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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

Faculdade de Ciências Humanas Curso de Geografia – FCH

RESENHA ANALITICA DO MODULO IV: Governação Necropolítica, Hiper-


periferia e Abandono.
Disciplina: Tópicos Especiais: Fragmentação Socioespacial e Urbanização
Contemporânea;
Prof(a) Dra. Maria Encarnação B. Sposito (UNESP)
Prof° do Módulo IV: Professor Doutor Jan Simon Hutta (Univesität Bayreyth –
Alemanha)
Aluno: Jeferson Cordeiro Vieira (UFGD/FCH), orientado pela Prof° Dr° Maria José
Martinelli Silva Calixto (UFGD/FCH)

As cidades no geral sofrem com o abandono político e socioambiental, um abismo


cada vez maior que a tempos não corresponde as necessidades locais e tornam as cidades
difíceis de viverem e após quatro anos de governo de Jair Messias Bolsonaro (PL) de
2018-2022, assistimos uma grande destruição das políticas públicas e o pavonear da
necropolítica, com total abandono dos mais pobres e das minorias.

Mesmo sob governos ditos de esquerda vimos tentativas fracassadas de


“pacificações” em favelas (com instalação de UPP’s – Unidades de Polícia Pacificadora)
que irromperam em mais violência e maior controle do crime organizado (milicias), com
desocupações para construção de estádios para as olimpíadas, dinheiro gasto em
infraestruturas que se enferrujam aos montes de norte a sul do país. Sem falar de
programas como PMCMV que geraram verdadeiras periferias nas cidades instaladas,
aumentando as malhas das cidades e colocando em situação de fragmentação socialmente
as pessoas menos abastadas.

A política brasileira tomada pelos poder onipresente do capital, de incorporadoras,


empreiteiras, grandes conglomerados automobilísticos e petrolíferos aos grandes
empresários do agronegócio, a política brasileira tomada por esses agentes detentores de
capital e de poder político, movimentam suas “peças” na construção de leis e na aquisição
de recursos a partir dos parlamentares, senadores, prefeitos, presidentes, entre outros que
foram colocados como “pinhões” dos seus interesses na construção de políticas que auto
beneficiam estes agentes, deixando a margem (até excluindo) os milhões que padecem
aos montes no transito com acidentes, na fila do posto sem atendimentos, nas escolas por
bala “perdida”, em casa por desmoronamentos e etc. É a construção de uma necropolítica
de extermínio aos pobres e as minorias.

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Nas metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, a grandiosidade dos problemas
que precisariam ser assistidos de perto por políticas públicas que a partir das necessidades
locais dos grupos alvos são, contudo, conduzidas sob perspectivas econômicas,
preconceituosas (racistas, machistas, LGBTfóbicas) que não resolvem em nada as
necessidades (urgências) ou são aplicadas ao uma parcela dos grupos por períodos curtos
que duram até a próxima eleição.

Nas cidades médias e pequenas, a força dos agentes locais organizados com
recursos e poder político, se transformam em verdadeiros obstáculos políticos,
arquitetando políticas que não atingem objetivos que solucionem as carências das quais
as populações pobres clamam por resolução, seja de educação e saúde, segurança pública,
transporte ou habitação.

O clientelismo e as oligarquias locais preenchem as câmaras municipais e


estaduais e as prefeituras, estes imbricados os interesses do capital buscam sua própria
continuidade e maior acumulação, pavoneando de em grandes escândalos, que usam de
verbas que deveriam ser destinadas aos mais pobres, vide os escândalos recentes com
compras de caminhões de lixo por cidades pequenas acima do necessário, escândalos na
área da educação que atingiram principalmente o MEC com compra de ônibus escolares
e no desvio do dinheiro da merenda escolar e na saúde, principalmente durante a
pandemia da covid-19, além de outros inúmeros escândalos, econômicos, políticos
sociais, mas que são a ponta da necropolítica que mata principalmente os pobres, pretos
e favelados em todo o Brasil.

Sob forte resistência os grupos marginalizados criam mecanismos para gerar luta
contra os agentes da necropolítica brasileira, possibilitando a por meio da entrada de
pessoas negras, faveladas, LGBT’s e mulheres na política. É a partir desta maior
representatividade dentro dos mecanismos do poder brasileiro que o abismo entre
políticas públicas e necessidades das populações pobre e periféricas pode ser encurtado.
Não obstante a pressão, ameaça difamação (fake News) e assassinatos as lideranças e
membros das resistências contra a necropolítica, no brasil atingem ano a pós ano
patamares históricos, vide o assassinato de Marielle Franco, assassinada em 14 de março
de 2018, de lideranças indígenas no amazonas, ambientalistas como Bruno (Funai) e Dom
Phillips (jornalista) mortos 5 de junho de 2022, políticos de esquerda no geral.

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Retirados da penumbra política a extrema-direita ameaçam a política brasileira


impondo intolerância e preconceitos como política de Estado, os últimos quatros anos
foram uma pequena demonstração do nefasto projeto que foi dirigido sem o menor
escamoteamento de seus objetivos, comandar o Brasil para poucos, com desmonte
planejado das políticas públicas voltadas para a população mais pobre. A necropolítica
enraizada no Brasil ganhou força política, contudo, as resistências locais ainda vivem,
ainda lutam e podem fazer frente as atrocidades cometidas pelo Estado, ainda que as
mudanças pareçam distantes e longas.

Referências bibliográficas

ALVES, J. A. (2018). The Anti-Black City. Police Terror and Black Urban Life in Brazil.
Minneapolis: University of Minnesota Press, pp. 37-71 (Ch. 1: "Macabre Spatialities.
Necropolis")

HUTTA, J. S. (2022). Necropolitics beyond the exception. Parapolicing, milícia


urbanism, and the assassination of Marielle Franco in Rio de Janeiro. Antipode 54 (6),
pp. 1829–1858.

VARGAS, J. C. (2005). Apartheid brasileiro. Raça e segregação residencial no Rio de


Janeiro. Revista de Antropologia 48 (1), S. 75–131

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