvimento da produção agrícola.
considerados os principais responsáveis pela queda de Roma,
pois empurraram para dentro do Império Romano as tribos Ambas as áreas eram controladas pelo Estado, assim como
germânicas que quebraram a unidade política de Roma. a emissão de moedas que circulavam no Império.

Reprodução
Contextualizando
Muito se fala sobre o imperador Justiniano, mas raramente
destaca-se com a devida importância a influência exercida
por sua esposa, a imperatriz Teodora, durante o tempo em
que esteve no comando do Império Bizantino.
Teodora é apontada por muitos historiadores como a mulher
mais poderosa do Império Romano do Oriente. Descrita pelos
registros como inteligente e perspicaz, aconselhou muitas das As moedas bizantinas simbolizam bem a força comercial de Constantinopla.
decisões políticas do Imperador e desenvolveu uma série de Somada a isso, a produção agrícola baseava-se em latifúndios, tendo uma aris-
medidas e reformas sociais, dentre elas: a proibição da venda tocracia forte e detentora das terras produtivas.
de crianças; a extensão do direito de herança às mulheres; a
garantia do direito de divórcio; a institucionalização da pena
de morte em casos de estupro, etc. A religião bizantina
O poder e as atitudes visionárias de Teodora no que concer-
ne à preocupação e garantia dos direitos das mulheres ainda A religião era um dos aspectos mais importantes para
é algo que desperta curiosidade e inspira muitos estudos. essa civilização. A igreja bizantina estava submetida ao
domínio do imperador, no sistema de relação chamado
cesaropapismo. O basileu era considerado um ungido
Sociedade e economia (eleito) de Deus e era tido como isapóstolos (igual aos
A sociedade bizantina era marcada por uma forte hierar- apóstolos de Cristo), além de chefe da Igreja e do Esta-
quia, ou seja, estava dividida em classes. A figura mais po- do. Contudo, no decorrer da história bizantina, Igreja e
derosa dessa civilização era o imperador, que controlava o Estado entraram em conflito várias vezes.
poder político e religioso e, juntamente a sua família, ocu- O cargo político mais importante era o de patriarca de
pava o posto de maior reconhecimento social. Em seguida, Constantinopla; os imperadores tinham cuidado em es-
encontravam-se os nobres, que o auxiliavam a governar, e colhê-lo — nas oportunidades em que essa escolha foi
além destes o clero, que se ocupava dos assuntos religio- malsucedida, grandes crises abalaram o Império.
sos do Império. A elite bizantina correspondia a uma par- A Igreja reivindicava liberdade de ação e passou a exi-
cela muito pequena da população, sendo formada predo- gir, no século IX, o direito de nomeação de seus bispos
minantemente por fazendeiros, mercadores e donos de ofi- (antes, uma prerrogativa do basileu).
cinas de artesanato. A maioria da sociedade era composta Por outro lado, os privilégios eclesiásticos eram into-
pelos camponeses, que, por sua vez, tinham por obrigação cáveis, especialmente porque a excomunhão — expul-
trabalhar e pagar pesados impostos por meio do pouco que são do cristianismo — era uma arma muito poderosa, e
recebiam; e também pelos escravos. só a Igreja podia usá-la.

História – 6o ano 175

7:30:37 FC_História_6A_14.indd 175 18/03/2022 17:30:37

Sugestão de
abordagem
Estimule os alunos a investigarem a for-
mação do alfabeto cirílico criado no Império
Bizantino e os seus desdobramentos na mo-
dernidade e contemporaneidade. A partir
dessas informações, é possível estabelecer
uma análise das influências de Bizâncio em
grande parte do oriente europeu e asiático.

História – 6º ano 175

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Sugestão de
abordagem A separação persiste até os dias de hoje, e as diferen-

Vadim Petrakov/Shutterstock.com
ças entre as duas igrejas mostra o quanto divergem: na
Solicite aos alunos que realizem uma Igreja Católica, a sede é Roma, há um papa como líder
pesquisa acerca dos conflitos e da divisão máximo, a língua oficial é o latim e o celibato (o não ca-
samento) estende-se para todo o clero; na Igreja Ortodo-
entre as igrejas Católica Apostólica Romana xa, a sede é Constantinopla, o líder máximo é o patriarca,
a língua oficial é o grego, o celibato é feito apenas pelos
e Bizantina Ortodoxa. Eles devem levar em bispos e, ainda, não creem no purgatório.
consideração as diferenças das representa-
As artes de Bizâncio
ções ideológicas presentes na produção ar- O monofisismo afirmava que Cristo tinha apenas a natureza divina. Mosaico
da Virgem Maria com Jesus Cristo junto ao imperador João Comneno e a im- A arte bizantina é mais um exemplo da ligação entre
tística das duas correntes religiosas. peratriz Irene, na igreja Hagia Sofia, Istambul, Turquia.
o Oriente e o Ocidente, entre o mundo clássico pagão e
a revelação cristã. As primeiras manifestações artísticas
Nas muralhas de Constantinopla, es- O monofisismo foi uma concepção religiosa que defendia
dessa civilização datam do século IV, quando Constanti-
que Jesus tinha apenas uma natureza: a divina, indo de en-
barraram todas as tentativas de conquista contro à ideia defendida pela Igreja Católica segundo a qual nopla tornou-se capital e foi se modificando e se intensi-
Jesus teria tanto uma natureza humana quanto uma divina. ficando com o passar do tempo. Há, entretanto, algumas
da capital do Império Romano do Oriente. Após serem considerados hereges, os monofisistas foram per- características que são contínuas em todo esse período:


seguidos, e seu criador, Dióscoro, condenado.
Antes de se estabelecer em Bizâncio, Cons- O cristianismo nasceu e cresceu no lado oriental do
Arte essencialmente cristã e imperial, principal-


mente nos temas.
tantino mandou restaurá-la e reurbanizá- Império Romano, onde seria um dia o Império Bizanti-
Valor ao ornamento, ao brilho, ao efeito da cor e
no, e as grandes questões religiosas sempre encontra-
-la com objetos de arte vindos de todas as

dos metais.
ram eco entre aquele povo, situação agravada ainda mais
Elementos da antiga arte clássica, como a impor-
graças à estreita união entre o Estado e a Igreja. Ou seja,
regiões do Império. Ao ser inaugurada, no tância da figura humana, em consonância com o
qualquer controvérsia religiosa tinha profunda repercus-
ideal artístico oriental.
dia 11 de maio de 330, já havia passado seis são em toda a sociedade bizantina.
Compõem a arte clássica os estilos e os movimentos ar-
anos desde o início das obras de reforma da tísticos predominantes na Grécia Antiga, entre os séculos

cidade. A partir de então, a cidade ganhou Cisma do Oriente VI a.C. e IV a.C., e a sua herança continuada pelos diversos
períodos político-culturais da Roma Antiga.
No século XI, houve um afastamento entre a igreja do
um novo nome, Constantinopla, em home-

Reprodução
Ocidente e a do Oriente devido a questões teológicas. Na
nagem ao seu construtor, e passou a ser a realidade, as divergências eram corriqueiras. A igreja de
Roma não via com bons olhos o cesaropapismo e outros
capital do Império Bizantino. dogmas seguidos pela igreja bizantina. Mas, até então,
ambas conviviam.
Em 1043, no entanto, os ânimos se exaltaram, e o
Leitura papa enviou a Bizâncio o Cardeal Humberto para re-
solver as diferenças das igrejas com o patriarca da igreja

complementar bizantina, Miguel Cerulário, o que não ocorreu.


O cardeal excomungou o patriarca bizantino, que,
como reação, excomungou o papa romano. Esse episó-
O eleito de Deus dio, ocorrido em 1054, separou definitivamente as duas
instituições em Igreja Católica Apostólica Romana e Igre- A arte bizantina, revelada nos afrescos e nas construções, é a contribuição de
ja Ortodoxa e ficou conhecido como o Cisma do Oriente.
Conhecidos como basileus, os imperado- várias culturas: grega, romana e algumas culturas orientais.

res bizantinos se autonomeavam represen-


176 História – 6o ano
tantes divinos na Terra. Isso dava ao governo
bizantino um caráter despótico e teocrático.
Considerados sagrados, exerciam o poder ab- FC_História_6A_14.indd 176 18/03/2022 17:30:37 FC_H

soluto em nome de Deus, o que lhes conferia pervisionarem a cobrança de impostos. Tam- Temendo a morte, 13 imperadores fugiram
poderes ilimitados sobre quase todos os as- bém estava sob seu controle direto as deci- ou se refugiaram em um mosteiro.
pectos da vida social. Além disso, possuíam sões econômicas. Na gestão do Imperador Justiniano (527–
autoridade religiosa equiparada à autorida- Essa concepção totalitária de poder an- 565), ocorreu o auge do Império Romano do
de política. O domínio supremo desses impe- gariou inimigos mortais e foi responsável Oriente. Foi adotada uma política externa ex-
radores bizantinos estava evidente no acúmu- por inúmeras conspirações contra o governo. pansionista, que resultou novamente no do-
lo de uma série de funções públicas e no de- Para se ter uma clara ideia, dos 88 imperado- mínio do norte da África, além das penínsu-
sempenho dessas funções com o auxílio de res que governaram o Império entre os anos las Ibérica e Itálica, antes em poder dos ger-
burocratas. Além disso, chefiavam o exérci- de 324 e 1453, 29 sofreram morte violenta: mânicos. Nesse governo, houve a revisão e a
to, as relações diplomáticas e a Igreja, além alguns foram decapitados, envenenados, es- sistematização do direito romano. Surgiram,
de controlarem as construções públicas e su- quartejados, mortos a pauladas ou afogados. assim, o Código (reunião de todas as consti-

176 Manual do Educador

ME_FC_História_6A_04.indd 176 24/03/2022 12:37:20


Anotações
A técnica de criação dos mosaicos também se desenvol- Quando os turcos tomaram Constantinopla, em 1453,
veu fortemente no Império Bizantino. Mosaico é a compo- muitos artistas e pensadores fugiram para o Ocidente,
sição de uma imagem a partir da aglomeração de peque- levando seus dotes artísticos e seus conhecimentos filo-
nas pedrinhas, chamadas tesselas, dispostas de maneira sóficos, que muito influenciaram o Renascimento artís-
que a luz que reflita sobre elas acrescente luminosidade ao tico e o Humanismo, dois importantes movimentos cul-
desenho. Para isso, prepara-se a superfície (chão, parede turais do século XVI.
ou teto) onde os mosaicos serão colocados, para evitar in-
filtração ou umidade. E sucessivas camadas de reboco são
colocadas para que a obra fique perfeita. Nas igrejas e nos História em questão
palácios bizantinos, é comum encontrar belos mosaicos.
1| O Império Bizantino pode ser considerado herdeiro e
Reprodução

continuador do Império Romano? Quais as diferenças


entre esses dois impérios entre os séculos V e VII?

A legislação do Império Bizantino era totalmente inspira-

da no código romano, tendo sua reformulação com Jus-

tiniano, o Corpus Juris Civilis. Os bizantinos herdaram o

território oriental das conquistas romanas, a hierarquia

social e a organização cristã do Estado de Roma.


Cena da vida cotidiana em Constantinopla representada em um mosaico do
Palácio do Imperador.
2| Por que Constantinopla tinha esse nome e por que o
Um dos mais importantes campos artísticos bizan- nome Império Bizantino?
tinos foi a arquitetura. Destaca-se a Basílica de Santa
Bizâncio foi uma cidade da Grécia Antiga que recebeu seu
Sofia, construída pelo imperador Justiniano. Durante sé-
culos, foi a maior igreja de toda a cristandade, e os rela-
nome em homenagem ao seu rei, Bizas. Constantinopla
tos de visitantes que chegaram até nós mostram como
aquela construção impressionava.
tem esse nome por causa de Constantino, que promoveu
Boris Stroujko/AdobeStock.com

a transferência do centro do Império Romano do Orien-

te para essa capital.

A Basílica de Santa Sofia, também chamada de Hagia Sophia (“Sagrada Sabe-


doria”), foi construída entre 532 e 537 para ser a catedral de Constantinopla.

História – 6o ano 177

7:30:37 FC_História_6A_14.indd 177 18/03/2022 17:30:38

tuições imperiais editadas desde o governo


do Imperador Adriano), as Novelas (consti-
tuições elaboradas depois de 534), o Diges-
to (síntese de toda jurisprudência romana) e
as Institutas (manual para uso dos estudan-
tes). Todo esse conjunto formava o Corpus
Juris Civilis (Corpo do Direito Civil). Portan-
to, para garantir a unidade e o poder do im-
perador, a religião foi instrumento muito uti-
lizado juntamente ao direito romano. E esse
modelo exerce influência até os dias de hoje.

História – 6º ano 177

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3| Vários foram os motivos que levaram à crise do Império 6| Quando aconteceu o declínio do Império Romano, sua
Romano do Ocidente a partir do século III d.C. e à queda de instituição religiosa, a Igreja Católica, manteve-se intac-
Roma. Quais foram eles? ta. Dentro desse processo, a Igreja Católica entrou em
conflito com as práticas religiosas de Bizâncio, por ques-
Os motivos que levaram à queda do Império Romano
tões políticas e culturais. De que modo podemos inter-
pretar essa afirmação?
foram as disputas políticas entre senadores e impera-
Sugestão de resposta: O processo fala sobre o afasta-
dores; a crise financeira do sistema escravista, que pre-
mento da igreja bizantina da Igreja Católica; o motivo
judicou a produção agrícola; o crescimento do cristianis-
desse desligamento pela parte oriental se dava por mu-
mo, que foi incorporado às práticas religiosas dos ple-
danças em sua ritualística e pela centralização de seu
beus romanos, os quais passaram a contestar a autori-
poder em Bizâncio.
dade dos imperadores e dos deuses; e a introdução de

soldados mercenários no exército romano.

4| Cite os principais povos bárbaros que contribuíram


7| Países com grande extensão e diversidade cultural pre-
para a crise do Império Romano.
Os principais povos bárbaros que atuaram no processo cisam estabelecer medidas consistentes de planejamen-
de queda do Império Romano foram os povos germâni- to para manter sua organização territorial. Nesse contex-
cos, mais precisamente ostrogodos e visigodos, que che- to, o Império Bizantino é um exemplo de território cujo
garam a fazer parte do exército romano como soldados declínio estava previsto diante da sua volumosa exten-
mercenários; saxões, povo que surgiu no norte da Alema- são. Pesquise quais foram as principais causas do fim do
nha, povoou a região da Grã-Bretanha, invadiu e saqueou Império Bizantino.
o Império Romano; e os hunos, povo guerreiro e violento Entre os motivos que causaram o fim do Império Bizanti-
que atacava outros povos bárbaros do Império Romano.
no, o aluno poderá citar: conflitos entre a aristocracia e os
5| Quando o Império Romano do Ocidente caiu durante
as investidas dos povos germânicos, sua parte oriental, camponeses; os gastos para manter o domínio sobre os
a civilização bizantina, continuou de pé. Quais foram os
territórios conquistados; as brigas entre sua igreja e a ca-
motivos para que isso acontecesse? FC_H

Sugestão de resposta: O imperador Constantino elabo- tólica; e, por fim, sua tomada pelo Império Turco Otomano.
rou mudanças que iam desde a organização das estrutu-
ras militares e políticas à criação da Igreja Ortodoxa e à
centralização do poder em sua pessoa; tudo isso fez com
que o Império Bizantino se mantivesse forte e prepara-
do caso acontecessem investidas de inimigos potenciais.

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Indicação de
filme
História e cinema Filme: Átila, o huno
Neste capítulo aprendemos sobre a formação da civilização bizantina. Que tal estudar História de uma forma Direção: Dick Lowry
diferente e divertida? O documentário Os bizantinos: a construção de um império, produzido pelo Discovery Channel
pode ajudar você a compreender melhor as características, as belezas e os mistérios desse povo. Então, boa sessão! Sinopse: Dois mundos se confrontam e,
Os bizantinos: a construção de dade que preservou a aprendizagem é recuperado graças às últimas téc-
com eles, os dois homens que personifi-
um império (2006) clássica e a ciência, que mais tarde nicas de animação. cam os valores e a essência desses mun-
Classificação indicativa: Livre dariam lugar ao Renascimento. Go- Fonte: https://www.fnac.pt/Os-Bizantinos-A-
Gênero: Documentário vernada por dirigentes que exerciam -Construcao-de-Um-Imperio/a310944. dos. Átila, rei dos hunos, é um idealista que

Reprodução
Duração: 44min um poder absoluto, Bizâncio conta-
Sinopse: Enquanto a maioria do va com arquitetos que desenvolve-
crê mais no seu povo do que nele próprio.
mundo mergulhava na obscurida- ram as maravilhas da engenharia ro- Ao passo que a felicidade dos hunos resi-
de após a queda de Roma, uma ci- mana. Os bizantinos construíram o
vilização brilhava com luz própria: maior aqueduto do mundo antigo, de na pilhagem e extorsão das nações vi-
o Império Bizantino. Exercendo um cidades amuralhadas e praticamen-
zinhas, Átila pretende mais, considerando
poder impiedoso e dotados de gran- te invencíveis, um estádio gigantes-
de engenho, os bizantinos governa- co e uma imensa catedral abobada- a possibilidade de um império e uma nova
ram vastas regiões da Europa e da da que desafiava as leis da natureza:
Ásia durante mais de mil anos. Esta- Santa Sofia. Todo o esplendor dos ordem mundial.
beleceram uma ponte com a Antigui- grandes feitos do Império Bizantino

Anotações
História no vestibular
1| (Uece) Na origem do chamado Cisma do Oriente, po- testemunhos de sua irradiação cultural. Assinale a impor-
de-se apontar corretamente: tante e preponderante contribuição artística bizantina
que se difundiu expressando forte destinação religiosa.
a. As desavenças entre os membros da hierarquia ca-
tólica e o imperador bizantino diziam respeito à cobrança a. Adornos de bronze e cobre.
das indulgências e à corrupção dos bispos. b. Aquedutos e esgotos.
b. Significou o aparecimento de inúmeras seitas “re- c. Telhados de beirais recurvos.
formadas”, que se desligaram da Igreja romana. d. X Mosaicos coloridos e cúpulas arredondadas.
c. X No Império Bizantino, a Igreja era submetida ao e. Vias calçadas com artefatos de couro.
imperador e promovia um excessivo culto aos ídolos e às
imagens. 3| A religião oficial do Império Bizantino era:
d. Em Bizâncio, ao contrário do cristianismo ociden-
tal, as imagens e os ídolos dos santos não eram objetos a. o islamismo.
de adoração e culto. b. X o cristianismo.
c. o budismo.
2| (Unesp) A civilização bizantina floresceu na Idade d. o judaísmo.
Média, deixando em muitas regiões da Ásia e da Europa e. o hinduísmo.

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Sugestão de
leitura 4| (Mackenzie–Adaptada) O ano de 1054 foi marcado pelo e. Contatos comerciais das repúblicas marítimas ita-
Cisma do Oriente. Após um longo processo de conflitos, lianas com os portos bizantinos nos mares Egeu e Negro.
AYMARD, André & AUBOYER, Jeannine. Histó- ocorreu a ruptura entre o papado romano e o patriarca de
ria geral das civilizações: Roma e seu império. Constantinopla, ocasionando: 8| (Ufes) Leia o fragmento a seguir.

a. X uma separação que persiste até hoje.


São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1963. Segundo a crença dos cristãos de Bizâncio, os íco-
b. a criação da igreja Cristã Ortodoxa Grega. nes (imagens pintadas ou esculpidas de Cristo, da
LEMOS, Sueli e ANDE, Edna. Arte Bizantina. c. o conflito denominado Querela das Investiduras. Virgem e dos santos) constituíam a “revelação da
d. a fundação da Igreja Cristã Protestante. eternidade no tempo, a comprovação da própria en-
São Paulo: Callis Editoria, 2013. e. a divisão do Clero em secular ortodoxo e regular carnação, a lembrança de que Deus tinha se revela-
MANGO, Cyril. O Império da Nova Roma. Lis- monástico. do ao homem e por isso era possível representá-lo
de forma visível.”
boa: Edições 70, 2008. 5| Justiniano (527–565), no Império Romano do Orien- Franco Jr., H. e Andrade Filho, R. O. O Império Bizantino. São Paulo: Bra-
te, enfrentou diferentes dificuldades internas, inclusive siliense, 1994, p. 27.

nas relações entre a Igreja e o Estado, devido a heresias


Anotações como a dos monofisistas. Estes, entre outros princípios: Apesar da extrema difusão do culto dos ícones no Impé-
rio Bizantino, o imperador Leão III, em 726, condenou tal
a. pretendiam a destruição de todas as imagens.
prática por idolatria, desencadeando assim a chamada
b. X negavam a natureza humana de Cristo.
crise iconoclasta.
c. defendiam o conhecimento de Deus inspirado no
Dentre os fatores que motivaram a ação de Leão III, po-
misticismo.
demos citar o(a):
d. admitiam o dualismo de inspiração budista.
e. acreditavam na reencarnação das almas em cor- a. intolerância da corte imperial para com os habi-
pos animais. tantes da Ásia Menor, região onde o culto aos ícones ser-
via de pretexto para a aglutinação de povos que preten-
6| Uma das artes que mais se destacou no Império Bi-
diam se emancipar.
zantino foi:
b. necessidade de conter a proliferação de culto às ima-
gens, num contexto de reaproximação da Sé de Roma com o
a. a pintura em tela.
imperador bizantino, uma vez que o papado se posicionava
b. X a arquitetura.
contra a instituição dos ícones e exigia a sua erradicação.
c. as esculturas em barro.
c. tentativa de mirar as bases políticas de apoio à
d. a costura.
sua irmã, Teodora, a qual, valendo-se do prestígio de
e. o teatro.
que gozava junto aos altos dignitários da Igreja Bizan-
7| (Fuvest) Entre os fatores citados a seguir, assinale tina, aspirava secretamente a sagrar-se imperatriz.
aquele que não concorreu para a difusão da civilização d. aproximação do imperador, por meio do califado de
bizantina na Europa Ocidental. Damasco, com o credo islâmico que, recuperando os princí-
pios originais do monoteísmo judaico-cristão, condenava a
a. Fuga dos sábios bizantinos para o Ocidente, após materialização da essência sagrada da divindade em peda-
a queda de Constantinopla. ços de pano ou madeira.
b. Expansão da Reforma Protestante, que marcou a e. X descontentamento imperial com o crescente pres-
quebra da unidade da Igreja Católica. tígio e riqueza dos mosteiros (principais possuidores e fa-
c. Divulgação e estudo da legislação de Justiniano, bricantes de ícones), que atraíam para o serviço monás-
conhecida como Corpus Juris Civilis. tico numerosos jovens, impedindo-os, com isso, de con-
d. Intercâmbio cultural ligado ao movimento das tribuírem para o Estado na qualidade de soldados, ma-
Cruzadas. rinheiros e camponeses.

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BNCC
Capítulo Habilidades trabalhadas no capítulo

15 Nasce a civilização medieval (EF06HI14) Identificar e analisar diferentes


formas de contato, adaptação ou exclusão
entre populações em diferentes tempos e
Idade Média, “idade dos Durante muito tempo, de forma equivocada, chama-
mos esse período de Idade das Trevas, relacionando-o ao espaços.
homens” atraso e à falta de produção cultural e científica. Hoje, a (EF06HI15) Descrever as dinâmicas de cir-
Certamente, você já deve ter assistido a algum filme História amplia a nossa visão para que possamos perceber
ou lido algum livro que conta a história de corajosos cava- a riqueza e o desenvolvimento daquele período, uma vez culação de pessoas, produtos e culturas no
leiros vestidos com suas imponentes armaduras que, se- que nos mostra um mundo além da Europa. Dessa forma,
gurando espadas e escudos, salvam inocentes donzelas podemos desmistificar a ideia de que a Idade Média só
Mediterrâneo e seu significado.
dos perigos do misterioso mundo medieval. Você deve ter está relacionada aos senhores feudais e ao poder da Igre- (EF06HI16) Caracterizar e comparar as di-
visto, também, nessas obras, grandiosos castelos, assim ja Católica, pois o que caracterizou esse período vai muito
como imponentes igrejas, onde vários monges e freiras além de todas essas informações. nâmicas de abastecimento e as formas de
ficam enclausurados. Realmente, isso tudo fez parte desse
período que vamos estudar agora, a Idade Média.
organização do trabalho e da vida social em
A queda do Império diferentes sociedades e períodos, com des-
Reprodução

Romano e o início da Idade taque para relações entre senhores e servos.


Média (EF06HI19) Descrever e analisar os diferen-
A queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C.,
simbolicamente representa o fim do mundo antigo e o
tes papéis sociais das mulheres no mundo
início da Idade Média, um dos períodos mais longos da antigo e nas sociedades medievais.
História da humanidade, totalizando dez séculos, ou seja,
mil anos de história, uma vez que o seu fim ocorreu so-
mente em 1453 d.C., com a tomada de Constantinopla Objetivos de
aprendizagem
O uso de pesadas armaduras de ferro foi eficiente, na Idade Média, até a che-
gada da pólvora, inventada pelos chineses. Depois disso, elas perderam a uti-
pelos turcos otomanos.
lidade, pois já não ofereciam a proteção necessária aos cavaleiros.


Atual Istambul, Constantinopla foi a capital do Império Ro-
mano (330–395), do Império Bizantino (ou Império Roma-
Contextualizando no do Oriente) (395–1204 e 1261– 1453), do Império Latino
(1204–1261) e, após a tomada pelos turcos, do Império Oto-
Analisar os aspectos característicos da
Tradicionalmente, os historiadores classificam a Idade
Média de diversas maneiras, porém a classificação mais mano (1453–1922). Idade Média, desmistificando o termo
conhecida é a que divide esse período em Alta Idade Média O Estado Turco Otomano existiu entre 1299 e 1922 e, no
Idade das Trevas.

e Baixa Idade Média. seu auge, compreendia a Anatólia, o Médio Oriente, parte
A Alta Idade Média (do século V ao XI) compreende o perío- do norte da África e do sudeste europeu. Foi estabelecido
do entre a queda do Império Romano do Ocidente e o Im-
pério Carolíngio. Foi nessa época que se consolidou, na Eu-
por uma tribo de turcos oguzes no oeste da Anatólia e era Compreender os eventos que marcaram
governado pela dinastia Otomana (Osmanli).
ropa Ocidental, o modelo feudal.
A Baixa Idade Média (do século XI ao XV) corresponde à
a queda definitiva do Império Romano e
Esse processo, ao contrário do que se pensa, foi
época em que a vida urbana e o comércio retornavam gra-
o início da Idade Média.

dualmente sua importância. lento e gradual, pois durante quase um século mui-
tos bárbaros penetraram as fronteiras do Império em
Compreender o modo de produção e orga-
nização social conhecido como feudalismo.
História – 6o ano 181
• Compreender o papel da igreja e da
mulher no cenário da Idade Média, bem
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como outras doutrinas que também
existiram naquela época.

Diálogo com o Sugestão de
professor abordagem Entender as Cruzadas e seu legado polí-
tico e socioeconômico no cenário da
Como o período medieval esteve estrita- Pode-se começar questionando os Idade Média.
mente relacionado ao âmbito religioso, du- alunos sobre o que eles sabem acerca da
rante muito tempo, difundiu-se a ideia de Idade Média. É provável que mencionem
que não houveram avanços científicos nesse batalhas de cavaleiros, bruxas, castelos,
contexto. Com base nisso, aproveite a aber- etc. Escreva as respostas no quadro e ini-
tura do capítulo para desconstruir esse este- cie a abordagem do conteúdo a partir das
reótipo, citando exemplos, como a criação palavras registradas.
das universidades e as produções artísticas.

História – 6º ano 181

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troca de pequenos pedaços de terra, prestando serviço militar aos romanos contra outros possíveis invasores,
chamados de “bárbaros”.
Como dito anteriormente, a palavra bárbaro foi criada pelos romanos para designar os povos que não habitavam os
limites do Império e, além disso, não compartilhavam da mesma língua, cultura e dos mesmos costumes. É válido pon-
tuar que estes não representavam uma unidade. Por isso, nos referimos a eles como povos germânicos, ou bárbaros,
muito embora o termo bárbaro carregue um teor pejorativo, sendo associado a algo inferior, incivilizado. Observe no
mapa a seguir a diversidade daqueles povos.

Reinos bárbaros
Mar

ico
do Norte

ált
N
B
Mar Eslavos
O L
Anglo-Saxões S
Saxões
Arras
Amiens Europa
Bretões
Oceano Paris
Reims Tréves
Mogúncia
Lombardos
Alamanos
Atlântico Francos Dijon

Ma
Burgúndios
Ostrogodos C

r
Suevos Lyon Milão
á

sp
Ravena
ar Negro
Toulouse
M

io
Braga

Toledo Império Romano


Roma do Oriente Constantinopla

Visigodos
Ásia
Cartago

Vândalos
M ar
Mediterrâneo

África 0 418 km 836 km

Mapa elaborado pelos autores.

Quando estudamos a história romana, podemos


O latim é uma antiga língua indo-europeia do ramo itáli-
ter a impressão de que, quando os bárbaros invadi-
co originalmente falada no Lácio, a região do entorno de
ram Roma, tudo foi destruído, inclusive uma cultura Roma. Foi amplamente difundida, especialmente na Euro-
que demorou séculos para ser consolidada. Mas não pa, como a língua oficial da República Romana, do Império
foi exatamente assim que aconteceu. Vários aspectos Romano e, após a conversão deste último ao cristianismo,
da Igreja Católica. Através da Igreja, tornou-se a língua dos
da cultura romana e também da cultura grega se fize-
acadêmicos e filósofos europeus medievais.
ram presentes nessa nova fase da História — a Idade
Média. Você pode estar se perguntando: “O que, por Com o passar do tempo, cada povo desenvolveu seu FC_H

exemplo?”. próprio dialeto, muito próximo do latim. Dessa forma,


De início, podemos afirmar que a língua falada pelos surgiram os idiomas latinos tais como os conhecemos:
padres e pelas pessoas cultas continuou sendo o latim, italiano, francês, espanhol, português e romeno.
assim como os livros eram escritos nesse idioma. Mas a Você sabe que a história de um povo deve ser preser-
população não falava nem entendia essa língua; por isso, vada a todo custo. Por isso, os livros que contêm os rela-
o saber era privilégio de poucos. Você lembra que o al- tos históricos da humanidade devem ser bem guardados.
fabeto que utilizamos hoje tem origem latina? Pois é, ele Assim, as bibliotecas desempenham um papel muito im-
continuou sendo utilizado na Idade Média. portante nessa tarefa de preservar a memória do povo.

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lepra; fornece também matéria-prima bara-
ta para a indústria papeleira trazida da China
preferências diferentes dos de outras civilizações. Isto é,
Reprodução

tinham outros valores culturais, nem melhores nem pio- no século XIII.
res que os demais, porém com sua própria importância.
Do século V ao IX ocorreu a fusão da cultura roma-
A introdução do tear horizontal de pedal
na com a cultura germânica, assim como a formação de provavelmente triplicou a produtividade
duas importantes dinastias: a dinastia Merovíngia e a
Dinastia Carolíngia. dos lanifícios. Em fins do século XII, surge
Muitos dos textos, bem como as tradições orais da Antiguidade, foram preser- Direito consuetudinário é o direito que surge dos costu- um invento no processo de tecelagem da lã:
vados pelo trabalho de monges católicos, que os copilavam ou copiavam, daí mes de uma certa sociedade, não passando por um pro-
a expressão “monge copista”. cesso formal de criação de leis, em que um poder legisla- o pisão, que substituiu a pisagem de pés hu-
tivo cria leis, emendas constitucionais, medidas provisó-
Mas, quando os bárbaros invadiram o Império Roma- rias, etc. No direito consuetudinário, as leis não precisam manos pela batida de martelo sobre o teci-
no, muitas bibliotecas foram destruídas. Muitos livros necessariamente estar num papel ou serem sancionadas
foram perdidos e jamais recuperados. Outros livros, de ou promulgadas. do. Um tambor giratório, preso ao eixo de
Literatura, Filosofia e Ciências, pertencentes às civiliza- O rei Artur é uma figura lendária britânica que, de acor-
do com histórias medievais e romances, teria comandado
uma roda-d’água, acionava os martelos.
ções grega e romana, foram conservados pela Igreja no
a defesa contra os invasores saxões chegados à Grã-Breta-
período medieval. Outro povo que contribuiu para que
nha no início do século VI. Os detalhes da história de Artur
Outra invenção foi a máquina cardadora,
os livros antigos fossem preservados foram os árabes. são compostos principalmente pelas lendas e pela litera-
Por ser um período muito extenso, os historiadores re- tura, e sua existência histórica é debatida e contestada por
constituída por um conjunto de rolos com
solveram dividir a Idade Média em dois períodos: A Alta historiadores modernos.
cardas, movimentado também pela força
Idade Média e a Baixa Idade Média. A Dinastia Merovíngia foi uma dinastia franca que go-
A Alta Idade Média foi um período marcado pela vernou os francos em uma região correspondente, grosso hidráulica. O moinho mecânico de dobar a
modo, a antiga Gália, da metade do século V à metade do
fusão da cultura romana com a cultura germânica (bárba-
ros) e pelo apogeu do sistema feudal. Mas de que forma
século VIII. Seus governantes se envolveram com frequên- seda parece ter surgido na Itália no fim do
cia em guerras civis entre os ramos da família.
isso aconteceu? Vamos entender.
Já Dinastia Carolíngia é o nome da dinastia franca que su- século XIII. Além disso, foram inventados o
Do mundo romano, sobreviveu o antigo sistema de co- cedeu aos merovíngios (751), com Pepino, o Breve, e resta-
lonato, assim como a religião cristã, uma vez que os bár- beleceu o Império Romano do Ocidente, de 800 a 887 (prin- botão e a camisa.
baros estabeleceram uma aliança com a Igreja Católica, cipalmente sob o comando de Carlos Magno). Seus últimos
convertendo-se ao cristianismo em troca da legitimação
representantes reinaram na Alemanha, até 911, e na Fran- O álcool aparece em Salerno por volta
ça, até 987.
do seu poder. de 1110, e sua fabricação melhora rapida-
É importante lembrar que vários povos bárbaros in-
Sistema de colonato é o nome que se dá a um sistema de
vadiram o Império Romano: visigodos, ostrogodos, lom- mente, com o emprego de desidratantes,
exploração de grandes propriedades entre diversos colo-
bardos, anglos, saxões e outros com culturas, dialetos e
nos, ou meeiros, que ficam incumbidos de cultivar uma de- como o carbonato de potássio. Além disso,
terminada área e entregar parte da produção ao proprie- costumes diferentes. Porém, para efeito didático, estu-
tário, conservando outra parte para seu próprio consumo. daremos somente a atuação dos povos francos, pois, de a técnica da destilação se aperfeiçoa, em-
todos os povos bárbaros, estes conseguiram estruturar
Da cultura germânica, sobreviveu o direito consue-
um poderoso Estado, expandindo seus domínios sob o pregando-se o alambique clássico, cujo es-
tudinário, baseado nos costumes, que deu origem a vá-
rios ideais de cavalaria, de honra e de dever que marca-
governo merovíngio e carolíngio. coadouro tubular, em forma de serpentina,
ram profundamente a Idade Média. Você já ouviu falar na O Reino Franco foi o único reino que conseguiu se estru-
lenda do rei Artur e nos Cavaleiros da Távola Redonda? turar e expandir seus domínios, enquanto os demais reinos mergulha em uma cuba para a circulação
germânicos estavam sendo invadidos pelo Império Roma-
Pois bem, essas e outras tantas lendas constituem outra no. Os francos ocuparam o norte da Gália. Na formação e ex- da água. Em Toulouse, fabrica-se aguarden-
herança deixada pelos bárbaros, que, ao contrário da pansão do Reino Franco, influenciaram soberanos de duas
imagem comumente construída sobre esses povos, como dinastias: Merovíngia e Carolíngia.francas vizinhas e se esta- te no começo do século XV, o último grande
beleceu como único rei antes de sua morte.
ruins, violentos e rudes, demonstravam apenas gostos e
século do comércio de vinho. Concorrentes
vão aparecer e desenvolver-se: em primei-
História – 6o ano 183
ro lugar a cerveja, que se aprende a fabricar
melhor na Alemanha no século XIV, com a
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utilização do lúpulo.
Leitura Na indústria doméstica, a roca substitui o Alberto Magno (1183–1280) conseguiu

complementar fuso para enrolar a estriga. E, a partir de 1280,


a roda de fiar (provavelmente uma das gran-
preparar a potassa cáustica. Foi o primeiro
a descrever a composição química do cina-
des invenções da indústria têxtil) compete bre, do alvaiade e do mínio. Raimundo Lúlio
O progresso técnico na Idade Média
com a roca e o fuso, os quais possibilitaram (1235–1315) preparou o bicarbonato de po-
O primeiro poço artesiano de que se tem às mulheres trabalhar enquanto supervisiona- tássio. Teofrasto Paracelso (1493–1541) des-
conhecimento foi perfurado em 1126. Entre vam outras atividades. No século XIV, o linho é creveu o zinco, desconhecido até então. In-
as inovações medievais, aparecem também pela primeira vez empregado na confecção de troduziu igualmente na medicina o uso dos
a sericultura (introduzida na Sicília por volta roupas brancas, em oposição aos grosseiros compostos químicos.
de 1130), a falcoaria, o arenque defumado e panos de lã até então usados, o que acarre- Os óculos para corrigir a miopia apare-
a “champanhização” do vinho branco. ta uma melhoria na higiene e o retrocesso da cem por volta de 1285; primeiro, de cristal
45:13

História – 6º ano 183

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de rocha, depois de vidro. Nos séculos se-
guintes, outros artesãos iriam melhorar as
A Dinastia Merovíngia teve início com a conversão de

Reprodução
lentes, de onde resultariam o telescópio e Clóvis (496) ao cristianismo, o que garantiu a legitima-
ção do poder aos bárbaros, que em troca doaram terras
o microscópio. e proteção à Igreja Católica. Depois de ocupar a região da
Os relógios mecânicos de peso difun- Gália, atual França, eles estenderam seu domínio sobre
os territórios vizinhos. Nesse período, houve um proces-
dem-se no fim do século XIII. No século XV, so de ruralizarão da Europa e, de acordo com os costu-
mes dos povos bárbaros, houve a distribuição de terras
surgem os relógios de areia, ou ampulhetas.
entre membros da nobreza, os guerreiros francos. Isso
gerou a fragmentação do poder, levando os últimos reis
Disponível em: http://www.lepanto.com.br/historia/ dessa dinastia a ficarem conhecidos como “reis indolen-
o-progresso-tecnico-na-idade-media/. Acesso em: tes”, pois perderam o controle sobre a administração e
18/11/2021. Adaptado. doação de suas terras. Pintura representando a Batalha de Poitiers, de Charles de Steuben. Essa bata-
lha foi considerada a última na expansão muçulmana na Europa Medieval. No
detalhe da imagem, Carlos Martel segura um machado em posição de vitória.
Clóvis foi o primeiro rei dos francos a unir totalmente a
Sugestão de nação bárbara. Sucedeu seu pai, Childerico I, em 481, como
rei dos francos salianos, uma das várias tribos francas que
Pepino, o Breve, expulsou
Os Patrimônios de

abordagem ocupavam a região a oeste do baixo Reno, com centro em


os lombardos da Península Itá- São Pedro eram terri-
torno de Tournai e Cambrai, ao longo da moderna frontei- lica e garantiu o apoio da Igre- tórios doados à Igreja,
ra entre a França e a Bélgica, em uma área conhecida como ja Católica doando a ela terras por parte de Pepino, o
Toxandria. Ele conquistou as outras tribos francas vizinhas (Patrimônios de São Pedro) Breve, dando origem
Solicite que a turma enumere alguns e se estabeleceu como único rei antes de sua morte.
e proteção. Seu filho, Carlos
ao Estado do Vaticano.

costumes da sociedade atual que não fazem Com o passar do tempo, o poder, de fato, ficou con-
Magno (768–814), na conturbada Idade Média, represen-
tou uma experiência centralizadora de poder. Para ga-
ferido aos majordomus — mordomos do Paço ou do
parte de leis formalmente estabelecidas. A rantir a unificação e expansão de seu reino, ampliou
Palácio (espécie de prefeito ou primeiro-ministro) —,
as guerras de conquista, doou terras para nobres, ga-
partir do que for exposto, faz-se possível tra- levando à formação de uma nova dinastia. O melhor
rantindo seus laços de dependência, e apoiou a Igre-
exemplo dessa organização é a atuação de Carlos Mar-
tar sobre o direito consuetudinário e tam- tel, que em 732 bloqueou uma tropa árabe na Bata-
ja, expandindo o cristianismo. Na tentativa de recons-
truir o Império Romano do Ocidente, dividiu o império
bém aproximar a abordagem histórica do lha de Poitiers. Seu filho Pepino, o Breve, deu início à
em 300 partes (condados, ducados e comarcas), criou
mais importante dinastia desse período, a Carolíngia,
a figura do missi dominici — funcionários imperiais
conhecimento sociológico por meio do con- a qual reestabeleceu o antigo Império Romano do Oci-
(burocracia) para fiscalizar a administração das ter-
dente, sendo seu filho Carlos Magno a maior expressão
ceito de fatos sociais (maneiras coletivas da sua administração.
ras — e criou leis escritas, as chamadas Leis Capitu-
lares. Graças a todas essas reformas, promoveu o que
de sentir, de pensar e de agir que regem a Carlos Martel foi mordomo do Palácio e duque dos fran- chamamos de Renascimento Carolíngio, preservando
cos. Filho ilegítimo de Pepino de Herstal com sua concubi- obras clássicas em escolas eclesiásticas. Porém, após
vida em sociedade). Essa definição foi ela- na Alpaida, Martel expandiu seu domínio sobre os três rei-
nos francos: Austrásia, Nêustria e Borgonha. sua morte, seus descendentes não conseguiram man-
borada por Émile Durkheim e pode ser útil ter a unidade do império. Com Luís, o Piedoso (814–
Também conhecida como Batalha de Tours, a Batalha
841), houve o agravamento da descentralização políti-
para enriquecer a discussão. de Poitiers travou-se entre o exército do Reino Franco,
liderado por Carlos Martel — prefeito do Palácio de Paris, ca. Após a morte de Luís, o Tratado de Verdun dividiu
da Dinastia Carolíngia, governante de fato do reino — e o império entre seus três filhos, netos de Carlos Magno.
os mouros, do exército do califado de Córdoba, lidera-
Anotações do por al-Gafiqi. Essa divisão reforçou a fragmentação do período me-
dieval e levou ao ápice do feudalismo, um novo modo
Pepino, o Breve, foi o rei dos francos de 751 a 768, mais conhe- de produção. Vamos entender um pouco mais sobre
cido por ter sido o pai de Carlos Magno e filho de Carlos Martel.
esse assunto nas próximas páginas.

184 História – 6o ano

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Diálogo com o
professor
Questione os alunos o que lhes vem à
mente quando ouvem a expressão povo
bárbaro. Pode ser que eles a relacionem à
violência, à maus modos, etc. Apresente,
então, a definição histórica do termo: eram
chamados bárbaros os povos que não fala-
vam latim, ou seja, que não participavam do
ambiente cultural romano.

184 Manual do Educador

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e relações de produção bem específicas. No
campo das forças de produção, teríamos
Podemos dizer que a Europa passou por um processo
Tratado de Verdun de ruralização, fragmentação territorial e formação de di- toda a materialidade e força vital, toda a
versos reinos autossuficientes. Essa nova estrutura gerou
0 178 km 356 km N
a descentralização do poder, conferindo muitos poderes
tecnologia e modos de apropriação da na-
R
tureza e otimização do trabalho de que dis-
O L

aos senhores locais que comandavam as terras. Houve,


io
Ren S
Aquisgrã
também, uma nítida diminuição do trabalho escravo. Os
põe o homem medieval para reproduzir a
o
Ri

senhores passaram a arrendar pequenos lotes de terras


oS

n Verdum
Paris
e

Rio Ratisbona
para as pessoas livres que trabalhavam na agricultura,
existência de sua sociedade diante das con-
a

Loi
re
Estrasburgo ou seja, os camponeses. Essas pessoas trabalhavam nos
lotes, chamados feudos, e pagavam impostos para per- dições que lhe são oferecidas.
o
an d

manecer na terra com aquilo que produziam. Na verda-


Rio Ró

de, eles produziam mais para os senhores do que para Constituem a totalidade das forças de pro-
si próprios. Essa exploração passou a funcionar desde a dução: os instrumentos de produção — como
crise do Império Romano e era chamada de sistema de
colonato, e quem nela trabalhava ficou conhecido como o arado ou a charrua —; os meios de produ-
colono. O colono era obrigado a morar na terra que ex-
Roma
plorava e era constantemente vigiado pelo seu senhor.
ção, que seriam os ambientes dos quais os ho-
Mar
Mediterrâneo Esse sistema transformou-se, então, na servidão que foi mens medievais poderiam extrair materiais
responsável pelo trabalho na Idade Média.
para a sua própria vida e também transformar
Contextualizando
em ambiente para o seu trabalho; e, por fim,
Reino de Carlos II, o Calvo
Reino de Lotário I Tanto a servidão quanto a escravização praticada no con-
texto do feudalismo são remanescentes dos costumes do
os agentes de produção, que, para simplificar,
Reino de Luís, o Germânico
mundo romano e germânico. A escravização era ampla-
Mapa elaborado pelos autores. mente praticada na Antiguidade e muito importante para
a mão de obra do mundo romano, enquanto a servidão se coincidiria com a humanidade que trabalha
origina do sistema de colonato.
A economia Apesar de estreita semelhança entre essas duas práticas na — no caso da Idade Média, os servos (tam-
sociedade feudal, pode-se dizer que os servos não podiam
Várias modificações ocorreram na Europa nesse pe- ser retirados da porção de terra ao qual estavam ligados, bém os mercadores e artesãos, que viviam a
ríodo, entre elas a mudança na vida econômica dos ao passo que os escravizados podiam desempenhar fun-
povos. As cidades, que antes eram belas e imponentes, ções em outras localidades. se constituir em agentes históricos importan-
perderam prestígio e importância, pois já não represen- tes para a superação do modo de produção
tavam locais que oferecessem segurança e sobrevivência
em virtude da crise. Por esse motivo, as pessoas foram O modo de produção feudal). Também estaria no campo das forças
morar nos campos, com a intenção de sobreviver traba-
lhando nas terras.
feudal de produção as técnicas conhecidas pelos in-
No contexto medieval, é muito importante que você divíduos para produzir o seu trabalho ou se
Reprodução

saiba que as propriedades pertencentes aos senhores


feudais eram capazes de produzir todos os itens de que apropriar do meio, como o cultivo unidirecio-
precisavam, ou seja, eram autossuficientes. O modo de
produção adotado tinha como base a produção agrí-
nal ou o plantio alternado. Ocorre que tudo
cola, e todos os olhos estavam voltados para as terras. isso — instrumentos, técnicas, meios de pro-
Os castelos (forte característica da Idade Média) eram a sede dos cavaleiros e Possuir terras significava automaticamente ter poder.
nobres, um lugar de encontros sociais, intercâmbios econômicos e ponto de
Logo, este era considerado o bem mais precioso que al- dução e agentes de produção — está sempre
partida de um conflito militar. Na imagem, representação de um castelo me-
guém poderia adquirir na referida época.
dieval em Cardiff, País de Gales.
em expansão, em certos momentos uma ex-
pansão em ritmo mais lento, em outros uma
História – 6o ano 185
expansão em ritmo mais acelerado. O arado
e a charrua constituem aperfeiçoamentos nos
6:45:14 FC_História_6A_15.indd 185 18/03/2022 16:45:14
instrumentos de produção; as técnicas de cul-
Sugestão de perior nem inferior um ao outro e atenden- tivo se desenvolvem e se tornam mais eficien-

abordagem do aos desafios próprios da sociedade na


qual estiveram/estão em vigência.
tes; os meios de produção cedem espaço para
novas apropriações humanas através de ar-
É importante que os estudantes en- roteamentos e ocupação de florestas antes
tendam o que é um modo de produção: a Leitura intransponíveis; e a força de trabalho se de-
forma com a qual uma sociedade produz complementar senvolve, torna-se mais eficaz, mas também
bens, realiza serviços e distribui riqueza. mais complexa, mais beneficiada pela intera-
Conceito de modo de produção
Enfatize que modos de produção estão in- ção humana.
seridos em contextos históricos. Assim, cada […] Tomemos o exemplo do mundo me-
Disponível em: http://www.revista.ufpe.br/revista-
momento histórico tem ou teve sua forma dieval. O chamado modo de produção feu- clio/index.php/revista/article/viewFile/111/84. Aces-
específica de produção, não sendo nem su- dal era constituído por forças de produção so em: 25/10/2021. Adaptado.

História – 6º ano 185

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Sugestão de
abordagem É a partir de então que se instaura o denominado
• Corveia: Realização de trabalho nas terras do


modo de produção feudal, que passa a organizar a nova senhor feudal.
Ao abordar a sociedade feudal, os con- conjuntura social após a queda do império romano e que Mão-morta: Taxa paga em caso de falecimento de
ceitos de status social e de papel social tinha como centro econômico o feudo. Mas você sabe o um servo, para que sua família fosse autorizada a


que é um feudo? continuar trabalhando na terra.
adotados pela Sociologia, podem auxiliar A palavra feudo deriva do germânico e está associa- Tostão de Pedro: Taxa paga à Igreja em datas
da à ideia de possuir poder sobre algum bem, que ge- comemorativas.
a turma na compreensão da referida rea- ralmente era a terra, mas não se resumia apenas a ela.
lidade histórica. Uma das definições para O feudo poderia ser também a concessão de um bene-
bosques
fício, por exemplo a permissão para cobrar pedágio em
status faz menção à “posição que alguém uma estrada, a doação de uma quantia em dinheiro ou pastos
até mesmo de um cargo.
ocupa em uma sociedade”. Essa posição, a Certamente, a grande maioria dos feudos daquele pe- Manso
partir da riqueza material a ela relaciona- ríodo correspondia a lotes de terra que eram compostos Senhorial
pelas seguintes áreas:
da, pode acarretar prestígio e honra. Na so-
ciedade medieval, o status social se ligava • Manso Senhorial: Terras que pertenciam ao senhor


feudal.
Manso Servil: Terras que eram habitadas e culti-
ao nascimento e à posse da terra. Pergun- vadas pelos servos, mas ainda assim pertenciam moinho
Manso
te aos alunos o que garante o status social

ao senhor feudal. forno
Terras Comunais: Onde se localizavam os bosques, Servil
hoje. Em seguida, organize uma tabela no florestas e pastos. Essa área era de uso coletivo, no pastos
entanto, dependendo do feudo, havia regras para Manso
quadro com duas colunas e registre, de um igreja
sua utilização. Geralmente, os servos eram proibi- Comunal
lado, o que a turma fala em relação à atua- dos de praticar a caça.

lidade e, de outro, os elementos que garan- Nos feudos, predominavam as plantações de cereais cemitério
(cevada, trigo, centeio, aveia, etc.), além do cultivo de
tiam o status no período medieval. favas, ervilhas e uvas. Dentre os instrumentos de traba-
lho mais utilizados, estavam o arado, a enxada e o podão,
É fundamental para a compreensão do uma espécie de foice muito afiada. A criação de animais
período e da estrutura do medievo, o enten- complementava o sistema. Nos campos, criavam-se car-
pastos
neiros, que forneciam a lã; bovinos, que forneciam leite e
dimento das relações de suserania e vassa- eram utilizados para puxar carroças e arados; e cavalos, Organização de um feudo no período medieval.
que eram utilizados na guerra e no transporte.
lagem. Com base nisso, solicite que os alu-
Nesse sistema, o servo pagava pesados tributos pra-
nos construam um esquema explicando tais ticamente por tudo que precisava utilizar para o cultivo
A sociedade feudal
das terras do senhor feudal. Dentre os principais impos- A organização social na Idade Média tinha como fator
vínculos e sua importância para a manuten- tos, podem-se elencar: determinante um sistema de estamentos, por meio do
ção da sociedade feudal.

qual as classes sociais estavam hierarquicamente dispos-
Talha: Entrega de parte da produção do Manso Ser- tas. Por esse motivo, também pode ser denominada de


vil para o senhor. sociedade estamental, que era a forma de divisão so-
Banalidades: Pagamento pelo uso do forno, do cial em camadas que classificava os indivíduos segun-
Leitura celeiro e de outros itens. do questões relacionadas ao seu nascimento. Ou seja, a

complementar 186 História – 6o ano

Relações de suserania e vassalagem

[...] Para que o laço entre o suserano e o vas- FC_História_6A_15.indd 186 18/03/2022 16:45:15 FC_H

salo acontecesse, era organizada uma reunião nibilizar suas tropas sempre que houvesse ne- cada senhor feudal, podemos observar que
solene também conhecida como homenagem. cessidade. Por outro lado, o suserano deveria as relações de suserania e vassalagem con-
Nessa ocasião, sob a presença de uma relíquia garantir a proteção de seu vassalo e ceder uma tribuíram para a descentralização do poder
religiosa ou da Bíblia Sagrada, o nobre que doa parcela de sua propriedade para ele. Quando político na época. Por outro lado, vemos que
a terra (suserano) e o recebedor (vassalo) se- houvesse necessidade, o suserano poderia pro- essa prática foi de importância fundamental
guiam uma série de liturgias. Geralmente, atra- mover esse mesmo compromisso com outros para que os nobres de uma região assumis-
vés da execução de um beijo e da entrega de vassalos. Da mesma forma, um vassalo poderia sem a tarefa de proteger o território contra
um objeto que representava o feudo, os nobres se tornar suserano de outros nobres que não qualquer tipo de ameaça externa.
estipulavam uma série de obrigações mútuas. detinham propriedade de terras. Sob o ponto de vista histórico, essa re-
O vassalo devia serviço militar ao seu su- Por conta desse processo de distribuição lação de fidelidade nos indica uma das
serano, sendo, dessa forma, obrigado a dispo- de terras e da autonomia política garantida a mais expressivas influências germânicas no

186 Manual do Educador

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mas de gênero da sua era usando uma ar-
madura masculina em combate e cortando
posição do indivíduo era definida a partir do momento seu vassalo, enquanto este, por conseguinte, tinha por
de seu nascimento e havia uma possibilidade quase nula responsabilidade auxiliar militarmente e prestar assis- o cabelo bem curto. Catarina de Sena é vista
de mobilidade. tência política e financeira a seu suserano.
De modo geral, a sociedade feudal era composta a De acordo com o grau de importância dos nobres, eles
como aquela que desafiou o mundo patriar-
partir de três ordens principais: também podiam arrendar pequenos lotes de terra a ou- cal da Igreja Católica, enviando cartas de
• Clero: Que se dividia em secular (aqueles que
viviam fora dos mosteiros, de modo geral formado
tros nobres, criando assim, mais uma vez, novos elos de
suserania e vassalagem. censura para o Papa. Anna Komnene, a pri-
por padres, bispos e arcebispos) e regular (aqueles meira historiadora de narrativa feminina, re-
que seguiam as regras de sua ordem religiosa, den-
A mulher no contexto
tre elas: franciscanos, carmelitas, beneditinos, etc.). medieval cebe o crédito por ter construído sua histó-
A principal função dos integrantes do clero era a de
Por muito tempo, a participação feminina na Histó- ria com o único propósito de dar às mulhe-


orar. Não pagavam impostos.
Nobres: Classe composta pelos senhores feudais,
ria foi pouco estudada pelos historiadores ou até mesmo res uma voz mais forte.
negligenciada. Essa lacuna parece agravar-se ainda mais
que representavam uma parcela mínima da popu-
quando nos remetemos à Idade Média — período essen- Essas mulheres são vistas como [...] as
lação. Ao mesmo tempo, eram detentores da maior
cialmente dominado pela figura masculina, no qual as
concentração de riqueza do período. Era geralmen-
mulheres dispunham de quase nenhuma liberdade.
antecessoras de defensoras posteriores,
te composta por descendentes dos antigos roma-
nos e militares. A principal função dos nobres era a
Por meio da influência da ótica religiosa, eram vistas como as sufragistas Susan B. Anthony e
como pecadoras natas. As pertencentes às classes mais
de lutar e defender seus interesses sociais. Também Carrie Chapman Catt. Elas são vistas como
abastadas administravam a rotina do lar, enquanto as


não pagavam impostos.
de nível social menos elevado desempenhavam funções
Camponeses: Podiam se subdividir em dois seg-
como: cuidar das crianças, cultivar as terras, fiar e tecer.
parte de uma longa e ininterrupta corren-
mentos, os vilões, que trabalhavam presos à terra,
e os servos, que eram a maioria esmagadora da
Uma mulher que obteve bastante destaque na Idade te que tirou as mulheres da sua humilda-
Média por sua coragem e sabedoria foi Joana d’Arc.
população e desempenhavam suas funções nas ter-
Considerada heroína militar, Joana d’Arc ficou marcada de durante a Idade Média e as trouxe para

ras do senhor feudal. Pagavam pesados impostos.
na história francesa como aquela que mudou os rumos
Escravos: Caracterizavam-se por pertencer ao a sua atual posição no século XXI. Esse tipo
da França durante a Guerra dos Cem Anos (1337–1453).
senhor feudal. É importante lembrar que, durante
o período medieval, o quantitativo de escravos foi
Desde a infância, ela alegava ter visões divinas, e foi por de descrição dessas mulheres impõe a elas
meio delas que recebeu a ordem para ingressar no exér-
gradativamente sendo reduzido.
cito francês e coroar Carlos VII como rei. Com apenas 17 uma narrativa e imagina que todas as mu-
É importante lembrar que, após a desintegração do anos, Joana d’Arc integrou o exército e conseguiu fazer lheres poderosas do passado eram mulhe-
Império Romano do Ocidente, a Europa foi ocupada por com que a França derrotasse a Inglaterra e recuperas-
vários reinos, cuja principal característica era a descen- se vários territórios que estavam nas mãos dos ingleses. res verdadeiramente modernas com roupa-
tralização do poder, dividido entre o rei e os senhores do Embora tivesse destaque por vencer diversas bata-
feudo. Nesse contexto, foi estabelecida uma rede de con- lhas, era duramente criticada pela Igreja Católica por
gem medieval. Se tivessem os meios, talvez
tatos, à qual dá-se o nome de suserania e vassalagem. usar roupas masculinas próprias para a guerra, conduta tivessem eliminado as distinções de gênero
A prática da vassalagem teve origem no antigo costu- que era inadmissível para uma mulher na época, pois re-
me germânico de guerreiros e chefes estabelecerem um presentava um ato indecente e pecaminoso. Além disso, sociais e legais na sociedade.
compromisso recíproco de ajuda e lealdade. Na cerimô- também era incriminada por ouvir vozes, o que não era
nia de entrega do benefício (ou feudo), o suserano (que o considerado “coisa de Deus”.
Mas não vemos esses sentimentos em
doava) e o vassalo (que o recebia) assumiam obrigações Em 1430, foi capturada por inimigos e levada a julga- nenhum relato das vidas dessas mulheres.
recíprocas. A partir dessa relação de fidelidade, obriga- mento pelo Tribunal Eclesiástico sob acusações de ordem
ções mútuas eram seladas. O suserano tinha por obriga- religiosa, sendo apontada como herege por não concor- A grande maioria das mulheres desse pe-
ção proteger, sustentar e prestar assistência judiciária ao dar com as alegações da Igreja Católica. Enquanto era
ríodo não desafiou a ideia de um mundo
patriarcal. Catarina de Sena pode ter re-
História – 6o ano 187
preendido os Papas, mas nunca invocou a
ordenação de mulheres como padres ou bis-
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pos. Joana D’Arc pode ter se vestido como
mundo feudal. Entre os germânicos, apesar Leitura homem em combate, mas preferia usar um
de uma estrutura de poder altamente des-
centralizada, os chefes dos clãs guerreiros fir-
complementar vestido quando estava na prisão e não per-
mitiu que outras mulheres se juntassem a
mavam alianças militares provisórias chama- ela na batalha. Ela acreditava que suas cir-
O sexo frágil em tempos de cativeiro?
das de comitatus. Nesse tipo de aliança, um cunstâncias eram únicas, já que ela tinha re-
guerreiro jurava fidelidade a um chefe mili- [...] Os historiadores acadêmicos de cebido um chamado de Deus.
tar que, por usa vez, se comprometia a pro- hoje, em uma tentativa de dar às mulheres Nem mesmo as mais ponderosas ra-
teger o seu comandado. medievais uma voz mais forte, transforma- inhas da Europa quiseram criar uma legisla-
ram essencialmente as mulheres mais notá- ção para manter os sexos em igualdade pe-
Disponível em: http://www.mundoeducacao.com/
historiageral/as-relacoes-suserania-vassalagem.htm.
veis dessa era em feministas do século XXI. rante a lei. Isso foi verdadeiro entre gover-
Acesso em: 08/05/2015. Adaptado. Joana D’Arc é creditada por desafiar as nor- nantes como Eleanor de Aquitânia — entre

História – 6º ano 187

ME_FC_História_6A_04.indd 187 24/03/2022 12:37:27


as mais ricas latifundiárias da Europa me-
dieval — e a Rainha Elizabeth, que coman-
julgada, o rei francês Carlos VII não se manifestou para in- Conforme estudamos, o período medieval foi caracte-
dou exércitos inteiros e levou à morte milha- tervir em sua condenação. Em 1431, Joana d’Arc foi con- rizado pela existência de impostos que eram cobrados
denada à fogueira. Apesar de ter morrido como herege, para a população sobre as mais diversas atividades e si-
res de homens. Até Margaret I, da Dinamar- em 1456, o Papa Calixto III a inocentou de todas as acusa- tuações. O texto lido trata das razões pelas quais deve-
ca, que conseguiu unificar a Escandinávia, ções feitas, e, em 1920, o Papa Bento XV celebrou a cano- mos pagar impostos no Brasil. Há algumas semelhanças
nização de Joana d’Arc no Vaticano. Hoje ela é tida como nessa situação entre os dois momentos históricos (tipo
consentiu com um sistema político em que a Santa Padroeira da França. de impostos, razões de serem cobrados, etc.)?
ela foi forçada a governar através de um pa- Espera-se que o aluno identifique semelhanças entre os

rente do sexo masculino. História em questão impostos cobrados para investimentos em infraestrutu-
No entanto, tais informações não elimi-
ra e as banalidades (uso de celeiros, fornos, etc.). É im-
nam os feitos extraordinários dessas mu- 1| Leia o texto a seguir e depois responda.

portante que a turma compreenda que não são os mes-


lheres. Apesar de elas não terem buscado Para onde vai o imposto que pagamos?
derrubar o mundo de dominância masculi- O pagamento de impostos é um dever do cidadão.
mos impostos, ainda que as finalidades sejam parecidas.

na em que viviam, fica claro que não eram É também um dever do Estado informar para onde
vão os recursos recolhidos. Eles são fundamentais 2| Após a morte de Carlos Martel, seu filho, Pepino, o
mais donzelas em perigo [...] para promover o crescimento econômico e o desen- Breve, assumiu a função do pai. Essa dinastia mais tarde
volvimento social do País. ficou conhecida como Dinastia Carolíngia, por causa de
RANK, Melissa. Mulheres na Idade Média: Rainhas, O dinheiro que você paga em impostos é utilizado seu representante mais famoso: o rei Carlos Magno, filho
Santas, Assassinas de Vikings, de Teodora a Elizabeth diretamente pelo Governo Federal, parte considerá- de Pepino. Sabendo disso, explique as principais realiza-
de Tudor. Canadá: Five Minute Books, 2015. vel retorna aos estados e municípios para ser aplica- ções de Carlos Magno durante seu reinado.
da nas suas administrações.
Carlos Magno renovou a aliança com a Igreja Católica,
Recursos importantes são destinados à saúde, à
Anotações educação e a programas de transferência de renda e
de estímulo à cidadania, como o Bolsa Família. Outra
promoveu o renascimento cultural e representou a últi-

parte dos recursos obtidos vai para programas de ge-


ma tentativa de centralização do antigo Império Roma-
ração de empregos e inclusão social, como o plano de
reforma agrária; crédito rural para a expansão da agri-
no do Ocidente.
cultura familiar; plano de construção de habitação po-
pular; saneamento e reurbanização de áreas degrada-
das nas cidades. 3| Leia o texto com atenção e responda:
Além disso, outra porção dos impostos arrecada-
dos é destinada a: construção e recuperação de estra- Após séculos de glórias e conquistas territoriais,
das; investimentos em infraestrutura; construção de o Império Romano começou a apresentar sinais de
portos, aeroportos; incentivos para a produção agrí- crise já no século III. A queda oficial do Império Ro-
cola e industrial; segurança pública; estímulo à pes- mano ocorreu em 476. Nesse ano, o último impe-
quisa científica, ao desenvolvimento de ciência e tec- rador, Rômulo Augusto, foi deposto. No entanto, o
nologia; cultura e esporte; e defesa do meio ambiente. império já caminhava para o seu fim há dois sécu-
los, devido à perda de territórios para as invasões
Disponível em http://www.receita.fazenda.gov.br/EducaFiscal/textoi-
conedefaultasp.htm. Acesso em: 17/04/2015. bárbaras.

188 História – 6o ano

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devido lugar e executava aquilo que lhe foi
previamente designado por Deus, deixando
Quais as causas do fim e da fragmentação do Império Igreja: senhora de tudo e
Romano? implícito que a aceitação da condição so-
de todos
A crise interna, que gerou uma enorme crise financeira,
Quando os bárbaros invadiram o território romano,
cial de cada um era um preceito religioso
fragilizando o exército e deixando as fronteiras vulnerá-
a religião cristã estava se expandindo e os imperadores imprescindível para a manutenção da paz e
romanos a haviam adotado como religião oficial do im-
pério, o que fortaleceu muito os cristãos. da harmonia, sendo essas as condições ar-
veis para as invasões.
Como vimos, os bárbaros não desprezaram a religião
dorosamente desejadas e, se preciso, feroz-
cristã. Em troca do reconhecimento de seu poder e ação
4| Quando aconteceu a queda do Império Romano, a nas novas terras, eles converteram-se ao cristianismo, mente defendidas. Um mundo pacífico e or-
única instituição que se manteve firme foi a Igreja Cató- adaptaram-no aos seus próprios valores, e, em retorno, a
lica. Durante a Dinastia Carolíngia, a Igreja ganhou a con- Igreja recebeu terras e proteção, tornando-se mais pode- deiro, capaz de agradar a Deus em sua man-
cessão de terras, fato que contribuiu para a criação dos rosa e rica, pois vivia de doações e não pagava impostos. sidão, sempre foi o ideal buscado.
Estados papais. Na Idade Média, o catolicismo consoli- Tornando-se a maior proprietária de terras de toda a Eu-
dou sua força e se estabeleceu como único detentor dos ropa medieval, influenciava a vida das pessoas, que não Não convém, entretanto, pensarmos que a
ensinamentos de Deus. Com base nessas afirmações, rea- questionavam suas ações, uma vez que, nessa época,
lize uma pesquisa a fim de explicar de que forma a Igreja tudo era explicado pelo sobrenatural, era obra de Deus.
sociedade medieval fosse, devido a esse pre-
Católica influenciou a formação do feudalismo. ceito ordenador, uma sociedade estática, em

Reprodução
Sugestão de resposta. É importante salientar que Igreja que não houvesse mobilidade social. Muito
Católica, com sua organização, ajudou a legitimar as estru- pelo contrário, havia sim, e muita, sendo os
turas do sistema feudal. A Igreja na Idade Média era tida
orant o principal elo dessa mobilidade, uma
vez que o clero era composto tanto daqueles
como intermediadora entre Deus e o povo, detendo poder
que vinham das famílias mais abastadas, ge-
e influência, fazendo dela o poder dominante na Europa.
ralmente os filhos bastardos e aqueles muito
5| O conceito de nobreza teve origem na Roma Antiga e distantes das linhas sucessórias, quanto dos
era usado para se referir às classes com alto poder aquisi- filhos daqueles que se dedicavam ao comér-
tivo, anteriormente conhecidas como patrícios. Ao longo
do tempo, essa denominação foi assimilada pela socie- cio e a outros serviços, os laborant.
dade feudal em estruturas de maior complexidade. A par-
tir dessas afirmações, comente sobre as dinâmicas so-
O clero feudal exercia muita influência na sociedade medieval devido ao fato
de a Igreja Católica ter sobrevivido ao fim do Império Romano do Ocidente. Na
Após o século X, pressionada por mui-
imagem, o Conselho de Mântua (1459), afresco na Catedral de Mântua, Itália.
ciais presentes na sociedade feudal. tos fatores — dos quais se destaca o cresci-
A nobreza estava relacionada de forma direta aos senho- Como também já citamos, poucas pessoas sabiam
res feudais e aos militares. Nesse contexto, era estabele- ler e escrever. Dessa forma, apenas os padres e alguns mento populacional, que demandará uma
cida a associação de suserania e vassalagem, que consis- nobres privilegiados tinham acesso ao saber; as escolas
tia no oferecimento de lealdade e proteção em troca de pertenciam à Igreja, e os professores eram os próprios
busca por novas áreas cultiváveis para aten-
posses territoriais (feudos). Os nobres eram detentores de padres. Somente os filhos das pessoas ricas frequenta- der a demanda de alimentos — essa mobi-
poderes políticos e podiam ser divididos em: alta nobreza, vam as aulas, e a Igreja acreditava e fazia com que todos
constituída por príncipes, duques e condes; e baixa nobre- acreditassem que ela detinha a verdade, e todos os que lidade será ainda mais sentida. As Três Or-
za, formada por viscondes, barões e cavaleiros. a seguissem eram considerados cristãos.
dens não foram, propriamente, uma novi-
dade, uma criação específica do período, a
História – 6o ano 189
busca por uma hierarquização da socieda-
de, uma estruturação clara e precisa, capaz
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de explicar convincentemente a realidade,
com todas as suas mazelas e diferenças gri-
Leitura tantes com base na Bíblia Sagrada. Portan-
complementar to, em conformidade com a Vontade Divina,
desde sempre esteve presente no imaginá-
A Igreja Católica e a ordem social medieval
rio cristão, tanto que já no período Carolín-
“[...] A Casa de Deus, que acreditam una, aqui embaixo está, pois dividida em três, sendo, gio era possível perceber certa divisão das
portanto, tripla: uns oram (orant), outros combatem (pugnant), outros, enfim, trabalham funções sociais, em que se destacavam os
(laborant). Essas três partes que coexistem não suportam ser separadas [...]” monges, os clérigos e os leigos [...]
(Adalberón, bispo de Laon).
Disponível em: http://leiturasdahistoria.uol.com.br/
Foi dessa maneira, estabelecida nas famigeradas Três Ordens, que o pensamento cris- ESLH/edicoes/31/artigo176202-1.asp. Acesso em:
tão concebeu, no início do século XI, a sociedade medieval, na qual cada um ocupava o seu 25/06/2018. Adaptado.

História – 6º ano 189

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Sugestão de
abordagem Na Idade Média, também havia pessoas que traba-

Reprodução
lhavam para a Igreja. Eram padres, freiras, frades e seus
A existência de movimentos considera- superiores. Esse conjunto era chamado de clero, como
dos heréticos durante o período medieval ainda hoje.
Você se lembra que dissemos anteriormente que a
expõe a fragilidade do poder católico e a Igreja guardava os livros em suas bibliotecas? Pois bem,
elas ficavam nos mosteiros, e, graças a isso, foi possível
busca por outras formas de vivenciar e en- preservar muito da cultura medieval. Lá também houve
tender a religião. Pode-se elaborar um es- o desenvolvimento de diversas atividades culturais. Po-
demos dizer que uma delas era a técnica de cópias e ilus-
quema no quadro ou por meio digital, elen- Na pintura, vemos uma representação do século XIV, de Jesus Cristo passando as
tração de livros religiosos, filosóficos e de gramática. Nos
chaves da Igreja Católica ao apóstolo Pedro, que, segundo relatos, teria sido o pri- mosteiros, também eram formados e encaminhados para
cando os pontos defendidos pelos movi- meiro papa da História. Afresco Cristo entregando as Chaves do Reino a São Pedro,
as igrejas os líderes religiosos.
de Pietro Perugino, exposta na Capela Sistina, no Vaticano, em Roma, na Itália.
mentos heréticos em contraponto ao que a Você sabe o que significa a expressão Igreja Católica Mosteiro é uma instituição e edifício de habitação, oração e
Igreja Católica defendia. Apostólica Romana? Preste atenção: católica quer dizer trabalho de uma comunidade de monges ou monjas.
universal; a palavra apostólica significa que a Igreja se-

anyaivanova/ShutterStock.com
guiu os ensinamentos dos apóstolos de Cristo, como o
próprio nome nos sugere; e romana indica que a sede
Leitura dessa Igreja é a cidade de Roma, onde mora seu líder má-

complementar ximo, o papa, considerado o sucessor do apóstolo Pedro.

O papa é o bispo de Roma e, como tal, é o líder mundial da


Igreja Católica.
Sobre heresias medievais
Outro nome dado ao papa

Reprodução
é sumo pontífice. Você lem-
No interior de uma sociedade larga-
bra que esse nome era dado
mente permeada pelos parâmetros cris- também aos imperadores ro-
manos? Pois é, o papa, assim
tãos católicos, surge a crítica herética, como os imperadores romanos,
como denotativa das mutações ocorri- tinha total poder sobre a vida
das pessoas, decidindo sobre
das no interior da Igreja, que a transfor- todas as esferas da vida social.
Mesmo hoje, o papa exer-
maram em um repositório de poder, inter- ce grande influência sobre a Na Idade Média, como todos os
Mosteiros medievais, fossem católicos ou ortodoxos, eram construídos em lu-
gares bem distantes de quaisquer centros urbanos que tivessem grande fluxo
professores eram religiosos, os es-
vindo nas questões seculares e utilizando vida da comunidade católica. tudos eram praticamente basea- de pessoas. Um exemplo notório é o mosteiro de Simonos Petras, na Grécia,
construído no alto de um penhasco, no Monte Atos.
Ainda reside em Roma e repre- dos na filosofia de Aristóteles e
como justificativa e base de apoio o poder em Teologia, e, nessas aulas, pas-
senta a maior autoridade reli- sava-se a ideia de que a Igreja Ca- No século XI, foi implantado o celibato obrigatório,
giosa para o povo católico. tólica era detentora da verdade. ou seja, o clero foi impedido de se casar. A Igreja justi-
espiritual. Com efeito, a heresia reflete a Na Igreja Católica, o papa é o líder principal, e, em fica o celibato como uma necessidade. O religioso pre-
busca de conformação do fiel dentro da cada cidade, há padres, que celebram as missas, e frei- cisa estar livre das preocupações familiares para se de-
ras, que realizam outros trabalhos, quase sempre de ori- dicar exclusivamente ao seu ministério. No entanto, al-
própria Igreja, tentando demonstrar que gem social. Nas funções administrativas estão os bispos, guns estudiosos explicam assim o celibato: a Igreja não
arcebispos, cardeais, etc. queria que os padres tivessem herdeiros, para não ter
esta deve renunciar ao poder temporal e
à opulência material.
190 História – 6o ano
Tal ideal encontra-se, entretanto, obs-
taculizado pela organização irreversivel-
mente hierarquizada e burocratizada que FC_História_6A_15.indd 190 18/03/2022 16:45:16 FC_H

se constituiu na Igreja a partir de sua ins- so mercantil renovado, aglomeração na o progresso da economia comercial ou de
titucionalização na Roma Antiga e de sua urbe, com sua nova divisão social, podem bens de raiz não só possibilita como tam-
transformação em um organismo de vulto ser considerados fatores que contribuíram bém estimula a manutenção de uma vida
no mundo medieval. para tal transformação. de desprendimento e apostolado.
À época da passagem da Alta para a Os movimentos heréticos surgem Assim, o desenvolvimento da heresia
Baixa Idade Média, assistimos a vários como aspecto do renascimento religio- na cidade estaria relacionado, a partir do
câmbios processados na estrutura social so da época e como subproduto das mu- século XII e de um ponto de vista estrutu-
medieval; assistimos, paralelamente, à danças culturais, sociais e econômicas do ral, a um período de abundância e prospe-
introdução de elementos novos, alteran- período. O crescimento das cidades rati- ridade na circulação de pessoas e de mer-
do suas bases e agindo sobre as mentali- fica a persistência e a disseminação des- cadorias, quando a posse de bens imóveis
dades. Crescimento demográfico, impul- sas novas opções espirituais. Com efeito, deixava de ocupar o referencial primordial

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marcada pela pobreza, pela partilha e —
afirmam os mais radicais — pela ausência
que dividir suas terras com eles, caso algum herdeiro consideradas crimes. As pessoas eram acusadas de todas total da propriedade.
reivindicasse os seus direitos. as formas, até por meio de cartas anônimas. Além da fo-
Mesmo diante de todo o poder que a Igreja tinha, mo- gueira, o Tribunal castigava com o trabalho forçado, o con- Disponível em: https://pt.scribd.com/document/174519989/
vimentos rebeldes ocorriam com frequência. Participa- fisco de bens e a destruição de casas. Heresia-Medieval. Acesso em: 26/06/2018.
vam dessas ações pessoas não satisfeitas com a atuação As Cruzadas também fizeram parte das ações da Igre-
da Igreja e com as doutrinas que ela defendia. ja para conter os infiéis. Eram expedições militares que ti-
nham como tarefa conquistar os lugares que estavam sob
Outras doutrinas o poder dos povos muçulmanos. Quem teve a ideia de or- Leitura
Durante a Idade Média, surgiram diversas heresias.
Você sabe o que é uma heresia? Os católicos chama-
ganizar essas expedições foi o Papa Urbano II. Entre 1096
e 1270, ocorreram oito Cruzadas. complementar
vam assim qualquer doutrina, opinião, ideia ou funda- Bigamia é o ato de quem está casado simultaneamente
mento contrário aos preceitos estabelecidos pela Igreja. com duas pessoas. Sob o julgo da Inquisição
No Império Bizantino, por exemplo, surgiu uma doutri- Papa Urbano II foi o 159° papa, e o seu pontificado decor-
na chamada de arianismo, que afirmava que Jesus Cris- reu entre 1088 e 1099.
A Inquisição era um tribunal eclesiástico,
to não tinha uma natureza divina, ele era simplesmen-
Assim, podemos dizer que a Igreja, na Idade Média,
te um homem comum, como foram tantos outros profe-
exerceu grande influência em todas as esferas da socie-
formado por clérigos e religiosos (embora
tas. Outra doutrina surgida em Bizâncio foi o nestoria-
nismo. Para ela, Jesus Cristo encarnava duas pessoas:
dade. Para recapitularmos: no ensino, era dona das es- em alguns períodos também existissem in-
colas existentes, e os padres eram os professores; sem
uma divina e outra humana. No século V, surgiu, também quisidores leigos) com jurisdição unicamen-
falar nos casamentos, nos divórcios, na divisão de heran-
em Bizâncio, o monofisismo, o qual defendia a tese de
ças, no registro de nascimentos, de falecimentos, etc., os
que Jesus teria apenas uma natureza divina, isto é, ele
quais eram de responsabilidade da Igreja.
te sobre os batizados católicos. Esse tribu-
não existiu como homem. Assim, vez por outra apare-
ciam doutrinas que vinham contestar a mensagem pre-
nal buscava investigar casos de heresia den-
Olhar digital!
gada pela Igreja Católica.
A historiadora Néri de tro da Igreja, principalmente os heresiarcas
E, sempre que havia crises sociais, esses movimentos Barros Almeida fala sobre
contrários à Igreja se tornavam mais evidentes. As pes- as Cruzadas, que foram mo- (hereges que difundiam e propagavam suas
soas que discordavam dos ensinamentos católicos e con- vimentos militares de inspi-
testavam o poder da Igreja e do papa eram chamadas de ração cristã que entre os sé- heresias). Tratava de impor as penas espi-
culos XI e XIII partiram da
hereges e tinham como castigo a perseguição, a tortura Europa rumo ao oeste com rituais (penitências, excomunhões, interdi-
e, muitas vezes, a morte. Quem auxiliava a Igreja nessa o intuito principal de con-
tarefa eram os militares e um tipo de organização deno- quistar e manter sob domí- tos), enquanto, nos casos mais graves, en-
nio a cidade de Jerusalém.
minada Tribunal da Santa Inquisição, ou Santo Ofício.
Assista à matéria na íntegra acessando o QR Code a seguir. tregava os réus ao braço secular, que aplica-
O Tribunal da Santa Inquisição, ou Santo Ofício, foi uma es-
Contextualizando
va as penas físicas e materiais (confisco de
pécie de tribunal religioso criado na Idade Média para conde-
nar todos aqueles que eram contra os dogmas pregados pela Além das terras que possuía, a Igreja Católica era proprie- bens, demolição da casa ou morte).
Igreja Católica. O Tribunal da Santa Inquisição tinha o poder tária de hospitais, asilos, orfanatos, etc. Na política, os im-
de torturar ou executar qualquer pessoa que ele julgasse he-
rege. Para isso, bastava uma denúncia qualquer, sem provas
peradores eram coroados pelos papas. Mas tenha sem- O esquema montado pelo tribunal era
pre em mente que a Igreja não admitia contestação. Uma
até, ou mesmo uma suspeita ou intriga pessoal. pessoa comum ou um governante que contestasse os in- centrado na busca da confissão do réu e do
teresses da Igreja era expulso, ou excomungado. Até na
Criada oficialmente em 1231, a Inquisição mandou para economia podemos ver a influência da Igreja, pois houve seu arrependimento, contrário ao sistema
a fogueira muitas pessoas consideradas hereges. Práticas um tempo em que o preço dos produtos a serem vendi-
como a feitiçaria, a usura (emprestar dinheiro a juros), a
dos foi estipulado por ela, que também proibiu a usura e mais comum nos meios seculares da época,
a especulação.
blasfêmia (maldizer a Deus e aos santos) e a bigamia eram
onde havia o chamado “duelo judiciário” (as
duas partes duelavam e a parte vencedora
História – 6o ano 191
do duelo era automaticamente a vencedo-
ra da causa jurídica). Mesmo com a autori-
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zação do uso de castigo físico (aplicado pela
e a precondição sine qua non para se reco- por definição, ao ensinamento evangéli- autoridade secular) pelo papa Inocêncio IV
nhecerem fortunas. co. A aceitação da Donatio Constantini — na bula Ad Extirpanda, este era limitado em
Por outro lado, a partir da ótica das primeiro quinhão de riqueza por ocasião duração e formas (proibiam-se mutilações,
mentalidades, temos toda uma religiosi- do reconhecimento e da oficialização da fraturas e derramamento de sangue), além
dade primitiva embasada pela veneração instituição, ainda nos idos de 313 — teria de ser obrigatória a presença de um médi-
da pobreza — a Domina Paupertas que São marcado, desde então, a ruptura com os co nas sessões.
Francisco de Assis tomara por esposa —, pilares evangélicos: uma instituição que, O método mais utilizado para obter a
a qual passa a figurar como forma históri- na prática, nascia abortada; teria conser- confissão dos réus, no entanto, era o inter-
ca de justificação às críticas contra a Igre- vado seu vigor e seu viço enquanto fora rogatório (os manuais de inquisidores ensi-
ja. Condenam-se a propriedade, a rique- clandestina e enquanto tivera por diretriz navam a obter confissões apenas mediante
za, a burocracia e a hierarquia, contrárias, a ética do Cristo e dos doze pescadores, o desenrolar da conversa com o réu). Alguns

História – 6º ano 191

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teólogos da época justificavam a utilização
de penas físicas aos hereges não em virtude
3| O feudalismo pode ser definido como uma forma de or-
de suas crenças (pois a Igreja sempre con- História em questão ganização social, política e econômica baseada na relação
de fidelidade e dependência entre os homens. Sabendo
siderou que não se pode converter à força), disso, explique as principais características do feudalismo.
mas por causa do perigo de que eles levas- 1| “O mundo feudal se formou a partir das ruínas do Im- Autossuficiência dos feudos e esvaziamento das cidades,
sem outros a crerem em suas heresias e pério Romano do Ocidente. As crises internas desse im-
pério combinaram com as invasões bárbaras e levaram sistema de relações em suseranos e vassalos; sociedade
das suas ações violentas de perturbação da o Estado romano ao fim. O Império Romano do Ociden-
te ficou dividido em vários pequenos reinos com as inva- estamental, influência da Igreja Católica no âmbito so-
ordem, o que dava ao poder secular pleno sões bárbaras. A Europa passou por um processo de ru-
direito de agir [...]. ralização, pois as pessoas começaram a fugir das cidades cial, econômico e político.
para morar no campo.”
Disponível em: http://cleofas.com.br/inquisicao-uma- De acordo com esses acontecimentos, responda:
-breve-historia/. Acesso em: 25/06/2018. História e cinema
a. O que ocorreu com as cidades e o comércio?

Anotações As cidades ficaram esvaziadas, tornaram-se inseguras, e Neste capítulo, aprendemos sobre o florescimen-
to da Idade Média. Que tal estudar História de uma
o comércio praticamente inexistiu. forma diferente e divertida? O documentário Vida
Medieval, produzido pelo History Channel, pode aju-
dar você a compreender melhor as características
b. Como ficou organizado o poder na Europa durante a
desse período da História que desperta a atenção
Idade Média?
de muitos curiosos e estudiosos até os dias de hoje.
De forma descentralizada, fragmentado na mão de di- Então, boa sessão!

Vida Medieval (2010)


versos chefes bárbaros que se transformaram em senho-
Classificação indicativa: Livre
Gênero: Documentário
res feudais.
Duração: 85min
Sinopse: Neste especial, Mike Loades, historiador
2| A sociedade medieval era estamental e estava basica- e especialista em armas, vai nos levar, através do
mente dividida em três ordens: clero, nobreza e campo- mundo medieval, em uma viagem cheia de ação e
neses e servos. O que justificava essa divisão social du- emoção. Separaremos os mitos da realidade e te-
rante a Idade Média? remos a experiência de viver, trabalhar e lutar du-
Uma sociedade estamental, como o próprio nome suge-
rante essa época extraordinária.
re, diz respeito a uma estrutura dividida em estamentos

Reprodução
(grupos sociais), em que não há quase nenhuma possi-
bilidade de mobilidade entre as classes. A posição é de-
finida, portanto, a partir do nascimento do indivíduo. Na
Idade Média, a divisão em clero, nobreza e camponeses e
servos foi reforçada pela Igreja, que justificava que havia
pessoas que teriam nascido para orar (clero), lutar (no-
breza) e trabalhar (camponeses e escravos). Se revoltar
contra essa condição significava estar se revoltando con-
tra os desígnios do poder divino.

192 História – 6o ano

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toriais, os suseranos eclesiásticos não mantinham a ser-
História no vestibular vidão nos seus domínios, mas, sim, o trabalho livre.
d. X o sistema de impostos incidia de forma pesada
sobre os servos. O imposto da mão-morta, por exemplo,
era pago pelos herdeiros de um servo que morria para
1| (Fatec) Uma das características a ser reconhecida no
que continuassem nas terras pertencentes ao suserano.
feudalismo europeu é:
e. as principais instituições sociais que sustentavam
a. a sociedade feudal era semelhante ao sistema de as relações entre senhores e servos eram de origem mu-
castas. çulmana, oriundos da longa presença árabe na Europa
b. os ideais de honra e fidelidade vieram das insti- Ocidental.
tuições dos hunos.
4| (Vunesp) Leia o excerto a seguir.
c. X vilões e servos estavam presos a várias obriga-
ções, entre elas o pagamento de capitação, talha e ba- “Na sociedade feudal, o vínculo humano característi-
nalidades. co foi o elo entre subordinado e chefe mais próximo.
d. a economia do feudo era dinâmica, estando vol- De escalão em escalão, os nós assim formados uniam,
tada para o comércio dos feudos vizinhos. tal como se se tratasse de cadeias infinitamente ra-
e. as relações de produção eram escravocratas. mificadas, os menores e os maiores. A própria terra
só parecia ser uma riqueza tão preciosa por permitir
2| (UFMS) Acerca da história do Império Carolíngio, é cor- obter ‘homens’, remunerando-os.”
reto afirmar que: Marc Bloch. A sociedade feudal.

a. X o Papa Leão III coroou Carlos Magno como impera-


O texto descreve a:
dor a fim de reviver um “novo Império Romano do Oriente”.
b. o chamado Renascimento Carolíngio também sig- a. hierarquia eclesiástica da Igreja Católica.
nificou um reflorescimento das Letras e das Artes. b. relação de tipo comunitário dos camponeses.
c. após a morte de Carlos Magno, o governo foi exer- c. X relação de suserania e vassalagem.
cido por seu filho Luís, o Piedoso, que intensificou ainda d. hierarquia nas corporações de ofício.
mais as expedições de conquista. e. organização política das cidades medievais.
d. Carlos, o Calvo, e Luís, o Germânico, somaram es-
forços no sentido de manter a unidade imperial estabe- 5| (UFPR–Adaptada) As invasões germânicas têm início
lecida por Luís, o Piedoso. no século IV d.C. e promovem importantes transforma-
e. o “Novo Império Romano do Oriente” foi desman- ções no panorama mediterrâneo, as quais atingem as es-
telado pelos exércitos muçulmanos que se estabelece- truturas do mundo clássico. Identifique, dentre as trans-
ram na Península Ibérica. formações abaixo, a que corresponde ao início da proto-
feudalização da Europa ocidental.
3| (UFPA) Nas relações de suserania e vassalagem dominan-
6:45:17
a. Substituição do cristianismo pelos cultos celtas e
tes durante o feudalismo europeu, é possível observar que:
godos nos reinos germânicos.
a. a servidão representou, sobretudo na França e na b. X Ruralização e fragmentação do poder político.
Península Ibérica, um verdadeiro renascimento da escra- c. Desaparecimento do latim como língua escrita e
vidão conforme existia na Roma imperial. falada, substituída pelos dialetos germânicos.
b. os suseranos leigos, formados pela grande nobre- d. Imposição da maneira de viver dos povos germânicos
za fundiária, distinguiam juridicamente os servos que tra- e consequente destruição da cultura dos povos dominados.
balhavam nos campos dos que produziam nas cidades. e. Substituição do Direito romano pelos costumes
c. mesmo dispondo de grandes propriedades terri- dos povos invasores.

História – 6o ano 193

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História – 6º ano 193

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BNCC
Habilidades trabalhadas no capítulo Capítulo

(EF06HI16) Caracterizar e comparar as di-


nâmicas de abastecimento e as formas de
16 Rompe-se
Rompe-se
novo
novo
o velho,
o velho,
espera-se
espera-se
o o
organização do trabalho e da vida social em
diferentes sociedades e períodos, com des- A Baixa Idade Média Contexto histórico
taque para relações entre senhores e servos. No capítulo anterior, você percebeu que a Idade Média A partir de agora, vamos começar a refletir sobre o
foi um longo período da História e processou mudanças que promoveu as principais mudanças na estrutura me-
(EF06HI18) Analisar o papel da religião cris- de forma muito lenta e gradual, a ponto de alguns acre- dieval. O que levou o feudalismo à crise?
ditarem que o modo de produção feudal continuaria exis- A economia feudal começou a mostrar seus primeiros
tã na cultura e nos modos de organização so- tindo por muito mais tempo. Foi um tempo também de sinais de crise com a diminuição e o fim das invasões bár-
cial no período medieval. constantes guerras e ameaças vindas de povos estrangei- baras, por volta do século X. O resultado disso foi o au-
ros, chamados de bárbaros pelos romanos. Nesse mo- mento no número de nascimentos e a diminuição do nú-
mento de instabilidade e fusão de culturas diferentes, a mero de mortes, o que promoveu um crescimento signifi-
Objetivos de Igreja Católica se encarregou de fazer com que todos se cativo da população.

aprendizagem
sentissem parte de uma mesma família, a família cristã, O que fazer, então, para alimentar todas as pessoas?
sendo um porto seguro que abrigava a todos, muito em- Na sociedade medieval, os nobres não trabalhavam por-


bora exigisse um preço bastante alto: o controle total da que achavam que o trabalho braçal não era digno de ser
vida e até do pensamento das pessoas. executado por eles; o clero vivia de orações e, portan-
Debater os aspectos políticos, sociais, to, sua função era zelar pela formação cristã. Sobrava
Reprodução

econômicos e culturais que levaram ao para os servos a tarefa de sustentar os demais, ou seja,
eles eram os únicos a “pegar no pesado” para alimentar e
fim da Idade Média.

vestir toda a população. Além disso, os antigos métodos
para produzir alimentos não eram mais eficientes para
Compreender os processos transitórios dar conta de tanta gente. A saída para o problema foi ino-
que marcaram a Europa e que caracte- var os meios de produção agrícola e descobrir uma nova
maneira de utilizar o solo com mais eficiência. A produ-
rizaram a Baixa Idade Média.

ção feudal não ia bem, por causa do mau manejo do solo,
que era utilizado, com frequência, por um longo tempo,
Trabalhar as características e os aspectos A autonomia dos reis e nobres era limitada à aprovação da Igreja, cujos cardeais,
bispos e o papa coroavam reis, aprovavam guerras, além de outras atividades o que promovia a sua infertilidade.
fundamentais relativas ao poder do Estado.
que levaram ao Renascimento Comercial.

Então, como resolver o problema? A saída foi a chama-
Você deve lembrar que a Igreja Católica dizia que Deus da rotação trienal de culturas. O que isso significa? Sim-
Analisar os impactos, com causas e conse- queria que o mundo continuasse como estava. Porém, plesmente, os europeus fizeram uma espécie de rotação
quências, de fatos históricos decisivos para ela não esperava que o velho desse lugar ao novo! Che- do solo. Os servos dividiram a terra em três partes: em
gou a época das mudanças, das transformações. Mas duas delas, plantavam dois tipos de alimentos, e a ter-
as transformações na Europa medieval, será que isso aconteceu como num passe de mágica, do ceira ficava “descansando” (não se plantava nada nela).
dia para a noite? Claro que não! As tradições lentamente À medida que as plantações iam crescendo, até chegar
como as Cruzadas, a peste negra e a Guer- foram cedendo espaço para experimentos novos e mais o tempo das colheitas, aquele pedaço de terra desocu-
ra dos Cem Anos. eficientes que prometiam modificar toda a economia feu- pado ficava inutilizado e, naturalmente, ia recuperando
dal. Vamos ver como isso tudo aconteceu. suas propriedades fertilizantes.

Anotações 194 História – 6o ano

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Diálogo com o
professor
O advento da Baixa Idade Média é mar- todológico para facilitar o entendimento
cado por intensas mudanças nos vários do conteúdo.
âmbitos que compõem a vida de uma so- Discuta com eles as consequências do
ciedade. É fundamental levar a turma a crescimento demográfico característica
compreender que essa época é parte de desse período e a necessidade de intensi-
um processo histórico relativamente longo ficar a produção de alimentos. Em seguida,
e que a divisão entre Alta e Baixa Idade estabeleça uma relação entre tais mudan-
Média se configura como um recurso me- ças e o renascimento comercial e urbano.

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Sugestão de

As ferraduras, tais quais as que utilizamos nos cava-


abordagem
1º ano los, surgiram na Idade Média. Elas possibilitam que eles
Solicite aos alunos que produzam um
o galopem por mais tempo sem ferir as patas, assim como
os arreios os tornam mais ligeiros. painel acerca das inovações surgidas no de-
Além disso, foram usados o moinho de vento, que os
europeus aprenderam a fazer com os persas e servia para correr da Idade Média. Oriente-os para que
moer o trigo e fazer farinha sem usar a força braçal (século
XII); e a roca de fiar (século XIII), ensinada pelos indianos.
o painel seja bem elaborado, com as infor-
O moinho de vento usa as hélices como elemento de capta- mações organizadas de maneira harmônica
ção e conversão da energia eólica para outro tipo de energia
apropriada para movimentar outros mecanismos. e com a presença de imagens.
A roca de fiar é uma ferramenta utilizada na fiação manual
ou mecânica.
Observe a rotação de culturas. Depois da colheita, as plantações eram feitas Diálogo com o

Wirestock /AdobeStock.com
em outra área. A terra mantinha a fertilidade e a produção aumentava.

sergei_fish13/AdobeStock.com
Ao fim da colheita, que durava meses, era plantado,
naquele terreno desocupado, um tipo de alimento; em
professor
outro pedaço, outro tipo; e, no terceiro, nada se planta-
va. Dessa forma, os três pedaços de terra tinham seus
O comércio é um dos pontos funda-
momentos de descanso durante as plantações, possibi- mentais para discutir o momento de transi-
litando ao solo mais fertilização e, consequentemente,
maior produção de alimentos. ção da Idade Média para a Idade Moderna.
Houve também um aumento significativo na utiliza-
Assim sendo, as práticas comerciais foram
ção de animais (bois, cavalos) para ajudar nas colheitas.
Eles serviam para puxar carroças repletas de alimentos e importantes por alterar lentamente a estru-
o arado. Este, que era feito de madeira, foi aperfeiçoado,
passando a ter peças de ferro em uma espécie de alavan- Moinho de vento medieval na Estônia. Roca de fiar. turação do modo de produção feudal. Rela-
ca que possibilitava maior eficiência nos trabalhos e dei- cione a busca por satisfação de necessida-
Com as novas invenções agrícolas, a produção aumen-
xava as terras em melhores condições de uso.
tou consideravelmente, e os solos se tornaram mais fér-
des com a ação de pessoas que se dedica-
Reprodução

teis. Em consequência, a população passou a se alimentar


melhor — e quase dobrou, pois houve um aumento no nú- vam a satisfazê-las. Explique para a turma
mero de crianças que conseguiam chegar à adolescência
(antes, morriam por falta de uma boa alimentação, entre elementos da lei da oferta e da procura, evi-
outros problemas).
denciando que a oferta surge a partir da ne-
O comércio cessidade e da procura, e é essa dinâmica
Você lembra que os feudos produziam apenas para o que alimenta o comércio até os dias de hoje.
seu sustento? Pois bem, não havia preocupação em ven-
der os produtos e lucrar com isso, uma vez que se pro-

O arado de ferro foi uma grande evolução nas técnicas de plantio durante a
duzia apenas o necessário e era pouco o dinheiro circu- Anotações
Idade Média. Foram desenvolvidos novos modos de o atrelar aos animais e
lando. Na verdade, produzir mais significava pagar mais
foram substituídos os bois pelos cavalos como animais de tração. impostos.

História – 6o ano 195

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História – 6º ano 195

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Sugestão de
abordagem Porém, com as melhorias dos instrumentos agrícolas Mas será que todos os servos que saíram dos feudos
e o aumento da produção, os feudos passaram a produ- para tentar a vida de comerciante tiveram sucesso? A
É possível abordar os aspectos das corpo- zir uma maior quantidade de alimentos, e as sobras dessa resposta é não! Aconteceu com os servos o mesmo que
rações de ofício fazendo um paralelo com os produção, a que chamamos de excedente, passaram a ser acontece com as pessoas hoje em dia, quando vemos al-
trocadas por outras mercadorias necessárias. Em outras gumas se dando bem em um determinado trabalho e ou-
programas de estágio direcionados para es- palavras: se um feudo produzisse trigo em grande quan- tras sem obter êxito na mesma atividade. Aqueles que
tidade, retirava-se o suficiente para alimentar a popula- não tiveram sucesso sofreram bastante ao sair dos feu-
tudantes — algo que está muito próximo da ção e o excedente (o que sobrava) era trocado por outro dos. Uns perderam tudo e, sem posses, passaram a viver
realidade dos jovens. Com base nisso, solicite tipo de mercadoria, que podia ser animais, queijos, etc., na mendicância; outros voltaram para casa falidos; ou-
produzidos por outros feudos. Como você acha que eram tros, ainda, transformaram-se em bandidos e passaram
uma pesquisa acerca das condições necessá- levados os excedentes de um feudo para outro no ato da a roubar pessoas nas estradas para poder sobreviver.
troca? Se fosse hoje em dia, certamente seriam utilizados Vamos ver, a seguir, o que aconteceu com os que foram
rias para que alguém possa fazer parte de um caminhões de carga. Mas, naquela época, o transporte de bem-sucedidos.
programa dessa natureza e, caso seja possível, que se dispunha para as viagens eram as carroças puxa-
das por animais. Por serem um transporte lento e as estra- Mendicância é o estado de quem pede, publicamente, es-
peça que entrevistem um(a) estagiário(a). Di- das serem de má qualidade, até que se encontrassem feu-
molas ou auxílio de qualquer natureza, a pretexto de po-
breza ou necessidade.
dos interessados na troca, o negócio demorava bastante.
recione-os para fazer perguntas aos entrevis-
Mas os servos, com o passar do tempo, foram adqui-
tados, por exemplo: como iniciaram o estágio; rindo experiência e passaram a conhecer diversos feu- O surgimento das feiras
dos que fabricavam produtos diferentes e interessan-
qual função precisaram aprender; se realmen- tes. Isso era possível porque os feudos se localizavam
Por volta do século XIII, os servos que agora eram co-
merciantes percorriam feudos e aldeias de um lado a
te são orientados para o aprendizado da futu- em áreas com características territoriais e climáticas
outro da Europa com o objetivo de comercializar os seus
distintas, possibilitando haver entre eles grande diver-
produtos.
ra profissão; se o pagamento que recebem é sidade de produção: ovelhas, tecidos, cerveja, peixes,
Passaram, então, a trocar as mercadorias por metais
etc. Assim, de uma forma muito natural, as trocas iam
suficiente para a satisfação de suas necessi- adquirindo uma maior importância. Essa prática deu
preciosos, como o ouro e a prata, e a dar importância
às moedas. À medida que o comércio crescia, o dinheiro
dades, etc. Após a pesquisa, os alunos devem início ao que chamamos de comércio.
ia tendo maior importância entre os comerciantes, que
Os servos começaram a perceber que esse negócio
comparar as informações obtidas com o que agora se reuniam em locais perto das florestas ou dos
era vantajoso e, aos poucos, foram deixando para trás a
castelos para vender e comprar seus produtos e conver-
vida de camponeses e se dedicando ao comércio de mer-
o livro expõe sobre as condições dos aprendi- cadorias, isto é, passaram a ser comerciantes.
sar entre si, compartilhando algumas ideias. Você já deve
saber que nome foi dado a esses encontros: feiras.
zes no período estudado.
Reprodução

Reprodução
Para abordar as feiras e a sua finalidade du-
rante o processo de transição da Idade Média
para a Idade Moderna, pode-se perguntar aos
alunos se já foram a esse local, se há feiras
perto de onde moram, etc. Questione também
qual é o aspecto da feira, como ela está orga-
O conhecimento da necessidade de outros feudos e o próprio trabalho fez com
nizada, como são comercializados os produtos que nascesse uma nova profissão: os comerciantes. Na figura, trabalhadores
colhendo trigo e tosquiando ovelhas para a produção de lã.
Representação de uma rua de feira na França do século XV. Aqui, veem-se bar-
beiros, alfaiates e comerciantes.

e quem costuma frequentar esse espaço. Soli-


cite que estabeleçam uma comparação entre 196 História – 6o ano

as feiras que conhecem e as feiras medievais.

Anotações FC_História_6A_16.indd 196 18/03/2022 16:45:20 FC_H

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Sugestão de

Atualmente, a palavra burguês refere-se a pessoas que


abordagem
BBA Photography/Shutterstock.com

possuem riquezas, como donos de empresas, bancos,


grandes lojas, enfim, pessoas que possuem grande capi- Para tratar sobre as artes plásticas e
tal. Na época medieval, os burgueses eram comerciantes levar a turma a compreender a importância
que tinham pequenos negócios, portanto não usufruíam
de grande quantidade de dinheiro. das imagens para a sociedade medieval, po-
À medida que o tempo passava, esses comerciantes
iam ficando mais habilidosos na arte de vender e com-
de-se solicitar que, em grupo ou individual-
prar e, por consequência, cada vez mais ricos. Enquan- mente, sejam produzidos quadros, por meio
to, para o senhor feudal, a terra era o bem mais precio-
Bruges é uma cidade belga localizada na província de Flandres Ocidental. Na Idade so que alguém podia ter — de preferência sem traba- de pinturas, desenhos ou montagem foto-
Média, Bruges foi a principal conexão com o comércio do Mar Mediterrâneo.
lhar nela —, para os burgueses, os bens eram consegui-
Nessas feiras, havia lugar para tudo, desde o fechamento dos com muito trabalho, e trabalho era sinônimo de di-
gráfica, que tentem transmitir uma mensa-
de negócios até momentos de descontração e lazer. Havia nheiro, de poder e de acúmulo de capital. gem específica. Explique à turma que os tra-
apresentações de pessoas que trabalhavam em circos, joga-
dores fazendo apostas, pessoas vendendo comidas, etc. Os Capital é o investimento que alguém faz em deter- balhos não devem conter palavras, apenas
comerciantes começaram a perceber que as feiras estavam minada mercadoria e que gera lucro.
imagens, e que precisam retratar a realiza-
dando certo e tiveram a ideia de morar próximo a elas. Aos
poucos, os comerciantes passaram a morar em casas loca- De modo prático: se você tem uma quantidade de di- ção de alguma atividade, acontecimento ou
lizadas na própria feira, onde vendiam seus produtos. Foi a nheiro (mil reais, por exemplo) e investe em uma peque-
partir daí que surgiram as cidades medievais. na fábrica de doces, o dinheiro que você investiu será ensinamento. Após a confecção, os grupos
As cidades progrediram, aproximadamente, a partir do chamado de capital, porque ele serviu para aumentar a devem expor o resultado para toda a turma
século XI e costumavam ser cercadas por grandes mura- sua riqueza. Então não esqueça: dinheiro parado não é
lhas, visando a proteção da população. Dentre os fatores capital, ele só se torna capital se for utilizado para gerar e pedir que tentem adivinhar a temática das
que contribuíram para o gradativo aumento do interesse mais riqueza, como para aumentar a produção de uma
pela vida urbana, pode-se destacar: a intensificação do fábrica ou para ser aplicado no comércio.
imagens. Essa atividade será muito útil para
processo comercial e o crescimento sólido da burguesia. o entendimento de que a Idade Média não

Reprodução
É importante pontuar que, com o passar do tempo, a
formação de aglomerados nos centros urbanos acabou foi um período de alfabetizados, mas que o
contribuindo também para o surgimento de novos ofícios.
uso do recurso imagético consistiu em uma
Os burgos e as cidades forma de estabelecer a comunicação e su-
O negócio deu tão certo que algumas feiras funcio- prir tal necessidade.
navam o ano inteiro. Com o passar do tempo, elas foram
Os mercadores, como forma de proteção, começaram a se estabelecer no in-
crescendo até se transformarem em cidades. Essas cida- terior das muralhas das cidades. Por vezes, os próprios mercadores construí-
des foram rodeadas por muros e receberam o nome de
burgos, e daí vem o nome burguês, de que você já deve
ram essas muralhas, conhecidas como burgos.
Anotações
Os burgueses contavam muito com o apoio dos ar-
ter ouvido falar. Pois bem, burguesas eram as pessoas
tesãos. Estes últimos, muitas vezes, fabricavam as mer-
que moravam nos burgos, isto é, nas cidades que surgi-
cadorias para os comerciantes venderem, e, quase sem-
ram a partir das feiras.
pre, o produto final valia mais que a sua confecção. Isto
Burgo designa geralmente uma cidade comercial, que se é, na confecção de uma roupa, por exemplo, os arte-
desenvolvia fora das muralhas do núcleo urbano primiti- sãos ganhavam pouco, pois a matéria-prima era bara-
vo, senhorial.
ta, mas quando o burguês vendia a peça de roupa, seu

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História – 6º ano 197

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valor subia muito, quase o dobro do preço. E para quem

Reprodução
ia o lucro? Claro que era para o comerciante, pois o ar-
tesão já tinha recebido o seu pagamento.
Os artesãos, porém, passaram a ganhar dinheiro de
uma forma semelhante: aproveitaram-se dos aprendi-
zes (rapazes que vinham do campo para aprender a tra-
balhar no artesanato) e fizeram com que trabalhassem
quase de graça para eles, em troca de comida, de hos-
pedagem e do ensinamento dos segredos da profissão.
O sonho de todo aprendiz era um dia também se tornar
um mestre artesão. Mas muitos não conseguiam e pas-
Uma das características das corporações de ofício era a hierarquia: mestres,
savam a vida inteira nessa jornada de trabalho, ganhan- oficiais e aprendizes. Na figura, vemos um padeiro ensinando o ofício a um
do apenas um pouco de dinheiro pelo que faziam. Eram jovem aprendiz.
os chamados jornaleiros.
Mas os artesãos não foram os únicos que se uniram.
Jornaleiro era o trabalhador, normalmente rural, pago à Os comerciantes também fizeram parte de associações
jorna, isto é, ao dia, sem contrato. que defendiam os seus interesses. A que mais se desta-
cou foi a chamada Liga Hanseática, uma união de cida-
As modificações na sociedade ocorriam, como disse- des comerciantes do norte da Europa, principalmente na
mos anteriormente, de forma bastante lenta, mas muito Alemanha, mas também em outras regiões vizinhas. O
significativa para a vida das pessoas. Foram criadas, por comerciante que quisesse comercializar em determina-
exemplo, pelos artesãos, as corporações de ofício, que da região tinha que pedir permissão à liga e pagar impos-
tinham o dever de defender os interesses dos artesãos e to para que esta lhe concedesse tal direito.
proteger suas viúvas e os órfãos, como também procu-
rar impedir a concorrência de outras corporações. As cor- Rotas comerciais da Liga
porações eram bastante rígidas, a ponto de estipularem Hanseática
uma série de regras a serem seguidas pelos seus mem-
0 294 km 588 km
bros para garantir o padrão de qualidade dos produtos. Escandinávia
Novgorod
Oceano Bergen
As corporações de ofício foram associações que surgiram Atlântico
na Idade Média, a partir do século XII, para regulamentar

Báltico
Visby
o processo produtivo artesanal nas cidades que contavam Mar do Riga
com mais de 10 mil habitantes. Norte Falsterbo

ar
M
Ilhas Britânicas Lübeck Danzig
Reproduções

Hamburgo
Londres
Göttingen Europa
N
Bruges O L
FC_H
Köln S

Mapa elaborado pelos autores.

Os burgueses não perdiam tempo: quando não ven-


diam nem compravam, emprestavam seu dinheiro a
juros. Emprestavam uma pequena quantia e recebiam
de volta bem mais do que haviam emprestado. Aos pou-
As corporações de ofício foram responsáveis pelas primeiras organizações de
cos, transformaram-se em banqueiros e acumularam
trabalho na Idade Média. bastante capital.

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do comércio (contratos, controle de es-
toques, etc.). Muitas delas, numa primei-
À medida que os comerciantes burgueses iam enri- ra instância, sofreram em uma influên-

Reprodução
quecendo, as cidades foram adquirindo uma maior rele-
vância. As pessoas agora deixavam o campo para morar cia direta da Igreja, mas, com o passar do
nas cidades, que ofereciam mais oportunidades de em- tempo, a alta burguesia de muitas cidades
prego. Mas o campo continuava com a sua merecida im-
portância, pois ele fornecia a matéria-prima para a con- atraiu intelectuais, como recurso para es-
fecção dos produtos. Assim, gradativamente, o dinheiro
começou a fazer parte da vida cotidiana de todos. Pode-
caparem do controle clerical.
mos dizer que comprar e vender eram as atividades mais A Igreja não ficou passiva ante a iminen-
prazerosas para a população naquela época.
te possibilidade de perda do monopólio do
Reprodução

ensino. Ela procurou reafirmar seu domínio,


outorgando a si mesma (decisão do Tercei-
A medicina medieval era uma mistura de ciência e de magia. Uma das técni-
cas de cura adotada pelos médicos era a sangria. Eles achavam que a maioria
ro Concílio de Latrão, em 1179) o direito de
das doenças estava no sangue e, para isso, sangravam os pacientes: alguns se
curavam, mas muitos morriam. conceder a licença docente (licencia docendi)
Antes, tudo era explicado por obra do sobrenatural e àqueles que se mostrassem capazes.
pela fé. Agora, as pessoas buscavam explicações na ciên-
cia e na razão para os fatos ocorridos no dia a dia. A preo- O contato com outras culturas, como a
cupação era observar os fatos para depois extrair as con- bizantina e a árabe, além da revalorização
clusões. Agindo assim, puderam encontrar explicações
para as causas de terremotos e introduziram o estudo da herança greco-latina, foi de extrema im-
mais detalhado do corpo humano. Procuraram também
estudar mais a fundo as ciências relacionadas à botânica
portância aos estudos desenvolvidos nas
e à zoologia. Desse modo, puderam observar e descrever universidades, tanto no campo do Direito
o ciclo de vida dos animais e das plantas.
como na Medicina.

Reprodução
O empréstimo de dinheiro a juros era comum na Idade Média. Mais tarde, esse
processo contribuiria para o surgimento dos bancos como conhecemos hoje. Anotações
Pintura O agiota e sua esposa (1514), de Quentin Massys.

Inovações culturais
Vimos que, na Idade Média, poucos tinham acesso ao
conhecimento. Apenas uma minoria, como os monges,
por exemplo, sabia ler e escrever. Por isso, era mais fácil
controlar a vida e o pensamento do povo. Mas esse ce-
nário, aos poucos, foi adquirindo uma nova roupagem.
Isto é, com a mudança econômica, houve uma significa-
No aprendizado das universidades medievais era exigida dos alunos uma boa
tiva alteração em todos os aspectos da vida do povo eu- capacidade de memorização, pois os livros eram copiados manualmente (nor-
ropeu, até mesmo na vida cultural. malmente por monges copistas) e, por isso, eram muito caros.

História – 6o ano 199

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culo XII, as universidades se multiplicaram


Leitura durante o século XIII: Bolonha, 1158; Paris,
complementar 1200; Cambridge, 1209; Pádua, 1222; Nápo-
les, 1224; Toulouse, 1229; e várias outras.
Surgem as universidades
A proliferação dessas unidades está
Certamente, as universidades não podem justificada nas necessidades de um clero
ser dissociadas do contexto histórico em mais bem preparado, de especialistas em
que foram inseridas, por serem resultado Direito, de funcionários com maior quali-
da expansão demográfica e urbana, alia- ficação, tanto para o exercício de cargos
da a um crescimento econômico que ocor- públicos como para fazer frente às novas
reu na Baixa Idade Média. Originárias do sé- necessidades nascidas com a dinâmica
45:23

História – 6º ano 199

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Não há data precisa, mas acredita-se que a partir do A música é uma forte expressão da cultura medie-
século XII foram organizadas as primeiras universidades, val. Estamos falando do canto gregoriano, música re-
pagas por alguns burgueses interessados em ter acesso ligiosa cantada por corais de monges que ainda hoje
ao saber. Por isso, nelas estudavam apenas os filhos das encanta pessoas no mundo inteiro. Havia também mú-
pessoas ricas. sicas não religiosas, como as cantigas de roda, can-
A Igreja também exerceu certa influência sobre essas ções de trabalho, de colheita, etc. Todas expressavam
instituições, como em Oxford, na Inglaterra; em Paris, o pensamento da época e, por isso, são importantes
na França; e em Bolonha, na Itália. Os cursos oferecidos fontes de pesquisa que nos possibilitam conhecer um
nessas universidades eram: Teologia, Astronomia, Músi- pouco mais da cultura europeia. Junto às feiras me-
ca, Geometria, Gramática, entre outros. dievais, surgiram as figuras dos menestréis e trova-
dores, provando que havia uma produção laica, além
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dos limites da Igreja Católica.

Menestréis eram artistas da corte que declamavam, em


versos, histórias de lugares distantes ou eventos históricos
reais ou imaginários.
Trovadores eram os artistas de origem nobre do sul da
França que, geralmente acompanhados de instrumentos
A universidade de Oxford é uma das mais aclamadas do mundo. Entre seus ex-
musicais, como o alaúde ou o cistre, compunham e entoa-
-estudantes mais famosos estão escritores como Oscar Wilde, Lewis Carroll, vam cantigas.
J. R. R. Tolkien e C. S. Lewis.
Laico é o que não pertence a nenhuma religião.
Nas artes, podemos verificar que os vitrais das igrejas

Reprodução
eram muito belos. Neles, vemos refletida a arte gótica,
diferente da arte românica, característica da Alta Idade
Média, que era rústica e simples. Nesses vitrais, podemos
perceber as cenas do dia a dia das pessoas, retratando o
novo estilo de vida delas: no trabalho, no conhecimento
e na organização da sociedade de um modo geral.

A arte gótica é considerada uma expressão do triunfo da


Igreja Católica durante a Idade Média, pois era uma expres-
são artística notadamente religiosa.
Arte românica é o nome dado ao estilo artístico vigente na
Europa entre os séculos XI e XIII, durante o período da histó-
ria da arte comumente conhecido como românico.
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O canto gregoriano caracterizou-se pela melodia simples e por todos canta-


rem em uníssono (uma mesma voz).

A literatura desenvolveu-se bastante naquela época.


Já no final da Idade Média, os temas literários eram re-
lacionados à religião, à mulher, ao amor, à bravura dos
cavaleiros, etc. Havia também algumas críticas à orga-
Os vitrais tornavam o interior das catedrais góticas mais iluminadas e coloridas,
geralmente o conteúdo das obras era de cunho religioso. Catedral de Chatres,
nização da sociedade e à interferência da Igreja na vida
França. das pessoas.

200 História – 6o ano

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A expansão do comércio

Reprodução
Você lembra que falamos, no capítulo anterior, sobre
as Cruzadas? Pois bem, entre os séculos XI e XIII, várias
expedições militares (Cruzadas) foram enviadas a Jeru-
salém com o objetivo de libertar a chamada Terra Santa
do domínio dos muçulmanos. Esse objetivo não foi con-
cretizado. Em contrapartida, outras razões moveram os
homens a se aventurarem nessas expedições. Aos se-
nhores feudais interessava escoar o excedente popula-
cional dentro de seus feudos. Quanto mais pessoas fos-
sem lutar nas cruzadas e morressem nessa guerra, me-
lhor. Não mais era possível alimentar toda aquela po-
pulação, o que em breve causaria inúmeros problemas
sociais. Além disso, muitos filhos de nobres se aventura- As Cruzadas, que, inicialmente, tinham um caráter religioso, cometeram milha-
ram em busca de terras, poder e riqueza, uma vez que só res de atrocidades contra os árabes. São inúmeros os relatos de massacres e
saques a cidades e populações indefesas que ficaram na rota desses exércitos.
quem herdava a fortuna do pai era o filho primogênito.
À Igreja, interessava também recobrar o prestígio perdi- O objetivo maior das Cruzadas era garantir o domínio
do com o Cisma do Oriente, em 1054, que dividiu a Igre- cristão sobre Jerusalém, mas, em vez disso, o que ocor-
ja Católica em duas: A Igreja Católica Apostólica Roma- reu mesmo foi uma mistura de culturas. É possível afirmar
na e a Igreja Ortodoxa, em Constantinopla. que a grande contribuição das Cruzadas foi a reativação

Movimentos cruzadistas dos séculos XI a XIII


N
0 390 km 780 km
1a Cruzada (1096–1099)
Mar
ico

O L

do Norte 2a Cruzada (1147–1149)


ált

S
B 3a Cruzada (1189–1192)
Mar
4a Cruzada (1202–1204)
Londres
5a Cruzada (1218–1221)

Europa 6a Cruzada (1228–1229)


7a Cruzada (1248–1254)
Oceano
Atlântico
8a Cruzada (1270)
Ma

Lyon
C
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Veneza
ás

o
a r N e gr
Gênova
pio

M
Marselha

Lisboa Roma Constantinopla

Ásia
Niceia

Antióquia
Túnis

África M ar
Mediterrâneo
Nazaré
Tiro
Jafa
Acre
Jerusalém
Belém

Fonte: Kinder, H; Hilgemann, W. Atlas of World History. Nova York: Anchor Books, 1974.

História – 6o ano 201

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História – 6º ano 201

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Diálogo com o
professor do comércio entre o Ocidente e o Oriente, afastados du- primeiras notificações da doença foram registradas na
rante tantos séculos. Por esse motivo, foi possível enviar China, e, como muito ratos viajavam nas embarcações
Ao ressaltar as motivações para a estru- ao Ocidente tapetes persas para embelezar casas, exce- junto a mercadorias, acredita-se que, ao saírem dos na-
turação e acontecimento das Cruzadas não lentes perfumes, açúcar, cravo e canela-da-índia, seda ja- vios, contaminavam as pessoas com a peste. Essa doença
ponesa, porcelana chinesa, etc., tudo conseguido por meio matou, no século XIV, aproximadamente um terço da po-
esqueça de evidenciar que, embora apre- dos mercadores árabes, que traziam esses produtos de vá- pulação da Europa. Para cada mil habitantes de uma cida-
rios lugares do mundo e os vendiam aos europeus partici- de, em média quatrocentos morreram por causa da peste.
sentassem discurso religioso, essas expedi- pantes das Cruzadas. Importantes rotas comerciais foram

Reprodução
ções não se abstiveram de práticas violen- criadas nesse período, como as rotas do Mar do Norte e do
Mar Báltico, a rota do Mediterrâneo e a rota terrestre de
tas. É igualmente importante que a turma Flandres. E isso fez com que o comércio se desenvolves-
se ainda mais. As mercadorias atravessaram o Mar Medi-
perceba que nem todas as Cruzadas objeti- terrâneo. Duas cidades italianas cresceram bastante com
vavam retomar a cidade de Jerusalém. esse comércio: Gênova e Veneza.
Oito Cruzadas foram organizadas ao todo entre 1096
e 1270. Houve a Cruzada dos Reis, dos Comerciantes, das
Crianças, expedições que envolveram desde pessoas hu-
Leitura mildes que desejavam redimir seus pecados a nobres,

complementar reis e imperadores, tendo havido ainda uma Cruzada só


de crianças. A maior parte era massacrada antes de che-
gar a Jerusalém, seu destino.
Nem todas as cruzadas objetivavam
retomar Jerusalém A Europa entra em crise Segundo estudos sobre a mortandade causada pela peste negra na Europa, es-
tima-se que a doença matou aproximadamente 25 milhões de pessoas.

Todas essas transformações trouxeram mudanças Com o alastramento da

Reprodução
importantes para a Europa, que, durante esse período, doença e milhares de mortos,
Nem todas as oito cruzadas promovidas
viveu um expressivo renascimento comercial e urbano. houve uma enorme crise na Eu-
entre 1095 e 1270 tiveram como objetivo a Todavia, as mudanças trouxeram também problemas e ropa no século XIV. Peste, fome
contradições, pois, muitas delas ocorreram sem plane- e guerra. Esses três elementos
luta contra os muçulmanos ou a libertação jamento e estruturação. ajudaram a sepultar o mundo
dos locais sagrados. Em 1198, o Papa Inocên- Nas cidades, não existia sistema de esgoto e, por isso, medieval e abrir espaço para
os dejetos (sujeiras, fezes, mercadorias estragadas, etc.) que novas soluções e transfor-
cio III convocou a Quarta Cruzada, mas, de- eram jogados nas ruas sem nenhum tratamento ou hi- mações permitissem a chega-
giene. Como não havia um recolhimento regular de lixo, da da modernidade.
pois do fracasso da anterior, sua ideia não rios e plantações eram contaminados, trazendo inúme- As pessoas abandonaram
gerou grande entusiasmo. O objetivo era con- ras doenças à população. os burgos, as plantações foram
Nessa época, foi comum a proliferação de doenças, perdidas, a fuga de camponeses Os médicos medievais usavam

quistar o Egito, que poderia servir de moeda como a lepra, a febre tifoide e a peste negra, ou bubôni-
roupas de proteção para evitar o
e diminuição do poder dos se- contágio da peste bubônica.
ca. Houve, também, um grande aumento do número de nhores feudais promoveram um estrago na Europa. Os reis
de troca para recuperar Jerusalém, recon- ratos, em virtude da falta de saneamento das cidades, e e nobres passaram a cobrar mais tributos à população, in-
quistada alguns anos antes por Saladino. muitos eram trazidos nos navios junto com as mercado- tensificando ainda mais a crise.
rias do Oriente. Acredita-se que a pior doença que a Eu- Um novo mundo começou a ser desenhado. As
Quem aceitou montar uma frota para ropa enfrentou nesse período foi a de peste negra, trans- grandes taxas de mortalidade obrigaram os europeus
mitida pela pulga do rato contaminado pela doença. As a retomar os estudos da medicina e criar medidas
transportar 30 mil homens foi a todo-pode-
rosa República de Veneza, principal potên-
202 História – 6o ano
cia comercial do Mediterrâneo. Em meados
de 1202, as tropas cruzadas se reuniram sob
as ordens de Bonifácio de Montferrat, mas FC_História_6A_16.indd 202 18/03/2022 16:45:27 FC_H

o contingente era bem menos numeroso contra outros cristãos, a cidade foi tomada, Os venezianos aprovaram a medida.
do que o previsto. O doge de Veneza, Enri- o que provocou a excomunhão dos cruza- Convencidos de que os bizantinos não ti-
co Dandolo, não aceitou que os navios saís- dos por Inocêncio III. nham apoiado o suficiente a luta contra os
sem do porto sem que a soma fixada pela A Quarta Cruzada, no entanto, não parou muçulmanos e de que deveriam ser puni-
viagem fosse paga com antecedência. En- por aí. Alexis, filho do imperador bizantino dos, os cruzados tomaram Constantino-
dividados, os cruzados aceitaram o negócio Isaac II Ângelo, foi destronado por ordem de pla de assalto em 1203. Alexis III fugiu e foi
que lhes foi proposto: em troca do adiamen- seu tio, Alexis III Ângelo, que ainda mandou substituído por Alexis IV, nomeado coimpe-
to do pagamento, eles se comprometiam a prender seu pai. O príncipe Alexis propôs, rador, com seu pai, Isaac II. Mas o novo so-
tomar o porto cristão de Zara, na costa da então, aos latinos outra troca: pagaria a dívi- berano, considerado um traidor pela popu-
Dalmácia, e entregá-lo aos venezianos. Ape- da dos cruzados com Veneza se eles o ajudas- lação, não conseguiu impor sua autorida-
sar do receio provocado pela ideia de lutar sem a reaver o trono e expulsar o usurpador. de. Além disso, como seu predecessor havia

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como analisar de que forma esta contribuiu
no processo de fragmentação do modo de
Propagação da peste negra produção feudal. Seria interessante realizar

ich
uma atividade juntamente a(o) professor(a)
nw
ree
eG

de Biologia e solicitar que os alunos façam


Círculo Polar Ártico
od

Zonas mais castigadas pela epidemia


N
dian

1349 Rota terrestre ou marítima


Meri

O L
S Centro de difusão
uma pesquisa sobre métodos de prevenção
1348 Lago Baikal
1351
1349
Europa e combate às doenças contagiosas. Seria in-
Lago Balkhash

Ásia teressante abordar também algumas epide-


Veneza
Gênova Lago de Aral
Mar Negro Pequim

mias que se disseminaram recentemente e


Mar Cáspio
Constantinopla
Samarcanda
R io

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Damasco

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o Indo
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Mediterrâ
Rio
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E R io H u a

as políticas públicas existentes para enfren-


uf

1347 1333
ra

te Rio
s Bramaputra
Bagdá g-Tsé Kiang
Yan

tar situações de contágio generalizado.


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Trópico de Câncer oG
anges
Rio Nilo

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Meca
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África
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Arábico

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Rio

Golfo de
Anotações

k o ng
o

Oceano

Bengala Pacífico
g

er

Oceano
Índico
Ri
o Co

Linha do Equador

Oceano
ng o

0 895 km 1.790 km
Atlântico

Fonte: PAOLUCCI, S.; SIGNORINI, G. II Corso dela Storia 1. Bologna: Zanichelli, 1997.

sanitárias para conter o avanço das doenças. Os bur-

Reprodução
gueses necessitavam de ordem nesse mundo caótico
Trópico de Capricórnio

que não garantia a segurança ao seu comércio. Além


disso, não havia um poder central que garantisse a
paz, que estabelecesse uma moeda única e limitasse
o poder local. Ficava cada vez mais difícil ser burguês
(comerciante) na Idade Média. A disputa pelas prin-
cipais rotas comerciais fez com que ingleses e fran-
ceses travassem a épica Guerra dos Cem Anos, na
qual Joana d’Arc liderou as tropas francesas e termi-
nou queimada na fogueira da Santa Inquisição como
bruxa. Sob a alegação de disputarem a sucessão do
trono francês, França e Inglaterra, na verdade, dispu-
tavam a região de Flandres, importante centro comer-
cial produtor de lã da Europa.

Surgida em meados do século XIV, a Guerra dos Cem Anos


identifica uma série de conflitos armados registrados de
forma intermitente durante o século XIV e o século XV (de A Guerra dos Cem Anos se arrastou por esse período tão extenso por causa do
1337 a 1453), envolvendo a França e a Inglaterra. poderio militar dos ingleses e pela obstinada resistência dos franceses. A Guerra
não aconteceu de modo contínuo, mas pela sucessão de batalhas intermitentes.

História – 6o ano 203

6:45:27 FC_História_6A_16.indd 203 18/03/2022 16:45:28

esvaziado os cofres antes de fugir às pres- uma extrema brutalidade, chocou o mundo
sas, ele não tinha como cumprir a promessa cristão e cristalizou o cisma que, desde
feita aos cruzados. Estes, por sua vez, man- 1054, opunha católicos a ortodoxos [...]
tinham relações cada vez mais tensas com Disponível em: http://www2.uol.com.br/historiaviva/
os bizantinos, que suportavam mal sua pre- artigos/todasascruzadasvisavamaterrasantafalso.
html.Acesso em: 25/06/2015. Adaptado.
sença e cobiça.
A situação culminou com uma conju- Sugestão de
ração que derrubou e assassinou Alexis IV.
Constantinopla foi tomada pelos cruzados
abordagem
em 12 de abril de 1204 e saqueada duran- Pode-se abordar a crise do século XIV
te três dias seguidos. O acontecimento, de a partir da epidemia de Peste Negra, bem

História – 6º ano 203

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Leitura
complementar Quando a peste negra arrasou a Europa, os funerais um poder absoluto, e o comércio se tornou a atividade
improvisados tornaram-se uma atividade cotidiana. Os econômica mais importante do mundo europeu. O cres-
Sobre epidemias vetores da doença eram as pulgas dos ratos. A peste apa- cimento das cidades garantiu uma maior circulação de
receu na Ásia Oriental, na década de 1330, tendo chega- dinheiro, e as pessoas foram descobrindo um novo modo
A Peste Negra, pandemia de peste bu- do ao porto de Kaffa, no Mar Negro, em 1340. As rataza- de se organizar socialmente. Mesmo que as práticas feu-
nas dos barcos transportaram-na para os portos de Ve- dais não tivessem se encerrado por completo, o mundo
bônica que ocorreu no século XIV, provocou neza, Gênova e Marselha, de onde se propagou por toda havia mudado, e as prioridades de parte da população
a Europa. As suas vítimas apresentavam abscessos e he- europeia não eram mais as mesmas. Naquele momento,
grande impacto na população dos países eu-
morragias internas, que davam um aspecto escuro à pele. rompia-se com o velho e esperava-se o novo.
ropeus. As citações seguintes demonstram

Reprodução
Poder absoluto é uma teoria política que defende que al-
as concepções acerca dessa epidemia e as guém (em geral, um monarca) deve ter o poder, indepen-
dente de outro órgão.
práticas preventivas e terapêuticas da época.

“Devido a uma infecção do hálito que se História em questão


espalhou em torno deles enquanto falavam,
um infectava o outro... e não só faziam morrer 1| Pesquise e escreva sobre as principais diferenças entre
a arte românica e a arte gótica.
quem quer que falasse com eles como tam-
Espera-se que o aluno saiba diferenciar as características
bém quem quer que comprasse, tocasse ou
tirasse alguma coisa que lhes pertencesse. “ que são peculiares a cada estilo artístico. A arte românica,

(Michele Piazza, monge franciscano) por exemplo, apresentava construções horizontais, com a
A população urbana, em peso, migrou para os campos com medo do contá-
gio pela peste negra. presença de abóbadas, paredes espessas, geralmente sem
“Como autodefesa, não havia nada me- Nesse cenário, o que fazer? A burguesia, maior interes-
janelas. Já a arte gótica apresentava construções verticais,
lhor que fugir da região antes que ficasse sada no restabelecimento da ordem, em diversas partes da
Europa, promoveu uma aliança com o rei, financiando a for-
com detalhes no formato ogival, e muitas janelas e vitrais.
infectada e tomar purgativos de aloés, di- mação de um Exército Nacional, para que esse rei fortaleci-
do pudesse estabelecer limites territoriais, criando uma uni-
minuir o sangue pela flebotomia e purificar dade monetária (moeda instituída em um país para orga- 2| Durante a Idade Média, existia uma mentalidade conser-
o ar pelo fogo, reconfortar o coração com o nizar a economia dentro de um padrão monetário homogê- vadora, quase sempre voltada para temas e questões reli-
neo), assim como um sistema de pesos e medidas que asse- giosas. Porém, muitos estudos foram feitos no campo da
sene e coisas perfumadas e abrandar os hu- gurasse ao comércio seu pleno desenvolvimento. Matemática, Física, Arquitetura, como também da Literatu-
A partir dessa aliança (rei + burguesia), foi possível a ra. Escreva quais foram as principais realizações no campo
mores com terra da Armênia, e resistir à pu- formação das monarquias nacionais: França, Inglaterra, da arte e da literatura medieval.
trefação por meio de coisas ácidas.” Portugal, Espanha. Nesse novo mundo, o dinheiro pas-
Os romances de cavalaria e a literatura cavalheiresca, a
sou a ser o parâmetro para medir a riqueza em detrimen-
(Guy de Chauliac, médico) to da terra, e o modo de produção deixou de ser o feu-
arte românica e a arte gótica.
dal, passando a ser o capitalista. O rei passou a exercer

“Em meio a tanta aflição e a tanta miséria


204 História – 6o ano
da nossa cidade (Florença) a reverenda auto-
ridade das leis, tanto divinas como humanas,
caía e dissolvia-se. Os ministros e executores FC_História_6A_16.indd 204 18/03/2022 16:45:28

das leis, assim como os outros homens, es- incenso de flores de camomila, bem como o desconhecimento sobre os mecanismos
tavam todos mortos, ou enfermos ou tinham as praças e lugares públicos. As pessoas de- da doença e sobre as medidas terapêuti-
perdido os seus familiares, de modo que não veriam abster-se de comer galinha ou car- cas levava à adoção de práticas absolu-
podiam desempenhar função alguma. Por nes gordas e azeite. Não deveriam dormir tamente ineficazes, revestidas apenas de
decorrência desse estado, era lícito a todos após a aurora, os banhos eram considera- valor ritual.
fazer o que bem lhes agradasse.” dos perigosos, e as relações sexuais, fatais.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=
(Boccacio) O quarto dos doentes deveria ser lavado sci_arttext&pid=S0102-311X1987000100002. Acesso
com vinagre e água de rosas. em: 18/11/2021.

Dentre as medidas profiláticas recomen- Apesar do conhecimento existente a


dadas pela Faculdade de Paris, em 1348, respeito do contágio, derivado das obser-
destaca-se a fumigação dos domicílios com vações empíricas, ser relativamente bom,
FC

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3| Comente a importância das Cruzadas na expansão do 5| Leia com atenção e responda.
comércio ainda durante a Idade Média.
Teatro Mambembe
As Cruzadas não atingiram o seu objetivo principal, que
Na Idade Média, lá por volta do século XII, aparece-
era reconquistar a Terra Santa. Em contrapartida, reati- ram na Europa companhias de teatro que iam de cida-
de em cidade. Esse teatro não tinha nada de religioso, e
varam o comércio entre o Ocidente e o Oriente. seus atores e suas atrizes, chamados de saltimbancos,
carregavam “nas costas” os cenários das peças, seus fi-
gurinos, maquiagem, etc. Eles andavam em carroças,
sempre em bandos, chamados trupes, e não tinham
morada certa. Mas não pense que ficar “de galho em
4| Muitos conflitos, como as Cruzadas, são causados por
galho” era o sonho da vida dos saltimbancos! É que, na
questões religiosas, que envolvem, por exemplo, diferen-
época em que eles viviam, a Igreja era poderosa e impli-
ças de crença e interesses socioeconômicos. Com base
cante e escolhia o que as pessoas podiam representar,
nessa afirmação, responda às questões a seguir.
de preferência textos cristãos. Perseguidos pela Igreja,
os saltimbancos começaram a usar máscaras, para não
a. Você já ouviu falar de outros conflitos que envolve-
serem reconhecidos. Uma tradição que descende dire-
ram intolerância religiosa? Quais?
tamente dos saltimbancos é o circo, que até hoje anda
Resposta pessoal. Auxilie os estudantes a enumerar con- de cidade em cidade apresentando seus números.

flitos religiosos na atualidade, como a questão Israel-Pa-


a. O que o texto quer dizer com: “Mas não pense que ficar
‘de galho em galho’ era o sonho da vida dos saltimbancos!”?
lestina, Guerra da Síria, o conflito entre católicos e pro-
Na época dos espetáculos, não era possível fixar-se em
testantes na Irlanda, entre outros.
lugares devido à perseguição religiosa. A Igreja escolhia o

que as pessoas podiam representar, de preferência, tex-


b. Em sua opinião, o que precisa ser feito para promo-
tos cristãos.
ver o convívio pacífico entre grupos que têm religiões
diferentes?

Resposta pessoal. Incentive uma conversa entre os alu-

b. De acordo com o que você estudou, qual era a influên-


nos, procurando ressaltar valores como a tolerância e o
6:45:28
cia da Igreja Católica na produção cultural da Idade Média?

respeito à diversidade, como forma de promover a paz A Igreja era responsável pela educação e tinha grande

entre grupos com opiniões e visões diferentes. poder sobre a sociedade.

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História – 6º ano 205

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c. A Igreja Católica, em nome da preservação da ordem 8| Observe a imagem e, em seguida, leia o texto.
social, não permitia a propagação de ideias que não con-

Reprodução
tribuíssem para a manutenção da ordem vigente. Você
concorda com esse procedimento adotado pela Igreja?
Desenvolva sua resposta.

Resposta pessoal. Espera-se que o aluno perceba que a

intenção da Igreja era garantir a manutenção da ordem

social, e não somente implantar seu autoritarismo.

A pintura O Triunfo da Morte, de Pieter Bruegel, o Velho, de 1562, retra-


ta o imaginário da época sobre a peste negra.

“Das cidades, a peste se espalhou rapidamente


por todo o interior do continente europeu. Depois
que a pessoa era contaminada, morria no máximo
em 48 horas. A peste bubônica é provocada por um
6| Durante o século XIV, a peste negra ceifou a vida de mi-
bacilo que ataca os ratos. É tão contagioso que é pos-
lhões de pessoas no continente europeu. Faça uma pes-
sível, através do hálito um indivíduo, passar a doença
quisa sobre a forma como a Igreja Católica lidou com a
para outro. A doença causava pânico, e houve casos
doença na época.
em que a população abandonou sua cidade ao ouvir
Nessa pesquisa, é importante destacar as teorias levan- dizer que a peste vinha chegando.”
DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente. p.107.
tadas pela Igreja para explicar a origem da doença. Como
De acordo com seus estudos, com a imagem e o texto lido,
a peste era vista como um possível castigo divino, era re- o que podemos deduzir sobre a peste negra na Europa?

corrente a busca das pessoas pelos representantes da Resposta pessoal. A falta de higiene e saneamento nas ci-
dades, causada pelo seu crescimento desordenado, cau-
Igreja, a fim de retratar seus pecados e garantir uma en- sou a morte de 1/3 da população europeia da época, 25
milhões de pessoas.
trada no céu.
FC_H

7| A respeito do episódio conhecido como Guerra dos 9| Indique alguns dos problemas e desequilíbrios trazidos
Cem Anos, comente suas principais causas. pelo crescimento da população ao mundo feudal.

A principal motivação por trás da Guerra dos Cem Anos A produção nos feudos deixou de ser autossuficiente, ge-
rando uma necessidade da reativação das relações co-
foi a disputa pelo domínio da região de Flandres. merciais, promovendo também um renascimento urba-
no desorganizado.

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Indicação de

10| Leia o texto a seguir.


filme
História e cinema Filme: Coração valente
Fome, doença e medo
Entre os anos 1000 e 1300, embalada pelo cres-
Neste capítulo aprendemos, entre outros pon- Direção: Mel Gibson
tos, sobre a cultura medieval e seus principais aspec-
cimento da população, do comércio, das cidades, a
tos. Que tal estudar História de uma forma diferen- Sinopse: William Wallace, herói dos escoce-
Europa prosperou. Nas primeiras décadas do sécu-
te e divertida? O documentário sobre Joana d’Arc da
lo XIV, porém, algumas regiões da Europa foram du-
National Geographic pode ajudar você a compreen-
ses, lidera várias batalhas contra a domina-
ramente atingidas por uma crise prolongada: a pro-
dução de alimentos não acompanhou o crescimen-
der a trajetória desta incrível mulher e ao mesmo ção inglesa na Escócia, usando da determi-
tempo perceber como as mulheres costumavam ser
to da população. Além disso, chuvas torrenciais se- nação e da inteligência para compensar os
vistas na Idade Média. Então, boa sessão!
guidas de más colheitas inauguraram um longo pe-
ríodo de fome, que atingiu animais e pessoas. Entre Arquivos Confidenciais – Joana D’Arc (2010) poucos homens que tinha em comparação
1315 e 1317, um quinto da população europeia mor- Classificação indicativa: 10 anos
reu de fome, e boa parte passou a viver em estado Gênero: Biográfico; histórico
ao exército inimigo, na Baixa Idade Média.
de desnutrição. Os primeiros sinais da crise se de- Duração: 30min
senhavam: fome, doenças e revoltas. Sinopse: A série apresenta reconstruções dramáticas
de alguns dos mistérios mais chocantes e famosos, Filme: O sétimo selo
que têm inspirado, intrigado e confundido os espe-
cialistas por anos. Desde lendas como a do rei Artur
Direção: Ridley Scott
e Robin Hood até personagens históricos como Cleó- Sinopse: Ainda em luto pela repentina
patra e Anastásia, a série investigará a verdade por
trás de cada história. Com novas provas e indícios, morte de sua esposa, o ferreiro Balian jun-
um grupo de especialistas mundiais comprovará a
ta-se ao seu distante pai, Baron Godfrey,
veracidade que há por trás de cada mistério.
Pintura Quatro Cavaleiros do Apocalipse, de Viktor Vasnetsov. Durante a França, entre 1420 e 1430: uma adolescente ouve nas Cruzadas a caminho de Jerusalém.
Idade Média, o imaginário da sociedade associava os quatro cavaleiros
vozes — palavras que somente ela consegue escu-
(peste, guerra, fome e morte) ao fim do mundo.
tar. E ela diz que vieram de Deus. Joana D’Arc então Após uma jornada muito difícil até à cidade
Explique quais foram as principais causas da crise que embarca em sua missão sagrada: derrotar os ingle- santa, o jovem valente entra no séquito do
levou ao fim da Idade Média. ses e conquistar a coroa da França para o seu rei.

Entre as causas, estão a crise do século XIV, a fome, a


Mensageira divina, bruxa ou guerreira? Como uma rei leproso Balduíno IV, que deseja lutar con-
mulher de 19 anos conseguiu superar a dor extre-
ma e o sofrimento que suportou? Buscando a ver-
tra os muçulmanos para seu próprio ganho
peste negra e a Guerra dos Cem Anos.
dade através de uma análise científica e psicológi- político e pessoal.
ca rigorosa, a vida de Joana D’Arc é reexaminada.
11| De que forma o crescimento populacional colaborou
Reprodução

para aumentar essa crise?


O crescimento da população gerou a fuga em massa de
Anotações
camponeses para as cidades, promovendo um cresci-

mento urbano desordenado, o que favoreceu a prolife-

ração das epidemias e dos conflitos sociais.

História – 6o ano 207

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Sugestão de
leitura
BARLETT, W. B. História ilustrada das Cruza-
das. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
DEL ROIO, José Luiz. A igreja medieval: a
cristandade latina. São Paulo: Ática, 1997.
MACEDO, José Rivair. Movimentos populares
na Idade Média. São Paulo: Moderna, 1993.
PAIS, Marco Antonio de Oliveira. O despertar
da Europa. São Paulo: Atual, 1992.
45:29

História – 6º ano 207

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d. X ao crescimento do comércio, ao desenvolvimen-
História no vestibular to das cidades e às aspirações de conhecimentos da
burguesia.
e. à determinação de eliminar a ignorância e o anal-
1| (Faap) As Cruzadas no Oriente Médio (séculos XI–XIII) fabetismo da chamada Idade das Trevas.
tiveram profunda repercussão sobre o feudalismo por-
que, entre outros motivos: 4| (UPF) Sobre as cidades europeias da Idade Média, leia
as afirmativas a seguir.
a. diminuíram o prestígio da Santa Sé, em virtude da
separação das igrejas cristãs de Roma e de Bizâncio. I. Praticamente não havia cidades, pois o comércio feu-
b. impediram os contatos culturais com civilizações dal era frágil, sustentado por feiras esparsas.
refinadas, como a bizantina e a árabe. II. Desapareceram depois das inovações bárbaras, res-
c. X aceleraram o comércio e o desenvolvimento de tando pequenas cidades no sul da França.
manufaturas, promovendo o crescimento de uma nova III. Muitas cidades medievais tiveram seu crescimento
camada social. relacionado com grandes feiras.
d. desintegraram o sistema de comércio com o IV. Algumas cidades italianas, como Veneza, eram im-
Oriente, gerando a decadência dos portos de Veneza, portantes comercialmente.
Gênova e Marselha. V. As cidades cresceram com o planejamento do poder
e. estimularam a expansão da economia agrária, que público e o grande incentivo da Igreja Católica.
minou a economia monetária dos centros urbanos.
Estão corretas apenas:
2| (Fuvest) Do Grande Cisma sofrido pelo cristianismo no
a. II e V.
século XI, resultou:
b. X III e IV.
a. o estabelecimento dos tribunais de Inquisição c. I e V.
pela Igreja Católica. d. I e IV.
b. a Reforma Protestante, que levou à quebra da uni- e. II, III e IV.
dade da Igreja Católica na Europa Ocidental.
c. a heresia dos albigenses, condenada pelo Papa 5| (UEL) No contexto da Baixa Idade Média, relacionam-
Inocêncio II. -se com o movimento das Cruzadas:
d. X a divisão da Igreja em Católica Romana e Ortodo-
a. o fortalecimento do Império Bizantino, a toma-
xa Grega.
da de Constantinopla e o desprestígio dos senhores
e. a Querela das Investiduras, que proibia a investi-
feudais.
dura de clérigos por leigos.
b. a hegemonia muçulmana sobre os reinos euro-
peus, o desenvolvimento da indústria têxtil na Itália e a
3| (Fuvest) A proliferação das universidades medievais,
escravidão branca na Turquia.
no século XIII, responsável por importantes transforma-
c. X o enriquecimento cultural das sociedades medi-
ções culturais, está relacionada:
terrânicas, a reabertura do comércio com o Oriente e o
a. ao Renascimento cultural promovido por Carlos fortalecimento da vida urbana.
Magno e pelos homens cultos que trouxe para sua corte. d. a epidemia da peste negra nos países do Mediterrâ-
b. à invenção da imprensa, que possibilitou a reprodu- neo, o estímulo a uma economia baseada na troca simples
ção dos livros a serem consultados por mestres e alunos. e a construção de estradas transcontinentais.
c. à importância de se difundir o ensino do latim, lín- e. o comprometimento do prestígio da Igreja Cató-
gua utilizada pela Igreja para escrever tratados teológi- lica, a unificação do Estado alemão e a intensificação do
cos, cartas e livros. antissemitismo na Europa.

208 História – 6o ano

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